1.2 Relações intra e interpessoais - UNIFAC · Apostila Relações Interpessoais e Sociais...
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Profa. Bianca Lemonica
1.2 Relações intra e interpessoais
1.2.1 Compreendendo o relacionamento inter e intrapessoal
Você, certamente, conhece alguém na faculdade ou no trabalho com quem não consegue se relacionar
bem. É claro que isso não acontece só com você. Todos nós temos problemas para interagir com
algumas pessoas, em especial quando elas são muito diferentes de nós. Problemas de relacionamento
existem em todos os lugares e estão sempre fazendo parte das nossas vidas. Sabemos que as pessoas
são únicas, mas às vezes nos sentimos frustrados com aquelas que não combinam completamente com
nosso estilo ou com nossa maneira de ver o mundo.
Mas para tornar-se um empreendedor de sucesso ou tornar-se parte de uma equipe de trabalho, você
precisará transpor dificuldades de relacionamento. É como fazer um time funcionar. Nos esportes, como
na vida, encontramos pessoas diferentes que se unem com um objetivo comum. Por mais que todos
tenham vontade de chegar ao topo do pódio, diferenças pessoais, individualismo excessivo, problemas
de comunicação e conflitos podem destruir as melhores chances de um time.
O fato é que a habilidade de construir bons relacionamentos interpessoais, seja você um líder ou o
membro de uma equipe, é cada vez mais valorizada em todos os tipos de organização. Não basta que
você desenvolva uma grande competência técnica, embora isto também seja fundamental. Você precisa
se integrar: aprender a perceber e a respeitar as diferenças.
Segundo o Dalai Lama:
Bem, lidar com os outros é uma questão muito complexa. Não há
como calcular uma fórmula única que possa resolver todos os
problemas. É um pouco como saber cozinhar. Quando se está
preparando uma refeição deliciosa, uma refeição especial, há vários
estágios no preparo. Pode-se primeiro ter de ferver os legumes
separadamente. Depois tem-se de fritá-los, para então combiná-los,
de um modo especial, adicionando temperos e assim por diante. E,
finalmente, o resultado seria esse prato delicioso. Aqui, da mesma
forma, para ter talento para lidar com os outros, muitos fatores são
necessários.
Para o Dalai Lama, o relacionamento exige de nós cuidados especiais, como os cuidados de um chef no
preparo de uma refeição primorosa. A combinação de diferentes ingredientes e de diferentes pessoas é
uma arte. O “cozinheiro” de relacionamentos precisa desenvolver uma grande sensibilidade em relação
aos outros.
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O relacionamento intrapessoal é a capacidade de integração do autoconhecimento, autodomínio,
autoafirmação e a automotivação. Esse relacionamento somado ao interpessoal resulta no conceito de
inteligência emocional, que segundo Daniel Goleman é “a capacidade de identificar os nossos próprios
sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos
relacionamentos e também, é a grande responsável pelo sucesso e insucesso das pessoas.”
Os benefícios do autoconhecimento não são novidades dos dias de hoje e não pertencem somente as
novas gerações. Pelo contrário. Há mais de 2000 anos atrás Sun Tzu general, estrategista e filósofo
chinês, fez a seguinte afirmação: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer
resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha
sofrerá também uma derrota. Se você não conhece o inimigo nem a si próprio, perderá todas as
batalhas.”
Numa organização, lidamos com diversos tipos de pessoas de temperamentos diferentes e capacidades
diferentes. Quando conhecemos nossos limites, nossas reações e nossas motivações, a forma de encarar
situações turbulentas é vista de uma maneira mais racional e menos exposta a nossas emoções,
diminuindo assim, o risco de tomarmos decisões impulsivas e até mesmo errôneas.
Com a movimentação do “mundo moderno” e a tão desejada 30 horas diárias, é comum que tempo
para refletir sobre si mesmo seja cada vez mais escasso. A tarefa de nos conhecer um pouquinho mais
por dia vai sendo adiada e nos privamos de alcançar melhores desempenhos em nossas realizações.
Nossas emoções são acumuladas durantes anos e são guardadas em uma caixinha. A grande questão é
perceber que nosso comportamento é influenciado e resultante do conteúdo que guardamos por todo
esse período.
Conflitos internos também estão presentes quando falamos de inteligência emocional, são eles que
auxiliam no fortalecimento das emoções. Portanto, não tenha medo quando dúvidas, anseios e
incertezas começarem a surgir no meio do processo de relacionamento com você mesmo.
Quando o relacionamento intrapessoal é de fato existente, é possível notar comportamentos positivos
tão procurados entre tantos profissionais. A facilidade na comunicação de pontos de vistas pessoais,
prioridades em ações estratégicas bem estabelecidas, energias focadas para o alcance dos objetivos
propostos por si próprio e tomadas de decisões com tranquilidade e equilíbrio são só algumas das
características de um bom relacionamento intrapessoal.
Proponho-te um exercício para avaliar em que grau está o seu relacionamento intrapessoal. Você
conhece a visão, missão e valores da sua empresa, certo? E qual é a sua razão? Ou melhor, você
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consegue identificar qual é a sua visão, missão e valores? Faça esse exercício e fortaleça a relação com o
seu principal público alvo: você!
1.2.1 Estabelecendo contato: empatia
O termo empatia foi utilizado pela primeira vez pelo psicólogo E.B. Titchener. Origina-se do termo grego
empátheia, que significa “entrar no sentimento”. Empatia é um conceito-chave no desenvolvimento de
relacionamentos. Ela pode ser definida como a habilidade de identificar e reconhecer a condição de
outra pessoa, seus sentimentos e motivos. É a capacidade de reconhecer as preocupações e interesses
que outras pessoas possuem. O dicionário Aurélio define empatia como “tendência para sentir o que
sentiria, caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa.” Mas segundo o
senso comum, empatia é simplesmente a habilidade de “colocar-se no lugar dos outros” ou “entrar em
sintonia”.
Há muitos estudos que estabelecem relação entre empatia e bons resultados nos negócios: aumento
nas vendas e melhoria no desempenho de equipes em geral.
Algumas pessoas são naturalmente empáticas – fazem com que outros se sintam a vontade para falar e
expressar suas idéias e sentimentos. Mas mesmo aqueles que possuem dificuldade em “conectar-se”
com outras pessoas podem desenvolver suas habilidades para a empatia:
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1.2.2. Boas maneiras no trabalho
Você acha que regras de boas maneiras devem ser seguidas no ambiente de trabalho?
Infelizmente, muitas pessoas pensarão duas vezes antes de responder a essa pergunta. Isto
porque é comum presenciarmos situações em que profissionais fazem coisas no trabalho que
jamais sonhariam fazer no convívio social.
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As regras da boa educação são importantes em qualquer ambiente onde convivemos com
grupos de pessoas e nos ajudam a estabelecer um bom relacionamento em todos os níveis
hierárquicos. Onde há respeito mútuo, desenvolve-se um ambiente sadio e sem grandes
turbulências.
Há muitos problemas nos locais de trabalho, como desmotivação e queda de produtividade,
que são causados por falta de boas maneiras. Em ambientes onde há tratamento grosseiro e
indelicado, as pessoas sentem-se infelizes, frustradas e perdem a vontade de cooperar.
Esforços para aumentar a motivação nesses grupos podem ir por água abaixo, já que as bases
de um relacionamento civilizado não estão funcionando.
Por isso, não há desculpas para indelicadezas e falta de educação. Se você é capaz de controlar
suas emoções e seu temperamento quando fala com um superior, é porque pode fazer o
mesmo quando fala com colegas e subordinados.
Uma equipe de sucesso começa com regras claras de relacionamento, em especial de
educação e boas maneiras.
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1.2.3 Lidando com conflitos de maneira saudável e positiva
Conflitos no ambiente de trabalho podem existir sem que sejam necessariamente negativos.
Se forem solucionados, eles levam ao crescimento pessoal e profissional. Segundo
especialistas, quando resolvemos os conflitos com sucesso, alcançamos alguns benefícios
importantes como:
Aumento da compreensão – a discussão necessária para resolver o conflito expande a
compreensão das pessoas sobre a situação que estão vivendo a partir do
conhecimento de outros pontos de vista;
Aumento da coesão do grupo – quando um conflito é bem resolvido, os membros de
uma equipe tendem a desenvolver um forte respeito mútuo, além de uma confiança
renovada na sua capacidade de trabalharem juntos;
Aumento do autoconhecimento – conflitos nos fazem examinar objetivos pessoais com
mais cuidado e a focar naquilo que é realmente importante para nós.
No entanto, quando não são bem resolvidos, os conflitos podem ser muito danosos. O
surgimento de emoções negativas como raiva, ressentimento, culpa ou desejo de vingança irá
deteriorar os relacionamentos e o desempenho do grupo. A confiança se esvai. O talento e a
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energia das pessoas se perdem em implicâncias, fofocas, conspirações e preocupações que em
nada contribuem para a melhoria do ambiente.
Portanto, como um empreendedor, você deve ser realista e admitir que irá enfrentar alguns
conflitos com parceiros e funcionários. Este é um fato da vida. Ao mesmo tempo, deve sempre
buscar solucionar positivamente esses conflitos. Veja, a seguir, algumas estratégias para a
solução desses conflitos:
Tenha como sua primeira prioridade a manutenção de bons relacionamentos;
Conserve um clima de cortesia;
Mantenha a calma, sob pressão;
Seja sempre construtivo em seus comentários e avaliações;
Ouça primeiro e fale depois;
Atenha-se aos fatos;
Separe as pessoas de seus problemas e trate diretamente das questões válidas e reais
existentes na situação;
Esteja atento aos interesses (muitas vezes dissimulados ou ocultos) da outra parte com
a qual você está lidando;
Compreenda as razões e os porquês das pessoas envolvidas no conflito;
Evite uma postura defensiva; seja claro e direto nos seus argumentos;
Mantenha-se atento à sua postura corporal;
Evite ser desrespeitoso e enviar mensagens contraditórias aos outros;
Esteja aberto a novas idéias e a caminhos alternativos que possam conciliar as
posições dos envolvidos no conflito;
Busque e negocie soluções para o problema.
Quando houver situações de alta complexidade, pessoas difíceis ou desequilibradas, você
precisará pedir ajuda. Afaste-se da situação por algum tempo até que as coisas se acalmem.
Converse com pessoas de mais experiência ou eleja um mediador. Nunca é uma boa idéia levar
um confronto ao extremo, pois as coisas podem fugir do seu controle, causando mais estragos
do que benefícios.
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1.2.4. Bullying: brincadeira de mau gosto ou doença?
Você já ouviu falar no termo bullying? É uma palavra em inglês, que significa intimidação,
ameaça. Recentemente, bullying passou a ser usado para denominar um tipo de problema
social encontrado em escolas e empresas.
É uma espécie de assédio psicológico que envolve maus-tratos de um intimidador contra um
determinado alvo. O intimidador (que pode ser um colega ou o chefe) elege alguém a quem
passa a perseguir constantemente, usando para isso uma série de comportamentos como
palavras grosseiras, humilhação pública, insultos e apelidos ultrajantes, crítica excessiva e
contínua, propagação de rumores e fofocas, atribuição injusta de culpa, sabotagens entre
outros.
É preciso estar atento ao bullying, pois o que, à primeira vista, parece uma grosseria sem
maiores conseqüências ou uma brincadeira de mau gosto, pode vir a se transformar numa
situação séria e de difícil controle. É certo que a pessoa que promove o bullying pode ferir e
prejudicar muita gente.
Infelizmente, muitos de nós ficam calados por achar que isto é uma coisa “normal”. Pois não é!
O bullying é um distúrbio social que precisa ser rejeitado e combatido.
Algumas estatísticas sobre o bullying, segundo o especialista Dr. Gary Namie:
Aproximadamente 1 em cada 6 trabalhadores nos EUA e na Austrália reportaram
episódios de bullying em 2006;
Mais de 50% dos trabalhadores já sofreram bullying em algum momento das suas
carreiras;
As duas áreas mais afetadas por bullying são Educação e Saúde;
84% das pessoas que sofrem bullying são mulheres;
81% das pessoas que praticam bullying possuem cargo de chefia.
Há uma série de doenças que podem ser intensificadas ou provocadas pelo bullying como:
estresse, hipertensão, doenças do coração, derrame cerebral, úlceras, problemas de pele,
depressão, ansiedade, estresse pós-traumático.
Portanto, esteja atento ao bullying! Uma equipe de sucesso é, antes de tudo, saudável.
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1.2.5 Uma janela para o autoconhecimento: a Janela de Johari
A Janela de Johari é um modelo de autoconhecimento desenvolvido por dois psicólogos
americanos, Joseph Luft e Harry Ingham, há cerca de 50 anos.
Há duas idéias importantes presentes na Janela de Johari:
1. Indivíduos podem construir confiança entre si por meio da abertura mútua de informações.
2. Indivíduos podem aprender sobre si mesmos com a ajuda do feedback que recebem dos
outros.
Ela é dividida em quatro quadrantes:
A Janela de Johari nos ajuda a compreender e comparar nossa autoimagem com a imagem que
os outros têm de nós e pode ser usada para melhorar nossos relacionamentos pessoais e
profissionais. Vejamos a seguir:
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O receptivo
Arena pública
Ponto cego
Área encoberta
Desconhecido
Segundo a Janela de Johari, as pessoas receptivas a relacionamentos são aquelas que se
mostram francamente aos outros e estão abertas a receber feedback (ouvir mais e conhecer a
opinião que os outros têm sobre elas). O receptivo é uma pessoa com clara auto-imagem e
com confiança suficiente para expor-se aos demais. Quando está numa posição gerencial ou
participando de uma equipe de trabalho, esta pessoa tende a ser respeitada e a encorajar o
crescimento dos demais.
O dissimulado
Arena pública
Ponto cego
Área encoberta
Desconhecido
Segundo a Janela de Johari, as pessoas dissimuladas tendem a esconder ao máximo a
informação sobre elas: o que pensam, como se sentem etc. O dissimulado é aquele que
sempre pede informação sobre os outros, mas fala pouco de si mesmo. É um “jogador” –
parece estar sempre escondendo algo e usando a informação apenas em seu próprio
benefício. Quando está numa posição gerencial ou participando de uma equipe de trabalho,
esta pessoa tende a levantar suspeitas e a provocar uma atitude defensiva nos demais.
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O eremita
Arena
pública
Ponto cego
Área encoberta
Desconhecido
Segundo a Janela de Johari, o eremita possui uma grande parcela de “eu desconhecido”,
refletindo pouco conhecimento sobre si mesmo. É uma pessoa complexa, cujo
comportamento é difícil de prever. Está sempre orientado para a auto-proteção. Quando está
numa posição gerencial ou participando de uma equipe de trabalho, esta pessoa tende a
deixar os demais confusos e inseguros.
O falastrão ou fofoqueiro
Arena
pública
Ponto cego
Área
encoberta
Desconhecido
Segundo a Janela de Johari, o falastrão ou fofoqueiro possui uma grande área cega, refletindo
alguém que fala muito, mas ouve pouco. É uma pessoa muito preocupada consigo mesma e
que não sabe o momento certo de se calar. Quando está numa posição gerencial ou
participando de uma equipe de trabalho, esta pessoa tende a irritar os demais, que tentarão
encontrar formas de distanciar-se dela ou evitarão considerar suas opiniões.
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Dicas de gestão: Janela de Johari
1. Não seja imprudente quando der informações sobre você. Revelar
informações constrói confiança, mas algumas podem prejudicar o respeito que
os outros têm. Isso irá colocá-lo em uma posição de fraqueza.
2. Seja cuidadoso na forma de dar feedback aos outros. Em determinadas
situações e culturas, o feedback pode ser considerado uma grande ofensa, em
especial para quem não está acostumado a ele. Você deve antes certificar-se
de que o ambiente é propício e de que a pessoa está preparada para ouvir.
Seja sensível e comece de forma gradativa.
3. Seja paciente com as pessoas que estão entrando num grupo que já está
formado há algum tempo. Naturalmente, elas terão um período de adaptação.
Além disso, somente estarão dispostas a uma maior abertura se perceberem
um ambiente de confiança mútua.