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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es- tudada, prova, diagnóstico. Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni- dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as questões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, diculdade de relacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação. A Universidade Estadual Paulista — Unesp — tem unidades instala- das em várias cidades do estado de São Paulo: Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Dracena, Franca, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Itapeva, Jaboticabal, Marília, Ourinhos, Presidente Prudente, Regis- tro, Rio Claro, Rosana, São João da Boa Vista, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, São Vicente e Tupã. Seu vestibular, que é aplicado pela Fundação Vunesp, é realizado em duas fases. A segunda fase da Unesp compreende provas de conhecimentos es- pecí cos. São questões analítico-expositivas e uma Redação, em dois dias, com a seguinte constituição: 1 o dia: • 12 questões de Ciências Humanas (História, Geograa e Filosoa). • 12 questões de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia) e Matemática. 2 o dia: • 12 questões de Linguagens (Português, Literatura, Educação Física, Língua Inglesa e Artes) e uma Redação. Duração das provas em cada dia: 4 horas e 30 minutos. Cada questão vale 2 pontos, e a Redação, 28 pontos. Para a nota nal será aplicada a nota da parte objetiva do ENEM da seguinte forma, quando favorecer o candidato: Nota da 1 a fase × 4 + nota do ENEM (normalizada) 5 = nota da 1 a fase com ENEM a prova da 2 a fase da UNESP dezembro 2012 o anglo resolve Aula Estudada Aula Dada Prova Diagnós- tico

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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es-tudada, prova, diagnóstico.Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni-dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as questões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, difi culdade de relacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação.

A Universidade Estadual Paulista — Unesp — tem unidades instala-das em várias cidades do estado de São Paulo: Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Dracena, Franca, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Itapeva, Jaboticabal, Marília, Ourinhos, Presidente Prudente, Regis-tro, Rio Claro, Rosana, São João da Boa Vista, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, São Vicente e Tupã.Seu vestibular, que é aplicado pela Fundação Vunesp, é realizado em duas fases.A segunda fase da Unesp compreende provas de conhecimentos es-pecífi cos. São questões analítico-expositivas e uma Redação, em dois dias, com a seguinte constituição:

1o dia:• 12 questões de Ciências Humanas (História, Geografi a e Filosofi a).• 12 questões de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia) e

Matemática.

2o dia:• 12 questões de Linguagens (Português, Literatura, Educação Física,

Língua Inglesa e Artes) e uma Redação.

Duração das provas em cada dia: 4 horas e 30 minutos. Cada questão vale 2 pontos, e a Redação, 28 pontos.Para a nota fi nal será aplicada a nota da parte objetiva do ENEM da seguinte forma, quando favorecer o candidato:Nota da 1a fase × 4 + nota do ENEM (normalizada)

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UNESP/2013 — 2a FASE 2 ANGLO VESTIBULARES

Os candidatos aos cursos de Arquitetura e Urbanismo (Bauru), Arte- -Teatro, Artes Visuais, Design, Educação Artística, Educação Musical e Música (Bacharelado) fazem prova de Habilidade Específi ca.A pontuação fi nal é a média aritmética simples das notas de 1a fase (com ENEM) e a nota da 2a fase.Para os cursos que exigem prova de Habilidade, a pontuação fi nal é a média aritmética simples das seguintes notas: da 1a fase (com ENEM), da 2a fase e da prova de Habilidade Específi ca.É eliminado o candidato ausente em uma das provas ou que tenha nota zero em qualquer um dos três componentes da Prova de Conhe-cimentos Específi cos, na Redação ou na Prova de Habilidades Especí-fi cas, quando for o caso.

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UNESP/2013 — 2a FASE 3 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 1

(Hubert Robert. A Bastilha nos primeiros dias de sua demolição, 20 de julho de 1789. Museu Carnavalet, Paris, França.)

Esta representação da Bastilha, prisão política do absolutismo monárquico, foi pintada em 1789. Indique dois elementos da tela que demonstrem a solidez e a força da construção e o signifi cado político e social da jorna-da popular de 14 de julho de 1789.

Resolução

A obra de Hubert Robert representa a Bastilha como um edifício imenso, tomando como referência as pessoas que aparecem em primeiro plano na pintura, marcada também pela solidez da construção e por estar carac-terizada como uma fortaleza.A Bastilha era um dos símbolos do poder da monarquia absolutista. A invasão do edifício costuma ser usada para representar a força do Terceiro Estado em confronto com as forças do Antigo Regime, que se articulavam em torno dos privilégios do clero, da nobreza e do rei.

Comentário: A representação não pode ser vista como uma cópia fi el do edifício, mas, sim, como uma ideali-zação. A edifi cação era muito menor do que a obra de Hubert Robert (1733-1808) dá a entender.

▼ Questão 2

Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado um povo da escravidão, o voluntário volta ao país natal para ver sua mãe amarrada a um tronco! Horrível reali-dade!…

(Ângelo Agostini. A Vida Fluminense, 11.06.1870. Adaptado.)

Identifi que a tensão apresentada pela representação e por sua legenda e analise a importância da Guerra do Paraguai para a luta de abolição da escravidão.

CCC IIINNNCCC ÊÊÊ AAAIII SSS NNNAAAHHH MMM AAAUUU SSS

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UNESP/2013 — 2a FASE 4 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

A tensão proposta na imagem e em sua legenda apresenta a dicotomia “soldado negro”, herói e defensor da soberania nacional, contrapondo-se ao “negro escravo”, açoitado e desprovido de liberdade. A Guerra do Paraguai, apesar da vitória militar e de suas diversas versões, pode ser entendida como um ponto de infl exão no Império brasileiro e de suas instituições, tais como a escravidão. A partir daquele confl ito, pode-se afi rmar que importantes setores da ofi cialidade do Exército Brasileiro passaram a defender a abolição da escravidão.

▼ Questão 3

O Governo Provisório foi deposto; a maioria de seus membros está presa. O poder soviético proporá uma paz democrática imediata a todas as nações. Ele procederá à entrega aos comitês camponeses dos bens dos grandes proprietários, da Coroa e da Igreja... Ele estabelecerá o controle operário sobre a produção, garan-tirá a convocação da Assembleia Constituinte para a data marcada... garantirá a todas as nacionalidades que vivem na Rússia o direito absoluto de disporem de si mesmas.

O Congresso decide que o exercício de todo o poder nas províncias é transferido para os Soviets dos de-putados operários, camponeses e soldados, que terão de assegurar uma disciplina revolucionária perfeita. O Congresso dos Soviets está persuadido de que o exército revolucionário saberá defender a Revolução contra os ataques imperialistas.

(Proclamação do Congresso dos Soviets, outubro de 1917. Apud Marc Ferro. A Revolução Russa de 1917, 1974.)

O documento, divulgado em outubro de 1917, relaciona diversas decisões do novo governo russo.

Quais eram as principais diferenças políticas e sociais entre o governo que se iniciava (Congresso dos Soviets) e o que se encerrava (Governo Provisório)? Cite uma das realizações do novo governo, explicando o contexto em que se deu.

Resolução

O Governo Provisório tinha um caráter liberal e era composto essencialmente por setores da burguesia apoia-dos por parte dos mencheviques. Seu líder foi Alexander Kerensky e o principal órgão político era a Duma (parlamento).Já o governo do Congresso dos Soviets possuía um caráter socialista, sendo composto pelos Bolcheviques, a vanguarda do proletariado. Seu líder foi Lênin, que defendia um poder que emanasse dos Soviets (conselhos de trabalhadores). No contexto de uma profunda crise agravada pela Primeira Guerra Mundial, o governo revolucionário tomou medidas como a realização de um acordo de paz (Tratado de Brest-Litovsky), a reforma agrária, a concessão do controle das fábricas aos operários e o respeito às várias nacionalidades que compunham a Rússia.

▼ Questão 4

Getúlio Vargas paira entre palavras e imagens. Em um dos quadros, sorridente, ladeado de escolares tam-bém sorridentes, Getúlio toca o rosto de uma menina; ao seu lado, um menino empunha a bandeira nacional. Os textos são todos conclamativos e supõem sempre uma voz a comandar o leitor infantil e a incitá-lo para a ação. A mesma getulização dos textos escolares se faz presente na ampla literatura encomendada pelo DIP […].

(Alcir Lenharo. Sacralização da política, 1986.)

Explique o que o autor chama de “getulização dos textos escolares” e analise o papel do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) durante o Estado Novo (1937-1945).

Resolução

Nos termos do texto proposto, a “getulização dos textos escolares” enfatizava o culto à personalidade, mani-festo na constante presença da imagem de Vargas, e na perspectiva do engajamento da população, desde a infância, na ideologia nacionalista do Estado Novo. Tratava-se, portanto, da submissão do sistema educacional às funções puramente doutrinadoras de interesse governamental.Durante todo aquele período, o DIP desempenhou papel fundamental na sustentação do regime, coordenan-do a censura política e artística aos meios de comunicação social e a intensa propaganda nacionalista centrada na fi gura do ditador.

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UNESP/2013 — 2a FASE 5 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 5

Observe as fi guras.

passado presente

(Analúcia Giometti et al. (orgs.). Pedagogia cidadã — ensino de Geografi a, 2006. Adaptado.)

Faça uma análise espaço-temporal da paisagem, identifi cando quatro transformações feitas pelo homem.

Resolução

Como se pode observar pelas fi guras apresentadas, na imagem que representa o passado predominam os elementos da natureza, como a vegetação aparentemente intocada ou o acúmulo de sedimentos que formam um pequeno delta na desembocadura do canal fl uvial.Já na paisagem do presente é possível identifi car as seguintes transformações feitas pelo homem: retirada, praticamente total, da cobertura vegetal com a ocupação e alteração da base da encosta; alargamento do canal fl uvial com provável dragagem da orla para construção do píer; impermeabilização do solo e alteração das condições hídricas a partir da emissão de efl uentes.Vale ressaltar que, pela intensa ocupação da paisagem do presente, transcorreu um razoável período de tem-po entre esse momento e o passado. Além disso, é bem provável que toda essa ação antrópica esteja causando um desequilíbrio ecológico nessa região.

▼ Questão 6

Rio de Janeiro fecha o maior aterro sanitário da América Latina

(O Estado de S. Paulo, 04.06.2012.)

A manchete noticia o fechamento do Aterro Sanitário Metropolitano do Jardim Gramacho, após 34 anos de existência. O maior aterro sanitário da América Latina estava localizado à beira da Baía de Guanabara, sobre áreas de manguezais e cercado pelos rios Iguaçu e Sarapuí.

Cite e explique três razões ambientais ou sociais para esse fato ter sido comemorado.

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UNESP/2013 — 2a FASE 6 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

Entre as várias razões para tal comemoração, podemos destacar: o fi m da contaminação do solo, lençóis freáti-cos e rios ao redor da área em questão pelo chorume produzido; a poluição do ar, em decorrência da liberação de gases como o metano; a eliminação na região do aterro de um tipo de trabalho degradante, conhecido como “garimpeiros do lixo”; a extinção do foco de proliferação das doenças infecciosas; a possibilidade de essa área se transformar em um espaço público de lazer.

▼ Questão 7

Brasileiros de várias cidades precisam adaptar a rotina a fenômenos climáticos. Mas Montes Claros, em Minas Gerais, tem um desafi o diferente: seus habitantes têm de aprender a conviver com terremotos. É pelo menos um abalo por ano — são 23 desde 1995, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília. O mais forte, porém, ocorreu há oito dias, atingindo magnitude 4,5 na escala Richter e foi sentido em toda a cidade. Nos dias seguintes, houve mais três tremores menores — resultando em “pavor total” da população.

(Marcelo Portela. A cidade que tem de viver com terremotos.O Estado de S. Paulo, 27.05.2012. Adaptado.)

Distribuição das placas litosféricas da Terra. As setas indicam o sentido do movimento, e os números, as velocidades relativas, em cm/ano, entre as placas. Por exemplo, a placa Sul-Americana avança sobre a placa de Nazca a uma velocidade considerada alta, que varia de 10,1 a 11,1cm por ano.

(Wilson Teixeira et al. (orgs.). Decifrando a Terra, 2009. Adaptado.)

A partir da leitura do texto, da análise do planisfério e de seus conhecimentos, defi na a expressão “placa tec-tônica” e explique qual é o padrão de ocorrências de abalos sísmicos no Brasil.

Resolução

As placas tectônicas são porções da litosfera (camada rochosa do planeta Terra) que se movimentam em sen-tidos e velocidades diferentes devido às corrrentes convectivas do magma no manto terrestre.Os abalos sísmicos no Brasil ocorrem em número bastante menor que nas bordas de contato das placas tectô-nicas; isso acontece por seu território estar localizado na porção central da placa Sul-Americana.A maior parte dos abalos que ocorrem no Brasil são decorrentes de refl exos de tremores na borda das placas, na acomodação de camadas e na movimentação de falhas geológicas.

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UNESP/2013 — 2a FASE 7 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 8

Analise os climogramas dos principais tipos climáticos do Brasil e as fotos que retratam as formações vegetais correspondentes.

1 2 3 4 5 6

(Maria Elena Simielli. Geoatlas, 2011. Adaptado.)

A B C D E F

(Maria Elena Simielli. Geoatlas, 2011. Adaptado.)

Identifi que o climograma e a respectiva foto que representa a vegetação do cerrado.

Mencione duas características da formação vegetal do cerrado e uma característica do clima no qual ela ocorre.

Resolução

O climograma número 3 infl uencia a vegetação do Cerrado, representada pela foto C.Tal formação vegetal, também denominada Savana brasileira, tem por características a presença de árvores com troncos e galhos retorcidos, com revestimento composto por casca grossa. Elas possuem raízes profundas que facilitam a obtenção de água presente em lençóis subterrâneos. Além disso, conta com estratos arbustivos e herbáceos.Tal composição botânica está sob domínio do clima tropical, alternadamente úmido e seco, com elevadas tem-peraturas o ano todo e chuvas concentradas sobretudo no período primavera/verão.

▼ Questão 9

Ninguém pode deixar de reconhecer a infl uência da teoria do bom selvagem na consciência contemporânea. Ela é vista no presente respeito por tudo o que é natural (alimentos naturais, remédios naturais, parto natural) e na desconfi ança diante do que é feito pelo homem, no desuso dos estilos autoritários de criação de fi lhos e na concepção dos problemas sociais como defeitos reparáveis em nossas instituições, e não como tragédias inerentes à condição humana.

(Steven Pinker. Tábula rasa — a negação contemporânea da natureza humana, 2004. Adaptado.)

Explique a origem e o conteúdo da “teoria do bom selvagem” na história da Filosofi a e comente sua implica-ção na análise dos problemas sociais.

Resolução

A teoria do bom selvagem é uma construção da fi losofi a política de Rousseau. No seu “Discurso sobre a ori-gem da desigualdade humana”, o autor defende a tese de que o homem em estado de natureza é bom, sem vícios, dotado de apenas duas virtudes, a piedade natural (capacidade de comover-se com a desgraça alheia) e a perfectibilidade (poder de desenvolver novas habilidades). A organização da sociedade e o estabelecimento da propriedade privada promovem uma degradação que corrompe e escraviza o ser humano. Daí decorre que a responsabilidade pelos problemas sociais passa a ser atribuída somente à elite proprietária, que usa da vio-lência do Estado para preservar seus privilégios, eximindo o povo submisso de qualquer encargo.

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UNESP/2013 — 2a FASE 8 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 10

Preguiça e covardia são as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia, ainda permanecem, com gosto, e por toda a vida, na condição de menoridade. É tão confortável ser menor! Tenho à disposição um livro que entende por mim, um pastor que tem consciência por mim, um médico que prescreve uma dieta etc.: então não preciso me es-forçar. A maioria da humanidade vê como muito perigoso, além de bastante difícil, o passo a ser dado rumo à maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após terem previamente embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que estas pacatas criaturas não ousem dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso queiram andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é assim tão grande, pois, após algumas quedas, aprenderiam fi nalmente a andar; basta, entretanto, o perigo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo para que não façam novas tentativas.

(Immanuel Kant, apud Danilo Marcondes. Textos básicos de ética — de Platão a Foucault, 2009. Adaptado.)

O texto refere-se à resposta dada pelo fi lósofo Kant à pergunta sobre “O que é o Iluminismo?”. Explique o signifi cado da oposição por ele estabelecida entre “menoridade” e “autonomia intelectual”.

Resolução

Segundo Kant, a menoridade, estado anterior ao Iluminismo, é a incapacidade de o ser humano “caminhar com suas próprias pernas”, ou seja, tomar decisões racionais que impliquem decidir o próprio destino, com a consequente responsabilidade inerente a essas escolhas. Nesse sentido, a menoridade signifi ca, a custo de abrir mão da própria consciência, eximir-se de toda responsabilidade, o que, segundo o fi lósofo, seria tremen-damente confortável. Seu oposto é a maioridade, que signifi ca a autonomia intelectual. Assim, o racionalismo iluminista representa a superação da minoridade em favor dessa autonomia.

▼ Questão 11

Texto 1

Para santo Tomás de Aquino, o poder político, por ser uma instituição divina, além dos fi ns temporais que justifi cam a ação política, visa outros fi ns superiores, de natureza espiritual. O Estado deve dar condições para a realização eterna e sobrenatural do homem. Ao discutir a relação Estado-Igreja, admite a supremacia desta sobre aquele. Considera a Monarquia a melhor forma de governo, por ser o governo de um só, escolhido pela sua virtude, desde que seja bloqueado o caminho da tirania.

Texto 2

Maquiavel rejeita a política normativa dos gregos, a qual, ao explicar “como o homem deve agir”, cria siste-mas utópicos. A nova política, ao contrário, deve procurar a verdade efetiva, ou seja, “como o homem age de fato”. O método de Maquiavel estipula a observação dos fatos, o que denota uma tendência comum aos pensadores do Renascimento, preocupados em superar, através da experiência, os esquemas meramente de-dutivos da Idade Média. Seus estudos levam à constatação de que os homens sempre agiram pelas formas da corrupção e da violência.

(Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins. Filosofando, 1986. Adaptado.)

Explique as diferentes concepções de política expressadas nos dois textos.

Resolução

Em São Tomás de Aquino, a atividade política está subordinada a fi ns espirituais, considerados superiores. Assim, a capacidade do Estado de viabilizar a salvação implica um sentido ético-religioso para a sua ação. Ma-quiavel, por sua vez, rompe tanto com a ética religiosa da visão política medieval como com a ética normativa dos gregos. Maquiavel inaugura o realismo na análise política, uma vez que sua teoria se funda na observação da prática política de sua época, que o levou a reconhecer a efetividade da corrupção e da violência. Dessa forma, a concepção do Estado como criação divina — visão medieval — é substituída pela do Estado laico, criação humana e histórica.

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UNESP/2013 — 2a FASE 9 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 12

Do lado oposto da caverna, Platão situa uma fogueira — fonte da luz de onde se projetam as sombras — e alguns homens que carregam objetos por cima de um muro, como num teatro de fantoches, e são desses ob-jetos as sombras que se projetam no fundo da caverna e as vozes desses homens que os prisioneiros atribuem às sombras. Temos um efeito como num cinema em que olhamos para a tela e não prestamos atenção ao projetor nem às caixas de som, mas percebemos o som como proveniente das fi guras na tela.

(Danilo Marcondes. Iniciação à história da fi losofi a, 2001.)

Explique o signifi cado fi losófi co da Alegoria da Caverna de Platão, comentando sua importância para a dis-tinção entre aparência e essência.

Resolução

A Alegoria da Caverna concretiza, por meio de uma imagem, a teoria platônica do conhecimento. Em sua con-cepção, as impressões obtidas por meio dos sentidos (as aparências) são sempre enganosas, pálidas imagens imperfeitas do mundo das ideias verdadeiras (as essências), que seriam atingidas exclusivamente por meio do uso da refl exão racional. A caverna representa o corpo, no qual a mente (os cativos dessa caverna) está apri-sionada; para aceder à verdade, portanto, o homem precisa se libertar das sensações corporais, dedicando-se exclusivamente à investigação e ao debate racional.

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UNESP/2013 — 2a FASE 10 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 13

A batalha pelo elemento é impiedosa, assim como aquela por água, ar ou sexo, mas apenas de vez em quando a verdade de suas negociações é exposta em toda sua brutalidade. As plantas que comem animais são apenas um exemplo entre muitos para mostrar o quão competitivo o negócio deve ser, e como a Natureza recorre às conveniências mais improváveis para tirar o máximo do pouco que há disponível.

(Steve Jones. A Ilha de Darwin, 2009.)

Planta carnívora (Dionaea sp) em seu hábitat.(www.carnivoras.com.br)

No texto, o autor refere-se a um elemento químico, abundante na atmosfera, mas não no solo onde a planta cresce. Esse elemento é essencial para o desenvolvimento das plantas, uma vez que irá constituir suas proteí-nas e ácidos nucleicos.Qual é o elemento químico referido pelo autor e, considerando que na natureza as plantas carnívoras o obtêm dos animais que capturam, explique de que forma as espécies vegetais não carnívoras o obtêm.

Resolução

O elemento químico é o nitrogênio. As espécies vegetais não carnívoras obtêm esse elemento a partir do solo, preferencialmente na forma de nitrato. Esse íon pode ser proveniente, principalmente, da nitrifi cação do ma-terial originado da decomposição e da fi xação biológica do nitrogênio.

▼ Questão 14

O tuco-tuco (Ctenomys brasiliensis) é um animal curioso, que se pode, em linhas gerais, descrever como roedor com hábitos de toupeira. […] São animais noturnos, e alimentam-se especialmente de raízes de plan-tas, o que explica os túneis longos e superfi ciais que cavam. […] O homem que mos trouxe afi rmou que muito comumente os tuco-tucos são encontrados cegos. O exemplar que eu conservava no álcool achava-se nesse estado. […] Lamarck rejubilar-se-ia com este fato, se acaso o tivesse conhecido.

(Charles Darwin. Diário das investigações sobre a História Natural e Geologia dos países visitados durante a viagem ao redor do mundo pelo navio de Sua Majestade “Beagle”, sob o comando do Capt. Fitz Roy, R. A, 1871.)

Tuco-tuco brasileiro (Ctenomys brasiliensis), Blainville, 1826.(mamiferosdomundo.blogspot.com.br)

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UNESP/2013 — 2a FASE 11 ANGLO VESTIBULARES

O texto foi escrito por Charles Darwin, em seu diário de bordo, em 26 de julho de 1832, à época com 23 anos de idade, quando de sua passagem pelo Brasil e Uruguai.Escrito antes que construísse sua Teoria da Evolução, o texto revela que Darwin conhecia a obra de Lamarck.

Como Lamarck explicaria as observações de Darwin sobre o tuco-tuco brasileiro, e qual é a explicação apresen-tada pela Teoria da Evolução na biologia moderna?

Resolução

Lamarck diria que, por viverem na maior parte do tempo em túneis por eles escavados, a falta de uso dos olhos teria provocado a falta de função desses órgãos, tornando-os cegos. Na reprodução, essa característica adquirida seria transmitida aos descendentes.Na ausência de luz, a visão não é um fator sujeito à ação da seleção natural. Desse modo, eventuais mutantes cegos poderiam sobreviver, tendo, sob esse aspecto, a mesma chance de sobrevivência em relação aos indiví-duos dotados de visão.

▼ Questão 15

Em 2012, assim como em anos anteriores, o Ministério da Saúde promoveu a campanha para vacinação contra a gripe. A seguir, o cartaz informativo da campanha.

No cartaz, lemos que devem ser vacinadas “Pessoas com 60 anos ou mais”.

Essa recomendação aplica-se a todos os que têm mais de 60 anos, independentemente de terem sido vacina-dos antes, ou somente àqueles que têm mais de 60 anos e que não tinham sido vacinados em anos anteriores? Justifi que sua resposta, tendo por base as características antigênicas do vírus da gripe, e explicando como a vacina protege o indivíduo contra a doença.

Resolução

Essa recomendação é válida para todas as pessoas de mais de 60 anos. Considerando a elevada taxa de ocor-rência de mutação do material genético dos vírus da gripe, novas variedades virais surgem, contra as quais as pessoas ainda não estão imunizadas.A vacina é constituída de antígenos atenuados que estimulam a síntese de anticorpos específi cos, ativando células de memória imunológica que mantêm a imunidade contra os antígenos.

▼ Questão 16

A taurina é uma substância química que se popularizou como ingrediente de bebidas do tipo “energéticos”. Foi isolada pela primeira vez a partir da bile bovina, em 1827.

O

O

SHO NH2

taurina

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UNESP/2013 — 2a FASE 12 ANGLO VESTIBULARES

Na literatura médica e científi ca, a taurina é frequentemente apresentada como um aminoácido. Entretanto, tecnicamente a taurina é apenas uma substância análoga aos aminoácidos.

Explique por que a taurina não pode ser rigorosamente classifi cada como um aminoácido e, sabendo que, em soluções aquosas de pH neutro, a taurina encontra-se como um sal interno, devido aos grupos ionizados (zwitterion), escreva a equação que representa essa dissociação em água com pH igual a 7.

Resolução

Um aminoácido apresenta a seguinte estrutura geral:

C

NH2amina

H

R COH

Oácido carboxílico

A taurina não pode ser rigorosamente classifi cada como um aminoácido pois não apresenta a função orgânica ácido carboxílico.O termo “zwitterion” indica um íon dipolar e a equação que representa a sua dissociação em água (pH = 7) é:

O

SHONH2

O

H2O

O

S–ONH3

+

O

▼ Questão 17

O esquema apresentado descreve os diagramas energéticos para uma mesma reação química, realizada na ausência e na presença de um agente catalisador.

I

II

produto

reagente

coodenada de reação

ener

gia

Com base no esquema, responda qual a curva que representa a reação na presença de catalisador. Explique sua resposta e faça uma previsão sobre a variação da entalpia dessa reação na ausência e na presença do ca-talisador.

Resolução

Catalisador diminui a energia de ativação de uma reação química. Logo:

I

II

produto

reagente

coodenada de reação

ener

gia

H

atI

atII

A curva II representa a reação catalisada pois possui menor valor para energia de ativação. Já a variação de entalpia da reação pode ser calculada por: ΔH = Hprodutos – Hreagentes.A variação de entalpia da reação não sofre alteração pela presença de catalisador.

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UNESP/2013 — 2a FASE 13 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 18

A imagem é a fotografi a de uma impressão digital coletada na superfície de um pedaço de madeira. Para obtê-la, foi utilizada uma técnica baseada na reação entre o sal do suor (NaCl), presente na impressão digital, com solução aquosa diluída de um reagente específi co. Depois de secar em uma câmara escura, a madeira é exposta à luz solar.

Considere soluções aquosas diluídas de AgNO3 e de KNO3. Indique qual delas produziria um registro fotográ-fi co de impressão digital ao reagir com o sal do suor, nas condições descritas, e justifi que sua resposta descre-vendo as reações químicas envolvidas.

Resolução

Deve-se empregar a solução de AgNO3, que reage com o NaCl proveniente do suor, formando o AgCl, um sal insolúvel.

NaCl(aq) + AgNO3(aq) → AgCl(s) + NaNO3(aq)

O AgCl é um sal fotossensível e, na presença da luz solar, escurece, deixando a impressão digital visível.

▼ Questão 19

Um brinquedo é constituído por dois carrinhos idênticos, A e B, de massas iguais a 3kg e por uma mola de massa desprezível, comprimida entre eles e presa apenas ao carrinho A. Um pequeno dispositivo, também de massa desprezível, controla um gatilho que, quando acionado, permite que a mola se distenda.

A

1m/s

antes do disparo depois do disparo

B A B

1,5m/s

Antes de o gatilho ser acionado, os carrinhos e a mola moviam-se juntos, sobre uma superfície plana horizon-tal sem atrito, com energia mecânica de 3,75J e velocidade de 1m/s, em relação à superfície. Após o disparo do gatilho, e no instante em que a mola está totalmente distendida, o carrinho B perde contato com ela e sua velocidade passa a ser de 1,5m/s, também em relação a essa mesma superfície.

Nas condições descritas, calcule a energia potencial elástica inicialmente armazenada na mola antes de o gati-lho ser disparado e a velocidade do carrinho A, em relação à superfície, assim que B perde contato com a mola, depois de o gatilho ser disparado.

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UNESP/2013 — 2a FASE 14 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

Sabendo que a energia mecânica de um sistema é dada pela soma da energia potencial com a energia cinética dos corpos desse sistema, temos:

εmantes = εp

antes + εcantes

6447448

3,75 = εpelástica + mAvA

2

2 + mBvB

2

2

3,75 = εp

elástica + 3 ⋅ 12

2 + 3 ⋅ 12

2∴ εp

elástica = 0,75J

Como se trata de uma interação na horizontal sem atrito, o sistema é mecanicamente isolado. De acordo com o teorema dos sistemas mecanicamente isolados, temos:

Q→antes

sistema = Q→depois

sistema

Como a direção do movimento não se altera, daremos um tratamento escalar, orientando a trajetória para a direita:

mAvA + mBvB = mAv’A + mBv’B3 ⋅ 1 + 3 ⋅ 1 = 3 ⋅ v’A + 3 ⋅ 1,5

∴ v’A = 0,5m/s

▼ Questão 20

Determinada massa de gás ideal sofre a transformação cíclica ABCDA mostrada no gráfi co. As transformações AB e CD são isobáricas, BC é isotérmica e DA é adiabática. Considere que, na transformação AB, 400kJ de calor tenham sidos fornecidos ao gás e que, na transformação CD, ele tenha perdido 440kJ de calor para o meio externo.

4,0

2,0

0,0 0,3 0,5 1,0 2,0 V(m3)

P(105N/m2)

A B

CD

Calcule o trabalho realizado pelas forças de pressão do gás na expansão AB e a variação de energia interna sofrida pelo gás na transformação adiabática DA.

Resolução

• Como a transformação AB é isobárica, o trabalho realizado pelas forças de pressão do gás pode ser determi-nado pela equação:

τA → B = p ⋅ (VB – VA)

Efetuando as devidas substituições numéricas:

τA → B = 4 ⋅ 105 ⋅ (1,0 – 0,3)τA → B = 2,8 ⋅ 105J ou 280kJ

• A variação de energia interna (ΔU), em uma transformação cíclica, é nula.

Ou seja:

ΔUciclo = ΔUAB + ΔUBC + ΔUCD + ΔUDA = 0 (A)

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UNESP/2013 — 2a FASE 15 ANGLO VESTIBULARES

Para cada uma das transformações têm-se:

i) ΔUAB = QAB – τAB (1a lei da termodinâmica)

Como QAB = +400kJ (o gás recebe calor), segue:

ΔUAB = 400 – 280 = 120kJ (B)

ii) ΔUBC = 0, pois a transformação é do tipo isotérmica (C)

iii) ΔUCD = QCD – τCD; em que QCD = –440kJ (o gás perde calor) e τCD = p ⋅ (VD – VC).

Logo:

ΔUCD = –440000 – 2 ⋅ 105 ⋅ (0,5 – 2,0)

∴ ΔUCD = –140000J = –140kJ (D)

Substituindo os valores (B), (C) e (D) na equação (A), obtém-se:

0 = 120 + 0 – 140 + ΔUDA

∴ ΔUDA = 20kJ ou 20000J

▼ Questão 21

Um feixe é formado por íons de massa m1 e íons de massa m2, com cargas elétricas q1 e q2, respectivamente, de mesmo módulo e de sinais opostos. O feixe penetra com velocidade →v, por uma fenda F, em uma região onde atua um campo magnético uniforme

→B, cujas linhas de campo emergem na vertical perpendicularmente

ao plano que contém a fi gura e com sentido para fora.Depois de atravessarem a região por trajetórias tracejadas circulares de raios R1 e R2 = 2 · R1, desviados pelas forças magnéticas que atuam sobre eles, os íons de massa m1 atingem a chapa fotográfi ca C1 e os de massa m2 a chapa C2.

B

R2 R1

F C1

C2

Considere que a intensidade da força magnética que atua sobre uma partícula de carga q, movendo-se com velocidade v, perpendicularmente a um campo magnético uniforme de módulo B, é dada por FMAG = |q| · v · B.

Indique e justifi que sobre qual chapa, C1 ou C2, incidiram os íons de carga positiva e os de carga negativa.

Calcule a relação m1

m2 entre as massas desses íons.

Resolução

Para carga elétrica positiva, a força magnética é dada pela regra da mão direita, descrita na fi gura a seguir:

vv

B

Fm

empurrão

Aplicando essa regra aos íons de cargas q1 e q2, conclui-se que:q1 � 0 e q2 � 0

Uma vez que |q1| = |q2|, que v1 = v2 e que a intensidade do campo magnético →B é a mesma para as duas partí-

culas, pode-se afi rmar que as intensidades das forças magnéticas atuantes sobre essas partículas (Fm = |q| ⋅ v ⋅ B) são iguais.

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UNESP/2013 — 2a FASE 16 ANGLO VESTIBULARES

Como, para a situação descrita, a força magnética é a resultante centrípeta sobre as partículas, têm-se:

Rcp(1) = Rcp(2)

⇓ ⇓

m1v2

R1 = m2

v2

R2, em que R2 = 2 ⋅ R1

∴ m1m2

= 12

▼ Questão 22

Quantos são os números naturais que podem ser decompostos em um produto de quatro fatores primos, po-sitivos e distintos, considerando que os quatro sejam menores que 30?

Resolução

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Há exatamente 10 números primos positivos menores que 30.A quantidade de números naturais que são iguais ao produto de 4 deles é dada por

(104 ) = 10!

4!6!

= 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6!4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 6!

= 210.

Resposta: 210

▼ Questão 23

Os pontos A e C são intersecções de duas cônicas dadas pelas equações x2 + y2 = 7 e y = x2 – 1, como mostra a

fi gura fora de escala. Sabendo que tg49º ≅ 2 ⋅ �33

e tomando o ponto B(0, –�7), determine a medida aproxi-

mada do ângulo ABC, em graus.y

x

A C

Resolução

Os pontos A e C são dados pelo sistema:

12

3

x2 + y2 = 7 (1)y = x2 – 1 (2)

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UNESP/2013 — 2a FASE 17 ANGLO VESTIBULARES

De (2) temos x2 = y + 1.

Substituindo em (1), vem y + 1 + y2 = 7 ∴ y2 + y – 6 = 0.

y = –3 (não convém pois teríamos x2 = –2)

ou

y = 2 ∴ x2 = 3 ∴

12

3 x = �3 ∴ C(�3 ,2)x = –�3 A(–�3 ,2)

Assim, temos a fi gura abaixo:

y

x

A

O

C

B

M 3�( , 2)

Sendo ABC = α, então, AOC = 2α

No triângulo OMC, tgβ = 2�3

= 2�33

∴ β ≅ 49º.

Daí: α ≅ 41º.

Resposta: 41º

▼ Questão 24

Sabendo-se que cos(2x) = cos2x – sen2x, para quais valores de x a função f(x) = cosx + 12

· cos(2x) assume seu

valor mínimo no intervalo 0 � x � 2π?

Resolução

f(x) = cosx + 12

⋅ (cos2x – sen2x)

∴ f(x) = cosx + 12

⋅ (2 ⋅ cos2x – 1)

∴ f(x) = cos2x + cosx – 12

Para 0 � x � 2π, temos –1 � cosx � 1.

Fazendo cosx = t, temos:

y = t2 + t – 12

, –1 � t � 1

Vértice:

144

24

43

tv = –12

yv = (–12)2 – 1

2 – 1

2 = –3

4

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UNESP/2013 — 2a FASE 18 ANGLO VESTIBULARES

O gráfi co:y

t0 1–121–

43–

23

A função assume seu valor mínimo para cosx = –12

. No intervalo 0 � x � 2π, temos x = 2π3

ou x = 4π3

.

Resposta: x =

2π3

ou x = 4π3

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UNESP/2013 — 2a FASE 19 ANGLO VESTIBULARES

Instrução: As questões de números 25 a 28 tomam por base uma crônica de Clarice Lispector (1925-1977) e uma passagem do Manual do Roteiro, do professor de Técnica do roteiro, consultor e conferencista Syd Field.

Escrever

Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.

Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.

Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fi m o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.

Que pena que só sei escrever quando espontaneamente a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.

Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.(Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.)

Escrevendo o roteiro

Escrever um roteiro é um fenômeno espantoso, quase misterioso. Num dia você está com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confusão e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro não; ninguém sabe como ou por quê. É o processo criativo; que desafi a análises; é mágica e ma-ravilha.

Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experiência de escrever desde o início dos tempos resume-se a uma coisa — escrever é sua experiência particular, pessoal. De ninguém mais.

Muita gente contribui para a feitura de um fi lme, mas o roteirista é a única pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco.

Escrever é trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, máquina de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Você tem que investir tempo.

Antes de começar a escrever, você tem que achar tempo para escrever.Quantas horas por dia você precisa dedicar-se a escrever?Depende de você. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius es-

creve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno (Inferno na Torre), às vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a história na cabeça por meses, contando-a para as pessoas até que ele a conheça completamente; então ele “pula na máquina” e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastará semanas polindo e consertando a história.

Você precisa de duas a três horas por dia para escrever um roteiro.Olhe para a sua agenda diária. Examine o seu tempo. Se você trabalha em horário integral, ou cuidando

da casa e da família, seu tempo é limitado. Você terá que achar o melhor horário para escrever. Você é o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manhã? Ou só vai acordar e fi car alerta no fi nal da tarde? Tarde da noite pode ser um bom horário. Descubra.

(Syd Field. Manual do roteiro, 1995.)

▼ Questão 25

Clarice Lispector coloca inicialmente o processo da criação literária como uma maldição. Em seguida, ressalva que é também uma salvação.

Com base no texto da crônica, explique como a autora resolve essa diferença de conceitos sobre a criação literária.

III UUULLLNNNGGG GGGAAA EEEMMM EEE ÓÓÓ GGGDDD III OOOSSSCCC

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UNESP/2013 — 2a FASE 20 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

Embora Clarice Lispector afi rme que o ato de escrever é, contraditoriamente, maldição e salvação, ao fi nal do primeiro parágrafo a diferença entre os dois conceitos acaba diluída com a defi nição do processo de criação como uma “maldição que salva”.A maldição se explica pelo entendimento da escrita “como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar”, e a salvação pela ideia de que, por meio da escrita, uma “alma presa” pode se libertar e também com-preender dias que não seriam entendidos, se os deixássemos passar sem escrever.Assim, o paradoxo resolve-se pela associação de características complementares da escrita, que podem ser consideradas transformadoras para o sujeito que se submete a elas.

▼ Questão 26

Que pena que só sei escrever quando espontaneamente a “coisa” vem.

Explique, com base no primeiro parágrafo do texto Escrevendo o roteiro, se Syd Field concorda com esta afi r-mação de Clarice Lispector.

Resolução

Syd Field concorda com a afi rmação de Clarice Lispector sobre o ato de escrever um texto artístico. Para a au-tora, que se refere especifi camente a um tipo de texto “que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance”, a escrita espontânea, natural, não depende apenas da vontade ou da habilidade do enun-ciador, mas também de seu estado de inspiração. Ela afi rma explicitamente que só sabe escrever “quando a ‘coisa’ vem”. Field, tratando dos roteiros cinematográfi cos — outro gênero textual das artes —, considera o processo de criação “um fenômeno espantoso, quase misterioso”, justamente por depender de um estado de inspiração. Segundo o autor, o resultado da escrita se dá à revelia do autor, que nem sempre tem “as coisas sob controle”, num processo criativo que é “mágica e maravilha”.

▼ Questão 27

Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance.

Ao empregar na frase apresentada o advérbio eventualmente, o que revela Clarice Lispector sobre a criação de um conto ou romance?

Resolução

No trecho “aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance”, o termo “eventual-mente” é fundamental para revelar parte da gênese do texto literário de Clarice Lispector: a escritora sugere que, motivada por uma inspiração inicial, começava por redigir algo menos pretensioso, que nem sempre che-gava a culminar em um conto ou em um romance. O advérbio “eventualmente” participa da construção desse signifi cado por estabelecer o pressuposto de que a transformação desse texto inicial em um texto literário era algo casual, eventual, que não ocorria com regularidade.

▼ Questão 28

No sétimo parágrafo do texto de Syd Field, que informação o autor passa ao aprendiz de roteirista com os diversos exemplos que apresenta?

Resolução

Os exemplos apresentados por Syd Field a respeito dos diferentes hábitos de escrita de roteiristas experimen-tados corrobora a ideia de que o processo de criação literária é absolutamente pessoal, não apenas quanto ao tempo dedicado à elaboração do trabalho, mas também quanto à sua organização. Enquanto alguns escre-vem apenas uma hora por dia, outros podem escrever até doze. Há aqueles que organizam toda a história na cabeça antes de começar a escrevê-la e os que a criam durante o desenvolvimento da escrita.Dessa forma, fi ca claro que, para Syd Field, não existem regras imutáveis que defi nam o ato de escrever.

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UNESP/2013 — 2a FASE 21 ANGLO VESTIBULARES

Instrução: As questões de números 29 a 32 tomam por base uma passagem do romance Canaã, de Graça Aranha (1868-1931), e uma tira de Henfi l (1944-1988).

Canaã

— Hoje — disse Milkau quando chegaram a um trecho desembaraçado da praia —, devemos escolher o local para a nossa casa.

— Oh! não haverá difi culdade, neste deserto, de talhar o nosso pequeno lote… — desdenhou Lentz.— Quanto a mim, replicou Milkau, uma ligeira inquietação de vago terror se mistura ao prazer extraor-

dinário de recomeçar a vida pela fundação do domicílio, e pelas minhas próprias mãos… O que é lamentável nesta solenidade primitiva é a intervenção inútil do Estado…

— O Estado, que no nosso caso é o agrimensor Felicíssimo…— Não seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda,

sem posse?— O que eu vejo é o contrário disto. É antes a venalidade de tudo, a ambição, que chama a ambição e

espraia o instinto da posse. O que está hoje fora do domínio amanhã será a presa do homem. Não acreditas que o próprio ar que escapa à nossa posse será vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como é hoje a ter-ra? Não será uma nova forma da expansão da conquista e da propriedade?

— Ou melhor, não vês a propriedade tornar-se cada dia mais coletiva, numa grande ânsia de aquisição popular, que se vai alastrando e que um dia, depois de se apossar dos jardins, dos palácios, dos museus, das estradas, se estenderá a tudo?… O sentimento da posse morrerá com a desnecessidade, com a supressão da ideia da defesa pessoal, que nele tinha o seu repouso…

— Pois eu — ponderou Lentz —, se me fi xar na ideia de converter-me em colono, desejarei ir alargando o meu terreno, chamar a mim outros trabalhadores e fundar um novo núcleo, que signifi que fortuna e domí-nio… Porque só pela riqueza ou pela força nos emanciparemos da servidão.

— O meu quinhão de terra — explicou Milkau — será o mesmo que hoje receber; não o ampliarei, não me abandonarei à ambição, fi carei sempre alegremente reduzido à situação de um homem humilde entre gente simples. Desde que chegamos, sinto um perfeito encantamento: não é só a natureza que me seduz aqui, que me festeja, é também a suave contemplação do homem. Todos mostram a sua doçura íntima estampada na calma das linhas do rosto; há como um longínquo afastamento da cólera e do ódio. Há em todos uma resig-nação amorosa… Os naturais da terra são expansivos e alvissareiros da felicidade de que nos parecem os por-tadores… Os que vieram de longe esqueceram as suas amarguras, estão tranquilos e amáveis; não há grandes separações, o próprio chefe troca no lar o seu prestígio pela espontaneidade niveladora, que é o feliz gênio da sua raça. Vendo-os, eu adivinho o que é todo este País — um recanto de bondade, de olvido e de paz. Há de haver uma grande união entre todos, não haverá confl itos de orgulho e ambição, a justiça será perfeita; não se imolarão vítimas aos rancores abandonados na estrada do exílio. Todos se purifi carão e nós também nos devemos esquecer de nós mesmos e dos nossos preconceitos, para só pensarmos nos outros e não pertur-barmos a serenidade desta vida…

(Graça Aranha. Canaã, 1996.)

Mai Bróder

(Henfi l. A volta do Fradim: uma antologia histórica: charges, 1994.)

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UNESP/2013 — 2a FASE 22 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 29

Em sua última fala no fragmento do romance Canaã, coerentemente com o que manifestou nas falas anterio-res, a personagem Milkau, ao informar o que pretende fazer com seu quinhão de terra, acaba expressando sua própria concepção de mundo.

Releia essa fala e faça uma síntese dessa concepção da personagem.

Resolução

A concepção de mundo da personagem Milkau é marcada por um profundo otimismo, associado à crença de que a propriedade coletiva substituiria a propriedade individual. Isso se pode notar no trecho “Não seria muito mais perfeito que a terra e as suas coisas fossem propriedade de todos, sem venda, sem posse?”. Essas ideias são notadamente socialistas. Embora o excerto apresente a personagem tomando contato com o seu “quinhão de terra”, Milkau não deseja entregar-se à ambição típica dos proprietários capitalistas ansiosos por lucro: “fi carei sempre alegremente reduzido à situação de um homem humilde entre gente simples”. Além de tudo isso, a personagem corrobora uma visão idealizada do país: “Vendo-os, eu adivinho o que é todo este País: um recanto de bondade, de olvido e de paz. Há de haver uma grande união entre todos, não haverá confl itos de orgulho e ambição, a justiça será perfeita”.

▼ Questão 30

— O que eu vejo é o contrário disto. É antes a venalidade de tudo, a ambição, que chama a ambição e espraia o instinto da posse.

Tomando por base o contexto do diálogo e as outras manifestações de Milkau, aponte o argumento que é defendido por Lentz nesta fala.

Resolução

O argumento defendido por Lentz é que os interesses fi nanceiros predominam sobre todos os outros. Compa-rando-se esse argumento com os defendidos por Milkau, nota-se que Lentz tem uma visão mais materialista da existência, voltada para o acúmulo de capital e para a exploração da força de trabalho alheia. Lentz é um adepto da “lei do mais forte”.

▼ Questão 31

Estabeleça uma relação entre as opiniões das personagens da tira de Henfi l e as das personagens de Canaã.

Resolução

Há entre as personagens de Henfi l (respectivamente, na tira, “Cumprido” e “Baixim”) oposição semelhante à existente entre as personagens de Aranha (Milkau e Lentz). A opinião de Lentz está para a de Baixim assim como a de Milkau está para a de Cumprido. Milkau e Cumprido afi rmam acreditar no predomínio do senti-mento de fraternidade entre os seres humanos: o primeiro, ao dizer que haverá “uma grande união entre to-dos”; o segundo, ao defender que “somos todos irmãos”. Já para Lentz e Baixim, predomina a oposição entre os seres: este acusa o amigo de dizer-se seu irmão somente para compartilhar uma herança; aquele afi rma ver a ambição, a venalidade e o instinto de posse presidirem as relações humanas.Cabe fazer uma ressalva acerca da tira de Henfi l: no contexto social e histórico da publicação, a tira serve ao desmascaramento de um certo tipo de discurso religioso hipócrita, dogmático e vazio.

▼ Questão 32

Tomando como referência o sistema ortográfi co, explique por que o cartunista Henfi l, ao aportuguesar, com intenção irônica, a expressão inglesa my brother, colocou o acento agudo em Bróder.

Resolução

Henfi l acentuou “bróder” por se tratar de uma paroxítona terminada em “r”. Usou o acento agudo porque o som da vogal “o” é aberto. Com isso, o autor promove a ridicularização da assimilação acrítica de elementos estrangeiros, linguísticos — em particular — e da cultura em geral.

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UNESP/2013 — 2a FASE 23 ANGLO VESTIBULARES

Instrução: Leia o texto e responda, em português, às questões de números 33 a 36.

On Solidarity: Who is helped when someone is helped?

There comes a timeWhen we heed a certain callWhen the world must come together as oneThere are people dyingAnd it’s time to lend a hand to life

Poverty, starvation, diseases, among other social problems, still make many people suffer in different parts of the world, despite the advances in agricultural developments, in medicine and in technology. And, as pointed out in the verses above, from the song We are the world (www.lyrics007.com), there comes a time when we heed a certain call / when the world must come together as one. It seems, however, that such time is and will always be the present time, since there has always been people dying, people suffering physical and psychological oppression. Conversely, aid is always and continuously necessary.

Fortunately, a number of charities and non-governmental organizations have put forward campaigns to help the populations in poor areas of our planet, to lend a hand to life. This is a way through which food, money and medical help can be provided and thus counterbalance the suffering faced by the ill, the homeless, the poor. And providing aid to these less fortunate populations can be seen, according to the same song, as the greatest gift of all. The song continues, saying that

We can’t go on pretending day by dayThat someone, somehow will soon make a changeWe are all a part of God’s great big familyAnd the truth, you know, love is all we need

The call for help and the claim for responsibility towards the needs of the poor is made to every human being, then everybody should do something because we are all a part of God’s great big family.

My question is, in fact, what reasons really motivate us to help other people? To what extent are we motivated by the arguments presented in the song? Or are there other reasons involved in solidarity?

The chorus tells us that

There’s a choice we’re makingWe’re saving our own livesIt’s true we’ll make a better day, just you and me

but I would question such choice as motivated by the desire for a better world that includes everybody, a world with no big social differences. Perhaps that we actually see solidarity as a way to literally save our own lives, and that you and me would not include as many people as it should. Rather than thinking about so many people who need help, we engage in charity and make donations for our own benefi t, to build up an image of solidarity from which we could end up as benefi ciaries. Not to feel guilty, to sort of “buy a place in heaven”.

We certainly need more than romantic love to commit ourselves to true solidarity.

▼ Questão 33

De acordo com o texto, o que cada ser humano é encorajado a fazer, e com base em quais argumentos? Cite dois desses argumentos.

Resolução

Todo ser humano é encorajado a responsabilizar-se pelas necessidades dos pobres, a ser solidário.

O aluno deveria escolher dois (2) dos seguintes argumentos presentes nos versos da música:

• “When the world must come together as one” — sugere a união, o espírito de solidariedade;• “And it’s time to lend a hand to life” — estender a mão para a vida;• “That someone, somehow will soon make a change” — faça a mudança você mesmo, não espere pelos

outros;• “We are all a part of God’s great big family” — todo ser humano é fi lho de Deus;• “We’re saving our own lives” — ao ajudar, você também se benefi cia;• “It’s true we’ll make a better day, just you and me” — acreditar na possibilidade de um futuro melhor.

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UNESP/2013 — 2a FASE 24 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 34

Qual o signifi cado da expressão the greatest gift of all? A que essa expressão se refere?

Resolução

A expressão signifi ca “o maior presente de todos”; ela refere-se à capacidade de propiciar ajuda aos menos afortunados.

Lê-se no seguinte trecho: “And providing aid to these less fortunate populations... the greatest gift of all.”

▼ Questão 35

Qual o signifi cado da frase buy a place in heaven, no penúltimo parágrafo, e como se relaciona com o conteú-do do texto?

Resolução

A expressão signifi ca “comprar um lugar no céu”, ou seja, ir para o paraíso depois de morto. Segundo o autor, o ato de solidariedade nos exime de uma possível culpa de termos algo (comida, dinheiro, recursos médicos, um lar, por exemplo) enquanto tantos outros não possuem nada.

▼ Questão 36

Qual é a principal crítica apresentada pelo texto, e como a oração We’re saving our own lives se encaixa nessa crítica?

Resolução

A solidariedade é, na verdade, uma maneira de as pessoas salvarem a si mesmas. O ato de ajudar e fazer doa-ções é para seu próprio benefício. Não pensamos no grande número de pessoas que precisam de ajuda, mas sim construímos uma imagem de solidariedade através da qual nós somos os benefi ciados.

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UNESP/2013 — 2a FASE 25 ANGLO VESTIBULARES

▼ Redação

Proposição

Desde pequeno, você vem sendo submetido, na escola, à prática de escrever. Com o passar do tempo, as exigências se tornaram cada vez maiores para que você aumentasse a qualidade de seus textos e não demorou muito para perceber que lá adiante, no fi m do túnel do Ensino Médio, haveria uma prova muito importante, com bom peso na nota: a redação no vestibular. Nesse trajeto, em muitos momentos, você se perguntou: Afi nal, para que escrever? Para que fazer uma boa redação? Só para passar no vestibular? Na era da internet, para que eu tenho de aprender a redigir, se a comunicação visual funciona muito melhor? Eu não sou escritor, não preciso saber criar textos!

É isso o que você pensa mesmo? Ou são apenas desabafos? Pois chegou a hora de dizer realmente o que pensa sobre o escrever. Para Clarice Lispector, escrever é maldição e salvação. Para Syd Field, é uma atividade profi ssional muito importante dentro da atividade geral da arte cinematográfi ca. E para você?

Com base nestes comentários, em sua própria experiência e, se achar necessário, levando em consideração os textos de Clarice Lispector e Syd Field, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Escrever: o trabalho e a inspiração.

Análise da propostaA proposta do vestibular da Unesp neste ano não fugiu ao modelo consagrado pelos anos anteriores:

novamente se pede a elaboração de um texto dissertativo, com cerca de 30 linhas em linguagem formal, discutindo questões do universo vivencial dos candidatos. Além do texto de instrução de autoria da Banca, o candidato poderia tirar proveito de outros dois incluídos na prova: um depoimento de Clarice Lispector e outro do roteirista de cinema norte-americano Syd Field.

Houve, no entanto, uma difi culdade adicional: eram duas as questões sobre as quais o candidato deveria se debruçar. Não bastava posicionar-se a respeito da importância da escrita no mundo contemporâneo. A proposta exigiu ainda uma discussão a respeito das condições da produção escrita, com ênfase no papel do trabalho e no da inspiração na escrita.

O maior desafi o, portanto, foi atender a esse duplo requisito sem prejudicar a coesão e a coerência. Para isso, era necessário estabelecer uma correlação entre os dois momentos do texto.

Encaminhamentos possíveisPor mais que se possa ressalvar a importância da comunicação audiovisual no mundo contemporâneo,

não seria razoável pôr em questão a importância da escrita. Por um lado, o universo da comunicação digital, apesar de ser caracterizado pelas mensagens multimídia, tem obrigado as pessoas a escrever mais do que nun-ca; por outro, a produção científi ca, a crítica artística e as relações jurídicas e profi ssionais são essencialmente dependentes da palavra escrita, que ainda é o principal recurso para conferir credibilidade e ofi cialidade às mensagens. Os textos da prova acrescentam argumentos em defesa da importância do escrever: Clarice ressal-ta o valor revelador da escrita, o ato de escrever ressignifi ca o cotidiano, enriquecendo-o (“escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada”); Syd Field explicita que as mensagens de outras linguagens, como o cinema, por exemplo, dependem da escrita em seu processo de elaboração e produção.

Reconhecer o valor da escrita, entretanto, não é sufi ciente para que dela tenhamos pleno domínio. O ato de escrever é complexo e custoso, pois depende de dedicação constante, de trabalho e de capacidade criativa, a inspiração. Daí, entende-se a postulação de Clarice Lispector, segundo a qual a escrita “é uma maldição”, e a afi rmação de que “escrever é trabalho duro”, de Field. Esse duplo caráter da escrita é especialmente relevante no âmbito artístico, mas manifesta-se em certo grau na maioria das situações de produção textual. Consequen-temente a escrita se dá num ritmo nem sempre compatível com as demandas do cotidiano em uma sociedade obcecada pela produtividade e pela gestão do tempo. Como escrever é um trabalho inspirado, que exige um tempo de que nem sempre dispomos, talvez seja justifi cável o desinteresse pela redação que alguns declaram.

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UNESP/2013 — 2a FASE 26 ANGLO VESTIBULARES

Filosofi a

A prova de Filosofi a apresentou quatro questões que exigiram a capacidade de leitura de textos fi losófi -cos e o manejo de conceitos básicos. Nesse sentido, foi adequada aos conteúdos do Ensino Médio.

Geografi a

O exame apresentou quatro questões que exploraram os seguintes temas: a dinâmica da paisagem geo-gráfi ca; degradação ambiental, sobre áreas de manguezais; placas tectônicas e ocorrência de abalos sísmicos; identifi cação das grandes formações vegetais existentes nos grandes domínios climáticos.

As questões apresentadas foram objetivas e ricas em ilustrações, o que favoreceu a compreensão do que foi solicitado.

Como resultado do pequeno número de questões, a prova foi de abrangência média.

História

A prova de História da UNESP apresentou quatro questões, duas de História Geral e duas de História do Brasil. Apesar do pequeno número de questões, temas expressivos foram abordados e conhecimentos básicos, solicitados. Chama a atenção o uso de textos pertinentes às perguntas.

Biologia

Com apenas três questões não é possível uma abrangência maior dos temas da Biologia. No entanto, foram bem elaboradas e, na medida do possível, contextualizadas.

Física

As três questões que compuseram essa prova abordaram mecânica (energia e quantidade de movimen-to), termodinâmica (transformação cíclica) e eletromagnetismo (força magnética).

Os enunciados foram elaborados de forma precisa e objetiva, facilitando a tarefa do candidato.Apesar de o nível de difi culdade dessas questões ser mediano, só aqueles candidatos que dominam, com

alguma profundidade, os tópicos centrais dos conteúdos abordados, devem ter um bom desempenho.

Química

Devido ao reduzido número de questões, a prova não foi abrengente e deixou de abordar assuntos im-portantes.

Além disso, devido ao baixo grau de difi culdade, a prova não foi adequada à seleção dos melhores alunos.

Matemática

Prova adequada a um exame de conhecimentos específi cos. Salientamos que com apenas três questões poucos assuntos são abordados. Isso seria minimizado com a colocação de itens em ordem crescente de difi -culdade.

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UNESP/2013 — 2a FASE 27 ANGLO VESTIBULARES

Português

Paradoxalmente, uma prova muito boa. Qualquer professor das Ciências Humanas deverá elogiá-la. Mas os da área de Linguagens, Códigos e suas tecnologias dirão que ela deixou a desejar. A prova inteira, excluída a questão 27, pergunta qual o signifi cado de passagens do texto. Apenas a 27 indaga que pressuposto se ins-taura com a escolha do advérbio ”eventualmente“, configurando, assim, uma questão típica de Linguagem. A questão 32 também se aproxima de uma prova de Linguagem. Mais pobre que a 27, porém.

Inglês

A prova da UNESP 2013 2a fase apresentou um texto sobre solidariedade. Infelizmente, a fonte foi omi-tida, o que descaracteriza a autenticidade. Foram quatro questões de leitura e interpretação, seguindo o formato de anos anteriores. Prova de nível médio e que não deve ter apresentado difi culdade ao aluno bem preparado.