12-Fratura Di Isol Fem

download 12-Fratura Di Isol Fem

of 7

description

12-Fratura Di Isol Fem

Transcript of 12-Fratura Di Isol Fem

  • 1Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associao Mdica Brasileira e Conselho Federalde Medicina, tem por objetivo conciliar informaes da rea mdica a fim de padronizar

    condutas que auxiliem o raciocnio e a tomada de deciso do mdico. As informaes contidasneste projeto devem ser submetidas avaliao e crtica do mdico, responsvel pela conduta

    a ser seguida, frente realidade e ao estado clnico de cada paciente.

    Autoria: Sociedade Brasileira deOrtopedia e Traumatologia

    Colgio Brasileiro de Radiologia

    Elaborao Final: 9 de outubro de 2007

    Participantes: Schneider I, Akkari M, Reis HB, Braga SR,Ishida A, Montezuma RA, Skaf AY

    Fratura Diafisria Isolada doFmur na Criana: Tratamento

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    2 Fratura Diafisria Isolada do Fmur na Criana: Tratamento

    DESCRIO DO MTODO DE COLETA DE EVIDNCIA:Foram utilizadas para a pesquisa as bases de dados PubMed, EMBASE, LILACSe Cochrane, sendo pesquisados os descritores referentes a fraturas femoraisnas crianas, seu tratamento e resultado. Foram considerados relevantesuma reviso sistemtica, sete ensaios clnicos controlados, 21 coortes cls-sicas, 14 coortes histricas, quatro estudos transversais, quatro casos-con-troles e 61 sries de casos, totalizando 117 estudos, dos quais 21 foramincludos neste documento. Foram avaliadas as diversas formas de aborda-gem cirrgica, como osteossntese com placas, hastes flexveis, rgidas efixador externo, bem como abordagem no-cirrgica, como rteses exter-nas tipo Pavlik, reduo seguida de imobilizao com gesso plvico-podlicoimediato, trao esqueltica ou cutnea, seguida de imobilizao com gessoplvico-podlico.

    GRAU DE RECOMENDAO E FORA DE EVIDNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistncia.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistncia.C: Relatos de casos (estudos no controlados).D: Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consensos, estudos

    fisiolgicos ou modelos animais.

    OBJETIVO:Avaliar as diferentes formas de tratamento das fraturas diafisrias isoladasdo fmur nas crianas e nos jovens, focando os diferentes mtodos teraputicose suas complicaes (desconsiderando-se pacientes com leses associadase co-morbidades).

    CONFLITO DE INTERESSE:Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaborao destadiretriz esto detalhados na pgina 5.

  • 3Fratura Diafisria Isolada do Fmur na Criana: Tratamento

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    QUAL A INDICAO DA COLOCAO DE SUSPENSRIO DEPAVLIK?

    A aplicao tem sido enfatizada em crianas menores de qua-tro meses, com encurtamentos menores que 2 cm1(B).

    QUAL A INDICAO DA UTILIZAO DE GESSO IMEDIATO,NAS CRIANAS COM FRATURAS ISOLADAS DA DIFISE DOFMUR?

    As situaes clnicas que se beneficiam do uso destemtodo so:

    A aplicao tem sido enfatizada em crianas com idadesvariadas, porm os melhores resultados so observadosabaixo dos sete anos2(B). O peso corporal tambm influ-encia nestes resultados, sendo mais fcil o controle da re-duo e os cuidados com o gesso em crianas de menorcompleio fsica3(C);

    A estabilidade da reduo foi usada como parmetro na indi-cao deste mtodo, melhores resultados so observados quandoo encurtamento no ultrapassa 3 cm, com manobras detelescopagem sob anestesia4(B);

    O seguimento aps a imobilizao se faz necessrio em in-tervalos curtos de tempo, quando observado aumento dosdesvios angulares, pode-se utilizar uma nova reduo, comtroca do gesso ou realizao de cunhas. O encurtamento ex-cessivo, superior a 2,5 cm, um alerta para a mudana domtodo. Encurtamentos inferiores a 1,5 cm so poucopreocupantes5(C);

    Levando-se em considerao a variabilidade biolgicaprpria do esqueleto em crescimento, encurtamentos,sobrecrescimento e desvios do eixo de alinhamentopodem ser compensados. Sabemos que o crescimentoresidual da criana tem influncia no potencial destaremode lao, no havendo mtodo prec i so deprevisibilidade6(A).

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    4 Fratura Diafisria Isolada do Fmur na Criana: Tratamento

    QUAL A INDICAO DA REALIZAO DETRAO SEGUIDA DE IMOBILIZAOGESSADA, NAS CRIANAS COM FRATURASISOLADAS DO FMUR?

    A aplicao deste mtodo tem sido enfatizadanas crianas em diversas faixas etrias e em di-ferentes tipos de fraturas7(B). Esta forma tra-dicional de tratamento foi durante muitos anosa mais utilizada em nosso pas.

    Fatores favorveis so: dispensa de uma abor-dagem cirrgica, menor risco de infeco, dis-pensa de um segundo procedimento para reti-rada de material de implante; porm vale lem-brar que a realizao da imobilizao no dis-pensa um procedimento anestsico. Fatores des-favorveis so relatados, como: perodo prolon-gado de internao, dificuldade de manutenode um alinhamento satisfatrio em alguns ti-pos de fraturas8(B), necessidade de controleradiogrfico seriado, possibilidade de perda dareduo mesmo com uso de aparelhogessado9(A), afastamento prolongado das ativi-dades escolares, alm de dificuldades familiaresem acompanhar o tratamento, tanto no pero-do de internao como no acompanhamentodomiciliar. Nos casos de coexistncia de lesesassociadas, existe maior dificuldade no empre-go deste mtodo.

    QUAL A INDICAO DE FIXAOEXTERNA COM PLACAS?

    Tem apresentado grande controvrsia o tra-tamento em crianas entre 8 e 12 anos10(C). Aindicao de placa uma alternativa para a fa-lha no tratamento conservador com trao egesso, sobrepeso e crianas com maior massamuscular. A indicao reforada para pacien-

    tes sem co-morbidades, em funo do menorrisco cirrgico. Recentemente, a reduo aber-ta e fixao com placa dinmica expandiram-separa o tratamento da fratura diafisria isoladado fmur. A fixao dever ser feita com placade 3,5 mm ou 4,5 mm, composta em mdiapor 8 furos, podendo ser ampliada para 6 a 10furos, quando necessrio, como, por exemplo,maior compleio esqueltica11(C). No h ne-cessidade de enxertia ssea. Outros aspectos aserem considerados so a reduo no tempo deinternao, menores custos e facilidade dos cui-dados de enfermagem12(C). Como desvantagemda tcnica est a possvel formao de quelidena cicatriz cirrgica, a necessidade de remoodo material de sntese, com inerentes riscos derefratura e perda sangnea em relao a outrosmtodos.

    QUAL A INDICAO PARA A REALIZAODE FIXAO EXTERNA?

    O uso do fixador externo para as fraturas dofmur na criana pode ser um mtodo alterna-tivo eficaz ao tratamento no-cirrgico, comoo gesso ou a trao seguida de gesso, podendoser removido sem o uso de anestesia13(B).

    Como a curva de aprendizado para o uso dehastes intramedulares e fixadores externos assimcomo o tempo cirrgico de instalao destes sosemelhantes, recomendado que os fixadoresexternos sejam reservados para as fraturas expos-tas e/ou marcadamente cominutas14(A).

    Em relao marcha dos pacientes trata-dos com fixao externa, observa-se uma re-cuperao mais rpida e eficaz quando compa-rada s fraturas tratadas com gesso imediato.Estas alteraes tm ntima relao com a dis-

  • 5Fratura Diafisria Isolada do Fmur na Criana: Tratamento

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    crepncia de comprimento dos membros, o quetorna o uso de mtodos de tratamento que con-trolem este parmetro de maneira esperada umaboa escolha6(A).

    Outra vantagem da fixao externa apossibilidade de descarga de peso precoce.Quanto ao tipo de fixao externa, o reco-mendado o monolateral, sendo que adinamizao do equipamento no resultaem vantagens quando comparados entresi15(A).

    QUAL A INDICAO DA UTILIZAO DEHASTES INTRAMEDULARES RGIDAS, EMADOLESCENTES COM FRATURAS ISOLADASDO FMUR?

    O uso de fixao interna com hastesintramedulares rgidas para as fraturas dofmur no adolescente constitui mtodo efi-caz, particularmente nos pacientes obesos,espsticos ou com encurtamento e cominuiomarcantes16(C).

    Graas ao risco de necrose avascular daepfise femoral relatada em algumas sries, deve-se proceder fixao, tendo a apfisetrocantrica como stio preferencial para o acessoao canal medular17(C).

    QUAL A INDICAO DA UTILIZAO DEHASTES INTRAMEDULARES FLEXVEIS, NASCRIANAS COM FRATURAS ISOLADAS DOFMUR?

    A aplicao tem sido enfatizada em crianascom idades variveis, sendo geralmente indicadaentre 6 e 13 anos18(B). Em situaes especiais,pode ser realizada fora desta faixa etria19(C).

    As principais indicaes foram em fraturasdiafisrias do fmur, com traos de fratura trans-versos, oblquos curtos e fraturas com traocominutivo; oblquos longos e helicoidais tambmpodem ser tratados por este mtodo, mas se devetomar cuidado com a perda da reduo20(B).

    As complicaes mais freqentes so discrepn-cia de comprimento dos membros inferiores, perdada reduo, migrao da haste, leso de partes mo-les pela proeminncia da haste e infeco21(C).

    recomendada a retirada da haste femoralem um perodo superior a 6 meses, desde que afratura esteja devidamente consolidada.

    CONFLITO DE INTERESSE

    Schneider I: Recebeu honorrio, por apre-sentao em palestra, do Laboratrio Novartis.

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    6 Fratura Diafisria Isolada do Fmur na Criana: Tratamento

    REFERNCIAS

    1. Podeszwa DA, Mooney 3rd JF, Cramer KE,Mendelow MJ. Comparison of Pavlikharness application and immediate spicacasting for femur fractures in infants. JPediatr Orthop 2004;24:460-2.

    2. Ferguson J, Nicol RO. Early spicatreatment of pediatric femoral shaftfractures. J Pediatr Orthop 2000;20:189-92.

    3. Infante Jr AF, Albert MC, Jennings WB,Lehner JT. Immediate hip spica casting forfemur fractures in pediatric patients. Areview of 175 patients. Clin Orthop RelatRes 2000;376:106-12.

    4. Buehler KC, Thompson JD, SponsellerPD, Black BE, Buckley SL, Griffin PP. Aprospective study of early spica castingoutcomes in the treatment of femoral shaftfractures in children. J Pediatr Orthop1995;15:30-5.

    5. Czertak DJ, Hennrikus WL. The treatmentof pediatric femur fractures with early 90-90 spica casting. J Pediatr Orthop1999;19:229-32.

    6. Wong J, Boyd R, Keenan NW, Baker R,Selber P, Wright JG, et al. Gait patternsafter fracture of the femoral shaft inchildren, managed by external fixation orearly hip spica cast. J Pediatr Orthop2004;24:463-71.

    7. Nork SE, Hoffinger SA. Skeletal tractionversus external fixation for pediatric femoral

    shaft fractures: a comparison of hospitalcosts and charges. J Orthop Trauma1998;12:563-8.

    8. Reeves RB, Ballard RZI, Hughes JL.Internal fixation versus traction and castingof adolescent femoral shaft fractures. JPediatr Orthop 1990;10:592-5.

    9. Curtis JF, Killian JT, Alonso JE. Improvedtreatment of femoral shaft fractures inchildren utilizing the pontoon spica cast: along-term follow-up. J Pediatr Orthop1995;15:36-40.

    10. Fyodorov I, Sturm PF, Robertson Jr WW.Compression-plate fixation of femoral shaftfractures in children aged 8 to 12 years. JPediatr Orthop 1999;19:578-81.

    11. Eren OT, Kucukkaya M, Kockesen C,Kabukcuoglu Y, Kuzgun U. Open reductionand plate fixation of femoral shaft fracturesin children age 4 to 10. J Pediatr Orthop2003;23:190-3.

    12. Caird MS, Mueller KA, Puryear A, FarleyFA. Compression plating of pediatricfemoral shaft fractures. J Pediatr Orthop2003;23:448-52.

    13. Kapukaya A, Subasi M, Necmioglu S,Arslan H, Kesemenli C, Yildirim K.Treatment of closed femoral diaphysealfractures with external fixators inchildren. Arch Orthop Trauma Surg1998;117:387-9.

    14. Bar-On E, Sagiv S, Porat S. Externalfixation or flexible intramedullary nailing

  • 7Fratura Diafisria Isolada do Fmur na Criana: Tratamento

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    for femoral shaft fractures in children. Aprospective, randomised study. J Bone JointSurg Br 1997;79:975-8.

    15. Domb BG, Sponseller PD, Ain M, MillerNH. Comparison of dynamic versus staticexternal fixation for pediatric femurfractures. J Pediatr Orthop 2002;22:428-30.

    16. Buford Jr D, Christensen K, Weatherall P.Intramedullary nailing of femoral fracturesin adolescents. Clin Orthop Relat Res1998;350:85-9.

    17. Momberger N, Stevens P, Smith J, SantoraS, Scott S, Anderson J. Intramedullarynailing of femoral fractures in adolescents.J Pediatr Orthop 2000;20:482-4.

    18. Flynn JM, Luedtke LM, Ganley TJ,Dawson J, Davidson RS, Dormans JP, et

    al. Comparison of titanium elastic nails withtraction and a spica cast to treat femoralfractures in children. J Bone Joint Surg Am2004;86-A:770-7.

    19. Heinrich SD, Drvaric DM, Darr K,MacEwen GD. The operative stabilizationof pediatric diaphyseal femur fractures withflexible intramedullary nails: a prospectiveanalysis. J Pediatr Orthop 1994;14:501-7.

    20. Sink EL, Gralla J, Repine M.Complications of pediatric femur fracturestreated with titanium elastic nails: acomparison of fracture types. J PediatrOrthop 2005;25: 577-80.

    21. Flynn JM, Luedtke L, Ganley TJ, Pill SG.Titanium elastic nails for pediatric femurfractures: lessons from the learning curve.Am J Orthop 2002;31:71-4.