10 - Os BenefYcios Do MYtodo Pilates e Sua ImportYncia Na PrYtica Da Atividade FYsica Na Terceira...

14
  1 Os benefícios do método Pilates e sua importância na prática da atividade física na terceira idade Juliana Dutra Cabral de Oliveira 1  [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2  Pós-graduação em Gerontologia – Faculdade Ávila Resumo  Este trabalho buscou evidencia r o método Pilates como forma de condiciona mento na melhoria da qualidade de vida do idoso. Teve como objetivo geral  estudar os benefícios do método Pilates e sua importância na prática da atividade física no processo de envelhecimento. Tendo utilizado como metodologia a revisão bibliográfica, realizada na base virtual Scielo e Scholar google. Foram utilizados como critérios de inclusão na pesquisa trabalhos, artigos científicos de diversos autores diretamente relacionados ao envelhecimento  fisiológic o, Pilates para idosos, envelhec imento fisiológic o, envelhecime nto saudável, importância e os benefícios da atividade física na terceira idade, Pilates na reabilitação e  prevençã o de doenças crônicas. Tendo apresenta do como resultados que a prática do Pilates com idosos propõe melhorar a qualidade de vida do indivíduo como um todo, alterando seu estado físico, mental e social, contribuindo para o convívio dessa pessoa com demais membros da sociedade. A técnica tem se mostrado segura, desde que bem orientada, por um  profissiona l habilitado , pois a possibili dade de lesões ou dores musculares é praticame nte inexistente, já que o impacto nas articulações durante o exercício é nulo. Por ser uma atividade que não apresenta nenhum tipo de impacto às articulações, podem se beneficiar os  portadores de divers as patologias.  Palavras-chave: Envelhecimento fisiol ógico; Ati vidade físi ca; Mét odo Pilates . 1. Introdução O envelhecimento populacional no mundo é uma realidade já presente. A estimativa para 2025 é que o Brasil se torne o sexto país do mundo com maior percentual de idosos. Assim, torna-se cada vez mais importante aprofundar conhecimentos em geriatria e a gerontologia, em aspectos que irão facilitar a promoção de saúde e a reabilitação das condições clínicas patológicas ou não, que ocorrem no processo de envelhecimento e poderão, de certa forma, interferir deleteriamente na capacidade funcional do idoso, bem como comprometer seu equilíbrio postural dentre outras funções (PERRACINI; FLÓ, 2009). O envelhecimento é um processo fisiológico que não necessariamente corre paralelo à idade cronológica, apresentando considerável variação individual. O fator em comum de todas essas evidências é que todos nós estamos envelhecendo e envelhecemos a cada dia de nossa vida, acreditando que envelhecer faz parte do processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano, e ao contrário do que a sociedade pensa, o envelhecimento está associado não somente a fatores negativos, mas também a uma série de aspectos positivos que enriquecem a vida do indivíduo em diversas áreas. Dessa forma, o idoso não pode ser mais visto como um 1  Pós-graduanda em Gerontologia. 2  Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.

description

Método inovatório

Transcript of 10 - Os BenefYcios Do MYtodo Pilates e Sua ImportYncia Na PrYtica Da Atividade FYsica Na Terceira...

  • 1

    Os benefcios do mtodo Pilates e sua importncia na prtica da atividade fsica na terceira idade

    Juliana Dutra Cabral de Oliveira1 [email protected]

    Dayana Priscila Maia Mejia2 Ps-graduao em Gerontologia Faculdade vila

    Resumo Este trabalho buscou evidenciar o mtodo Pilates como forma de condicionamento na melhoria da qualidade de vida do idoso. Teve como objetivo geral estudar os benefcios do mtodo Pilates e sua importncia na prtica da atividade fsica no processo de envelhecimento. Tendo utilizado como metodologia a reviso bibliogrfica, realizada na base virtual Scielo e Scholar google. Foram utilizados como critrios de incluso na pesquisa trabalhos, artigos cientficos de diversos autores diretamente relacionados ao envelhecimento fisiolgico, Pilates para idosos, envelhecimento fisiolgico, envelhecimento saudvel, importncia e os benefcios da atividade fsica na terceira idade, Pilates na reabilitao e preveno de doenas crnicas. Tendo apresentado como resultados que a prtica do Pilates com idosos prope melhorar a qualidade de vida do indivduo como um todo, alterando seu estado fsico, mental e social, contribuindo para o convvio dessa pessoa com demais membros da sociedade. A tcnica tem se mostrado segura, desde que bem orientada, por um profissional habilitado, pois a possibilidade de leses ou dores musculares praticamente inexistente, j que o impacto nas articulaes durante o exerccio nulo. Por ser uma atividade que no apresenta nenhum tipo de impacto s articulaes, podem se beneficiar os portadores de diversas patologias. Palavras-chave: Envelhecimento fisiolgico; Atividade fsica; Mtodo Pilates.

    1. Introduo

    O envelhecimento populacional no mundo uma realidade j presente. A estimativa para 2025 que o Brasil se torne o sexto pas do mundo com maior percentual de idosos. Assim, torna-se cada vez mais importante aprofundar conhecimentos em geriatria e a gerontologia, em aspectos que iro facilitar a promoo de sade e a reabilitao das condies clnicas patolgicas ou no, que ocorrem no processo de envelhecimento e podero, de certa forma, interferir deleteriamente na capacidade funcional do idoso, bem como comprometer seu equilbrio postural dentre outras funes (PERRACINI; FL, 2009). O envelhecimento um processo fisiolgico que no necessariamente corre paralelo idade cronolgica, apresentando considervel variao individual. O fator em comum de todas essas evidncias que todos ns estamos envelhecendo e envelhecemos a cada dia de nossa vida, acreditando que envelhecer faz parte do processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano, e ao contrrio do que a sociedade pensa, o envelhecimento est associado no somente a fatores negativos, mas tambm a uma srie de aspectos positivos que enriquecem a vida do indivduo em diversas reas. Dessa forma, o idoso no pode ser mais visto como um 1 Ps-graduanda em Gerontologia.

    2 Orientadora: Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do ensino Superior, Mestranda em Biotica e Direito

    em Sade.

  • 2

    ser que no tem mais nada a oferecer, ou associado imagem de doena, incapacidade e dependncia (MATSUDO, 2001). Envelhecimento um fenmeno fisiolgico, progressivo e inerente a todo ser humano. No entanto, ele no ser necessariamente patolgico. Patolgico, pode-se dizer que se encontra na senilidade, e que muitas vezes acompanha um envelhecimento vinculado a uma precria qualidade de vida. Nessa situao, o organismo passaria a apresentar algumas limitaes, desequilbrios no sistema motor e/ou cognitivo, comprometendo assim, o dia-a-dia do idoso. Muitas mudanas fsicas que ocorrem com a idade afetam a aparncia. Ganho de gordura generalizado, perda dos msculos, perda da estatura, m postura, pele seca, renovao mais lenta das clulas lubrificantes, pele plida devido perda de pigmentos da pele, manchas na pele muito expostas ao sol, os vasos sanguneos se tornam mais evidentes devido ao afinamento da pele e outras no sistema psicolgico e funcional. No entanto, apesar de alguns decrscimos de eficincia e capacidade fsico-motora, medida que se envelhece, no deixa de ser possvel manter um nvel relativamente alto de desempenho fsico e mental por muitos anos. Aqueles que mantm uma vida ativa de forma fsica, cognitiva e social sero sempre privilegiados (VERDERI, 2004). De acordo com os estudos de Brunelli (2009), Joseph H. Pilates desenvolveu o Mtodo Pilates com o objetivo prprio de ter uma vida saudvel, j que foi uma criana acometida por vrias doenas, como asma e raquitismo. Assim, o Mtodo Pilates foi criado na primeira guerra mundial, cujos princpios ainda hoje so inovadores. Seu criador, o alemo Joseph Humbertus Pilates que residia na Inglaterra, reabilitou vrios de seus clientes com limitaes fsicas, dores crnicas e leses baseado nos princpios de fora, flexibilidade e equilbrio (PANELLI & DE MARCO, 2006). O mtodo une corpo, mente, e esprito em movimentos naturais em duas perspectivas, oriental e ocidental. Como perspectiva oriental tem-se o alongamento, flexibilidade, concentrao, calma e percepo, e como perspectiva ocidental tem-se o movimento, tnus muscular e fora muscular. O mtodo tambm se preocupa com a eficincia e qualidade do exerccio adequando a uma respirao coordenada (GALLAGHER & KRYZANOWSKA, 2000). Esse assunto tem relevncia pelo aumento da populao idosa no mundo, que transforma a pirmide de faixa etria em um quadriltero. A constatao de que o nmero de praticantes de pilates idosos tem aumentado muito nas ltimas dcadas s vem incentivar e respaldar a necessidade do embasamento cientfico aos profissionais que atuam nessa rea (ROSA & LIMA, 2009). E tambm pelo nmero restrito de estudos na rea, de modo a verificar seus efeitos no tratamento de desordens geritricas. A prtica do Pilates surge como uma nova opo na realizao de exerccios fsicos, trazendo uma abordagem mais holstica e de valorizao da psicossomtica (corpo e mente), em busca de uma maior conscincia corporal e de uma postura mais equilibrada (COMUNELLO, 2011). Dessa forma, buscando-se solues para diminuir e/ou erradicar as disfunes que acometem os idosos a pesquisa foi delineada no sentido de buscar entender como o mtodo atua na fora, equilbrio, alongamento, estabilidade esttica e dinmica e como tudo isso pode afetar a autonomia funcional do idoso. Sabe-se que um exerccio resistido, mas tambm pode acontecer a melhora cardiorrespiratria em seus praticantes. O Pilates uma das tcnicas mais eficazes na reeducao postural e quando aplicado na populao idosa, o Pilates melhora a fora e a mobilidade, que geralmente esto alteradas devido presena de doenas degenerativas, como a artrite. O Pilates tambm auxilia na manuteno da presso arterial, alm de influenciar na calcificao ssea (COMUNELLO, 2011). O objetivo geral foi estudar os benefcios do mtodo Pilates e sua importncia na prtica da atividade fsica no processo de envelhecimento. E como objetivos especficos: avaliar como o mtodo Pilates pode atuar na fora, equilbrio, alongamento, estabilidade esttica e dinmica e como tudo isso pode afetar a autonomia funcional dos idosos; pesquisar a importncia do

  • 3

    equilbrio dinmico para contornar obstculos e estudar os efeitos sobre o estresse e as dores, entre outros.

    2. Envelhecimento fisiolgico

    Envelhecimento um fenmeno fisiolgico, progressivo e inerente a todo ser humano. No entanto, ele no ser necessariamente patolgico. Patolgico, podemos dizer que encontramos na senilidade, e que muitas vezes acompanha um envelhecimento vinculado a uma precria qualidade de vida. Nessa situao, o organismo passaria a apresentar algumas limitaes, desequilbrios no sistema motor e/ou cognitivo, comprometendo assim, o dia-a-dia do idoso. Muitas mudanas fsicas que ocorrem com a idade afetam a aparncia. Ganho de gordura generalizado, perda dos msculos, perda da estatura, m postura, pele seca, renovao mais lenta das clulas lubrificantes, pele plida devido perda de pigmentos da pele, manchas na pele muito expostas ao sol, os vasos sanguneos se tornam mais evidentes devido ao afinamento da pele e outras no sistema psicolgico e funcional. No entanto, apesar de alguns decrscimos de eficincia e capacidade fsico-motora, medida que envelhecemos, no deixa de ser possvel manter um nvel relativamente alto de desempenho fsico e mental por muitos anos. Aqueles que mantm uma vida ativa de forma fsica, cognitiva e social sero sempre privilegiados (VERDERI, 2004). A diminuio ou perda da capacidade funcional leva a incapacidade funcional, que em muitos casos consequncia das perdas associadas ao envelhecimento, mas principalmente falta ou diminuio da atividade fsica associada ao aumento da idade cronolgica, que leva perdas importantes na condio cardiovascular, fora muscular e equilbrio, que so responsveis em grande parte pelo declnio na capacidade funcional (MATSUDO, 2001). No processo de envelhecimento, a manuteno do corpo em atividade fundamental para conservar as funes vitais em bom funcionamento. A estimulao corporal favorece o melhor desempenho das atividades rotineiras. As pessoas de idade avanada ao praticarem atividades fsicas com regularidade e sob orientao mdica, quando comparadas s de vida ociosa, mostram melhor adaptao orgnica aos esforos fsicos, alm de maior resistncia s doenas e ao estresse emocional e ambiental. O corpo do idoso em movimento sinal de sade e alegria. A atividade fsica regular favorece a uma mudana comportamental, que poder proporcionar transformaes sociais (LOPES; SIEDLER, 2007). A CIF (Classificao Internacional de Funcionalidade e Incapacidade) descreve o equilbrio como uma das vrias funes do corpo humano e que compreende a interao de trs sistemas perceptivos: o vestibular, o proprioceptivo e o visual. O primeiro responsvel pelas aceleraes e desaceleraes angulares rpidas, sendo, assim, o mais importante para a manuteno da postura ereta; o proprioceptivo permite a percepo do corpo e membros no espao e s sensaes dos msculos e funes de movimento; e o visual oferece referncia para a verticalidade, por possuir duas fontes complementares de informaes: a viso, que situa o indivduo no seu ambiente e a motricidade ocular, que situa o olho na rbita atravs da coordenao ceflica (PERRACINI; FL, 2009; CRUZ et al, 2010). Com o envelhecimento, estes sistemas so afetados e vrias etapas do controle postural podem ser suprimidas, diminuindo a capacidade compensatria do sistema, e levando o idoso a um aumento de instabilidade postural. Neste contexto surge outro fator de grande relevncia epidemiolgica, econmica e social que so as quedas, e suas consequncias podendo culminar em bito, principal causa nos idosos a partir de 65 anos. Assim sendo, o conhecimento dos fatores que geram ou esto associados ao dficit de equilbrio e, consequentemente, predispem a pessoa idosa s quedas, fundamental para reduzir a frequncia delas, bem como as suas complicaes (MACIEL; GUERRA, 2005).

  • 4

    Segundo Lorda Paz (2001), a estatura diminui comeando entre os 50 e 55 anos devido compreenso das vrtebras e aos achatamentos dos discos intervertebrais, de 3 a 4 centmetros, h uma constante perda de equilbrio devido a mudanas motoras, ombros se curvam, a cabea se inclina para adiante, a curvatura dorsal acentua-se, ocorre uma flexo dos joelhos, os ossos passam de um estado consistente para um estado esponjoso, a descalcificao, que caracteriza a osteoporose. Esse processo gera progressivas modificaes morfolgicas, fisiolgicas, bioqumicas e psicolgicas que, se associadas ao aparecimento de doenas crnico degenerativas, podem acelerar o declnio funcional do indivduo idoso. Este declnio caracterizado, entre outras coisas, por imobilidade, instabilidade e comprometimento das funes neuro-musculares que, por serem relativamente freqentes na terceira idade, aumentam o risco de instabilidade postural, quedas e suas complicaes. Essas alteraes comprometem a capacidade funcional do idoso a ponto de impedir o auto-cuidado, tornando-o, muitas vezes, completamente dependente (CARVALHO; PEIXOTO; CAPELLA, 2007). Sendo assim o envelhecimento define-se como manifestaes e eventos biolgicos que ocorrem ao longo de um perodo, em ritmos diferentes para cada pessoa, representando perdas nas funes normais, sendo um processo dinmico e progressivo que determinam a perda da capacidade de adaptao do individuo ao meio ambiente, causando maior vulnerabilidade e maior incidncia de processos patolgicos que terminam por lev-lo morte. Segundo Guccione (2002), o declnio da funo fsica associado a uma atividade fsica reduzida, to comum em idosos, no descreve o envelhecimento. Os idosos tornam-se cada vez mais limitados na sua capacidade de desempenhar atividades da vida diria, devido ao equilbrio precrio, resistncia diminuda, fraqueza generalizada ou quedas repetidas.

    3. O uso do Pilates na terceira idade

    O processo de envelhecimento envolve uma srie de alteraes degenerativas, graduais e irreversveis do corpo, como, disfunes posturais, ciclo de marcha reduzido, perda de controle e estabilidade (SMITH, 2005), que levam a completa perda de funo com perda de fora muscular, flexibilidade, coordenao e memria (MATSUDO, 2000). Tais alteraes acarretam em uma considervel perda de autonomia e qualidade de vida ao idoso (HEATHCOTE, 2000; ROGATO, 2001). Um programa de exerccios especficos individualizados tem sido recomendado para maximizar seus efeitos nos idosos (MILLER, 2002; BUTLER, 1998). A perda de equilbrio (SMITH, 2005) caracterizada por reduo de controle postural, com aumento da cifose torxica (KUO, 2010; VIALLE, 2005; BOYLE, 2002; LOEBL, 1967; MILNE, 1974), especialmente em mulheres aps a menopausa (CUTLER, 1993), em situao esttico-dinmicas, com aumento risco de quedas (RODRIGUES, 2010). A manuteno da independncia fsica, psquica e social importante na preservao da autonomia funcional e qualidade de vida do idoso, fatores importantes na manuteno de habilidades motoras, preveno de quedas e melhora de qualidade de vida na populao geritrica (ROGATO, 2001; REEVES, 2004). O Mtodo Pilates vem sendo estudado como atividade fsica para idosos, por apresentar um trabalho de fora e resistncia (molas/gravidade), seguindo uma filosofia de conscincia corporal em busca da harmonia entre corpo e mente (RODRIGUES 2010). A busca por parmetros biolgicos do envelhecimento e melhora das condies de vida vem ganhando nfase na literatura mundial. Estudos demonstram que a idade um preditor negativo das foras musculares respiratrias tanto em homens quanto em mulheres idosos (SOUZA et. al. 2010).

  • 5

    Com o passar do tempo, o organismo humano sofre mudanas, que podem ser consequentes de micro traumas, de leses e de patologias que acometem o tecido, tais como: diminuio da fora muscular; diminuio da massa ssea e muscular, maior ndice de fadiga em menor tempo, diminuio do fluxo sanguneo cerebral; diminuio da flexibilidade e agilidade; diminuio da mobilidade articular e do equilbrio e da coordenao motor (SASSI et. al. 2011). A literatura aponta como vantagens do mtodo Pilates: estimular a circulao, melhorar o condicionamento fsico, a flexibilidade, o alongamento e o alinhamento postural. Pode melhorar os nveis de conscincia corporal e a coordenao motora. Tais benefcios ajudariam a prevenir leses e proporcionar um alvio de dores crnicas (SACCO et al, 2005; BLUM, 2002; MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004a; SEGAL, 2004; ANDERSON; SPECTOR, 2000; BERTOLLA et al, 2007; FERREIRA et al, 2007; KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI, 2004; APARCIO; PREZ, 2005). Segundo Joseph Pilates, os benefcios do mtodo Pilates s dependem da execuo dos exerccios com fidelidade aos seus princpios (CAMARO, 2004; MENDONA; SILVA; SACCO et al, 2005; PIRES; S, 2005; BERTOLLA et al, 2007). Busca-se promover o alongamento ou relaxamento de msculos encurtados ou tensionados demasiadamente e o fortalecimento ou aumento do tnus daqueles que esto estirados ou enfraquecidos. Portanto, diminuem-se os desequilbrios musculares que ocorrem entre agonistas e antagonistas e so responsveis por certos desvios posturais e problemas ortopdicos e reumatolgicos. Por se tratar de uma atividade que no impe desgaste articular e cujo nmero de repeties de cada exerccio reduzido, promove-se a preveno e/ou tratamento de certas patologias, especialmente as ocupacionais (RODRIGUES, 2006). Sabe-se que a tcnica Pilates apresenta muitas variaes de exerccios e pode ser realizada por pessoas que buscam alguma atividade fsica, por indivduos que apresentam alguma patologia em que a reabilitao necessria, como desordens neurolgicas, dores crnicas, problemas ortopdicos e distrbios da coluna vertebral (BLUM, 2002; KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI, 2004; VAD; MACKENZIE; ROOT, 2003; LATEY, 2001; SACCO et al, 2005; MENDONA; SILVA, sd). O equilbrio gera ajustes posturais que exigem constante adaptao da atividade muscular em todo o corpo. O movimento voluntrio acompanhado por modificaes da postura, com o objetivo de manter o equilbrio, e a orientao dos segmentos corporais (VIEL & ASENCIO, 2001). O posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, um programa de atividade fsica para a populao idosa, deve incluir condicionamento cardiorrespiratrio, endurance e fora muscular, priorizando a maximizao do contato social, reduzindo a ansiedade e a depresso que muitas vezes acometem o idoso (CASTRO et. al. 2010). A prtica de Pilates pode oferecer a maior parte do que descrito acima e adicionar efeitos positivos no equilbrio esttico de idosos, funcionando como uma ferramenta importante para a reduo do risco de quedas, comuns no processo de envelhecimento. possvel possuir a autonomia funcional melhorando fora muscular, flexibilidade, respirao, alongamento e no alivio do estresse e das dores (SIQUEIRA RODRIGUES et. al.2009). De acordo com Patricia Comunello - Fisioterapeuta (UDESC/SC). Especialista em Fisioterapia Ortopdica e Traumatolgica (IOT Passo Fundo/RS, as vantagens do mtodo Pilates so: estimular a circulao, melhorar o condicionamento fsico, a flexibilidade, o alongamento e o alinhamento postural. Pode melhorar os nveis de conscincia corporal e a coordenao motora. Tais benefcios ajudariam a prevenir leses e proporcionar um alvio de dores crnicas.

  • 6

    A guiza de informao cabe lembrar que os materiais e equipamentos utilizados na prtica do Pilates so o colchonete, bola teraputica, faixa elastica, halteres, e os aparelhos especficos do mtodo. O Mtodo Pilates pode ser feito no solo (Mat Pilates), na Bola (Pilates com bola), no rolo de Feldenkrais (Pilates com rolo) e o Pilates com aparelhos. As caractersticas fsicas da bola teraputica e dos demais materiais devem ser apropriadas para cada paciente; o tamanho da bola varia de acordo com a altura do paciente; bolas mais cheias proporcionam uma maior instabilidade do que as mais vazias; a superfcie arredondada e mvel da bola obriga a contrao constante dos msculos do corpo para manter o equilbrio, ao contrrio do colchonete que d estabilidade corporal, no exigindo a contrao constante dos msculos. Os colchonetes e bolas mais vazias so ideais para iniciantes e para deficientes severos, e bolas mais cheias para praticantes de longa data e deficincias mais leves (CAMARO, 2005).

    4. Os benefcios da atividade fsica na terceira idade

    Atualmente, est comprovado que quanto mais ativa uma pessoa menos limitaes ela tem. A prtica de regular de exerccios fsicos promove inmeros benefcios dentre eles, um dos principais a melhora da capacidade funcional. Por capacidade funcional entende-se o desempenho para a realizao das atividades do cotidiano ou atividades de vida diria (ANDEOTTI, 1999). As atividades de vida diria (AVD) podem ser classificadas por vrios ndices, que so referidas como: tomar banho, vestir-se, levantar-se e sentar-se, caminhar a uma pequena distncia; ou seja, atividades de cuidados pessoais bsicos e, as atividades instrumentais da vida diria (AIVD) como: cozinhar, limpar a casa, fazer compras, jardinagem; ou seja, atividades mais complexas da vida cotidiana (MATSUDO, 2001). Um estilo de vida fisicamente inativo pode ser causa primaria da incapacidade para realizar AVD, porm um programa de exerccios fsicos regulares pode promover mais mudanas qualitativas do que quantitativas, como por exemplo, alterao na forma de realizar o movimento, aumento na velocidade de execuo da tarefa e adoo de medidas de segurana para realizar a tarefa (ANDEOTTI, 1999). E, como benefcios psicossociais encontram-se o alivio da depresso, o aumento da autoconfiana, a melhora da auto-estima (NERI, 2001). Alm de beneficiar a capacidade funcional, o exerccio fsico promove melhora na aptido fsica. No idoso os componentes da aptido fsica sofrem um declnio que pode comprometer sua sade. A aptido fsica relacionada sade pode ser definida como a capacidade de realizar as atividades do cotidiano com vigor e energia e demonstrar menor risco de desenvolver doenas ou condies crnico degenerativas, associadas a baixos nveis de atividade fsica (NAHAS, 2001). Os componentes da aptido fsica relacionada sade e que podem ser mais influenciados pelas atividades fsicas habituais so a aptido cardiorrespiratria, a fora e resistncia muscular e a flexibilidade, por isso so os mais avaliados, sendo preditores da condio da sade. A pratica de atividade fsica tambm promove a melhora da composio corporal, a diminuio de dores articulares, o aumento da densidade mineral ssea, a melhora da utilizao da glicose, a melhora do perfil lipdico, o aumento da capacidade aerbia, a melhora de fora e de flexibilidade, a diminuio da resistncia vascular (MATSUDO, 2001). O tipo de exerccio fsico recomendado para idosos no passado era mais o aerbio pelo seu efeito no sistema cardiovascular e controle destas doenas, alm dos benefcios psicolgicos (BLUMENTHAL et al, 1982). Atualmente, estudos mostram a importncia dos exerccios envolvendo fora e flexibilidade, pela melhora e manuteno da capacidade funcional e autonomia do idoso (MATSUDO, 2001; NAHAS, 2001; OKUMA, 2002; VUORI, 1995).

  • 7

    As mudanas no bem estar e na disposio geral, a melhoria na aptido fsica e no desempenho das atividades da vida diria, as sensaes corporais agradveis, uma maior disposio, a alterao de quadros de doenas com supresso ou diminuio do uso de medicamentos, o resgate da condio de eficincia, independncia e autonomia, levando os idosos a serem novamente ativos e abertos para o mundo, devolvendo-lhes uma das possibilidades do ser, que a mortalidade primordial que predispe ao (OKUMA, 2002).

    4. Mtodo Pilates na Reabilitao e Preveno

    O mtodo Pilates foi idealizado pelo alemo Joseph Hubertus Pilates (1880-1967) durante a Primeira Guerra Mundial. Joseph apresentava grande fraqueza muscular por causa de diversas enfermidades, isto o incentivou a estudar e buscar fora muscular em exerccios diferentes dos conhecidos em sua poca. Quando Joseph se mudou para os Estados Unidos, os exerccios passaram a ser usados por bailarinos, mas a tcnica era de uso exclusivo de seu criador. Foi somente nos anos 80 que houve reconhecimento internacional da tcnica de Pilates, que na dcada de 90 ganhou popularidade no campo da reabilitao (ANDERSON, 2000; MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004). Baseando-se em princpios da cultura oriental - como ioga, artes marciais e meditao o Pilates configura-se pela tentativa do controle dos msculos envolvidos nos movimentos da forma mais consciente possvel. Os seis princpios do mtodo Pilates so: concentrao, controle, preciso, centro de fora (power house), respirao e movimento harmnico (movimento fluido/fluxo) (RODRIGUES et al, 2010; LOSS et al, 2010). Este centro de fora composto pelos msculos abdominais, glteos e paravertebrais lombares, que so responsveis pela estabilizao esttica e dinmica do corpo. Ento, durante os exerccios a expirao associada contrao do diafragma, do transverso abdominal, do multfido e dos msculos do assoalho plvico (SILVA; MANNRICH, 2009 e PIRES; S, 2005; HODGES; RICHARDSON, 1997). Os exerccios que compem o mtodo envolvem contraes isotnicas (concntricas e excntricas) e, principalmente, isomtricas, com nfase no que Joseph denominou power house (ou centro de fora) (SILVA; MANNRICH, 2009). Normalmente todos os exerccios da tcnica so realizados com poucas repeties (DOS SANTOS, 2011), sendo que os exerccios so adaptados s condies do paciente, e o aumento da dificuldade respeita as caractersticas e habilidades individuais (DOS SANTOS, 2011; SILVA; MANNRICH, 2009). Os aparelhos so dotados de um mecanismo de molas e roldanas que colocam uma maior resistncia ou facilitam a execuo de movimentos e simulam situaes rotineiras da atividade fsica (DOS SANTOS, 2011). Os aparelhos possuem duas caractersticas chaves que possibilitam o desenvolvimento de uma infinita variedade de exerccios, que so: opes de altura e de localizao para o posicionamento das molas e utilizao de molas com diferentes coeficientes de deformao, classificadas pelas suas cores, conforme o nvel de resistncia oferecida por elas (SILVA et al, 2009), podendo ento, ofertar diferentes graus de dificuldade e alcanar a posio de mximo esforo e eficincia muscular para determinado exerccio (DOS SANTOS, 2011). Visando o movimento consciente sem fadiga nem dor, a tcnica uma ferramenta teraputica eficaz no acrscimo de flexibilidade (BERTOLLA, 2007), fora (KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI, 2004), na melhora do condicionamento fsico (SILVA; MANNRICH, 2009), aprimoramento do desempenho motor e funcional (RODRIGUES et al, 2010), definio e conscincia corporal, melhora da postura (ARAJO et al, 2010) e equilbrio (DOS SANTOS, 2011). tambm utilizado para estimular a circulao sangunea, promover reeducao neuromuscular e estabilizao do complexo lombo-pelve-quadril

  • 8

    (SILVA et al, 2009). Tais benefcios ajudariam a prevenir leses e proporcionar um alvio de dores crnicas (DOS SANTOS, 2011; LOSS et al 2010). A tcnica de Pilates apresenta muitas variaes de exerccios, pode ser realizada por pessoas que buscam alguma atividade fsica entre diversas faixas etrias. Pode ser realizado por indivduos que apresentam alguma patologia ou cirurgia msculo-esqueltico onde a reabilitao necessria, e tambm por esportistas que visam melhorar sua performance (DOS SANTOS, 2011).

    5. Materiais e Mtodos

    O presente trabalho foi desenvolvido atravs de uma reviso bibliogrfica descritiva, no qual foram utilizados 30 artigos cientficos, correspondentes ao intervalo de 2000 a 2011, sendo 05 de produo internacional e 25 de origem, genuinamente, nacional. As informaes e dados obtidos nessa pesquisa foram feitos atravs de livros, revistas cientificas, artigos cientficos, e na base virtual Scielo e google empregando termos como: Pilates para idosos, envelhecimento fisiolgico, envelhecimento saudvel, importncia e os benefcios da atividade fsica na terceira idade, pilates na reabilitao e preveno de doenas crnicas. Todo material colhido foi analisado, compilado e serviu como base para elaborao do trabalho.

    6. Resultados e Discusso

    Revisando a literatura, observa-se que o Mtodo Pilates vem ganhando cada vez mais espao e notoriedade no apenas dentro das academias, como excelente meio para aprimorar o condicionamento fsico (aplicado por educadores fsicos), mas tambm dentro de clnicas e estdios especializados, como tcnica de reabilitao (somente aplicado por fisioterapeutas). Segundo o artigo temos a duas linhas de aplicao, o Pilates fitness, voltado para finalidade esttica e o reabilitacional, atuando como artifcio fisioteraputico no tratamento de patologias sseas e musculares. Alm dos maiores benefcios pelos quais o Pilates j conhecido, tais como melhora da conscincia corporal e respiratria; aumento de fora e definio muscular; alongamento e diminuio de alteraes posturais entre outros, foram observadas durante o tempo de experincia com os praticantes com mais de 60 anos, algumas vantagens que a tcnica pode proporcionar sobre outras. (REVISTAPILATES.COM.BR, 2009. Acesso em: 05.04.2013) Ainda de acordo com referidos estudos, os pontos que mais precisam ser trabalhados com esses pacientes so o equilbrio, a perda de massa muscular e ssea (no esquecendo o fator nmero principal a ser eliminado: a dor), assim os exerccios so traados para suprir essas deficincias. Para os autores, neste momento que ocorre o encaminhamento mdico ao Pilates que atuar como uma poderosa arma neste combate, tornando-se a alternativa mais completa queles que procuram amenizar e at mesmo reverter os efeitos do tempo sobre o corpo fsico. Por ser uma atividade que no apresenta nenhum tipo de impacto s articulaes, podem se beneficiar os portadores de artrose, artrite reumatide, artroplastia e discopatias degenerativas (degenerao das vrtebras e discos da coluna), osteopenia e osteoporose. A prtica contribui tambm para o fortalecimento do perneo, nas mulheres, e do assoalho plvico em ambos os sexos, favorecendo os portadores de incontinncia urinria.

  • 9

    O Pilates tambm indicado para reestabelecer o equilbrio, atravs de exerccios desafiadores restaurando as conexes responsveis pela sensao de segurana ao caminhar e realizar as atividades do dia-dia. Nos idosos, o equilbrio pode estar alterado devido a desvios posturais decorrentes da idade. Alm disso, a prtica estimula a produo e a demanda de clcio para os ossos que possam estar fragilizados, proporcionando lubrificao e aumento da amplitude dos movimentos para as articulaes acometidas, respeitando os limites e avanos de cada um dentro das aulas. Para Curi (2009), no Pilates bem orientado por um profissional habilitado, praticamente inexistente a possibilidade de leses ou dores musculares, pois o impacto zero. O pilates pretende criar hbitos saudveis que perdurem por toda a vida. Com sua prtica, as pessoas aprendem a manter uma postura correta em diversas situaes do cotidiano, como sentar, andar e agachar (MARIN, 2009). A flexibilidade a amplitude de movimento disponvel em uma articulao ou grupo de articulaes (MIRANDA; MORAIS, 2009; BERTOLLA et al, 2007; SACCO et al, 2005). a capacidade de alongamento das estruturas que compem os tecidos moles (msculos, tendes, tecido conjuntivo) atravs da amplitude de movimento articular disponvel. O msculo o maior contribuinte amplitude de movimento das articulaes (TREVISOL; SILVA, 2009). Segundo Sacco e colaboradores (2005), em pessoas com patologias, a amplitude articular pode ser agravada por processos inflamatrios, reduo da quantidade de lquido sinovial, presena de corpos estranhos na articulao e leses cartilaginosas. Dessa forma, pode haver movimentos compensatrios de outras articulaes, sendo que a limitao pode prejudicar o desempenho esportivo, laboral ou de atividades da vida diria (BERTOLLA et al, 2007; SACCO et al, 2005). A falta de flexibilidade um fator limitante ao desempenho esportivo e aumenta as chances de leses tais como as distenses musculares, porm, a flexibilidade excessiva pode provocar instabilidade articular gerando entorses articulares, osteoartrite e dores articulares (BERTOLLA et al, 2007). A promoo de maiores nveis de flexibilidade ocorre pelo emprego sistematizado de estmulos denominados alongamentos, que so solicitaes de aumento da extensibilidade do msculo e de outras estruturas, mantidas por um determinado tempo (MIRANDA; MORAIS, 2009). O alongamento categorizado baseado na forma como o movimento executado, esttica ou dinamicamente, sendo o alongamento esttico simples o meio mais popular para aumentar flexibilidade. O alongamento tambm categorizado baseado na forma como o movimento alcanado, de forma ativa ou passiva, ou se o movimento alcanado por tenso de msculo agonista ou por inrcia, gravidade, ou ambos (TREVISOL; SILVA, 2009). Vrios estudos discutem as diferentes formas de alongamento, comparando sua eficcia. No mtodo Pilates elas so realizadas concomitantemente (ativo, passivo, esttico, dinmico) e, provavelmente, seus efeitos se somam. O alongamento ativo aumenta a flexibilidade dos msculos encurtados enquanto, concomitantemente, melhora a funo dos msculos antagonistas, resultando em trauma de tecido diminudo (TREVISOL; SILVA, 2009). O estudo realizado por Segal, Hein e Basford (2004) avaliou 47 pessoas quanto flexibilidade, composio corporal e percepo de sade. Foram realizados exerccios bsicos de Pilates, uma vez por semana, durante dois meses. A flexibilidade foi avaliada pelo teste conhecido como "distncia dedo-cho, com mdia de aumento de 4,1cm. Segundo os autores, embora muitas das variveis no tenham modificado consideravelmente e devem ser alvo de mais pesquisas, o Pilates mostrou-se eficaz para o incremento da flexibilidade. Bertolla e colaboradores (2007) estudaram os efeitos de dois programas para ganho de flexibilidade em 11 atletas juvenis de futsal do Rio Grande do Sul. Para tal, utilizaram exerccios de solo do mtodo Pilates em sesses de 25 minutos com freqncia de trs vezes por semana durante quatro semanas. A anlise de flexibilidade foi feita atravs do teste no

  • 10

    banco de Wells (sentar e alcanar). Este estudo mostrou aumento significativo da flexibilidade dos atletas. Os indivduos participantes do estudo de Trevisol e Silva (2009) foram selecionados aleatoriamente no VITTALIS Studio Pilates, Joinville-SC, no perodo de maro a junho de 2006. A amostra foi composta por 18 indivduos voluntrios, do gnero feminino, com idade mdia de 26,11 5,48 anos, eram iniciantes no mtodo Pilates e no realizavam outro tipo de treinamento fsico. O objetivo foi verificar alteraes na flexibilidade aguda da musculatura isquiotibial, atravs de testes de amplitude de movimento, pr e ps-aula do mtodo Pilates. Observou-se que o mtodo foi eficaz para promover aumento agudo na flexibilidade da musculatura isquiotibial. Outro estudo verificou os efeitos do mtodo Pilates sobre a flexibilidade de 20 mulheres com idade mdia de 34 anos e que nunca haviam praticado a modalidade. Para tal, foi utilizado o Protocolo do Banco de Wells antes e aps 32 sesses. O ganho de flexibilidade obtido aps as sesses foi de 11,74cm. As alunas tambm relataram melhora aparente na postura corporal (BARRA; ARAJO, 2007). Dois casos foram estudados com o objetivo de investigar o aumento da resistncia fsica e a melhora da flexibilidade utilizando como recurso somente o mtodo Pilates. As voluntrias foram submetidas a dois testes: flexo de tronco no banco de Wells e teste de esforo em esteira. Durante o perodo de investigao, as alunas realizaram 24 aulas de forma individualizada. Na reavaliao, foi mostrado que as alunas tiveram uma melhora de 46% em relao resistncia fsica e a freqncia cardaca de ambas mostrou-se menor. Com relao flexibilidade, a mdia da melhora de 91%. Com estes fatos, evidenciam-se os benefcios propostos pelo mtodo (CURCI, 2006). A pesquisa realizada sobre os efeitos da interveno do Pilates sobre a postura e a flexibilidade em mulheres sedentrias demonstrou que, aps a realizao das 20 aulas, ocorreu uma melhora no alinhamento postural com relao ao fio de prumo, nos diversos pontos observados e um aumento na amplitude de movimento dos msculos isquiotibiais e iliopsoas (QUADROS; FURLANETTO, sd). Para avaliar a influncia do Mtodo Pilates na flexibilidade de mulheres adultas, Prado; Haas (2006) realizaram um estudo cuja amostra era composta por 10 mulheres, com idade mdia de 42,5 16,01 anos, que praticaram duas sesses semanais, num perodo de oito meses. Avaliou-se a flexibilidade de membros inferiores, superiores e tronco. Os autores concluram que a maioria das participantes mostrou-se corporalmente mais flexvel. A boa flexibilidade na coluna lombar, bem como, na musculatura isquiotibial parece estar associada menor incidncia de leses lombares crnicas. As restries impostas por estes encurtamentos podem resultar em leses msculo-esquelticas e dificuldades nas atividades de vida diria (ROSA; LIMA, 2009; QUADROS; FURLANETTO, sd). A incapacidade de estabilizao da coluna vertebral causada pelo desequilbrio entre a funo dos msculos extensores e flexores do tronco outro forte indcio para o desenvolvimento de distrbios da coluna lombar (KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI, 2004). Kolyniak, Cavalcanti e Aoki (2004) avaliaram o efeito do Mtodo Pilates sobre a funo de extensores e flexores do tronco de 20 pessoas com habilidade para executar os exerccios do nvel intermedirio-avanado, que completaram 25 sesses, com durao de 45 minutos, durante 12 semanas. Constataram que o Mtodo Pilates mostrou-se uma eficiente ferramenta para o fortalecimento da musculatura extensora do tronco, atenuando o desequilbrio entre esses grupos musculares. Em outro estudo, pacientes que apresentavam lombalgia foram divididos em dois grupos, um realizava exerccios do mtodo Pilates e o outro, exerccios convencionais; sendo monitorada a intensidade da dor e o escore de disfuno atravs de um questionrio. Aps o tratamento, a intensidade da dor era menor no grupo que realizou Pilates, levando os autores a concluir que

  • 11

    os exerccios baseados no Pilates so mais eficazes que os usualmente utilizados no tratamento da lombalgia (RYDEARD; LEGER; SMITH, 2006). Um estudo experimental avaliou a eficcia do mtodo Pilates para o alvio de dor lombar em pacientes com protuso discal (VAD; MACKENZIE; ROOT, 2003). Participaram 50 sujeitos divididos em dois grupos: um realizou os exerccios do mtodo Pilates e Yoga medicinal fazendo uso de medicamentos analgsicos e o outro somente realizou tratamento medicamentoso. Observou-se que um programa de exerccios, bem elaborado, para pacientes com problemas em discos intervertebrais pode diminuir a protuso no disco, enquanto restaura a flexibilidade, fora, endurance, estabilidade e postura, com resultados superiores ao tratamento medicamentoso e com menor recorrncia da dor lombar. Em um estudo de caso, Blum (2002) utilizou o mtodo Pilates e a quiropraxia para tratar um adulto com escoliose severa. Os resultados demonstraram que a aplicao do Pilates em paciente com escoliose idioptica uma ferramenta eficaz no combate progresso da escoliose, que apresentou melhora na funo e diminuio da dor. Para a reeducao postural algumas tcnicas baseadas na cinesioterapia so utilizadas, entre elas o mtodo Pilates (SACCO et al, 2005; BLUM, 2002; KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI, 2004; SEGAL; HEIN; BASFORD, 2004; MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004a; LANGE et al, 2000). Gmez e Garca (2009) afirmam que o Pilates uma das tcnicas mais eficazes na reeducao postural. A postura corporal estabelecida por estruturas msculo-esquelticas que interagem entre si durante toda a vida; em longo prazo, estas podem evoluir para processos crnicos que causam dor e podem limitar o indivduo para a prtica de atividade fsica e laboral (QUADROS; FURLANETTO, sd; MENDONA; SILVA, sd). Viti e Lucareli (sd) realizaram uma avaliao postural, antes e aps um programa de 75 horas/aulas do mtodo Pilates, envolvendo 12 fisioterapeutas e educadores fsicos, com idade entre 23 e 45 anos. As aulas eram realizadas em dias alternados com durao de 55 minutos. Os resultados mostraram que no houve mudana significativa na postura dos indivduos avaliados. Os autores justificaram tais resultados pelo fato das atividades serem em grupo, sugerindo que os exerccios fossem individualizados e tambm porque as formaes acadmicas j haviam construdo um esquema de conscincia corporal e os exerccios bsicos tornaram-se muito fceis para os praticantes. Outra pesquisa verificou os efeitos do Mtodo Pilates no alinhamento postural de cinco indivduos com idade entre 50 e 66 anos. Foram 36 aulas com 1 hora de durao realizadas 3 vezes por semana. Ao final do trabalho, observou-se que o alinhamento postural de vrias partes do corpo apresentou uma ligeira melhora e as dores apresentaram uma diminuio considervel (NUNES et al, 2008). Nos estudos de Curi (2009), a amostra foi composta 100% por mulheres com mais de 65 anos, estas com idades entre 65 a 74 anos. Aps um perodo de doze semanas de treinamento, houve uma diminuio significativa do tempo para a realizao das atividades de vida diria dos idosos. Quando aplicado na populao idosa, o Pilates melhora a fora e a mobilidade, que geralmente esto alteradas devido presena de doenas degenerativas, como a artrite. O Pilates tambm auxilia na manuteno da presso arterial, alm de influenciar na calcificao ssea. Estes benefcios foram encontrados por Kopitzke (2007), que atravs da aplicao do mtodo, aliada ao uso de medicao apropriada, conseguiu alterar o diagnstico de uma paciente de osteoporose para osteopenia, aps um ano de tratamento. Outra indicao para o uso do Pilates como forma de reabilitao foi pesquisada por Levine e colaboradores (2007). Segundo este estudo, o Pilates pode ser usado tanto no perodo pr-operatrio quanto no ps-operatrio de artroplastia de quadril e joelho. No pr-operatrio, o mtodo ajuda a aumentar fora, mobilidade e amplitude de movimento da articulao

  • 12

    acometida e das adjacentes, maximizando a funo e a flexibilidade. Aps artroplastia total de quadril ou joelho, o mtodo foi utilizado com os mesmos objetivos do perodo pr-operatrio. De acordo com o estudo, o Pilates foi eficaz nessa populao por permitir exerccios precoces e que respeitassem os limites de movimentao, como tambm auxiliar no aumento de resistncia dos msculos adjacentes. Nos pacientes que foram submetidos artroplastia total do quadril, os autores aconselham que a flexo de quadril seja limitada a 90, a aduo no ultrapasse a linha mediana e a rotao interna seja mnima.

    7. Concluso

    Assim, com base na reviso da literatura, pode-se afirmar que ser idoso no sinnimo de estar doente. Atualmente, podem ser encontradas diversas pessoas desfrutando dos benefcios que a idade traz: a experincia e o amor-prprio so alguns desses. Um idoso que se dispe a praticar atividades fsicas deve saber, mesmo que empiricamente, o bem e o favor que est fazendo a si mesmo. Contudo, observa-se que o processo de envelhecimento envolve uma srie de alteraes degenerativas, graduais e irreversveis do corpo, como disfunes posturais, ciclo de marcha reduzida, perda do controle e estabilidade que levam perda de funo, fora muscular, flexibilidade, coordenao e memria. Tais alteraes levam o idoso a perder autonomia e qualidade de vida. O Mtodo Pilates pode ser uma ferramenta de alta valia, poderosa e eficaz para o fisioterapeuta na reabilitao de pacientes, apresentando benefcios variados, quando aplicado de acordo com seus princpios, tendo poucas contra-indicaes, alm do seu uso voltado ao fitness. A maioria das contra-indicaes no impede a aplicao do mtodo, apenas exige algumas alteraes e cuidados, enfatizando que o mtodo seja individualizado. As indicaes so muitas e variadas, podendo ser aplicado em populaes especiais como gestantes, idosos e atletas - e tambm em vrios problemas ortopdicos. Segundo diversos estudos, os resultados do Mtodo Pilates, no que compete ao tratamento de desvios posturais e distrbios osteomioligamentares, tm sido satisfatrios. Dessa forma, a prtica do Pilates com idosos prope melhorar a qualidade de vida do indivduo como um todo, alterando seu estado fsico, mental e social, contribuindo para o convvio dessa pessoa com demais membros da sociedade. A tcnica tem se mostrado segura, desde que bem orientada, por um profissional habilitado, pois a possibilidade de leses ou dores musculares praticamente inexistente, j que o impacto nas articulaes durante o exerccio nulo. Por ser uma atividade que no apresenta nenhum tipo de impacto s articulaes, podem se beneficiar os portadores de artrose, artrite reumatide, artroplastia e discopatias degenerativas (degenerao das vrtebras e discos da coluna), osteopenia e osteoporose. A prtica contribui tambm para o fortalecimento do perneo, nas mulheres, e do assoalho plvico em ambos os sexos, favorecendo os portadores de incontinncia urinria. O Pilates tambm indicado para reestabelecer o equilbrio, atravs de exerccios desafiadores restaurando as conexes responsveis pela sensao de segurana ao caminhar e realizar as atividades do dia-dia. Nos idosos, o equilbrio pode estar alterado devido a desvios posturais decorrentes da idade. Alm disso, a prtica estimula a produo e a demanda de clcio para os ossos que possam estar fragilizados, proporcionando lubrificao e aumento da amplitude dos movimentos para as articulaes acometidas, respeitando os limites e avanos de cada um dentro das aulas. O Pilates ainda pode trazer diversos benefcios para os praticantes da terceira idade. O mtodo garante o aumento da densidade ssea; libera a tenso das articulaes, deixando-as mais mveis e flexveis; aumentando a capacidade respiratria e cardiovascular; melhorando a

  • 13

    postura, evitando possveis leses de coluna; e desenvolvendo o corpo e os msculos, diminuindo a fadiga do dia a dia. Porm, ainda h carncia de estudos sobre a utilizao do mtodo, em diferentes aplicaes, sendo necessria maior nfase em pesquisas na rea, utilizando amostras maiores. Assim, parafraseando Blum (2002) pode-se dizer que o mtodo Pilates de condicionamento fsico est apto a proporcionar satisfao total aos praticantes da terceira idade que desejam obter uma melhor qualidade de vida, aproveitando ao mximo seu corpo e a plenitude de sua sade.

    8 Referencias

    ANDERSON BD, SPECTOR A. Introductions to pilates-based rehabilitation. Orth Phys Ther Clin. North Am. 2000.

    ARAJO, M. E. A; DA SILVA, E B; VIEIRA, P. C.; CADER, S. A; MELLO, D. B; DANTAS, E. H. M. Reduo da dor crnica associada escoliose no estrutural, em universitrias submetidas ao mtodo Pilates. Motriz: Revista de Educao Fsica, Rio Claro. 2010.

    ACHOUR JUNIOR, A. Exerccios de alongamento Manole Editora, So Paulo, SP, 2006.

    ASENCIO, Grard; VIEL, Eric. A marcha humana, a corrida e o salto, biomecnica, investigaes, normas e disfunes. So Paulo: Manole, 2001.

    BERTOLLA, F; BARONI, B. M.; JUNIOR, E. C. P. L; OLTRAMARI, J. D. Efeito de um programa de treinamento utilizando o mtodo Pilates na flexibilidade de atletas juvenis de futsal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 13. n. 4. jul/ago, 2007 BRUNELLI, ANE R. Os efeitos do mtodo Pilates no equilbrio e na marcha de pacientes com acidente vascular enceflico (AVE). Monografia apresentada a Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, 2009.

    CAMARO, T. C. Pilates com bola no Brasil: corpo definido e bem estar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 207 p.

    ______. Pilates no Brasil Editora Alegro - Rio de Janeiro RJ, 2004.

    CARVALHO, G. A; PEIXOTO, N. M; CAPELLA, P. D. Anlise comparativa da avaliao funcional do paciente geritrico institucionalizado por meio dos protocolos de Katz e Tinetti. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 12 - N 114 - Novembro de 2007.

    CRAIG C. Pilates com a bola. 2 ed. So Paulo: Phorte; 2004.

    CRUZ, A. O.; MELO, E. M. de; MELO S. I. L. Anlise Biomecnica do Equilbrio do Idoso. Acta Ortop. Bras., 2010.

    CURI, V.S. A Influncia do mtodo Pilates nas Atividades de Vida Diria de Idosas. Porto Alegre. 2009. Disponvel em http://www.inovefit.com.br/admin/artigos/3.pdf. Acesso: 05.04.2013.

    DOS SANTOS, J. L. R. Pilates aprimorando o equilbrio em idosos: Reviso Integrativa. Revista Portal de Divulgao, 2011.

    GALLAGHER, S P; KRYZANOWSKA, R. O Mtodo Pilates de condicionamento Fsico. 3 ed. So Paulo: Ed. Daninger Penna, 2000.

    GUCCIONE, Andrew A. Fisioterapia Geritrica. 2 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. HODGES P.W, RICHARDSON C.A. Contraction of the abdominal muscles associated with movement of the lower limb. Phys Ther. 2007. KOLYNIAK, I. E. G. G; CAVALCANTI, S. M. de B; AOKI, M. S. Avaliao isocintica da musculatura envolvida na flexo e extenso do tronco: efeito do mtodo Pilates. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 10, n. 6, nov/dez, 2004

    KLOUBEC, J. A. Pilates for Improvement of Muscle Endurance, Flexibilty, Balance and Posture. Journal of Strenght and Conditioning Research. 2010.

  • 14

    LANGE C, UNNITHAN V, LARKAM E, LATTA P. Maximizing the benefits of Pilates-inspired exercise for learning functional motor skills. Journal of bodywork and Movement Therapies. 2000. LOPES, M. A; SIEDLER, M. J. Atividade Fsica: agente de transformao dos idosos. Texto & Contexto A Enfermagem e o Envelhecer Humano. Florianpolis, 2007.

    LORDA PAZ, C. R. Educao Fsica e recreao para a terceira idade. Porto Alegre, RS: Sagra, 2000. LOSS, J. F.; MELO, M. O.; ROSA, C H.; LA TORRE, M.; SILVA, Yumie O. Atividade eltrica dos msculos oblquos externos e multfidos durante o exerccio de flexoextenso do quadril realizado no Cadillac com diferentes regulagens de mola e posies do indivduo. Revista Brasileira de Fisioterapia, So Carlos, 2010. MACIEL, A. C. C.; GUERRA, R., O. Prevalncia de fatores associados ao dficit de equilbrio em idosos. R. Bras. Ci e Mov., 2005.

    MATSUDO, S. M. M. Envelhecimento e atividade fsica. Londrina: Midiograf, 2001. MUSCOLINO, JE, CIPRIANI, S. Pilates and the powerhouse Part 1. J Body Mov Ther. 2004.

    PANELLI, C; DE MARCO, A. Mtodo pilates de condicionamento do corpo: um programa para toda vida. So Paulo: Phorte, 2006. 158 p. PERRACINI, M R; FL, C. M. Funcionalidade e Envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. PIRES D, S CKC. Pilates: notas sobre aspectos histricos, princpios, tcnicas e aplicaes. Revista Digital. 2005.

    RODRIGUES, B. G. DE S; CADER, S. A; TORRES, N. V. O. B.; OLIVEIRA, E. M.; DANTAS, E. H. M.. Autonomia funcional de idosas praticantes de Pilates. Revista Fisioterapia e Pesquisa, So Paulo, 2010.

    SACCO, I. C. N. et al. Mtodo Pilates em revista: aspectos biomecnicos de movimentos especficos para reestruturao postural - Estudos de caso. R. bras. Ci e Mov. 2005.

    SILVA, T. C. L. G; MANNRICH, G. Pilates na Reabilitao: uma reviso sistemtica. Revista Fisioterapia em Movimento. Curitiba, v. 22, n. 3, p. 449-455, jul/set, 2009 SILVA Y; MELO M; GOMES L; BONEZI A, L JF. Anlise da resistncia externa e da atividade eletromiogrfica do movimento de extenso do quadril realizado segundo o mtodo Pilates. Revista Brasileira de Fisioterapia, So Carlos, 2009.

    VERDERI, E. Educao postural e qualidade de vida. Lecturas Educcion Fsica y Deportes. Revista digital, 2002.