1 QUADRINHOS: UMA PROPOSTA DE RELEITURA DOS ...
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QUADRINHOS: UMA PROPOSTA DE RELEITURA DOS SABERES
CARUSO, Francisco
(IF/UERJ & CBPF)
SILVEIRA, Cristina
(SEE/RJ & SME- Duque de Caxias/RJ)
“Mais vale um espírito bem formado, que uma cabeça cheia.”
Michel de Montaigne
1. Introdução
Ao se pensar na atual situação da Educação brasileira, com um olhar
voltado para o trabalho pedagógico, é impossível não questionar as metodologias
de ensino, na tentativa de investigar como e por que elas não estão “dando conta
do recado”. Por um lado, podemos nos perguntar por que tantos de nossos alunos
apresentam inúmeras dificuldades de aprendizagem, principalmente nas áreas de
Ciências e Matemática. Dificuldades estas que alguns chegam a “arrastar” por
toda a vida acadêmica, gerando uma série de bloqueios e de desperdício de
oportunidades. Por que há tantos analfabetos funcionais no nosso país? Por outro
lado, há de se considerar a falta de motivação para os estudos [SILVEIRA, Maria
Cristina, 2002]. De fato, “dados do relatório recém-divulgado do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelam que 40% dos
jovens fora da escola alegaram que o desinteresse pelo estudo é o motivo de sua
decisão. A busca de emprego vem em segundo lugar (17%). 1,7 milhão de jovens
brasileiros entre 15 e 17 anos estão fora da escola por falta de vontade de
estudar”. Isso nos chama a atenção para a necessidade urgente de se tornar a
escola mais prazerosa e de se estimular a aprendizagem dos fundamentos
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(leitura, escrita e cálculo), os quais, bem aprendidos, se tornarão o alicerce do
aprendizado de quaisquer outros conhecimentos.
Discutir tais questões estaria fora do objetivo deste trabalho, mas fizemos
questão de destacá-las na Introdução não tanto pela pertinência quanto pelo fato
de terem sido essas questões que nos motivaram a propor ações práticas que
possam levar a soluções, ainda que pontuais, o que é urgente! Ações estas que
passam por um estímulo à releitura de saberes, da própria realidade do aluno e do
mundo a partir de uma pedagogia bachelardiana [CARUSO, CARVALHO,
SILVEIRA, 2002 e 2005] na qual arte e educação se fundem em torno da
valorização da criatividade. Esta idéia constitui o fulcro da Oficina de Educação
Através de Histórias em Quadrinhos e Tirinhas [EDUHQ, 2004] criada pelos
autores em novembro de 2001. Como teremos oportunidade de ver mais adiante,
nosso projeto busca contribuir para a formação do sujeito, partindo do seu
enriquecimento cultural – posse de saberes – passando por uma síntese de
conceitos – releitura dos saberes – e culminando em um ato criativo: os
quadrinhos.
2. Por que a linguagem dos Quadrinhos?
Cada vez mais, todo material didático de qualidade pressupõe o emprego
de diversas linguagens e a possibilidade de ser utilizado interdisciplinarmente,
articulando-se, ou alternando-se, com os recursos tecnológicos disponíveis hoje e
os que venham a surgir.
Desta forma, a possibilidade de criação de materiais didáticos diversificados
para as disciplinas curriculares é altamente desejada. A escola deveria ter a
intenção de dinamizar as aulas e estar preparada para isto, motivando os alunos a
participarem ativamente na construção do próprio conhecimento e na facilitação
da construção do conhecimento de terceiros, valendo-se de uma linguagem
acessível à criança e ao adolescente (metalinguagem).
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Nossa vivência cotidiana expõe-nos constantemente a diversas linguagens:
verbal, facial, escrita, gestual etc. Através dessas linguagens “lemos” o mundo e
com ele dialogamos, aprendendo diariamente com essa interação. Em uma
sociedade cada vez mais impregnada de imagens, era de se esperar que a escola
se aproveitasse desta freqüente exposição dos alunos a uma comunicação
essencialmente visual (televisão, vídeos, clips, cinema, gibis etc.). Por receio ou
desconhecimento das inúmeras possibilidades de uso das imagens – histórias em
quadrinhos, no caso que decidimos explorar – pouco se utiliza desse recurso para
motivar ou levar informação aos alunos, abrindo mão do que poderia ser um
grande trunfo na formação e na alfabetização funcional e científica dos alunos.
As imagens nos transportam para uma comunicação que vai além do nosso
consciente. Ao “lermos” uma determinada imagem, desacompanhada de texto,
podemos até não chegar a ter consciência da mensagem que ela nos transmite,
mas nosso inconsciente guarda esta leitura. Haja vista as coisas que vemos
durante o dia e acreditamos não ter dado importância, mas, durante a noite,
estando em estado de inconsciência, sonhamos com elas. As imagens evocam
nossa inconsciência, o que o texto nem sempre faz. Ao vermos uma história em
quadrinhos, por exemplo, escrita em outro idioma, que desconhecemos,
procuraremos, sem dúvida, nos apoiar nas imagens para tentar atribuir significado
a ela, pois as imagens são excelentes intérpretes.
Ao analisarmos uma tirinha como esta, produzida pela EDUHQ,
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fazemos uma leitura global da cena, criando na mente todo um cenário – com
seqüência lógica, discurso e movimento que não estão presentes – e formulamos
um julgamento da ação (certa ou errada) a partir dos nossos próprios valores.
Assim, muito mais do que uma informação (NÃO JOGUE LIXO NO CHÃO),
recebemos um estímulo à imaginação, à criatividade, pois, na passagem de um
quadrinho para o outro, somos “obrigados” a fazer hipóteses, montando
mentalmente uma cena dinâmica, causalmente encadeada, de um desenho
estático. Da mesma forma que, para o aluno chegar a criar uma tirinha semelhante
(sem nenhuma linguagem escrita), ele também terá que formular essas hipóteses
mentais. E, na grande maioria das vezes, ele ainda desejará colocar textos nos
balões; assim, estará também trabalhando a linguagem escrita e buscando ser
claro e conciso, pois o espaço disponível nos quadrinhos é pequeno.
Já ao analisarmos esta outra tirinha,
podemos observar a angústia que o aluno sente em relação aos conteúdos da
Matemática. Ele não consegue entender esta matéria (talvez por não ver a relação
entre os conteúdos e seu cotidiano) e sua tendência é se distanciar cada vez mais
dela, traduzindo-se em falta de motivação para estudar. Seu desprezo pela
metodologia utilizada pela professora (“cuspe e giz”) é evidente. O autor da tirinha
“relata” essa situação com poucas palavras, que, na verdade, não estão dizendo
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nada disso, mas a mensagem que podemos aprender da cena é inquestionável:
ele não consegue fixar sua atenção nas aulas de Matemática! Neste exemplo, o
pior é que ele retrata uma cena muito recorrente em nossas escolas, não nas
mesmas circunstâncias, mas em situações muito similares.
3. Conhecendo um pouco mais o trabalho da EDUHQ
Durante o século XX, desenvolveram-se pedagogias calcadas na relação
arte/educação. Elas tendem a considerar a criatividade como ponto fundamental
nos processos didático-pedagógicos, valorizando a importância da arte para o
desenvolvimento de outras realizações do homem. Por outro lado, é inegável o
papel central da criatividade no desenvolvimento da Ciência e de outros saberes.
Assim, é possível e importante pensar-se, a partir da filosofia bachelardiana, (que
tanto valoriza a criatividade) um projeto pedagógico que se vale da arte, da
criatividade para promover a formação e a alfabetização científica dos alunos
[CARUSO, CARVALHO, SILVEIRA, 2002 e 2005].
Na educação, mais do que em qualquer outra atividade humana, o tempo é
uma medida cruel do que não foi feito. Tendo esta consciência e sabendo das
enormes barreiras e dificuldades de se transformar a Instituição Escola –
compreendida como um Sistema –, propomos uma pequena contribuição para a
melhoria da educação básica, a partir de um trabalho voltado para a valorização
do aluno e de suas habilidades, estimulando-o a ir além da memorização e da
repetição de tarefas, incentivando-o buscar o prazer nas descobertas, nas
formulações de hipóteses e nas práticas experimentais, pois é cada vez mais
urgente pensar no aluno como pessoa inteligente, criativa, capaz de imaginar, de
sonhar [CARUSO E SILVEIRA, 2005] de fazer hipóteses e de criar, não apenas
como um receptor ignorante dos conhecimentos transmitidos pelos professores e
pelos livros [HARPER et al., 2000].
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A Oficina EDUHQ é um espaço não-formal de educação. Ela existe há mais
de seis anos e por ela passaram mais de 70 alunos de ensino médio, alguns de
ensino fundamental e outros de graduação, além de alunos de pós-graduação em
busca de materiais para suas pesquisas e de professores/pesquisadores. Para
nossa satisfação, muitos dos alunos de ensino médio que por lá passaram, estão
hoje concluindo a graduação e alguns, já formados, agora são nossos
colaboradores. Os principais objetivos na EDUHQ estão citados em [CARUSO,
CARVALHO, SILVEIRA, 2005] e uma relação mais detalhada pode ser encontrada
no próprio site da Oficina [EDUHQ, 2004a]. Entretanto, no que se refere ao tema
deste artigo, é importante destacar nossa intenção de contribuir para que o aluno
possa ser um ator importante na difusão do conhecimento, a partir de um
processo que se inicia nos processos didáticos e culmina com seu ato criativo,
processo esse que deverá lhe dar uma nova dimensão dialógica do processo
ensino-aprendizado. O aluno nunca é tratado na Oficina como um simples
desenhista. Lá, a regra de ouro é que ele só crie, só desenhe com base em algum
conhecimento que ele adquiriu. Não acreditamos que eles possam participar
diretamente, nesta faixa etária, da produção do conhecimento científico.
Entretanto, ele aprende a atuar como um tradutor. Como nos ensina [PARENTE
CUNHA, 1982], “o verbo ‘traducere’ (por ‘transducere’) quer dizer conduzir para
além, fazer ultrapassar (...)”. É exatamente neste sentido que estamos usando o
termo “tradutor”: o aluno, pela criação artística, ultrapassa as barreiras que o
mantinham afastado de um certo conhecimento e, ao mesmo tempo, cria
instrumentos didáticos tirinhas os quais, nas mãos de um professor habilidoso,
podem conduzir outros jovens a uma compreensão facilitada deste mesmo
conhecimento, a uma leitura mais direta do mundo. Estes dois atos, traduzir e ler,
estão intimamente relacionados no projeto pedagógico da EDUHQ. Seria difícil
explicitar tal relação de forma tão elegante sem recorrer de novo a [PARENTE
CUNHA, 1982], quando ela ressalta que
“traduzir é ler, na medida em que ler não é somente ler. O étimo latino
legere evoca sentidos que aparentemente se desvaneceram do vocábulo
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ler, mas lhe estão subjacentes, com o vigor de sua amplitude: recolher,
apanhar, percorrer, escolher, captar com os olhos. Ao lermos, nós
recolhemos o que escolhemos no manancial de palavras, fonte de nossa
realidade. No que lemos, jaz o mistério do que colhemos. Traduzir é um
modo de ler, de recolher o que não se colhe, o mistério do homem”.
Concluindo esta brevíssima introdução à filosofia de trabalho da EDUHQ,
gostaríamos de enfatizar que nossos alunos são estimulados a reler os conceitos
que lhes são transmitidos, de forma crítica e levando em consideração sua
experiência de vida. Durante esta releitura, este processo de criação, os alunos,
assim como os velhos alquimistas, mais do que conseguindo transformar a
matéria, estão, na verdade, sonhando e conseguindo mudar o seu próprio eu
[JUNG, 1998]. Este é o verdadeiro sonho transformador [CARUSO, SILVEIRA,
2005] que o conduz a ver o Mundo de outra forma, que claramente contribui para
uma enorme melhoria da auto-estima dos alunos e de sua relação com o
aprendizado em geral, com a escola e com a vida.
Entendido como atuam os alunos-artistas, gostaríamos de expor uma
pequena amostra do material que está no site (www.cbpf.br/eduhq), produzido por
esses alunos, e fazer alguns comentários relevantes para a compreensão da
dimensão desse projeto.
As tirinhas representam uma parte expressiva do material produzido pela
EDUHQ, devido ao seu poder de concisão. Um desafio a ter sempre em mente é a
utilização de textos simples e curtos, ressaltando a linguagem da imagem. Outro
desafio é fugir de qualquer tipo de memorização e buscar produzir um material
que não apenas desperte a curiosidade do aluno, mas seja também capaz de
permitir que ele reflita e aprenda o conceito abordado, através de suas próprias
deduções e conclusões, mesmo que para isso ele necessite da ajuda de seu
professor. Em outras palavras, as tirinhas não devem ser óbvias ou conter
explicações que não deixem espaço para que o aluno infira ou deduza alguma
coisa a partir de seu contato com a tirinha.
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Vejamos algumas, pois não temos espaço suficiente para colocar mais do
que alguns poucos exemplos de áreas distintas. A tirinha a seguir foi feita após
uma conversa informal sobre os males causados pelas drogas ilícitas, pelo cigarro
e pelo álcool, ressaltando o risco de usá-las e dirigir em seguida.
A próxima foi feita após uma aula informal sobre História da Arte com dois
pesquisadores que participaram do projeto durante algum tempo. Os alunos
fizeram muitas perguntas, sobre vários ramos da História, afinal, era uma
oportunidade rara aquela conversa.
Algumas vezes estimulamos os alunos da EDUHQ a assistirem palestras
fora do espaço da oficina, ou visitarem museus e exposições, criando tirinhas a
partir do aprendizado com essas experiências. A tirinha abaixo foi feita por uma
aluna após visita ao MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins).
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Outro tema que desperta muito interesse nos jovens, dada a grande
exposição na mídia, é o tema transgênicos. Convidamos então Silvio Valle
(pesquisador da FIOCRUZ) para dar uma palestra e depois os alunos retomaram
este tema em uma conversa informal com Gerlinde Teixeira (pesquisadora da
UFF). Uma tirinha que resultou desta interação está reproduzida abaixo.
A próxima tirinha foi feita após um bate-papo sobre a escola, quando
estimulamos os alunos a apontarem onde, segundo eles, estavam as falhas do
sistema educacional. Criticaram, elogiaram, sugeriram mudanças nas aulas, no
modo do professor dar aula e analisaram alguns de seus professores, retratando
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aspectos de suas realidades. Como não poderia deixar de ser, eles apontaram a
questão da clareza e da adequação da linguagem e o aspecto correlato da
eficiência do processo de comunicação.
Como a EDUHQ funciona em uma sala do Departamento de Física, e
muitos professores desse departamento participam e apóiam o projeto, grande
parte das tirinhas é de Física, pois os nossos alunos tiveram muitas aulas
informais sobre diversos assuntos referentes à Disciplina. Trouxemos o exemplo a
seguir.
Essa tirinha é maravilhosa, pois desmistifica o fato de que quanto mais a
água permanecer no fogo após a fervura, mais ela se aquecerá, como acreditam
muitos leigos em Física.
Nos tempos atuais, quando a mídia divulga a todo o momento as
catástrofes ambientais que estão por vir, por conta dos descuidos do Homem com
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a Natureza, nossos alunos demonstram essa preocupação e as expressam em
tirinhas, como fica evidente da próxima tirinha.
As tirinhas de Língua Portuguesa são frutos de nosso constante incentivo
ao hábito da leitura, estimulado como fonte de aprendizagem e lazer. São
excelentes elementos de estímulo e motivação dos conteúdos dessa Disciplina
que julgamos ser essencial para o aprendizado de qualquer outra. Aqui está um
exemplo, com muito humor.
4. Confeccionando as tirinhas em sala de aula
O que fazemos com nossos alunos na Oficina EDUHQ pode ser reproduzido
em sala de aula. Para isto, devem-se observar alguns pontos importantes.
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Em primeiro lugar, para confeccionar as tirinhas os alunos precisam ter:
informações, as mais claras possíveis, sobre o conteúdo a ser representado na
tirinha; poder de síntese para transmitir idéias de maneira concisa; e habilidades
mínimas para desenhar, não sendo necessário nenhum talento extraordinário para
desenho e pintura.
O professor deve estimular a participação e a criatividade de todos os alunos
na confecção das tirinhas, não importando o estilo de desenho nem seu aspecto.
Com o tempo e a prática, os alunos aperfeiçoam suas técnicas de desenhos,
principalmente se o professor fizer intervenções e for orientando o trabalho ao
longo do processo. Para os alunos mais “resistentes” aos desenhos, que insistem
no discurso de que não sabem desenhar, o professor pode optar pela técnica de
recorte e colagem, fazendo, assim, com que todos se envolvam nesse
entusiasmante processo criativo.
Ao propor a confecção da tirinha pelos alunos, o professor deve inicialmente
explicar, com riqueza de detalhes, todos os procedimentos a serem seguidos,
partindo do princípio de que nada é óbvio. Todas as informações devem ser
esmiuçadas exaustivamente, a fim de que nenhuma dúvida paire sobre o “como
fazer”. Se possível, ao final, mostre um exemplo pronto.
Apresentemos a seguir algumas dicas úteis que deverão nortear o processo
prático de produção de tirinhas.
Quanto ao formato: sugerimos que sejam feitas com as mesmas dimensões das
tirinhas que são apresentadas no site da EDUHQ (www.cbpf.br/eduhq), ou seja,
com dimensões de 10 × 19 cm; essa escolha facilitará a inclusão das mesmas em
nosso acervo, caso o professor e o autor queiram fazê-lo, nos enviando por e-mail
([email protected]) a tirinha digitalizada como um arquivo tif com 300 dpi
de resolução, ou remetendo pelo correio (a/c Francisco Caruso, Rua São
Francisco Xavier, 524, 3º andar, Bloco A, sala 3025, CEP: 20.550-110, Rio de
Janeiro – RJ – Brasil). Fazemos sempre uma seleção e as melhores são
disponibilizadas em nosso site.
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Não é necessário colocar a margem branca que aparece nas tirinhas impressas,
pois elas são inseridas no computador, após o tratamento da imagem.
Quanto aos personagens: os alunos da EDUHQ são orientados a criar seus
próprios personagens (um ou mais), nomeá-los e utilizá-los em suas histórias.
Quanto aos balões: Eles devem ser de tamanho compatível com os
personagens: nem muito grandes, nem muito pequenos, com um tamanho de letra
que dê boa leitura e devem conter pouco texto - quanto menos palavras para
expressar uma idéia, melhor. Eles não devem extrapolar os limites das divisórias
dos quadros, a menos que seja esta a intenção do desenhista, por algum motivo
de estilo ou para melhor se fazer entender.
Quanto às divisões dos quadros da tirinha: Os alunos devem ser orientados a
dividir a tirinha em dois ou três quadrinhos no máximo, pois, mais que isso
prejudica a confecção do desenho e a visualização do mesmo. E um só quadro, a
rigor, não é uma tirinha, mas sim uma charge. Tendo o aluno optado por dois
quadros, deverá apresentar a idéia inicial no primeiro quadro e seu desfecho no
seguinte. Tendo dividido em três, começo no primeiro quadro, meio no segundo e
fim no terceiro. Em ambos os casos, sempre da esquerda para a direita, da
mesma forma como se processa a leitura.
5. O passo-a-passo das tirinhas
1º) Leve informações abundantes sobre o assunto que deseja trabalhar. Utilize,
para isso, meios que sejam atraentes e lúdicos, como vídeos, músicas e toda
sorte de material audiovisual disponível.
2º) Promova muitas e ricas discussões, esgotando as possibilidades do tema.
3º) Apresente algumas tirinhas para que os alunos se familiarizem com elas. Visite
o site da EDUHQ e veja se há material disponível sobre o tema que está
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trabalhando. Isso ajudará na compreensão dos alunos e servirá de inspiração para
as tirinhas produzidas por eles.
4º) Desafie os alunos a criarem suas próprias tirinhas.
5º) Dê informações detalhadas e claras sobre o processo de criação: dimensões
da tirinha, divisão dos quadros, posição dos personagens e dos balões, ânimo dos
personagens (tudo pode falar e ter vida), modo de colorir (forte e com contorno
preto), texto dos balões (conciso e claro), seqüência lógica (começo, meio, fim, da
esquerda para a direita, de cima para baixo), conteúdo claro e com humor (sem
necessidade de explicações ulteriores para a compreensão).
6º) Acompanhe todo o processo, fazendo as intervenções que forem necessárias.
7º) Compartilhe os resultados com todos, expondo-os para os demais alunos.
BIBLIOGRAFIA
CARUSO, Francisco, CARVALHO, Mirian & SILVEIRA, Maria Cristina. “Uma
proposta de ensino e divulgação de Ciências através dos quadrinhos”, Ciência &
Sociedade, CBPF-CS-008/02, 2002.
CARUSO, Francisco, & SILVEIRA, Maria Cristina. “Educar é fazer sonhar”,
Princípios 83, p. 67-72 (2005).
CARUSO, Francisco, CARVALHO, Mirian & SILVEIRA, Maria Cristina. “Ensino
não-formal no campo das Ciências através dos Quadrinhos”, Ciência e Cultura
(Temas e Tendências: Educação não-formal), ano 57, no 4 (out.-dez. 2005), p. 33-
35.
EDUHQ, 2004. http://www.cbpf.br/eduhq, acessado em 23 de março de 2008.
EDUHQ, 2004a <http://www.cbpf.br/~eduhq/html/projeto/objetivos/objetivos.htm>,
acessado em 23 de março de 2008.
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HARPER, Babette et al. Cuidado Escola!. São Paulo: Editora Brasiliense, 35a
edição, 2000.
JUNG, Carl G. Psicologia e Alquimia. Petrópolis: Vozes, 1998.
PARENTE CUNHA, Helena. “O finado Matias Pascal” in A Tradução da Grande
Obra Literária: (Depoimentos), Daniel da Silva Rocha et al. São Paulo: Editor
Álamo, 1982.
SILVEIRA, Maria Cristina. Da Motivação e de sua Relevância no Processo de Aprendizagem Escolar. Nova Iguaçu: Faculdade de Educação e Letras da UNIG, 2002. Veja texto na íntegra em http://152.84.100.77/site2004/html/publicacoes/links_publicacoes/monografia/monografia_cristina.htm, acessado em 23 de março de 2008.
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CARUSO, Francisco
Físico, é pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e professor adjunto do Instituto de Física da Uerj. Além de suas atividades de pesquisa, vem se dedicando há anos à divulgação científica e à formação de jovens. Criou, junto com Cristina Silveira, a Oficina de Educação através de Histórias em Quadrinhos e Tirinhas. É co-autor do livro Física Moderna: Origens Clássicas e Fundamentos Quânticos, com o qual recebeu o Prêmio Jabuti 2007 (2º lugar), na área de Ciências, Engenharias e Informática.
SILVEIRA, Cristina
Pedagoga, Orientadora Educacional com especialização em Dificuldades de Aprendizagem, é professora da Rede Estadual de Ensino (Rio de Janeiro) e da Rede Municipal de Ensino (Duque de Caxias), onde atua como implementadora pedagógica da Subsecretaria Adjunta de Planejamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação. É co-autora do livro Questões Ambientais em Tirinhas, publicado em dezembro de 2007 e do livro Ziraldo na Sala de Aula (no prelo).