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AGRICULTURA FAMILIAR PROMOVENDO HÁBITOS ALIMENTARES

SAUDÁVEIS NA MERENDA ESCOLAR.

Izonete Sônia Brust Calderan

Rafaela Harumi Fujita

RESUMO

Com o objetivo de desenvolver técnicas de educação nutricional com os alunos de forma a

favorecer o processo ensino-aprendizagem, promovendo assim a educação nutricional no

âmbito da escola, bem como reforçar a aquisição de bons hábitos alimentares, reduzindo a

evasão e a repetência escolar. O presente projeto foi desenvolvido em três etapas:

Apresentação e discussão de vídeos, textos e palestras referente à agricultura e

alimentação saudável; elaboração de uma salada de frutas com os alunos e uma pesquisa

de campo em uma propriedade que trabalha com a agricultura familiar sustentável. A

realização dessa pesquisa veio da necessidade de envolver os alunos, a uma experiência

educativa, ao mesmo tempo uma maior integração e compreensão com o meio rural, ou

seja, com o processo de produção e transformação do espaço geográfico. A escola é

certamente um local onde os hábitos alimentares saudáveis devem ser ensinados,

estimulados e praticados. Porém, cabe a família a manutenção das práticas saudáveis

aprendidas, pelo filho, também dentro de casa. Em geral, o estudo fez com que os alunos

interagissem positivamente às múltiplas formas de analisar a qualidade da alimentação nas

diversas fases da vida e na merenda escolar, porém em casa os hábitos alimentares são

totalmente errados. Esta pesquisa foi muito gratificante, pois além de aprofundar o

conhecimento científico, foi possível por em prática essa experiência. Por ser um

assunto interessante e estar relacionado o seu cotidiano, houve grande aceitação

comprometimento, cooperativismo nas atividades desenvolvidas por parte dos

alunos.

Palavras – Chaves : Agricultura familiar sustentável; Alimentação saudável;

Merenda escolar; Agricultura Orgânica.

1- Professora PDE 2010/2012. Atua na rede de ensino público do estado do Paraná desde 1993. Licenciada em Geografia pela FECILCAM- Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão.

2- 2- Professora Mestre em Geografia, Orientadora PDE UNIOESTE – Campus de Marechal Cândido Rondon, Paraná.

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INTRODUÇÃO

O escopo deste trabalho tem como finalidade buscar a mediação entre a

teoria X a prática relacionando algumas atividades desenvolvidas na escola, que

visam à modificação do ambiente escolar para estimular a adoção de hábitos

alimentares e estilos de vida saudáveis, além de uma maior integração entre a

escola, a agricultura familiar e o consumo de produtos orgânicos.

Embora hoje, se comente sobre a importância de termos uma alimentação

saudável e de qualidade estamos cada vez mais presenciando e vivenciado maus

hábitos alimentares. Nossos jovens e adolescentes estão sendo induzidos pelos

meios telemáticos a consumir produtos industrializados ou comidas prontas (fast

food), agravando o número de crianças e adolescentes com obesidade infantil e

muitas outras doenças como a diabete, hipertensão e problemas cardiovasculares.

Por isso, que a escola em parceria com a família busca o envolvimento da família

no que se refere aos hábitos alimentares dos alunos, estimulando-os a uma

alimentação mais saudável .

Nesse contexto a merenda escolar é muito importante, pois visa suplementar

a alimentação do aluno, melhorando as suas condições nutricionais e sua

capacidade de aprendizagem, além de formar bons hábitos alimentares.

Diante desta realidade as escolas e representantes da educação instituíram a

Lei nº 11.947/2009 _ Resolução 38/2009 do Conselho Deliberativo do Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que estabeleceu que no mínimo

30% do total de recursos financeiros do PNAE devem ser gastos pelos

administradores do ensino público na aquisição de alimentos diretamente dos

agricultores ou empreendimentos rurais familiares, cooperativas, e associações de

agricultura familiar.

Todos os envolvidos são diretamente beneficiados: a agricultura familiar

ganha alternativa de comercialização e diversificação, os alunos das redes públicas

terão alimentos mais saudáveis, da época e das culturas regionais; nos municípios

estará toda a cadeia de produção à comercialização; o meio ambiente terá impactos

positivos através da redução de emissões de CO2 pela diminuição das necessidades

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de armazenamento, industrialização e transportes distantes. Para a escola

representa melhor rendimento escolar e melhora as defesas do organismo

proporcionando mais saúde.

Essa pesquisa foi realizada no Colégio Estadual Ieda Baggio Mayer tem

como objetivo, desenvolver técnicas de educação nutricional com os alunos de

forma a favorecer o processo ensino-aprendizagem, promovendo assim a educação

nutricional no âmbito da escola, bem como reforçar a aquisição de bons hábitos

alimentares e reduzindo a evasão e a repetência escolar gerados pela má

alimentação.

Espera-se, que este estudo possa contribuir para a diminuição dos problemas

nutricionais dos alunos, relacionados à merenda escolar, conseqüentemente os

problemas gerados pela má alimentação. Cabe, portanto ao aluno, a

responsabilidade de construir no seu processo educativo comportamentos, atitudes

e valores que deve refletir-se de forma permanente e sistemática e deve atravessar

toda a vida escolar.

A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA PARA A SOCIEDADE

AGRICULTURA

A atividade agrícola teve início há mais de 10 mil anos, desde que o homem

percebeu que podia semear deliberadamente, gerando produções direcionadas. No

começo, a produção era muito diversificada, as técnicas e instrumentos utilizados

eram simples e baseados na observação de ecossistema. Os insumos eram naturais

e encontrados no próprio local ou arredor. Durante esse período, povos de várias

partes do mundo aprenderam a cultivar diferentes tipos de plantas, como: o trigo, o

arroz, aveia, milho entre outros. A domesticação de animais e sua criação em

rebanhos foram importantes para a subsistência de diversos grupos humanos.

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A agricultura foi um passo muito importante para o desenvolvimento e

crescimento de muitas cidades e países e continua sendo o eixo principal de ligação

entre as cidades e o campo. Por isso, seja ela, moderna, tradicional, orgânica ou

convencional todas retratam o valor da agricultura para um país.

MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA

A modernização da agricultura ocorreu após um intenso processo de

transformação socioeconômico pelo qual passou a sociedade brasileira, em razão da

expansão da indústria e do progresso tecnológico que hoje atinge patamares ainda

mais elevados em função de um mercado globalizado.

A sociedade, de modo geral, está inserida nesse processo de modernização

da agricultura, e passa a ser assegurados pelos padrões tecnológicos impostos pela

agroindústria e pela indústria produtoras de insumos e máquinas agrícolas.

[...] “a modernização da agricultura acentuou a diferenciação social, o

desenraizamento de agricultores ocasionando numa perda de identidade,

sendo preciso procurar meios para reconstituir suas relações sociais e de

trabalho numa sociedade refratária à oferta de empregos e mão- de- obra.”

(BRANDENBURG, 1999, p.30).

Além disso, surgiram diferentes formas de organização em torno do trabalho

agropecuário, envolvendo divisões de trabalho como: preparação de terra, o plantio

e a colheita, o que veio estreitar as relações entre o indivíduo e ampliar ainda mais

os laços culturais.

A agricultura precisava acompanhar o consumo de alimentos pela população

e produzir matérias – primas pelo setor industrial para que fosse possível suprir essa

demanda, as empresas ligadas aos setores químicos e mecânicos e os governos

dos países industrializados começaram a investir no desenvolvimento de tecnologias

agropecuárias, viabilizando a ampliação de áreas cultivadas e de pastoreio, assim

com o aumento da produtividade por área de lavoura e de criação. Nesse contexto,

estabeleceu-se a chamada agropecuária comercial moderna, caracterizada pelo uso

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intensivo de recursos tecnológicos no campo, como máquinas e insumos químicos,

sementes selecionadas e vacinas.

Dessa forma a agricultura e a pecuária transformaram-se em atividades

econômicas que precisam gerar lucros, fato que marca de maneira definitiva a

introdução das relações capitalistas de produção, tanto no espaço agrário dos

países desenvolvidos, quanto dos países subdesenvolvidos. Quanto maior o

desenvolvimento tecnológico, mais a racionalidade se fazem instrumental,

dominando a esfera da atividade econômica. A modernidade não é definida só pela

razão instrumental, porque levaria a um processo de desintegração social, atingindo

a cultura e o sistema de personalidade e provocando fenômenos de alienação e de

coisificação da prática comunicativa. (BRANDENBURG, 1999, p.21).

A agricultura de prática e saber milenares que visavam sustentar a vida

humana com produção de alimentos passaram a ser um sistema intricado de

relações e negócios, que objetiva agora não apenas produzir alimentos, mas

mercadoria agrícola e lucro.

A partir da década de 1950, embora a área cultivada não tenha apresentado

crescimento expressivo, a agricultura mundial obteve grande aumento de

produtividade. Isso ocorreu graças ao desenvolvimento de novas tecnologias

aplicadas à produção e aprimoramento de outras já existentes: mecanização,

irrigação, seleção de sementes, utilização de adubos e inseticidas, correção de

solos, biotecnologia, monitoramento por satélites, etc. Inaugurava-se uma nova fase

nos sistemas agropecuários na qual a forma de conceber e gerenciar a atividade

rural passa a ser chamada de agricultura Industrial ou segunda Revolução Agrícola.

(BOLIGIAN, 2004, p.184).

Sob o pretexto de que o mundo deveria assegurar uma produção agrícola

suficiente para exterminar a fome, indústrias multinacionais do setor agrícola que

detêm as patentes de insumos agropecuários passaram a vender sementes

selecionadas geneticamente melhoradas com um pacote de insumos necessários ao

seu cultivo para países subdesenvolvidos, como Índia, México e Brasil, onde o

problema da fome é mais acentuado.

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Esse modelo de desenvolvimento agrícola exportado dos países

desenvolvidos, que se baseia na mecanização do campo e no uso da biotecnologia

e de insumos químicos, ficou conhecido como Revolução Verde. Essa Revolução

provocou profundas transformações no espaço agrário dos países

subdesenvolvidos, alterando as práticas agrícolas e a estrutura fundiária existente

até então.

A concessão de financiamentos bancários subsidiados pelos governos desses

países, sobretudo aos médios e grandes produtores rurais possibilitou que muitas

áreas antes ocupadas por culturas de subsistência fossem transformadas em

extensas lavouras monocultoras mecanizadas, que utilizam tecnologia importada. As

monoculturas avançaram também em direção às regiões ambientalmente

preservadas desses países, criando áreas de fronteiras agrícolas, nas quais

florestas e campos naturais deram lugar a plantações e pastagens.

A Revolução Verde também acentuou o processo de concentração de terras

nos países nos quais foi implantada, como aconteceu no Brasil. Isso ocorreu porque

muito produtor rural por não terem atingidos os níveis de produtividade esperado em

razão de intempéries climáticas ou inadaptação dos produtos plantados às

condições ambientais do território acabara endividado, sendo obrigados, muitas

vezes, a vender suas propriedades a produtores mais bem sucedidos.

A expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em

Washington, por William Gown, que disse a um pequeno grupo de pessoas

interessados no desenvolvimento dos países com déficit de alimentos “a Revolução

Verde é feita à base de tecnologia, e, não do sofrimento do povo”. O termo surge no

período em que os países vencedores da 2ª Guerra Mundial, na década de 40, e as

grandes indústrias de armamento buscaram alternativas para manter os grandes

lucros obtidos no período de conflito.

Com a Revolução Verde passou-se a aplicar na agricultura o conjunto de

produtos utilizados nas guerras. Todo o processo da Revolução Verde atendeu o

interesse mercadológico específico que colocaram a preocupação como o meio

ambiente em terceiro plano. Porém o processo de modernização agrícola utilizando

a Revolução Verde, somente ocorreu no final da década de 1940, os resultados

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expressivos foram obtidos durante as décadas de 1960 e 1970, onde os países em

desenvolvimento aumentaram significativamente sua produção agrícola.

Esse programa foi financiado pelo grupo Rockfeller, sediado em Nova York.

Utilizando um discurso ideológico de aumentar a produção de alimentos para acabar

com a fome no mundo, o grupo Rockfeller expandia seu mercado consumidor

fortalecendo a corporação com vendas de pacotes e insumos agrícolas

principalmente para países em desenvolvimento como a Índia, Brasil e México, onde

o problema da fome é mais acentuado.

Surgiu com o propósito de aumentar a produção agrícola através do

desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de

máquinas no campo que aumentassem a produtividade. (http://brasilesescola

com/geografia/revolução verde htm.). Ainda que tenha aumentado a produção

agrícola mundial, não eliminou o problema da fome, uma vez que os produtos

(cereais) plantados eram para atender o mercado consumidor dos países ricos

industrializados (Estados Unidos, Canadá, União Européia e Japão). Além disso, o

uso de agrotóxicos e de máquinas agrícolas não adaptadas aos tipos de solos

tropicais acarretou uma série de problemas no espaço agrário alterando as práticas

agrícolas (substituição de ecossistemas por áreas de monocultura e de pastagem) e

a estrutura fundiária (minifúndios por latifúndios).

Durante a década de 70, a “Revolução Verde” difundiu-se por vários países. A

justificativa para a utilização deste modelo era a necessidade de aumentar

rapidamente a produção e a produtividade. Essa orientação “produtivista” estava

associada à visão de que era necessário que a agricultura cumprisse as suas

funções no desenvolvimento econômico, como produzir alimentos baratos, fornecer

matérias – primas para as indústrias. (Olalde, 2003 p.34)

Contudo, ainda na década de 70, a euforia com os resultados imediatos do

padrão moderno cedeu lugar a uma série de preocupação com os problemas

socioeconômicos e ambientais gerados ou aprofundados por este padrão de

desenvolvimento, como por exemplo: a contaminação dos solos, das águas e dos

alimentos, a degradação dos solos, o assoreamento dos rios, a destruição das

florestas e da biodiversidade, a resistência de pragas e doenças aos agrotóxicos e

problemas ambientais de ordem global, como o efeito estufa.

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Além dos problemas acima apresentados “os aumentos gritantes da

produtividade na agricultura moderna” têm sido acompanhadas também de

“problemas sociais” (eliminação da família agrícola, concentração de terras, recursos

e produção, crescimento do comércio agrícola e sua dominação sobre a produção,

mudança no padrão de migração rural/ urbana). (ALTIERI, 1989, p.207).

Em 1950, muitos países do mundo, incluindo o Brasil, introduziram a

Revolução Verde, medida essa que tinha como único objetivo intensificar a oferta de

alimento. A utilização de inseticidas se expandiu inicialmente nos países

industrializados, já sendo corrente no final da década de 1950 nos EUA, na Europa

Ocidental e no Japão. No Brasil, a grande expansão do uso de inseticidas ocorreu

apenas nos anos de 1970, vinculado ao crédito rural subsidiado, quando a liberação

do crédito foi condicionada à utilização dos agrotóxicos.

No Brasil, passaram a desenvolver tecnologia própria, tanto em instituições

privadas quanto em agências governamentais (como a Embrapa) e universidades. A

partir da década de 1990, a disseminação destas tecnologias em todo o território

nacional permitiu que o Brasil vivesse um surto de desenvolvimento agrícola, com o

aumento da fronteira agrícola, a disseminação de culturas em que o país é

recordista de produtividade (como soja, o milho e o algodão) atingindo recordes de

exportação.

Em contrapartida ao aumento na produtividade gerada pela Revolução Verde,

observou-se nos países subdesenvolvidos o aumento da estrutura latifundiária, uma

vez que os pequenos agricultores não conseguiram financiar os gastos necessários

para acompanhar a Revolução. Também se criou uma dependência tecnológica dos

países subdesenvolvidos para os desenvolvidos, além de muita poluição, sobretudo

causada pelo pesticida DDT, mas também na indústria de fertilizantes. Alguns

críticos têm em tese de que a Revolução Verde causou grandes impactos

ambientais, como destruição de alguns nutrientes do solo pelos adubos usados em

excesso, e até a poluição de rios.

Calcula-se que atualmente os produtores rurais que se valem de recursos da

agricultura moderna comprometam cerca de 55% dos custos da produção na

compra de agroquímicos (sementes, fertilizantes e defensivos), fato que os tem

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tornado “reféns” das multinacionais que fabricam esses insumos e dos bancos que

financiam esse tipo de produção. (BOLIGIAN, 2004, p.184).

Nas décadas de 1970 e 1980, sucedem-se as constatações da poluição

generalizada do planeta e as conseqüências disso são o surgimento de novas

pragas e doenças da agricultura, o aumento significativo de números de casos de

câncer e a poluição do solo e dos recursos hídricos. A maioria dos agricultores

estava dependente dos químicos e haviam abandonado os métodos tradicionais.

Com a conscientização ecológica nos anos de 1980 e 1990, a proposta de

uma agricultura sustentável ganha força, entre os produtores e os consumidores e

governos. No Brasil os princípios da agricultura orgânica foram introduzidos no início

da década de 1970, quando se começava a repensar o modelo convencional de

produção agropecuária. (http://brasilesescola com/geografia/revolução verde htm.).

São os chamados alimentos orgânicos produzidos segundo critérios de

qualidade, por agricultores que fazem parte de associações de agricultura orgânica.

Eles utilizam técnicas de manejo e de conservação de solos como manutenção da

cobertura vegetal e a mínima utilização de máquinas agrícolas.

Obtêm-se fertilizantes a partir da reciclagem de materiais orgânicos, como

restos de culturas e de estrume de animais. Já o controle das pragas é realizado por

meio do controle biológico se diversificaram os setores interessados nos métodos

orgânicos, ligados a agricultura familiar e em parte o movimento ambientalista. No

Brasil, a Lei Nº 10.831, 23 de dezembro de 2003, regulariza a agricultura orgânica

como um sistema de gerenciamento que sustenta a saúde do solo, do ecossistema

total de produção agrícola com vistas a promover e realçar a saúde do meio

ambiente, preservar a biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo

(http;//planeta orgânico.com. br/brasil.htm).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E AGRICULTURA FAMILIAR

Os princípios da agricultura orgânica foram introduzidos no Brasil no início da

década de 1970, quando se começava a repensar o modelo convencional de

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produção agropecuária. São os chamados “alimentos orgânicos” produzidos

segundo critérios rígidos de qualidade, por agricultores que fazem parte das

associações de agricultura orgânica, que busca manejar de forma equilibrada o solo

e demais recursos naturais.

Embora a agricultura estivesse passando por um período de mudanças

tecnológicas a agricultura tradicional não deixou de existir em muitos países.

Segundo Benevides (2007) vários pesquisadores muito antes da Revolução Verde a

chamada agricultura alternativa já havia plantado suas bases científicas por meio da

primeira revolução agrícola do século XVIII e XIX. Na metade do século XX,

surgiram vários pesquisadores, médicos e filósofos, pesquisando e propondo

métodos e práticas para incremento da fertilidade dos solos de forma orgânica,

rejeitando a utilização de adubos químicos. Cada qual atuou a seu modo, em seus

diferentes países, surgiram os seguidores, criaram escolas e instituições,

desenvolvendo a fundamentação científica, que embasa as práticas atuais da

agricultura orgânica.

A seqüência, no tempo, os principais fatos e personagem, foram os seguintes

(Quadro 1):

Agricultura

Alternativa

Ano de

criação País Pesquisador Postulados

Agricultura

Biodinâmica 1924 Alemanha Rudolf Steneir

Apresentou uma visão alternativa

de agricultura baseada na ciência

espiritual da antroposofia.

Agricultura

Orgânica

1925-

1930 Inglaterra Albert Howard

Defendeu a importância da

compostagem e adubação

orgânica.

Agricultura

Biológica

Déc.

1930 Suiça

Hans Peter

Muller

Defendia a fertilidade do solo e

microbiologia (agricultura

biológica).

Agricultura

Natural 1935 Japão Mikiti Okada Defendia uma agricultura natural.

Quadro 1: Síntese das agriculturas alternativas. Fonte: http://ambiente.hsw.uol.com.br.

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Diante de todos esses fatos inicia-se uma nova fase da agricultura o chamado

desenvolvimento sustentável demanda novas relações entre a economia, a

sociedade e o meio ambiente. Elemento de equidade social como distribuição de

renda, diminuição da pobreza e a geração de emprego, devem se equilibrar com

elementos da conservação dos ecossistemas e recursos naturais e elementos da

racionalidade econômica.

A noção de sustentabilidade surge como uma agenda, com objetivo ou ideal

de restaurar o equilíbrio na relação homem- natureza, principalmente após as

conseqüências ambientais danosas provocadas pelo industrialismo e sua Revolução

Verde.

A construção de uma sustentabilidade socioeconômica implica que se

considere o ecossistema homem-sociedade o que significa considerar o elo que

existe entre a natureza e homem, isto é, a natureza que existe no homem. Como

relata Serre (1991, p.51) que [...] “a natureza dá ao homem é o que esse deve

restituir a ela, transformada em sujeito de direito”. A natureza não seria apenas

objeto de interesse e intervenção da sociedade, mas também e fundamentalmente

sujeito- tal como o homem.

Sob o ponto de vista da relação com a natureza, é essa mesma racionalidade

que vai dar sustentação a uma relação mais equilibrada com os meios naturais.

Morin (1977) entende que a sociedade é como sistema auto-ecoorganizador

e, dessa forma, concebe a sua transformação mediante a noção de

“autodesenvolvimento”. (1977, p.259).

Os momentos de crise de uma sociedade podem ser definidos como os mais

férteis na geração de propostas de reorganização social. O movimento em favor de

uma agricultura alternativa no Brasil nasceu no momento de crise para os

agricultores familiares e sob a crítica de ser uma questão marginal ao progresso

técnico, como uma volta ao passado, e por isso, como uma proposta de retrocesso

ao desenvolvimento das forças produtivas.

A agricultura alternativa, embora possa não apresentar os mesmos resultados

em relação, a produtividade, constitui a adoção de tecnológicas modernas, mas

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manutenção da produção familiar no campo, enquanto defesa de uma identidade ou

de certo “modo de vida.”

O “modo de vida” é entendido como sendo a expressão de um “ser cultural” e

das condições de vida material. Assim, como as condições materiais e culturais

estão inter- relacionadas, modo de vida e condições de vida também o estão. O

modo de vida é então a expressão cultural das condições materiais e culturais de

existência.

Zimmermann (1992, p. 48) ressalta que a agricultura de base ecológica,

[...] “é mais complexa e exige um preparo maior do agricultor; não se trata

de uma agricultura atrasada, mas sim de uma agricultura mais sofisticada

biológica e gerencialmente; a produtividade dos agricultores biológicos é

competitiva economicamente com a agricultura convencional, mesmo sem

quantificar os impactos ambientais desta última.

AGRICULTURA FAMILIAR

O agricultor familiar restringe a expansão da racionalidade econômica a

medida que preserva espaço para dar lugar a uma vida que se beneficia do

progresso técnico e se reproduz culturalmente, o modo rural. Assim, é que se

constrói sustentabilidade ecossocial ou socioambiental.

A estrutura familiar oferece condições para o desenvolvimento de um sistema

de produção mais diversificado e uma gestão de recursos naturais que, ao mesmo

tempo, aumenta a rentabilidade favorecendo a biodiversidade e a preservação dos

sistemas agrários. A agricultura familiar sofreu um amplo processo de

transformações e mudanças. Estas mudanças concentram-se no campo da

organização da agricultura familiar e na construção de novos valores culturais,

quanto também na composição de novas formas de organização da produção e da

agregação da renda.

A expressão “Agricultura Familiar” no Brasil é recente, surgiu nos anos 90 e

por esta razão a discussão teórica e política vêm avançando sobre quem é

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considerado agricultor familiar, qual sua importância e o seu papel no

desenvolvimento local e para a segurança alimentar.

Como comenta Schneider (2003, p.41) [...] “a agricultura familiar desempenha

vários papéis, entre os quais, produzir e fornecer alimentos básicos de preço

acessível e de boa qualidade para a sociedade, ainda, reproduzir-se como uma

forma social diferenciando no mundo capitalista.”

Até recentemente, os produtores orgânicos para o mercado interno eram

comercializados quase exclusivamente nas feiras livres e nas lojas de produtos

naturais. Nos últimos anos, outros canais de comercialização estão se abrindo, o

que contempla desde modalidades específicas para produtos orgânicos, como as

associações ou cooperativas até a participação nas prateleiras das grandes redes

de supermercados. Alguns dos principais entraves para o desenvolvimento da

produção orgânica estão relacionados à falta de incentivos por parte de órgãos

governamentais ou agentes financeiros.

No início da década de 1960, a agricultura familiar era vista pelas instituições

públicas e privadas como modo de sobrevivência dos agricultores e os esforços se

concentravam no desenvolvimento industrial. Os agricultores familiares, mesmo com

todos os problemas que a agricultura tem de ordem conjuntural e estrutural, têm o

maior interesse em continuar na unidade agrícola, produzindo para o mercado e

para o consumo e, para isso, buscaram fora as alternativas que permitissem renda

extra, para garantir a subsistência da família.

Já agricultura na região Oeste do Paraná está relacionada com a colonização

regional, seja com a extração de erva–mate, passando pela policultura e o ciclo da

madeira. Com o avanço do capitalismo no meio rural, a agricultura familiar teve que

se reestruturar à nova dinâmica.

Segundo Strapasson (2005, p.1) “a região de Cascavel é composta por 30

municípios, localizados no extremo oeste do Paraná, com uma população de

789.163 habitantes, sendo 85,67% localizado no meio urbano e 14,33% no meio

rural. A população rural da região de Cascavel é composta por 31.674 produtores,

sendo que 81,5% são pequenos e 18,5% nas demais categorias.

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Strapasson (2005, p.1) destaca ainda que, [...] ”dos 276 produtores aqui

produzidos destacam-se em ordem de importância: soja, frango, milho safrinha,

milho, leite, trigo, suíno e mandioca, boi, entre outros”.

O último Censo Agropecuário (1995-1996) indicou que no Brasil existem

4.859.864 propriedades rurais, as quais ocupam uma área de 353, 6 milhões de

hectares, sendo que 4.139.369 são propriedades familiares e ocupam uma área de

107,8 milhões de hectares.

O Paraná tem 369.875 propriedades rurais que ocupam uma área de 15,9

milhões de hectares. Destes, 6,5 milhões de hectares são ocupados por

propriedades familiares que totalizam 321.380 unidades.

A diversidade agrícola esta presente no oeste do Paraná desde sua

colonização. Porém atualmente o agricultor familiar utiliza-se de nível mais intensivo

de tecnologia e vê a diversificação como forma de escapar das sazonalidades dos

produtos, além disso, ele acredita que a produção orgânica e bastante significativa

para a geração de renda.

No contexto estadual, a agricultura teve importante contribuição para o

desenvolvimento local. Segundo dados do governo estadual, atualmente o Paraná é

responsável por aproximadamente 25% da produção de grãos do país, apesar de

ocupar pouco mais de 2,3% do território nacional. No estado, a preocupação e a

consciência em relação aos custos sociais e ambientais do desenvolvimento do

estado parecem não ter feito parte das agendas políticas nos últimos anos. (LIMA,

et.al.2005 p.150).

Assim, os grupos humanos foram aperfeiçoando suas maneiras de

exploração da natureza e de intervenção no meio ambiente, por meio de relações

sociais, econômicas e culturais, ligadas ao desenvolvimento tecnológico ou ao

econômico.

A atual configuração espacial das atividades agrícolas e da zona rural é

resultado da ação humana sobre a natureza ao longo da história. Como

essa ação ocorreu de modo desigual nas diversas regiões do planeta,

temos então uma complexa diferenciação das atividades. (MOREIRA &

SENE, 2005, p.522).

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Portanto, o surgimento e a evolução da agricultura, suas mudanças e

transformações foram fundamentais para sustentação da economia brasileira e

mundial.

METODOLOGIA

Para este estudo inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico

referente à Agricultura familiar promovendo hábitos saudáveis n a merenda

escolar , material este que serviu de suporte para a elaboração das atividades

realizadas.

Para chegar os objetivos propostos foi elaborada uma unidade didática ao

longo do projeto PDE para ser trabalhada com alunos do 7º ano referente ao tema

em estudo. A implementação do projeto ocorreu entre os meses de setembro e

dezembro de 2011, com a participação de 40 alunos do 7° ano C do ensino

fundamental do Colégio Estadual Ieda Baggio Mayer, no município de Cascavel -

PR. A metodologia aplicada está resumida no Quadro 2, .

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Quadro 2- Síntese das estratégias e ações executadas.

AÇÃO OBJETIVO ESTRATÉGIA

Estudos e

debates de

textos

Incutir nos alunos a

integração do meio

urbano no rural

estabelecendo uma

inter-relação entre o

meio que ele vive.

Texto 1- O Espaço rural brasileiro.

Texto 2- Pequenos proprietários, grandes brasileiros; Produção

agrícola e biotecnologia.

Apresentação

de vídeo

Permitir a relação entre

a teoria da sala com a

prática sobre a

importância do

relacionamento entre o

homem-natureza.

Apresentação do vídeo: Obrigado ao homem do campo.

Música e letra de Durval e Durvan

http://www.youtube.com/watch?v=wQyyUzKIq

Aw Obrigado o Homem do Campo. Acesso

dia 21/03 2011.

Estudo de

texto dirigido

Sensibilizar nos alunos

sobre a importância dos

alimentos orgânicos na

alimentação

Trabalho com texto informativo sobre obesidade infantil no

Brasil.

Palestra Estimular a adoção de

hábitos alimentares

saudáveis.

Palestra sobre o tema: Qualidade de vida e alimentação

saudável - Estagiários do curso de nutrição da FAG- Faculdade

Assis Gurgacz.

Salada de

fruta

.

Sensibilizar sobre a

importância das

hortaliças e frutas e seu

poder nutritivo.

Confecção de uma salada de frutas para ser ofertada na

merenda escolar, esta atividade deve ser executada pelos

alunos, professores e cozinheira.

Saída de

campo

Permitir a relação entre

a teoria e da sala de

aula com a prática

sobre a importância do

relacionamento entre o

homem-natureza

Esta atividade consiste em uma visita a uma propriedade de

agricultura familiar. Os alunos devem ser divididos em equipes,

cada equipe ficará responsável pela execução de uma das

atividades descritas, a seguir entrevista com o produtor,

filmagem, fotografias.

A propriedade visitada nessa pesquisa foi a Propriedade de

São Salvador, no município de Cascavel- Paraná.

Painéis

Desenvolver e Interagir

as equipes, no processo

aprendizagem individual

e coletiva.

Os resultados do estudo devem ser expostos sob a forma de

painéis, confeccionados pelos alunos.

Esses painéis serão expostos, sob a forma de mural para a

comunidade escolar para a apreciação dos resultados.

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RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA

A unidade didática aplicada teve grande interesse por parte dos funcionários,

diretores e professores, os quais acharam um tema atual, pois resgata e valoriza o

homem do campo bem como conscientiza os alunos sobre uma alimentação mais

saudável, para evitar doenças como obesidade, diabetes e câncer.

A seguir serão apresentadas inicialmente as considerações a respeito da

saída de campo em seguida os resultados do projeto como um todo.

ESTUDO DE CAMPO E OS SEUS DESDOBRAMENTOS

A aula de campo ocorreu no dia 06 de Dezembro de 2010, com visita a uma

propriedade familiar localizada na região de São Salvador no município de Cascavel-

Estado do Paraná, com participação de 20 alunos e dois professores. Os alunos

foram divididos em equipe, cada equipe ficou responsável por uma atividade

entrevista ao produtor, filmagem, fotografia e confecção de mapas.

O proprietário mostrou a sua propriedade e discorreu sobre os diversos

aspectos no cultivo de hortaliças explicando todo o processo de produção, as

diversas técnicas utilizadas na produção tais como: irrigação, produção de mudas,

controle de pragas, adubos orgânicos, produção em estufas e comercialização, etc.

Relatou como a propriedade está organizada destacando três funções

importantes: ser local de moradia, produzir dentro da concepção Agro ecológico,

preservando o meio ambiente. E ser uma propriedade familiar (pais e filhos). A

propriedade faz parte da cooperativa dos pequenos produtores familiar, contribuindo

para a economia da região. Em sua propriedade são produzido alface, almeirão,

brócolis, abóbora, mandioca, pepino, couve-flor, cenoura, etc. A sua maior

dificuldade está relacionada à água, pois só tem um açude que muitas vezes não dá

conta de irrigar sua propriedade. Recebe recursos do governo estadual ( PRONAF).

Parte da sua produção de verduras e legumes é comercializada na feira do

pequeno produtor e nos pequenos mercados na cidade de Cascavel-Paraná. A

figura 1 retrata a horta da propriedade visitada.

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Figura 1- Horta da propriedade São Salvador, município de Cascavel. Esta

propriedade é um exemplo da agricultura familiar.

Fonte: Acervo pessoal – Izonete Sonia Brust

Durante o estudo foram realizado dois questionamentos informais com os

alunos a respeito de uma alimentação saudável na merenda escolar, que é um fator

de suma importância para garantir uma saúde de qualidade aos estudantes. Esses

questionamentos foram realizados com 40 alunos da 6ªC/7 ª ano do ensino

fundamental. Verificamos que a maioria dos não comem a merenda da escola, pois o

cardápio da merenda não contempla a qualidade e o interesse dos mesmos. Veja a

seguir alguns depoimentos a respeito da merenda escolar, no quadro 3.

A maior parte dos entrevistados argumenta que não comem a merenda

escolar, por não ser de qualidade. Gostariam de ter no cardápio da escola mais

variedades como: pão, bolo, chá, sucos (limão, abacaxi, laranja, acerola), arroz,

feijão, legumes, saladas, arroz- doce, sopa, gelatina, salada de frutas, vitaminas e

sanduíche natural. Com isso, verificamos que se as escolas diversificassem mais a

merenda escolar e priorizasse mais qualidade e alimentos mais saudáveis e

naturais, com certeza mais alunos comeriam a merenda.

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Quadro 3- Depoimento de alunos a respeito da merenda escolar.

Em 2011, com o propósito de melhorar a alimentação escolar a Secretária de

estado da Educação (SEED) em parceria com governo e a agricultura familiar

começou a praticar o enriquecimento da alimentação dos estudantes da rede pública

paranaense com uma merenda mais natural e nutritiva, isso vem a cumprir a lei

11.947/2009, que assegura que o cardápio das escolas deve ser elaborado de

acordo com a cultura alimentar local buscando sustentabilidade, diversificação

agrícola e principalmente uma alimentação saudável e adequada, assim como a

aquisição de produtos fornecidos pela agricultura familiar.

Com a melhoria da merenda escolar se promove uma alimentação mais

saudável, livre de aditivos químicos e agrotóxicos, como sabemos a escola também

é um dos ambientes onde se forja o hábito alimentar das crianças e adolescentes e

isso se transfere para casa. Através de produtos vindos da agricultura familiar na

merenda escolar é possível contribuir para uma vida mais saudável, para prevenção

de doenças e também para o controle das carências nutricionais, como a anemia,

tão comum entre as crianças. Assim sendo, a inclusão da agricultura familiar na

alimentação escolar só traz boa saúde para todos.

Em um segundo momento, realizamos novamente o questionamento com os

alunos referente a importância de uma alimentação saudável que compreende um

cardápio mais nutritivo e orgânico nas diversas fases da vida. Por meio deste

questionamento foi possível verificar que a grande maioria dos nossos estudantes

não tem disciplina quanto aos hábitos alimentares e têm uma alimentação totalmente

errada ingerindo muito carboidratos, massas, refrigerantes, frituras, doces e

Aluno 1 - Não come a merenda escolar, pois é ruim e na maioria das vezes os alimentos

servidos na merenda são enlatados e artificiais.

Aluno 2 - Para este aluno a merenda escolar deveria ter mais qualidade nutricional como

frutas, sucos e legumes.

Aluno 3- Não come a merenda escolar. Pois, gostaria que esta tivesse mais variedades e

diversidades como: bolo, suco, arroz, feijão, saladas e frutas. Em sua opinião as escolas

deveriam proporcionar uma reestruturação no cardápio que atendessem as suas

expectativas com mais qualidade e variedades de produtos naturais.

20

bolachas recheadas além da falta de disciplina quanto ao horário das principais

refeições, não se preocupando com hábitos alimentares saudáveis e disciplina

alimentar.

Mas muitos alunos se preocupam com a sua alimentação e com a qualidade

de vida, mesmo que em casa essas atitudes não sejam praticadas. Esses alunos

possuem consciência que é preciso nesta fase da vida ter uma alimentação mais

saudável e consumir produtos mais naturais. Para eles a merenda escolar, poderia

ser mais diversificada com mais (frutas, legumes, verduras, cereais e sucos). Pois

para muitos a merenda escolar é a principal refeição do dia.

Por meio dos produtos vindos da agricultura familiar na merenda escolar é

possível que esta contribua para uma alimentação mais saudável, o que evitará no

futuro a prevenção de doenças e também para o controle das carências nutricionais,

como a anemia, tão comum entre as crianças.

Temos que torcer para que nossas escolas no futuro estejam proporcionando

aos nossos educandos uma merenda com pratos mais variados e de qualidade,

substituindo nossos enlatados por produtos mais naturais.

Para muitos alunos a agricultura orgânica é muito importante tanto para o

homem do campo como para o meio ambiente. A agricultura orgânica seria uma

forma de preservar o meio ambiente evitando tanto agrotóxicos na produção de

alimentos, alguns alunos cogitaram a idéia da possibilidade de cultivar hortaliça

orgânica na escola para uso da merenda escolar mostrando assim a importância do

alimento orgânico para a saúde.

A necessidade de evitar alimentos contaminados com produtos utilizados na

agricultura é fundamental como forma de prevenção, a fim de evitar doenças futuras

nas pessoas que consomem esses produtos desde a mais tenra infância. A falta de

acesso de boa parte da população desses países a produtos mais naturais e de

qualidade bem como de uma maior conscientização de cada um em relação a tais

produtos acaba contribuindo muito para gerar uma série de problemas e doenças

ligados à alimentação.

Deveriam haver mais campanhas para conscientização das pessoas em

relação a hábitos mais saudáveis de consumo e alimentação enfocando a real

21

necessidade de hábitos alimentares mais saudáveis ligados a uma alimentação

natural e de qualidade.

Após a saída de campo, os alunos fizeram uma síntese respondendo um

questionamento sobre a viagem, a produção, a preparação do solo, conhecimento

de algumas verduras. Para eles, tudo foi novidade pois muitos nunca tiveram relação

com o meio rural. A partir da prática vivenciada passaram a compreender a

importância das atividades rurais bem como a vida dos agricultores e as relações do

homem com a natureza.

Como encerramento da intervenção na escola foi apresentado um painel com

fotografias da propriedade agrícola visitada, cartazes com imagens de agricultura

orgânica, convencional, comercial e familiar a toda a comunidade escolar, e

distribuído aos participantes uma salada de frutas, com exposição dos alunos

explicando a importância das frutas e legumes na alimentação das crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa teve como objetivo aproximar o aluno da teoria com a prática,

aprimorando as informações sobre a agricultura e sua relação com o campo, além

de conscientizá-lo da importância de ter uma alimentação mais saudável. A

possibilidade de discutir e analisar com os alunos, a realidade mais próxima e

imediata, onde averiguaram através de pesquisas propostas, textos relacionados ao

assunto, palestras com nutricionistas sobre a importância de uma alimentação mais

saudável e equilibrada, para evitar doenças.

São vários os noticiários e pesquisas que a mídia vem ressaltando sobre a

qualidade da alimentação, principalmente a questão da obesidade nos países

desenvolvidos, aonde o consumo chega ao dobro de calorias recomendadas ao

dia. Mas, como sabemos mesmo nesses países muitas pessoas passam fome ou

não tem uma alimentação adequada, à base de alimentos mais naturais,

necessários em uma alimentação equilibrada que seja rica em nutrientes e não

22

em calorias, com isso surge a obesidade que já virou doença e junto vem outras

complicações devidas a gordura excessiva armazenada no organismo.

Cabe aos pais a responsabilidade de ensinar a prática de uma alimentação

mais saudável e a escola complementar esses conhecimentos. Pois essas

crianças não têm uma consciência formada da importância de ter uma

alimentação equilibrada e uma qualidade de vida melhor, com relação aqueles

que têm uma vida sedentária e uma alimentação mais calórica como massas,

refrigerantes e doces, proporcionando uma futura geração de crianças e

adolescentes com obesidade infantil.

A agricultura familiar poderá contribuir de forma significativa na alimentação

dos alunos, porém a escola de certa forma também tem o seu papel,

conscientizá-los da importância de se ter uma alimentação a base de alimentos

naturais e orgânicos e também incentivá-los a praticar essa ação em suas

próprias casas.

Esta pesquisa foi muito gratificante, pois além de aprofundar o

conhecimento científico, foi possível por em prática essa experiência. Por ser um

assunto interessante e estar relacionado o seu cotidiano, houve grande aceitação

comprometimento, cooperativismo nas atividades desenvolvidas por parte dos

alunos.

Quanto às práticas metodológicas utilizadas, os alunos demonstraram

dificuldades quanto à concentração, disciplina, organização na elaboração da

confecção dos cartazes, nas realizações das leituras e nas práticas das atividades

em sala de aula, mas essa dinâmica promoveu a ampliação do conhecimento

geográfico dos alunos por meio do estudo em campo. Os mesmos refletiram

sobre a prática pedagógica nas aulas de geografia, o que as tornou mais atraente

e estimulante aos estudantes levando-os a pesquisarem, analisarem e discutirem

temas relacionados à agricultura orgânica e a qualidade da merenda escolar,

refletindo também sobre o seu cardápio alimentar.

Essa experiência será um fato que marcará suas vidas, por aproximá-los a

vivência com o meio rural. Contribuindo assim, para o processo ensino

23

aprendizagem, possibilitando uma maior integração, participação e conhecimento

sobre a relação do homem do campo, na sociedade a qual ele está inserido.

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