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1 º Seminário1 º Seminário de imerSão daS redeS

15 a 18 de dezembro / 2014eSpaço colaborativo o FarolR. Capitão Salomão, 26 • CentRo • São paulo

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apreSentaçãoapreSentação

OO eventoevento Cidadania 2.0 – Seminário de Imersão das Redes é uma iniciativa da

ONG Contato com o patrocínio da Fundação Banco do Brasil e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. O evento ocorreu no período de 15 a 18 de dezembro de 2014, em São Paulo, no espaço colaborativo O Farol (R. Capitão Salomão, 26 - Centro)

A iniciativa promoveu a aproximação e o intercâmbio entre redes de movimentos sociais organizados por todo o Brasil voltados para a troca de experiências e tecnologias sociais, cidadania e cultura, com a juventude. Para isso o projeto se propôs a refletir, debater e intercambiar tecnologias de inclusão e estratégias de sustentabilidade no trabalho com a cultura e a juventude em todo o país, de forma a ampliar os investimentos estratégicos, criar uma rede de comunicação entre redes e promover encontros anuais direcionados a ampliação da participação social no Brasil.

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conteXtoconteXto

OO BrasilBrasil vive atualmente um momento de profundas transformações na ordem

econômica e social, com a redução da miséria e a gradativa incorporação de milhões de brasileiros na classe média. São consequências importantes do aumento do poder aquisitivo da população, da diminuição da desigualdade e de políticas públicas universais e continuadas. Desse contexto, surge uma nova posição geopolítica do país no mundo, com sua faceta econômica e cultural, gerando novas respon-sabilidades e perspectivas de cooperação do Brasil diante da América do Sul, da África e dos BRICs. Tais mudanças exigem o reposicionamento dos atores sociais e econômicos.

Está em curso, igualmente, a consolidação de um novo papel do Estado. Na última década, o Estado brasileiro vem se firmando e se redimensionando para atuar como promotor de ações de desenvolvimento econômico e social, com políticas sociais robustas, em áreas como proteção social, educação e saúde.

Neste contexto, as tecnologias sociais e as redes que vêm se articulando na sociedade brasileira há pelo menos quatro décadas têm enormes desafios e oportunidades. A maior parte destas iniciativas atuou no vazio deixado pelo Estado como garantidor de direitos sociais. Muitas dessas tecnologias foram fundamentais para a construção do Estado de que agora falamos, democrático e realizador de direitos sociais.

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Hoje, entretanto, as políticas públicas criam um novo cenário legal, institucional e econômico, que deve ser observado.

O desafio é perceber o novo lugar do terceiro setor nas mudanças que o Brasil e o mundo vivem. É incontornável o papel e o potencial que as redes sociais e digitais têm conquistado na arena pública e social, com capacidade de ampliar o debate sobre as políticas públicas. É preciso discutir o papel de uma comunicação integradora dentro da estratégia futura da Fundação Banco do Brasil. Outro exemplo, em nível nacional, trata de uma série de novas leis, promulgadas nos últimos anos, que estabelecem e convocam a sociedade para a parceria com o governo brasileiro. Seja no enfrentamento da seca no nordeste, seja na incorporação da preocupação com o meio ambiente nas atividades agrícolas, seja no papel decisivo dos catadores na implementação da lei de resíduos sólidos, ou na possibilidade de produção de conteúdo audiovisual para as televisões públicas e privadas.

Cidadania 2.0.Cidadania 2.0. A realidade das redes é um dado incontornável, e o que faz girar e vibrar as redes é o conteúdo. A geração de conteúdo (em todas as mídias) foi um norte fundamental de reflexão neste seminário. Debateu-se amplamente quais informações e conhecimentos devem ser mobilizados por esta ação que, por ora, estamos chamando de Cidadania 2.0. Quais são os conhecimentos que colaboram com

a emancipação e autonomia das tecnologias sociais e das redes? Temas como meio ambien-te, diversidade cultural, educação, cidades, etc; são questões hoje candentes. E também, quais são os formatos e meios pelos quais esses conteúdos vão circular e dinamizar as redes? Aqui, trata-se de ampliar o conceito de inclusão socioprodutiva, incluindo a criatividade e capacidade geradora de conteúdo de cada ponto da rede. Todas essas questões foram norteadoras do debate durante o Seminário. As rápidas mudanças em curso exigem que as vulnerabilidades de gestão destes grupos sejam superadas, ao mesmo tempo em que se fortaleça o que existe de mais dinâmico: a solidariedade e a capacidade de transformar a realidade e de beneficiar a coletividade, gerando renda, inclusão social e realizando direitos. A estratégia a ser criada deve valorizar o que existe de vivo e inovador nos grupos e territórios, nas comunidades e nos projetos sociais em questão, onde muitas vezes é a juventude que esta à frente destes processos.

Nesse contexto, a juventude é um elemento fundamental para potencializar novos processos de transformação social, não somente através da mobilização da sociedade, mas também por meio de políticas públicas que compreendam os aspectos constitutivos de uma cidadania global, interligada a ações de valorização dos direitos humanos e meio ambiente como formas de ativismo juvenil e transformação da realidade brasileira e mundial.

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AA CONTATOCONTATO é uma entidade privada, sem fins lucrativos, criada em 2001, na cidade de Belo Horizonte (Brasil), voltada para a realização de projetos e ações que visam à formação e

capacitação profissional de jovens por meio da cultura, assim como sua conscientização política pautada na cidadania e nos direitos humanos.

Atualmente, a Contato desenvolve projetos de capacitação e produção cultural nos campos do audiovisual, música, artesanato, e de cooperação internacional com países da África, América Latina e Europa. Um dos princípios básicos é aproximar jovens de classes sociais e culturas distintas para atuarem de forma colaborativa e participativa no mercado cultural independente.

A Contato promove intercâmbios e cooperação cultural entre jovens artistas e produtores, formando novas lideranças comunitárias, capazes de atuar num contexto global, estimulando e fortalecendo as potencialidades criativas de cada região; utiliza assim o terceiro setor como ambiente de trabalho e mobilização social na construção de um mundo justo e solidário.

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AA Fundação Banco do BrasilFundação Banco do Brasil, desde a sua criação, em 1985, tem atuado para identificar e mobilizar diferentes atores sociais na busca por soluções efetivas para o desenvolvimento

econômico e social de comunidades brasileiras. O investimento social da Fundação BB é destinado, prioritariamente, para ações no meio urbano e rural, em cinco áreas: água, agroecologia, agroindústria, resíduos sólidos e educação.

O objetivo central da Fundação BB é promover a inclusão social e produtiva de parcelas menos favorecidas da população - catadores de materiais recicláveis, agricultores familiares, extrativistas, assentados da reforma agrária, comunidades indígenas e quilombolas, tendo como instrumento as tecnologias sociais. Por meio do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, que acontece a cada dois anos, a Fundação BB certifica metodologias inovadoras e bem-sucedidas, desenvolvidas na interação com a comunidade, que resultam em transformações efetivas na vida das pessoas. Essa concepção valoriza a comunidade organizada para se tornar agente de soluções.

A participação da Fundação Banco do Brasil no Seminário “Cidadania 2.0 – 1º Seminário de Imersão das Redes” é uma forma de reconhecer as tecnologias de informação como oportunidade de inclusão digital, de acesso à construção do conhecimento, de incentivo ao protagonismo social e de ampliação no acesso ao trabalho.

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EEmm todo o mundo, as redes têm consolidado seu papel na construção da cidadania por

ser um ambiente aglutinador e disseminador de ideias.

Cidadãos de diversos países e regiões têm usado as redes como plataforma para dar visibilidade a causas, programas e projetos. Recentemente, ações no sentido de consolidação da democracia, denúncias de violação de direitos humanos, espionagem, entre outros assuntos, entraram em pauta e nos fizeram refletir sobre os nossos próprios direitos e deveres como cidadãos, dentro e fora das redes.

Com o céu como limite, em todas as áreas do conhecimento, inclusive no campo cultural, a rede tornou-se um campo livre e importante para manifestação de expressões artísticas, que em poucos minutos se espalham e se tornam conhecidas. No democrático ambiente virtual, o criador é independente para manifestar-se sem depender da mídia tradicional para levar suas ideias adiante e alcançar leitores e ouvintes sem intermediários.

Embora tenhamos avançado muito nos últimos anos, no sentido de aproveitar o potencial das redes à nossa disposição, é evidente que ainda não atingimos o maior patamar possível, em nenhum lugar do mundo.

O Brasil avança neste sentido e as políticas

públicas cumprem um papel fundamental. Em São Paulo, por exemplo, a democratização do acesso à banda larga e a disseminação do Wifi deu um salto nos últimos meses de 2014 por meio das Praças Wifi Livre SP, projeto da Prefeitura de São Paulo que já conectou paulistanos em 106 pontos na cidade, em todas as regiões.

Em 2014, ainda, as Secretarias Municipais de Cultura, de Direitos Humanos e de Cidadania e Serviços lançaram o edital “Redes e Ruas” que selecionou propostas de inclusão, cidadania e cultura digital. Com um investimento de R$ 3,7 milhões, foram selecionados 59 projetos, somando as três categorias previstas no edital, a serem desenvolvidos na cidade de São Paulo. Este foi o maior edital já lançado no Brasil para apoio, na temática. Ele contempla também ações em telecentros, Praças Wifi Livre SP e Pontos de Cultura de São Paulo.

A Prefeitura de São Paulo reconhece e apoia discussões e propostas que visem ampliar o acesso às redes como uma prioridade do poder público. Por meio de discussões e propostas, são iluminados os caminhos a serem percorridos. Dessa forma, eventos como o Seminário Cidadania 2.0, que teve sua primeira edição realizada em São Paulo no mês de dezembro de 2014, contribuem para que o debate não se perca e para que a luta continue encontrando eco em todos os lugares.

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reFleXÕeS

O evento Cidadania 2.0 – Iº Seminário de Imersão de Redes foi realizado nos dias 15, 16, 17 e 18 de dezembro de 2014, em São Paulo. A seguir é apresentado um relatório de todas as discussões e ações realizadas durante os quatro dias de debate.

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Helder Quiroga, Marcos Frade, Alfredo Manevy e Baixo Ribeiro

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Neste dia foi realizada a abertura Oficial do Evento, Neste dia foi realizada a abertura Oficial do Evento,

na sede do Farol, em São Paulo, com a participação na sede do Farol, em São Paulo, com a participação

do Diretor Executivo de Desenvolvimento Social do Diretor Executivo de Desenvolvimento Social

da Fundação Banco do Brasil, da Fundação Banco do Brasil, MARCOS FRADEMARCOS FRADE, do , do

Sub-Secretário de Cultura da Cidade de São Paulo Sub-Secretário de Cultura da Cidade de São Paulo

AlFREDO MANEvyAlFREDO MANEvy, do idealizador e coordenador do , do idealizador e coordenador do

Choque Cultural e membro do Espaço Farol, Choque Cultural e membro do Espaço Farol, BAIxO BAIxO

RIBEIRORIBEIRO e do coordenador da ONG Contato, e do coordenador da ONG Contato, HElDER HElDER

QuIROGAQuIROGA..

Helder abriu os trabalhos da manhã inaugural do evento apresentando os convidados e convocando os presentes ao diálogo necessário numa perspectiva de integração entre as redes. Sugeriu que as redes e os convidados perseguissem, especialmente, quatro temas principais durante o evento: Criação de uma plataforma de comunicação integrada entre as redes; Políticas de fomento ao intercâmbio e vivências; Produção de conteúdos sobre as entidades e redes; Planejamento para a realização do 2º Seminário de Imersão de Redes.

O diretor da Fundação Banco do Brasil, Marcos Frade, apresentou a Fundação em seus fundamentos e pressupostos técnicos e operacionais, sua missão e empreendimentos sociais, como o Água Brasil (Cisternas no Semiárido), o

15/1215/12manHã

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CataForte, BB Comunidade e ações com a Agroecologia e Juventude. Apresentou as diretrizes da FBB quanto à distribuição de recursos via editais, no montante de 80% e quanto à necessidade de bons projetos, que atendam, com demandas qualificadas, às iniciativas promovidas pela Fundação. Marcos Frade compreende que a instituição deve estimular a qualidade dos projetos e produtos das entidades e associações parceiras e referenda o Cidadania 2.0 co m o u m a e x p e r i ê n c i a necessária e importante para essa qualificação, identificada pela Fundação, no sentido de melhoria dos projetos apoiados, e otimização dos serviços e recursos financiados da Fundação Banco do Brasil. O diretor anunciou ainda para o ano de 2015, o lançamento de um Edital de 5 milhões de reais, voltado especificamente para projetos com juventude,uma vez que este grupo é de interesse da FBB.

Por sua vez, o Sub-Secretário de Cultura de São Paulo, Alfredo Manevy, saudou aos presentes e afirmou a importância do Cidadania 2.0 ter-se realizado ainda em 2014, ano em que o país viveu importantes processos políticos e socias, como as eleições presidenciais e a copa do mundo. Pra ele, a premência do evento se justificou pela necessidade apresentada pelas redes

sociais e culturais, que pretendiam fechar o ano em curso, encontrando soluções a questões nacionais, como a água, por exemplo, que hoje aflige seriamente a cidade de São Paulo, mas que historicamente causa tantos problemas a boa parte da população nordestina e do norte de Minas Gerais. O Sub-Secretário levantou também as questões urbanas e de mobilidade, citando a cidade de São Paulo, cujo gestor, o Prefeito Fernando Haddad, tem estimulado a

participação da sociedade civil, das redes e coletivos que se juntam ao poder público para ocupar e ressignificar o espaço público, encontrar soluções e desenvolver políticas públicas para o setor.

Alfredo Manevy identificou os graves problemas das grandes cidades, que carecem de debate público, de novas

práticas políticas e de participação social. Identificou ainda problemas circunstantes das cidades, que também afetam as áreas rurais do País: questões relacionadas ao clima, ao desmatamento de florestas e matas ciliares, do desrespeito às populações ribeirinhas e das florestas, por exemplo. Afirmou a importância do evento, como vetor de discussão de temas como cultura, clima e mobilidade urbana, que devem ocupar espaço nas políticas públicas de estado. Para o Sub-Secretário de Cultura, o estado brasileiro deve beber nestas fontes pra

“preciSamoS de “preciSamoS de novaS plataFormaS novaS plataFormaS de ComuniCação, e de ComuniCação, e

de novaS FormaS de de novaS FormaS de SuStentabilidade SuStentabilidade

para aS redeS para aS redeS inovadoraS.”inovadoraS.”

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Marcos Frade Alfredo Manevy

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repensar as suas relações com a sociedade civil, com vistas à construção de novos paradigmas para a cidade e o campo, o rural e o urbano, buscando novos desenhos de desenvolvimento e sustentabilidade ambiental, econômica e social. Para ele, o fato de o Cidadania 2.0 acontecer no Farol das Artes, em vez de se utilizar de um espaço público tradicional da Prefeitura de São Paulo ou da Fundação Banco do Brasil, já denota a importância das vivências coletivas desenvolvidas pela sociedade civil, a qual tem apostado nos processos colaborativos, sem descuidar-se das parcerias com o estado.

Baixo Ribeiro, coordenador da Choque Cultural e um dos cooperados do Farol das Artes, citou a importância de o Cidadania 2.0 acontecer ainda naquele ano de 2014 e, especialmente, em um espaço laboratorial experimental de negócios privados, de interesse público, ligados à arte, arquitetura, design, educação e mobilidade urbana, que são temas articulados no espaço colaborativo Farol. Baixo Ribeiro acentuou a importância da união dos grupos e redes, especialmente p e l a s d i f i c u l d a d e s q u e aparecem no horizonte nos próximos anos, demonstrando como a inovação não está sendo discutida com a propriedade que deveria no Brasil. “Precisamos de novas plataformas de comunicação e de novas formas de sustentabilidade para as redes

inovadoras. Não depender de uma única fonte de recursos é a realidade de quem trabalha em rede, hoje. Temos necessidade da invenção e de criar novas matrizes sustentáveis de negócios, que devem operar novas fontes de financiamento, sem necessariamente estarmos atrelados ao Estado como fonte única de recursos, mas como um parceiro que também deve renovar-se”. Para Baixo Ribeiro, inovação deve suportar novas possibilidades de negócios e para isso, defende a inovação no ambiente urbano, rural, social, coletivo, administrativo e industrial, como possibilidade de transformação dos processos políticos e da sociedade.

Em aparte do público, o jornalista do Espaço Fluxo, Bruno Torturra, afirmou: “A rede é a nova mídia de massa”. Torturra relatou a sua experiência como jornalista tradicional e a forma como migrou para outra plataforma de mídia, colaborativa e independente, que se inicia com a Pós-TV, no coletivo Fora do Eixo, e os seus desdobramentos na experiência da Mídia NINJA, que se configurou numa plataforma

colaborativa dos movimentos sociais nas Jornadas de Junho, e que inauguraram uma nova mídia de massa. Torturra inicia esta nova exper iência de comunicação no Espaço Farol,

o Fluxo.

Gerson de Souza , do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, falou da

“a rede é a nova “a rede é a nova mídia de maSSa.”mídia de maSSa.”

bRuno toRtuRRabRuno toRtuRRa

Baixo Ribeiro

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importância de o evento Seminário Cidadania 2.0 ter acontecido ainda em 2014, ao surgir como uma espécie de balanço do ano, extremamente necessário para as redes. Gerson afirmou ainda a importância do debate da mídia, presente no evento, pela necessidade premente do tema no debate público e nas redes sociais.

Fabio Pena apresentou a ONG Saúde e Alegria e a Rede Mocoronga, nas quais ele, como repórter e comunicador popular, aborda os temas de saúde e educação nas comunidades extrativistas dos rios Amazonas, Tapajós e Arapiuns, localizadas na zona rural dos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro, oeste do Estado do Pará. Fabinho, como é conhecido, relatou suas experiências no território onde atua, desde a ação de formação cultural com comunidades ribeirinhas da Amazônia, até a utilização do mimeógrafo a álcool no programa de monitores mirins, voltado para crianças, com oficinas de arte educação, música, educação para higiene pessoal e cuidado com os dentes. Hoje, afirmou Fábio, o Saúde e Alegria busca alcançar áreas rurais mais distantes e desassistidas.

É nesse sentido que Fabinho destacou a importância da juventude, como protagonista de movimentos democráticos e de direitos, mas que também é alvo da violência da sociedade, do estado e dos modelos capitalistas de consumo e de exploração. O repórter chamou atenção para a pressão externa do estado e de empresas sobre os interesses locais, destacando que existe, por parte desses grupos

no território, o desejo de encontrar modelos alternativos e sustentáveis de desenvolvimento regional.

vitor Santana, da ONG Contato, falou da importância do evento para a cultura de rede e destacou uma fotografia da Rede Mídia NINJA, publicada na primeira página do Jornal Folha de São Paulo da manhã de 15 de dezembro, como ilustração dos protestos protagonizados pelo Levante Popular da Juventude em memória dos presos, torturados e desaparecidos durante a ditadura militar. Tanto a Mídia NINJA como o Levante Popular são redes convidadas e estiveram presentes no Cidadania 2.0, o que demonstra a força dos movimentos e redes, e a oportunidade de troca proporcionada pelo evento.

Sato, da Casa Lapa, falou da experiência da sua instituição, sua forma de atuação e gestão, e da sua expectativa com relação às redes. Sato desenvolve projetos junto aos usuários de crack no centro de São Paulo, e enxerga nas redes uma potência capaz de produzir novos modelos de gestão pública para velhos problemas sociais.

Francisco Alves e Silva, da Fundação Banco do Brasil, falou sobre a importância de o Banco do Brasil e a própria Fundação incorporarem no dia a dia os novos modelos de gestão praticados pelas redes: “Este seminário, na conjuntura política e socioeconômica na qual se realiza, convida-nos a refletir acerca de alguns pontos. Este espaço, propício ao diálogo e trocas de experiências, aponta para a Fundação Banco

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do Brasil trilhas que desembocam na gestão da pauta da juventude e das iniciativas ousadas dos diversos coletivos e redes aqui presentes”.

Francisco, ou Xixico, como é conhecido, ressaltou: “Somos uma entidade comprometida em sua missão e estratégia com a inclusão socioprodutiva de seu público prioritário – quilombolas, assentados da reforma agrária, catadores, indígenas e agricultores familiares – com ênfase no trabalho com jovens e mulheres”.

Para ele o que cabia era mostrar para as redes presentes a importância dessas parcerias para a Fundação quando compartilham interesses, objetivos e metas para atingirem resultados positivamente impactantes nos territórios definidos para realizar suas realizações: “Pertenço a uma geração de funcionários do Banco do Brasil que entregou sua vida profissional e seus sonhos na construção de um Banco Social comprometido com o desenvolvimento e a justiça social do povo brasileiro. Pensávamos num Brasil com sustentabilidade: criativo, solidário e que criasse oportunidade para todos, sempre alinhado às políticas públicas de inclusão de direitos, definidas e implementadas pelo governo”. Francisco ressaltou ainda que a Fundação nasceu no bojo das lutas da sociedade brasileira

por abertura política, que foi instituída por esse pensamento e que em 2015, completa 30 anos. E completou dizendo que utilizaria da metáfora do decorrer de um dia para ilustrar a existência e a caminhada da Fundação, nas três décadas de sua existência: “O amanhecer foi seu nascimento em 1985. Ela nasce com a missão de ampliar as ações sociais já desenvolvidas pelo Banco. Desta forma a Fundação entra em uma dimensão em que o próprio Banco tinha limitações.”

Xixico continua mostrando que “o entardecer da Fundação foi quando, em 2003, com o início de um novo ciclo no Brasil sob a presidência de um operário – Luiz Inácio Lula da Silva, a Fundação começa a definir suas ações e estratégias comprometidas com a transformação social. A Fundação deixa de implementar projetos de balcão e inicia investimentos em Tecnologias Sociais e define seu público prioritário de relacionamento. Democratiza o acesso aos recursos para investimentos sociais e estabelece forte laço com o Movimento Social, consolidando iniciativas que se transformaram em políticas públicas e estão na pauta do Governo Federal e das redes. Podemos citar a implantação de mais de 60.000 cisternas de placas no semiárido brasileiro e lançamento do Cataforte, do Ecoforte e do Terraforte.”

“penSávamoS no bRaSil Com SuStentabilidade, “penSávamoS no bRaSil Com SuStentabilidade, CRiativo, SolidáRio e que CRiaSSe opoRtunidade CRiativo, SolidáRio e que CRiaSSe opoRtunidade para todoS.” para todoS.” FranciSco alveS e Silva (XiXico)FranciSco alveS e Silva (XiXico)

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Finalmente, o representante da Fundação Banco do Brasil mostra que agora se inicia o anoitecer da FBB e que o desafio colocado para todos é “pensarmos o futuro com horizontes estratégicos. Seja para a própria Fundação ou para seus parceiros, ou principalmente, para seu Instituidor, o Banco do Brasil. A banalização de termos com sentidos vários e amplos como a sustentabilidade, não nos permite, às vezes, atentarmos para o risco de deixarmos de construir saídas que transformem a vida de todos os envolvidos no processo e no desafio de cuidarmos e protegermos o planeta e as gerações futuras”.

Com essa fala Francisco concluiu questionando: “qual seria a estratégia para a Fundação pensar a sua própria sustentabilidade para os próximos trinta anos? Pensar a sustentabilidade da Fundação é permitir que ela seja ousada, que articule novos parceiros, que seja um laboratório para criar cenários que contribuam para mais dois séculos de existência de seu Instituidor. Que se comprometa com estas redes que sonham e já estão construindo, de maneira colaborativa, uma nova economia".

Para ele, que se dedica há anos ao Banco, a Fundação precisa garantir seu futuro e investir nas novas inteligências: “A Fundação não pode e não deve se apequenar nas adversidades, tem de ter grandeza e generosidade para perceber o 'erro' como parte do processo de descoberta de novos arranjos. Tem de ousar em inovar e investir na inovação, apontada por muitos de seus parceiros presentes neste Iº Seminário das Redes.”

Concluindo, Francisco disse que a Fundação precisa ser um laboratório criativo, interconectado com os avanços globais, dialogando com todas as linguagens e culturas: “A Fundação necessita sair do século XX e dar um passo decisivo para o século XXI. Isto é o que sonho para os próximos trinta anos da Fundação Banco do Brasil”.

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Os trabalhos da tarde foram abertos por Helder Quiroga no Espaço Fluxo, com a apresentação da programação e das redes participantes, defendendo que as redes são feitas por pessoas e, não necessariamente, por corporações. E, nesse sentido, foram feitas as apresentações e a exposição pelos presentes.

Baixo Ribeiro, um dos anfitriões do Seminário relatou alguns dos projetos desenvolvidos pelo Instituto Choque Cultural e abriu a possibilidade para trocas entre as redes presentes. A instituição desenvolve atividades no campo artístico em São Paulo, mas também processos de formação em outros estados brasileiros. Ribeiro discorreu sobre a cidade como espaço de aprendizagem, no qual todos são igualmente importantes, porque modelados para dar informações e prestar serviços nos territórios culturais, o catador de material reciclável, o vendedor ambulante, o motorista escolar, o

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jornaleiro, etc. Ele compreende a escola como simulacro da cidade, para transformação urbana e integração dos vários atores sociais. Apresentou rapidamente a experiência desenvolvida pelo Choque Cultural em Juazeiro do Norte/CE, junto a escolas e com os artistas de cordel que proliferam na cidade: “Numa perspectiva de 30 anos deveríamos pensar que colocamos a cultura encerrada numa caixa, e não a pensamos de forma transversal às outras áreas do saber, do conhecimento, e pelo viés da invenção”.

Após a fala de Ribeiro, foi a vez da consultora de cultura, Eliane Costa, que durante muitos anos foi diretora de patrocínios da Petrobras, falar sobre sua experiência na estatal e sobre o livro “Jangada Digital”, no qual relata os resultados dos programas de cultura digital desenvolvidos pelas gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira no Ministério da Cultura, durante o Governo Lula. Eliane, que se aposentou na Petrobras e é doutoranda na UFRJ, falou também sobre o seu novo projeto, documentado no livro “De baixo para Cima”, no qual visa a potência, em vez da carência, como paradigma e narrativa no território, e como introdução da cultura digital na periferia.

A cantora e compositora angolana Aline Frazão exprimiu a alegria de estar no Brasil participando do Cidadania 2.0 e de poder aprender com as redes culturais e sociais brasileiras. Aline atualmente mora em Barcelona, na Espanha, mas

viveu e estudou por muitos anos em Portugal. A cantora se referiu aos graves problemas existentes em seu país, especialmente no que diz respeito aos direitos humanos e à falta de liberdade política dos angolanos e angolanas. Ela se sente encorajada, a partir dos relatos das experiências das redes, a criar um coletivo em Luanda, especialmente voltado para os direitos das mulheres, que são agredidas e sofrem toda sorte de violências. Para realizar seu projeto, afirmou que conta com o apoio das redes brasileiras de cultura, de direitos e de gênero.

A ativista digital, Caru Schwingel que foi uma das fundadoras da Casa de Cultura Digital de São Paulo e atua hoje em campanhas de mobilização de redes de juventude, é jornalista (UFRGS), mestre e doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Cibercultura/Pós-Com/UFBA), com pós-doutorado em Fotônica e Novas Mídias (Eng. Elétrica/Mackezie/SP) e articuladora de redes do Participatório da Secretaria Nacional da Juventude da Secretaria-Geral da Presidência.

Para Caru a imersão de redes, o estar em contato com o Cidadania 2.0 se traduz em uma necessária roda de conversa, e seus debates qualificaram as discussões sobre as ações das organizações que atuam em rede no país. “Todo encontro presencial é uma oportunidade de diálogo, do sentir, da troca de afeto, um espaço para expressão de saberes e fazeres. O encontro entre organizações

Helder Quiroga Aline Frazão

1 º Seminário1 º Seminário

de imerSão daS redeS

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como a Contato (Belo Horizonte), o Saúde e Alegria (Santarém/PA), o Farol (São Paulo), a Rede Povos da Floresta (da Amazônia), o Fora do Eixo, a Abraço (Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o Centro Orienka Antame (do Povo Ashaninka do Acre) e a ASA (Articulação Semiárido Brasileiro), dentre outros coletivos de artistas, além dos anfitriões do Farol, os pesquisadores, representantes de fundações, de governos e ativistas presentes, não poderia gerar resultados diferentes dos que vemos aqui hoje”.

Caru considera dois aspectos cruciais para a cibercultura: “a apropriação criativa do proces- so de produção possibilitada pelas tecnologias digitais em rede; e a conectividade e dis-seminação de procedimentos a serem replicáveis em outras experiências”.

Edu ard o Z a l , a rqu i te to da em p res a Colaboratório, apresentou impressões sobre o trabalho da empresa com arte tecnológica e imagem em movimento fora da tela, narrativas experimentais, vídeo-arte e vídeos interativos. Eduardo falou das perspecticas da empresa SPCine, ligada à Secretaria de Cultura de São Paulo, que pretende investir, em 2015,

no clássico tripé de formação audiovisual: formação, produção e difusão/distribuição de conteúdos. Edu espera que, em parceria com a SPCine, possa desenvolver experiências articuladas com coletivos audiovisuais que pensem inovação e arte tecnológica. Ele afirmou pretender inserir, nas iniciativas da SPCine, grupos e coletivos inovadores que já existem na cidade, além de outros que possam ser descobertos. Outra de suas pretensões é ocupar o Tendal da Lapa (espaço público da cidade), para incubar projetos audiovisuais.

Fabio Pena, da ONG Saúde e Alegria, retomou a sua fala, questionando o fato de a Amazônia ser tratada como almoxarifado do Brasil: “Constroem-se pela Amazônia, desde a ditadura, bolsões de miséria a partir do deslocamento de grandes obras para a região, com trabalhadores sazonais que vão embora depois de construídos esses empreendimentos, e que nada fica”. Citou o impacto das hidrelétricas como um exemplo gritante de desrespeito à população local: “geram energia que é distribuída para outros centros e a população local fica sem luz”.

Afirma, no entanto, que nos territórios existem iniciativas importantes desenvolvidas pela juventude, por indígenas, ribeirinhos e

“todo encontro preSencial é “todo encontro preSencial é uma opoRtunidade de diálogo, uma opoRtunidade de diálogo, do SentiR, da tRoCa de afeto, um do SentiR, da tRoCa de afeto, um eSpaço para eXpreSSão de SabereS eSpaço para eXpreSSão de SabereS e FazereS.” e FazereS.” CaRu SChwingelCaRu SChwingel

Eduardo Zal

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agricultores familiares, que se articulam em redes culturais com vistas à implementação de políticas públicas de cultura, comunicação e desenvolvimento sustentável local e regional. Fábio relatou as iniciativas da Rede Mocoronga, com base em Santarém, que desenvolve ações de formação de grupos de comunicação de jovens nas comunidades ribeirinhas, desde as gestões Gil/Juca no MINC, mas que perderam força nos últimos quatro anos, por falta de apoio do estado. Acentua, no entanto, que a voz ativa dos jovens na região pressiona o estado por melhorias no ensino público e por participação política: “Trabalhamos com a moderna tradição amazônica, com a ideia de conexão destes grupos locais com outros coletivos pelo país. Atendemos a mais de 70 comunidades com o Projeto Saúde e Alegria, numa perspectiva de encontrar uma receita do óbvio, no sentido de fazer a comunidade e o estado trabalharem de forma a criar políticas públicas que atendam às necessidades, mas também às iniciativas locais”. O projeto Saúde e Alegria trabalha também com as escolas das comunidades, com vistas ao mapeamento de iniciativas sociais e tecnológicas que possam ser desenvolvidas e utilizadas em sala de aula.

Rafael vilela, representante do Mídia NINJA,

apresentou o projeto contadagua.org, desenvolvido em parceria com a Rede Fora do Eixo, as ONGs Itu vai Parar, SOS Mata Atlântica e WWF - São Paulo, que têm se articulado para debater soluções para a crise da água no Estado. Rafael falou sobre as experiências específicas de comunicação da Rede Fora do Eixo, que nasceram com a perspectiva de documentar as ações da Rede, notadamente os festivais de música independente, visto que a grande mídia não estava interessada em cobrir os eventos do circuito e aquele gênero musical. Em 2011, aquela experiência cultural e de comunicação compartilhada se constituiu em Rede de Mídia Independente, que, para além dos circuitos de cultura, começa a cobrir outros movimentos culturais, sociais e políticos no país.

Rafael Pira, como é conhecido, ilustra a experiência a partir da redemocratização do país e dos 12 anos dos governos Lula e Dilma, que fortaleceram os movimentos. “Cada qual da sua forma, conta ele, contribuiu. Lula, pela criação dos marcos legais da cultura, dos pontos, da cultura como direito, pelo fortalecimento da par ticipação dos movimentos, pelo barateamento dos equipamentos e pelo acesso às tecnologias digitais. A presença da ausência de cultura no governo Dilma, fez com que os movimentos se articulassem e se movessem

“aS imagenS naSCeRam ninjaS, “aS imagenS naSCeRam ninjaS, eStavam lá, naS redeS, livreS eStavam lá, naS redeS, livreS e nóS não tivemoS dúvidaS em e nóS não tivemoS dúvidaS em moStrá-laS ao vivo na rede moStrá-laS ao vivo na rede tradicional.” tradicional.” andRé baSbaumandRé baSbaum

Rafael Pira

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pra aquilo que hoje chamamos de movimento social das culturas”.

Segundo Rafael, o projeto de narrativas sobre a água contadagua.org, foi pensado para a criação de uma aliança em favor da água no Brasil: “Trabalhamos a partir de um enfoque de comunicação que escapa da narrativa tradicional. Falamos da capacidade de uma grande rede de mídia alternativa modelada pelos coletivos, em contrapartida a uma lógica de comunicação que está cada vez mais enxuta (redações com pouquíssimos jornalistas), mas repletas de recursos públicos. Esse modelo em nada é democratizado ou voltado aos interesses coletivos e sociais, embora seja bancado por recursos de todos, via verbas do estado.

Seguindo-se à fala de Rafael Vi lela, o jornalista André Basbaum, do SBT, falou da sua experiência como editor de um jornal tradicional e como colocou as imagens do Mídia NINJA no ar durante as manifestações de junho no Brasil, quebrando todos os paradigmas do jornalismo tradicional: “As imagens nasceram ninjas, estavam lá, nas redes, livres e nós não tivemos dúvidas em mostrá-las ao vivo na rede tradicional. Aquilo era a verdade do que acontecia nas ruas, eram imagens que os NINJA também protagonizavam, como movimento de comunicação livre, junto aos movimentos sociais e políticos em marcha pelos seus direitos. Ali estava também o direito à comunicação”.

A midialivrista NINJA Driade Aguiar apresentou os desafios cada vez maiores da rede Fora do Eixo que, além da rede online, também produz conceitos políticos offline, por meio da articulação da Rede Social das Culturas.

O jornalista Bruno Torturra, da Fluxo, falou da sua experiência na Rede Fora do Eixo, quando deixou o jornalismo tradicional, na editoria da revista Trip. Torturra perguntou: “Como você muda a mentalidade pública e discute a relevância da imagem a partir do lugar de onde se transmite essa imagem? Sai do algoritmo que pauta a Rede Globo, por exemplo, e a grande mídia em geral, e consegue tocar outros grupos interessados”. Ele defende que as Jornadas de Junho foram um fenômeno de mídia, mais do que um fenômeno político: “Ali, rompe-se com as possibilidades profissionais tradicionais e abre-se às novas possibilidades das novas mídias”.

Dando sequência aos depoimentos dos participantes do Seminário, larissa Goulart, do movimento Levante Popular da Juventude, apresentou a experiência do coletivo, que nasceu dos “escrachos” realizados na frente das casas de torturadores políticos da ditadura militar no Brasil: “fomos às casas desses torturadores para cobrar direitos humanos e exigir a punição desses indivíduos”. Para Larissa, o Cidadania 2.0 surgiu como uma oportunidade para o Levante, que ainda tem uma experiência muito tímida no campo da comunicação. O movimento,

Bruno Torturra José Soter

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segundo ela, sente muita necessidade de melhorar nesse setor: “Aqui encontro uma Rede de parceiros que podem nos ajudar a melhorar e a fazer mídia livre, de acordo com aquilo que necessitamos e lutamos. A ativista afirma que o encontro realizado pelo Levante, em Cotia/SP, em 2014, reuniu três mil jovens em um acampamento, para discutir temas de interesse da juventude. Mas, afirmou, a cobertura independente de mídia do evento chegou a alcançar um milhão de pessoas.

O representante da ABRAÇO – Associação Brasileira de Rádios Comunitárias, José Soter, apresentou a entidade afirmando a importância do Cidadania 2.0 como vetor de entendimento entre as redes, ponto de encontro, no qual as redes possam se reconhecer nas suas ações convergentes. Segundo afirmou Soter, a ABRAÇO vem se estruturando desde 1996, com o objetivo de regulamentar as rádios camunitárias e democratizar a mídia no Brasil: “Distribuímos conteúdos para três mil rádios comunitárias, mas não temos recursos para gerar conteúdos. Temos cerca de cinco mil rádios autorizadas, com altíssimo poder de audiência, mas não temos apoio institucional. Ao contrário, sofremos todo tipo de ataques e somos criminalizados pelos setores oligopolizados da mídia tradicional que, diferente do nosso setor, recebem fortunas de patrocínio estatal”. O educador e radialista afirma que a ABRAÇO trabalha com o apoio e a sintonia dos movimentos, e que as rádios comunitárias difundem os direitos sociais e os direitos à comunicação nas suas programações diárias: “A rádio comunitária necessita da convergência tecnológica e das mídias para se fortalecer. Hoje estamos trabalhando para criar um portal de acesso a todas as rádios comunitárias do país, e entendemos que precisamos estruturar uma teia nacional de comunicação livre no Brasil e, aqui, juntos, temos a oportunidade de tecer essa teia”.

1 º Seminário1 º Seminário

de imerSão daS redeS

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1 º Seminário1 º Seminário de imerSão daS redeS

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Raoni Kulesza apresentou o projeto desen-volvido para TV digital e interativa brasileira e outras experiências desenvolvidas pelo Projeto LAVID, no Laboratório Tecnológico da UFPB, especialmente os experimentos com a tecnologia 4K, ou sistema interativo de transmissão digital de TV. É um tema técnico, mas de rara importância para as redes e para o desenvolvimento das suas tecnologias e linguagens. Para Raoni, o debate sobre novas tecnologias, promovido pelo Cidadania 2.0 é fundamental, pois estas tecnologias geram possibilidades de democratização de acesso à

produção de conhecimento no país. A inovação define essa democratização e acesso, afirmou o pesquisador.

No aparte dos participantes, Baixo Ribeiro mostrou a urgência de as próprias redes valorizarem o ambiente de experiência, o espaço de invenção: “Não adianta termos somente o ambiente da academia, da reflexão acadêmica, mas necessitamos também da prática. A invenção precisa ser cultivada num ambiente laboratorial”.

A professora e pesquisadora da UFRJ e Secre-

16/1216/12manHã

O segundo dia do seminário foi dedicado à discussão sobre O segundo dia do seminário foi dedicado à discussão sobre As Novas Tecnologias e os As Novas Tecnologias e os

Desafios da Comunicação em RedeDesafios da Comunicação em Rede com o tema de reflexão sobre novas ferramentas com o tema de reflexão sobre novas ferramentas

de comunicação à distância e formas de construção de diálogos em rede, com vistas à de comunicação à distância e formas de construção de diálogos em rede, com vistas à

sustentabilidade e ao desenvolvimento de ações coletivas e colaborativas. Para animar sustentabilidade e ao desenvolvimento de ações coletivas e colaborativas. Para animar

este debate foram chamados este debate foram chamados RAONI KulESZARAONI KulESZA, do Projeto AlAvI, da universidade , do Projeto AlAvI, da universidade

Federal da Paraiba/uFPB, e o pesquisador, professor e escritor, Federal da Paraiba/uFPB, e o pesquisador, professor e escritor, RODRIGO SAvAZONIRODRIGO SAvAZONI. .

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tária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura Ivana Bentes comentou a possibilidade de uma programação franqueada que não seja só governamental, mas aberta às redes inte-ressadas: “Como criar um sistema de servidores livres? Não se trata de discutir só questões do direito, mas de fato”.

Rodrigo Savazoni defendeu a ideia de que sem uma infraestrutura de fibra ótica distribuída às populações menos favorecidas, nunca será possível ter a democratização do sinal no Brasil. Ele mostrou que, “sem as experiências desenvolvidas pelo LAVID na UFPB, todo esse investimento em tecnologia digital 4K teria morrido. Esse campo é dominado pelas ‘teles’ e estas não têm interesse em pesquisa aberta e muito menos em distribuir o sinal de forma democrática”.

Ivana Bentes disse que entende que essas exp e r i ê n c ia s d eve m se r otimizadas pelas Redes, por meio de outras universidades que também estão interessadas em ampliar e desenvolver tecnologias, via TVs Universi-tárias, TVs Comunitárias e colaborativas.

Raoni retornou sua fala, lembrando que existe uma experiência importante, desenvolvida pela RNP – Rede Nacional de Pesquisa e pelo Ministério da Cultura - MinC, que está mais ou

menos paralisada agora, por falta de apoio do Ministério. Segundo afirma, a RNP desenhou com a SAV - Secretaria do Audiovisual do MINC, uma rede de 2500 salas de cinema 4K no país, tendo as Universidades, TVs Universitárias, grupos culturais, cineclubes e produtores audiovisuais como parceiros.

Caru Schwingel, por outro lado, apontou dois aspectos que considera cruciais para a cibercultura: “A apropriação criativa do pro- cesso de produção, possibilitada pelas tecno-logias digitais em rede, pela conectividade, e a disseminação de procedimentos a serem replicáveis em outras experiências. A apresentação das pesquisas do Lavid (Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital) da Universidade Federal da Paraíba trouxeram à tona as questões da conectividade quando se necessitam canais de transmissão com taxas

acima de 15 gigabytes, para possibilitar imagens em super alta resolução. E há somente um canal de 10 gigabytes entre as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, no país. Temos a lei mais avançada para a internet no mundo, porém não temos conexão. Políticas públicas e a

efetividade do Plano Nacional de Banda Larga parecem ser imprescindíveis para um avanço da atuação qualificada em rede, por parte das organizações.

“a invenção preciSa “a invenção preciSa SeR Cultivada SeR Cultivada num ambiente num ambiente laboratorial.”laboratorial.”

baiXo ribeirobaiXo ribeiro

Raoni Kulesza

1 º Seminário1 º Seminário de imerSão daS redeS

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A ativista, avançou ilustrando o debate com questões muito pertinentes, de natureza técnica, mas fundamentais para o avanço das redes socias colaborativas: “A replicação de metodologias e métodos, a apropriação de tecnologias e processos desenvolvidos por outras organizações, a troca de conhecimentos e saberes sistematizados, parecem ser a demanda que originou a necessidade de um banco de tecnologias sociais. A perspectiva de que saia deste encontro um repositório de metodologias com a descrição dos procedimentos e das ferramentas sociais e técnicas utilizadas será um avanço sem precedentes para a atuação em rede no país. A inventividade, a criatividade, a capacidade de encontrar soluções são características da cultura brasileira que, mediante os contextos precários, tanto no âmbito das organizações sociais quanto das tecnologias digitais, ainda mais se evidenciam. Ter um repositório aberto, disponível, indexado, que coloque em contato organizações com demandas e soluções semelhantes, que explicite para outras possibilidades criativas, que entregue metodologias prontas e resoluções emergentes, que dê as tecnologias, os manuais, o passo a passo para implementar algo pode indicar o amadurecimento das ações das organizações

que atuam em rede”.

Savazoni afirma que a era de ouro da internet e da cultura digital livre acabou: “tudo hoje, na internet, passa pelo Facebook e pela Youtube, controladas pelas grandes corporações. O elogio daquilo que fizemos não cabe mais! O que vimos nos últimos quatro anos, na cultura

e nas comunicações, foi uma catástrofe e me pergunto se seria possível retroagir às nossas perspectivas do começo do processo, com os pontos de cultura. O Facebook e o Youtube dominaram e esse cenário não existia quando começamos tudo isso. Savazoni questiona: “A inovação para tecnologia deve

receber capital tecnológico, mas qual? E quem financia isso? Enquanto não fizerem essas perguntas: o que é tecnologia da morte ou tecnologia da vida, não retomaremos o processo e o controle das comunicações de forma saudável e democrática, voltada para a liberdade e a cidadania. Existe alta tecnologia em Belo Monte e no Pré-Sal, que extrapola tudo em matéria de tecnologia e inovação que está ai, mas a quem interessa, tudo isso? E conclui: “Não precisamos de 4K, apenas! Precisamos de tecnologias livres, colaborativas e de acesso a todos”.

“não preciSamoS “não preciSamoS de 4K, apenaS! de 4K, apenaS! preciSamoS de preciSamoS de

teCnologiaS livReS, teCnologiaS livReS, colaborativaS e de colaborativaS e de aceSSo a todoS.”aceSSo a todoS.”

RodRigo SavazoniRodRigo Savazoni

Rodrigo Savazoni Fred MaiaIvana Bentes

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Nesta parte do dia foi apresentada a experiência do Nesta parte do dia foi apresentada a experiência do ESPAçO ESPAçO

COlABORATIvO FAROlCOlABORATIvO FAROl com o tema com o tema Novas Formas de Associativismo Novas Formas de Associativismo

Criativo e Empreendedorismo Social no BrasilCriativo e Empreendedorismo Social no Brasil. .

Márcia Oliani e Bruno Torturra, dois dos cooperados do Espaço Farol, pelo Fluxo, instituição que ocupa um dos quatro andares do prédio, abriram os trabalhos da tarde. Torturra mostrou que o Farol e os seus associados constroem ideias, práticas e vivências culturais no prédio. Este ainda passa por uma série de adaptações, para se adequar às necessidades dos grupos e de seus usuários. O projeto nasceu com a Balsa, um dos quatro elementos do condomínio cultural. Logo vieram os jornalistas do Fluxo, que pensam um jornalismo independente sem abrir mão da ideia de uma redação. Na sequência veio o grupo Líquen e o Instituto Choque Cultural. Os quatro grupos defendem a ocupação do centro de São Paulo com projetos de cultura, arte e comunicação, mas especialmente, como um espaço de vivências coletivas e sociais e de novos empreendimentos criativos. Pretendem irradiar ações criativas à cidade, a partir do prédio e das suas experiências e vivências.

Em 2013, Baixo Ribeiro e Mariana Martins começaram a produzir artistas locais, editando gravuras que eram impressas e vendidas pela

16/1216/12tarde

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Galeria Choque Cultural. Eles faziam trabalho institucional dos artistas também, ou seja, trabalhavam a carreira desses profissionais. Logo eles começaram a empreender projetos sozinhos e a Choque Cultural desenvolveu a ideia de um Instituto a partir do conceito de “educomunicação” e começou a levar as tecnologias desenvolvidas com os artistas para as escolas públicas. Nasce aí um espaço comunicativo e de trocas entre arte, comunicação e educação. Baixo Ribeiro afirma que dessa experiência criou-se uma circunstância capaz de gerar trocas entre artistas, comunicadores e a comunidade escolar. Surge a possibilidade de se abrirem as escolas envolvidas para o diálogo com a cidade e com a comunidade. A esse projeto foi dado o nome de Colaboratório, e começaram a fazer intervenções urbanas, pensar territórios culturais e a desenvolver arte, comunicação e arquitetura comunitária: “Um plano de negócios, nem vendido, nem precário, que gere novos conceitos, produtos e resultados econômicos justos e sustentáveis”.

Soluções sustentáveis, diálogo com poder

público e com o mercado, interfaces com projetos sociais e outras propostas para a manutenção de novos projetos aparecem no debate e na imersão das redes. As experiências sociais e de sustentabilidade apresentadas pelos vários grupos do Espaço Farol contri-buíram muito para os grupos presentes, que puderam pensar a continuidade das suas iniciativas e novas possibilidades, novos processos e projetos. “Como pensar a arte e a comunicação sem se atrelar aos interesses financeiros, mas, ao mesmo tempo, manter os projetos? Como dialogar com mais gente e promover a formação e integração de outros grupos e nichos? Como pensar soluções que permitam a realização de negócios culturais com estatuto social, com fins lucrativos, mas sem acúmulo?" Torturra tem uma resposta: "Investir em iniciativas altamente arriscadas, mas viáveis e relevantes”.

Nes te debate, aparece cla ramente a necessidade da criação de um GT (Grupo de Trabalho) que pense modelos inovadores de gestão e de negócios culturais sustentáveis, comunicativos, artísticos e educacionais.

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Eliane Costa Regina Novaes

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Eliane Costa falou sobre a sua juventude e trajetória no contexto da ditadura militar. Relembrou também a sua passagem pela direção de patrocínio da Petrobras e da parceria com o Ministério da Cultura, nas gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira, quando a estatal e o Ministério desenvolveram importantes projetos culturais de interesse social, coletivo e colaborativo, como os pontos de cultura, o trabalho com escritores, cineastas, atores e toda uma infinidade de produtores dos vários setores e linguagens da imensa diversidade cultural brasileira. Costa apresentou o seu livro Jangada Digital, no qual discorre sobre a narrativa periférica dos Pontos, especialmente os Pontos de Cultura Digital, que durante essas gestões foram identificados e apoiados em suas iniciativas e projetos.

Eliane citou o Rio de Janeiro, onde vive, trabalha e pesquisa, como uma cidade eivada de cultura periférica, mas essa cultura inexiste geograficamente no espaço urbano da cidade, dentro das áreas de maior poder econômico e riquezas. Cita que o discurso periférico começou a aparecer na Petrobras Cultural, de forma diferenciada, pelas iniciativas do Observatório das Favelas e figuras como Junior Perin, que vinha do Circo, Marcos Faustini e José Júnior, do AfroReggae, que desenvolviam ações socioculturais em uma “cidade partida”, como já anunciava o escritor e cronista Zuenir Ventura.

O período da manhã deste último dia do Seminário foi O período da manhã deste último dia do Seminário foi

dedicado ao tema Cdedicado ao tema Cultura e Juventude: Novas formas ultura e Juventude: Novas formas

de construção de política na contemporaneidadede construção de política na contemporaneidade. O . O

tema, debatido por tema, debatido por ElIANE COSTAElIANE COSTA e e REGINA NOvAESREGINA NOvAES, ,

pretendeu refletir sobre as novas formas de atuação pretendeu refletir sobre as novas formas de atuação

da juventude na construção de políticas públicas e o da juventude na construção de políticas públicas e o

ativismo em rede. ativismo em rede.

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Essa geração de periferia do Rio trazia já um interesse de construção de uma narrativa pautada na cultura digital , fortemente contemporânea e sofisticada, mas que, ao mesmo tempo, era trucidada pela exclusão e pela violência policial. Nesse período aconteceram as chacinas brutais em Vigário Geral e na Candelária, e de forma a criminalizar os movimentos culturais das comunidades a mídia associou o “pivete” ao funkeiro. É neste cenário que aparece o AfroReggae e a figura de José Júnior, com uma outra motivação, de caráter social e humanizador nos territórios periféricos, rompendo com o apartheid da cidade partida. Eliane relembra que, nesse período, a narrativa é de apoio a esses grupos periféricos: “Surge aí a ideia de uma narrativa da potência. Os jovens que antes eram atendidos/formados na carência, começam a ser pensados como protagonistas de uma potência, como indivíduos capazes de empreender”.

Nesse novo contexto social surge também a ideia de territórios, incluindo o que se configurou chamar de “territórios digitais e culturais” em rede, para disputar a cidade: “O direito à cidade, ampliando os seus territórios físicos, por meio do conceito, cunhado por Marcos Faustini, de intrusão social”.

A pesquisadora Regina Novaes começou sua fala introduzindo a ideia de que “espaço é cultura”. Regina acentuou a importância da

ONG Contato na formação do 1º Conselho Nacional de Juventude e deu ênfase a duas palavras: periferia e direitos. “Elas se completam em um mapa/marco de políticas públicas, que se configuram no Brasil, a partir de 2005”. Regina lembra o CPC (Centro Popular de Cultura da UNE na década de 60) que, atuando por meio dos jovens estudantes de classe média, sai pelo país construindo uma narrativa, que passava pela escola, ou seja, jovem = estudante. Nos anos 80, a juventude entra nas políticas públicas, além ou para além da escola,

e surge o jovem como sujeito de direitos, evidentemente, porque a violência e o desemprego levavam os jovens a situações extremas de risco e violência: “um filme, O Rap do Pequeno Pr íncipe Contra as Almas Sebosas e a fala do rapper Mano Brown, dos Racionais MCs, 'Periferia é periferia em qualquer lugar', marcam simbolicamente

um tempo de surpresas, definidoras de processo e políticas protagonizadas pela juventude”.

Regina relembra o marco do Fórum Social Mundial e o Acampamento da Juventude, em Porto Alegre, onde os muitos segmentos das juventudes se encontraram e se reconheceram enquanto movimento social. Naquele momento os jovens pensaram: “fizemos da diversidade a nossa moeda”. Ficou ali configurada a fotografia de um tempo que colocava, no mesmo território, as diferenças das muitas juventudes, e surge ali também o Movimento Brasileiro do Hip Hop Organizado. Surge também, o Levante

“oS jovenS que anteS “oS jovenS que anteS eram atendidoS/eram atendidoS/

FormadoS na FormadoS na carência, começam a carência, começam a Ser penSadoS como Ser penSadoS como pRotagoniStaS de pRotagoniStaS de

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1 º Seminário1 º Seminário de imerSão daS redeS

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Popular da Juventude, com a Via Campesina e o MST, pensando a juventude em suas várias capacidades. Surgem os “escrachos” e o que era não geracional vira geracional, também como conceito que abriga o urbano e o rural. Surge o MPL (Movimento Passe Livre) e o encontro dos desorganizados com os organizados na revolta do Buzu, em Belo Horizonte. Surge uma nova maneira de ser nacional e local: “O gigante acordou de repente, e tem um fio condutor que deu origem a esse despertar”.

Em 2005 é apresentado o Plano Nacional da Juventude, que orienta a criação do Conselho Nacional de Juventude, a par t ir de uma pol í t ica que aponta definitivamente para a ideia de jovem como portador de direitos. A cultura passa a ser entendida de outra maneira e deixa de ser a cereja do bolo: “Não tem ponto de chegada, e cada chegada traz novos conflitos pelas demandas apresentadas. Toda política pública exige respostas às demandas, que têm portadores”. As identidades juvenis são múltiplas e não excludentes; havia uma causa e uma manifestação antes e as diversidades mudaram esses paradigmas; agora pensam o futuro com mais de um palanque. Surge a noção do direito de participar e os movimentos tornam-se performáticos, múltiplos e as suas representações também são múltiplas: “aparece a palavra coletivo fora dos dicionários políticos. Movimentos, redes e coletivos – do presencial para o virtual e vice-versa”. Assim como a ideia de rede e território.

E não há movimento de cotas para o estado, quando se pensa direito, pensa-se em público, e o estado está presente, ainda que seja para ser contestado, afirma Regina Novais.

Em um aparte, Caru Schwingel fecha o debate: “As falas de duas mulheres que nos últimos dez anos contribuíram para a construção das ações em rede no Brasil foram emocionantes. Eliane Costa, responsável pela gestão da política cultural da Petrobras e de seus patrocínios, e Regina Novaes, a mais importante pesquisadora sobre juventudes no Brasil, que ajudou a

construir o Plano Nacional e as políticas públicas voltadas para a juventude no país. Eliane falou sobre a criminalização do jovem pela mídia no Rio de Janeiro e das ações de coletivos que, at ravés de pro jetos ar t ís t icos , demonstram o essencial de suas culturas

periféricas, discriminadas e extremamente criativas, sobre o reconhecimento do ’fazer do nosso jeito‘. Regina traçou um panorama desde os anos 1990, quando a juventude entra na pauta pública em função das grandes mudanças mundiais e nacionais, passando pelo Fórum Social Mundial de 2005, em Porto Alegre, em que há a criação do Movimento Passe Livre, os acampamentos, o Levante Popular da Juventude vinculado à Via Campesina, e a construção do jovem como sujeito de direito. E, claro, pós-manifestações de 2013, com as múltiplas identidades, a diversidade, a performance, as redes, os movimentos, os coletivos e a proeminência da cultura”.

“toda política “toda política públiCa exige públiCa exige reSpoStaS àS reSpoStaS àS

demandaS, que têm demandaS, que têm portadoreS.”portadoreS.”

Regina novaeSRegina novaeS

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Gilberto Gil e Benki Ashaninka

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O período da tarde deste dia do Seminário foi dedicado O período da tarde deste dia do Seminário foi dedicado

ao tema ao tema Cultura e Meio Ambiente – um diálogo Cultura e Meio Ambiente – um diálogo

necessárionecessário. Para este debate, foram convidados . Para este debate, foram convidados

o músico, compositor e ex-Ministro da Cultura, o músico, compositor e ex-Ministro da Cultura,

GIlBERTO GIlGIlBERTO GIl e o e o CACIQuE BENKI ASHANINKA,CACIQuE BENKI ASHANINKA, que que

discutiram as conexões entre as dinâmicas culturais, discutiram as conexões entre as dinâmicas culturais,

em diálogo com a agenda da sustentabilidade e do em diálogo com a agenda da sustentabilidade e do

meio ambiente. meio ambiente.

17/1217/12tarde

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Gilberto Gil começa o debate afirmando que já não tinha o que falar, mas reconheceu a importância do encontro entre as redes, movimentos sociais e os povos da floresta para garantir a luta pela garantia dos direitos humanos e pelo meio ambiente, e emendou: “Eu venho sempre nestes lugares porque aqui há humanidade e eu sou humano, quero encontrar outros companheiros da mesma espécie. E, por falar em meio ambiente e seres humanos, essa é uma espécie ameaçadíssima.” Por fim, depois de uma prosa que se alongou pelos fazeres da cultura e natureza como o lugar onde existem reservas de saber, fontes de recursos suficientes para o suprimento das necessidades de todas as espécies, desde que respeitadas, repetiu uma frase já dita em outro evento, o Republica, no Rio de Janeiro, em agosto de 2014, com grupos e redes da mesma natureza, alguns dos quais presentes no Cidadania 2.0: “Eu vim aqui para me ver, para me visitar”.

A liderança Ashaninka Benki Pianko agradeceu a oportunidade de participar do evento e apresentou o seu filho Raine Pyianko, de 16 anos. Benki afirmou que com a mesma idade do filho fez a primeira viagem sozinho para o mundo dos brancos. Benki aproveitou a presença de Gilberto Gil e do então Secretário de Cultura de São Paulo (e posteriormente Ministro da Cultura) Juca Ferreira, para agradecer as políticas públicas construídas para os povos indígenas durante a gestão de ambos no Ministério da Cultura. E reforçou a importância da sua continuidade, assim como da ampliação dos direitos indígenas na constituição brasileira: ‘’O mundo é muito grande, e nós temos um pequeno pedaço em que vivemos, por ele temos que lutar para sobreviver e preservar”.

1 º Seminário1 º Seminário

de imerSão daS redeS

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“eu vim aqui paRa me veR, “eu vim aqui paRa me veR, para me viSitar.” para me viSitar.” gilbeRto gilgilbeRto gil

Juca Ferreira

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Ricardo Abramovay, professor de Economia da USP, abriu sua fala contextualizando a discussão sobre economia verde e desenvolvimento sustentável, tema de seu mais recente livro, e a sua relação com as Redes e seus potenciais. Ressaltou o uso das tecnologias sociais utilizado por redes como a ASA (Articulação do Semi-Árido), que usa cisternas de placa para armazenamento de água da chuva e que hoje ajuda a estancar os efeitos perversos da seca que assola todo o Brasil. Citou o trabalho do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) com jovens lideranças e a noção de desenvolvimento sustentável utilizado pela organização.

Abramovay fez também distinções, no campo teórico, a respeito da economia e do consumo como atividades-fim. O professor ressaltou que as atividades para as quais estamos automatizados na sociedade contemporânea, sobretudo o consumo, nos são vendidas como atividades-fim, embora sejam atividades-meio. Nessa distinção ele fala que os dois Ministérios mais importantes de qualquer governo deveriam ser o Ministério da Cultura e o Ministério dos Esportes, pois são duas das atividades-fim mais importantes para um

Neste dia o debate se propôs a analisar as novas formas de Neste dia o debate se propôs a analisar as novas formas de

associativismo entre redes de movimentos sociais e processos associativismo entre redes de movimentos sociais e processos

autônomos de intercâmbio de tecnologias sociais.autônomos de intercâmbio de tecnologias sociais.18/1218/12

manHã

cidadão. Nessa dicotomia conceitual mora um grave problema de entendimento sobre o papel do Estado e gera distorções dramáticas, a ponto de os dois Ministérios citados terem justamente os menores orçamentos da Esplanada.

O professor falou também da questão da Política Nacional de Recursos Sólidos, aproveitando a presença do MNCR (Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclado). Ele diz que o lixo tem que ser responsabilidade compartilhada. A política nacional de recursos sólidos sinaliza que estamos todos incumbidos de dar destinação correta ao lixo produzido: as prefeituras, os governos estaduais e federal, as empresas e o próprio consumidor. É importante delimitar em que consiste o compromisso de cada um; sobretudo, saber quem paga a conta. Para o consumidor, a responsabilidade compartilhada exige que ele separe seu lixo, preparando-o para a reciclagem, sob pena de multa. A lei prevê também o conceito

“o objetivo tem que SeR lixo “o objetivo tem que SeR lixo zeRo, ou Seja, um pRoCeSSo zeRo, ou Seja, um pRoCeSSo

de inovação que leve SempRe de inovação que leve SempRe à Reutilização doS mateRiaiS.” à Reutilização doS mateRiaiS.”

ricardo abramovayricardo abramovay

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da responsabilidade estendida. Com ela, o produtor ou o importador (denominados poluidor-pagadores) terão de responder pelo envio apropriado dos rejeitos do que venderem ao consumidor final, incluindo a estruturação da logística reversa – o recolhimento e a devida reciclagem desses produtos pós-consumo –, para que tenham destinação mais adequada, que não os aterros.

O objetivo tem que ser lixo zero, ou seja, um processo de inovação que leve sempre à reutilização dos materiais. Mas para aquilo que tiver de ser descartado, o aterro sanitário, como prevê a lei, é a solução menos danosa para a sociedade. O aterro controlado não é adequado e tem o agravante de gerar mais gases de efeito estufa que o próprio lixão.

Por fim Ricardo Abramovay destacou a impor-tância de eventos como o Cidadania 2.0, que promovem a troca de tecnologias sociais e sim-bólicas e potencializam o trabalho em rede.

Pablo Capilé, coordenador da Fora do Eixo contextualizou a Ong, relatando um pouco de sua história. A rede começou a dar seus primeiros passos em Cuiabá em 2005, com a criação do Espaço Cubo. Nascido para dar sustentação ao setor musical da cidade de Cuiabá, o Cubo se transforma em uma das mais importantes experiências na construção

de uma política pública para a música, nos anos 2000. O Espaço Cubo fazia movimentar o cenário musical da cidade instigando as bandas a criarem seus próprios espaços na internet, a usarem da regra de que “artista é igual pedreiro”, reciclando o significado romântico do papel do artista inspirado e que paira, soberano, em uma aura superior. Os artistas podem buscar o seu mercado médio, diz Capilé, trabalhando e vivendo como um profissional liberal, que tem seu público e que cria sua própria rede de trabalho. A criação de uma moeda complementar, chamada Cubo Card, foi outro passo importante do início da rede. As trocas de serviços da cadeia produtiva da música na cidade eram quantificadas em moedas complementares, trazendo a experiência da economia solidária para o centro da discussão sobre o fazer artístico no Brasil. Depois da consolidação da rede em Cuiabá o Espaço Cubo começou a circular pelo Brasil dinamizando mercados do interior do país ao integrar cidades como Uberlândia em Minas Gerais e Rio Branco no Acre, possibilitando dessa forma a criação da Rede Fora do Eixo, que organizava festivais de música pelo interior do Brasil, criando casas coletivas em vários estados, sempre posicionando o ativismo digital como uma das principais ferramentas.

Depois desse ciclo, segundo Pablo, o Fora do Eixo segue um caminho para além da música

“oS aRtiStaS podem buSCaR o Seu “oS aRtiStaS podem buSCaR o Seu mercado médio, trabalHando e mercado médio, trabalHando e vivendo Como um pRofiSSional vivendo Como um pRofiSSional

libeRal, que tem Seu públiCo libeRal, que tem Seu públiCo e que CRia Sua pRópRia Rede e que CRia Sua pRópRia Rede

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e passa a utilizar suas metodologias e novos conceitos para ampliar o escopo de trabalho da Rede, começando a atuar no campo das políticas públicas para a cultura, de forma mais ampla, descolando um pouco da música como centro de atuação da rede. É criado então o Movimento Social das Culturas em 2011, que é um espécie de reação à saída do Ministro Juca Ferreira do Ministério da Cultura, no primeiro Governo Dilma, e a entrada da Ministra Ana de Hollanda, que marcou uma fase de profundos retrocessos na política implementada por Gilberto Gil e Juca Ferreira entre 2003 e 2010. Esse movimento social, do qual o Fora do Eixo é um dos expoentes, amplia a interface entre redes que estavam trabalhando separadas, como a Rede de Pontos de Cultura, o Levante Popular da Juventude, o MST, entre outras, que ajudam a criar um anteparo contra o retrocesso nas políticas culturais e ampliam a discussão sobre o papel da juventude no cenário brasileiro.

Depois de fazer essa contextualização, Capilé fez uma reflexão sobre as Jornadas de Junho em 2013, nas quais o Fora do Eixo foi protagonista, pela participação do Mídia NINJA na cobertura dos protestos, tornando-se um case mundial de transmissão ao vivo, desbancando a cobertura da mídia tradicional. Com essa projeção o Fora do Eixo vira alvo de ataques da mídia tradicional e a participação de Capilé e Bruno Torturra no programa Roda Viva, em junho de 2013, se transforma em símbolo daquele momento. Após esse período turbulento começa uma nova disputa na sociedade brasileira e as Redes assumem um papel ainda mais importante no sentido de preservar as conquistas democráticas no Brasil.

No período da tarde, o encontro buscou No período da tarde, o encontro buscou

refletir sobre elementos da Comunicação refletir sobre elementos da Comunicação

Social na construção de identidade entre Social na construção de identidade entre

as redes de movimentos sociais e na as redes de movimentos sociais e na

construção de um discurso de inclusão construção de um discurso de inclusão

social para as novas gerações.social para as novas gerações.

18/1218/12tarde

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da informação mudaram completamente o paradigma da mídia reinante anteriormente.

Dessa forma, diz André, a experiência de comunicação das redes pode ajudar a construir novas alternativas no campo da comunicação no Brasil. Cita a ABRAÇO como uma potencial parceira no estabelecimento de redes alternativas de comunicação. Cita a Mídia NINJA como um outro paradigma de cobertura ao vivo de protestos e diz que a saída passa pela integração de várias redes de comunicação dentro dos moviementos sociais, para fazer a disputa da sociedade.

Renato Rovái, da Revista Fórum começa sua fala mostrando os dados relativos ao financiamento da mídia no Brasil. Estes revelam que o Governo Federal reconcentrou as verbas de publicidade nos veículos tradicionais, como a Rede Globo, o que levou bilhões de reais dos cofres públicos, enquanto os sites e blogs progressistas, como a própria Revista Fórum, o Diário do Centro do Mundo e o Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim recebem migalhas desse bolo. “Como fazer a disputa com essa discrepância no financiamento?”, pergunta Rovái.

Dessa forma, conclui Rovái, a disputa da comu-nicação passa pela articulação das redes e dos movimentos sociais na construção de um novo modelo, pautado na internet e no ativis- mo digital.

André Basbaum, jornalista do SBT, inicia sua fala contando um pouco da sua trajetória no jornalismo, que começou na Rede Globo, onde trabalhou no Jornal da Globo e no Jornal Nacional. Depois de sua saída da Globo, André conta que passou pela TV Record e hoje está no SBT.

Basbaum relata os acontecimentos das Jonadas de Junho dentro das redações tradicionais da mídia brasileira e como essa mídia se percebe, naquele momento, descolada da realidade da sociedade ao não conseguir cobrir os protestos nas ruas, tendo seus profissionais atacados pelos manifestantes que não queriam ingerência, nem dos partidos políticos, nem da mídia tradicional, especialmente nos movimentos de rua em São Paulo, que depois se estenderam por todo o Brasil.

André falou dos esforços do SBT para conseguir interlocução com os movimentos e algumas estratégias do canal para driblar a rejeição dos movimentos que ocupavam a rua naquele momento.

Basbaum acredita que a mídia está passando pelas mesmas dificuldades que vários outros setores da economia passaram com a chegada da internet, pois tradicionais conceitos como horário nobre, preços da veiculação de publicidade, queda vertiginosa de audiência e perda da referência como única portadora

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entidadeS e redeSentidadeS e redeSparticipanteSparticipanteS

ABRAçO - ASSOCIAçÃO BRASIlEIRA DE RADIODIFuSÃO COMuNITÁRIA ABRAçO - ASSOCIAçÃO BRASIlEIRA DE RADIODIFuSÃO COMuNITÁRIA

Atualmente presente em 24 estados e no Distrito Federal, é uma organização de classe que se insurgiu contra o monopólio dos meios de comunicação no Brasil, através da manifestação radiofônica das comunidades das cidades, periferias e do campo. Foi fundada em 1996, em Praia Grande, São Paulo, para unificar a luta das rádios comunitárias pela regulamentação do serviço pelo Congresso Nacional, na luta pela democratização da comunicação e pela liberdade de expressão.

Representante: JOSÉ LUIZ SOTERSite: www.abraconacional.org

ASA – ARTICulAçÃO DO SEMIÁRIDO BRASIlEIROASA – ARTICulAçÃO DO SEMIÁRIDO BRASIlEIRO

Rede formada por mil organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região do semiárido. Sua missão é fortalecer a sociedade civil na construção de processos participativos para o desenvolvimento sustentável e a convivência com o Semiárido, referenciados em valores culturais e de justiça social. As entidades que integram a ASA estão organizadas em fóruns e redes nos nove estados que compõem o Semiárido Brasileiro (AL, BA, CE, PE, PB, PI, SE, RN e MG). Entendendo que a água não é bem de consumo, mas um direito humano básico, ao mesmo tempo, alimento necessário à vida e insumo para a produção de outros alimentos, a ASA desenvolveu o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido. Esse programa abriga tecnologias sociais populares de captação e armazenamento de água para consumo humano e para a produção de alimentos. Além disso, fortalece outras iniciativas de convivência com o Semiárido, como a construção do conhecimento agroecológico; as cooperativas de crédito voltadas para a agricultura familiar e camponesa; os bancos ou casas de sementes nativas, ou crioulas; os fundos rotativos solidários; a criação animal; a educação contextualizada; o combate à desertificação.

Representante: GLAYCIANE BEZERRASite: www.asabrasil.org.br

ASSOCIAçÃO APIWTxA CENTRO yORENKA ANTAMEASSOCIAçÃO APIWTxA CENTRO yORENKA ANTAME

O Centro Saberes da Floresta promove o intercâmbio e a troca de saberes entre índios e não-índios na região do Alto do Juruá, no Acre.

Representantes: BENKI ASHANINKA E RAINE ASHANINKA Site: www.facebook.com/CentroYorenkaAtame

BAlSABAlSA

Espaço de encontros, eventos e realização de atividades de cunho social e cultural que se destina à promoção de projetos, iniciativas e atividades culturais colaborativos e participativos.

Representantes: ELOHIM BARROS E RENATA MEINSite: www.facebook.com/balsa26

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CENTRO CulTuRAl CASA ÁFRICACENTRO CulTuRAl CASA ÁFRICA

Com sede em Belo Horizonte, surgiu oficialmente em setembro de 2005, idealizado pelo Cônsul Honorário do Senegal em Belo Horizonte, Ibrahima Gaye. A Casa África, como ficou conhecida na cidade, é o somatório de todos os projetos já desenvolvidos por Gaye e sua equipe, resultando em um Centro de Referência da cultura africana no Estado de Minas Gerais. É, portanto, um espaço de comunhão dos povos e de descoberta mútua das culturas. Traz oportunidades de relacionamentos e de desenvolvimento econômico, através do fortalecimento das relações humanas, independentemente de raça, credo ou qualquer outra definição limitante.

Representante: IBRAHIMA GAYESite: www.facebook.com/casaafricabr

CDHu - COMPANHIA DE DESENvOlvIMENTO HABITACIONAl E uRBANO DO ESTADO DE SÃO PAulOCDHu - COMPANHIA DE DESENvOlvIMENTO HABITACIONAl E uRBANO DO ESTADO DE SÃO PAulO

Empresa do Governo Estadual, vinculada à Secretaria da Habitação, é o maior agente promotor de moradia popular no Brasil. Tem por finalidade executar programas habitacionais em todo o território do Estado, voltados para o atendimento exclusivo da população de baixa renda - atende a famílias com renda na faixa de 1 a 10 salários mínimos.

Representante: VIVIANESite: www.cdhu.sp.gov.br

BIJARIBIJARI

Centro de criação em artes visuais e multimídia. Seu trabalho deriva de uma pesquisa constante situada na convergência entre arte, tecnologia e design, permitindo imprimir novos olhares à comunicação em diferentes plataformas de atuação. Cria e formata conteúdos com estética apurada, empregando, em cada trabalho, conceitos visuais que rompem padrões.

Representantes: RODRIGO ARAúJO E PAULA OLIVEIRASite: www.bijari.com.br

CASA DA lAPACASA DA lAPA

Espaço criativo voltado à produção cultural, reúne artistas independentes de São Paulo com o objetivo de realizações coletivas e colaborativas visando à sustentabilidade artística e profissional.

Representante: SATO DO BRASILSite: casadalapa.blogspot.com.br

CASA DA CulTuRA DIGITAlCASA DA CulTuRA DIGITAl

Espaço de troca, por onde circulam ideias, projetos e pessoas. É dedicado à pesquisa, articulação e formação, exercitando o jornalismo multimídia, as redes, plataformas, utopias.

Representante: RODRIGO SAVAZONISite: www.casadaculturadigital.com.br

1 º Seminário

1 º Seminário

de imerSão daS redeS

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EMBAIxADA CulTuRAlEMBAIxADA CulTuRAl

Grupo de ativistas e artistas dedicados ao ativismo cultural e à diplomacia. Eles assim se definem: “Nós acreditamos que o intercâmbio cultural entre países e o reconhecimento da diversidade cultural pode levar a uma maior compreensão da diferença, a soluções políticas, resultados artísticos mais criativos e promover a o direito à cultura como um direito humano. Nós nos concentramos em intercâmbio cultural, através da promoção e circulação de artistas de Minas Gerais em shows, residências artísticas, vivências e demais projetos pelo mundo, que configurem trocas culturais internacionais. Além disso, juntamente com organizações parceiras, trabalhamos em projetos com foco em educação, cultura tradicional, cultura contemporânea e artes, com o objetivo de levar às pessoas uma melhor compreensão do “outro” e do mundo.

Representante: GABRIEL MURILOSite: www.embaixadacultural.org

DDB ARQuITETuRA DA CONvIvÊNCIADDB ARQuITETuRA DA CONvIvÊNCIA

O escritório nasceu com a vinda do escritório novaiorquino Davis Brody Bond para o Brasil, em meados de 2007. Depois de milhares de viagens na ponte aérea entre NY e SP e a consolidação de uma equipe em Vila Madalena, São Paulo, SP, o que resultou foi um escritório brasileiro global, que, no dia-a-dia do exercício da arquitetura busca o equilíbrio entre a realidade do Brasil e aquela da experiência exterior.O grupo assim define o principal objetivo do escritório: “Queremos construir espaços de convívio, sempre acreditando em arquitetura com qualidade e em respostas melhores que as perguntas postas. Acreditamos que qualquer projeto deve ser encarado com otimismo e que a cidade se constrói no coletivo, na junção e oposição de diferentes interesses. Buscamos gerar espaços urbanos para melhorar a qualidade de vida, incentivando nosso capital humano a se transformar em capital social, harmonizando nossos projetos com a construção de uma cidade mais funcional e acolhedora”.

Representante: ANNA DIETSZCHSite: www.arquiteturadaconvivencia.com

COlABORATÓRIOCOlABORATÓRIO

Grupo multidisciplinar de profissionais interessados em desenvolver espaços de convívio, fomentando novos usos e leituras do espaço, a partir de metodologia que se baseia no tripé da arte, comunicação e arquitetura. Acredita na cidade existente e no patrimônio imaterial além do físico e concreto, onde as proposições para a cidade partem de um processo em que sejam privilegiadas a memória e a reflexão coletiva acerca do território, criando ambientes de transformação e formação que fomentem e potencializem a vida cultural e deem suporte a um novo entendimento do território. Para nos o processo, o próprio (re)fazer do espaço já se configura como um fim.

Representantes: MARCOS BOFFA E EDUARDO FERNANDES

ESTÚDIO lÂMINAESTÚDIO lÂMINA

Espaço de arte polimorfa e invenção em arte contemporânea, abrigado no quarto andar de um prédio construído na década de 40, no centro histórico de São Paulo. Inaugurado em novembro de 2011 como casa galeria, estúdio de criação e residência artística, o Lâmina nasceu com a proposta de ser um Espaço de Cultura independente. Estimula a pesquisa em artes e divulga o trabalho de novos artistas da cena contemporânea, criando um ambiente permanente de troca entre artes visuais, música, dança, circo contemporâneo, cinema e poesia. É um provocador de debates por novas narrativas poéticas, de políticas públicas e culturais no Brasil, localizado no centro e nas margens de São Paulo.

Representante: MARINA BITTENSite: www.facebook.com/estudio.lamina.7

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FuNDAçÃO FORDFuNDAçÃO FORD

Organização privada, sem fins lucrativos, criada nos Estados Unidos para ser uma fonte de apoio a pessoas e instituições inovadoras em todo o mundo, comprometidas com a consolidação da democracia, a redução da pobreza e da injustiça social e com o desenvolvimento humano. Criada em 1936, a Fundação Ford já contribuiu com US$ 13,3 bilhões em doações e empréstimos para auxiliar na produção e divulgação do conhecimento, apoiando a experimentação e promovendo o aprimoramento de indivíduos e organizações. Atualmente, não possui ações da Companhia Ford e sua diversificada carteira de investimentos é administrada para ser uma fonte permanente de recursos para custear seus programas e suas atividades. O Escritório do Brasil, localizado na cidade do Rio de Janeiro, está entre os mais antigos dos dez escritórios que a Fundação Ford mantém no exterior, permitindo parcerias de trabalho mais próximas com indivíduos e instituições em várias regiões do globo. Nilcéa Freire é a representante da Fundação Ford no Brasil.

Representante: GRACIELA SELAIMENSite: www.fordfoundation.org

FORA DO EIxOFORA DO EIxO

Rede de trabalhos concebida por produtores culturais das regiões centro-oeste, norte e sul do país, no final de 2005. Começou com uma parceria entre produtores das cidades de Cuiabá (MT), Rio Branco (AC), Uberlândia (MG) e Londrina (PR), que queriam estimular a circulação de bandas, o intercâmbio de tecnologia de produção e o escoamento de produtos nesta rota, desde então batizada de "Circuito Fora do Eixo". Hoje é referência na articulação em rede e na comunicação independente.

Representante: PABLO CAPILÉSite: www.foradoeixo.org

FluxO – ESTÚDIO DE JORNAlISMOFluxO – ESTÚDIO DE JORNAlISMO

Uma redação, um estúdio, um lugar para encontros e reuniões no centro de São Paulo. Um território onde repórteres, cinegrafistas, fotógrafos, editores e artistas podem explorar novas possibilidades para o jornalismo. Na linguagem, no conteúdo e nas relações entre comunicadores e público, são produzidos streamings, reportagens, artigos, entrevistas em texto e vídeo, podcasts, publicações. O Fluxo é também um campo de testes de uma nova viabilidade econômica para a produção de informação. Dispensando anunciantes comerciais e buscando sua independência financeira na relação direta com sua audiência, sempre em conexão com outras iniciativas e projetos de comunicação, o Fluxo pretende tecer redes interdependentes de mídia.

Representante: BRUNO TORTURRASite: www.fluxo.net

INSTITuTO CHOQuE CulTuRAlINSTITuTO CHOQuE CulTuRAl

Organização sem fins lucrativos que busca trazer a arte para o centro do debate e da vida pública. É o desdobramento das experiências e do aprendizado dos mais de 10 anos de atividade da Galeria Choque Cultural. Após fomentar o mercado de arte urbana e as formas de intervir na vida da cidade, desde 2011 aposta no pensamento educacional e no debate sobre o papel da arte e da cultura na vida pública, viabilizando projetos educativos e culturais em parceria com instituições privadas e públicas, brasileiras e internacionais.

Representantes: RAQUEL RIBEIRO E SUSANA JEHASite: www.institutochoquecultural.org.br

1 º Seminário

1 º Seminário

de imerSão daS redeS

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lAvID - lABORATÓRIO DE APlICAçõES DE víDEO DIGITAl / uFPBlAvID - lABORATÓRIO DE APlICAçõES DE víDEO DIGITAl / uFPB

Criado em 2003, está integrado ao Departamento de Informática (DI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O laboratório surgiu da proposta de desenvolver projetos de pesquisa em hardware e software voltados às áreas de Vídeo Digital, Redes de Computadores, TV Digital e Interativa e Middleware. Atualmente o LAVID é uma referência nacional e internacional em desenvolvimento de tecnologia para TV Digital. Conta com a colaboração de mais de 40 jovens pesquisadores, entre doutores, mestres e graduandos, que estão interconectados com pesquisadores de todo o Brasil e do mundo, trazendo as atuais tendências tecnológicas mundiais nas áreas de vídeo e TV Digital. As pesquisas desenvolvidas são realizadas em parceria com outras universidades, institutos de pesquisa e empresas da iniciativa privada. Por ser um laboratório ativo na área de desenvolvimento, recebe financiamento de instituições parceiras como a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Representante: RAONI KULESZASite: www.lavid.ufpb.br

GAMBIOlOGIAGAMBIOlOGIA

Plataforma criativa gerada em Belo Horizonte, que adota a cultura da gambiarra como fonte de inspiração para trabalhos em arte, tecnologia e sustentabilidade. O projeto desdobra-se em múltiplas iniciativas: um coletivo artístico formado por Fred Paulino, Lucas Mafra e Ganso, que realiza produção autoral de artefatos eletrônicos multifuncionais; um programa de oficinas de arte eletrônica e reciclagem, ministradas pelo grupo para crianças e adultos; exposições coletivas (“Gambiólogos” - 2010/2014), com participação de artistas brasileiros e estrangeiros; uma revista temática de Gambiologia (“Facta”), publicação bilingüe que conta com a colaboração de dezenas de artistas, designers e pesquisadores do Brasil e exterior.

Representante: FRED PAULINOSite: www.gambiologia.net

lEvANTE POPulAR DA JuvENTuDElEvANTE POPulAR DA JuvENTuDE

Organização de jovens militantes, voltada para a luta de massas em busca da transformação da sociedade. Propomos-nos a ser o fermento na massa jovem brasileira. Somos um grupo de jovens que não baixam a cabeça para as injustiças e desigualdades. A proposta é organizar a juventude onde quer que ela esteja. Deste modo, o movimento é organizado a partir de três campos de atuação: Frente Estudantil, Frente Territorial e Frente Camponesa.

Representante: LARRISSA GOULARTSite: www.levante.org.br

MATIlHA CulTuRAlMATIlHA CulTuRAl

Centro cultural independente e sem fins lucrativos, localizado na região central de São Paulo. Fruto do ideal de um coletivo formado por profissionais de diferentes áreas, o espaço Matilha é preparado para apoiar e divulgar produções culturais e iniciativas socioambientais do Brasil e do mundo.

Representante: REBECA LERASite: www.matilhacultural.com.br

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MST – MOvIMENTO DOS TRABAlHADORES SEM TERRAMST – MOvIMENTO DOS TRABAlHADORES SEM TERRA

Movimento social brasileiro que teve sua semente lançada desde o início da chegada dos portugueses ao Brasil dos índios. Foi na década de 80 que o movimento se organizou e passou a ser reconhecido nacional e internacionalmente. Desde a sua fundação, o Movimento Sem Terra se organiza em torno de três objetivos principais: Lutar pela terra; Lutar por Reforma Agrária; Lutar por uma sociedade mais justa e fraterna. O Movimento Sem Terra está organizado em 24 estados brasileiros, nas cinco regiões do país. No total, são cerca de 350 mil famílias que conquistaram a terra por meio da luta e da organização dos trabalhadores rurais. Mesmo depois de assentadas, estas famílias permanecem organizadas no MST, pois a conquista da terra é apenas o primeiro passo para a realização da Reforma Agrária.

Representante: GERSON OLIVEIRASite: www.mst.org.br

MNCR – MOvIMENTO NACIONAl DOS CATADORES DE MATERIAl RECIClÁvEl MNCR – MOvIMENTO NACIONAl DOS CATADORES DE MATERIAl RECIClÁvEl

Movimento social que há 14 anos vem organizando os catadores e catadoras de materiais recicláveis pelo Brasil afora. Busca a valorização da categoria como um trabalhador que tem sua importância. O objetivo é garantir o protagonismo popular da classe, que é oprimida pelas estruturas do sistema social. O movimento tem por princípio garantir a independência de classe, dispensando a fala de partidos políticos, governos e empresários em nome do MNCR. Acredita na prática da ação direta popular, que é a participação efetiva do trabalhador em tudo o que envolve sua vida, algo que rompe com a indiferença do povo e abre caminho para a transformação da sociedade.

Representante: EDUARDO CATA SAMPASite: www.mncr.org.br

OBSERvATÓRIO DE FAvElASOBSERvATÓRIO DE FAvElAS

Organização social de pesquisa, consultoria e ação pública dedicada à produção do conhecimento e de proposições políticas sobre as favelas e fenômenos urbanos. Busca afirmar uma agenda de Direitos à Cidade, fundamentada na ressignificação das favelas, também no âmbito das políticas públicas.Criado em 2001, o Observatório é, desde 2003, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). Com sede na Maré, no Rio de Janeiro, sua atuação é nacional. Foi fundado por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares, sendo composto atualmente por trabalhadores de diferentes espaços da cidade.

Representante: JAILSON DE SOUZASite: www.observatoriodefavelas.org.br

PARTICIPATÓRIO DA SECRETARIA NACIONAl DE JuvENTuDEPARTICIPATÓRIO DA SECRETARIA NACIONAl DE JuvENTuDE (SECRETARIA GERAl DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBlICA) (SECRETARIA GERAl DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBlICA)

Ambiente virtual interativo com o objetivo de produzir conhecimento sobre/para/pela a juventude brasileira e à participação e mobilização social.

Representante: CARU SCHWINGELSite: www.juventude.gov.br

PONTE JORNAlISMOPONTE JORNAlISMO

Canal de informações sobre Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos que surgiu da convicção de um grupo de jornalistas, de que um jornalismo de qualidade sob o prisma dos direitos humanos é capaz de ajudar na construção de um mundo mais justo.

Representante: LAURA CAPRIGLIONE Site: www.ponte.org

1 º Seminário

1 º Seminário

de imerSão daS redeS

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PROJETO SAÚDE E AlEGRIA (PSA)PROJETO SAÚDE E AlEGRIA (PSA)

Instituição civil, sem fins lucrativos, que atua em comunidades tradicionais na Amazônia, desenvolvendo programas integrados nas áreas de organização social, direitos humanos, meio ambiente, saúde, saneamento, geração de renda, educação, cultura e inclusão digital, visando a melhorar a qualidade de vida e o exercício da cidadania. A arte, o lúdico e a comunicação são seus principais instrumentos de educação e mobilização social.

Representante: FÁBIO PENNASite: www.saudeealegria.org.br

REvISTA FÓRuMREvISTA FÓRuM

Inspirada no Fórum Social Mundial, foi lançada junto com a cobertura do primeiro evento, realizado em janeiro de 2001 em Porto Alegre. Foi lá, na Porto Alegre daqueles que sonhavam um outro mundo possível, que a Fórum nasceu. Não é a publicação oficial do FSM, mas traz, no seu DNA, a força dos movimentos e a certeza de que é na multiplicidade de vozes que se faz um mundo melhor. O número zero foi lançado em abril daquele ano de 2001 e, devido ao sucesso junto aos movimentos sociais brasileiros, tornou-se periódica, ainda em setembro. Até dezembro de 2013, suas edições em papel tiveram circulação mensal de 20 a 25 mil exemplares.

Representante: RENATO ROVAISite: www.revistaforum.com.br

SECRETARIA NACIONAl DA JuvENTuDESECRETARIA NACIONAl DA JuvENTuDE

Potencializa uma série de programas e ações voltados para os jovens com idade entre 15 e 29 anos. A articulação interministerial e o diálogo com a sociedade civil, principalmente com o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), contribuíram para os avanços registrados na última década, que incluem o aumento do número de jovens no ensino superior, a retirada de milhões deles das condições de miséria e pobreza, a criação de mecanismos de participação social, a exemplo dos Conselhos e das Conferências Nacionais de Juventude, e a garantia de direitos específicos com a aprovação do Estatuto da Juventude, sancionado pela presidenta Dilma Rousseff em agosto de 2013.

Representante: SEVERINE MACEDOSite: www.juventude.gov.br

REDE POvOS DAS FlORESTASREDE POvOS DAS FlORESTAS

Criada a partir da Carta dos Povos da Floresta por lideranças indígenas Krenak e seringueiros do Acre, tem por objetivo unir todos os povos remanescentes em áreas florestais, comunidades indígenas, quilombolas e comunidades de difícil acesso e remanescentes culturais relevantes. Com esse objetivo foi criado o Projeto Telecentros BR, em parceria com os Ministérios do Meio Ambiente, Ministério de Ciência e Tecnologia. Este projeto consiste em levar a estas comunidades internet de alta velocidade, criando assim uma grande rede dos povos da floresta, que se comunicam, trocam informações e valores culturais, praticam educação ambiental, divulgam suas potencialidades culturais, econômicas, além de terem um canal direto com a linha verde do IBAMA para atuarem no monitoramento ambiental de suas áreas.

Representante: JOãO FORTESSite: www.redepovosdafloresta.org.br

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edital de inteRCÂmbio e teCnologiaS SoCiaiS entRe aS RedeSedital de inteRCÂmbio e teCnologiaS SoCiaiS entRe aS RedeS

Durante o seminário de imersão Cidadania 2.0, foram levantadas demandas direcionadas a uma maior aproximação entre os novos agentes sociais que estão atuando junto as entidades e redes de movimentos sociais espalhados pelo Brasil, assim como uma maior aproximação dos diálogos entre esta nova geração de atores sociais na construção de trabalhos conjuntos e colaborativos.

Diante disso, surgiu a proposta de criação de um edital de intercâmbio de vivências e residências criativas para jovens integrantes das redes.

Nesta iniciativa, o edital buscará gerar uma experiência inédita no Brasil, de formação e capacitação de jovens empreendedores sociais, voltada à difusão de tecnologias sociais produzidas a partir de um diálogo colaborativo entre jovens, gestores sociais e educadores. Tendo o intercâmbio de experiências e trocas de conhecimentos como instrumento metodológico, a iniciativa aqui proposta tem como missão criar um ambiente fértil para o desenvolvimento social,tendo o compartilhamento de experiências como pilar de sustentabilidade entre as redes.

A proposta do projeto se insere nesse contexto. Os jovens participantes irão transitar pelas principais redes de movimentos sociais brasileiros buscando compreender como aprimorar práticas sociais, educacionais e culturais em suas regiões a partir do desenvolvimento de tecnologias sociais integradas. O intuito é proporcionar a formação profissional dos jovens e auxiliar na multiplicação de conhecimentos entre as redes dispersas no território nacional.

Para isso, a experiência proposta busca o entendimento dos diversos aspectos que compõem a estrutura dorsal da cidadania, gerando novas possibilidades de desenvolvimento social mais democrático e criativo.

açÕeS de açÕeS de deSenvolvimento eStRatégiCodeSenvolvimento eStRatégiCo

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1 º Seminário1 º Seminário de imerSão daS redeS

CRiação de platafoRma de ComuniCação integRadaCRiação de platafoRma de ComuniCação integRada

Em parceria com o Laboratório de Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid) ligado ao Departamento de Informática e Extensão da Universidade Federal da Paraíba o objetivo desta iniciativa é investir na criação de uma plataforma de comunicação integrada entre as redes visando a produção de conteúdos e compartilhamento de informações.

Este espaço que pode se desenvolver de forma virtual, estará dedicado a promover a troca de conteúdos audiovisuais, textuais e tecnológicos entre as entidades participantes e gerando conteúdos informativos sobre projetos e ações espalhadas em todo o território nacional.

Também servirá como importante mecanismo de valorização e mobilização social de temas que são caros ao desenvolvimento social brasileiro e que, de algum modo, sustentam o trabalho conceitual e pedagógico de cada entidade.

Como primeiro passo, será utilizado o site http://ongcontato.org/cidadania2pt0, que já está no ar, para abrigar as primeiras etapas de diálogo e comunicação entre as redes.

CiClo de CapaCitação e foRmação geRenCial CiClo de CapaCitação e foRmação geRenCial paRa oS geStoReS daS RedeSpaRa oS geStoReS daS RedeS

Um dos elementos que prejudicam o desenvolvimento do trabalho das entidades do terceiro setor é muitas vezes atribuído à falta de capacitação técnica em processos e dinâmicas de formatação de projetos, prestação de contas, administração e gerenciamento fiscal e jurídico dos projetos e ações de cada entidade.

Desta forma, buscamos aqui propor uma ação itinerante, em formato de ciclo de oficinas e cursos de pequena duração, voltados à capacitação de gestores e coordenadores de projetos sobre os seguintes temas:

Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil; Mecanismos de regulação fiscal, contábil e jurídica das entidades; Formatação de projetos, leitura de editais e convênios; Articulação de ações visando sustentabilidade das entidades; Lei Cultura Viva; Marco Civil da Internet.

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A metodologia para realização destas oficinas será embasada nas reais necessidades de cada entidade buscando fortalecer ações e projetos já existentes assim como mobilizadores sociais e gestores das entidades.

SemináRio e enContRoS anuaiS de inteRCÂmbio SemináRio e enContRoS anuaiS de inteRCÂmbio de expeRiênCiaS e teCnologiaS SoCiaiSde expeRiênCiaS e teCnologiaS SoCiaiS

Após a realização do 1º Seminário de Imersão das Redes, diversas questões e demandas surgiram, buscando um aprofundamento dos temas envolvendo as juventudes que integram os movimentos sociais e sua participação no ambiente produtivo das redes.

A avaliação das condições atuais da juventude brasileira reflete, por um lado, um quadro preocupante: os jovens do país não dispõem integralmente das oportunidades educacionais e profissionalizantes de que necessitam, ainda são mais suscetíveis à violência e ao desemprego e estão apartados por um sistema desigual que faz da juventude negra, pobre e moradora das periferias das grandes cidades um dos segmentos mais fragilizados da sociedade brasileira. Por outro lado, são jovens otimistas quanto ao futuro do país, que mostram disposição renovada para empreender e que formulam hoje estratégias inovadoras de participação social e política, baseadas na articulação em rede e nas novas tecnologias trazidas pela sociedade do conhecimento.

Esta compreensão é especialmente relevante para estudos sobre as juventudes no Brasil, pois apesar de os movimentos sociais e culturais, que ocupam hoje a linha de frente de processos na transição para a sociedade da informação, sabe-se da existência de contingente de jovens à margem das políticas públicas e de uma atuação cidadã. Para exemplificar aqueles que se enquadram entre os que estão organizados, podemos citar redes importantes que têm diálogo com a juventude, como é o caso da Rede Fora do Eixo, a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), a Rede Povos das Florestas, a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO), a Rede Saúde e Alegria e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), entre outros. Compreender suas estruturas de funcionamento e de articulação em rede é fundamental, bem como identificar e apoiar as lideranças juvenis que se apresentam hoje como sucessoras naturais em seus processos de tomada de decisão e, principalmente, para a inclusão daqueles que estão apartados deste contexto.

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Desta forma, foi proposto a construção de uma segunda edição do Seminário Cidadania 2.0 - Articulação Estratégica das Redes, voltado à realização de uma série de ações articuladas junto a programas estruturados, sobre os resíduos sólidos; a agroecologia; a agroindústria; educação e meio ambiente, com ênfase nos recursos hídricos; a cultura digital, dentre outros, buscando proporcionar a interatividade e o fortalecimento das redes de movimentos sociais espalhadas pelo Brasil e criando um fluxo de comunicação democrático e participativo entre os atores sociais e instituições privadas e governamentais.

Nesta edição focaremos nos temas inovação e tecnologia como instru-mentos fundamentais para a transformação social dos jovens no Brasil. A cultura da inovação faz parte da identidade das novas gerações e, se potencializada, torna-se um mecanismo transformador da realidade; gera espaços de pertencimento, proporciona a elaboração de pensamentos coletivos e, portanto, participativos e colaborativos por natureza. Percebe-se, por meio de ações sociais que têm na cultura da inovação uma forma de estabelecer diálogo, a forte vocação formativa e inclusiva capaz de produzir conteúdos e estabelecer novos fluxos de comunicação integrada às ações das redes e movimentos a ela associados. As oficinas; residências criativas; seminários; encontros; debates; intercâmbios e vivências são exemplos da força criativa e revolucionária da cultura. Portanto, ações que garantam aos jovens espaços de troca de conhecimentos e experiências criadoras transformam e geram desenvolvimento econômico sustentável e criativo nos territórios nos quais ocorrem.

Organizações não governamentais têm se dedicado a construir plataformas de intervenção social com a cultura não somente nas periferias, mas também junto a jovens de classe média, pois todos, independente de sua classe social, sofrem com problemas parecidos quando se trata da falta de estímulo, perspectiva e referências políticas e ideológicas.

Neste contexto, as redes culturais e sociais podem contribuir de forma colaborativa na construção das formas de investimento e de gestão de projetos e programas que visam o terceiro setor como parceiro, seja na construção e aplicação de ações socioculturais que promovam a inclusão socioprodutiva entre novos atores transformadores dos movimentos sociais brasileiros, seja no debate da construção de políticas públicas, com o objetivo de customizar os investimentos nas áreas social e cultural.

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aRtigoSaRtigoS

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NNuncaunca a população jovem foi tão expressiva no Brasil como nos dias atuais. Em atenção a esse fato, a ONG Contato - Centro de Referência da Juventude surge como um espaço dedicado

ao debate sobre as promissoras articulações entre juventude e cultura na contemporaneidade.

Trata-se de um tema estratégico para o Brasil. Segundo a antropóloga Regina Novaes, especialista no tema, estudar a juventude é conhecer a sociedade e poder pensar, inclusive, em seus rumos. Dados do Censo de 2000 apontam que a juventude já representava um quarto da população brasileira, compreendendo 50.241.785 de pessoas entre 18 e 34 anos (faixa etária utilizada em países como Espanha e Cuba).

A juventude foi considerada, durante muitos anos, um segmento social de segunda ordem no Brasil e no Mundo. Após os anos 1940 e 1950, movida por grandes transformações, esse segmento da população conquistou, pela primeira vez, o direito de ser jovem, redefinindo estilos de vida, formas de atuação política, e passando a defender ideais como o amor livre, a autonomia social, independência econômica e revolução cultural.

Nas décadas que se seguiram, o termo juventude ganhou ainda mais força, mais expressividade e diretamente relacionado à diversidade cultural, por suas formas de pensar, pelas diferentes linguagens, por novas formas de atuação políticosocial, e por seus novos comportamentos.Segundo a pesquisa “Sonho Brasileiro”, realizada em 2011 pelo Instituto Box 1824 com 2.900 jovens, essa nova geração já busca se afirmar no mundo a partir de práticas solidárias para transformar a realidade. Dos jovens entrevistados, 77% acreditavam que seu bem-estar dependia do bem-estar da sociedade onde vivem.

Basta ver que os elementos apontados como fortes campos de atuação solidária da juventude estão na área da Cultura (31%), do Meio Ambiente (29%), Educação (26%) e Esporte (25%). Ou seja, se considerarmos a Cultura e o Meio Ambiente como áreas afins e interligadas diretamente, teremos 60% dos jovens brasileiros com desejo em atuar nesses campos, como forma de transformar a realidade social e econômica do país.

CULTURA E JUVENTUDECULTURA E JUVENTUDETerritório, Diálogo e AtivismoTerritório, Diálogo e Ativismo

pOR HEldER QuIROgApOR HEldER QuIROgA

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1 º Seminário1 º Seminário de imerSão daS redeS

Sabemos que a cultura é um instrumento fundamental para a transformação social dos jovens. Percebe-se que, através da arte e do desenvolvimento profissional de jovens empreendedores no campo da cultura, é possível não somente diminuir a violência nas favelas e em outras áreas de vulnerabilidade social, como também suprir carências no que tange aos direitos de todo cidadão.

Organizações não governamentais têm se dedicado a construir plataformas de intervenção social com a cultura, não somente nas periferias, mas também junto a jovens de classe média, já que, muitas vezes, ambos os segmentos sofrem com problemas parecidos quando se trata da falta de estímulo, perspectiva e referências políticas e ideológicas.

De um lado está o jovem de periferia que, mesmo não suprindo, muitas vezes, necessidades básicas, goza de enorme criatividade, já que ser criativo torna-se necessário para a sua sobrevivência no contexto social em que vive. De outro, o jovem de classe média, que dispõe de todos os instrumentos e ferramentas para se formar profissionalmente, mas a quem falta estímulo, desafios e responsabilidade social.

Some-se a isso as diversas transformações pelas quais o mundo vem passando, como por exemplo o avanço das novas tecnologias, as novas formas de apreensão de conhecimento através de redes sociais e de movimentos político-culturais. Novas concepções territoriais vêm sendo criadas a partir da aproximação entre culturas, proporcionada pelos avanços no campo da comunicação através da internet, do aprimoramento da telefonia móvel e, principalmente, da necessidade de diálogo entre os povos.

Nesse contexto, a juventude é um elemento fundamental para potencializar novos processos de transformação social, não somente através da mobilização da sociedade, mas também por meio de políticas públicas que compreendam o conceito de uma cidadania global.

O termo Cidadania Global envolve a revisão de valores e princípios, tais como: a convivência entre os povos, a importância dos Direitos Humanos, a valorização da autonomia, da diversidade, do respeito ao indivíduo dentro da coletividade e da consciência de coletividade no indivíduo.

Envolve, ainda, a valorização do meio ambiente como fonte de desenvolvimento econômico, social e cultural; da sustentabilidade como princípio educacional; das relações entre o homem e a natureza; bem como o resgate e a preservação das culturas tradicionais.

Sendo assim, conversar, conviver, e entender a juventude, é um desafio que deve ser encarado como uma prática social cotidiana para a construção de um mundo mais justo, solidário e colaborativo.

HElDER QuIROGAHElDER QuIROGA é Coordenador da ONG Contato é Coordenador da ONG Contato - Centro de Referência da Juventude- Centro de Referência da Juventude

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AA crisecrise econômico-financeira vem atingindo em cheio a estabilidade e a paz social do primeiro mundo (Europa e EUA) e estimulando o ressurgimento de manifestações de intolerância e

radicalismo político como o Tea-Party nos Estados Unidos. Do outro lado do Atlântico, um franco-atirador na Noruega, responsável por uma das maiores tragédias europeias; e que acusa – em seu manifesto - a diversidade cultural e a social democracia, responsabilizando-as pela crise da Europa. Ao mesmo tempo, as revoltas violentas nos guetos negros da Inglaterra e os partidos de extrema direita vêm crescendo a cada eleição.

Nada mais fácil, em um momento de crise e de insegurança, do que arranjar culpados externos. E é nesses momentos que ideologias xenófobas, racistas e antidemocráticas, aparentemente sem futuro, são resgatadas e passam a ter uma importância política e uma presença na vida social. As ideologias que pregam o uso da força para manter a coesão social, e que trabalham com o medo para se fortalecerem e afetarem camadas profundas da subjetividade social, passam a propor abertamente uma saída por fora da narrativa da democracia.

No interior dessas mesmas sociedades, porém, ganha força um novo ativismo de jovens. Podemos citar as manifestações, inovadoras em forma e conteúdo, em Madrid, na Porta do Sol, em 2011, que serviram de exemplo e estimularam manifestações semelhantes em várias partes do mundo. Movimento que chegou a ser, poucas semanas atrás, considerado mais confiável pelos espanhóis do que os partidos políticos e a Igreja. Centenas de milhares em Israel a pedir mais do que lhes é oferecido; os protestos no Chile por uma Universidade pública e de qualidade; “marchas” no Brasil pela ampliação e reconhecimento de liberdades individuais. E, com consequências ainda mais dramáticas para os envolvidos, os protestos dos adolescentes e jovens nos guetos de Londres. A revolta violenta na Inglaterra é um sintoma da inviabilidade das sociedades de bem estar que mantêm parte de sua população marginalizada, excluída. Daí, em grande medida, a forma como o Brasil vem sendo visto como uma experiência marcante da esquerda: a busca de incorporar os excluídos no desenvolvimento, o mote do governo Lula até nossos dias. Há algo de maio de 68 no ar: a utopia nua e crua recuperada e renovada. Um cenário de mutações profundas, onde se destaca a interiorização da crise no plano da cultura, da linguagem e dos paradigmas de pensamento. Os jovens dessa geração querem felicidade e estão indignados com o que lhes é oferecido. Chegam à política por esse caminho. Se por um lado isso torna difícil a inserção desses movimentos na política institucional - coisa que demonstram não desejarem, pelo menos por enquanto -, por outro, movidos por distintos níveis de indignação, estes jovens estão

OS INDIGNADOSOS INDIGNADOSpOR JuCA FERREIRA E AlFREdO MANEVYpOR JuCA FERREIRA E AlFREdO MANEVY

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buscando alternativas. Apropriando-se das redes digitais, surgem então novas organizações. Trazem temas para o espaço público que a política institucional sequer suspeita, abrem caminhos novos, retomam e renovam velhos sonhos enquanto afirmam uma nova pauta: adotam a organização em redes, recusam os modelos tradicionais de representação e não aceitam subempregos. Afirmam o direito de acesso, compartilhamento e remixagem do conhecimento e da cultura e a afirmação da agenda ambiental como prioritária. As demandas políticas desse novo ativismo jovem inserem a cultura no centro da discussão. Rebeldia organizada ou desorganizada são partes de um mesmo movimento: quanto mais prolifera a publicidade dos bens de consumo e substituem-se os valores humanistas pela ideologia do consumo, mais denuncia-se a falta de alternativa dos jovens excluídos, vivendo nos guetos dessas grandes cidades europeias, desejando os tênis e gadgets, consumindo as migalhas e as cópias piratas que os contrabandistas jogam no mercado. O sentimento de exclusão é redobrado quando as políticas para a cultura reforçam a verticalidade da antiga indústria cultural e acusam os jovens de “piratas” enquanto estes fazem do acesso às cópias a base criativa de sua própria produção cultural, com vitalidade e capacidade de reciclagem, extraordinárias.

Quem poderia apresentar alternativas e desenvolver a capacidade coletiva de cognição política da realidade seria a esquerda e a social democracia, porque têm aparato conceitual para politizar e fazer desses fatos enzimas de progresso e evolução dessas sociedades. Mas a socialdemocracia e a esquerda europeia estão atolados na desmoralização geral da política e ninguém parece esperar nada deles. A direita tem aproveitado a crise para ganhar espaço e oferecer sua receita de diminuição do Estado de bem estar, redução de direitos sociais e estímulo à xenofobia e culpabilização dos pobres e imigrantes.

Se a direita usa sua velha linguagem, a esquerda precisa reciclar a sua. Urge a necessidade de rápida renovação política, e não apenas na Europa… Ao invés de cooptar esses movimentos jovens, deixar-se revitalizar por eles. Viver o risco da renovação. Com todas as insuficiências e simplificações, estamos diante de uma linguagem política que obedece a um novo código jovem, faz uma crítica radical ao mundo, ao capitalismo, à política e à democracia que eles conhecem, à falta de alternativa (o desemprego entre os jovens é de 40% na Espanha). Mas se isso é a motivação inicial, o que estão buscando é bem mais. Prestem atenção aos jovens da Porta do Sol e desses outros pontos de encontro, porque aí está sendo plasmada uma plataforma de demandas contemporâneas, materiais e imateriais. Porta do Sol, belo lugar para um novo amanhecer.

JuCA FERREIRAJuCA FERREIRA é Ministro da Cultura do Brasil. é Ministro da Cultura do Brasil.AlFREDO MANEvyAlFREDO MANEvy é Presidente da SPCine - spcine.wordpress.com é Presidente da SPCine - spcine.wordpress.com

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EEntrentre tantas versões possíveis para o século XXI, há estas duas.

A primeira diz acreditar na retomada do crescimento econômico a partir da expansão do consumo, sobretudo nos países emergentes, sustentada por sistemas limpos de produção e tecnologias inovadoras de mitigação das mudanças climáticas. É a versão “mais do mesmo”, e se fia no argumento de que a tecnologia e o engenho humano serão capazes de resolver os problemas ambiental e social sem necessidade de alteração estrutural no motor que move o sistema: a expansão contínua dos bens de produção e consumo e de seus sistemas culturais associados. A segunda argumenta que o sistema já caiu pela impossibilidade material dessa mesma reprodução. Afinal, a capacidade de reposição ecológica do planeta já é superada anualmente em 30%, num momento em que bilhões de pessoas sequer acessaram a chamada classe mundial de consumo. E como este promete ser o século dos países em desenvolvimento e dessa gente toda que estava aí excluída dos “benefícios” da globalização, restaria tomar a sério a questão imediata do porvir: se o objetivo propagado destes países é assegurar a seus cidadãos as mesmas condições de vida que há nos países ricos, e se é sabido de antemão que isso é materialmente impossível, como a humanidade resolverá então seu dilema de perpetuar-se, garantindo oportunidades e condições de vida digna para todos, com respeito aos gigantescos patrimônios ambientais e culturais do planeta? A disputa é travada no momento em que 1,2 bilhão de pessoas são jovens e têm entre 15 e 24 anos. Segundo estimativas do último Relatório das Nações Unidas para a Juventude oportunamente dedicado às mudanças climáticas, praticamente uma em cada cinco pessoas vivas hoje no planeta é jovem e tem entre 15 e 24 anos. Desse total, a vasta maioria, - pouco mais de 1 bilhão -, vive em países em desenvolvimento, e 760 milhões estão em países da Ásia e da África onde pelo menos um terço da população ganha menos de dois dólares por dia. Estão, portanto, apartados do sistema de consumo. E respondem por 40% do desemprego global, embora sejam 25% da força produtiva. As conclusões do relatório da ONU não são animadoras. Começam pelo reconhecimento da não efetivação dos quatro objetivos destacados pela Agenda 21, na Rio/92, para garantir aos jovens canais de participação nos sistemas de decisão pertinentes às mudanças climáticas, embora seja determinante a resposta que vão dar a este dilema.

JUVENTUDE E MUDANÇAS CLIMÁTICASJUVENTUDE E MUDANÇAS CLIMÁTICASpOR VINICIuS CARVAlHOpOR VINICIuS CARVAlHO

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Afinal, a idade aqui não é propriamente o mais relevante. O decisivo é o que define este momento precioso da vida: gente entre a infância e a vida adulta, que vislumbra aí uma carreira, um norte de atuação pelo trabalho e a formação possível para encaminhá-lo. Que já tem certa independência financeira, mas ainda é experimental em seu comportamento, influenciando simultaneamente os dois lados da pirâmide: os mais jovens e os mais velhos. E que responderá pela condução deste mesmo debate, num futuro muito próximo, tão logo passe a ocupar a liderança organizacional em todos os seus níveis: governos, empresas e terceiro setor. Ouvir o jovem, portanto, é fundamental. E empoderá-lo pode levar a caminhos promissores, a depender dos resultados de estudos que situam a juventude diante desse desafio. Um deles é a reveladora pesquisa Sonho Brasileiro, realizada pelo instituto BOX1824, que foi a 173 cidades em 23 estados perguntar a jovens de 18 a 24 anos por seus sonhos. Segundo o estudo, nada menos que 91% dos jovens brasileiros acreditam que hoje as pessoas consomem mais do que precisam, e 67% concordam que é possível transformar uma comunidade sem ser a partir do dinheiro. Mais do que isso, 74% dizem ter vontade de participar de projetos comunitários, e apenas 5% declaram ter o sonho de ficar ricas. A bola está quicando, e pode ser que este jovem a pegue. Tomara.

vinicius Carvalho é jornalista e trabalha vinicius Carvalho é jornalista e trabalha na uNICEF em luanda, Angola.na uNICEF em luanda, Angola.

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OOss protestos da juventude do século XXI são muito diferentes daqueles do século XX. Não apenas pelos meios tecnológicos com os quais são convocados, mas também porque tudo

o que foi está deixando de ser. No maio de 68 francês ou nas revoltas chinesas da década de 80 pedia-se uma mudança profunda, agora querem uma solução às mudanças profundas que aconteceram até agora; e que deixam os jovens sem saber quais saídas lhes oferecem continuidade. As instituições perdem força frente aos jovens. A política tem sido desvirtuada em muitos lugares do mundo e em outros tantos está começando a ser objeto de suspeita. As religiões não são capazes de adaptar seu linguajar a um século de mudanças e parecem continuar pregando no deserto. O exército já não é um refúgio para qualquer um, pelo menos como era antes. A família tradicional está mudando a uma velocidade vertiginosa. Os postos de trabalho não oferecem a segurança que davam há menos de vinte anos e a formação não garante encontrar um lugar na área desejada. O Reino Unido, a Espanha, o Chile, a Itália e os países árabes são a ponta de um iceberg que está surgindo com força e ao qual ninguém parece dar a devida importância. As novas tribos urbanas estão mudando os conceitos de identidade e pertencimento que forjaram as regras sociais do século XX.

As cidades são um quebra-cabeça de dispersões culturais, em torno das quais ainda se concentram os desejos da juventude. Não só as músicas, agora também as imagens, os videogames, as danças, as roupas, o design tecnológico, criam ao seu redor novos grupos e coletivos dispostos a levar seu “fetiche” a lugares insuspeitáveis. Por trás desses novos ídolos percebe-se o desencanto profundo com os anteriores. Seria pretensioso nos atrevermos a prever o triunfo de algum dos que vão florescendo, mas seria estúpido não se dar conta da raiz comum de todos eles, a cultura. Esse espaço simbólico de geração de novas esperanças. Essa porta que serve para entrar e sair da memória.

Talvez o maior erro que acontece hoje em dia nos planejamentos de futuro, é não contemplar a presença desses movimentos, nem ouvir seus gritos com uma visão aprofundada, com capacidade para se colocar na pele do outro, algo imprescindível para saber fazer política. As reformas educativas ainda são pensadas com a mentalidade própria do século XX e continuam sendo o segundo plano de todos os governos. Mas as políticas culturais não conseguiram sair do século XIX e são deixadas ainda mais de lado, em todos os países, seja na América Latina, na Europa ou no mundo árabe. Os líderes falam coisas que não são levadas a cabo, disso já sabemos,

A JUVENTUDE, A JUVENTUDE, O DESCONTENTAMENTO O DESCONTENTAMENTO

E A CULTURAE A CULTURApOR FERNANdO VICáRIOpOR FERNANdO VICáRIO

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mas neste caso está em jogo um novo modelo a ser construído, e parecem não entender que as cartas sobre a mesa não são as mesmas de antes. Não valem as mesmas regras porque esse é um novo jogo. Não podemos continuar falando de juventude e continuar não escutando a juventude. Continuar falando de cultura e continuar fechando-a em museus e bibliotecas. Não podemos. Porque, então, quando as nossas casas forem queimadas, as nossas lojas destruídas, os nossos bairros invadidos e a nossa confortável existência for perturbada, nos perguntaremos: mas..., eles não tinham tudo? O que está acontecendo com eles?

Não têm tudo, temos conseguido quebrar tudo o que era deles, deixá-los sem um chão sobre o qual possam caminhar. Destruímos o meio ambiente, desvalorizamos a educação, depravamos as instituições, banalizamos a mídia, corrompemos a política. Para eles só resta a criatividade, a cultura como espaço de criação de sentido, e parece que não queremos, nem sequer aqui, colocar nossos recursos à sua disposição... Não podemos, então, reclamar.

O Brasil está em uma posição privilegiada para dar um passo à frente nesse momento. Toda a América Latina, e também a Europa, olham pra ele com uma grande curiosidade, querendo saber se vai fazer alguma coisa ou se não vai fazer nada. A janela fica aberta ao mundo; a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 fazem com que todo o mundo queira olhar através dessa janela, que todo o mundo vá olhar por essa janela. Os jogadores de futebol, os atletas, os esportistas, todos eles são jovens, não vamos usá-los somente como fonte de diversão visual... A Grécia já foi... Agora é o Brasil.

FERNANDO vICÁRIOFERNANDO vICÁRIO é diretor da empresa é diretor da empresa Consultores Culturais (Espanha), presta serviços Consultores Culturais (Espanha), presta serviços

para diversas instituições internacionais para diversas instituições internacionais Ibero-americanas e para projetos de Cultura e Ibero-americanas e para projetos de Cultura e

Educação em países da América latina e Europa.Educação em países da América latina e Europa.

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Coordenação Geral / Executiva Helder Quiroga

Coordenação Institucional / Produção vitor Santana

Produção Patricia Melo

Assistentes de Produção Mardem Mota e Amarílio Gabriel

Assessoria de Imprensa Ângela Azevedo e Rafael Mendonça (Noir Comunicação)

Projeto Gráfico / Site Fred Paulino

Gestão de Conteúdo Site Micaela Neiva

Espaço Farol e Instituto Choque Cultural

Relatoria Fred Maia

Cobertura Audiovisual / Fotos Mídia NINJA

FicHa técnicaFicHa técnica

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