1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO – … · 1 universidade cÂndido mendes pÓs -...
Transcript of 1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO – … · 1 universidade cÂndido mendes pÓs -...
1
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS - GRADUAÇÃO – FINANÇAS E
GESTÃO CORPORATIVA
A GOVERNANÇA CORPORATIVA NOS
FUNDOS DE PENSÃO BRASILEIROS
2
Ana Luiza Teixeira Marques de Araujo
Janeiro/2010
3
ANA LUIZA TEIXEIRA MARQUES DE ARAUJO
A GOVERNANÇA CORPORATIVA NOS
FUNDOS DE PENSÃO BRASILEIROS
Trabalho apresentado a Pós-Graduação em
Finanças e gestão Corporativa da Universidade
Candido Mendes, como um dos pré-requisitos para
Obtenção do título de Especialista em Finanças e
Gestão corporativa.
Orientadora: Professora Ana Claudia Morrissy
4
RIO DE JANEIRO – RJ
2010
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a meu amigo Alexandro
Sampaio de Souza, que me incentivou e me apoiou a cursar Finanças Corporativas.
6
Não se pode esperar que os gestores de empresas cuidem do dinheiro
de outras pessoas da mesma forma como fariam com o seu próprio dinheiro.
Adam Smith
7
RESUMO
Muito se fala sobre Governança Corporativa, podemos até dizer que
juntamente com sustentabilidade é a expressão da moda quando se trata de temas
sobre gestão de empresas. Porém pouco se sabe sobre o que é governança
corporativa, e menos ainda que o conceito de governança também engloba o de
sustentabilidade representando o caminho de sucesso de longo prazo das companhias
no século XXI.
Esse trabalho visa abordar de maneira explicativa, como os fundos de
pensões brasileiros, grandes investidores nacionais, lidam com esse tema mostrando
também a relevância para economia brasileira.
Inicialmente estaremos conceituando governança sob vários enfoques,
mostrando como começou a abordagem do assunto no mundo. O termo admite várias
acepções, de acordo com seus modelos, práticas, mecanismos de regulação e
propósitos. Abordaremos em seguida os modelos de governança no Brasil e no
mundo, em função das diversidades culturais, legais e econômicas chegando aos
8
fundos de pensão brasileiros.
Para finalizar, citaremos a PREVI e a elaboração de seu código de boas
práticas de Governança Corporativa, código esse derivado da pesquisa das mais
modernas tendências no âmbito dos investimentos institucionais.
9
SUMÁRIO
Introdução..............................................................................................................10
Capítulos:
I. O Despertar da Governança Corporativa.............................................................11
II. Os modelos da Governança Corporativa e suas origens......................................13
III. A Governança Corporativa no Brasil...................................................................16
IV. Os fundos de pensão e as boas práticas de governança corporativa.....................20
V. A Governança Corporativa na PREVI.................................................................23
Conclusão..............................................................................................................27
Bibliografia............................................................................................................29
Webgrafia...............................................................................................................30
10
INTRODUÇÃO
Com o desenvolvimento do processo de globalização da economia mundial
nas últimas décadas do século passado, as empresas começaram a se estruturar de
maneira diferenciada, buscando aprimorar sua eficiência e competitividade, tornando
possível também alcançar mercados antes inexplorados (Fontes Filho, 2000).
Os fundos de pensão, impulsionados pelas oportunidades geradas na
globalização, expandiram sua atuação no mercado financeiro, incluindo a
participação em diversas empresas. Dessa forma, foi necessário identificar
mecanismos mais apropriados que permitissem influenciar na formulação e
implementação de estratégias e políticas das empresas de que participam,
maximizando valor e preservando o retorno dos recursos aplicados. Em face da
inexistência de modelos definidos que aparece tal demanda, algumas entidades, por
vezes assessoradas por consultores externos, passaram a desenvolver estruturas e
dinâmicas organizacionais, assim compreendidos, respectivamente, como os arranjos
fictícios e os modos de funcionamento de tais arranjos, que pudessem vir a constituir
modelos próprios.
O propósito desse trabalho é mostrar a importância da Governança Corporativa
para os fundos de pensão brasileiros e a relevância do modelo de governança
corporativa desenvolvida pelo maior fundo de pensão do Brasil e da America Latina.
11
CAPÍTULO I - O DESPERTAR DA GOVERNANÇA CORPORATIVA
A governança corporativa não é um modismo a mais. Seu desenvolvimento
tem raízes firmes e sua adoção tem fortes razões para se disseminar. Organizações
multilaterais, como as Nações Unidas e a OCDE, vêem as boas práticas da
Governança corporativa como pilares da arquitetura econômica global e um dos
instrumentos do desenvolvimento, em suas três dimensões – a econômica, a social e a
ambiental. Ocorreram várias razões simultâneas para o despertar e para os avanços da
governança corporativa nos últimos 25 anos. As transformações pelas quais passaram
as economias de todo o mundo estão entre elas (Governança Corporativa – Adriana
Andrade, José Rossetti – Atlas 2006 – pág. 99).
A governança corporativa surgiu para cuidar de conflitos e de outros
desalinhamentos nas companhias. Das reações ativistas por boas práticas de
governança resultaram a criação de institutos legais e de marcos regulatórios
protecionistas dos direitos e interesses dos acionistas. Resultaram também mudanças
internas nas corporações, com enfâse na constituição de conselhos eficazes e
guardiões.
Razões fundamentais também levaram ao despertar da governança
corporativa, entre elas, destacam-se pelo menos três razões adicionais externas e três
internas.
12
Entre as externas destacam-se:
1- Mudanças no macroambiente, como desfronteirização de mercados reais e
financeiros, desengajamentos do Estado-empresário e ascensão de novos players
globais;
2- Mudanças no ambiente de negócios, como reestruturações setoriais;
3- Revisões nas instituições do mercado de capitais, junto com posturas mais
ativas dos investidores institucionais.
Entre as internas destacam-se:
1- Mudanças societárias;
2- Realinhamentos estratégicos;
3- Reordenamentos organizacionais, que vão da profissionalização à implantação
de controles preventivos contra ganância e fraudes.
Derivada do impacto desses fatores, a assimilação e a internalização de boas
práticas de governança corporativa tornou-se um dos movimentos mais importantes
do sistema capitalista, do mundo corporativo e da ciência da administração nesta
última virada do século, em todos os países de todos os continentes – das potenciais
economias estabelecidas aos dinâmicos emergentes.
13
CAPÍTULO II - OS MODELOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA E SUAS
ORIGENS.
O Movimento surgiu inicialmente nos Estados Unidos, como tendência
decorrente da pressão de fundos de pensão, que passaram a exigir mais informação e
transparência das companhias, buscando impor limites aos abusos dos seus
administradores. Poderosos presidentes foram demitidos, sob a pressão de sues
conselhos e de grupos de acionistas minoritários. A Era da governança corporativa
começou em 1992, quando foi derrubado Robert Stempel, presidente da General
Motors e do seu conselho de administração. A sua queda permitiu o endurecimento
de conselhos para com os presidentes de outras grandes corporações; Americiam
Express, Compaq, IBM, Kodak, Sears, Time Warner, dentre outras. Um dos
acionistas que contribuiu para esta mudança na governança societária foi o fundo de
pensão CALPERS (Califórnia Public Employees Retirement, System), o maior
investidor de aposentadoria do mundo, que aplica em mais de 300 das maiores
companhias norte-americanas, além de grandes investimentos em empresas fora do
país. Paralelamente, foi editado na Inglaterra, em 1992, o Cadbury Report, o primeiro
de todos os “códigos de melhores práticas de governança corporativa”.
A pulverização do controle acionário e a separação da propriedade e da
gestão, destacam-se como os fundamentos maiores do modelo anglo-saxão. Os
conflitos de agência de agência daí resultante e as ações para monitorar os gestores e
14
bloquear as práticas de gestão que contrariam os interesses dos acionistas são as
razões essenciais do ativismo de forças que se mobilizaram tanto nos Estados Unidos
quanto no Reino Unidos, para as melhores práticas de governança.
Na Alemanha, berço das teorias institucionalistas, que entendem o entendem
o interesse social não como a comunhão dos interesses dos sócios, mas como o
interesse da própria sociedade, que é distinto do interesse dos sócios e a este se
sobrepõe, a governança corporativa foi interpretada desde o início, como um sistema
de proteção não só dos minoritários, mas de todos os demais interessados diretamente
na sociedade anônima (stakeholders), como os fornecedores, clientes, empregados, e
também a comunidade a que a empresa serve. Diferentemente do que ocorre na
cultura empresarial anglo-saxônica, na Alemanha, o capital acionário das companhias
é concentrado e o financiamento predominante é de origem bancária, além de ter
como característica, a predominância de bancos no controle das companhias, que as
monitoram e controlam, tanto como credores, como acionistas, elegendo
representantes para os seus conselhos.
Esse modelo, faz com que os propósitos de maximização da riqueza dos
acionistas venham a competir com os objetivos dos credores, levando o processo de
governança na direção de um sistema de múltiplos interesses. A competição que se
estabelece entre esses interesses minimiza os conflitos de agência, levando porém, a
outro tipo de relação potencialmente conflituosa, entre acionistas e credores.
15
Já o modelo de governança implementado no Japão, tem muitas semelhantes
com o modelo germânico, pois os bancos exercem importante papel no financiamento
e no monitoramento das empresas. A estrutura de capital é fundamentada em
exigíveis de longo prazo, com os bancos também participando como acionistas das
grandes empresas, até o limite de 5% das ações. Todas as companhias tem estritas
relações com o sistema financeiro e, entre os bancos financiadores, aquele que tem
maior participação nos exigíveis de longo prazo e no capital geralmente co-participa
na gestão, mantendo com a alta direção relações de aconselhamento estratégico, que
vão além da estrutura mais recomendável de capital. O que a governança busca é a
segurança de longo prazo, fundamentada na atenção que a corporação assegura a
múltiplos interesses, em modelo claramente stakeholder.
16
CAPITULO III - A GOVERNANÇA CORPORATIVA NO BRASIL
No Brasil, com a quebra do modelo de financiamento baseando no estado no
anos 80 e 90, foi necessário buscar fontes alternativas de recursos. Discutir o assunto
no Brasil passa, necessariamente, pela revisão do processo de privatização ocorrido
ao longo dos anos de 1990.
A abertura, a estabilização monetária e a privatização, ocorridos nos anos
1990, alteraram de forma significativa o ambiente empresarial, ao impactarem o jogo
competitivo e as estruturas institucionais. As empresas passaram por expansão do
controle societário, via compartilhamento do controle entre sócio nacionais e
estrangeiros e formação de alianças estratégicas entre grupos nacionais. O estado teve
papel importante no processo de desenvolvimento do país, com destaque para as
empresas estatais que atuaram em setores ligados a infra-estrutura e em indústrias
capital-intensivas
Privatizações, fusões e aquisições abriram portas para a entrada de empresas
estrangeiras que trouxeram consigo modelos de governança distintos. Desse modo a
governança corporativa aumenta de importância no contexto nacional, tanto sob a
perspectiva das entrantes, que precisavam se ajustar às especificidades locais, quanto
das empresas nacionais, que necessitavam melhorar ou manter sua performance e
atratividade no mercado. Os movimentos dos anos 80 e 90 trouxeram impactos para a
governança corporativa no Brasil
17
Percebe-se uma forte concentração patrimonial entre as sociedade de capital
aberto, dessa forma, acionistas majoritários podem identificar-se mais facilmente com
os objetivos das empresas, garantir uma administração mais próxima e aportar
recursos quando necessário, essa concentração significaria uma grande vantagem,
porém, uma conseqüência importante da concentração de poder é a indicação do
conselho de administração pelo acionista controlador, reduzindo, desse modo, a
independência do conselho e podendo afetar a qualidade da análise de questões
consideradas estratégicas para a companhia.
Outro conjunto de mudanças relevantes dos anos 1990 foi a queda da inflação.
Devido à inflação, os bancos privados nacionais auferiram alta rentabilidade com a
aplicação em títulos, desprezando as operações de crédito de longo prazo. Estas eram
entendidas como uma obrigação dos bancos públicos.
Os fundos de pensão se destacam quanto o mercado de capitais é o tema em
debate, uma vez que eles representam o maior grupo de investidores institucionais do
mundo. A preocupação com a questão da governança, pelos administradores desses
fundos, visando garantir retorno aos clientes, certamente exercerá no país, forte
impulso ao tema. Problemas como a reforma da previdência as taxas de juros de curto
prazo, a melhoria nas regras de transparência e proteção aos acionistas não-
controladores, entre outros, são temas correlatos e de extrema relevância que tomarão
parte nesse debate.
18
Apesar dos progressos obtidos, uma comparação recente do Brasil com os
Estados Unidos da América, mostra que ainda há muito a fazer. Na verdade, das mais
de 1000 empresas de capital aberto, uma pequena minoria se atém à melhoria das
práticas administrativas. A maioria permanecesse como feudos familiares e/ou
administradas de forma centralizada por acionista controlador com particiapação
superiro a 50% das ações. Nesses casos, o conselho de administração é peça
decorativa, sem nenhum poder de decisão. Os poucos acionistas minoritários que se
atrevem a investir nessas empresas são sujeitos a todo tipo de decisão, normalmente
tomadas em função apenas dos interesses do grupo familiar ou do controlador
majoritário.
No Brasil, uma parte significativa das companhias abertas já se empenha em
oferecer aos seus investidores melhorias nas práticas de governança e de
transparência. No entanto, essas mudanças tem sido adotadas com pouca visibilidade
por parte das empresas, visto serem resultado de esforços individuais. A adesão aos “
Níveis diferenciados de governança corporativa” da BOVESPA dá maior destaque
aos esforços da empresa na melhoria da relação com investidores e eleva o potencial
de valorização dos seus ativos.
A BOVESPA define como um conjunto de normas de conduta para empresas,
administradores e controladores consideradas importantes para uma boa valorização
das ações e outros ativos emitidos pela companhia. A adesão a essas práticas
19
distingue a companhia como Nível 1 ou Nível 2, dependendo do grau de
compromisso assumido pela empresa.
20
CAPÍTULO IV - OS FUNDOS DE PENSÃO E AS BOAS PRÁTICAS DE
GOVERNANÇA CORPORATIVA.
O desenvolvimento conceitual e a adoção efetiva das práticas de governança
corporativa e de investimento socialmente responsável são duas tendências
inexoráveis, que se afirmam em todas as partes do mundo. Uma das razões
fundmanetais destas tendências foi apontada pelo estudo Investimentos socialmente
responsáveis dos fundos de pensão no Brasil, Chile, Estados Unidos, Países baixos e
Reino Unido, produzido por SR. Rating e M&E – Management e Excelence em
outubro de 2005, por solicitação da ABRAPP: A evidência impírica da correlação
positiva entre as boas práticas das companhias nestes dois campos, a redução do risco
e aumento do retorno nos investimentos de longo prazo.
Somam-se a essas correlações, que sem dúvida são do alto interesse dos
fundos de pensão, a constatação de que as companhias com boas práticas de
governança, além da transparência com os acionistas, relacionam-se também da
melhor forma com outros grupos de interesse e com as comunidades em que atuam.
Em contrapartida, as companhias abertas também demonstram interesse em atender
ao ativismo dos fundos por melhores práticas de governança, de responsabilidade
social e de sustentabilidade ambiental, tendo em vista seu peso e seu papel como
importantes investidores institucionais.
Os interesses por boas práticas estão assim, intercruzados. Um estudo
21
realizado por P.Gompres e J. Ishii, da Universidade de Harvard, junto a 1.500
companhias, evidenciou que o valor de mercado das que apresentavam práticas de
boa governança cresceu 22, 3% ao ano, em média, no período 1999-2003, enquanto o
valor das que não apresentavam bons indicadores neste campo não foi além de 14%.
Parte desta diferença na valorização dos papéis das companhias é atribuível à
tendência de os fundos de pensão considerarem, em suas decisões de constituição de
carteira, não só indicadores de balanço, mas também, os processos e as práticas de
governança adotados pelas empresas. No Brasil, resultados semelhantes aos revelados
nos Estados Unidos, quanto ao melhor desempenho dos índices de mercado das
empresas dos segmentos diferenciados, justificam o intresse dos fundos de pensão por
investimentos junto às empresas com boa governança.
A escolha das empresas que compõem o portfólio dos investimentos dos
fundos de pensão está cada vez mais fundamentada em critérios que vão além da
análise dos resultados e das projeções de balanços econômico-financeiros. Há uma
firme tendência em se considerarem outros cinco aspectos: 1. consistência na
prestação de contas; 2. Transparência; 3. equidade nas relações com os investidores;
4. responsabilidade social; e 5. cuidados ambientais. Prova desta crescente
consciência foi a ativa participação da ABRAPP no comitê constituído para construir
o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, um indicador que mede o
retorno total de uma carteira composta por ações de empresas comprometidas com
operações fundamentadas em três dimensões: econômico –financeira, social e
ambiental, nos moldes do Dow Jones Sustentability Indexes (DJSI).
22
Os compromissos envolvidos nesta participação estão alinhados com o
importante passo dado com a Resolução 13, de outubro de 2004, do conselho de
Gestão da Previdência Complementar, que estabelece regras e práticas de governança
e de controles internos para os fundos de pensão, recomendando ainda a adoção de
um código de ética e conduta envolvendo suas transações no mercado. Mais de cem
fundos de pensão já definiram seus códigos. A partir deles desempenharão papéis
ainda mais ativos na disseminação de boas práticas de governança nas empresas
brasileiras. Eles estarão cada vez mais atentos às empresas que revelarem adesão aos
fundamentos da sustentabilidade empresarial até porque, afinal, as entidades de
previdência buscam por rentabilidade e liquidez, mas sem perder de vista empresas
comprometidas com princípios e práticas que lhes dêem sustentação a longo prazo.
23
CAPÍTULO V - GOVERNANÇA CORPORATIVA NA PREVI
A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI é o
fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Criada em 1904, antes mesmo
da Previdência Oficial no Brasil, é hoje o maior fundo de pensão da América Latina e
um dos maiores do mundo em patrimônio. Entidade fechada de previdência privada,
de gestão compartilhada, cuja direção é escolhida 50% pelo Banco do Brasil e 50%
por meio de voto direto de seus participantes (funcionários da ativa e aposentados).
Da Previ podem (mas não são obrigados) participar os funcionários do Banco do
Brasil e os empregados do quadro próprio da PREVI. A Instituição trabalha para
garantir a esses participantes benefícios previdenciários complementares aos da
Previdência Oficial, de forma a contribuir para a qualidade de vida desses
participantes e seus dependentes, tendo como função complementar o benefício do
INSS dos funcionários aposentados da empresa e pensionistas.
Por gerir imenso volume de dinheiro dos seus associados, a Previ é
considerada um dos maiores investidores do Brasil, tendo tido destacado papel
durante as privatizações. Hoje, é importante acionista de grandes empresas como a
Companhia Siderúrgica Nacional, Vale S.A. (antiga Companhia Vale do Rio Doce),
Embraer e era a maior acionista da Perdigão S.A., agora transformada em Brasil
Foods (BRF), após sua fusão com a Sadia. A Previ passou a deter 13,65% do capital
da nova empresa.
24
Em setembro de 2009 o total de recursos investidos pela Previ atingia a soma de
135,5 bilhões de reais
A gestão compartilhada (entre o Banco do Brasil e os participantes do planos)
da Previ é feita por três níveis de governança corporativa: Conselho Deliberativo,
Diretoria Executiva e Conselho Fiscal.
O Conselho Deliberativo é composto por seis membros titulares, sendo três
eleitos pelos participantes e três indicados pelo Banco do Brasil.
O Conselho Fiscal é formado por quatro membros efetivos e seus suplentes,
dos quais dois são eleitos pelo Corpo Social e dois são indicados pelo Banco do
Brasil.
A gestão e fiscalização da PREVI é dividida entre Conselho Deliberativo,
Diretoria Executiva e Conselho Fiscal. A Diretoria Executiva é composta de seis
membros: presidente, diretor de Administração, de Investimentos, de Seguridade, de
Participações e de Planejamento.
A PREVI aplica, nas empresas em que detem participação, o Código PREVI
de Governança Corporativa, que define as práticas que quer ver adotadas por estas,
visando melhorar o desempenho das companhias; proteger os investidores,
empregados, credores; a facilitar o acesso da companhia ao mercado de capitais
proporcionando uma estrutura que defina claramente os objetivos empresariais, a
maneira de atingi-los e a fiscalização do seu desempenho. O Código preconiza ainda
a adoção de postura socialmente responsável pelas empresas. Entre os tópicos
25
abordados estão: transparência, direito dos acionistas, tratamento equânime e ética
empresarial.
Antes de publicar o código de governança a PREVI contratou a Fundação
Dom Cabral para desenvolver um modelo de governança corporativa para ela com
critérios de seleção, treinamento e avaliação dos conselheiros na Previ, cuja
renovação dos mandatos é também associada a um processo de avaliação.
No entanto, conforme conta Sergio Rosa, atual Presidente da PREVI, quando
houve a modernização da legislação dos fundos de pensão ocorreu um debate no
Congresso Nacional com pessoas que achavam que os fundos não deveriam atuar na
gestão de empresas, que deveriam se limitar a cuidar da parte previdenciária, de toda
a parte de investimento, deixando a governança fora de seu escopo de atuação.
A lógica era um pouco que o fundo de pensão talvez fosse muito sujeito a
interferências políticas, a interesses pequenos dos seus associados pensionistas, e que
portanto não devia se comunicar com o mercado, não devia ter poder de um fundo de
pensão dentro de uma empresa grande, ele diz.
Com esse debate, a legislação atual correu o risco de trazer cláusulas que
vetariam a possibilidade de o fundo exercer de maneira mais ativa o seu programa de
investimento, de forma direta nas empresas.
A criação do código Previ de Melhores Práticas de Governança Corporativa foi
uma iniciativa pioneira entre os fundos de pensão brasileiros.
26
A PREVI possui ação acionária em aproximadamente 173 empresas, possuindo
grande capacidade de influenciar a adoção da Governança Corporativa no Brasil.
27
CONCLUSÃO
O movimento de governança corporativa teve seu início nos anos 80 nos
Estados Unidos, devido a necessidade de acompanhar e controlar melhor as
companhias, vindo a se espalhar pelo resto do mundo. A sua origem atendeu a
diferentes necessidades das empresas, de acordo com suas estruturas societárias, seus
interesses e também de acordo com aspectos culturais, econômicos e legais de cada
país.
Verificamos que existem vários conceitos de governança corporativa, o que não
significa contradição, mas diferentes formas de atingir o que consideramos o
principal objetivo que é a proteção dos acionistas contra práticas espúrias das
empresas . No modelo Anglo-Saxão, as participações acionárias são relativamente
pulverizadas e o foco principal está na geração de valor para o acionista. No modelo
nipo-germânico, a propriedade é mais concentrada e o foco está no equilíbrio de
interesses entre acionistas e grupos que são impactados pelas atividades da empresa.
No Brasil, devido ao processo de privatizações iniciado nos anos 90, os fundos
de pensão adquiriram grande participação nas empresas brasileiras, tornando-se os
maiores investidores do país.
Ao iniciar este trabalho, houve dificuldade em encontrar literatura que tratasse
especificamente da governança corporativa nos fundos de pensão. A PREVI destaca-
se dentre os fundos de pensão no Brasil sendo fonte de pesquisa e principal exemplo
do assunto.
28
Dessa forma conhecemos um pouco da história da PREVI, cujo fato relevante
para o estudo foi a publicação de um código próprio para tratar de governança
corporativa.
Por fim podemos afirmar que o movimento de governança corporativa nos
fundos de pensão brasileiros veio para ficar, pois deve-se esperar maior retorno nas
empresas que abracem a governança corporativa, pois seus recursos são investidos
mais eficientemente, pois a percepção de menor risco decorre da maior transparência,
objetivo principal da governança corporativa.
29
BIBLIOGRAFIA:
• ALVAREZ, Elismar Giacometti, CELSO, Gusso. Governança Corporativa, Um
modelo Brasileiro. Rio de Janeiro – Editora Campus – 2008.
• SILVA, Edson Cordeiro da. Governança Corporativa nas Empresas, Guia prático
de orientação para acionistas e conselho de administração . São Paulo – Editora
Atlas, 2006.
• FILHO, Ludgero Simeão da Silva – As vantagens da adesão, pelas empresas, aos
níveis 1 e 2 governança corporativa e ao novo mercado da BOVESPA – Fortaleza
(CE) – Fundação Getulio Vargas – 2005.
• JESUS, Roberto Martins Ribeiro de – Governança Corporativa: A Formação de
Mecanismos por investidores Institucionais o caso PREVI – Rio de Janeiro –
Fundação Getúlio Vargas – 2004
• MONTEIRO, Alcino Pereira – O que vem a ser Governança Corporativa – Rio de
Janeiro – Universidade Cândido Mendes - IAVM – 2006.
• ROSSETTI, José Paschoal; ANDRADE, Adriana. Governança Corporativa,
fundamentos, desenvolvimento e tendências. 2ª Edição – São Paulo – Editora
Atlas, 2006;.
30
WEBGRAFIA:
• Opnião e Notícia, A Experiência da PREVI na Governança Coporativa
http://opiniaoenoticia.com.br/economia/ Acessado em 15/2/2010.
• Boletim PREVI http://previ.com.br / Acessado em 18/12/2009
• Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/ Acessado em 18/12/2009