10 13 Batepapo.com Artigo Dr. José Sérgio Franco faz ... · Dr. José Sérgio Franco faz uma...
Transcript of 10 13 Batepapo.com Artigo Dr. José Sérgio Franco faz ... · Dr. José Sérgio Franco faz uma...
1
Artigo Ortopedista do MSF conta a rotina nas áreas de conflito do Afeganistão e do Haiti
Batepapo.com Dr. José Sérgio Franco faz uma análise sobre a ortopedia brasileira e internacional
10 13
2 3
“Devemos usar o tempo sensatamente e entender que
o momento é sempre adequado para fazer o bem”.
Começo este texto com uma frase de Nelson Mandela para
expressar minha satisfação em ter a SBOT-RJ representada
na Ação Global, um projeto do SESI e da Rede Globo que
presta serviços gratuitos à população carente.
Ainda com o objetivo de nos aproximar cada vez mais
da sociedade, lançamos a campanha “Cuida do que te
sustenta”, que alerta para os cuidados básicos com a saúde
dos ossos desde a infância até a terceira idade.
Alinhados com o pensamento de que as questões
relacionadas à defesa profissional são de grande relevância
na prática cotidiana do ortopedista, realizamos a primeira
pesquisa da Regional Rio para identificar as demandas da
nossa classe. Parte do material colhido está explanado em
um infográfico disponível nas páginas 18 e 19.
Realizamos também, no primeiro semestre deste ano, o IV
Congresso de Ortopedia e Traumatologia em parceria com
a ABMM. Foram 13 horas de intercâmbio de conhecimento
com a participação de 50 palestrantes, incluindo o Dr.
Antonio Marttos, da Universidade de Miami.
Para enriquecer a publicação com conteúdo diferenciado,
apresentamos um artigo escrito pelo Dr. João Paris Buarque de
Hollanda, que trabalhou na organização humanitária Médicos
Sem Fronteiras em duas ocasiões, em 2013, no Afeganistão,
e em 2015, no Haiti, e divide conosco essas experiências.
Boa leitura!
Marcos Giordano
Presidente SBOT-RJ
SUMÁRIOCEC SBOT-RJ 05
CET SBOT-RJ 08
BATEPAPO.COM 10
ARTIGO - MÉDICOS SEM FRONTEIRAS 13
AÇÃO GLOBAL 14
CAMPANHA - CUIDA DO QUE TE SUSTENTA 16
PESQUISA 18
PEDRA NO SAPATO 24
O QUE VI DA ORTOPEDIA 27
ARTIGO RIO 2016 30
SBOT RIO CULTURAL 33
Diretoria 2016
Presidente: Marcos Noberto Giordano
1º Vice-Presidente: José Paulo Gabbi Aramburu Filho
2º Vice Presidente: Carlos Alberto Araújo Neto
1º Secretário: Tito Henrique de Noronha Rocha
2º Secretário: Carlos Eduardo Franklin
3º Secretário: Pedro José Labronici
4º Secretário: Luis Marcelo de Azevedo Malta
1º Tesoureiro: Alexandre Bustamante Pallottino
2º Tesoureiro: Marcos Britto da Silva
3º Tesoureiro: Marcelo Erthal Moreira
4º Tesoureiro: Pedro Henrique Mendes
ExpedienteCONSELHO EDITORIAL: DR. MARCOS GIORDANO E DR. VINCENZO GIORDANO;
COORDENAÇÃO EDITORIAL: JINX° COMUNICAÇÃO;
REDAÇÃO: NATASHA DIAS; EDIÇÃO E REVISÃO: MARIANA ABRAHÃO; DIREÇÃO DE CRIAÇÃO: GUILHERME MONTEIRO;
FOTOS: WLADMIR WONG E BRUNO RODRIGUES IMPRESSÃO: WALPRINT GRÁFICA EDITORA.
4 5
Baseado em temas específicos de cirurgia do
joelho, o Programa de Educação Continuada
(PEC) da SBOT reuniu 40 especialistas na sede da
Regional Rio no dia 11 de junho.
Coordenadas pelo Dr. Roberto Sobania, presidente
da Comissão de Educação Continuada (CEC) da
SBOT, as aulas foram ministradas pelos Drs. Marcus
Luzo (SP), presidente da Sociedade Brasileira
de Cirurgia do Joelho, Rodrigo Pires Alves Costa
(RJ), e José Paulo Gabbi (RJ), presidente da
CEC SBOT-RJ, que dissertaram sobre Artroplastia
Total do Joelho (ATJ), tratamento cirúrgico da
lesão meniscal, osteotomias para tratamento da
doença articular degenerativa do joelho, e LCA da
embriologia à reconstrução.
"Essa reunião científica tem o objetivo de aprimorar
as práticas, a qualificação dos médicos e,
consequentemente, a melhoria dos serviços que
beneficiam, em última instância, a população",
destaca o presidente da CEC, ressaltando que
o projeto leva em conta a rápida evolução da
ortopedia, fruto das pesquisas e técnicas que se
desenvolvem no mundo inteiro, que exige constante
atualização dos especialistas.
Para o presidente da CEC SBOT-RJ, a troca
de informação científica entre os participantes
é fundamental para que os especialistas
absorvam efetivamente os novos conhecimentos.
Rio sediou PEC da nacionalReunião científica primou pelo debate da evolução técnica da especialidade.
5
"
"
O projeto leva em conta a rápida evolução da ortopedia, que exige constante atualização dos especialistas.Dr. Roberto Sobania Presidente da Comissão de Educação Continuada da SBOT
"Desenvolvemos um curso priorizando o debate,
onde a opinião e as dúvidas da plateia foram
discutidas com os palestrantes. Este modelo é
muito proveitoso, pois possibilita o envolvimento
de todos na discussão e o intercâmbio efetivo
de experiências”, destaca Dr. Jose Paulo Gabbi.
O PEC Regionais, promovido pela SBOT em
diversas regiões do Brasil com a parceria da
Baumer, complementa a grade científica destinada
à educação médica continuada dos membros da
Regional Rio, que é desenvolvida pela CEC SBOT-
RJ ao longo do ano com abordagens diversas
como lesões da coluna cervical, cirurgia de pé e
tornozelo, dentre outras.
CEC
NEOGEN ARSistema de Hastes Intramedulares
Possibilita melhor técnica percutânea e melhor prevenção de desgaste de tecido.
A haste dispõe de tamanhos e geometrias espe-cialmente adaptados para melhor interação com o fêmur.
Estabilidade angular e axial alcançada com um único elemento.
A lâmina helicoidal reduz a quantidade de remo-ção óssea em comparação ao parafuso de quadril tradicional.
www.taimin.com.br
DISTRIBUIDORA RIO DE JANEIROwww.zeiki.com.br
Av. das Américas, 7899 - Sala 313 Barra da Tijuca-RJTel: (21) 3613-1616 I Fax: (21) 3613-1699
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
anuncio_revista_borj.pdf 1 01/06/16 18:18
6 7
Congresso SBOT-RJ e ABMM destacou evolução tecnológica.
76
Em sua quarta edição, o evento científico da
Academia Brasileira de Medicina Militar (ABMM)
em conjunto com a SBOT-RJ propôs uma
abordagem diferente para o tratamento do trauma.
Além de debaterem técnicas e abordagens
tradicionais, 145 especialistas receberam o Dr.
Antonio Marttos, referência em Telemedicina no
Ryder Trauma Center, em Miami (Flórida-EUA),
que discorreu sobre o tema "Atendimento às
emergências em grandes eventos esportivos: o
papel das entidades civis e militares", conteúdo
de extrema relevância no ano em que a cidade do
Rio sedia os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
O evento aconteceu no Hospital Central do
Exército (HCE), em junho desse ano, e abordou
temas relevantes como lesão de tendão do
calcâneo, perda óssea por PAF de grande energia,
luxação acromioclavicular, lesão multiligamentar
do joelho, fratura do escafoide e revisão de ATQ
com defeito acetabular. Cinquenta palestrantes
foram responsáveis por 13 horas consecutivas
de atividades científicas com a participação de
representantes de diversos hospitais militares e
órgãos de saúde, além de profissionais de várias
instituições civis.
Com o apoio da Diretoria de Saúde do Exército,
da Marinha e da Aeronáutica; e das Diretorias
de Saúde da Polícia Militar, do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
e de 12 empresas parceiras, a coordenação
do evento empenhou-se no aperfeiçoamento
técnico-científico da especialidade por meio de
experiências integradas de profissionais das
unidades de saúde civis e militares.
"
TELEMEDICINA EM AÇÃO
"
"
"
A realização deste evento vai muito além de somente atender a família militar. O nosso papel é também social, pois temos em nossos hospitais a responsabilidade de formar muitos especialistas para depois entregá-los à sociedade civil. É uma oportunidade para que possamos interagir e nos capacitar cada vez mais.
"
A ABMM tem a missão de incentivar o estudo e a pesquisa das ciências médicas em seus múltiplos aspectos e cooperar com as Autoridades Militares e os Poderes Públicos como órgão técnico de Medicina em tudo que estiver relacionado com a profissão e o interesse público. Por isso, a importância de realizar eventos como este. É nosso dever promover a busca pelo conhecimento e atualização.
Contra-Almirante (RM1-Md) Manoel de Almeida Moreira Filho Presidente da ABMM. "
Capitão Med. Aer. Marcos Noberto GiordanoPresidente da SBOT-RJ.
Eu não consigo enxergar um grande hospital no porte do HCE sem uma programação de ensino acoplada à atividade assistencial. A realização deste congresso reforça o que praticamos no dia a dia, fomenta o trabalho técnico e estimula o profissional a se aperfeiçoar. A atividade médica é uma profissão que exige estudo diário.
General de Brigada Med. Alexandre Falcão Corrêa Diretor do HCE
Mesa de abertura do Congresso.
Dr. Marcos Giordano (centro) rodeado pelo corpo de saúde da HFAG.
76
8 9
CET
9
O empenho da Comissão de Ensino e Treinamento
(CET) da SBOT-RJ em aprimorar a cada ano a
grade científica destinada aos residentes tem
garantido quórum expressivo em suas atividades.
Nos quatro primeiros módulos do ano do
OrtoCurso (trauma; joelho; ombro e cotovelo;
mão e punho), curso preparatório para o TEOT,
foram registradas 600 inscrições, uma média de
150 residentes por edição, com um total de 64
instrutores - especialistas de diversos serviços de
ortopedia e traumatologia de distintos hospitais e
unidades de saúde do Brasil.
Além de residentes do Rio, a CET tem registrado a
presença de médicos de outros estados que vêm
em busca de treinamento qualificado para o exame,
como é o caso Dr. Halyston Pinho, residente do
terceiro ano do Hospital Nossa Senhora do Pari,
em São Paulo: “Sempre escutei falar muito bem
do OrtoCurso, e estou procurando me preparar
melhor para o exame da especialidade. Por isso
tenho acompanhado todos os módulos e pretendo
não perder nenhum”, enfatizou o R3.
Voltado para médicos residentes e preceptores do
Estado, a SBOT-RJ está promovendo, desde maio,
o Curso Prático de Introdução à Pesquisa Clínica.
A iniciativa é uma parceria com o Instituto Brasil de
Tecnologia da Saúde (IBTS) e conta com o apoio
da TH Chan Harvard School of Public Health.
Para incentivar a pesquisa e o aprimoramento, a
coordenação premiará o aluno que tiver o melhor
desempenho durante as aulas com uma bolsa de
50% do valor do curso à distância Principles and
Practice in Clinical Research de Harvard School of
Public Health, previsto para 2017.
“Identificamos que a ortopedia do Rio de Janeiro
possui muitas mentes brilhantes. Entretanto, um
dos maiores obstáculos é a orientação de como
fazer as ideias se transformarem em estudos
com qualidade suficiente para serem aceitos em
publicações ou apresentações em congressos.
Por isso, organizamos um curso com o passo a
passo de uma boa pesquisa clínica”, explica o Dr.
Leonardo Metsavaht, presidente do IBTS.
As aulas contam com a participação dos Drs. João
Matheus Guimarães (INTO), João Maurício Barretto
(INTO), Leonardo Metsavaht (IBTS), Liszt Palmeira
de Oliveira (IBTS/UERJ), Marcos Giordano (HFAG)
e Ronir Raggio (UFRJ).
CURSO DE PESQUISA CLÍNICA TEOT EM FOCOParceria entre SBOT-RJ e IBTS oferece novas oportunidades. CET SBOT-RJ aprimora
programa científico e garante alta frequência dos residentes.
É RESIDENTE? ACOMPANHE TODA A PROGRAMAÇÃO DA SBOT-RJ EM NOSSO BLOG:ORTOBLOGRIO.BLOGSPOT.COM.BR
Apresentar os conceitos básicos de metodologia
científica em pesquisa clínica moderna, desenvolver
um senso crítico mais aguçado e instruir para que
estudos possam se desdobrar em apresentações
e publicações relevantes para a ciência e para a
sociedade são apenas alguns dos objetivos do curso.
“Existem algumas coisas que são indissociáveis
à prática médica. Uma delas é a produção de
conhecimento através de pesquisas, e essa é uma
grande deficiência nas faculdades de medicina do
Brasil. Entendendo isso, idealizamos este curso
com um corpo docente de primeira linha para fazer
com que o Rio de Janeiro volte a produzir ciência e
se destaque no cenário nacional”, considera o Dr.
Marcos Giordano, presidente da SBOT-RJ.
"
"
Existem algumas coisas que são indissociáveis à prática médica. Uma delas é a produção de conhecimento através de pesquisas.
Dr. Marcos GiordanoPresidente da SBOT-RJ
""
A CET da Regional Rio tem hoje um grupo muito coeso, inclusivo e com ideias plurais.Dr. Rodrigo RodartePresidente da CET SBOT-RJ
“Buscamos oferecer aos residentes um programa
científico que contemple todos os temas
abordados no exame de obtenção do TEOT. A
CET da Regional Rio tem hoje um grupo muito
coeso, inclusivo e com ideias plurais. Oferecemos
também aulas com especialistas de outros
estados brasileiros para que o intercâmbio de
conhecimento seja ainda maior”, garante Dr.
Rodrigo Rodarte, presidente da CET SBOT-RJ.
Residentes no primeiro módulo do OrtoCurso 2016.
8
10 11
Dr. José Sérgio Francobatepapo.com
"
"Presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da SBOT e da Sociedade Latino Americana de Ortopedia
e Traumatologia (SLAOT), Dr. José Sérgio Franco é também representante do Brasil na Société Internationale
de Chirurgie Orthopédique et de Traumatologie (SICOT), da American Academy of Orthopaedic Surgeons e
da American Trauma Society. Neste bate-papo informal, o especialista que há décadas fomenta a educação
médica em diversos países, faz uma análise sobre a ortopedia no Brasil e avalia o intercâmbio de conhecimento
possível pela internet.
1. Como o senhor analisa a ortopedia brasileira hoje?
A ortopedia brasileira segue o nível da especialidade em países desenvolvidos. Em 1990, por exemplo, nós
realizamos um congresso da SBOT em Miami, junto com a American Association of Orthopaedic Surgeons (AAOS),
onde mais de 100 brasileiros apresentaram seus trabalhos. Em 2014, realizamos o Congresso Mundial de Ortopedia
da Société Internationale de Chirurgie Orthopédique et de Traumatologie (SICOT), no Rio de Janeiro. Esse foi o
maior congresso da SBOT e da SICOT, com 6 mil inscritos. Os especialistas puderam discutir o que era feito no
Brasil e o que era feito no exterior, e pudemos perceber que estamos em
igualdade de conhecimento com os grandes centros internacionais.
2. Como está a SBOT, se comparada às sociedades de outros países?
Na América Latina, a SBOT é muito forte e está na liderança. Como presidente
da Sociedade Latino Americana de Ortopedia e Traumatologia (SLAOT), no
biênio 2013 - 2014, levamos conhecimento para os países mais necessitados.
Fizemos cursos, jornadas e congressos com o objetivo de melhorar a ortopedia
nesses locais. O que tem ajudado bastante em relação ao desenvolvimento
da ortopedia em outros países são os cursos da American Association of
Orthopaedic Surgeons (AAOS), que promovem o trauma em todos os países
latino-americanos.
3. Qual é o papel da Comissão de Assuntos Internacionais?
A função desta comissão é fazer uma maior integração da SBOT com outros
países. A Sociedade Brasileira de Ortopedia é a mais organizada da América
Latina. Um exemplo disto é o exame para obtenção do Título de Especialista
em Ortopedia e Traumatologia (TEOT), reconhecido na América Latina e em
países da Europa como um modelo a ser seguido.
José Sérgio FrancoPresidente da Comissão de Assuntos Internacionais da SBOT
ENTR
EVIS
TA
10
Veja esta entrevista em vídeo na edição on-line do BORJ.www.sbotrj.com.br
4. A qualidade do exame de obtenção do TEOT da SBOT faz o Brasil se destacar?
Representantes das sociedades de outros países vêm ao Brasil assistir e aprender como o nosso concurso
funciona. Consequentemente, essa exigência muito grande no exame obriga o médico residente a estudar e
se preparar para ser um bom profissional, além de fazer com que o serviço onde o residente é treinado seja de
excelente nível. Temos centenas de serviços credenciados e titulamos cerca de 600 médicos com preparação
e conhecimento para tratar melhor os nossos pacientes.
5. O que a Comissão de Assuntos Internacionais agrega para a SBOT?
Para mim, como presidente, é uma continuação do que eu já estava desenvolvendo quando era presidente da
Sociedade Ortopédica dos Países de Língua Portuguesa (SOLP), no biênio 2010 - 2011. Neste período, levamos
cursos para países da África como Moçambique, Angola e Cabo Verde. É importante lembrar o seguinte: os
Estados Unidos querem influenciar o mundo inteiro, não só no poder, mas também no conhecimento e âmbito
científica, e o Brasil precisa pensar mais nessa direção. Nós temos que influenciar cientificamente os países
vizinhos, pois isso traz benefícios. Os grandes talentos não querem morar nos Estados Unidos? Então, a gente
tem que mudar isso. Temos que fazer com que os grandes talentos queiram vir também para o Brasil, para
aprender, levar conhecimento e eventualmente queiram ficar aqui. Nós estamos perdendo muitos talentos hoje
para o exterior. O grande objetivo é o intercâmbio: levar e trazer conhecimento, e mostrar que a ortopedia
brasileira é muito boa.
6. E qual é a importância desse intercâmbio de conhecimento?
A medicina saiu dos livros para a internet. A transmissão da informação é muito veloz, mas a maioria não tem
valor científico. Atualmente, temos a oportunidade de obter informações mais seguras, que realmente tenham
valor científico e que tenham a finalidade de atender bem o paciente. Esse intercâmbio significa, no fundo,
contatos. Hoje, por exemplo, se eu tenho um caso complicado, envio para um grupo de amigos de várias partes
do mundo e em poucas horas consigo capitar informações pertinentes ao que preciso.
12 13
Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que oferece cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias, como conflitos armados, epidemias, desastres naturais, desnutrição e exclusão do acesso a cuidados de saúde. A Ortopedia atua basicamente nas áreas de conflito, sendo que os locais de atuação variam de acordo com o desenrolar dos conflitos em cada região.
Tive a oportunidade de trabalhar com o Médicos Sem Fronteiras em duas ocasiões, primeiro em 2013, em Kunduz, no Afeganistão, e posteriormente em 2015, no Haiti. O hospital de Kunduz teve que ser fechado depois que foi destruído num bombardeio efetuado por forças militares dos Estados Unidos em 2015, e o projeto no Haiti continua funcionando.
O hospital no Haiti está localizado em Tabarre, bairro da capital Porto Príncipe. Os principais motivos de entrada são os acidentes de trânsito e vítimas de violência. Boa parte de Porto Príncipe está dominada por milícias, e a disputa entre elas leva a um grande número de feridos por armas de fogo. As armas de fogo mais frequentemente utilizadas no Haiti são armas de baixa velocidade, ao contrário do que era visto no hospital de Kunduz, onde a utilização de arsenal de guerra era muito mais frequente.
Ortopedia e Traumatologia na organização Médicos Sem Fronteiras
Crédito: João Paris Buarque de Hollanda
Tanto o hospital como a residência em que fiquei hospedado em Porto Príncipe eram localizados em áreas sob maior controle do governo, de forma que os riscos relacionados à violência eram relativamente baixos. Fora do horário de trabalho, tínhamos liberdade para frequentar determinadas praias ou restaurantes. A residência era bastante confortável, com quartos individuais e fácil acesso à internet.
Como em muitos dos projetos de Médicos Sem Fronteiras em cerca de 70 países, o hospital no Haiti tinha a maior parte dos funcionários formada por profissionais locais, inclusive médicos.
Entre os estrangeiros, éramos três ortopedistas, um anestesista e um clínico geral, além de profissionais envolvidos com a parte administrativa. O trabalho era dividido entre centro cirúrgico, sala de emergência, enfermaria e ambulatório, sempre em conjunto com médicos locais. O centro cirúrgico era bem equipado, com três salas cirúrgicas (uma com intensificador de imagens), material para osteossíntese interna e externa. O hospital apresentava condições de higiene e esterilização bastante adequados.
O trabalho com profissionais haitianos exigia muito jogo de cintura. Em todos os projetos de MSF é preciso saber se adaptar às diferenças de costumes entre países, e esse era um desafio também no Haiti.
João Paris Buarque de Hollanda é médico ortopedista
na cidade de São Paulo.
Dr. João Paris Buarque de Hollanda trabalhou com o MSF no Afeganistão e no Haiti.
13
ARTI
GO
FAMÍLIA COLUMBUS®
B. Braun Brasil | www.bbraun.com.br
COMPONENTE FEMORAL TAMANHOS PADRÃO E “NARROW ML” PRESERVAÇÃO OU NÃO DO LCP OFFSET AP E ML PARA HASTES DE REVISÃO
LINER POLIETILENO SEMI-CROSSLINK DE ULTRA DENSIDADE ESTABILIZAÇÃO POSTERIOR POR BOX OU ULTRACONGRUÊNCIA POLIETILENO CONSTRITO E SEMI-CONSTRITO PARA REVISÃO
BASE TIBAL MODULARIDADE PARA FIXAÇÃO DE HASTE E CUNHA NA BASE PRIMÁRIA TAMANHOS PADRÃO E “PLUS AP” OFFSET ML PARA HASTES DE REVISÃO TIBIAL
www.dmorj.com.br | 21 3289 8900
Cemented Knee System – Columbus CR – Registro ANVISA nº 8.01369.90494 / Columbus PS – Registro ANVISA nº 8.01369.90577 / Columbus Revision System – Registro ANVISA nº 8.01369.90668 Saiba mais sobre a atuação de ortopedistas em projetos de MSF: www.orthosurgeon.msf.org
14 15
Uma equipe de especialistas da Regional Rio
integrou o mutirão de profissionais de um dos
principais eventos em prol da cidadania em todo o
país, realizado pela Rede Globo em parceria com
o Sesi - Serviço Social da Indústria.
A 23ª edição da Ação Global foi realizada em maio,
na Vila Olímpica Mané Garrincha, no Caju, Zona
Portuária do Rio, bairro que tem um complexo de
13 favelas e uma população de mais de 20 mil
pessoas. A participação da SBOT-RJ garantiu o
atendimento a 206 crianças, por meio de exame
clínico prestado por oito ortopedistas, coordenados
pelos Drs. Marcos Britto e Carlos Alberto Araujo.
PARCERIA INÉDITA PROMOVEU MAIS DE 200 ATENDIMENTOS GRATUITOS.
"Fizemos avaliações de crianças e buscamos
identificar problemas ortopédicos como pé plano
e escoliose. Aproveitamos a oportunidade para
passar dicas de cuidados com os ossos que
devem começar na infância e que fazem toda a
diferença quando o indivíduo chega à fase adulta”,
explica Dr. Marcos Britto, presidente da Comissão
de Comunicação e Marketing (CCM) da SBOT-RJ.
Para os pacientes, foi uma oportunidade importante
para o diagnóstico de possíveis problemas
ortopédicos de algumas crianças. "A gente quase
não tem acesso a consultas médicas. É tudo
muito difícil em relação à saúde, pois os hospitais
estão sempre cheios. Fiquei feliz em saber que os
ortopedistas atenderiam o público infantil”, contou
Joana Oliveira, 30 anos, moradora do Caju desde
2008. "O ortopedista me passou várias dicas para
a saúde do meu filho e ainda olhou a coluna e as
perninhas dele. Fiquei aliviada quando ele disse
que estava tudo bem”, completou.
AÇÃO
GLO
BAL
"
"
A maioria das pessoas que atendemos nunca tiveram acesso a um ortopedista.
Dr. Carlos Alberto AraújoPresidente SBOT-RJ 2018
A iniciativa contou com a participação dos Drs.
Eduardo Godoy, Cleiton Naves, Vinícius Magno,
Lucas Rocha Cavalcanti, Felipe Moura, Antônio
Eulálio, Luiz Eduardo e Erik Franken.
A Ação Global ofereceu também serviços de
emissão de documentos, informações sobre
qualidade de vida, prática de atividade física e
entretenimento para todos os presentes. Mais de
30 mil pessoas passaram pelo local durante as oito
horas de duração do evento.
“É extremamente importante que a nossa SBOT-RJ
participe de iniciativas como essa. A maioria das
pessoas que atendemos nunca tiveram acesso a
um ortopedista. Observamos uma carência muito
grande nessa área, por isso a intenção é manter
essa parceria com a Ação Global e buscar outros
projetos com os quais possamos contribuir”,
declarou Dr. Carlos Alberto Araujo, presidente
eleito para presidir a SBOT-RJ em 2018.
Ortopedistas da Regional Rio em contato com a população.
SBOT-RJ NA ACAO GLOBAL
16 17
CAM
PAN
HA
16
A SBOT-RJ lançou, durante a participação na
Ação Global, a campanha “Cuida do que te
sustenta”. A iniciativa alerta a população sobre
os cuidados que devem ser tomados com a
saúde dos ossos desde a infância até a terceira
idade, e destaca a importância da escolha, para
consultas e qualquer tipo de tratamento, de
ortopedistas chancelados pela SBOT.
"Quem não garantiu, com uma série de medidas,
uma boa formação da massa óssea desde a
infância, passando pela adolescência e chegando
à fase adulta, vai correr mais risco de ter problemas
ósseos ao envelhecer. Por isso é importante
que a nossa Sociedade faça campanhas que
alertem a população sobre o necessário cuidado
com a saúde”, aponta Dr. Marcos Giordano,
presidente da SBOT-RJ e idealizador da iniciativa.
CUIDA DO QUE TE SUSTENTAIniciativa da Regional Rio destaca a importância dos cuidados ósseos.
Durante a Ação Global foram distribuídos 2 mil
panfletos com dicas simples que as pessoas
devem adotar no dia a dia para manter os ossos
saudáveis. Essas dicas também foram expostas
à população por meio de vídeo animado, feito
exclusivamente para a ocasião, exibido em uma
televisão no stand da SBOT-RJ.
"Nossa vida é tão agitada que acabamos
esquecendo de cuidar de um bem tão precioso
que são os nossos ossos. Recebi muitas dicas
importantes dos ortopedistas", assegura a dona
de casa Maria Fernanda Magalhães que pôde
também durante a ação submeter seu filho, Cauã,
de três anos, à consulta ortopédica.
A campanha "Cuida do que te sustenta" está
sendo amplamente divulgada nos meios digitais
de comunicação da SBOT-RJ (site, Facebook e
YouTube) com conteúdo textual e vídeos com dicas
de ortopedistas para a população.
"
"
Nossa vida é tão agitada que acabamos esquecendo de cuidar de um bem tão precioso que são os nossos ossos.Maria Fernanda Magalhães Dona de casa
Dr. Vinícius Magno orienta uma mãe sobre cuidados com saúde dos ossos.
Centro Clínico FollowUp - OttobockRua Real Grandeza, 108, salas 301 a 304 Botafogo - Rio de Janeiro
Tel.: (21) 2246.1388 | E-mail: [email protected]
Mova-se,o corpo humano não foi feito para ficar parado.Praticar atividades desportivas ao ar livre é uma revigorante fonte de energia e a maneira mais prazerosa para encontrar o equilíbrio positivo no nosso dia a dia.
A conexão entre saúde da mente, corpo e espírito, proporciona aumento de bem-estar, contribuindo para despertar o potencial produtivo e criativo que vive dentro de nós.
O Centro Clínico FollowUp - Ottobock, oferece um avançado e exclusivo serviço de atendimento na reabilitação física e motora de seus pacientes buscando máxima mobilidade.
Visite-nos em nossa Fanpage
Anuncio_Institucional_210mmX148mm_FollowUp_2016.indd 1 02/06/2016 11:06:07
18 1919
Membro da SBOT há:
Menos de 1 ano 4.72% 5Entre 1 e 3 anos 7.55% 8Entre 3 e 5 anos 4.72% 5Entre 5 e 10 anos 19.81% 21Entre 10 e 15 anos 17.92% 19Entre 15 e 20 anos 19.81% 21Mais de 20 anos 25.47% 27
Comitês de subespecialidade que participa: Nenhum 49.54% 54De 1 27.52% 30De 2 13.76% 15De 3 4.59% 5De mais de 3 4.59% 5
PESQ
UISA
PESQ
UISA
A SBOT-RJ, por determinação de sua atual
diretoria, organizou no período entre março e abril
deste ano uma pesquisa para conhecer melhor os
ortopedistas do Rio de Janeiro. A partir dos dados
colhidos obtivemos informações importantes: a
maioria dos membros da nossa regional tem mais
de 15 anos de SBOT.
Dividimos nosso tempo de trabalho entre serviços
públicos e privados, cerca de 50% para cada
atividade. Em relação ao primeiro, somos críticos
severos, pois estamos trabalhando em péssimas
condições, com salários baixos e até, no caso da
Secretaria Estadual de Saúde, incerto. Também
não estamos satisfeitos com a relação que temos
com os planos de saúde, que apresentam inúmeros
entraves na prática da boa medicina, remuneram
mal e não sentam à mesa para negociar.
Diante dos resultados da pesquisa, nossa regional
se propôs a aprimorar seus esforços e buscar
avanços importantes na educação continuada e
na defesa profissional. Dentre as ações, faremos
a listagem de códigos de procedimentos a serem
utilizados nas solicitações de procedimentos mais
realizados nas cirurgias da coluna vertebral e das
grandes articulações como, por exemplo, a cirurgia
de ombro, no qual são autorizados de 3 a 4 códigos
para o tratamento das lesões. Realizaremos, ainda,
um Fórum de Defesa Profissional promovido pela
Regional Rio em parceria com outras entidades
como CREMERJ e planos de saúde.
Dr. Alberto DaflonPresidente da Comissão de Defesa Profissional (CDP) da SBOT-RJ
REGIONAL RIO EM NÚMEROSPesquisa on-line realizada entre os meses de março e abril de 2016 com membros titulares mapeou as demandas da especialidade.
Tempo que se formou:
Principal área de atuação:
PERFIL DOS MÉDICOS DA SBOT-RJ
18
Por Dr. Alberto Daflon
20 2121
Onde pratica a medicina:
Somente no setor público 5.71% 6Somente no setor privado 11.43% 12Ambos, mais tempo no público 26.67% 28Ambos, mais tempo no privado 31.43% 33Mesmo tempo em ambos 24.76% 26
Planos de saúde:
Não trabalha no setor privado 5.45% 6Não atende planos de saúde 17.27% 19Atende apenas 1 plano de saúde 6.36% 7Atende de 2 a 5 planos de saúde 21.82% 24Atende de 6 a 10 planos de saúde 27.27% 30Atende mais de 10 planos de saúde 21.82% 24
ATUALIZAÇÃO
Educação continuada oferecida pela Regional Rio:
Participação nos cursos avançados nos últimos dois anos:
Quatro ou mais 23.00% 23Três 10.00% 10Dois 14.00% 14Um 16.00% 16Nenhum 37.00% 37
Avaliação dos cursos frequentados:
DEFESA PROFISSIONAL
Atuação da SBOT-RJ em relação a defesa profissional:
Excelente 5.43% 5Boa 20.65% 19Mediana 48.91% 45Ruim 16.30% 15Sofrível 8.70% 8
PESQ
UISA
PESQ
UISA
22 23
PESQ
UISA
PESQ
UISA
21 2178-2117Avenida Evandro Lins e Silva, 840 – 305. Barra da Tijuca.
É dever da SBOT-RJ se envolver diretamente nas eleições para cargos eletivos, apoiando algum ortopedista?
É necessária a criação de um fórum permanente de defesa profissional para discussão sobre assuntos relacionados ao tema com a participação de vários setores da sociedade civil?
Para se manter sempre informado, siga a página da sociedade no Facebook, acompanhe o nosso blog oficial e leia o conteúdo completo do que acontece em nosso site.
ACOMPANHE A SBOT-RJ NA WEB
www.facebook.com/SBOTRJ
ortoblogrio.blogspot.com.br
www.sbotrj.com.br
24 25
VAMOS DISCUTIR O
Por: Dr. Alberto DaflonStand by?
24
Atualmente, temos um tipo de relação conturbada
com a rede hospitalar que trabalha com
planos e seguradoras de saúde: assumimos a
reponsabilidade de atender emergências em troca
de receber honorários — a maioria por repasse
— da unidade onde ocorreu o procedimento. Não
raro, a espera é longa e com CH estabelecido pelo
hospital junto ao plano de saúde, que desvalorizam
nossos serviços para terem lucro.
Vale ressaltar, ainda, que somos obrigados a emitir
Nota Fiscal como Pessoa Jurídica para receber
o que restou dos nossos honorários após os
descontos dos impostos (o primeiro no recebimento
do hospital e o segundo na emissão da NF).
Pesquisei em vários hospitais sobre a importância
deste repasse e observei que em todos, sem
exceção, esta prática causa grande desconforto,
pois mesmo quando as Notas Fiscais são cobradas,
as casas de saúde não se livram de processos
trabalhistas, perdem as causas na justiça e são
obrigadas a pagar férias, décimo terceiro e as
horas do referido "stand by".
Com foco neste modelo de trabalho, a Comissão de
Defesa Profissional (CDP) da SBOT-RJ sugere que
haja uma luta contra os honorários defasados que
atualmente recebemos e que não seja aceito “ficar
preparado”, “estar pronto”, “ficar alerta”, conforme a
tradução do termo em questão sugere. Precisamos
nos manter firmes em relação à cobrança direta ao
plano de saúde sem a intermediação do hospital,
ou mesmo que o hospital crie um tipo de contrato
baseado na tabela TUSS plena e nos remunere
também pelas horas em que ficamos de “stand by”.
Para fechar esta ideia e realmente tentar receber o
abraço que a CDP tanto precisa, informo que nos
últimos nove anos, o CH sofreu desvalorização de
308% em Real e 351% em Dólar.
Colegas, abracem a CDP.
Dr. Alberto Daflon é presidente da Comissão de Defesa Profissional (CDP) da SBOT-RJ
Fui ao dicionário de tradução e fiquei
espantado com os vários significados
desta expressão.
Por exemplo:
1) Ficar de braços cruzados; ficar parado;
não fazer nada.
2) Estar preparado; estar pronto; ficar alerta.
3) Apoiar; ficar ao lado de; não abandonar.
4) Manter-se ao lado de alguém.
5) Cumprir; respeitar.
6) Manter-se firme em relação a.
PEDR
A N
O SA
PATO
26 27
NA VANGUARDA DA ORTOPEDIA BRASILEIRAProjeto destacou a história do serviço de ortopedia mais antigo da América Latina.
Palco de grandes acontecimentos científicos, o Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), vinculado
à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi
escolhido para sediar a primeira edição de 2016 do projeto
“O que vi da ortopedia”. O evento contou com a presença
de 19 especialista que apresentaram à plateia um pouco
da história do serviço mais antigo da América Latina.
“É com grande satisfação que a diretoria reverencia um
dos hospitais mais importantes do Brasil, que acolheu e
formou especialistas que são referência na área”, afirma
o presidente da Regional Rio, Dr. Marcos Giordano. O
médico salienta ainda a relevância de eventos como esse:
“É importante dar voz a pessoas que contribuíram para
a construção da especialidade, e aprender mais sobre a
história da ortopedia. É uma troca de experiências muito
boa e proveitosa”.
Dentre os médicos convidados para reavivar as histórias
do hospital estavam os Drs. Antônio Vitor de Abreu, Paulo
Couto, Isaac Rotbande, Luiz Osório, José Sérgio Franco,
Paolo Chimisso, Cesar Fontenelle, João Barbosa Orlandini,
Claudio Pedras, Jorge Veríssimo, Zartur Menegassi,
Roberto Medonho, Anderson da Costa, Claude Chambriard,
Luiz Claudio Villela e Marcos Musafir. Os mediadores do
encontro foram os Drs. Carlos Giesta e Karlos Mesquita.
Públic
o aten
to às
histó
rias c
ontad
as pelo
s méd
icos q
ue
fizera
m a his
tória
da orto
pedia
do esta
do.
Dr. Cesar Fontenelle, de jaleco, recebe placa de
agradecimento das mãos do Dr. Marcos Giordano.
O QU
E VI
DA
ORTO
PEDI
A
27
28 29
“É importante passar para os mais novos como tudo
começou. Foram muitas dificuldades para chegarmos
até aqui e evoluímos muito. Hoje, temos recursos que não
contávamos antes e muitas técnicas foram aprimoradas
com o passar dos anos. Conseguimos tudo isso com muita
luta, persistência e dedicação”, falou Dr. Carlos Giesta.
Um dos expoentes da ortopedia citados na ocasião foi
o professor Nova Monteiro, que dedicou anos da sua
carreira ao hospital. O exemplo de profissionalismo e
comprometimento com a especialidade perduram até hoje
no serviço. “O que mais me marcou durante os anos que
atuei no HUCFF foi, sem dúvida, a formação que recebi
do professor Nova Monteiro, que sempre exigiu muita
disciplina e dedicação, pois ele era o exemplo vivo disso”,
contou o Dr. Paulo Couto.
O atual cenário de descaso dos governantes com o hospital
universitário também foi comentado durante o bate-papo.
“A Escola de Medicina foi criada quando a Família Real
chegou ao Rio de Janeiro, em 1808.
É fundamental que esta nova geração conheça a história
da nossa escola e do HUCFF e saiba da importância
destas unidades para a saúde brasileira. Infelizmente, por
parte dos governantes, este reconhecimento não é dado.
Por isso, é fundamental que neste momento nós reflitamos
e não paremos de nos indignar com o que está sendo feito
com a saúde pública. Não podemos nos acomodar”, frisou
o diretor da Escola de Medicina da UFRJ, Dr. Roberto de
Andrade Medronho.
O ex-secretário de saúde do estado do Rio de Janeiro e
ex-presidente da SBOT e da SBOT-RJ, Dr. Marcos Musafir,
também comentou o assunto: “Acompanhei o desgaste
do Fundão (apelido dado ao Hospital), mas temos que
tentar olhar para frente e lutar. Que este dia seja histórico
para lembrarmos como tudo começou e que as histórias
contadas sirvam de exemplo. Precisamos resgatar o
hospital referência que sempre tivemos. Sigamos o
exemplo de dedicação do professor Nova Monteiro, que
tanto ensinou e contribuiu com este serviço”, finalizou.
"
"
É importante passar para os mais novos como tudo começou. Foram muitas dificuldades para chegarmos até aqui e evoluímos muito.Dr. Carlos Giesta Membro Titular da Academia Nacional de Medicina (ANM)
"
"
É fundamental que neste momento nós reflitamos e não paremos de nos indignar com o que está sendo feito com a saúde pública.
Dr. Roberto de Andrade Medronho Diretor da Escola de Medicina da UFRJ
Participantes da primeira edição do "O que vi da ortopedia" de 2016.
O QU
E VI
DA
ORTO
PEDI
A
28
30 31
A luxação acromioclavicular (LAC) é uma das mais
frequentes lesões traumáticas que afetam o ombro,
sendo responsável por 12% das luxações da cintura
escapular. Acomete mais jovens, entre a segunda e
a quarta década, com predominância em homens,
provavelmente pela maior exposição a traumas de alta
energia. O mecanismo de trauma mais comum desta
lesão é a queda com força direta na região posterolateral
do ombro com o membro superior em adução.
São classificadas em seis tipos, de acordo com
Rockwood, dependendo da magnitude do trauma. No
tipo I existe distensão ligamentar acromioclavicular,
estando os coracoclaviculares íntegros, portanto,
sem desvio da articulação. As do tipo II evoluem com
ruptura dos ligamentos acromioclaviculares e distensão
dos coracoclaviculares, podendo acontecer desvios
mínimos da articulação em até 25% (que são medidos
pela distância coracoclavicular em comparação com
a contralateral). Assim como o tipo I, são tratadas de
forma conservadora. Ao passo que nas do tipo IV, V e VI,
a indicação é cirúrgica devido a total ruptura ligamentar
e ao grau de instabilidade inerente a essas lesões.
O tipo IV é caracterizado por ter desvio posterior,
o tipo V desvio entre 100 e 300% e o tipo VI com
componente inferior. Lesões do tipo III (desvio entre
25 e 100%) ainda possuem abordagem controversa
uma vez que a literatura mostra bons resultados
tanto com o tratamento cirúrgico quanto com o
conservador, sendo a melhor opção estudada caso
a caso. Embora existam trabalhos que referem
função normal em articulações cuja luxação não foi
reduzida, a presença de uma lesão inveterada pode,
com o tempo, provocar importantes perturbações na
estabilização dinâmica, na força muscular do ombro
e no mecanismo de deslizamento subacromial.
Foram desenvolvidas várias técnicas visando
o tratamento cirúrgico da LAC. Entre elas
encontram-se as para reparo acromioclavicular,
reparo coracoclavicular, reparo combinado, fusão
coracoclavicular e transferência muscular dinâmica
utilizando a ponta do processo coracoide e o tendão
conjunto. A transferência do ligamento coracoacromial,
popularizado por Weaver e Dunn, é o procedimento
mais conhecido para o tratamento da LAC crônica.
Atualmente, os procedimentos de estabilização
mais utilizados são os coracoclaviculares, podendo
ser por cirurgia aberta, artroscópica ou por técnica
minimamente invasiva, com ou sem enxerto de tendão.
LUXAÇÃOACROMIOCLAVICULAR AGUDA Por Dr. Cristiano Nabuco Dantas
ARTI
GO R
IO 2
016
Entre setembro de 2011 e fevereiro de 2014 foram
operados 24 pacientes com LAC aguda no Hospital
Universitário Pedro Ernesto (HUPE) utilizando
técnica minimamente invasiva desenvolvida por
nós (apresentada em 2012 no Congresso Brasileiro
de Cirurgia do Ombro), sendo 13 à direita e 11 à
esquerda. Destes, dois sofreram queda de moto, 15
lesões durante prática esportiva (quatro durante
prática de Jiu-jitsu, um futebol, dois esqui, oito queda
de bicicleta) e sete queda da própria altura. A média
de idade foi de 42,3 anos (entre 19 e 73), sendo 21
homens e três mulheres.
Devido à sua importância biomecânica para o
mecanismo suspensório do ombro, juntamente
com a articulação esternoclavicular e as estruturas
musculoligamentares adjacentes, é notável o esforço
dos cirurgiões ortopédicos para reestabelecer a
congruência articular da mesma, admitindo cada vez
menos o tratamento conservador para LAC. Sabe-
se que a disfunção da articulação acromioclavicular
(AAC) pode causar, entre outras complicações, fadiga
muscular precoce, discinesia escapulotorácica,
diminuição de força e síndrome do impacto.
Apesar disso, o tratamento dessas lesões ainda
permanece controverso, em especial nas lesões
do tipo III (desvio entre 25 e 100%). Embora vários
autores publiquem resultados positivos com o
tratamento conservador das lesões do tipo III,
outros discordam mostrando falência desse tipo de
abordagem com complicações como fadiga muscular
precoce, insatisfação cosmética, dor durante a prática
esportiva, entre outras.
A técnica citada anteriormente é minimamente
invasiva, com redução da AAC e fixação da clavícula
ao processo coracoide através do dispositivo chamado
“tight rope”, seguida pelo fechamento muscular com
sutura inabsorvível, especialmente no tipo V.
Dr. Cristiano Nabuco Dantasfaz parte do Grupo de Cirurgia de Ombro e Cotovelo do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ)
30 31
32 33
SBOT-RJ TAMBÉM NO
YouTubeAtenta às mudanças e às novas tecnologias, a Regional Rio está com mais uma
plataforma para divulgação de conteúdos relevantes referentes à ortopedia do
Estado: um canal no YouTube. Hoje, 64% do tráfego da internet é de pessoas
assistindo a vídeos.
No novo espaço, os membros da Regional Rio podem assistir aos vídeos do Fala
Presidente, do “O que vi da Ortopedia” e das campanhas. O ambiente também
servirá para a população, que encontrará no canal dicas dos especialistas
da SBOT-RJ com hábitos simples do dia-a-dia que tornam a vida mais
saudável e previnem doenças. A plataforma já conta com mais de 30 vídeos.
DinamismoOs vídeos são rápidos, mas não deixam de apresentar o máximo de informação.
Com mensagens simples e intensas, a comunicação fica mais fácil.
Conteúdo direcionadoA organização do canal permite que a pesquisa por um vídeo específico seja
mais fácil. Cada vídeo é colocado em uma categoria diferente.
De qualquer plataformaO canal no YouTube pode ser visualizado no smartphone, tablet ou computador,
em qualquer lugar que você estiver, basta estar conectado à internet.
Canal já conta com mais de 30 vídeos para os membros e para a população.
Inscreva-se no canal:www.youtube.com/TheSBOTRJ
O modernismo europeu é do século XIX, já o
modernismo brasileiro é do século XX. Moda é o
que está acontecendo agora, moderno vem dessa
ideia. Em 1922, quando ocorreu a Semana de Arte
Moderna em São Paulo, Oswald de Andrade era um
homem de trinta e dois anos. Vira, em suas primeiras
décadas de vida, muita coisa: a mudança do século,
o surgimento do bonde elétrico, do cinema, do rádio
e da propaganda.
De família abastada, formou-se em direito, mas
nunca exerceu a advocacia. Mesmo enquanto
estudante universitário, se dedicou à escrita como
crítico de teatro, articulista, ensaísta, poeta e agitador
cultural. Foi o primeiro intelectual brasileiro a viver
como homem moderno. Sua vida está intensamente
relacionada ao modernismo, seja pelos vários
casamentos ou pela produção intelectual como poeta,
romancista, teatrólogo ou crítico de artes plásticas.
Em 1910, Oswald estava em um banco às margens da
Baía de Guanabara quando testemunhou a Revolta
da Chibata, movimento liderado pelo Marinheiro de
1ª Classe João Cândido, que, de imediato, ganhou
sua simpatia. Esta seria apenas a primeira vez que
apoiaria movimentos de cunho libertário. Antes de
viajar para a Europa, em 1912, apoiou a campanha
civilista de Rui Barbosa. No continente europeu,
Por Dr. Alberto Daflon
visitou Itália, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, França e
Espanha. De lá trouxe a estudante francesa Kamiá,
com quem teve um filho em 1914, o Nonê (José
Oswald Antônio de Andrade).
Teatrólogo, dramaturgo, jornalista, poeta e escritor,
conviveu desde antes de 1922 com artistas como
o poeta Olavo Bilac e o pintor Lasar Segall. Tornou-
se membro da Sociedade Brasileira dos Homens de
Letras, fundada em São Paulo, e teve um barulhento
namoro com a dançarina Carmen Lydia.
Em 1917, conheceu Mário de Andrade – com quem
manteve amizade até 1928. Defendeu a pintora Anita
Malfatti das críticas violentas feitas por Monteiro
Lobato ("A exposição de Anita Malfatti", no “Jornal
do Comércio”, São Paulo, 11/01/1918). Participou
do primeiro grupo modernista com Mário de
Andrade, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto e Di
Cavalcanti. De 1917 a 1922 escreveu regularmente
no “Jornal do Comércio”.
O SURGIMENTO DO HOMEM MODERNO EM OSWALD DE ANDRADE
SBOT
RIO
CUL
TURA
L
Oswald de Andrade pelo ilustrador Rafael Pita.
32
34 35
SBOT
RIO
CUL
TURA
L
SBOT
RIO
CUL
TURA
L
Solidão
Chove chuva choverando
que a cidade de meu bem
está-se toda se lavando
Senhor
que eu não fique nunca
como esse velho inglês
aí ao lado
que dorme numa cadeira
à espera de visitas que não vêm
Chove chuva choverando
que o jardim de meu bem
está-se todo se enfeitando
A chuva cai
cai de bruços
A magnólia abre o pára-chuva
pára-sol da cidade
de Mário de Andrade
A chuva cai
escorre das goteiras do domingo
Chove chuva choverando
que a cidade de meu bem
está-se toda se molhando
Anoitece sobre os jardins
Jardim da Luz
Jardim da Praça da República
Jardim das platibandas
Noite
Noite de hotel
Chove chuva choverando
Chove, chuva choverando…
Todos nós já dormimos gostosamente graças ao embalo do ritmo de uma leve chuva. Chuva
é gostosa para dormir. Isso é o normal. Mas, para o poeta o normal torna-se extraordinário.
Motivo de um espanto diante do banal. Desbanalizar o banal é uma das principais funções
do sentimento estético, o poema acima é amostragem também do combate ao pedantismo
vigente nas letras do Brasil de então.
Em seu Manifesto Antropofágico, Oswald conclamou os homens das artes brasileiras a fazer
com que “nosso canibalismo” devorasse tudo que viesse do velho mundo em prol de uma
brasilidade, um linguajar próprio, um respeito ao manancial popular da linguagem. Tentou
ingresso na Academia Brasileira de Letras por duas vezes, sem sucesso. Faria mais honra
para a academia ter Oswald de Andrade entre seus imortais do que Oswald poderia ser
honrado por lograr ingresso na academia.
Em 1921, tornou-se o líder da campanha preparatória
para a Semana de Arte Moderna. Integrou o grupo dos
cinco com Mário de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila
do Amaral e Menotti del Picchia. Começou amizade
com Tarsila, com quem manteve relacionamento
até conhecer Patrícia Galvão, a Pagu – filiada ao
Partido Comunista Brasileiro, importante jornalista e
escritora – com quem se casou em cerimônia nada
convencional em um cemitério.
O relacionamento durou até 1933. Logo depois
iniciou convívio com Julieta Bárbara Guerrini.
Posteriormente, casou-se com Maria Antonieta
d’Alkmin, com quem estabeleceu relação mais
estável, que talvez lhe tenha propiciado tranquilidade
para sua intensa produção como escritor e agitador
cultural até a sua morte, em 22 de outubro de 1954.
Obviamente, tudo que Oswald realizou foi muito
mais. Na década de cinquenta teve contato com
os poetas concretistas Augusto de Campos e
Haroldo de Campos, que o consideraram um
dos precursores do movimento. Por limitações de
espaço, relaciono um belo poema para ilustrar sua
importância no cenário cultural do modernismo.
36
www.cbot2016.com.br
Realização OrganizaçãoAgência Oficial
Um congresso inovador
para os ortopedistas
brasileiros
PALESTRANTES
INTERNACIONAIS:
Júlio César FernandesCanadá
Stuart L. Weinstein EUA
Eduardo Novais EUA
Volker MusahlEUA
Dean G. LorichEUA
INSCRIÇÕES:
No Local
R$ 1.080,00
R$ 2.080,00
R$ 250,00
Até 31/07/2016
R$ 600,00
R$ 1.020,00
R$ 250,00
Até 30/10/2016
R$ 780,00
R$ 1.470,00
R$ 250,00
Categoria
Membro SBOT
Não Membro
Não Quite
Graduandos
Residentes
No TEOT
R$ 540,00
R$ 918,00
R$ 250,00
Faça a sua inscrição antecipada e garanta seu desconto!
Palestras simultâneas
Tendência mundial
Melhor aproveitamento dos par�cipantes
Tecnologia de ponta
PALCO 360 GRAUS: