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370 Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011 Modelo de risco para circulação do vírus da raiva em herbívoros no Estado de São Paulo, Brasil Ricardo Augusto Dias, 1 Vladimir de Souza Nogueira Filho, 2 Carla da Silva Goulart, 3 Isabel Cristine Oliveira Telles, 3 Guilherme Henrique Figueiredo Marques, 3 Fernando Ferreira, 1 Marcos Amaku 1 e José Soares Ferreira Neto 1 Objetivo. Propor uma metodologia qualitativa de avaliação do risco de circulação do vírus da raiva mantido por morcegos hematófagos (variante 3) em populações de herbívoros de inte- resse econômico do Vale do Rio Paraíba do Sul, Estado de São Paulo, Brasil. Métodos. A partir de árvores de cenário que levam em conta a exposição e a difusão da raiva, estimou-se a probabilidade de ocorrência da raiva em herbívoros de grande porte e a sua associação à localização geográfica das propriedades. Resultados. Com base na série histórica de focos do primeiro semestre de 2006, utilizada para validar o modelo de risco, observou-se que 81,8% dos focos de raiva foram adequadamente previstos pelo modelo e poderiam ter sido prevenidos caso fosse adotada vacinação estratégica em áreas de risco elevado para a circulação do vírus. Conclusões. Caso fossem desencadeadas medidas de controle direcionadas somente para áreas de risco elevado, a diminuição dos focos poderia ser substancial, a um custo reduzido e com deslocamento otimizado das equipes de campo. Medição de risco; modelos estatísticos; vírus da raiva; bovinos; Brasil. RESUMO A raiva é uma doença viral, comum a mamíferos, que ocorre mundialmente. O vírus da raiva pertence ao gênero Lyssa- virus, da família Rhabdoviridae. Na América Latina, os morcegos hematófa- gos, em especial o Desmodus rotundus, são os principais transmissores do vírus para herbívoros. São conhecidos 11 ge- nótipos do Lyssavirus, sendo o tipo 1 o único genótipo circulante no Brasil. Ao Desmodus rotundus comumente se asso- cia a variante antigênica 3 (1–3). No Estado de São Paulo, observou-se um pico no número de focos de raiva em herbívoros no ano de 1999, com redução drástica a partir de então (4, 5). Essa dimi- nuição do número de focos pode ser atribuída à reformulação do modelo de combate à raiva dos herbívoros pela Co- ordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Desde 2001, as atividades da CDA in- cluem formação de equipes treinadas para identificar e caracterizar abrigos de quirópteros, atuação em focos e acele- ração do processo coleta-envio-liberação do resultado laboratorial de amostras co- letadas em campo. Esse trabalho ocorre na forma de mutirões realizados sistema- ticamente em regiões problemáticas, na tentativa de cadastrar todos os abrigos de quirópteros e os focos de raiva possíveis, em consonância com as diretrizes do Pro- grama Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros, proposto em 2002. As ações de controle incluem: investigação epide- miológica das notificações recebidas, atuação em foco e perifoco (vacinação obrigatória dos herbívoros, busca de ani- mais espoliados, educação em saúde), es- Palavras-chave Investigación original / Original research Dias RA, Nogueira Filho VS, Goulart CS, Telles ICO, Marques GHF, Ferreira F, et al. Modelo de risco para circulação do vírus da raiva em herbívoros no Estado de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2011;30(4):370–6. Como citar 1 Universidade de São Paulo, Faculdade de Me- dicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, São Paulo, Brasil. Correspondência: [email protected] (Ricardo Augusto Dias). 2 Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Es- tado de São Paulo, Coordenadoria de Defesa Agropecuária, Campinas, São Paulo, Brasil. 3 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- mento, Secretaria de Defesa Agropecuária, Depar- tamento de Saúde Animal, Brasília, Brasil.

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370 Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011Modelo de risco para circulao do vrus da raiva em herbvoros no Estado de So Paulo, BrasilRicardo Augusto Dias,1Vladimir de Souza Nogueira Filho,2Carla da Silva Goulart,3Isabel Cristine Oliveira Telles,3Guilherme Henrique Figueiredo Marques,3Fernando Ferreira,1Marcos Amaku1e Jos Soares Ferreira Neto1Objetivo. Propor uma metodologia qualitativa de avaliao do risco de circulao do vrusda raiva mantido por morcegos hematfagos (variante 3) em populaes de herbvoros de inte-resse econmico do Vale do Rio Paraba do Sul, Estado de So Paulo, Brasil.Mtodos. Apartirdervoresdecenrioquelevamemcontaaexposioeadifusodaraiva, estimou-se a probabilidade de ocorrncia da raiva em herbvoros de grande porte e a suaassociao localizao geogrfica das propriedades.Resultados. Combasenasriehistricadefocosdoprimeirosemestrede2006,utilizadapara validar o modelo de risco, observou-se que 81,8% dos focos de raiva foram adequadamenteprevistos pelo modelo e poderiam ter sido prevenidos caso fosse adotada vacinao estratgicaem reas de risco elevado para a circulao do vrus. Concluses. Casofossemdesencadeadasmedidasdecontroledirecionadassomenteparareas de risco elevado, a diminuio dos focos poderia ser substancial, a um custo reduzido ecom deslocamento otimizado das equipes de campo.Medio de risco; modelos estatsticos; vrus da raiva; bovinos; Brasil.RESUMOA raiva uma doena viral, comum amamferos, que ocorre mundialmente. Ovrus da raiva pertence ao gnero Lyssa-virus,dafamliaRhabdoviridae.NaAmricaLatina,osmorcegoshematfa-gos,emespecialoDesmodusrotundus,so os principais transmissores do vrusparaherbvoros.Soconhecidos11ge-ntiposdoLyssavirus,sendootipo1onicogentipocirculantenoBrasil.AoDesmodusrotunduscomumenteseasso-cia a variante antignica 3 (13).NoEstadodeSoPaulo,observou-seum pico no nmero de focos de raiva emherbvorosnoanode1999,comreduodrstica a partir de ento (4, 5). Essa dimi-nuiodonmerodefocospodeseratribudareformulaodomodelodecombateraivadosherbvorospelaCo-ordenadoriadeDefesaAgropecuria(CDA)daSecretariadeAgriculturaeAbastecimentodoEstadodeSoPaulo.Desde2001,asatividadesdaCDAin-cluemformaodeequipestreinadasparaidentificarecaracterizarabrigosdequirpteros,atuaoemfocoseacele-raodoprocessocoleta-envio-liberaodo resultado laboratorial de amostras co-letadasemcampo.Essetrabalhoocorrena forma de mutires realizados sistema-ticamenteemregiesproblemticas,natentativa de cadastrar todos os abrigos dequirpteros e os focos de raiva possveis,em consonncia com as diretrizes do Pro-grama Nacional de Controle da Raiva dosHerbvoros,propostoem2002.Asaesdecontroleincluem:investigaoepide-miolgicadasnotificaesrecebidas,atuaoemfocoeperifoco(vacinaoobrigatria dos herbvoros, busca de ani-mais espoliados, educao em sade), es-Palavras-chaveInvestigacin original / Original researchDias RA, Nogueira Filho VS, Goulart CS, Telles ICO, Marques GHF, Ferreira F, et al. Modelo de riscoparacirculaodovrusdaraivaemherbvorosnoEstadodeSoPaulo,Brasil.RevPanamSaludPublica. 2011;30(4):3706.Como citar1UniversidadedeSoPaulo,FaculdadedeMe-dicinaVeterinriaeZootecnia,Departamento deMedicinaVeterinriaPreventivaeSadeAnimal,SoPaulo,Brasil.Correspondncia:[email protected] (Ricardo Augusto Dias).2SecretariadeAgriculturaeAbastecimentodoEs-tadodeSoPaulo,CoordenadoriadeDefesaAgropecuria, Campinas, So Paulo, Brasil.3MinistriodaAgricultura,PecuriaeAbasteci-mento, Secretaria de Defesa Agropecuria, Depar-tamento de Sade Animal, Braslia, Brasil.tmulonotificaodedoenanervosaemherbvorosecontroledapopulao demorcegoshematfagos(6).Porm,mesmocomumintensomonitoramentodeabrigosefocosderaiva,aindanopossvel prever os casos de raiva em her-bvoros no Estado, que ainda ocorrem deforma insidiosa (4).Muitos servios veterinrios estaduaistmbuscadoachamadaprevisibili-dadedacirculaodovrusdaraiva,pois h muito perceberam que o combate raiva com base somente na atuao emfocosenavacinaodesuscetveisnoelimina eficazmente o problema. Assim,osestadostmseorganizadoparame-lhorarseussistemasdevigilnciadaraiva em herbvoros, de modo a raciona-lizarosescassosrecursoshumanosefi-nanceiros,comoobjetivodedesenca-dear medidas de preveno em reas demaiorrisco.Essasmedidasincluem,aindaquedeformalocalizada(eso-mente em alguns estados, entre eles o deSoPaulo),ocadastramentoeatipifi-cao de abrigos do transmissor, um in-tensoesforoparaavacinaodeani-mais em reas endmicas (obrigatria noEstadodeSoPaulodesde2001)eogeorreferenciamentodasinformaesobtidas,comacriaodebancosdedadosinformatizados.Essamudana deabordagemtemgeradoumamaiormobilizaodosserviosveterinriosoficiais no tocante implantao de me-didas que visam ao aumento da sensibi-lidade do sistema de vigilncia da raiva,bem como criao de medidas integra-das de combate doena em reas lim-trofes e em bacias hidrogrficas que cru-zam fronteiras estaduais.Opresentetrabalhoapresentaumametodologia qualitativa de avaliao doriscodecirculaodovrusdaraivamantido por morcegos hematfagos (va-riante3)empopulaesdeherbvorosdeinteresseeconmicodoValedoRioParaba do Sul, Estado de So Paulo.MATERIAL E MTODOSNopresenteestudo,classificadocomoobservacional,aprobabilidadedeocor-rnciadaraivaemherbvorosfoiava-liadacombasenaassociaoentreexposio e difuso da raiva por uma me-todologiaqualitativadeavaliaodorisco. A aplicao da metodologia foi pro-posta para o Estado de So Paulo devidoaoavanosubstancialdasatividadesdoPrograma Estadual de Controle de Raivados Herbvoros desde 2001 e disponibi-lidade das informaes necessrias ao de-senvolvimentodestetrabalho.Paraare-alizao do projeto, foi feita uma parceriaentre o Departamento de Medicina Vete-rinria Preventiva e Sade Animal da Fa-culdadedeMedicinaVeterinriaeZoo-tecniadaUniversidadedeSoPaulo(FMVZ-USP), a Coordenadoria de DefesaAgropecuriadoEstadodeSoPaulo(CDA) e o Ministrio da Agricultura, Pe-curia e Abastecimento (MAPA).A rea de estudo compreende a regiodoValedoRioParabadoSul,especifi-camenteosEscritriosdeDefesaAgro-pecuria (unidades de ateno da CDA)dePindamonhangabaeGuaratinguet,porconstituremareamaisintensa-mente estudada e trabalhada no combate raiva dos herbvoros no Estado de SoPaulo.Cenrios de probabilidade decirculao do vrus da raivaA associao entre difuso e exposiopara estimar a probabilidade de ocorrn-cia da raiva na populao de herbvorosfoiestudadaempropriedadescriadorasdebovinoseequinos,definidascomounidadesepidemiolgicas,pormeiodaassociaoentrereceptividadeevulne-rabilidade doena.Entende-seporreceptividadeainter-relao do conjunto de variveis que ex-pressamacapacidadedemanutenoeque permitem a difuso do transmissor,omorcegohematfagoDesmodus rotun-dus. Essas variveis so: presena de bo-vinos,tipodecriao(intensivaouex-tensiva),ocorrnciadeafloramentosderochacalcria,declividadedoterreno,ocorrncia de matas permanentes, locali-zao de abrigos naturais permanentes etemporrios,localizaodeabrigosarti-ficiais e de edificaes com potencial uti-lizao como abrigos para o transmissor(79).Foipropostaumarvoredecen-riosparaestimaraprobabilidadedorisco de circulao viral devido recepti-vidade(figura1).Asvariveistipodecriao, afloramentos de rocha calcria emataspermanentesnoforamconside-radasnopresenteestudopelaausnciade dados disponveis em formato digital,impossibilitandoasuautilizaonossoftware empregados. Entende-se por vulnerabilidade a inter-relaodoconjuntodevariveisrela-cionadascapacidadedeingressodotransmissor em determinada rea e cir-culaoviral.Taisfatorespossibilitamadifuso da doena para novas reas e sofacilitadoresdesseprocesso.Essasvari-veis incluem construo de usinas hidro-eltricas,desmatamento,construodenovasferroviaserodovias,formaodenovasreasdepastagem,retiradaabrupta de fonte alimentar, inundaes eoutras alteraes ambientais e localizaodos focos de raiva em bovinos ou Desmo-dus sp. (7, 10). Os focos de raiva devidos Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011 371Dias et al. Modelo de risco para circulao do vrus da raiva Investigacin original simsimsimsimsimexploraoextensivaexploraointensivasob rea deinflunciade abrigosob rea deinflunciade abrigonononononoReceptividadeMdiaReceptividadeBaixaReceptividadeMdiaReceptividadeBaixaReceptividadeElevadaReceptividadeDesprezvelReceptividadeDesprezveloutrosfatoresboutrosfatoresbpresena deherbvorosFIGURA1.rvoredecenriosdaprobabilidadedecirculaodovrusdaraivadevidoreceptividadeaaReceptividade = inter-relao do conjunto de variveis que permitem a manuteno e a difuso do transmissor da raiva, omorcego hematfago Desmodus rotundus. bOutros fatores = presena de afloramento calcrio, mata permanente e declividade do terreno.variante 3 em quirpteros no hematfa-gos e em outros mamferos seriam consi-derados caso fossem notificados, uma vezquehindciodetransmissodovrusentre morcegos hematfagos e no hema-tfagos, provavelmente por habitarem osmesmosabrigos(1115).Foiconstrudaumarvoredecenriosparaestimaraprobabilidade do risco de circulao viraldevido vulnerabilidade (figura 2).Escore do risco de circulao do vrusrbico na populao de herbvorosAs rvores de cenrio foram discutidascom especialistas da rea de epidemiolo-gia.Aclassificaoderiscodevidore-ceptividadeevulnerabilidadefoiatri-budapormeiodaassociaodasduasrvores. Essa associao de cenrios pro-duziu,emltimainstncia,umescore deriscodecirculaodovrusdaraivaatravs da matriz de interpretao repre-sentada na figura 3 (16, 17). O escore, quevariou de desprezvel a elevado, compre-endeuoprimeirosemestrede2006efoicompostoeestimadoparacadaproprie-dade criadora de herbvoros, visto que asprincipais aes de controle se do nessembito. Por tratar-se de um modelo qua-litativo,onmerodeanimaisporuni-dade produtora no foi considerado. Representao geogrfica dasvariveisAsvariveisrelacionadasreceptivi-dadeevulnerabilidadeforamobtidasdeformageorreferenciada,permitindoarepresentaoemumSistemadeInfor-mao Geogrfica (SIG). Para tal, foi utili-zado o software ArcGIS 9.2. Foram levan-tadasinformaessobrepropriedadescriadorasdebovinoseequinos,proprie-dadesquerelatarammordeduraspormorcegoshematfagosefocosderaivadebovinoseequinos,correspondentes aoprimeirosemestrede2006.Tambmforam levantadas informaes cartogrfi-casrelacionadastopografiaemalharodoviria. Ocadastrogeorreferenciadodosabri-gosdemorcegosedaspropriedadescriadoras,almdainformaodaspro-priedadesquerelatarammordeduras,foramcompiladosdosrelatriosdasatividades de combate raiva no EstadodeSoPaulo.TaisinformaesforamobtidasjuntoCDA.Osfocosderaivaforam obtidos dos relatrios enviados aoMAPAparaalimentaodosistemain-formatizadodenotificaesdedoenasSistemaContinentaldeVigilnciaEpi-demiolgica(SivCont),mantidopeloCentroPan-AmericanodeFebreAftosa(PANAFTOSA), onde informaes comolocalizaogeogrficadofoco(coorde-nadasgeogrficas),histricodanotifi-cao, espcie afetada e medidas de con-troletomadassosistematicamenteauditadaseconfirmadasatravsdelau-doslaboratoriaisoficiaisnosrgosveterinrios centrais dos Estados e nacio-nal. As informaes relacionadas topo-grafiaforamobtidasnapginadoInsti-tuto Brasileiro de Geografia e Estatstica(IBGE) na Internet. As informaes rela-tivasmalharodoviriaforamobtidasjuntoaoDepartamentodeEstradasdeRodagem do Estado de So Paulo (DER).Narepresentaogeogrfica,aspro-priedadescriadorasdebovinosnareadeestudoaparecemnaformadeumponto.Atotalidadedaspropriedadescriadorasdebovinosnareadeestudofoigeograficamentecadastrada,pormno foi possvel obter as coordenadas ge-ogrficasdaspropriedadesquecriavamexclusivamenteequinos.Areadein-fluncia dos abrigos naturais e artificiaisdemorcegoshematfagos(reamaisprovveldesobrevoopararepastosan-guneo) foi representada na forma de umcrculo(buffer) aoredordecadaabrigocadastrado. Para determinar a melhor re-presentaodareadeinflunciadosabrigos,foramconstrudos,emprogra-masdecomputadorSIG,crculoscomdiferentesraios,com1kmdedistnciaentre si, a partir de cada abrigo. Para de-finirainflunciadosabrigosdemorce-goshematfagos,foiescolhidoomenorraioqueenglobasseomaiornmerodepropriedades que relataram mordedurasno ano de 2005. Essa informao foi com-paradacominformaeslevantadasnaliteratura especfica (7, 8, 18). Mesmo com o intenso esforo da CDAreferenteaocadastroetipificaodeabrigosdemorcegoshematfagos,con-sidera-sequeexistaumapequenapar-celadeabrigosnocadastrados,princi-palmentenosremanescentesdeMataAtlnticarestritosSerradoMareempequenasparcelasdaSerradaManti-queira,queconstituemasUnidadesdeConservaodoInstitutoFlorestal.En-tretanto,essesabrigosnocadastradosforamdesprezadosnopresenteestudo.Alocalizaogeogrficadequirpteroshematfagos ou no hematfagos positi-vosparaovrusdaraivatambmfoigeorreferenciada.Apartirdopontoondeessesanimaispositivosforameventualmenteencontrados,foitraadoumcrculo,comraiocorrespondente372 Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011Investigacin original Dias et al. Modelo de risco para circulao do vrus da raivasimnosimnoVulnerabilidadeElevadaVulnerabilidadeElevadaVulnerabilidadeMdiaVulnerabilidadeBaixaVulnerabilidadeDesprezvelsimnosimnoalteraoambiental pregressa a 10 km dedistncia, com rotabalterao ambiental pregressaa 10 km dedistncia, com rotabfoco pregressoem bovinosa 10 km de distncia,com rotamorcegospositivosFIGURA2.rvoredecenriosdaprobabilidadedecirculaodovrusdaraivadevidovulnerabilidadeaaVulnerabilidade = inter-relao do conjunto de variveis relacionadas capacidade de ingresso do transmissor da raiva emdeterminada rea e circulao viral.bRota = rotas preferenciais de movimentao de morcegos hematfagos.Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011 373Dias et al. Modelo de risco para circulao do vrus da raiva Investigacin originaldistncia de voo especfica para cada g-nero (macho ou fmea) e idade. As rotas provveis de trnsito de mor-cegosforamplotadasemmapasgeorre-ferenciados,nadependnciade:cursosderiospermanentesourepresas;estra-dasderodagem;relevo/topografiadaregio(identificao,atravsdascurvasde nvel, de vales e passagens naturais);presenadeabrigosnaturaisouartifi-ciais a uma distncia 2 km do curso deriospermanentesouestradasderoda-gem; presena de abrigos artificiais rela-cionadosinfraestruturarodoviria(bueiros,pontes,galerias,tubulaesetneis);presenadeherbvorosaumadistncia 2 km do curso de rios perma-nentesouestradasderodagem;distn-cia entre abrigos para quirpteros (natu-raiseartificiais)de,nomximo,10km(distnciamximadedeslocamentono-turno de machos) (6, 7). Validao do modelo de riscoApsaconstruodasestimativasderisco de circulao do vrus da raiva de-vido receptividade e vulnerabilidade,foifeitaasuaassociaoatravsdoes-quemadafigura3,demodoacomporumescorederiscogeralemrelaospropriedades. Essa informao foi inter-namentevalidada,combasenacompa-raodosescoresderiscoedosfocos.Para isso, foram construdos mapas comosescoresderiscogerais,paratodasaspropriedades, ms a ms, para o perododejaneiroajunhode2006.Adistri-buio geogrfica dos escores foi compa-radacomosfocosderaivaocorridossempre1msdepois,ouseja,defeve-reiro a julho de 2006. Avaliou-se a sobre-posio entre as estimativas de risco mo-deradaseelevadaseaocorrnciadefocos.RESULTADOSAreadeestudoapresentavacon-diesfavorveisparaainstalaodeumaexpressivapopulaodequirpte-ros, haja vista o grande nmero de abri-gos cadastrados (n = 497) e o expressivonmerodepropriedadescriadoras(n = 4 175). Do total de abrigos, 155 eram arti-ficiais(31,2%)e342eramnaturais(68,8%).Afrequnciadepropriedadesque relataram ao menos um episdio demordedurapormorcegoshematfagosemherbvorosfoide17,17%(717em 4 175 propriedades), podendo ser consi-derada elevada para uma regio com n-mero reduzido de focos de raiva.Representao das variveisassociadas receptividadeAsreasdeinflunciadeabrigosdeDesmodus rotundus e as propriedades quenotificarammordedurasestorepresen-tadas graficamente na figura 4. Adotou-seumraiomdiodeabrangnciaparaatividades de repasto sanguneo de 5 kma partir de cada abrigo de morcegos he-matfagos. Foi feita a validao dessa in-formaocombasenasnotificaesdemordeduras de herbvoros por morcegoshematfagos, sistematicamente compila-daspelaCDA.Observa-senafigura4queapenas6%(250/4175)dasproprie-dadesquerelatarammordedurasdu-ranteoanode2005ficamdescobertaspela rea formada pelo raio de 5 km emtornodecadaabrigo.Verificou-setam-bm que este o menor raio que contmamaiorproporodepropriedadesquerelataram mordeduras.Omaterialsuplementarmostraare-presentaogrficadaestimativaderisco de circulao do vrus da raiva emherbvoros devido receptividade. Representao das variveisassociadas vulnerabilidadeAconstruodomapadasrotasdedeslocamentoprioritriasdemorcegoshematfagos (figura 5) foi essencial paraestimar o risco de circulao do vrus daraiva em herbvoros devido vulnerabi-lidade. No foram notificados morcegosFIGURA3.Matrizdaestimativadoriscodecirculaodovrusrbicoempopulaesdeher-bvoros, Estado de So Paulo, BrasilaReceptividadebDesprezvel Baixa Mdia ElevadaDesprezvel Desprezvel Baixo Baixo MdioBaixa Baixo Baixo Mdio MdioMdia Baixo Mdio Mdio ElevadoElevada Mdio Mdio Elevado ElevadoaO grau de risco aparece em cinza na figura.bReceptividade = inter-relao do conjunto de variveis que permitem a manuteno e a difuso do transmissor da raiva, omorcego hematfago Desmodus rotundus. Vulnerabilidade = inter-relao do conjunto de variveis relacionadas capaci-dade de ingresso do transmissor da raiva em determinada rea e circulao viral.VulnerabilidadebMinas GeraisRio de JaneiroOceano Atlnticocom mordedurabuffer 5 kmQuilmetrosFIGURA 4. rea de influncia de abrigos de Desmodus rotundus e propriedades que notificarammordeduras, Vale do Rio Paraba do Sul, Estado de So Paulo, Brasil, 2005positivos para a raiva durante o perodode estudo.Um total de 11 focos de raiva em herb-voros notificados no SivCont foram com-piladosduranteosegundosemestrede2006 (material suplementar). Esses dadosforam suficientes para a construo da es-timativadoriscodecirculaodovrusda raiva em herbvoros devido vulnera-bilidade. Nota-se que a vulnerabilidade umavarivelque,emcomparaore-ceptividade,temcarterdinmico.Porcontadisso,foramconstrudosmapasque representam a vulnerabilidade ms ams (material suplementar). Validao do modeloOalgoritmocriadolevouemconside-rao a receptividade e a vulnerabilidade,conforme descrito na chave de associaorepresentadanafigura3.Foiconstrudauma srie de mapas, representando a es-timativaderiscodecirculaodovrusdaraiva,bemcomoosfocosderaiva,porm 1 ms adiante da representao doescore de risco (figura 6).Pode-seobservarquehouvesobrepo-sio entre as estimativas de risco mode-radas e elevadas e a ocorrncia de focosnessasriehistrica,indicandoque81,8%dosfocos(9entre11)seriampre-venidoscasofosseadotadaavacinaoestratgicaemreasderiscoelevadoparaacirculaodovrusdaraiva.So-menteumfocoocorreuemreademdio risco. DISCUSSOO modelo apresentado no presente es-tudo foi adequado para predizer os focosderaivatransmitidapormorcegoshe-matfagosaherbvoros.Apesardafaltade dados sobre a capacidade de suporteparamanutenodaspopulaesdemorcegosnoambiente,osresultadosindicamqueareaestudadatemcarac-tersticasfavorveisinstalaoemanutenodegrandespopulaesdemorcegoshematfagos.Porexemplo,agrande extenso da malha rodoviria naregiopossibilitaainstalaoemestru-turasassociadasarodoviaseferrovias(bueiros, pontes, galerias, tubulaes, t-neis,passagens,edifciosabandonados)(8, 19). Aliado a isso, devem-se conside-raragrandecapacidadeadaptativadoDesmodusrotundus amudanasemseuhabitat(7,10,19)eoselevadosescoresdereceptividadeobservadosemtodaareadeestudo.Apresenaderemanes-centes florestais e de plantaes de cana-de-acar(18,20),tambmassociadaaataquesdemorcegoshematfagos,foipouco frequente na rea de estudo.Emsuamaiorparte,areadeestudo(ValedoRioParabadoSul)possuire-levopoucoacidentado,cercadoporele-vaesdiscretasnabordadaSerradoMaraosuleporelevaesexpressivasaonorte,naSerradaMantiqueira.Mesmo assim, essas barreiras fsicas noconstituemumimpedimentoparaacir-culao de morcegos hematfagos. Abri-goscadastradosemaltitudessuperioresa 1 800 m reforam a tese de livre circu-laodemorcegosentreosestadosdeSo Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro,oquedemandanosaelucidaodassituaesepidemiolgicas,mastambmo planejamento de aes oficiais conjun-tas(21,22).Pesquisasrealizadasnoses-tadosdeMinasGeraiseRiodeJaneiromostram que h notificaes de raiva emherbvoros, portanto circulao do vrusrbico,emrealimtrofe(23,24).Con-trastandocomessaobservao,Koba-yashi et al. (2) sugerem que a raiva trans-mitida por morcegos se limita a reas derelevo baixo, isoladas por montanhas.Algumasvariveisnoforamconside-radasnopresenteestudo,comotipodesolo, declividade de terreno (relacionadasreceptividade),alteraesambientaiseausncia de focos de raiva associada va-riante 3 em quirpteros no hematfagose outros mamferos (relacionadas vulne-rabilidade), o que poderia aumentar a sen-sibilidade do modelo. O raio utilizado nopresente estudo para representar a rea deinfluncia dos abrigos de morcegos hema-tfagosfoicondizentecominformaesdaliteratura(7,8,18),quevariamde2a 20 km.Apesardafaltadealgumasinfor-maes, decidiu-se manter as rvores decenrio e o modelo geral para que a me-todologia pudesse ser utilizada sem alte-raes em outras localidades e situaesepidemiolgicas.Umadasvariveismaisimportantesparaavigilnciaderaiva,apesquisadovrusdaraivaemquirpteros (hematfagos e no hemat-fagos)introduziriamaiorsensibilidadeaomodelo,possivelmenteaumentandooprazoentreaavaliaodoriscoeoaparecimento de um foco em herbvoros,ouseja,entreainfecoeatransmissodovruspeloDesmodusrotundus,possi-bilitando a adoo de medidas profilti-cascomummaiorprazodeexecuo.Notocantevulnerabilidade,obteve-seapenas a varivel focos de raiva em her-bvoros.Ajaneladetempode1msentreaavaliaodoriscoeoapareci-mento do foco, utilizada na validao domodelo,condizentecomaliteratura,umavezqueoperodoentreinfecoetransmisso da raiva em morcegos variade 2 a 4 semanas (22). 374 Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011Investigacin original Dias et al. Modelo de risco para circulao do vrus da raivaRio de JaneiroMinas GeraisOceano Atlntico rotas naturaisrotas artificiaisbuffer 1 kmbuffer 1 kmQuilmetrosFIGURA 5. Rotas preferenciais de movimentao de morcegos hematfagos, Vale do Rio Parabado Sul, Estado de So Paulo, Brasil, 2005Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011 375Dias et al. Modelo de risco para circulao do vrus da raiva Investigacin original1. CarnieliJrP,CastilhoJG,FahlWO,VrasNMC, Timenetsky MCST. Genetic characteri-zation of rabies virus isolated from cattle be-tween1997and2002inanepizooticareainthestateofSoPaulo,Brazil.VirusRes.2009;144(12):21524.2. Kobayashi Y, Ogawa A, Sato G, Sato T, Itou T,Samara SI, et al. Geographical distribution ofvampire bat-related cattle rabies in Brazil. Vi-rology. 2006;68(10):1097100.3. InternationalCommitteeonTaxonomyofViruses. ICTV Master species list 2009 ver-REFERNCIASOelevadonmerodepropriedadescriadorasdebovinosedeabrigosdemorcegoshematfagosjustificaainsta-lao de um sistema de vigilncia e com-bate sistemticos na regio. A escolha dapropriedadecriadoradebovinoscomounidadeepidemiolgicacondizentecomaunidadedenotificaodaraiva(foco)utilizadapelosrgosoficiaisdesade animal.Combasenosresultados,possvelafirmar que o modelo proposto pode serusadoparadefiniraalocaoderecur-soshumanosefsicosparaarealizaodirecionada de vacinaes estratgicas eatuaes em abrigos de morcegos hema-tfagos,porexemplo,pormeiododes-bastepopulacional,desdequesejamconhecidasacapacidadedesuportedoambienteeaconstituiopopulacionaldoDesmodusrotundus.Poroutrolado,precisoconsiderarqueomodelode-pendentededadosatualizadoscomperiodicidademensal.Almdisso,asequipesdevemsercapacitadasparaali-mentarasinformaes,oquetornaomodelodependentedaestruturaoadequadadoserviodecontroledaraiva.Entretanto,casohouvessemsidodesencadeadasmedidasdecontroledi-recionadassomenteparareasderiscoelevado,adiminuiodosfocosteriasidosubstancial,aumcustoreduzidoecomdeslocamentootimizadodasequi-pes de campo.Agradecimentos.AgradecemospeloapoiotcnicodoPauloSabroza,FumioHomnaIto,VicenteAstudilloeFunda-odeAmparoPesquisadoEstado deSoPaulo(FAPESP)(processo06/04250-8).FIGURA 6. Representao conjunta dos escores de risco de circulao do vrus da raiva em herbvoros e dos focos de raiva, Vale do Rio Parabado Sul, Estado de So Paulo, Brasil, 2005aMinas Gerais Rio de JaneiroOceano AtlnticoFocosBaixoMdioElevadoQuilmetrosEscoreMinas GeraisRio de JaneiroOceano AtlnticoFocosBaixoMdioElevadoEscoreQuilmetrosMinas GeraisRio de JaneiroOceano AtlnticoQuilmetrosFocosBaixoMdioElevadoEscoreMinas GeraisQuilmetrosFocosBaixoMdioElevadoEscoreOceano AtlnticoRio de JaneiroA BC DaA) escore de risco de janeiro a fevereiro de 2006 e focos de raiva de fevereiro a maro de 2006 (n = 5); B) escore de risco de fevereiro a maro de 2006 e focos de raiva de maro a abrilde 2006 (n = 7); C) escore de risco de maro a abril de 2006 e focos de raiva de abril a maio de 2006 (n = 4); D) escore de risco de abril a maio de 2006 e focos de raiva de maio a junhode 2006 (n = 2).376 Rev Panam Salud Publica 30(4), 2011Investigacin original Dias et al. Modelo de risco para circulao do vrus da raivaObjective. To propose a qualitative risk assessment model for the study of livestockexposure to rabies virus from the vampire bat Desmodus rotundus (antigenic variant 3)in the Paraba do Sul river valley, state of So Paulo, Brazil.Methods. Basedonscenariotreesgeneratedconsideringrabiesexposureanditsspread,weestimatedtheprobabilityofrabiescasesinlargelivestockanditsasso-ciation with the geographic location of livestock farms.Results. Assessment of the historical series of rabies focal points in the first semesterof 2006, which was used to validate the risk assessment model, revealed that 81.8% ofthefocalpointswereadequatelyforeseenbythemodelandcouldhavebeenprevented with strategic vaccination in high-risk areas. Conclusions. The adoption of control measures specifically targeting high-risk areasmight entail a substantial decrease in the number of rabies focal points, at a low costand with optimal movement of field teams.Risk assessment; models; statistical; rabies virus; cattle; Brazil.ABSTRACTRisk model to assesslivestock rabies exposure inthe state of So Paulo, BrazilKey wordssion9.Disponvelem:http://talk.ictvonline.org/files/ictv_documents/m/msl/1231.aspx Acessado em 22 de maro de 2011.4. Brasil,MinistriodaAgricultura,PecuriaeAbastecimento. Casos de raiva em herbvorose sunos no Brasil, no perodo anual de 1996 a2008.Braslia:MAPA;2010.Disponvelem:http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20dos%20herbivoros/casos%20de%20raiva%20em%20herbivoros.pdfAcessadoem11dejaneiro de 2011.5. 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