103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

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Prevenção e Controle de Perdas SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Curso Técnico em Segurança do Trabalho Docente: OFICINA : Prevenção e Controle de Perdas (PRECOPER) 33

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Prevenção e Controle de Perdas

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

Curso Técnico em Segurança do Trabalho

Docente:

OFICINA:

Prevenção e Controle de Perdas

(PRECOPER)

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Prevenção e Controle de Perdas

2007

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Prevenção e Controle de PerdasSUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

2. PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS – ASPECTOS GERAIS 3

2.1. Acidente 32.1. Incidente: 42.2. Risco X Perigo 42.3. Prevenção e controle de perdas 52.4. As causas dos acidentes 52.5. Acidentes ampliados 10

2. PERMISSÃO PARA TRABALHO (PT) 18

3. PLANOS DE EMERGÊNCIA 20

3.1. Tipos mais comuns de emergência 213.1.1. Espaço confinado 213.1.2. Produtos perigosos (vazamento, incêndio, tombamento de veículos – rodoviário e ferroviário) 21

3.2. Diretrizes de um Plano de Ação de Emergência e Contingência 223.2.1. Mapa de localização dos perigos 233.2.2. Procedimentos seguros de intervenção 233.2.3. Descrição das responsabilidades 243.2.4. Recursos humanos e materiais disponíveis para a emergência 243.2.5. Práticas de monitoramento e identificação das zonas de riscos 253.2.6. Práticas de descontaminação e recuperação da área 273.2.7. Ações de proteção ao público 283.2.8. Comunicação com a imprensa e à comunidade. 29

4. PLANO DE ABANDONO OU PLANO DE ESCAPE 29

5. PLANO DE AJUDA MÚTUA 32

BIBLOGRAFIA RECOMENDADA 33

1. INTRODUÇÃO

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Page 4: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasA prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais tem se

tornado uma questão prioritária para as empresas se manterem competitivas no

mercado.

Na busca incessante pela competitividade, os acidentes representam um

fator indesejável, quer seja do ponto de vista social, quer seja do ponto de vista

econômico.

Com a exceção dos acidentes inevitáveis, como os maremotos, se

considerarmos todos os outros tipos de acidentes podem ser evitados, podemos

deixar de gastar em acidente e começar a investir em PREVENÇÃO.

2. PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS – ASPECTOS GERAIS

A fim de estudarmos a prevenção e controle de perdas, devemos entender

alguns conceitos:

2.1. Acidente

Evento não desejado e inesperado que pode resultar em danos às pessoas,

à propriedade, ao meio ambiente e interrupção do processo produtivo. Segundo o

ILCI (International Loss Control Institute – Instituto Internacional de Controle de

Perdas), os acidentes são ocasionados pelo contato com uma fonte de energia

acima da capacidade limite do corpo humano ou estrutura. Dentre as fontes de

energia, podemos encontrar:

● Energia mecânica: gera lesões resultantes do impacto de objetos móveis

e objetos que caem e do impacto do corpo em movimento contra

estruturas relativamente imóveis. Ex. quedas. Podemos dizer que neste

grupo encontramos a maioria das lesões, que são fraturas, luxações,

entorses, esmagamentos, etc;

● Energia térmica: neste grupo, as lesões características são as

queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus e sua conseqüência é

a inflamação, coagulação, queimaduras em todos os níveis do corpo

humano;

● Energia elétrica: o contato com a energia elétrica pode levar à

interferência da função neuro-muscular e queimaduras em todos os

níveis no corpo;

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Prevenção e Controle de Perdas● Energia ionizante: normalmente os acidentes envolvendo radiação

ionizante podem ocasionar nas pessoas desorganização dos

componentes e funções celulares. O resultado específico depende do

lugar e da forma como a radiação é dissipada;

● Energia química: este tipo de energia inclui lesões devido a queimaduras

decorrentes da reação dos produtos químicos com o corpo humano.

Algumas reações são a destruição imediata do tecido, como nos casos

do contato com ácidos concentrados.

A lesão é maior ou menor segundo os seguintes fatores:

● Níveis potenciais de energia envolvidos;

● Resistência da estrutura dos corpos.

No entanto, não podemos esquecer o conceito legal de acidente, que é

aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa provocando

lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou

redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

2.1. Incidente:

Segundo o presidente da SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de

Segurança), Jaques Sherique, um “incidente” pode ser definido como sendo um

acontecimento não desejado ou não programado que venha a deteriorar ou

diminuir a eficiência operacional da empresa. Os incidentes podem ou não serem

acidentes, entretanto todos os acidentes são incidentes.

2.2. Risco X Perigo

Perigo é uma fonte ou uma situação com potencial para provocar danos em

termos de lesão, doença, prejuízo à propriedade, dano ao meio ambiente ou uma

combinação destes. Pode ser entendida também como uma fonte de energia

capaz de provocar perda, dano ou lesão.

Risco é a combinação da probabilidade de ocorrência de um determinado

evento perigoso e a sua conseqüência. Assim:

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Prevenção e Controle de PerdasRisco = probabilidade X severidade

Considera-se grave e iminente risco toda a condição do ambiente de

trabalho com probabilidade acentuada de ocorrência imediata de eventos que

possam causar acidente ou doença do trabalho a qualquer momento o instante,

com graves conseqüências.

2.3. Prevenção e controle de perdas

Constitui-se num conjunto de diretrizes administrativas, que considera que a

grande maioria dos acidentes é evitável, que as ações gerenciais podem evitar

acidentes e que as perdas provocadas pelos acidentes tem causas semelhantes à

causa de outras perdas empresariais.

Com isso, podemos resumir que a PERDA é o resultado de um acidente e

devemos conhecer suas causas.

2.4. As causas dos acidentes

Um dos conceitos existentes para se entender as causas dos acidentes é o

Modelo de Causalidade, que fixa os seguintes níveis de causas para a ocorrência

do acidente: causas imediatas, causas básicas e causas administrativas.

Ilustração 1 - Modelo de Causalidade

Frank Bird, Diretor de Segurança de Serviços de Engenharia da Insurance

Company North America, a fim de estudar e entender melhor todos esses

conceitos, criou um modelo constituído de peças de dominó, que é conhecido

como Dominó de Frank Bird.

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Prevenção e Controle de Perdas

Ilustração 2 - Dominó de Frank Bird

1. Causas imediatas

São as circunstâncias que precedem imediatamente o contato para a

ocorrência do acidente. São causas bastante evidentes e facilmente observadas.

Frequentemente são chamadas de “atos inseguros” (comportamentos

inadequados que podem contribuir para um acidente) e “condições inseguras”

(circunstâncias que podem permitir a ocorrência de um acidente).

Ilustração 3 - Causa imediata

Nos dias de hoje, é muito comum a troca das expressões “ato inseguro” e

“condição insegura” por “atos abaixo do padrão” e “condições abaixo do padrão”,

respectivamente. Essa prática de pensamento tem se tornando aceitável, já que

compara as práticas e as condições a um padrão, que é uma base de medição,

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Prevenção e Controle de Perdasavaliação e correção. Dessa forma, se torna mais adequado para avaliar as

causas de um acidente.

Exemplos de práticas abaixo do padrão

■ Usar equipamento/ferramenta de forma incorreta, defeituosa e

improvisado;

■ Remover dispositivos de segurança para a realização de tarefas e depois

recolocá-los;

■ Instalar carga de forma incorreta;

■ Não sinalizar ou advertir sobre o risco da operação que está sendo

realizada;

■ Operar equipamentos sem a autorização;

■ Fazer brincadeiras;

■ Operar equipamentos sob a influência de álcool ou drogas;

■ Realizar manutenção de equipamento em movimento/operação.

Exemplos de condições abaixo do padrão:

■ Proteção e barreiras inadequadas;

■ Ferramentas, equipamentos ou materiais defeituosos;

■ Espaço restrito ou condicionado;

■ Sistema de comunicação/advertência inadequado;

■ Organização, ordem e limpeza deficientes no local de trabalho;

■ Condições ambientais, como presença de poeiras, fumos, gases, vapores,

etc;

■ Ventilação insuficiente;

■ Perigo de explosão ou incêndio, etc.

2. Causas básicas

Ao entender a existência das causas imediatas, durante a análise de um

acidente, é importante considerá-las como “sintomas” e fazer um trabalho de

“diagnóstico” para verificar quais “as doenças” que geram esses “sintomas”.

Assim, devemos fazer as seguintes perguntas:

● Por que ocorreu essa prática abaixo do padrão?

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Prevenção e Controle de Perdas● Por que existiu essa condição abaixo do padrão?

As respostas dessas questões irão originar as causas básicas, que são as

causas reais atrás dos “sintomas”. Esse novo tipo de análise nos mostra por que

as pessoas cometem atos abaixo do padrão, já que os “atos inseguros” eram

considerados as principais causas de acidentes e com esta nova abordagem,

existem situações (causas básicas) que podem causar os atos abaixo do padrão.

As causas básicas podem ser divididas em dois grupos:

■ Fatores pessoais: capacidade inadequada, falta de conhecimento, falta de

habilidade, motivação inadequada, tensão, etc.

■ Fatores de trabalho: liderança e/ou supervisão inadequada, manutenção

inadequada, etc.

Ilustração 4 - Causa básica

3. Causas administrativas

As causas básicas, no entanto, não são o começo da seqüência das causas

de acidentes. Elas são causadas pela “FALTA DE CONTROLE PELA

ADMINISTRAÇÃO” ou “CAUSAS ADMINISTRATIVAS”.

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Ilustração 5 - Causas administrativas

Existem três razões para a falta de controle:

a. Programa inadequado;

b. Padrões inadequados do programa;

c. Cumprimento inadequado do programa.

Todos esses fatores podem se referir aos seguintes itens:

● Seleção de pessoal;

● Inspeções;

● Treinamentos;

● Investigações de acidentes;

● Análise dos riscos;

● Normas e procedimentos, etc.

Com esses conceitos, podemos entender as fases que antecedem e

procedem ao contato com a fonte de energia, ou seja, o acidente.

■ Pré-contato: causas administrativas, causas básicas e causas imediatas;

■ Energia que gera o acidente/incidente;

■ Pós-contato: as medidas que devem ser adotadas para evitar as perdas.

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Prevenção e Controle de Perdas

Ilustração 6 - Fases antes e depois do contato com a fonte de energia

2.5. Acidentes ampliados

Os acidentes ampliados ou acidentes maiores são eventos de maior

gravidade e de freqüência significativamente menor, cujas conseqüências se

estendem a um número maior de pessoas. Alguns autores consideram os

acidentes ampliados como as ocorrências com mais de cinco vítimas e que

provocam problemas de saúde futuros ou imediatos para a população, além de

danos ambientais, danos às instalações e perdas econômicas para as empresa,

podendo ultrapassar os seus limites geográficos.

Ilustração 7 - Acidentes maiores ou ampliados

Dentro desse conceito, entendemos desastre ou catástrofe como a situação

na qual os meios de socorro disponíveis não são suficientes para fazer frente à

situação de emergência, havendo necessidade de ajuda externa.

A seguir estão alguns dos acidentes ampliados que ocorreram em unidades

de produção no mundo:

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Prevenção e Controle de Perdas

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Prevenção e Controle de Perdas

ACIDENTE PAÍS ANO PERDAS CAUSASExplosão na

fábrica Basf

com um

composto de

sulfato de

amônio com

salitre

Alemanha 1921 561 mortos, 1952

feridos e danos a

diversas

instalações e

prédios vizinhos

Desconhecimento sobre o processo de “afofar a mistura” (para evitar que

se petrifique) com pequenas explosões e sobre o composto. Este

começou a ser fabricado 5 a 6 anos antes.

Explosão

após

vazamento

de

ciclohexano

Flixborough

(Inglaterra)

1974 28 mortes, 89

pessoas com

lesões graves e

danos materiais

em um raio de 13

Km

Ruptura de tubulação e vazamento de 30-50 toneladas de ciclohexano

quente. Este vazamento vaporizou-se e originou uma nuvem de vapor

não confinada, que explodiu momentos depois. A tubulação tinha sido

instalada provisoriamente de forma inadequada e sem projeto adequado

pela equipe de manutenção. No momento não havia um engenheiro

mecânico e esta equipe não tinha conhecimento suficiente para a

realização deste processo com segurança. Os gerentes pediram para

esta equipe executar uma tarefa, para qual eles não estavam

qualificados.

A sala de controle não era adequada para proteger os funcionários que

ali estava. Na ocasião, tinha sido classificada como “leve” e construída

seguindo os seus requisitos. O acidente ocorreu numa tarde de sábado e

não havia muitas pessoas no local.Vazamento

de gasolina,

seguido de

incêndio

Vila Socó

(Cubatão)

– Brasil

(atual Vila

São José)

1984 86 corpos

localizados e

danos materiais

(2500

desabrigados)

Vazamento de 700 mil litros de um dos oleodutos com gasolina que

ligava a Refinaria Presidente Bernardes (Petrobras) ao Terminal de

Alemoa. O duto cruzava uma área de ocupação habitacional ilegal.

Um operador iniciou a transferência de gasolina para uma tubulação que

se encontrava fechada (falha operacional), gerando sobrepressão e

ruptura da mesma, espalhando cerca de 700 mil litros de gasolina pelo

mangue. Muitos moradores visando conseguir algum dinheiro com a

venda de combustível, coletaram e armazenaram parte do produto

vazado em suas residências. O produto inflamável espalhou-se pela

região alagada e cerca de 2 horas após o vazamento, aconteceu a

ignição seguida de incêndio. O fogo se alastrou por toda a área coberta

pela gasolina, incendiando as palafitas. Acidente ocorrido no sábado.Vazamento Cidade do 1984 Cerca de 650 O acidente ocorreu na base de armazenamento e distribuição de GLP da

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Prevenção e Controle de Perdas

de GLP,

seguido de

explosão

México mortes e 6000

feridos e perdas

materiais (10.000

desabrigados e

perda total da

base)

empresa PEMEX. No momento do acidente, a PEMEX estava com o

armazenamento em torno de 11.000 m³ de GLP. O vazamento de gás se

deu devido à ruptura de uma tubulação que transportava o gás de uma

das esferas para os reservatórios cilíndricos. A sala de controle da

PEMEX registrou uma queda de pressão em suas instalações e também

em um duto localizado a 40 km de distância, porém não conseguiu

identificar a causa desta queda de pressão. Formou-se imensa nuvem de

gás inflamável, a qual foi levada por um vento de destino sudoeste, até

que encontrou uma fonte de ignição e explodir. Neste caso, a fonte de

ignição direta foi o “flare” instalado inadequadamente ao nível do solo.

Uma bola de fogo com mais de 300 m de diâmetro foi gerada, além de

várias explosões. Vazamento

de

Isocianato

de Metila

Bhopal

(Índia)

1984 Cerca de 3.000

mortes e 200.000

feridos,

principalmente

moradores pobres

que se fixaram

nas redondezas,

atraídos pela

presença da

unidade industrial.

Vazamento de 25 toneladas de gás isocianato de metila de uma unidade

industrial. A causa provável do aumento da pressão e da temperatura foi

atribuída à entrada de água num dos tanques causando uma reação

altamente exotérmica. Os vapores emitidos deveriam ter sido

neutralizados em torres de depuração, porém, como uma destas torres

se encontrava desativada, o sistema não funcionou, vindo a dispersar-se

pelas redondezas da planta química.

Explosão,

seguido de

vazamento

de material

radiativo.

Chernobyl

(Ucrânia

ex- URSS)

1986 Número incerto

de mortos e

contaminados.

Estudo estima 93

mil mortos

(Greenpeace).

Explosão após a uma falha do reator da usina nuclear, que já se

encontrava com defeito. Os operadores, que não sabiam do defeito do

reator, durante um teste de segurança, desligaram três sistemas de

segurança. Uma nuvem radioativa composta principalmente por iodo e

césio foi lançada na atmosfera, atingindo fortemente três países.

Vazamento

de gás,

seguido de

explosão

Plataforma

Enchova I

(Bacia de

Campos)

1984 37 mortes e 19

feridos, além de

outros com

problemas

psicológicos

Gás vazou do poço submarino, ocorrendo uma explosão e o fogo tomou

conta de toda a plataforma. Uma baleeira (barco de salvamento)

despencou de uma altura de 30 metros. A explosão nunca foi esclarecida

pela Petrobrás (Jornal SINDIPETRO).

Vazamento Alaska 1989 Dano ambiental O navio-tanque tinha 300 metros de comprimento despejou 41 milhões

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Prevenção e Controle de Perdas

de petróleo

no mar

(Petroleiro

Exxon

Valdez)

de litros de petróleo em uma área de vida selvagem no Alasca (EUA).

US$ 22.000,000 foram economizados ao constituí-lo somente com casco

singelo. O comandante do navio estava alcoolizado. O comandante é

avisado pelo rádio de que blocos de gelo que haviam se desprendido

penetraram nas faixas do trafego marítimo. Mas ao invés de buscar o

rumo Sul, o comandante toma a direção Leste-Oeste. O navio acaba

batendo nos blocos de gelo.Vazamento

de gás

seguido de

explosão

Plataforma

Piper Alpha

(Mar do

Norte)

1988 167 mortes A válvula da bomba condensadora foi removida para manutenção,

deixando um buraco na bomba onde ela era instalada. Devido aos os

trabalhadores não terem conseguido todo o equipamento que eles

precisavam até às 18 horas, eles pediram e receberam permissão para

deixar o resto do trabalho para o dia seguinte.

Durante o turno de trabalho seguinte, falhou a bomba condensadora

primária. As pessoas na sala de controle decidiram dar partida na bomba

reserva, sem saber que ela estava em manutenção. Produtos gasosos

escaparam do buraco e houve uma explosão.

A força da explosão derrubou a parede corta-fogo, que separa partes

diferentes da instalação de processamento, já que não era a prova de

explosão e grandes quantidades de óleo armazenado começaram a

queimar sem controle. O sistema de dilúvio automático não chegou a ser

ativado porque estava desligado.

A tripulação começou a agrupar-se na área de alojamentos, a parte da

plataforma que era o mais distante da chama e parecia ser a menos

perigosa, esperando helicópteros. Infelizmente, os alojamentos não eram

à prova de fumaça. Havia Plano de Emergência, mas os operadores não

eram treinados e sequer conheciam a rota de fuga.

As linhas e depósitos de óleo e gás das plataformas adjacentes

continuam a alimentar o incêndio por cerca de uma hora.

Todas as rotas para os barcos salva-vidas foram bloqueadas por fumaça

e chamas, e na falta de qualquer outra instrução, saltaram ao mar à

espera de serem salvos por barco. As pessoas que morreram foram

sufocadas com monóxido de carbono ou não resistiram ao se atirarem do

mar de uma altura de aproximadamente 50 metros. Vazamento Baía de 2000 Danos ambientais O oleoduto procedente da REDUC rompeu devido à corrosão, no interior

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Prevenção e Controle de Perdas

de óleo Guanabara

(RJ)

(fauna e flora) e

prejuízos

econômicos à

população.

do manguezal, liberando 1,3 milhões de litros de óleo. Os operadores

demoraram muito tempo para paralisar o bombeamento e identificar o

local do vazamento. Enquanto isso, o óleo se espalhou pela Baía de

Guanabara. Vazamento

de óleo

Auraucária

(PR) /São

Francisco

do Sul (SC)

2000 Danos ambientais

nos rios Barigui e

Iguaçu

Um operador, com 16 anos de serviço, não abriu uma válvula que

permitiria a entrada do óleo bombeado do terminal de São Francisco do

Sul (SC) para um dos dez tanques da REPAR, em Araucária.

Um peça chamada junta de expansão não resistiu à pressão e se

rompeu, deixando vazar 4 milhões de litros de óleo. Além disso, o

acidente levou duas horas para ser detectado.Vazamento

de gás,

seguido de

explosão

P-36 -

Bacia de

Campos

2001 11 mortos Maior plataforma de produção semi-submersível do mundo. A plataforma

precisou passar por modificações de expansão. Projetada originalmente

para perfurar e produzir petróleo a uma profundidade de 100 a 500

metros de profundidade, a unidade foi transformada numa plataforma de

produção capaz de operar em lâmina d'água de até 1.360 metros.

Ocorreu uma falha na válvula de bloqueio e petróleo, gás e água

entraram em um tanque, causando sua ruptura. O local do tanque que

explodiu não era considerada como área de risco (erro de projeto). De

acordo com relatórios, deveriam ser utilizados dispositivos de detecção e

contenção de gás e ainda equipamentos resistentes a explosões.

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Page 17: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasApós o acontecimento de grande parte dos acidentes ampliados, as

empresas passaram a ter maiores preocupações com a segurança e adotaram

algumas medidas importantes:

1. Verificação dos riscos na fase de projeto;

2. Adaptação da produção a novas rotinas de prevenção a acidentes

industriais;

3. Modificações passam a ser controladas e documentadas;

4. As unidades de negócio devem ter um quadro suficiente de

profissionais com a qualificação profissional correta e a experiência

necessária;

5. As plantas devem ser planejadas de forma a evitar o Efeito Dominó

ou minimizar a propagação de acidentes e ocorrências perigosas

internas;

6. Prédios ocupados localizados próximos de plantas perigosas devem

ser projetados para resistir a um determinado nível de sobre-pressão

externa;

7. Apenas os funcionários, cuja presença é absolutamente essencial

para manter uma operação segura, devem ser abrigados em áreas

perigosas;

8. Funcionários de escritório devem preferencialmente ser re-alocados

das áreas perigosas;

9. Instalação de sistemas de isolamento de oleodutos e gasodutos

submarinos;

10. Melhorias nos sistemas de escape;

11. Início de análises formais de segurança;

12. Criação de Comitê Consultor para Riscos Maiores para a

comunidade européia a fim de regular as unidades produtivas

consideradas riscos maiores, etc.

2. PERMISSÃO PARA TRABALHO (PT)

A Permissão para Trabalho, também conhecida simplesmente como PT, é

uma autorização dada por escrito, para a execução de qualquer trabalho atípico

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Page 18: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdasenvolvendo manutenção, montagem, desmontagem, construção e reparos em

equipamentos ou sistemas que envolvam riscos de acidentes.

O objetivo da PT é assegurar que qualquer serviço considerado como

“perigoso” venha a ser acompanhado de ações voltadas a evitar

incidentes/acidentes de qualquer natureza.

Dentre os tipos de trabalho, onde na qual a PT pode ser feita, podemos citar:

1. Corte e/ou Solda;

2. Eletricidade;

3. Espaço Confinado;

4. Produto Químico (inflamáveis, corrosivos, etc.);

5. Altura;

6. Escavação;

7. Içamento / Movimentação de Carga, etc.

A seguir estão as responsabilidades de cada cargo envolvido neste

procedimento de segurança.

1. Supervisor de Área

■ Informar ao SESMT a tarefa a ser executada;

■ Assegurar que somente pessoal habilitado execute a tarefa;

■ Solicitar bloqueio elétrico/travamento mecânico;

■ Isolar a área de trabalho;

■ Providenciar iluminação se necessário;

■ Supervisionar a execução da tarefa;

■ Verificar as condições dos equipamentos e/ou local.

2. SESMT

■ Promover o treinamento para procedimento;

■ Avaliar o risco e indicar quais as ações a serem tomadas;

■ Ajudar na disponibilização das ações de segurança;

■ Emitir a Permissão de Trabalho;

■ Disponibilizar EPI e EPC necessários;

■ Disponibilizar equipamentos para uma emergência;

■ Arquivar as Permissões para auditoria;

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Page 19: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdas■ Avaliar anualmente os procedimentos para a PT.

3. Executantes

■ Estarem cientes dos riscos existentes na tarefa;

■ Solicitar esclarecimento de dúvidas;

■ Colaborar com a segurança da tarefa a todo o momento;

■ Ter noções de como proceder em caso de emergência;

■ Informar a supervisão qualquer mudança das condições de trabalho;

■ Saber reconhecer uma situação de risco;

■ Deixar a Permissão em lugar visível.

A permissão de trabalho somente é válida para uma determinada tarefa,

restringindo-se a um equipamento e/ou área. Além disso, há alguns trabalhos

onde o uso de listas de verificação (check-list) se faz necessário e é importante

ainda, que todos os trabalhadores passem por uma avaliação médica, sempre

que o trabalho assim o exigir, como por exemplo, o trabalho em altura.

A PT será cancelada sempre que houver descumprimento de qualquer uma

recomendação contida na PT ou alteração na situação de risco inicial.

Ao final da realização do serviço, dever-se-á encerrar a PT, conjuntamente

entre o emitente e o responsável pela execução.

3. PLANOS DE EMERGÊNCIA

Mesmo com todas as medidas e procedimentos de controle para evitar um

acidente, devemos lembrar que todos eles são realizados e controlados por

pessoas. Dessa forma, pode existir a falha humana, o que significa que todos os

métodos, equipamentos, processos, etc. não são infalíveis. Dessa forma, é

necessário que haja planos de ação de emergência (PAE) para que o

atendimento ao acidente seja rápido e eficiente, minimizando as conseqüências.

O PAE tem o objetivo de proteger pessoas, meio ambiente, patrimônio e

retornar às atividades normais no menor tempo possível. Assim, o plano fornece

um guia de gerenciamento para ações a serem tomadas para todos os tipos de

condições de emergência possíveis de ocorrer em uma operação particular.

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Page 20: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasDeve abranger tanto as emergências de causas naturais, tais como

tempestades, enchentes, etc., como as específicas do local, tais como

vazamentos de produtos químicos, etc.

Antes da elaboração de um Plano de Emergências propriamente dito, é

necessário que se faça uma definição dos cenários de acidentes, através de

análise de riscos. É importante que se façam as seguintes perguntas:

■ O que pode acontecer (hipóteses acidentais)?

■ Como pode acontecer?

■ Quais as conseqüências?

A partir dessas perguntas, devem se identificar:

■ Quais os recursos (humanos e materiais) necessários?

■ Quais as ações para neutralizar/controlar?

3.1. Tipos mais comuns de emergência

3.1.1. Espaço confinado

Espaço Confinado é qualquer área não projetada para ocupação contínua,

possui meios limitados de entrada e saída, ventilação insuficiente para remover

contaminantes perigosos e existe a deficiência ou enriquecimento de oxigênio, o

que torna o ambiente extremamente perigosos ao homem.

3.1.2. Produtos perigosos (vazamento, tombamento de caminhões-tanque,

vagões e navios contendo produtos perigosos, etc.)

Durante uma emergência com produtos perigosos, é importante conhecer as

características desse produto. Assim, devemos ter acesso a algumas informações

importantes, como: nome comercial, nome químico, risco e classe de risco, risco

subsidiário, número de risco, tipo de embalagem utilizada no armazenamento,

volume, pressão e temperatura do produto durante o armazenamento, ponto de

fulgor, faixa de inflamabilidade, pressão de vapor, limite de tolerância, dose ou

concentração letal, temperatura de ignição, local de estocagem e área e/ou

responsável pelo produto1.

3.1.3. Incêndio

1 As informações relativas ao produto podem ser encontradas nas Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQs).

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Page 21: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasIncluem-se os incêndios resultantes da ignição de produtos inflamáveis,

produtos combustíveis, sendo eles incêndios criminosos ou acidentais. No caso

de produtos inflamáveis, devemos saber as características do produto.

3.1.4. Causas naturais

Incluem-se os maremotos, terremotos, enchentes, etc que podem afetar o

andamento normal da empresa.

3.1.5. Terrorismo

Inclui-se qualquer forma de terrorismo.

3.2. Diretrizes de um Plano de Ação de Emergência e Contingência

Segundo Araújo (2005), o Plano de Ação de Emergência (PAE) envolve

procedimentos que devem ser executados durante emergências que se limitam à

área interna da empresa, não atingindo à comunidade e ao meio ambiente.

Já o Plano de Contingência é feito para emergências que extrapolam a área

de operação da empresa, necessitando o envolvimento de órgão de controle

ambiental, polícia rodoviária, bombeiros, defesa civil e outros. O Plano de Ajuda

Mútua (PAM) é um tipo de plano de contingência.

O PAE é um documento simples e objetivo, envolvendo os seguintes

princípios básicos para garantir a segurança da operação:

a. Minimizar o número de pessoas envolvidas na área do acidente;

b. Evitar o contato com produtos químicos provenientes de vazamentos e

derramamentos, quando for o caso;

c. Garantir que todos conheçam o sistema de comunicação;

d. Garantir que todos os aspectos com relação às responsabilidades sejam

bem definidos;

e. Trabalhar em equipe com recursos preventivos adequados aos riscos;

f. Manter a comunicação via rádio entre as pessoas que estão na área de

risco e à equipe de apoio à emergência;

g. Proibir que as pessoas comam, bebam, fumam ou tenham qualquer outra

prática que aumente a possibilidade de contaminação e/ou agravamento do

sinistro;

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Page 22: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasO PAE engloba um conjunto de ações decorrentes da avaliação formal dos

perigos previamente identificados, devendo ser aprovado por uma equipe da

empresa e testado periodicamente através de simulados. O PAE é o resultado de

estudo dos riscos e deve englobar, no mínimo, os seguintes aspectos:

3.2.1. Mapa de localização dos perigos

Significa identificar em uma planta/layout as fontes de perigo existentes. Nos

casos de espaços confinados, identificar as características físicas do espaço,

além das possibilidades de acesso.

Portas, paredes, teto e exterior deverão ser avaliados quanto à resistência

ao fogo, e identifica-se ainda a presença de material retardante de fogo.

3.2.2. Procedimentos seguros de intervenção

Uma ação desorganizada irá expor as pessoas ao risco. Assim, o

atendimento à emergência deve ter práticas seguras e eficazes e ser controlado

por pessoas emocionalmente equilibradas com decisões pró-ativas, a fim de

minimizar os impactos do acidente o mais rápido possível.

Nesta etapa, são descritos de forma detalhada os procedimentos de

contenção do sinistro.

É necessário se ter uma lista de todas as fontes possíveis de auxílio às

emergências para que possam ser prontamente contatadas caso se faça

necessário. São elas:

■ Corpo de Bombeiros;

■ Polícia;

■ Ambulância;

■ Hospitais;

■ Centros de controle de veneno;

■ Consulta especializada (produtos químicos);

■ Clínicas médicas de emergência;

■ Defesa civil;

■ Agências de controle ambiental.

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Page 23: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasAo definir dispositivos de controle, devemos sinalizá-los a fim de obter uma

resposta mais rápida. Dentre os dispositivos de controle, podemos citar:

a. Válvulas;

b. Chaves;

c. Travas;

d. Paradas de emergência

3.2.3. Descrição das responsabilidades

A Equipe de Emergência inclui Brigada de Incêndio, equipe de

descontaminação, Socorristas, profissionais de SMS, logística (agiliza a

disponibilidade de recursos), etc. A equipe deverá ser estruturada para cuidar do

primeiro atendimento à emergência. A equipe deve ser composta por pessoas

voluntárias, com boa saúde física e psicológica e que possuam interesse na

segurança.

Em situações onde existe um grande número de pessoas e órgãos

envolvidos, é importante que haja um coordenador de emergência para que

analise a dimensão do acidente e distribuir os recursos disponíveis de forma

rápida e coordenada. Em casos mais graves, o coordenador de emergência deve

ter autonomia para contratar pessoas, alugar equipamentos e suprimentos de

apoio. Essa função pode exercida pelo gerente da unidade, chefe de produção ou

outro cargo a nível gerencial.

As pessoas de campo devem fornecer informações sobre o suprimento de

água, energia e reposição de equipamentos. É importante ressaltar a importância

de ter agilidade e pró-atividade em uma situação de emergência. Assim, não se

deve perder tempo em descobrir culpados e deve-se aceitar ajuda de outras

organizações.

Recursos humanos e materiais disponíveis para a emergência

Os recursos materiais devem estar à disposição em locais estratégicos e de

fácil acesso. Eles devem ser dimensionados para a pior situação. Dentre os

recursos materiais, podemos citar EPI e equipamentos de combate a incêndio;

equipamentos para contenção, remoção e neutralização; equipamentos de

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Page 24: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdasmonitoramento, comunicação, sinalização e alarme; sistemas alternativos de

geração de energia; ferramentas para reparo de emergência; meios de transporte.

Com relação aos equipamentos de medição, é importante que haja mais de

um para comparar os valores. Eles devem ser apropriado, estar em bom estado

de conservação e devidamente calibrados, de acordo com as recomendações do

fabricante

Os EPIs variam de acordo com cada emergência. Para produtos perigosos, é

importante o uso de equipamentos de proteção autônoma com luvas resistentes,

roupas e calçados especiais. Esses equipamentos deverão ser utilizados tanto

pela equipe de intervenção, quanto pela equipe de descontaminação, mas em

algumas ocasiões, a equipe de descontaminação pode utilizar EPIs de nível

inferior dos utilizados pela equipe de intervenção.

3.2.5. Práticas de monitoramento e identificação das zonas de riscos

A equipe de emergência deve estar atenta às mudanças meteorológicas que

podem fazer com que gases e vapores se desloquem para locais onde pessoas e

veículos foram mantidos à distância. O monitoramento de gases e vapores deve

ser feito durante toda a situação de emergência.

Em alguns casos, a equipe de emergência não terá acesso imediato aos

resultados das monitorações. Dessa forma, algumas características devem ser

observadas:

a. Nuvens visíveis de gás ou vapor indicam grande concentração de

contaminantes;

b. Vazamento de líquidos, gases ou vapores;

c. Emergências ocorridas em espaço confinado, pois grande parte dos acidentes

ocorre com pessoas que entram em espaços confinados tentando resgatar os

colegas;

d. Animais mortos, folhas amareladas indicam que pode estar ocorrendo um

vazamento de produto químico; etc.

Na medida do possível, devem-se setorizar as dependências da empresa

para que se possam direcionar as ações para o local onde está ocorrendo a

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Page 25: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdasemergência. O objetivo do isolamento é evitar o acesso de pessoas não

envolvidas com a emergência. O isolamento deve ser realizado com fitas e cones.

Os seguintes aspectos devem ser previstos:

a. Identificar o local do acidente;

b. Isolar a área e conduzir as pessoas para um ponto de encontro;

c. Decidir sobre a necessidade de retirar ou não as pessoas da área de risco;

d. Colocar isolamento em pontos estratégicos.

Normalmente o isolamento da área é realizado pela polícia e ela tem grande

autoridade para convencer as pessoas de se retirar da zona de risco, mesmo que

elas não concordem em sair. Em uma área industrial, esta responsabilidade pode

ficar a cargo da segurança patrimonial, sob a orientação do coordenador de

segurança. Os seguintes critérios devem ser utilizados para definir as zonas de

risco:

1. Perímetro de isolamento: região fora das zonas de risco onde se concentra

grande número de pessoas não envolvidas com a emergência;

2. Zonas de risco: definição das áreas de risco em torno do local onde está

ocorrendo a emergência;

3. Zona quente: área que envolve o local onde está ocorrendo a emergência.

Esta zona também é denominada Zona de Exclusão ou de Restrição. Em

casos de emergência com produtos perigosos, esta é a área onde existe a

atmosfera IPVS – Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde. Além disso, é a

área onde a concentração do produto inflamável se encontra na faixa de

inflamabilidade, onde há deficiência ou enriquecimento de oxigênio e presença

de radioatividade. Além disso, para gases e vapores que não possuam valores

IPVS publicados, considera-se um valor de IPVS estimado em dez vezes o

valor do LT. Se a concentração no local estiver acima deste valor, pode ser

considerada zona quente (ARAUJO, 2005). Devem-se utilizar Equipamentos

de Proteção Autônoma;

4. Zona morna: zona de controle, onde o pessoal de apoio e descontaminação

ficará posicionado. Devido a isso também é chamada de Zona de

descontaminação em emergências químicas. Consideram-se situações que

fazem parte da zona morna, as situações não encontradas na zona quente e

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Page 26: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdasonde haja concentração de gases e vapores acima do LT. Assim, como à zona

quente, deve-se utilizar Equipamento de Proteção Autônoma;

5. Zona fria: zona de segurança onde está localizado o posto de comando e

apoio à emergência. Também é chamada de Zona de Espera. Consideram-se

as situações que estão identificadas nas zonas anteriores e onde a

concentração de gases e vapores esteja acima do Nível de Ação e abaixo do

LT;

6. Área de refúgio: área localizada dentro da zona quente, onde as pessoas

expostas ou contaminadas são mantidas protegidas de uma exposição maior.

Elas são mantidas nessas áreas até que sejam levadas em segurança para a

área de descontaminação.

Ilustração 8 - Áreas de risco

As operações na área quente requerem um número de pessoas limitado

(cerca de quatro pessoas) durante um período de tempo limitado.

As zonas de risco podem ser identificadas no mapa de localização e devem

ser sinalizadas com fitas e cones, no entanto elas podem ser modificadas em

função das condições metereológicas.

Em caso de acidente rodoviário ou ferroviário de produtos perigosos, a ficha

de emergência e simbologias de identificação podem ser danificadas e por isso,

antes de qualquer ação, o importador, expedidor ou fabricante do produto deve

ser contactado.

3.2.6. Práticas de descontaminação e recuperação da área

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Page 27: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasDescontaminação significa o uso de diversas alternativas para reduzir a

contaminação por contato, inalação ou ingestão de produtos perigosos. A

descontaminação pode ser feita basicamente através de dois métodos:

a. Método físico: é retirada do contaminante da pessoa ou objeto. A sua

constituição química não é modificada. Podemos citar: diluição, lavagem,

raspagem, adsorção, isolamento, etc. A escolha do método deve levar em

consideração a possibilidade de contaminação do solo.

b. Método químico: são formas de retirada do contaminante através de um

processo químico que transforma o produto inicial em um produto menos

perigoso. Podemos citar: neutralização, solidificação, esterilização, etc.

Todas essas técnicas devem ser avaliadas previamente levando em

consideração o custo, a viabilidade, etc.

A área de descontaminação deve ser próxima à área quente para minimizar

a dispersão de contaminantes e, com isso, é localizada na área morna. Nesta

área, deve haver ponto de água (inclusive para duchas), chuveiro de emergência,

lava-olhos, local para descarte materiais contaminados e boa iluminação para o

caso da emergência ser à noite, além de estar em uma área alta e contra o vento.

Nem sempre é possível escolher uma área ideal, com isso, devem-se prever

alguns itens como ventilação forçada, dreno, etc. Além disso, a maioria das vezes

a área de descontaminação pode mudar de posicionamento, em função da

evolução da emergência e mudanças meteorológicas.

A água utilizada na descontaminação, a terra próxima à área quente e os

equipamentos de proteção devem ser tratadas como resíduo.

3.2.7. Ações de proteção ao público

Algumas ações deverão ser feitas em conjunto com a Polícia Militar, Defesa

Civil e Corpo de Bombeiros. Basicamente existem três ações:

■ Proteger as pessoas desprotegidas e que estão expostas ao risco;

■ Retirar as pessoas desprotegidas que estão expostas ao risco;

■ Manter as pessoas em suas residências ou no local de trabalho, até

que a situação de emergência esteja sob controle.

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Page 28: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de PerdasEssas ações deverão ser tomadas de acordo com o tipo de acidente, o

tempo disponível, os recursos disponíveis para a proteção e retiradas dessas

pessoas, etc.

As pessoas que devem permanecer no local de trabalho deverão ter um

sistema de comunicação para receber instruções e ter notícias sobre a evolução

do acidente, pois a falta de informação causa pânico.

A informação para as pessoas em geral pode ser feita através de notificação

pessoal, carros com alto-falantes, estações de rádio e televisão locais, alarmes e

sirenes, aviões e helicópteros com panfletos e até mesmo através da Internet.

3.2.8. Comunicação à imprensa e à comunidade.

A comunidade precisa saber informações sobre a ocorrência e se o acidente

pode lhe causar danos. Essas informações podem ser transmitidas pela imprensa

e devido a isso, é importante a empresa saber que é melhor que a imprensa

tenha informações sobre o acidente através da própria empresa do que por

pessoas estranhas. Assim, muitas vezes é necessário escalar uma pessoa para

ser o Assessor de Comunicação com a Imprensa. Essa pessoa precisa ser uma

pessoa equilibrada, treinada para atender à imprensa e conhecer a fundo todas

as etapas do PAE, além de ter um canal direto com a alta administração e saber

de tudo que está acontecendo para fornecer informações verdadeiras.

Para que o plano seja eficiente, além dos simulados periódicos, é importante

que haja uma análise periódica do plano a fim de verificar se ele é adequado aos

cenários identificados.

4. PLANO DE ABANDONO OU PLANO DE ESCAPE

Plano de Abandono é o documento que possibilita à organização

desenvolver ações de preparação e prevenção, tendo em conta o eventual

envolvimento numa situação de emergência.

O principal objetivo do plano é a saída do local sem pânico, rapidamente e

em ordem, seguindo rotas pré-definidas até um local seguro e pré-determinado.

Para que tal seja possível, é necessário que todos conheçam perfeitamente o

Plano e o tenham treinado várias vezes, de modo que numa situação de real

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Prevenção e Controle de Perdasemergência não haja lugar a hesitações, atropelos ou a descontroles emocionais.

O plano é constituído pelos seguintes itens:

1. Informação dos ocupantes da instalação

Identifica-se a forma como as pessoas serão informadas sobre a ocorrência

do sinistro. É feito através de sirenes, principalmente, mas deve-se levar em

consideração a forma com que os deficientes e/ou pessoas com pouco

discernimento serão avisadas sobre o sinistro.

2. Formas de atuação

Refere-se como será feito o escape na ocorrência do sinistro, ou seja,

identifica as rotas de escape e os recursos disponíveis, como:

■ Saídas de emergência

■ Número de saídas;

■ Distância a percorrer;

■ Larguras das saídas de emergência;

■ Sinalização fotoluminescente das rotas de escape (visualizados

mesmo com o corte da energia elétrica);

■ Escadas;

■ Portas corta-fogo com barra anti-pânico /antecâmaras;

■ Iluminação de emergência;

■ Livre acesso a essas rotas.

Para melhor visualização das rotas de escape, é importante que existam

mapas de escape/planta de emergência e que estas sejam colocadas em locais

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Page 30: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdasvisíveis.

Além das rotas de escape, dever-se-á haver local (is) de concentração

(ponto de encontro).

3. Funções específicas

Identifica as responsabilidades de cada um durante a execução do plano de

abandono. Essas pessoas podem utilizar equipamentos especiais como crachá,

coletes, lanternas, etc. a fim de distingui-los.

■ Líderes de equipe: É responsável pela orientação para que as pessoas

sigam em direção a escada de emergência. Após visualizar que todas as

pessoas deixaram o andar, fará, se possível, uma varredura no corredor de

sua atuação, indo a seguir para o Ponto de Encontro;

■ Auxiliares dos líderes: Darão apoio às atividades dos líderes;

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Page 31: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdas■ Outros: pessoas que serão escaladas para acionar o alarme, desligar o

quadro elétrico, ligar para o Corpo de Bombeiros, abrir portões externos da

edificação e auxiliar o direcionamento das pessoas para o ponto de

encontro.

É importante que todas as pessoas observem atentamente a sua área de

trabalho e memorize a sua via de escape. As regras recomendadas para as

situações de emergência devem ser lidas periodicamente, pois na hora da

emergência, o tempo não é suficiente grande para permitir leitura de instruções.

Além disso, é importante definir o número de simulações que será realizado. A

freqüência de exercícios deverá ser baseada no nível de risco de cada área de

trabalho. Áreas de trabalho onde o risco seja alto, deverão executar exercícios de

escape à cada seis meses.

Além disso, recomenda-se:

■ Não carregar objetos;

■ Não correr, não gritar, sair com naturalidade e rapidamente;

■ Nunca usar o elevador;

■ Após sair do prédio, não retornar sob qualquer pretexto;

■ Não permanecer nas proximidades, como simples curioso, obstruindo

os acessos que deverão estar livres para as equipes de incêndio e

socorro;

■ Se ficar preso em meio à fumaça, molhar um lenço e utilize-o como

máscara improvisada. Procure rastejar para a saída, pois o ar é

sempre melhor junto ao chão;

■ Fechar todas as portas que estejam atrás para retardar o efeito do

fogo;

■ Se você ficar preso em uma sala cheia de fumaça, fique junto ao piso,

onde o ar é sempre melhor. Se possível, fique perto de uma janela, de

onde poderá chamar por socorro;

■ Toque a porta com sua mão. Se estiver quente, não abra. Se estiver

fria, faça este teste: abra vagarosamente e fique atrás da porta. Se

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Page 32: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdassentir calor ou pressão vindo através da abertura, mantenha-a

fechada;

■ Procure conhecer o equipamento de combate à incêndio para utilizá-lo

com eficiência em caso de emergência;

■ Um prédio pode lhe dar várias opções de salvamento. Conheça-as

previamente. Não salte do prédio. Muitas pessoas morrem sem

imaginar que o socorro pode chegar em poucos minutos.

5. PLANO DE AJUDA MÚTUA

É um mecanismo voluntário de iniciativa da empresa que visa articular

recursos humanos e materiais para dar apoio, àqueles existentes nos órgãos

públicos como o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.

Esse plano tem o objetivo de selecionar, planejar e manter corretamente

relações com indústrias e serviços que possam ser úteis em caso de emergência.

As atividades para se manter este relacionamento podem incluir:

a. Visitas periódicas;

b. Informações sobre perigo de processos;

c. Treinamento em conjunto.

O PAM é muito indicado em um distrito industrial com objetivo de otimizar os

investimentos e disponibilizar maior quantidade de recursos materiais e humanos

possíveis.

A experiência mostra que no início as empresas resistem em participar do

PAM, pois acreditam que os recursos internos são suficientes para lidar com as

emergências internas. Segundo, por considerar que serão investidos recursos

financeiros muito maiores que a real necessidade.

O coordenador do PAM deve avaliar a capacidade e a disponibilidade dos

recursos externos do corpo de bombeiros, defesa civil, polícia militar, hospitais

públicos e privados para atender às emergências.

As vantagens do PAM são:

■ Acréscimo significativo dos recursos humanos e materiais;

■ Redução do custo operacional e administrativo;

■ Diminuição do tempo de atendimento emergencial;

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Page 33: 103690324 Apostila Prevencao e Controle de Perdas Doc

Prevenção e Controle de Perdas■ Redução do impacto dos acidentes e das penalidades por dano ambiental;

■ Redução das apólices de seguro, etc.

Dentre as responsabilidades dos órgãos públicos estão:

a. Polícia rodoviária: liberação do o trânsito;

b. Polícia civil: identificação das responsabilidades em caso de morte;

c. Polícia militar: evitar que pessoas entrem na área de risco e haja roubo

em caso de acidentes com caminhões;

d. Bombeiros: apagar o incêndio;

e. Defesa civil: retirar as pessoas do local;

f. Órgãos ambientais: identificar possíveis danos ao meio ambiente.

BIBLOGRAFIA RECOMENDADA

ARAÚJO, G.M. Segurança na Armazenagem, Manuseio e Transporte de Produtos

Perigosos. Gerenciamento de Emergência Química. Volume 1. Gerenciamento

Verde Editora: Rio de Janeiro, 2005.

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