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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA
CENTRO DE CINCIAS DA SADE CURSO DE GRADUAO EM ODONTOLOGIA
VITRIA GRAZYELLE DE VASCONCELOS OLIVEIRA
EMERGNCIA MDICA EM CONSULTRIO ODONTOLGICO: PREVENO E
TRATAMENTO
Joo Pessoa - PB 2010
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VITRIA GRAZYELLE DE VASCONCELOS OLIVEIRA
EMERGNCIA MDICA EM CONSULTRIO ODONTOLGICO: PREVENO E TRATAMENTO
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Graduao em Odontologia, da Universidade Federal da Paraba em cumprimento s exigncias para concluso.
ORIENTADOR: Giuseppe A. Scarano Pereira, Doutor em Estomatologia
Joo Pessoa - PB 2010
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VITRIA GRAZYELLE DE VASCONCELOS OLIVEIRA
EMERGNCIA MDICA EM CONSULTRIO ODONTOLGICO: PREVENO E
TRATAMENTO
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Graduao em Odontologia, da Universidade Federal da Paraba em cumprimento s exigncias para concluso.
DATA DE APROVAO____/ ____ / ____
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________ Prof. Dr. Giuseppe A. Scarano Pereira (Orientador)
______________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Antnio Farias de Paiva
______________________________________________________________
Prof. Dra. Laurylene Csar de Souza Vasconcelos
______________________________________________________________
Prof. Dr. Rosimar de Castro Barreto (Suplente)
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DEDICATRIA
minha famlia, em especial aos meus pais e minha tia Ftima
que souberam me transmitir amor, carinho, educao e disciplina.
Sempre presentes em minha vida, Com amor e carinho, Dedico-lhes
este trabalho.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida, paz e tranqilidade em todos os momentos de minha
vida.
Aos meus pais Francisca De Ftima e Francisco Zilmar, pelo amor
incondicional e pela pacincia. Por terem feito o possvel e o impossvel para me
oferecerem a oportunidade de estudar em Joo Pessoa, longe deles, acreditando
e respeitando minhas decises e nunca deixando que as dificuldades
acabassem com os meus sonhos, serei imensamente grata.
todos os familiares, irmo, tios, tias, primos, pelas oportunidades
oferecidas, pela confiana, por terem me acolhido e por sempre estenderem os
braos nas horas de dificuldade, a minha imensa gratido.
Ao meu orientador Giuseppe A. Scarano pela pacincia e credibilidade,
obrigada por tudo.
Aos amigos de sala, em especial Laryza Neves, Lariane Raulino,
Rinardo lucena, Jlia Medeiros e Suennya Dantas pelas timas histrias
vividas, pela amizade e por ajudar a tornar a vida acadmica muito mais
divertida. Agradveis lembranas que sero eternamente guardadas no
corao, muito obrigado.
As minhas amigas Amanda Nobre, Polyne Saraiva, Dbora Porto e
Rafaela Castro sempre presentes em minha vida, muito obrigado pela torcida
positiva.
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Tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Fernando Pessoa
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RESUMO Objetivou-se com esse trabalho evidenciar a importncia do conhecimento sistmico do paciente, atravs da anamnese e avaliao dos sinais vitais, alm dos protocolos para reduo da ansiedade, assim como, relatar os principais quadros de emergncia em odontologia, incluindo tambm os conceitos e as manobras de suporte bsico de vida (SBV). O mtodo utilizado foi o da pesquisa exploratria, que permite ao mesmo tempo gerar informaes importantes na construo de conhecimentos sobre o tema pesquisado, a fim de promover a capacitao do profissional de odontologia na temtica estudada. Desta forma, foi realizado um levantamento de dados bibliogrficos, que possibilitou a obteno das principais situaes emergenciais em nvel ambulatorial, relacionadas ansiedade, por exemplo, quadro de desmaio, hipertenso, hipoglicemia, entre outros. Nesses principais eventos, o estabelecimento da tranqilidade do paciente e preservao das atividades vitais so as atitudes mais importantes a serem estabelecidas em casos de urgncia e emergncia em nvel odontolgico. Na rotina de atendimento odontolgico o cirurgio dentista pode encontrar-se frente s situaes de urgncia e emergncia em nvel ambulatorial. Assim, se faz amplamente necessria a orientao da classe odontolgica acerca do pronto atendimento emergencial, pois, a dificuldade desde tipo de atitude tem ocorrido de forma constante.
Descritores: Emergncias Mdicas, Odontologia, Primeiros Socorros.
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ABSTRACT
The objective of this study highlight the importance of knowing the patient's systemic, through history and evaluation of vital signs, and protocols to reduce anxiety, as well as reporting of key frames in emergency dentistry, but also including the concepts and maneuvers, basic life support (BLS). The method used was exploratory, allowing simultaneously generate important information to build knowledge about the research subject in order to promote the training of dental professionals in the subject studied. Thus, we performed a survey of bibliographic data, which allowed the collection of key emergency situations on an outpatient basis, related to anxiety, for example, picture fainting, hypertension, hypoglycemia, and others. These major events, the establishment of peace and preserving the patient's vital activities are the most important attitudes that are established in cases of urgent and emergency dental level. During routine dental care dental surgeon may lie ahead for emergencies and emergency outpatients.Thus, it is widely required orientation class about the emergency care dental emergency, then, the difficulty of this type of attitude has occurred steadily.
Keywords: Medical Emergencies, Dentistry, First Aid
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - A correta posio de um paciente incosciente .......................................... 23
Figura 2 - Hiperextenso da cabea (ngulo reto entre o mento e o occipital) ......... 23
Figura 3(a) - Mscara-ambu ..................................................................................... 24
Figura 3(b) - Mscara RCP descartvel .................................................................... 24
Figura 4 - Verificao do pulso carotdeo do paciente .............................................. 25
Figura 5 - Massagem cardaca externa (Compresso dgito palmar da caixa torcica
de encontro ao corao -2 dedos acima da apfise xifide) ..................................... 26
Figura 6 - Desfibrilador externo automatizado........................................................... 26
Figura 7 - Modelo de um esfigmomanmetro ............................................................ 30
Figura 8 - Oxmetro de pulso ..................................................................................... 32
Figura 9 - Reao alrgica aps aplicao tpica de iodo-povidine. ......................... 40
Figura 10 - Manobra de Heimlich .............................................................................. 57
Figura 11 - Condutas procedimentos e a serem observados em casos de corpos
estranhos deglutidos ou aspirados durante o tratamento odontolgico .................... 58
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Principais drogas bsicas para manejo de emergncia .......................... 18
Quadro 2 - Equipamentos bsicos ............................................................................ 19
Quadro 3 - Valores mximos dos nveis tensionais da presso arterial, para
indivduos acima dos 18 anos ................................................................................... 31
Quadro 4 - Benzodiazepnicos: dosagens usuais empregadas para a sedao
consciente em Odontologia, por via oral ................................................................... 35
Quadro 5 - Sinais e sintomas da sedao ideal e da sobre-sedao ........................ 37
Quadro 6 - Protocolo de tratamento sugerido para as reaes alrgicas tardias ...... 39
Quadro 7 - Sinais e sintomas da reao anafiltica .................................................. 41
Quadro 8 - Anestsicos locais nas concentraes comumente empregadas no
Brasil, e suas doses mximas para crianas............................................................. 45
Quadro 9 - Anestsicos locais nas concentraes comumente empregadas no
Brasil, e suas doses mximas para adultos saudveis ............................................. 45
Quadro 10 - Incidncia das situaes de emergncia na prtica odontolgica ......... 68
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LISTA DE ABREVIATURAS
ACD - Auxiliar de Consultrio Dentrio
AINEs - Antiinflamatrios No-Esterides
ASA - Associao Americana de Anestesiologistas
Base Medline - National Library of Medicine
bpm - batimentos por minuto
CD - Cirurgio Dentista
CFO - Conselho Federal de Odontologia
DEA - Desfibrilador Externo Automtico
EV - Endovenosa
GABA - cido Gama-Aminobutrico.
HO - Hipotenso Ortosttica
IAM - infarto do miocrdio
IM - Intramuscular
IV - Intravascular
MCE massagem cardaca externa
N2O - xido nitroso
O2 - oxignio
PA - Presso Arterial
PCR - parada cardiorrespiratria
RCP - reanimao cardiopulmonar
SAMU - Servio de Atendimento Mvel de Urgncia
SpO2 - saturao perifrica da hemoglobina arterial
SBV - Suporte Bsico de Vida
SEM - Servio de Emergncia Mdica
SC - subcutnea
THD Tcnico em Higiene Dental
VO - via oral
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SUMRIO
1 INTRODUO ....................................................................................................... 13
2 PROPOSIO... .................................................................................................... 15
3 REVISO DE LITERATURA.. ............................................................................... 16
3.1 Urgncia e Emergncia: Conceitos e Particularidade ......................................... 17
3.2 Primeiros Socorros em Odontologia .................................................................... 21
3.3 Conhecimento Sistmico do Paciente ................................................................. 27
3.3.1 Anamnese e Exame Fsico ............................................................................... 27
3.3.2 Avaliao dos Sinais Vitais ............................................................................... 29
3.3.2.1 Frequncia Cardaca .................................................................................... 29
3.3.2.2 Frequncia Respiratria ............................................................................... 29
3.3.2.3 Presso Arterial ............................................................................................. 30
3.3.2.4 Temperatura .................................................................................................. 32
3.3.3 Classificao do estado fisico .......................................................................... 32
3.4 Reduo da Ansiedade em Odontologia ............................................................. 32
3.4.1 Sedao Oral Atravs dos Benzodiazepinicos ................................................. 34
3.4.1 Sedao Consciente Inalatria com xido Nitroso .......................................... 36
3.5 Intercorrncias Especficas e Tratamento .......................................................... 38
3.5.1 Anafilxia e Reaes Alrgicas ....................................................................... 42
3.5.2 Broncoespasmo ............................................................................................... 42
3.5.3 Crise Asmtica ................................................................................................. 43
3.5.3 Distrbios Convulsivos ..................................................................................... 48
3.5.4 Emergncias Cardiovasculares ........................................................................ 50
3.5.4.1 Crise Hipertensiva ......................................................................................... 50
3.5.4.2 Hipotenso Arterial ........................................................................................ 51
3.5.4.3 Arritimias Cardacas ..................................................................................... 52
3.5.4.4 Dor torcica : Angina pectoris ou Infarto Agudo do Miocrdio? .................... 53
3.5.5 Hipoglicemia ..................................................................................................... 55
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3.5.6 Obstruo das Vias Areas .............................................................................. 56
3.5.7 Sincope ............................................................................................................ 59
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 61
5 DISCUSSO .......................................................................................................... 62
6 CONCLUSO ........................................................................................................ 70
REFERNCIAS ........................................................................................................ 71
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1 INTRODUO
Na rea de sade, muitas vezes, a interao profissional-paciente no se
restringe apenas realizao de uma simples anamnese. Geralmente, aps o
diagnstico, h indicao para realizao de tratamento, implicando assim, na
adoo de procedimentos farmacolgicos ou puramente tcnicos, mas que
necessitam ser utilizado com segurana pelo profissional (SILVA, 2006).
Na prtica odontolgica segura e consciente, considera-se de vital importncia
o conhecimento e o manejo de pacientes portadores de doenas sistmicas pr-
existentes j diagnosticadas, ou ainda no diagnosticadas. Assim a anamnese e o
exame clnico quando bem dirigido, so essenciais para o diagnstico preciso e para
um plano de tratamento adequado, que venha de encontro s necessidades
individuais de cada paciente (CAPUTO, 2009).
Atualmente, o nmero de pacientes portadores de doenas sistmicas que
procuram tratamento odontolgico, aumentou consideravelmente, reflexo direto da
maior expectativa de vida. Desta forma, temos um aumento nos consultrios
odontolgicos de indivduos diabticos, hipertensos, cardiopatas, asmticos ou
portadores de desordens renais e hepticas, obrigando o profissional a adotar certas
precaues antes de iniciar o tratamento clnico propriamente dito (ANDRADE;
RANALI, 2004).
Embora no sejam comuns, as situaes de emergncia mdica podem ocorrer
na prtica odontolgica de modo imprevisvel, sem obedecer a regras ou padres
definidos (MARZOLA; GRIZZA, 2001; MONAZZI et al., 2001; HUPP, In: PETERSON
et al.,2005).
Dentre as urgncias e/ou emergncias mdicas que podem ocorrer no
consultrio odontolgico, pode-se citar: sncope, convulso, reao alrgica,
obstruo de vias areas, hipoglicemia, emergncias cardiovasculares e crise de
asma como possveis situaes que exigem correo imediata.
Malamed (2003) argumentou que as situaes de emergncias mdicas podem
acontecer a qualquer momento em um consultrio odontolgico, no s durante o
tratamento, mas tambm na sala de espera, por exemplo. Desta forma, acometem
qualquer pessoa, no importando idade ou sexo. Em vista disso, no s o
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profissional odontlogo, mas toda a equipe de suporte do consultrio deve estar
preparada para atuar no caso de uma situao emergencial.
Portanto, o cirurgio-dentista (CD), deve estar preparado para reconhecer e
adotar medidas de pronto atendimento na ocorrncia das situaes emergenciais.
Em outras palavras, imperativo que seja treinado para executar as manobras de
Suporte Bsico de Vida (SBV), bem como manusear certos medicamentos,
acessrios e equipamentos empregados nas emergncias mdicas (ANDRADE;
RANALI, 2004).
Por estas razes, neste trabalho de reviso de literatura, destacamos a
importncia do CD e da equipe de suporte de consultrio o conhecimento sobre os
principais quadros de emergncias mdicas na prtica odontolgica, e seus
respectivos tratamentos, incluindo tambm os conceitos e as manobras de suporte
bsico de vida, se faz necessrio e de grande importncia para a odontologia.
Assim, como a importncia do conhecimento sistmico do paciente, atravs da
anamnese e avaliao dos sinais vitais, alm dos protocolos para reduo da
ansiedade se fazem necessrio para uma segurana clnica no atendimento
diminuindo de forma significativa incidncia das situaes de emergncia mdica.
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2 PROPOSIO
Esse trabalho tem por objetivo realizar uma reviso da literatura atravs de
pesquisa bibliogrfica sobre emergncia mdica em consultrio odontolgico, com
nfase em conhecimento sistmico do paciente, atravs da anamnese e avaliao
dos sinais vitais, assim como apresentar uma descrio sucinta sobre os principais
quadros de emergncia que possam acontecer na prtica odontolgica, incluindo
tambm os conceitos e as manobras de suporte bsico de vida.
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3 REVISO DE LITERATURA
3.1 Urgncia e Emergncia: Conceitos e Particularidades
As situaes de emergncia e urgncia se caracterizam pela necessidade de
um paciente ser atendido em um curtssimo espao de tempo. A emergncia
caracterizada como sendo a situao onde no pode haver uma protelao no
atendimento, o mesmo devendo ser imediato. Na urgncia, o atendimento deve ser
prestado em um perodo de tempo que, em geral, considerado como no superior
a duas horas. As situaes no urgentes podem ser referidas para o pronto-
atendimento ambulatorial ou para o atendimento ambulatorial convencional, pois no
tem a premncia que as j descritas anteriormente (ERAZO, 2002).
Malamed (2003) afirma que o medo de dentista existe, est sempre presente, e
fonte de aumento da ansiedade, que leva ao estresse. O aumento do estresse
pode levar ao aumento do nmero da ocorrncia de emergncias mdicas.
A situao de tratamento odontolgico potencialmente ansiognica para
todos os envolvidos. Do ponto de vista do paciente, aspectos clnicos - em especial
os invasivos, tais como, a injeo da anestesia - e aspectos relacionados aos
instrumentais e comportamentos do profissional podem gerar ansiedade e respostas
de esquiva ao tratamento (POSSOBON et al., 2007; AESCHLIMAN et al., 2003).
Uma resposta do organismo ao stress o aumento da liberao de
catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), a partir da medula adrenal no sistema
cardiovascular. Isso resulta em um aumento da carga para o corao, ou seja,
aumento da freqncia cardaca e da fora de contrao do miocrdio e um
aumento na exigncia de oxignio no miocrdio (MALAMED, 2010).
O paciente com sinais de ansiedade pode ser identificado pelo seu
comportamento e avaliao ou reconhecimento de alguns sinais fsicos, como a
dilatao das pupilas, palidez da pele, transpirao excessiva, hiperventilao
tremores, tonturas, boca seca, fraqueza, dificuldade respiratria, aumento da
presso arterial e freqncia cardaca (KANEGANE et al., 2003; RANALI;
RAMACCIATO; MOTTA, 2006).
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Para Guimares (2001), o estresse e o medo so as principais causas de
urgncias e emergncias no consultrio odontolgico. O paciente pode apresentar
um quadro de angina ou infarto por estresse e medo. conveniente conversar com
o paciente e explicar as etapas do tratamento isso pode evitar muitos problemas. O
importante lembrar que atravs de uma anamnese detalhada, o CD poder evitar
uma srie de eventos indesejveis durante o tratamento dos pacientes, como sofrer
colapsos ou males sbitos.
Malamed (1993) apresentou dois levantamentos epidemiolgicos realizados
com 4.309 dentistas americanos que relataram 30.608 episdios de emergncias
mdicas durante um perodo de 10 anos, deste total, grande parte foram
manifestaes freqentemente associadas falta de controle do estresse: 15.407
lipotmias e sncope vasopressora, 1.326 casos de hiperventilao e cerca de 3.000
alteraes cardiovasculares. Neste mesmo estudo, tambm foi observado que a
maioria das emergncias mdicas (54,9%) aconteceu durante ou logo aps a
anestesia local, momento mais estressante do tratamento para a maioria dos
pacientes.
Alguns dados levantados nos EUA mostram que 4.309 CDs, durante um
perodo de 10 anos, relataram 30.602 ocorrncias de emergncias. Esses dados
revelam que, em mdia, pode e deve ocorrer uma emergncia por ano em cada
consultrio odontolgico, podendo variar de uma simples sncope, at um infarto
fulminante (S DEL FIOL; FERNANDES, 2004).
A incidncia das emergncias mdicas pode ser mais alta em pacientes
recebendo cirurgia oral ambulatorial quando comparados com aqueles recebendo
tratamento no-cirrgico devido a trs seguintes fatores: (1) a cirurgia
freqentemente provoca mais estresse emocional; (2) em geral, um nmero maior
de medicaes tipicamente administrado aos pacientes no perodo trans-operatrio
e, (3) consultas longas podem ser necessrias quando se realiza cirurgia (HUPP,In:
PETERSON et al., 2005).
Outros fatores como a idade do paciente (pacientes muito jovens ou muito
idosos apresentam maiores riscos), a habilidade da medicina em manter pacientes
com doenas sistmicas importantes sob controle no ambulatrio, alm da crescente
variedade das drogas que os cirurgies dentistas CDs administram em seus
consultrios, influenciam o aumento dos episdios de emergncias mdicas nesse
ambiente (CAPUTO, 2009).
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Atualmente, consenso que, no atendimento odontolgico de pacientes
portadores de doenas cardiovasculares, em especial por ocasio de intervenes
mais invasivas, deve-se considerar o uso de um protocolo de reduo do estresse
cirrgico, por meio de tcnicas de condicionamento psicolgico, muitas vezes
complementadas pela sedao farmacolgica com os benzodiazepnicos. Esta
importante conduta tem o intuito de controlar a liberao endgena de
catecolaminas e seus efeitos diretos no sistema cardiovascular (MALAMED, 1993).
Pacientes portadores de doena cardiovascular, em especial os hipertensos e
coronariopatas, podem apresentar durante o procedimento odontolgico,
complicaes graves, como a manifestao de arritmias, angina instvel, crises
hipertensivas e at mesmo infarto agudo do miocrdio (CONRADO et al., 2007).
Uma vez que os pacientes que so propensos a desenvolver emergncias
mdicas sejam reconhecidos, o Cirurgio-Dentista poder evitar muitos problemas
modificando a maneira como o tratamento oferecido, prevenindo-se assim,
qualquer problema que possa vir a ocorrer (MARZOLA; GRIZZA. 2001).
Pacientes que experimentam situaes de emergncia so tomados por
ansiedade, experimentando um medo real e apavorante da morte, da mutilao, da
imobilizao, dentre outros ligados sua integridade pessoal e corporal. Aqueles
que prestam assistncia ao paciente devem agir com segurana e competncia a fim
de contriburem para a reduo da ansiedade excessiva. Numa situao de
emergncia, muitas decises devem ser tomadas e estas, exigem um julgamento
slido embasado na compreenso do quadro gerador da emergncia e de seu efeito
sobre o indivduo (S DEL FIOL; FERNANDES, 2004).
Existem numerosas emergncias mdicas e numerosas protocolos a
seguir. Idealmente, o dentista e membros da sua equipe de suporte, auxiliar de
consultrio dentrio (ACD), tcnico em higiene dental (THD) e recepcionista devem
ter o conhecimento sobre todos eles (HASS, 2010).
Gonzaga et al. (2003) afirmaram que todos os profissionais da rea da sade,
inclusive os CDs, devem estar bem preparados para atender e colaborar em casos
de emergncias mdicas. Alm do treinamento bsico em tcnicas de reanimao,
assim como, respirao boca-boca, combinada com a massagem cardaca, outros
procedimentos podem ser teis. Os CDs devem ter em mos, e serem bem
treinados para usar um laringoscpio, tubo orofarngeo, mscara de ambu, balo de
oxignio e drogas, tal como, adrenalina.
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Para S Del Fiol e Fernandes (2004), o reconhecimento, diagnstico e
tratamento de uma situao de emergncia devem fazer parte do conhecimento
tcnico do profissional dentista, pois durante uma situao no consultrio, ele
quem tomar as decises e dar o encaminhamento do tratamento, muitas vezes,
determinando a vida de um paciente.
Rosenberg (2010) afirma que os dentistas tambm devem ser capazes de
diagnosticar e tratar problemas emergentes comuns (por exemplo, sncope ou
sndrome de hiperventilao), bem como responder de forma eficaz a determinadas
emergncias com risco de vida, menos comum, ou mesmo rara, especialmente
aqueles que possam surgir como resultado do tratamento odontolgico (por
exemplo, choque anafiltico, reao a um medicamento administrado).
Para Haas (2010) pode acontecer uma emergncia sem que o diagnstico no
seja claro. No entanto, este problema pode ser contornado, seguindo um princpio
fundamental. O objetivo mais importante de quase todas as emergncias mdicas no
consultrio para prevenir ou corrigir oxigenao insuficiente do crebro ou do
corao.
No ADA Council on Scientific Affairs (2002), foi avaliado que o primeiro e mais
importante passo no gerenciamento de uma emergncia mdica a habilidade de
providenciar um SBV efetivo ao paciente. recomendado um treinamento regular
em SBV para todos os dentistas, pois estes conhecimentos so mantidos atravs de
repeties.
O papel do dentista na gesto de qualquer emergncia mdica comea com a
preveno, para isso toda a equipe envolvida CD, ACD, THD e recepcionista devem
est preparados para as possveis intercorrncias mdicas (HASS, 2010).
De acordo com Hass (2010) e Reed (2010) na maioria das vezes, gesto de
emergncias mdicas no consultrio odontolgico limitado a apoiar as funes
vitais dos pacientes at a chegada do servio de emergncia mdica (SEM), no caso
do Brasil, o Servio de Atendimento Mvel de Urgncia (SAMU).
Embora muitas emergncias mdicas possam ser tratadas corretamente sem
drogas, cada consultrio odontolgico deve ter um kit de emergncia bsico que
contm drogas (Quadro 1) e equipamentos adequados (Quadro 2) para as diversas
intercorrncias que possam surgir (HASS, 2006; MALAMED, 1997; ROSENBERG,
2010).
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Droga Indicao Apresentao e
Administrao
Adrenalina
Anafilaxia; asma que no responde ao salbutamol
Ampolas de 1ml em soluo injetvel na proporo 1:1.000 por via subcutnea (SC).
Ansioltico
Ansiedade aguda; crise convulsiva e choque anafiltico
Diazepam. Ampola 2ml. 5mg/ ml. Uso intramuscular (IM)
Anti-histamnico
Quadros leves e moderados de reaes alrgicas tardias
Prometazina. Ampola 25mg/ ml. Uso 25 a 50mg por via IM
Broncodilatador
Broncoespasmo e crise aguda por asma
Sabultamo (aerolin). Uso em splay (aerosol).
Corticoesterides
Reaes alrgicas agudas.
Dexametasona. Uso pela via parenteral- IM: 8 a 16 mg.
Glicose
Hipoglicemia
Ampola 10ml de soluo de glicose a 25%. Uso pela via intravenosa (IV)
Dinitrato de isossorbida
Angina pectoris e infarto do miocrdio
Isordil. Uso sublingual de comprimido 5mg.
Quadro 1: Principais drogas bsicas para manejo de emergncia Fonte: Adaptado de: (BARRETO; PEREIRA, 2008).
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Equipamentos bsicos para o manejo de emergncias
Esfignomanmetro
Estetoscpio
Ambu
Mscara facial
Cnulas orofarngeas
Seringas
Cilindro de oxignio e acessrios
Material para acesso venoso (escalpe, torniquete, cateter)
Equipamento de suco
Medidor de glicemia
Quadro 2: Equipamentos bsicos Fonte: Adaptado de: (HASS, 2006).
Desta forma, o CD deve estar sempre se atualizando tanto de forma tcnica
como cientificamente para evitar possveis problemas de ordem tica e legal.
Destaque-se ainda, que este sujeito no s s leis que regulamentam a profisso,
mas como qualquer cidado, passvel de enquadramento de acordo com as leis
constantes no Cdigo Civil, no Cdigo Penal e no Cdigo de Proteo e Defesa do
Consumidor, como prestador de servios, sobretudo, no que preconiza a
Constituio e demais leis que regem nossa nao (SANTOS; RUMEL, 2006).
Outro destaque deve ser dado realizao anual de cursos de educao
continuada e simulaes de emergncia no consultrio odontolgico, que
possibilitam uma resposta rpida e eficaz a situaes de emergncia (GUIMARES,
2001; HASS, 2010; ROSENBERG, 2010).
3.2 Primeiros Socorros em Odontologia
De acordo com Carvalho (2003) os princpios bsicos referentes aos primeiros
socorros em odontologia podem ser assim relacionados:
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salvar vidas;
evitar o agravamento antes da instituio de um tratamento definitivo;
procurar ajuda qualificada.
Ainda de conformidade com esse autor, na odontologia, o objetivo dos
primeiros socorros tem sido proporcionar o SBV, sendo considerado como elemento
fundamental para manter o paciente vivo at a chegada do socorro mdico. Assim, o
CD dever estar preparado para manter a sade e a vida de seu paciente,
necessitando promover um sistema de alerta para que todos do consultrio
paralisem as suas atividades e se inicie um processo de emergncia, seguindo a
seguinte seqncia:
chamar a ambulncia;
ter em mos o kit de emergncia;
observar os sinais vitais;
administrar e prescrever as medicaes;
auxiliar a respirao com ambu;
efetuar o suporte bsico de vida e se necessrio dar inicio as manobras
de reanimao cardiopulmonar (RCP).
Seguindo essa linha de pensamento, Feitosa Filho et al. (2006) afirma que o
SBV consiste na oxigenao e na perfuso dos rgos vitais, atravs de manobras
simples e mantidas continuamente.
Assim, como procedimento inicial deve-se verificar a responsividade do
paciente. As recomendaes feitas podem ser observadas de duas formas: se o
paciente estiver consciente - este deve sentar em qualquer posio que seja
confortvel e; se estiver inconsciente - o paciente deve ser deitado com as pernas
elevadas ligeiramente em aproximadamente 10 a 15 (Figura 1). Esta posio
facilita o fluxo sanguneo para o crebro contribuindo assim para corrigir qualquer
deficincia na entrega de oxignio. Dessa forma, necessrio chamar por ajuda,
sendo utilizado essencialmente o desfibrilador e material de suporte avanado
(FEITOSA FILHO et al., 2006; HASS, 2010; MALAMED, 1997).
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Figura 1: A correta posio de um paciente incosciente
Fonte: (HASS, 2010)
Segundo Andrade e Ranali (2004), o suporte bsico de vida ou o ABC da vida
deve ser usado em todas as emergncias mdicas, seguindo as seguintes etapas:
A consiste em proporcionar a abertura das vias areas superiores, onde se
deve remover qualquer objeto da cavidade oral, que possa obstruir a passagem do
ar, realizar em seguida a hiperextenso da cabea, pois esta a principal causa de
obstruo das vias areas em pessoas inconscientes, por acarretar na queda da
lngua (Figura 2).
Figura 2: Hiperextenso da cabea (ngulo reto entre o mento e o occipital) Fonte: (HASS, 2010)
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B significa boa ventilao, pois, consiste em ver, ouvir e sentir a respirao
do paciente, atravs da expanso do trax ou encostando o ouvido perto do nariz e
da boca do paciente, porm, caso o paciente no esteja respirando, executar a
ventilao artificial atravs dos seguintes procedimentos: respirao boca-a-boca -
onde dever ocorrer a obstruo nasal para que o ar insuflado na boca no saia
pelas narinas; ventilao com mscara-amb (Figura 3(a)), mscara RCP
descartvel (Figura 3(b)) ou mscara-amb-cilindro de oxignio; intubao
orotraqueal e por ltimo nos casos de obstruo severa das vias areas e/ou edema
de glote, executar o acesso por via cirrgica, atravs da cricotireostomia.
Figura 3(a): Mscara-ambu Figura 3(b): Mscara RCP descartvel Fonte: http://www.almedical.com.br Fonte: http://www.almedical.com.br
C - corresponde verificao da circulao do paciente, realizada atravs da
verificao do pulso carotdeo do paciente (Figura 4), que se situa entre a traquia e
o msculo esternocleidomastideo, porm, caso o pulso esteja presente, controle-o
atentamente concomitantemente com a respirao, e aguarde a recuperao
completa do paciente e/ou aguarde o socorro avanado. A ausncia do pulso
carotdeo pode significar parada cardiorrespiratria (PCR), significando assim, que
temos um tempo mdio de 3 minutos para reanimarmos o paciente e mant-lo vivo
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at a chegada do socorro avanado. Nesta situao temos que abrir mo das
manobras de massagem cardaca externa (MCE).
Figura 4: Verificao do pulso carotdeo do paciente Fonte: (HASS, 2010)
O diagnstico necessrio para se ter como parmetro se o CD dever ou no
dar incio as manobras de reanimao cardiopulmonar ser fornecido pela ausncia
de pulso, e a RCP dever perdurar por um perodo de tempo mximo de 4 a 6
minutos, para assim evitar danos cerebrais, tendo como seu maior objetivo fornecer
suporte cardaco e respiratrio at a chegada de socorro avanado (ANDRADE;
RANALI, 2004).
Ainda, estes autores afirmam que a tcnica para execuo das manobras de
RCP segue o seguinte protocolo: liberao as vias areas superiores, com a
desobstruo de qualquer corpo estranho na regio de orofaringe; promoo da
ventilao s custas da respirao artificial boca a boca, insuflando o ar por via oral
aos pulmes, recomenda-se tambm a utilizao de mscaras oronasofacial,
quando em presena de oxignio; colocar o paciente sobre uma superfcie rgida e
horizontal; realizar a hiperextenso cervical e dar incio as manobras. As manobras
para a realizao da MCE (Figura 5) devero ser feitas idealmente numa velocidade
de 100 vezes por minuto e a relao compresses, ventilaes deve ser de 30:2.
necessrio deixar que o trax seja deprimido em 4 a 5 cm e que volte
completamente sua posio de repouso aps cada compresso.
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Figura 5: Massagem cardaca externa (Compresso dgito palmar da caixa torcica de encontro ao corao -2 dedos acima da apfise xifide) Fonte: http://resgate2005.tripod.com/rcp.htm
Recomenda-se que haja um revezamento da pessoa que comprime a cada 5
ciclos (2 minutos), visando evitar que o cansao diminua a eficcia das
compresses. Se caso no houver retorno do pulso deve-se continuar a MCE at o
momento da chegada do desfibrilador (Figura 6) e do suporte avanado de vida
(ANDRADE; RANALI, 2004).
Figura 6: Desfibrilador externo automatizado Fonte: http://www.almedical.com.br
O SBV peditrico, destinado a crianas de um a oito anos, obedece mesma
seqncia do adulto, mas apresenta algumas particularidades. A cabea no deve
ser hiperestendida como no adulto, apenas faz se uma extenso da cabea, a
ventilao deve ter uma insuflao, de 1 a 1,5 segundos e dever ser mais suave,
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as compresses realizadas com apenas uma das mos, mas em mesmo nmero
que adultos, ou seja, 30 compresses para 2 ventilaes. Em crianas devemos
realizar cinco ciclos para depois proceder a uma nova avaliao dos sinais
(MALAMED, 2003).
O desfibrilador externo automtico (DEA), um equipamento que foi
desenvolvido para ser utilizado at por leigos, devidamente treinados. Sendo este de
fcil manuseio, com mensagem de texto e comando de voz, seguro para o
socorrista, com sensibilidade e especificidade elevadas. Assim nesse entendimento
todo consultrio odontolgico deveria dispor de um DEA (ROSENBERG, 2010).
O atendimento da parada cardiorrespiratria considerado conhecimento
prioritrio de todo profissional de sade, independente de sua especialidade
(FEITOSA FILHO et al., 2006).
Gonzaga et al. (2003) afirmam que aproximadamente 3% dos profissionais
brasileiros mencionam a ocorrncia de parada cardiorrespiratria em seu
consultrio. Por outro lado, pode ser considerados como sintomas de parada
cardaca, alm da dificuldade de respirao, a ausncia de pulso, cianose, dilatao
das pupilas e ausncia de reflexo pupilar, a cessao da hemorragia na ferida
cirrgica e um aspecto relativamente escuro do sangue (MARZOLA; GRIZZA, 2001).
A interrupo sbita das funes cardiopulmonares se constitui num tipo de
problema que sempre foi um desafio para as equipes mdicas. Esta uma
emergncia mdica extrema, cujos resultados sero a leso cerebral irreversvel e a
morte, se as medidas adequadas para restabelecer o fluxo sangneo e a ventilao
no forem tomadas. Assim, at o perodo em que o diagnstico correto da causa da
parada cardiorrespiratria seja determinado, a equipe de ressuscitao deve
preocupar-se basicamente em manter o bombeamento sangneo e a funo
respiratria (ERAZO, 2002).
3.3 Conhecimento Sistmico do Paciente
3.3.1 Anamnese e Exame Fsico
Segundo Andrade e Ranali (2004), a anamnese ou exame subjetivo
considerado um importante pr-requisito de uma consulta odontolgica. Durante a
realizao da anamnese se obtm diversas informaes teis, no somente para o
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diagnstico, mas tambm para identificar experincias desagradveis ocorridas em
tratamentos odontolgicos anteriores, que devero ser cuidadosamente analisadas
para prevenir sua recorrncia. Alm disso, a anamnese permite identificar os
medicamentos que o paciente faz uso, muitas vezes de forma contnua, e que
podem interagir de forma indesejvel com as solues anestsicas locais ou
frmacos de uso comum na prtica odontolgica, causando reaes adversas,
algumas delas de carter emergencial.
Hupp (2005) considera as fichas de histria da sade (questionrios), um meio
efetivo de coletar inicialmente a histria mdica do paciente. O profissional de sade
oral deve descobrir a existncia ou a histria de problemas mdicos que possam ter
algum impacto na segurana do tratamento odontolgico dispensado.
O diagnstico precoce das condies sistmicas de extrema importncia para
reduo de possveis emergncias clnicas durante o tratamento odontolgico. A
anamnese jamais dever ser negligenciada, parte integrante do exame clnico e
contribuir na identificao de patologias de relevncia ao tratamento (MALAMED,
2010; HUPP, In: PETERSON et al.,2005).
Durante a anamnese, necessrio que se busque informaes a respeito do
paciente ser alrgico a determinadas substncias qumicas. O profissional deve
estar preparado para prevenir, diagnosticar e tratar complicaes decorrentes de
reaes alrgicas que possam ocorrer no consultrio odontolgico (MARTINS FILHO
et al., 2010).
Nesse entendimento, Malamed (2010) afirma ser importante a realizao de
uma minuciosa histria mdica, onde uma avaliao fsica do paciente e exames
laboratoriais mostra a realidade do estado geral de sade dos pacientes e com isso
se obter um mtodo de diagnstico de possveis emergncias que possa aparecer.
Segundo Hupp (2005), no exame fsico do paciente de odontologia se focaliza a
cavidade oral e em menor grau toda a regio maxilofacial. O procedimento deste
exame deve ser iniciado pela tomada dos sinais vitais, com o paciente em repouso,
incluindo a avaliao da freqncia cardaca, da freqncia respiratria, presso
arterial e temperatura, sendo os dados anotados no pronturio clnico.
Desta forma, alm da justificativa de ordem legal, esta uma conduta que
mostra ao paciente que as mnimas precaues esto sendo tomadas para sua
segurana, aumentando sua confiana no profissional (ANDRADE; RANALI, 2004).
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3.3.2 Avaliao dos Sinais Vitais
Andrade e Ranali (2004), afirmaram que a avaliao dos sinais vitais faz parte
do exame fsico e em toda consulta inicial deve ser realizada, ou em cada sesso de
atendimento, principalmente, nos casos de portadores de doenas cardiovasculares.
Apesar de ser um procedimento negligenciado pelos CDs, a obteno de valores
relativos ao pulso carotdeo, freqncia respiratria, presso arterial (PA) e
temperatura, com o paciente em repouso, deve constar no pronturio odontolgico.
Assim, importante que se faa um levantamento da histria mdica completa,
juntamente com informaes de base sobre os sinais vitais, considerado como um
componente essencial do pronturio mdico. Este procedimento no s auxilia na
avaliao do estado clnico do paciente, mas tambm serve de referncia durante a
monitorizao intra-operatria. Dessa forma, considera-se como ideal a informao
colhida durante a entrevista quando provavelmente o paciente se encontra menos
apreensivo ao tratamento (BECKER, 2009).
3.3.2.1 Freqncia Cardaca
De acordo com Porto (2005), a freqncia cardaca pode ser definida como
sendo o ritmo do corao e o nmero de batimentos por minuto (bpm). A freqncia
cardaca ou pulso pode ser medida por meio de qualquer artria acessvel.
Comumente, so consideradas as mais empregadas a artria radial, localizada na
posio ventral e distal do pulso, a artria braquial, que se situa na linha mediana da
fossa antecubital e a artria cartida, que pode ser palpada no ngulo da mandbula.
Ainda segundo esse autor, para se determinar a freqncia, conta-se um
minuto inteiro. Normalmente, em pessoas adultas, vai de 60 a 100 bpm.
3.3.2.2 Freqncia Respiratria
A taxa de respirao geralmente medida quando uma pessoa est em
repouso. Implica na contagem do nmero de respiraes por minuto, em uma
contagem de quantas vezes o trax sobe. A freqncia respiratria, para adultos, se
situa entre 12-20 respiraes por minuto e crianas apresentam de 16-25
respiraes por minuto (PORTO, 2005).
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3.3.2.3 Presso Arterial
Porto (2005), afirmou que a mensurao da presso ou tenso arterial o ato
mdico bsico que deve ser realizado em toda consulta. Est relacionado com o
trabalho do corao e traduz o sistema de presso vigente na rvore vascular
arterial. Segundo o mesmo autor, a mensurao clnica da presso arterial
razovel, e espera-se um erro mdio de mais ou menos 8 mmHg para as presses
sistlica e diastlica. Ainda de acordo com Andrade e Ranali (2004), o
esfigmomanmetro de coluna de mercrio o ideal para essas medidas. Os
aparelhos do tipo aneride (eletrnicos ou no), quando empregados, devem ser
periodicamente testados e calibrados (Figura 7).
Figura 7: Modelo de um esfigmomanmetro Fonte: http://www.ortobig.com.br
Segundo Porto (2005), o Conselho Brasileiro para tratamento da hipertenso
arterial, definiu como valores mximos para indivduos acima dos 18 anos, os
seguintes nveis tensionais (Quadro 3).
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Presso
diastlica
Valor
referencial
Presso sistlica
Valor
referencial
Normal
< 90 mm Hg
Normal
at 140 mmHg se a presso diastlica estiver menor que 90 mmHg.
Hipertenso Arterial Leve Hipertenso Arterial Moderada
90 - 105 mmHg 106 - 120 mmHg
Hipertenso sistlica:
acima de 140 mmHg.
Quadro 3: Valores mximos dos nveis tensionais da presso arterial, para indivduos acima dos 18 anos. Fonte: Adaptado de: PORTO (2005, p.437).
Segundo Andrade e Ranali (2004), importante certificar-se de que o paciente
no praticou exerccios fsicos, no ingeriu caf, bebidas alcolicas, drogas ou
fumou, 30 minutos antes da avaliao da presso arterial.
Miyake et al. (2003) afirmaram que a oximetria de pulso um mtodo no
invasivo de mensurao da saturao perifrica da hemoglobina arterial (SpO2) e da
pulsao cardaca, apresentando baixo custo, segurana e rpida resposta para o
profissional. Assim, respirando o ar ambiente (onde a porcentagem de oxignio na
ordem de 21%), a saturao de oxignio normalmente fica na faixa de 96 a 100%
(Figura 8). Por outro lado, a leitura da oximetria de pulso tem preciso limitada na
presena de metemoglobina, carboxihemoglobina, anemia, vasoconstrio perifrica
(por frio, por exemplo), esmalte de unha, luz fluorescente e movimentao (MIYAKE
et al., 2003).
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32
Figura 8: Oxmetro de pulso Fonte: Adaptado de:
3.3.2.4 Temperatura
Porto (2005) afirmou que a temperatura do interior do corpo permanece quase
constante, dentro de uma variao de mais ou menos 0,6 C, mesmo quando
exposto ao extremo de frio ou de calor, graas ao aparelho termorregulador. A
temperatura habitualmente tomada na axila (35,5 a 37C), boca (36 a 37,4C) e
reto (36 a 37,5 C).
3.3.3 Classificao do estado fsico do paciente
De acordo com Hupp (2005), os resultados da avaliao mdica, somados a
avaliao dos sinais vitais, so usados para atribuir uma classificao do estado
fsico do paciente. Em 1962 a Associao Americana de Anestesiologistas (ASA)
desenvolveu um estudo e passou a classificar o estado de sade dos pacientes em
classe de I a IV.
ASA I - Paciente com sade normal.
ASA II - Paciente com doena sistmica leve ou fator de risco de sade
insignificante.
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33
ASA III - Paciente com doena sistmica grave, mas no incapacitante.
ASA IV - Paciente com doena sistmica grave, incapacitante, que uma
constante ameaa a vida.
Geralmente, os dentistas em consultrio particular atribuem a maioria dos
pacientes (85%) para ASA 1 ou ASA 2, cerca de 14% para ASA 3 e o restante ASA
4 (REED, 2010).
Desta forma, quando o dentista tiver incerteza sobre o grau de risco para o
paciente, ele pode solicitar um encaminhamento para uma consulta mdica. A
consulta mdica no necessria, nem recomendada para todos os pacientes
clinicamente comprometidos. Em todo caso, os clnicos devem ter em mente que a
consulta um pedido de informaes especificas do paciente ou do processo da
doena (MALAMED, 2010).
Neste entendimento, antes de tratar um paciente clinicamente comprometido, o
dentista ou um membro da equipe deve acompanhar e registrar os sinais vitais do
paciente (presso arterial, freqncia e ritmo cardaco e freqncia
respiratria). Comparando estes sinais vitais do pr-operatrio com os valores
registrados em uma visita anterior, estes so referncias de um indicador do estado
fsico e emocional do paciente naquele dia (MALAMED, 2010). Para Hupp (2005)
uma vez determinada a classificao do estado fsico da ASA, o cirurgio dentista
estar em condies de decidir se o tratamento proposto poder ser realizado de
forma segura em ambiente ambulatorial.
3.4 Reduo da Ansiedade em Odontologia
Para Kanegane et al. (2003) o medo uma reao protetora especifica frente a
um estimulo que ameaa a vida do individuo. No entanto, a ansiedade uma
emoo subjetiva voltada para uma ao futura. A ansiedade pode provocar
modificaes fsicas, psquicas e comportamentais como: taquicardia, respirao
mais rpida, tremores, apreenso, inquietao, insegurana. O medo e a ansiedade
exacerbam a percepo da dor.
Assim, um dos grandes desafios para a Odontologia moderna o controle do
medo e ansiedade, sentimentos geradores de estresse e, conseqentemente
manifestaes adversas de comportamento e alteraes sistmicas potencialmente
perigosas. Portanto, o controle destes fenmenos deve nortear o atendimento
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odontolgico, proporcionando real qualidade de atendimento e conforto ao paciente
durante o procedimento clnico (CALDAS; GAMBA, 2004).
No Brasil o controle farmacolgico do estresse e ansiedade em Odontologia
pode ser feito atravs de duas formas: pela administrao de medicamentos
ansiolticos por via oral (benzodiazepnicos) ou, atravs da utilizao da via inalatria
com a mistura dos gases xido nitroso/oxignio (RANALI; RAMACCIATO; MOTTA,
2006).
Segundo Malamed (1993), o uso de ansiolticos para a reduo de ansiedade
se mostra efetivo no seu papel na preveno das chamadas situaes de
emergncia, como a lipotmia e a sndrome da hiperventilao, pois parece estar
bem estabelecido que a incidncia dos quadros emergenciais seja mais
representativa em pacientes com ansiedade e apreenso mal controladas.
3.4.1 Sedao Oral Atravs dos Benzodiazepnicos
A sedao consciente uma depresso mnima do nvel de conscincia
produzida por mtodos farmacolgicos ou no-farmacolgicos (ou sua combinao),
onde so mantidos a respirao espontnea, os reflexos protetores e a capacidade
de resposta a estmulos fsicos e comandos verbais diferenciando-se da anestesia
geral, que um estado induzido de depresso generalizada do sistema nervoso
central, levando inconscincia, perda total ou parcial dos reflexos protetores,
incapacidade de respirao espontnea (devendo o paciente estar entubado) e
incapacidade de resposta a estmulos fsicos e comandos verbais (AMERICAN
HEART ASSOCIATION GUIDELINES, 2007).
Para Cogo et al. 2006, o uso de benzodiazepnicos, por via oral, se constitui
uma boa alternativa para obteno da sedao consciente, em Odontologia, por
apresentar uma ampla margem de segurana clnica, rpido incio de ao, pequena
incidncia de reaes adversas, facilidade de administrao, baixo custo e
capacidade de diminuir a ansiedade sem causar sedao profunda. A seguir
encontra-se as dosagens usuais de benzodiazepnicos empregadas (Quadro 4),
para a sedao consciente em Odontologia por via oral (COGO et al., 2006).
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Nome
genrico
Nome
comercial
Dosagem em
crianas
Dosagem em
adultos
Dosagem em
idosos
Diazepam Valium 0,2 a 0,5 mg/Kg 5 a 10 mg 5 mg
Lorazepam Lorax No
recomendado
1 a 2 mg 1 mg
Alprazolam Frontal No
recomendado
0,25 a 0,75 mg 0,25 mg
Midazolam Dormonid 0,3 a 0,5 mg/kg 7,5 a 15 mg 7,5 mg
Triazolam Halcion No
recomendado
0,125 a 0,25
mg
0,06 a 0,125
mg
Quadro 4: Benzodiazepnicos: dosagens usuais empregadas para a sedao consciente em
Odontologia, por via oral. Fonte: Adaptado de: Cogo et al., (2006).
Os benzodiazepnicos agem potencializando o efeito do cido gama-
aminobutricona (GABA) na inibio das sinapses neuronais, particularmente no
sistema lmbico, o GABA um neurotransmissor endgeno liberado com o objetivo
controlar as reaes somticas e psquicas aos estmulos geradores de estresse,
sendo assim considerado como o calmante ou ansioltico natural do organismo. As
principais vantagens podem ser destacadas: diminuio do metabolismo basal,
retardando a absoro dos anestsicos locais; reduo do fluxo salivar e o refluxo
do vmito; relaxamento da musculatura esqueltica; nos pacientes hipertensos ou
diabticos, ajudam a manter a presso arterial ou a glicemia, respectivamente, em
nveis aceitveis; podem induzir a amnsia (BARRETO; PEREIRA, 2008).
O midazolam a droga de escolha para a sedao de pacientes adultos e
peditricos, na maioria dos procedimentos odontolgicos, principalmente em casos
de urgncia, por possuir rpido incio de ao, menor tempo de meia-vida e induzir
amnsia antergrada, j para pacientes idosos, apesar do maior tempo de latncia
(incio de ao), deve-se dar preferncia ao Lorazepam, por proporcionar uma
menor incidncia de efeitos paradoxais (COGO et al., 2006).
De acordo com o Barreto e Pereira (2008) os benzodiazepnicos, so contra-
indicados nas seguintes situaes:
gestantes (primeiro trimestre e ao fim da gestao);
Pacientes portadores de glaucoma ou miastenia grave;
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alcolatras crnicos, pois o lcool alm de potencializar o efeito depressor
dos ansilolticos, induz a uma maior metabolizao heptica desses
compostos;
pacientes com hipersensibilidade aos benzodiazepnicos.
Deve-se ficar atento, ainda para a possibilidade de interao dos
benzodiazepnicos com outros medicamentos, o que pode causar diminuio do
efeito do ansioltico quando este administrado juntamente com indutores da
metabolizao, como a carbamazepina, fenitona e fenobarbital, ou aumento do
efeito quando a administrao feita com inibidores do citocromo P450, como
alguns antimicrobianos, bloqueadores de canais de clcio e antifngicos (BARRETO;
PEREIRA, 2008).
3.4.2 Sedao Consciente Inalatria com xido Nitroso
Segundo Orlando (2003), a sedao consciente com xido nitroso, ocorre
atravs da aspirao de uma mistura dos gases xido nitroso (N2O) com oxignio
(O2) onde ao ser inalado, o transportado pelo sangue, atuando no nvel do crtex
cerebral, produzindo suave depresso. A sedao consciente atravs do N2O
apresenta como principais vantagens: no se combina com nenhuma estrutura do
sangue ou do corpo humano, fato este por ser praticamente insolvel; rpida
reversibilidade sedatria e mnima possibilidade de efeitos colaterais; odor agradvel
e adocicado, sendo imediatamente eliminado sem ser metabolizado, com pico de
sedao de trs a cinco minutos. A proporo mdia dos gases de 50 a 70% de
N2O e 30% de O2, garantindo que o paciente no receba mais N2O do que suporta e
nem O2 do que precisa. A aparelhagem que a tcnica da sedao consciente requer
composta de: Fluxmetro, oxmetro de pulso, vlvulas reguladoras de presso,
mscaras inalatrias, mangueiras, cilindros de O2 (comercialmente no Brasil,
apresenta-se com a cor verde) e N2O (com a cor azul), e por ltimo, aparelho de
presso.
O protocolo para sedao inicia-se pela administrao de 100% de oxignio ao
paciente, para pacientes adultos o volume inicial varia entre 5 a 6L/min, para
crianas cerca de 4L/min, e aps trs minutos inicia-se o fornecimento do xido
nitroso em incrementos, normalmente de 10% a cada 1 (hum) minuto, at que o
nvel de sedao ideal seja observado e o paciente relate sensao de relaxamento
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e bem-estar. A concentrao para a sedao ideal individualizada para cada
paciente, respeitando-se o limite mximo de 70% de N2O. (RANALI; RAMACCIATO;
MOTTA, 2006).
A sedao ideal caracterizada por alguns sinais e sintomas e nem todos os
pacientes relatam todos os possveis efeitos do gs. A observao constante do
paciente de grande valor para detectar o nvel de sedao que este apresenta,
evitando situaes de sobre-sedao e efeitos desagradveis. As principais
informaes com respeito ao que diferencia os sinais e sintomas da sedao ideal e
sobre-sedao, esto discriminadas no Quadro 5 (RANALI; RAMACCIATO; MOTTA,
2006).
Sedao ideal Sobre- sedao
Paciente responsivo Sonolncia (fechar de olhos e boca)
Relaxamento Euforia
Vibrao pelo corpo Mal-estar
Reduao do refluxo de nsia Nusea e vmito
Movimento reduzido dos membros Inquietude
Movimento palpebral reduzido Confuso visual, olhar parado
Analgesia dos tecidos moles Sensao de perda de controle
Perda de noo de tempo e espao Letargia
Formigamento de lbios, mos e ps Risos, delrios e sonhos
Taxa respiratria normal Aumento da taxa respiratoria
Sensao de calor, rubor facial Transpirao excessiva
Lacrimejamento (olhos brilhantes) Lacrimejamento excessivo
Sons parecem distantes Sensao de zumbidos nos ouvidos
Quadro 5: Sinais e sintomas da sedao ideal e da sobre-sedao Fonte: Adaptado de: RANALI; RAMACCIATO; MOTTA, (2006).
Caso o paciente apresente algum sinal clnico de aprofundamento da sedao,
a conduta inicial reduzir imediatamente a quantidade de xido nitroso, e na
persistncia dos sintomas, deve-se abortar a sedao e o procedimento clnico e
manter o paciente por um perodo de cinco a oito minutos de oxignio a 100%
(CALDAS; GAMBA, 2004).
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A tcnica da sedao consciente com xido nitroso contra-indicada nos
seguintes casos: pacientes com obstruo das vias respiratrias; pacientes
portadores de doenas pulmonares obstrutivas crnicas; pacientes psicticos;
pacientes que utilizam medicao psicotrpica e paciente com problemas
comportamentais severos (ORLANDO, 2003).
Para Cogo et al. (2006) a tcnica de sedao consciente pela mistura de N2O
e O2 apresenta algumas vantagens em relao ao uso dos benzodiazepnicos, por
proporcionar um rpido incio de ao e pela dosagem ser obtida de forma
incremental. Por outro lado, a habilitao para o emprego dessa tcnica e a
aquisio de equipamentos e acessrios exige um investimento considervel por
parte do profissional
Assim, nenhuma das tcnicas de sedao perfeita, apresentando limitaes e
indicaes especficas para cada situao clnica. Para o profissional bem informado
e capacitado so opes distintas de escolha, e o perfil do paciente e do
procedimento odontolgico deve ser considerado para determinar a escolha do
mtodo (RANALI; RAMACCIATO; MOTTA, 2006).
3.5 Intercorrncias Especficas e Tratamento
3.5.1 Anafilaxia e Reaes Alrgicas
O nmero de pacientes que desenvolvem reaes alrgicas aos produtos de
usos odontolgicos e tambm aos medicamentos prescritos pelos dentistas, cada
vez maior, principalmente, as reaes de sensibilidade ao cido acetilsaliclico, aos
antiinflamatrios no hormonais, aos analgsicos, aos anestsicos e aos
antibiticos, sobretudo, as penicilinas naturais (BARRETO; PEREIRA, 2008). O
ndice de ocorrncia em consultrio odontolgico em torno de 8,45% (MONNAZI et
al, 2001).
As reaes alrgicas podem se manifestar atravs dos anestsicos locais,
embora esta incidncia tenha diminudo desde a introduo dos anestsicos, do tipo
amida, na dcada de 1940. Ultimamente, tm-se relatado reaes alrgicas ao
bissulfito ou metabissulfito de sdio, agente estabilizante e antioxidante presente nos
tubetes de anestsico local de uso odontolgico que contm vasoconstrictores
(CAMPBELL; MAESTRELLO; CAMPBELL, 2001).
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As reaes de hipersensibilidade decorrem da re-exposio de um organismo a
um determinado alrgeno, apresentando-se na forma de uma reao lesiva aos
tecidos, denominada de reao alrgica (PORTO, 2005).
As reaes alrgicas compreendem um amplo espectro de manifestaes
clnicas, podendo variar de respostas leves e tardias at reaes imediatas e letais
que se desenvolvem segundos aps a exposio ao alrgeno (MARTINS FILHO et
al., 2010).
Os sinais e sintomas relacionados s manifestaes alrgicas tardias so
mediados primariamente pela liberao de histamina, que, atuando ao nvel de pele,
estimula as terminaes nervosas nuas, provocando pruridos. Alm disso, a
histamina produz vasodilatao arteriolar e aumento da permeabilidade capilar,
causando edemas localizados e, em alguns casos, generalizados (SINGI, 1998 apud
MARTINS FILHO et al., 2010).
O tratamento das manifestaes alrgicas (Quadro 6) tardias baseia-se na
severidade do quadro apresentado pelo paciente, que geralmente varia de leve a
moderado (MARTINS FILHO et al., 2010).
Quadro 6 - Protocolo de tratamento sugerido para as reaes alrgicas tardias. Fonte: Adaptado de: MARZOLA, 1999 apud MARTINS FILHO et al., (2010).
Quadros Leves (Leses urticariformes discretas)
Quadros Moderados
(Leses urticariformes difusas e/ou angioedema de face, sem
manifestaes sistmicas associadas)
Prometazina 01 ampola (50mg), intra-muscular (IM)
Adrenalina 1:1000; 0,2 a 0,3ml subcutnea (SC) Prometazina 01 ampola (50 mg), IM Hidrocortisona 01 ampola (100mg), IM
Dexclorfeniramina 01 comprimido (2mg) - 06/06 horas, VO
Dexclorfeniramina 01 comprimido (2mg) - 06/06 horas, VO
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40
A ilustrao (Figura 9) de um caso de alergia por contato aps uso de
iodopovidine para anti-sepsia extra-oral, com tratamento base de prometazina
intramuscular (IM) em dose nica e dexclorfeniramina, via oral (VO) durante 02 dias,
onde a paciente desenvolveu um quadro de eritema e prurido na regio de contato
com o produto (MARTINS FILHO et al., 2010).
Figura 9: Reao alrgica aps aplicao tpica de iodo-povidine. Fonte: Martins-Filho et al., (2010)
O choque anafiltico ou reaes imediatas oriundo da hipersensibilidade do
tipo I, ou seja, da reao imunolgica a antgenos mediada por anticorpos em
indivduos previamente sensibilizados. A reao rpida, ocorrendo minutos aps o
contato com o antgeno. O termo "choque anafiltico" empregado no meio mdico
para indicar a manifestao culminante dessa reao de hipersensibilidade, ou seja,
anafilaxia (ELLIS; DAY, 2003).
A patogenia para essa reao explicada do seguinte modo: anticorpos do tipo
IgE j produzidos contra o antgeno so estimulados por ele a se prender na
membrana plasmtica dos mastcitos, o que provoca a liberao de mediadores
qumicos produzidos por essa clula (histamina, heparina e fator quimiottico para
neutrfilos). Esses mediadores atuam diretamente na parede vascular, promovendo
um aumento da permeabilidade e intensa exudao plasmtica, o que leva a
edemas generalizados (plpebras, lbios, pavilho auricular, conduto auditivo
externo). Instaura-se, assim, um quadro de hipotenso grave, com falncia da
circulao perifrica. Manifesta-se tambm dificuldade respiratria, devido ao
espasmo da musculatura bronquial e do edema que se desenvolve na mucosa
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41
brnquica e na glote. Prurido cutneo generalizado oriundo dos altos graus de
liberao de histamina tambm est presente. Ainda, podem ocorrer alteraes
cardiovasculares, parada cardiorrespiratria e morte (ELLIS; DAY, 2003). A seguir
listam-se os principais sinais e sintomas anafilticos (Quadro 7) dominantes nos
diversos sistemas envolvidos.
Sistemas Manifestaes
Neurolgico
Convulses, torpor, sncope
Olhos
Prurido, lacrimejamento
Vias ereas Superiores
Congesto nasal, estridor, edema larngeo, tosse, obstruo
Vias ereas Inferiores
Dispnia, broncoespasmo, cianose, parada respiratria
Cardiovascular
Taquicardia, hipotenso, isquemia miocrdica, parada cardaca
Pele
Eritema, prurido, urticria, angioedema, rash maculopapular
Gastrointestinal
Nuseas, vmitos, dor abdominal, diarria
Quadro 7: Sinais e sintomas da reao anafiltica. Fonte: Adaptado de: ELLIS; DAY, (2003).
O tratamento do choque anafiltico comea com a reclinao e ventilao
(6lt/min) do paciente, monitorando os seus sinais vitais. Administrao de adrenalina
em soluo milisemal nas reaes brandas (0,1 a 0,3 ml subcutnea (SC) ou IM) e
severas (0,1 a 0,5 IM ou endovenosa (EV), repetir a aplicao a cada 5 a 10
minutos at um mximo de 3 doses). Deve-se ainda promover acesso venoso e
administrar soro (fisiolgico ou glicosado). No caso de parada cardiorrespiratria,
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42
iniciar procedimento de reanimao, considerando a possibilidade de cricotireotomia
e solicitar auxlio mdico (ANDRADE; RANALI, 2004).
3.5.2 Broncoespasmo e Crise Asmtica
Trata-se da obstruo parcial e temporria das vias areas intrapulmonares
caracterizadas pela constrio da musculatura lisa dos bronquolos terminais. Esta
constrio por sua vez reduz a ventilao pulmonar com a conseqente diminuio
da difuso de oxignio para o sangue resultando uma hipoxemia. Configura-se em
4,5% das urgncias que acontecem em clnica odontolgica (MONAZZI et al., 2001).
Na clnica odontolgica, a situao de natureza alrgica mais freqente
associada ao broncoespasmo observada em pacientes asmticos com histria de
sensibilidade ao bissulfito de sdio, ou nos indivduos alrgicos aspirina ou aos
antiinflamatrios no-esterides (AINEs). Os dois principais sinais do
broncoespasmo so: chiado respiratrio e o uso de msculos acessrios da
respirao (BARRETO; PEREIRA, 2008).
O tratamento sugerido interromper o atendimento odontolgico; manter o
paciente calmo; monitorizar vias areas; aferir pulso e presso; e ministrar
broncodilatador, tal qual: Sabultamol (Aerolin spay) (MONAZZI et al., 2001).
De acordo com Porto (2005) a asma a diminuio do calibre das vias areas,
em conseqncia a diversos estmulos, sendo reversvel espontaneamente ou em
resposta ao tratamento. Sua intensidade pode ser variada de leve e pouco
sintomtica a severa insuficincia respiratria. Alguns sinais indicam a gravidade da
crise, como cianose, confuso mental e fala interrompida por dispnia. Os fatores
precipitantes ou agravantes da crise podem ser: exposio alrgenos ou irritantes
inalotrios, infeces, manuteno inadequada da terapia, retirada sbita de
cortiesterides, exerccios, estresse emocional e outros. No tratamento na crise
asmtica, os pacientes devero utilizar agentes beta-2 adrenrgicos por via
inalatria. Quando a crise classificada como grave/muito grave, imediatamente
oxignio administrado e corticosteride sistmico indicado. Tambm deve ser
considerado o uso de aminofilina e brometo de ipratrpio.
Segundo Erazo (2002) o paciente em crise asmtica ansioso, dispnico
(principalmente dificuldade expiratria) e prefere a posio sentada, numa tentativa
de melhorar sua ventilao alveolar pelo uso de msculos acessrios de respirao.
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Cianose pode ou no estar presente. Taquicardia comum, assim como, tendncia
hipertenso sistlica. As jugulares podem ficar ingurgitadas expirao. Pode
estar presente tosse, com expectorao de aspecto varivel, dependendo da
presena ou no de processo infeccioso secundrio.
A ansiedade e/ou stress associado ao tratamento dental pode precipitar um
ataque de asma. A combinao destes fatores pode resultar em um episdio agudo
de asma e, eventualmente, risco de vida para o paciente (GUGGENHEIMER;
MOORE, 2009).
O dentista deve estar atento e preparado para lidar com um episdio agudo de
asma. Qualquer paciente com histria de asma deve fornecer ao dentista uma
descrio da gravidade da doena, que inclui a freqncia dos episdios, fatores
precipitantes, e grau de controle, tais como: taxa de uso do inalador e, episdios que
necessitaram de internao hospitalar (GUGGENHEIMER; MOORE, 2009).
So estratgias de preveno evitar medicamentos conhecidos por induzirem
episdios asmticos, como a aspirina, AINEs e o controle do medo e da
ansiedade. O uso de drogas depressoras, como sedativos ou opiides em pacientes
com asma grave devem ser administrados com cautela (GUGGENHEIMER;
MOORE, 2009).
Segundo ANDRADE e RANALI (2004), devem-se administrar salbutamol em
aerossol, oxigenoterapia com fluxo de 5 a 7 l/min e no havendo regresso do
quadro, administrar por via SC, 0,3ml de adrenalina 1:1000 (ampolas com 1ml).
3.5.3 Complicaes Anestsicas
As solues anestsicas locais so as drogas mais empregadas na prtica
odontolgica, apresentando uma grande margem de segurana clnica (MONTAN et
al., 2007).
As complicaes quando ocorrem, podem ser divididas em psicognicas e no-
psicognicas. As primeiras independem do anestsico e esto relacionadas ao
estado de estresse do paciente. As no-psicognicas so raras, estando
relacionadas tcnica de administrao inadequada, superdosagem ou a uma
reao alrgica ao anestsico (PAIVA; CAVALCANTI, 2005).
Alguns dos eventos adversos relacionados anestesia local so
potencialmente srios e at mesmo letais, tendo como causa mais comum a super
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dosagem, absoluta ou relativa dos agentes empregados, pela falta de conhecimento
das doses mximas dos anestsicos e/ou uso incorreto das tcnicas anestsicas por
parte de alguns profissionais (MEECHAN, 1998; VALLEJO; VALLEJO, 2004).
As principais complicaes advindas da anestesia local so sncope, angina
pectoris, hipotenso postural, broncoespasmo, reao anafiltica e infarto do
miocrdio. Quanto percentagem das emergncias mdicas e tipo de tratamento
dental ocorrem 54,9% durante e aps a anestesia local, 22% durante o tratamento e
1,5% logo aps o tratamento (VASCONCELOS et al., 2002).
Ainda, de acordo com estes autores, deve ser dada ateno especial quando
da administrao dos anestsicos locais com vasoconstrictor em pacientes
asmticos cortico-dependentes, devido a um maior risco de desenvolvimento de
reaes alrgicas imediatas e severas, geralmente apresentam alergia aos sulfitos
encontrados nas solues contendo aminas simpatomimticas, sendo nesse caso
indicado solues com felipressina.
A injeo de uma dose muito elevada de anestsicos locais (overdose de
anestsico) dificilmente acontece. A incidncia de ocorrncia de aproximadamente
0,67% (MONAZZI et al., 2001)
Montan et al. (2007) afirmam que no Brasil, as recomendaes quanto ao
emprego de anestsicos locais para crianas e adultos saudveis (Quadro 8 e 9), se
refere a quantidade, como dose limite, levando em considerao a idade, peso e
fatores constitucionais do paciente.
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Anestsico
local
Quantidade
presente em um tubete
Dose mxima (por kg peso
corporal)
Nmero de
tubetes (1,8ml)(criana
com 20kg)
Lidocana 2%
36mg
4,4mg
2,4
Mepivacana 2%
36mg
4,4mg
2,4
Mepivacana 3%
54mg
4,4mg
1,6
Prilocana 2%
54mg
6mg
2,2
Articana 4%
72mg
5mg
1,3
Bupivacana 0,5%
Contra-indicado em odontopediatria devido ao longo
tempo de durao da anestesia Quadro 8. Anestsicos locais nas concentraes comumente empregadas no
Brasil, e suas doses mximas para crianas. Fonte: Adaptado de: Montan et al., (2007).
Anestsico
local
Dose mxima (por kg peso
corporal)
Nmero de
tubetes (1,8ml) (adulto com 60
kg)
Mximo absoluto (independente do
peso
Lidocana 2%
4,4mg
7,3
300mg
Mepivacana 2%
4,4mg
7,3
300mg
Mepivacana 3%
4,4mg
4,8
300mg
Prilocana 2%
6mg
6,6
400mg
Articana
7mg
5,8
500mg
Bupivacana
1,3 mg
8,6
90mg
Quadro 9: Anestsicos locais nas concentraes comumente empregadas no
Brasil, e suas doses mximas para adultos saudveis. Fonte: Adaptado de: Montan et al., (2007).
Segundo Andrade e Ranali (2004), a superdosagem do sal anestsico ocorre
quando a concentrao plasmtica encontra-se acima de 7,5 g/ml, podendo gerar
convulses tnico-clnicas, seguida de depresso generalizada do SNC, com queda
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46
da presso arterial, freqncias cardaca e respiratria. Nestes casos a conduta
emergencial consiste em colocar o paciente em posio confortvel e semi-inclinada;
administrao de oxignio; solicitao do socorro mdico de urgncia e instituir o
suporte bsico de vida. Caso ocorra convulso prolongada, aps cessar o episdio,
administrar uma ampola de diazepam 10 mg intravascular (IV), em injeo lenta.
A superdosagem do vasoconstritor consiste geralmente em reaes que so
transitrias e de curta durao, pois sua metabolizao pelo organismo muito
rpida, tendo como principais sinais e sintomas: dor de cabea pulstil,
principalmente na regio temporal; tremor e fraqueza; sudorese; elevao abrupta
da presso arterial, principalmente a sistlica; elevao da freqncia cardaca e
possveis arritmias cardacas. Nestes casos a conduta emergencial a ser realizada
limita-se a colocar o paciente sentado, para diminuir a presso intracraniana e a
sobrecarga cardaca, monitorar os sinais vitais, administrar oxignio e caso
necessrio instituir o suporte bsico de vida (ANDRADE; RANALI, 2004).
Quando administrados em doses excessivas a prilocana, a articana e a
benzocana podem induzir um quadro de metahemoglobinemia. Estes agentes, bem
como vrias preparaes a base de nitritos e nitroglicerina, o antimicrobiano
dapsona, agentes sulfonamida, e o analgsico fenacetina, podem causar a oxidao
do tomo de ferro dentro da hemoglobina, produzindo metemoglobina. Quando a
concentrao de metemoblogina se torna superior a 15%, instala-se a chamada
metahemoglobinemia, cujo quadro clnico caracterizado por cianose que ocorre na
ausncia de anormalidades cardacas e/ou respiratrias, podendo ser congnita ou
adquirida. Os anestsicos que mais a causam devem ser evitados em grandes
cirurgias, portadores de insuficincia cardaca, respiratria ou doenas metablicas e
em gestantes, por causa do risco do feto vir a contrair a doena. O paciente se
apresenta letrgico, com os leitos ungueais e as mucosas cianticas, dificuldades
respiratrias e a pele em tons cinza plido. O seu tratamento se d atravs da
administrao intravenosa de azul-de-metileno a 1% (1,5mg/Kg), podendo a dose
ser repetida a cada 4 horas at a cianose ser debelada (MOORE, 1999).
A realizao da aspirao previamente administrao e a injeo lenta so
essenciais, pois podem evitar a injeo intravascular acidental e conseqente super
dosagem relativa, administrao em bolo (MONTAN et al., 2007)
Ainda segundo estes autores so raros os casos fatais decorrentes do uso
incorreto de solues anestsicas locais. Casos de morbidade sem bito muitas
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vezes ficam restrito ao conhecimento do profissional e do paciente envolvidos no
caso, sem se tornarem pblicos, reaes adversas associadas anestesia local
acontecem. Neste sentido, no perodo compreendido de 1964 a 2005, uma pesquisa
realizada na Base Medline (National Library of Medicine), teve como resultado, um
total de 16 casos de mortalidade atribudos ou associados anestesia local em
clnica odontolgica, sendo sete deles ocorridos em adultos e os nove restantes em
crianas.
Na presena de doena cardiovascular controlada ou ainda em idosos, a dose
mxima de anestsico contendo epinefrina 1:100.000 no deveria exceder o contido
em dois tubetes e a de felipressina 0,03UI/mL (vasoconstritor associado prilocana)
deveria ser de no mximo o equivalente a trs tubetes (MONTAN et al., 2007).
O emprego rotineiro de anestsicos locais com vasoconstritores em
consultrios odontolgicos requer cuidados e avaliao cuidadosa por parte do
cirurgio-dentista, visto que existem contra-indicaes absolutas para o uso de
vasopressores particularmente nos cardiopatas de alto risco. Na literatura, alguns
trabalhos so encontrados e, no demonstraram, sistematicamente, presena de
isquemia miocrdica nas avaliaes durante procedimentos odontolgicos,
reafirmando que o benefcio do uso desses anestsicos maior que o risco de
alguma complicao cardaca quando realizada com boa tcnica anestsica e
manuteno do tratamento farmacolgico prescrito pelo cardiologista (CONRADO et
al., 2007; LOPES et al., 2006; NEVES et al., 2007; GERLACH; SANTOS e
ESCOBAR, 1998).
Para Gerlach; Santos e Escobar (1998) deve-se avaliar a necessidade de cada
paciente, ter segurana e boa compreenso do uso de medicamentos e suas
interaes no organismo. O cuidado durante a avaliao pr-anestsica, o
conhecimento do quadro clnico do paciente, o domnio da farmacologia dos
anestsicos locais e a correta tcnica anestsica, tornam possvel a utilizao de
vasoconstritores adrenrgicos em muitas situaes.
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3.5.4 Distrbios Convulsivos
A crise convulsiva a forma mais freqente de manifestao epilptica. A
epilepsia (palavra grega que significa tomar de surpresa) pode ser definida como
um distrbio cerebral de incio e fim bruscos (paroxsticos), com durao de
segundos a minutos, e repetitivo, raramente, de longa durao, neste caso, deve-
se estar atento possibilidade de outro diagnstico (histeria, ttano, intoxicao
exgena etc (ERAZO, 2002).
Ainda segundo esse autor pode ou no haver perda de conscincia, no
entanto, esta ocorrncia quase sempre observada. Podem ser citadas ainda: a
convulso febril, encefalopatias, hipoglicemia, intoxicao medicamentosa e
tumores. A administrao intravascular inadvertidamente de anestsico local
produzir convulses dentro de poucos minutos aps a injeo (S DEL FIOL;
FERNANDES, 2004)
Estima-se que de 2 a 3% da populao mundial apresente algum tipo de
epilepsia, e que cerca de 10% da populao mundial j tenha experimentado alguma
crise convulsiva durante sua vida (S DEL FIOL; FERNANDES, 2004).
As convulses podem ser resultados de abstinnica de lcool, febre alta,
hipoglicemia, dano cerebral por traumas ou idiopticas (HUPP, In: PETERSON et al.,
2005).
As convulses epilticas podem ser classificadas em convulses do grande mal
e convulses do pequeno mal. As convulses do grande mal apresentam as
seguintes caractersticas: o paciente perde subitamente a conscincia, podendo ou
no ter aura ou grito precedendo a crise, bem como viso de luzes ou cores,
sensaes de mau cheiro, ou sons, ou vegetativas. Outro ponto a ser destacado,
que em seguida a este quadro, apresenta contraes musculares bruscas e
repetidas, simtricas, podendo haver mico ou defecao involuntria, trismo com
mordedura da lngua e sialorria, seguindo-se estados de sonolncia e/ou
confusional, geralmente com cefalia, podendo ocorrer vmitos. No entanto, a
convulso do pequeno mal se manifesta apenas com ausncia episdica, olhar vago
(ERAZO, 2002; MALAMED, 1993; MONAZZI et al., 2001; HUPP, In: PETERSON et
al., 2005).
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Para Monazzi et al (2001) e Santos e Rumel (2006) este tipo de problema
apresenta um percentual de ocorrncia de 5,21% e aproximadamente 8%,
respectivamente.
O protocolo para atendimento nas convulses deve ser institudo da seguinte
maneira: interrompa o tratamento; afaste qualquer instrumento perfuro-cortante do
raio de ao do paciente; no tente colocar qualquer instrumento ou mordedor de
borracha entre as arcadas, pois o risco de aspirao de fragmentos grande,
procure apenas conter delicadamente os movimentos do paciente (principalmente os
da cabea), cessada a convulso, mantenha o paciente em repouso por 5 a 10
minutos, administre oxignio (3L/min) e monitorize os sinais vitais (ANDRADE;
RANALI, 2004; ERAZO, 2002).
As convulses muito prolongadas ou muito repetidas, onde a recuperao do
paciente no ocorre entre os ataques, constituem o que se denomina estado
epilptico. o tipo mais comum de desordem convulsiva que causa mortalidade
(ANDRADE; RANALI, 2004; HUPP, In: PETERSON et al., 2005; S DEL FIOL;
FERNANDES, 2004).
O protocolo para atendimento no estado epilptico inclui a adoo de medidas
j descritas juntamente com administrao de benzodiazepnicos. Os
benzodiazepnicos injetveis, solveis em gua, tais como o midazolam, so uma
boa alternativa, pois a injeo intramuscular resultar em uma resposta mais rpida
se comparada injeo de benzodiazepnicos, insolveis em gua, como o
diazepam, que devem ser administrados via intravenosa, o que pode ser difcil no
paciente em convulso se o acesso venoso no estiver disponvel de antemo
(ANDRADE; RANALI, 2004; MONAZZI et al., 2001; HUPP, In: PETERSON et al.,
2005).
O profissional que est administrando benzodiazepnicos para convulso deve
estar preparado para prover SBV, pois os pacientes podem ter um perodo de
apnia aps receber uma dose rpida e em grande quantidade de
benzodiazepnicos (HUPP, In: PETERSON et al., 2005).
Outro ponto a ser destacado, que o cirurgio dentista deve ter conhecimento
atravs da anamnese se h controle adequado das convulses para decidir se o
procedimento odontolgico pode ser realizado com segurana. extremamente til
saber quaisquer fatores que possam precipitar a convulso, se o paciente concorda
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e faz uso regular de sua medicao e a freqncia recente dos episdios de
convulso (ANDRADE; RANALI, 2004; HUPP, In: PETERSON et al., 2005)
Para Li et al. (2005) a maioria dos profissionais de sade no se sente segura
no manejo das pessoas com epilepsia, assim de grande a necessidade de se
treinar os profissionais para o tratamento adequado dos pacientes com epilepsia.
3.5.5 Emergncias Cardiovasculares
3.5.5.1 Crise Hipertensiva
A hipertenso arterial uma sndrome caracterizada basicamente por aumento
dos nveis pressricos, tanto sistlico quanto diastlico. uma das mais importantes
enfermidades do mundo moderno, pois 10 a 20% da populao adulta mundial so
portadoras de hipertenso arterial, sendo a causa direta ou indireta de elevado
nmero de bitos (PORTO, 2005).
A crise hipertensiva caracteriza-se por uma elevao rpida, inapropriada,
intensa e sintomtica da presso arterial, com ou sem risco de deteriorao rpida
dos rgos-alvo (corao, crebro, rins e artrias), que pode conduzir a um risco
imediato ou potencial de vida. Os nveis tensionais esto elevados, levando-se em
considerao a presso arterial diastlica, geralmente maior que 120 mmHg
(MARTIN, 2004).
Na prtica, a crise hipertensiva pode se manifestar pelo sangramento gengival
excessivo ps-manipulao pelo dentista ou na forma de hemorragia nasal, com
sintomas iniciais de dor de cabea, tontura e mal-estar, at quadros mais graves que
levam a encefalopatia hipertensiva, caracterizada por confuso mental, agitao ou
estado de coma superficial, podendo atingir o extremo do acidente vascular cerebral
e convulses. Alm da ansiedade e da dor, a injeo intravenosa acidental de
anestsicos locais que contm vasoconstritores adrenrgicos, pode desencadear a
crise hipertensiva (ANDRADE; RANALI, 2004).
O tratamento das emergncias hipertensivas tem como objetivo cessar o
processo de dano vascular para manter a viabilidade dos tecidos, onde as drogas
parenterais no esto indicadas no tratamento das urgncias hipertensivas, sendo
assim, sua abordagem inicial consiste no uso de medicaes orais de ao rpida,
para reduzir a presso arterial a nveis aceitveis, com objetivo de normaliz-la em
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um perodo de 24 a 48 horas. Assim, uma srie de drogas pode ser utilizada, no
entanto, a droga de escolha atualmente o Captopril de 6,25 mg administrado por
VO, aumentada em 30 minutos ou mais se no houver resposta, tendo inicio da
ao em 15 a 30 minutos (ANDRADE; RANALI, 2004).
3.5.5.2 Hipotenso Arterial
Os nveis pressricos abaixo do normal so chamados de hipotenso arterial.
Admitem-se os valores mnimos de 80 a 90 mmHg para a presso sistlica. A
hipotenso arterial s se caracteriza um problema clnico quando indica diminuio
do dbito cardaco, da volemia e/ou da resistncia perifrica. Essas alteraes
ocorrem em vrias circunstncias, como insuficincia cardaca, desidratao,
hemorragias, septicemias. Nestas condies o paciente apresenta-se com nveis
pressricos baixos acompanhados de diminuio da amplitude ou desaparecimento
dos pulsos perifricos, taquicardia e sinais de m perfuso tecidual (PORTO, 2005).
Outra situao em que ocorre hipotenso arterial e que representa um
problema mdico importante, principalmente entre os idosos, o que se chama
Hipotenso Ortosttica (HO) ou Hipotenso Postural. Esta pode ser definida como
uma queda na presso arterial de 20 mmHg ou mais na presso sistlica e/ou 10
mmHg ou mais na diastlica ao passar-se da posio supina para a posio
sentada ou em p (SCLATER; ALAGIAKRISHNAN, 2004). No entanto, Monazzi et
al. (2001) relatam um percentual de ocorrncia de 8,09% de HO.
Por outro lado, a posio supina resulta numa srie de respostas posturais
reflexas, reguladas pelos ramos do sistema nervoso autnomo e baroreflexos
arteriais e mecanoreceptores cardiopulmonares, na tentativa de compensao do
efeito da gravidade na distribuio do volume sanguneo. Nestas patologias existe
uma resposta inapropriada mudana da posio corporal de decbito para supino.
A resposta adaptada mudana de posio do corpo humano consiste na
estabilizao das variveis hemodinmicas para a posio supina em
aproximadamente 60 segundos. Durante este processo, a freqncia cardaca
aumenta cerca de 10 a 15 bpm, a presso diastlica aumenta cerca de 10 mmHg,
com apenas uma ligeira flutuao da presso sistlica. A passagem posio
supina (ortosttica) tambm influencia uma resposta neuro-humoral, levando a
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alteraes nos nveis de vasopressina, renina, angiotensina e aldosterona todas
elas envolvidas na regulao da presso arterial (PORTO, 2005).
Sclater e Alagiakrishnan (2004) afirmam que para detectar a posio supina
preciso obedecer seguinte tcnica: a) determinar a presso arterial do paciente em
decbito dorsal, depois de 2 a 3 minutos de repouso; b) em seguida, com o paciente
sentado e aps ficar de p, com intervalo de 1 a 3 minutos.
Os sintomas geralmente associados hipotenso ortosttica so: fadiga
excessiva; intolerncia ao esforo; sncope recorrente ou pr-sncope; tonturas;
nusea; taquicardia; palpitaes; alteraes visuais; viso turva; tremores; fraqueza
mais intensa nos membros inferiores; mal estar torcico indefinido; enxaquecas e