1 P A G JOGOS COOPERATIVOS: E 33 - Operação de ... · O objetivo do presente estudo é apresentar...
Transcript of 1 P A G JOGOS COOPERATIVOS: E 33 - Operação de ... · O objetivo do presente estudo é apresentar...
1
P
A
G
E 33
JOGOS COOPERATIVOS: Uma Ferramenta Contra o Desinteresse dos Alunos nas Aulas de Educação
Física no Ensino Fundamental
Autor: Sérgio Luiz Herkert1
Orientador Prof. Ms Arestides Pereira da Silva Junior2
Resumo
O objetivo do presente estudo é apresentar através de um relato de experiência os resultados do projeto de intervenção denominado “Jogos Cooperativos: uma ferramenta contra o desinteresse dos alunos nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental” realizado no Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, no município de Toledo - Paraná. Na implementação do projeto participaram 122 alunos de quatro turmas (5ª, 6ª, 7ª e 8ª série) do Ensino Fundamental, sendo 64 do sexo masculino e 58 do sexo feminino. Além da exposição do relato de experiência, neste artigo serão apresentados resultados com base em dois questionários aplicados aos alunos, sendo um antes e o outro depois da implementação. A aplicação do primeiro questionário teve como objetivo diagnosticar aspectos de interesse pelas aulas de Educação Física e entendimento sobre cooperação. Após o desenvolvimento da implementação do projeto foi aplicado um novo questionário para verificar se ocorreram mudanças de opiniões dos alunos. Identificamos vários pontos positivos após o desenvolvimento das atividades de Jogos Cooperativos, principalmente no que se refere ao reconhecimento dos alunos em relação a valores importantes durante as atividades como respeito com o colega, integração, participação de todos, inclusão nas atividades das aulas de Educação Física. De forma geral, a implementação do projeto foi de grande importância tanto para a escola quanto para o professor e alunos e possibilitou momentos agradáveis no processo ensino aprendizagem nas atividades desenvolvidas. Com o desenvolvimento do projeto, podemos perceber através das respostas dos alunos que os jogos cooperativos foram um importante conteúdo para motivar todos nas aulas de Educação Física, possibilitando uma prática mais participativa, inclusiva, reflexiva e crítica, compactuando com o referencial das Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná. Palavras-chave: Jogos; Motivação; Professor; Aluno.
1 Professor de Educação Física da rede pública do Estado do Paraná, integrante do PDE – Programa
de Desenvolvimento Educacional. 2 Mestre em Educação Física (USJT); Docente do Curso de Educação Física da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); Professor orientador PDE.
2
P
A
G
E 33
1 INTRODUÇÃO
No intuito de minimizar as práticas exercidas por meio dos métodos
tradicionais na educação e na Educação Física, no Estado do Paraná foi elaborado
um documento norteador da educação - as Diretrizes Curriculares da Educação
(DCEs). Este documento apresenta como característica principal a dimensão de
horizontalidade do processo ensino-aprendizagem e o vínculo com o campo das
teorias críticas da educação e com as metodologias que priorizem diferentes formas
de ensinar, de aprender e de avaliar, contrapondo aos modelos tradicionais. O
documento traça estratégias que visam nortear e fundamentar o trabalho
pedagógico do professor, contribuindo de maneira decisiva para o fortalecimento da
Educação (PARANÁ, 2008).
Os mesmos princípios democráticos que fundamentaram a construção
destas Diretrizes requerem o engajamento dos professores para uma contínua
reflexão sobre este documento, no sentido de sua participação crítica, constante e
transformadora em todas as escolas do Estado. Além disso, um currículo dinâmico e
democrático que considera a escola como um espaço que, dentre outras funções,
deve garantir o acesso dos alunos ao conhecimento produzido historicamente pela
humanidade (PARANÁ, 2008).
Diante do conhecimento das diretrizes considera-se que a disciplina de
Educação Física foi referenciada no documento como uma disciplina que possibilite
um ensino para a autonomia de forma crítica e democrática, em que a participação
efetiva do aluno no processo de ensino-aprendizagem seja incorporada. Sendo
assim, se utilizam da Cultura Corporal do Movimento como seu principal objeto de
estudo e ensino. A Educação Física se insere ao garantir o acesso ao conhecimento
e a reflexão crítica das inúmeras manifestações ou práticas corporais historicamente
produzidas pela humanidade, na busca de contribuir com um ideal mais amplo de
formação de um ser humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito, que
é produto, mas também agente histórico, político, social e cultural (PARANÁ, 2008).
A Educação Física tem por finalidade trabalhar conteúdos que envolvem a
área do conhecimento que trabalha com o corpo e o movimento como parte da
cultura humana. Nessa perspectiva cultural na qual a Educação Física escolar está
inserida, não se deve associar seus benefícios apenas a questões fisiológicas dos
seres humanos, mas também ao seu autoconhecimento corporal, melhora na auto-
3
P
A
G
E 33
estima, no auto-conceito, entre outros. A Educação Física favorece aos alunos a
compreensão de seu próprio corpo e de suas possibilidades, conhecendo e
experimentando um número diversificado de atividades corporais para que os alunos
futuramente possam escolher a atividade mais conveniente e prazerosa no sentido
de auxiliar no seu desenvolvimento pessoal e na melhoria de sua qualidade de vida
ao longo de suas vidas (DARIDO, 2005).
Mesmo com as inúmeras contribuições e benefícios comprovados que a
prática da Educação Física escolar proporciona na vida das crianças e adolescentes
não têm sido suficiente para motivá-los à prática das aulas; principalmente nos anos
finais do Ensino Fundamental, fase em que estes indivíduos estão passando pela
adolescência – caracterizada por um período de transição entre a infância e a fase
adulta e que ocorrem inúmeras transformações nos diversos domínios do ser
humano (físico, motor, cognitivo, intelectual, social e afetivo).
Diante disso, o problema identificado foi: qual o fator que leva o aluno
adolescente perder o interesse pelas aulas práticas de Educação Física nos anos
finais do Ensino Fundamental? Os Jogos cooperativos poderão contribuir para a
adesão dos alunos nas aulas de Educação Física nos anos finais do Ensino
Fundamental? De que forma?
Assim, compreender a não participação nas aulas mostra-se fundamental
para a melhoria do processo de ensino aprendizagem da Educação Física escolar, o
que pode promover uma melhor adesão dos alunos nas aulas. Além disso, pretende-
se com o estudo apresentar uma proposta que poderá contribuir para a adesão nas
aulas de Educação Física – os jogos cooperativos.
O jogo cooperativo teve sua origem nas comunidades tribais que se uniram
para celebrar a vida; segundo Soler (2002), no Brasil, o pioneiro dos jogos
cooperativos foi Brotto; suas teorias divulgam que o jogo cooperativo é uma
naturalidade, diferente de anos atrás.
“A cooperação e a competição fazem parte do cotidiano. Incentivar jogos
cooperativos significa oferecer as pessoas opções de participação” (AMARAL, 2007,
p. 35). As definições apontadas por Brotto (2001), evidenciam que - Competição é
um processo de interação em que os objetivos são mutuamente exclusivos, as
ações são isoladas ou em oposição umas as outras, tem seus benefícios centrados
somente para alguns. Em contrapartida, a Cooperação é um processo de interação
4
P
A
G
E 33
social em que os objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os
benefícios são distribuídos para todos.
De acordo com Amaral (2007), o jogo cooperativo busca aproveitar as
condições, capacidades, qualidades ou habilidades de cada indivíduo, aplicá-las em
um grupo e tentar atingir um objetivo comum. Esse tipo de jogo traz uma alternativa
ao jogo de competição.
Segundo Brotto (2001), os jogos cooperativos são jogos com uma estrutura
alternativa onde os participantes jogam uns com os outros, ao invés de uns contra
os outros. Portanto, a pedagogia dos jogos cooperativos é apoiada em três
dimensões de ensino aprendizagem: vivência, reflexão, transformação. Além disso,
os jogos cooperativos se dividem em: Jogos cooperativos sem perdedores; jogos de
resultado coletivo; jogos de inversão; rodízio (voleibol, futebol, handebol, inversão do
goleador, inversão do placar, inversão total e jogos semi-cooperativos) (SOLER,
2002).
Sendo assim, o objetivo do presente estudo é apresentar através de um
relato de experiência os resultados do projeto de intervenção denominado “Jogos
Cooperativos: uma ferramenta contra o desinteresse dos alunos nas aulas de
Educação Física no Ensino Fundamental” realizado no Colégio Estadual Jardim
Porto Alegre, no município de Toledo - Paraná.
2 DESENVOLVIMENTO
Os dados apresentados neste artigo são resultados da pesquisa
desenvolvida por um professor de Educação Física do município de Toledo que
participou do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de
Educação do Estado do Paraná, no período entre 2010 e 2012. O referido estudo
caracteriza-se como uma proposta de intervenção pedagógica, que objetiva
apresentar uma proposta de incentivo à adesão nas aulas de Educação Física para
os anos finais do Ensino Fundamental pautado nos Jogos Cooperativos.
Para a apresentação dos resultados do desenvolvimento das ações
realizadas pelo professor no PDE, optou-se neste artigo por apresentar através de
um relato de experiência, no qual buscaremos também confrontar os resultados com
os referenciais teóricos da área.
5
P
A
G
E 33
A intervenção foi desenvolvida com os alunos dos anos finais do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, no município de Toledo
Estado do Paraná. Fizeram parte da pesquisa alunos de quatro turmas, sendo uma
de 5ª, uma de 6ª, uma de 7ª e uma de 8ª série, num total de aproximadamente 122
alunos.
Inicialmente foi realizada uma revisão literária de artigos científicos, livros,
revistas, informativos esportivos. Teve como finalidade um aprimoramento sobre o
referencial teórico a ser utilizado. A partir disso, foi elaborado um projeto que
continha todo o planejamento detalhado das ações previstas para serem
desenvolvidas no PDE.
Na sequência do estudo foi elaborado como Produção Didática Pedagógica
uma Unidade Didática contendo atividades com jogos e brincadeiras cooperativas
direcionadas aos anos finais do Ensino Fundamental. Este material teve como
finalidade apoio para o trabalho dos professores de Educação Física.
Concomitantemente as demais ações do PDE, o professor da presente
proposta participou como tutor do Grupo de Trabalho em Rede – GTR.
No GTR, participaram 15 professores, sendo que 14 terminaram o curso. A
participação foi significativa, pois, contribuíram na elaboração do artigo final através
de comentários e o feedback, sendo os conteúdos apresentados para os
professores participantes da seguinte maneira: temática “I” foi realizada a
apresentação do projeto Jogos Cooperativos: uma ferramenta contra o desinteresse
dos alunos nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental. Nesta temática
foi citado o problema que vem ocorrendo na escola, objetivo da pesquisa e também
foram citadas as referencias bibliográficas que justificam o tema proposto. Na
Temática “II” foi apresentado as vivências cooperativas (atividades práticas), muitas
conhecidas pelos participantes do GTR, outras não. Na terceira e última temática foi
apresentado aos participantes, à forma de apresentação aos alunos do colégio,
como foram avaliados, a metodologia aplicada e a discussão dos assuntos gerais
com relação à pratica apresentada.
Na intervenção propriamente dita, inicialmente ocorreu uma reunião com a
direção e equipe pedagógica da escola com a finalidade de apresentar o projeto e
dirimir dúvidas de seu desenvolvimento. Em seguida, o projeto foi apresentado aos
alunos participantes.
6
P
A
G
E 33
Para verificar e diagnosticar aspectos gerais sobre a Educação Física
escolar como a motivação, desmotivação, interesses, desinteresses, caracterização
das aulas, entendimento sobre jogos cooperativos foi aplicado um questionário com
os alunos participantes.
A partir dos resultados deste diagnóstico foram planejadas as atividades a
serem trabalhadas com as turmas participantes do projeto. Além disso, foram
aproveitadas as atividades produzidas na Unidade Didática. Todas as ações de
planejamento para a intervenção estavam em consonância com as Diretrizes
Curriculares Estaduais, considerando os conteúdos estruturantes (esporte, jogos e
brincadeiras, dança, ginástica e lutas) e elementos articuladores (corpo, ludicidade,
saúde, mundo do trabalho, desportivização, técnica e tática, lazer diversidade e
mídia). As atividades foram aplicadas para as turmas de participantes do projeto
durante o 3º e 4º bimestre do ano letivo de 2011.
Ao final da implementação do projeto, foi aplicado um questionário aos
alunos no sentido de verificar se as estratégias adotadas, os conteúdos
selecionados e trabalhados, a metodologia utilizada e outros aspectos importantes
surtiram efeito.
2.1 RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO INICIAL
Inicialmente são apresentados dados informativos a respeito dos alunos
participantes do projeto. Os dados apresentados neste capítulo foram
diagnosticados antes da intervenção do projeto.
Desta forma, na Tabela 1 é apresentada a quantidade de alunos
participantes no projeto por série e sexo.
Tabela 1 – Quantidade de alunos participantes no projeto por série e sexo Masculino Feminino Total
5ª série 14 (87,5%) 2 (12,5%) 16 (13.2%) 6ª série 17 (48,6%) 18 (51,4%) 35 (28.6%) 7ª série 18 (51,4%) 17 (48,6%) 35 (28.6%) 8ª série 15 (41,7%) 21 (58,3%) 36 (29.6%)
Total 64 (52,5%) 58 (47,5%) 122 (100%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
No projeto, o maior número de participantes são os alunos que estão
cursando a 8ª série do Ensino Fundamental - séries finais, com 29.6 % do total. Esse
7
P
A
G
E 33
resultado foi obtido devido à adesão ao projeto ter sido com participação, em sua
maioria, dos alunos da oitava série.
Na Tabela 2 destaca-se a faixa etária dos alunos participantes do projeto.
Tabela 2 – Quantidade de alunos participantes no projeto por faixa etária 10
anos 11
anos 12
anos 13
anos 14
anos 15
anos 16
anos 17
anos 18
anos
5ª série 1 (6,3%)
3 (18,7%)
7 (43,7%)
5 (31,3%)
6ª série
3 (8,8%)
28 (82,4%)
2 (5,9%)
1 (2,9%)
7ª série 8 (22,9%)
17 (48,6%)
5 (14,3%)
3 (8,6%)
1 (2,8%)
1 (2,8%)
8ª série 9 (25%)
16 (44,4%)
5 (13,9%)
5 (13,9%)
1 (2,8%)
Total 1 (0,8%)
6 (5%)
43 (35,5%)
33 (27,3%)
21 (17,4%)
8 (6,6%)
6 (5%)
2 (1,6%)
1 (0,8%)
Fonte: dados de pesquisa 2011.
Dos participantes no estudo verificou-se que a faixa etária predominante é
de 12 anos, num total de 43 alunos, representando 35,5 % do total.
A seguir serão apresentados os resultados mais específicos em relação ao
objetivo da pesquisa. Desta forma, na Tabela 3 é exposto o resultado da opinião dos
alunos sobre o considerar-se competitivo ou não.
Tabela 3 – Comportamento competitivo dos alunos Considera-se competitivo
Sim Não
5ª série 8 (50%) 8 (50%)
6ª série 14 (40%) 21(60%)
7ª série 14 (40%) 21(60%)
8ª. Série 15 (42.8%) 21(57.2%)
Total 51(41.8%) 71 (58.2%)
Fonte: dados de pesquisa 2011.
Segundo dados informados por alunos, a maioria 58.2% se considera não
competitivo, e existe uma semelhança entre as respostas da 6ª e 7ª quanto a
proporção de competitivo 40%, e não competitivo 60%.
O jovem estudante passa a participar de interações que se definem pela
negação do outro. “A competição é um fenômeno cultural e humano, e não
8
P
A
G
E 33
constitutivo do biológico, que não é, e nem pode ser sadia porque se constitui na
negação do outro” (MATURANA, 1998, p.13).
A competição é apontada por muitos autores como algo negativo. Para
Neuenfeldt e Canfíeld (2001), pretender formar um aluno alheio à sociedade
competitiva em que se vive é transmitir uma visão distorcida de mundo, é formar um
cidadão apático que provavelmente sentirá muitas dificuldades para se adaptar
quando passar a ter contato com a realidade social.
A competição tem importância sociológica por causa dos efeitos positivos e
negativos que produz na vida social. Os antigos pensadores da sociologia
consideravam a competição um mecanismo necessário para promover o progresso
social, e essa idéia relaciona-se com o sistema capitalista e “com sua crença na
competição como um motor que promove baixos preços e alta eficiência”
(JOHNSON, 1997, p.43).
A competição é totalmente desprovida de objetivo, ou seja, a ação começa e
termina em si mesma. O resultado do jogo, como fato objetivo, é insignificante e em
si mesmo indiferente. Uma competição, só tem interesse para aqueles que dele
participam como jogadores ou como espectadores (pessoalmente ou por rádio,
televisão ou internet) e que aceitam suas regras. A competição pode acontecer não
só “por” alguma coisa, mas “em” e “com” alguma coisa (HUIZINGA, 1973). Por
exemplo, um homem compete para ser o primeiro em conhecimento ou força;
compete com a força do corpo, com a razão, com astúcia. Isso, no entanto, se nos
pautarmos pelo senso comum, não é unanimidade, haja vista que é comum as
pessoas caracterizarem a atividade lúdica como uma atividade não-competitiva.
Para isso, a escola oferece oportunidades de aprendizado utilizando-se da
interdisciplinaridade, adotando conteúdos que envolvem a função social, o
compartilhar com a família, a educação de crianças e jovens, função política, quando
contribui na formação do cidadão, e função pedagógica, na medida em que é local
privilegiado para transmissão e construção de conhecimento.
Na tabela 4 são apresentados os resultados dos fatores que ocorrem nas
aulas de Educação Física.
9
P
A
G
E 33
Tabela 4 – Fatores que ocorrem nas aulas de Educação Física com freqüência Fatores 5ª série
6ª série 7ª série 8ª série Total
Agressividade 13 (16.25%) 19 (11%) 18 (10.30%) 5 (2.77%) 55 (9.02%)
Conforto 8 (10.00%) 15 (8.57%) 19 (11%) 7 (3.88%) 49 (8.05%)
Divertimento 7 (8.75%) 17 (9.71%) 22 (12.55%) 28 (15.55%) 74 (12.14%) Colaboração 3 (3.75%) 4 (2.28%) 12 (6.81%) 14 (7.77%) 33 (5.40%)
Brigas 14 (17.5) 26 (14.8%) 16 (9.15%) 11 (6.11%) 67 (10.98%)
Insegurança 1 (1.25%) 9 (5.14%) 5 (2.85%) 6 (3.33%) 21 (3.44%)
Respeito 5 (6.25%) 6 (3.40%) 9 (5.14%) 14 (7.77%) 34 (5.57%)
Integração 1 (1.25%) 3 (1.70%) 1 (0.58%) 6 (3.33%) 11 (1.80%)
Exclusão 3 (3.75%) 17 (9.71%) 14 (8%) 12 (6.67%) 46 (7.54%)
Indiferença 4 (5.00%) 8 (4.57%) 10 (5.70%) 11 (6.13%) 33 (5.40%)
Descontração 3 (3.75%) 7 (4.0%) 6 (3.40%) 10 (5.55%) 26 (4.26%)
Cooperação 3 (3.75%) 7 (4.0%) 8 (4.55%) 11 (6.13%) 29 (4.75%)
Humilhação 9 (11.25%) 15 (8.55%) 13 (7,43%) 9 (5%) 46 (7.55%)
Participação 5 (6.25%) 11 (6.28%) 15 (8.56%) 30 (16.68%) 61 (10%)
Inclusão 1 (1.25%) 8 (4.57%) 4 (2.28%) 1 (0.55%) 14 (2.30%)
Solidariedade 0 ( 0 %) 3 (1.70%) 3 (1.70%) 5 (2.78%) 11 (1.80%)
Total 80 (100%) 175 (100%) 175 (100%) 180 (100%) 610 (100%)
Fonte: dados de pesquisa 2011.
Segundo dado de estudo na tabela 4 verificou-se que dos fatores que tem
maior incidência, apresentam-se brigas com 10.98% no total geral da pesquisa, mas
as citações maiores por essa fator ocorreu na 5ª série com 17.7% dos alunos
pesquisados. Os itens que despertaram menos interesse dos alunos pesquisados no
projeto foram integração e solidariedade com 1.80%.
O jogo apresenta inúmeras outras características, tais como ordem,
desordem, tensão, movimento, mudança, solenidade, ritmo e entusiasmo. “Não é
vida corrente e nem totalmente o mundo da fantasia, (...), enfim é um ambiente
marcado pela sua característica de imprevisibilidade” (PRODÓCIMO et al, 2007,
p.131). Diante do exposto, é possível destacar que o jogo constitui uma espécie de
ponte de ligação entre aluno e a realidade, pois mesmo “entrando no jogo” ela
mantém vínculos com a realidade e não se perde totalmente na fantasia, podendo ir
e vir, construindo regras, seguindo-as, mudando-as, e assim por diante (FREIRE e
SANTANA, 2007).
O desenvolvimento da prática pedagógica utilizando-se métodos de
motivação faz com que os alunos se interessem mais pelas aulas de educação
física, sendo necessário aplicar os conteúdos de forma interdisciplinar.
Na tabela 5 apresentam-se dados sobre a satisfação dos alunos por aulas
de Educação Física.
10
P
A
G
E 33
Tabela 5 – Satisfação dos alunos em relação às aulas de Educação Física
Estão satisfeitos Não estão satisfeitos
5ª série 16 (100%) 0 (0%) 6ª série 29 (82.85%) 6 (17.15%) 7ª série 33 (94.28%) 2 (5.72%) 8ª série 34 (94,44%) 2 (5.56%)
TOTAL 112 (93,34%) 8 (6,66%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
Os resultados apresentados na tabela 5, mostram que a satisfação dos
alunos por aulas de Educação Física tem um percentual de 100% na 5ª série, e
apenas 2% estão insatisfeitos com as aulas na 7ª e 8ª série. No total, 93,34% estão
satisfeitos com suas aulas de Educação Física.
A motivação é um modo de desenvolver o aprendizado, sendo que os
conteúdos repassados devem estar condizentes com a didática utilizada pelo
professor nas aulas de Educação Física, no entanto as atividades a serem
desenvolvidas dependem do local onde é realizada a aula.
A vitória traz um sentimento de satisfação e prazer ao jogador, o qual pode
aumentar ainda mais com a presença do espectador. Dessa forma, o êxito obtido no
jogo passa prontamente do indivíduo para o grupo que torce por ele. A idéia de
vencer está estreitamente ligada ao jogo e para vencer é preciso que haja um
parceiro ou adversário. “Na competição está inserido o desejo de ser melhor que os
outros, de ser o primeiro e de ser festejado por este fato e como conseqüência
ganhar estima, prestígio, honrarias, que podem passar de um indivíduo para um
grupo” (HUIZINGA, 1973, p.57).
A tabela 6 mostra qual o fator responsável pela maior motivação nas aulas
de Educação Física.
Tabela 6 - Motivação dos alunos nas aulas de Educação Física Didática do
professor Conteúdo Atividades Local de aula Outros Fatores
5ª série 2 (12.5%) 3 (18.75%) 7 (43.75%) 2 (12.5%) 2 (12.5%) 6ª série 10 (28.57%) 0 (0%) 20 (57,14%) 3 (8.57%) 2 (5.72%) 7ª série 7 (20%) 6 (17.15%) 18 (51.43%) 2 (5.71%) 2 (5.71%) 8ª série 7 (19.44%) 9 (25%) 3 (8.33%) 1 (2.77%) 16 (44.44%)
Total 26 (21.31%) 18 (14.75%) 48 (39.35%) 8 (6.55%) 22 (18.04%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
Constatou-se com o estudo que o motivo maior de motivação deu-se devido
às atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física com 39.35% do total de
11
P
A
G
E 33
alunos pesquisados, já a didática que o professor utiliza na aula com 21.31%, o local
da aula é um fator que tem menos importância com 6.55%.
Para Barbosa (2005), a origem da motivação é o desejo de satisfação de
necessidades e um conjunto de fatores que determinam a conduta de um indivíduo,
gerados pelo fato de o ser humano ser um animal social por natureza. “O autor
lembra que a palavra motivação vem do Latim “motivus”, que é uma coisa móvel,
relativa a movimento, algo que do movimento, que motiva, assim provocando novo
ânimo, agindo em busca de novos horizontes e novas conquistas” (BARBOSA,
2005, p. 23).
Para Fita (1999, p.77), “a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a
conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo” ,
dessa forma, estabelecendo ações que levam as pessoas a alcançarem seus
objetivos”.
Nas aulas de Educação Física os jogos cooperativos, segundo Muller
(2009), têm uma essência em si capaz de produzir prazer e de mudar a mentalidade
das pessoas de competitiva para cooperativa e de harmonizar as relações sociais.
As atividades cooperativas devem priorizar que seus praticantes sintam-se bem e
igualmente parte do grupo durante a experiência, todavia os interesses e
necessidades do grupo diante dessa prática não garantem a motivação da
cooperação como ação educativa.
O motivo, porém, se tem energia suficiente, vence as resistências que
dificultam a execução do ato. Comênio (1996, p. 404), coloca sobre os ombros do
professor o encargo de “manter os alunos interessados no que está sendo ensinado
e garante que se este tornar o ensino agradável e atrativo, não terá problemas com
indisciplina, mas a responsabilidade também é sua, se os tiver”. Para isso, os
professores precisam aprender sempre. É possível garantir um processo de
formação continuada de qualidade para professores, se as estratégias pedagógicas
utilizadas possibilitarem aos professores uma vinculação ao seu processo de
formação.
Professores que estão em sala de aula e não se dedicam ao
aperfeiçoamento contínuo, geralmente não apresentam aulas com dinâmicas,
utilizam métodos tradicionais, ou tabua rasa, esses fatores são fundamentais para
causar a desmotivação aos alunos em qualquer aula.
12
P
A
G
E 33
Na tabela 7 apresentam-se os fatores de desmotivação das aulas de
Educação Física.
Tabela 7 - Desmotivação nas aulas de Educação Física Didática do
professor Conteúdo Atividades Local de aula Outros
Fatores
5ª série 0 (0%) 6 (37.5%) 5 (31.25%) 4 (25%) 1 (6.25%) 6ª série 1 (2.85%) 7 (20%) 2 (5.72%) 4 (11.43%) 21 (60%) 7ª série 2 (5.72%) 11 (31.42%) 8 (22.85%) 2 (5.72%) 12 (34.29) 8ª série 7 (19.45%) 9 (25%) 3 (8.34%) 1 (2.77%) 16 (44.44%)
Total 10 (8.20%) 33 (27.05%) 18 (14.75%) 11 (9.02%) 50 (40.98%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
De acordo com os resultados apresentados na tabela 7, verificou-se que o
maior número de indicação da desmotivação foi item conteúdo apresentou 27.05%,
a didática do professor apresentou o menor índice 8.20%, sendo, superando o local
de aula com 9.02%. Através do gráfico conclui-se que os fatores são os definidores
da desmotivação nas aulas de Educação Física.
Essa constatação é confirmada também na literatura, quando analisadas as
obras que discutem a competição no espaço da escola. O jogo, entretanto, está
presente em grande parte das aulas de educação física, ou na prática pedagógica
dos professores, como brincadeira ou como esporte, e é no jogo que o caráter
competitivo se apresenta como elemento de grande importância. Em suas
experiências na escola pública, André e Rúbio (2009), observaram que a utilização
do jogo na educação física, continua ainda muito restrita, atribuindo-lhe apenas o
valor da competição nas modalidades esportivas, em detrimento de outros valores
ou características que se manifestam no jogo; vale dizer, centrando toda a ênfase na
própria competição e não levando em consideração a diversidade de significados
que o jogo pode proporcionar como experiência.
Assim, ainda é possível levantar informações sobre os fatores que levam os
alunos a desmotivação por aulas de Educação Física, conforme mostra na tabela 8.
“A desmotivação dos alunos em querer aprender é uma queixa constante nas
conversas dos professores, entretanto, este é um fato diretamente ligado às áreas
de estudo, dos sistemas educacionais utilizados e das características de cada
região” (TORRE, 1999, p.07).
Assim, é necessário que sejam “criadas expectativas com relação à
aprendizagem, para que os alunos se sintam motivados, pois a motivação não
13
P
A
G
E 33
depende somente de motivos individuais, mas do sucesso esperado para alcançá-
los” (POZO, 2002, p.142). Para isso, os professores precisam vencer o cansaço,
criar certezas para levar aos alunos a assuntos relacionados aos estudos tornando-
os motivados.
A Tabela 8, apresenta os principais aspectos para que o aluno conquiste o
grau de ganhador, sendo que foram avaliados os aspectos das atividades, jogos e
brincadeiras.
Tabela 8 – As atividades, jogos e brincadeiras são aspectos para ser ganhador Sim Não
5ª série 11 (68.75%) 5 (31.25%)
6ª série 5 (14.28%) 30 (85.72%)
7ª série 11 (31.42%) 24 (68.58%)
8ª série 11 (30.55%) 25 (69.45%)
Total 38 (31.14%) 84 (68.86%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
Dentre os aspectos para ser ganhador 68.86% dos alunos responderam que
não tem interferência das atividades, jogos e brincadeiras, já 31.14% indicaram que
são importantes os jogos e brincadeiras para ter conquistas nas atividades.
“O jogo visa às repetições de condutas (ações) que visam à superação do
que está sendo colocado em jogo no momento, e também, a busca de auto-
superação que o próprio jogador se impõe” (LEONARDO et al. 2009, p.237).
Para Reverdito et al (2008), o primeiro princípio pedagógico referencial é
ensinar todos a competir; dessa forma, se pressupõe que a competição deve ser
oferecida de forma equilibrada, permitindo aos alunos se deparar constantemente
com situações complexas e desafiadoras a serem resolvidas.
Na tabela 9 apresentam-se os dados relacionados ao conhecimento dos
alunos sobre a cooperação durante os jogos.
Tabela 9 – Conhecimento dos alunos sobre cooperação Possuem conhecimento Não possuem conhecimento
5ª série 10 (62.5%) 6 (37.5%)
6ª série 31 (88.58%) 4 (11.42%)
7ª série 31 (88.58%) 4 (11.42%)
8ª série 34 (94.4%) 2 (5.6%)
Total 106 (86.8%) 16 (13.2%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
14
P
A
G
E 33
Conforme a tabela 9, a maioria dos alunos já possuía algum conhecimento
sobre cooperação com 86.8%, já a minoria não tinha conhecimento sobre o assunto,
13.2%.
O conhecimento sobre cooperação depende do nível de conhecimento
adquirido anteriormente, dos seus níveis de amadurecimento, seu emocional e suas
expectativas. Se o “novo” não estabelece relações com o anterior, ele não
encontrará razões para utilizá-lo. “Estas relações são encontradas na didática
formal, em termos de motivação e interesse, pois despertar o interesse ao
conhecimento faz com que cada aluno tenha o desejo de conhecer e buscar”
(SANTOS, 2003, p.92).
A tabela 10 apresenta a avaliação do conhecimento dos alunos sobre os
jogos cooperativos.
Tabela 10 – Conhecimento dos alunos sobre os jogos cooperativos Possuem conhecimento Não possuem conhecimento
5ª série 6 (37.5%) 10 (62.5%) 6ª série 30 (85.72%) 5 (14.28%) 7ª série 26 (74.2%) 9 (25.8%) 8ª série 12 (33.34%) 24 (66.66%)
Total 74 (60.6%) 48 (39.4%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
Constatou-se que 60.6% dos alunos possuem conhecimento sobre os jogos
cooperativos enquanto que 39.4% na possuem conhecimento dos jogos. No Jogo
Cooperativo busca-se superar desafios, e não derrotar alguém, os participantes
passam a ter consciência dos próprios sentimentos, passam a colocar uns no lugar
dos outros, dando prioridade ao trabalho em equipe, joga-se para gostar do jogo,
pelo prazer de jogar com os outros, joga-se com um parceiro e não com um
adversário. Esses jogos têm por objetivo reconhecer que todos os jogadores são
importantes para se alcançar o objetivo final, priorizando o trabalho em equipe, não
se comparam habilidades, nem performance anteriores.
Para que seja possível ensinar a forma de jogar e agir cooperativamente,
necessitamos do que Brotto (1999), chamou de ciclo da aprendizagem: Vivência,
Reflexão e Transformação.
Conforme foi possível verificar os dados apresentados na tabela 10,
mostram que os alunos possuem conhecimento abrangente sobre os jogos
cooperativos. Portanto, os professores devem adotar estratégias novas para
15
P
A
G
E 33
desenvolver as atividades nas aulas de Educação Física Escolar, focando os
conteúdos de forma interdisciplinar para que haja mais prazer de praticar nas
atividades com jogos cooperativos, com isso, é de fundamental importância adotar
técnicas com avaliação abrangente e não somente da forma competitiva.
2.2 O PROJETO DE INTERVENÇÃO JOGOS COOPERATIVOS
O desenvolvimento do projeto de intervenção foi realizado no segundo
semestre de 2011 em quatro turmas, sendo uma 5ª, uma 6ª, uma 7ª e uma 8ª série
do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Jardim Porto Alegre.
Para o desenvolvimento das atividades do projeto, foram aproveitadas as
vivências práticas do Material Didático Pedagógico elaborado na segunda etapa do
Programa de Desenvolvimento Educacional. As atividades eram baseadas nos
Jogos Cooperativos.
As atividades foram aplicadas em momentos específicos da aula,
principalmente no início como forma de aquecimento para as atividades principais,
pois um dos principais objetivos, quando da utilização dos jogos cooperativos é criar
um ambiente propício para uma desvinculação do desporto competitivo.
No início de cada aula foi realizada uma avaliação diagnóstica sobre as
vivências a serem desenvolvidas e sobre o conhecimento prévio dos alunos com
relação às atividades propostas. Desenvolvia-se a atividade e posteriormente os
alunos se reuniam novamente para debater sobre a atividade realizada. Nesta
discussão apresentavam-se as diferenças, sugestões e opiniões de todos os
participantes da dinâmica. Havia um consenso com relação à maior satisfação da
turma com sobre os jogos cooperativos propostos em detrimentos de outras
atividades normais.
As atividades cooperativas foram desenvolvidas como forma de
aquecimento para as aulas. Pelo fato de ser novidade, as atividades desenvolvidas
fizeram com que houvesse uma participação maior dos alunos, bem como maior
interação dos mesmos. Outro fator importante é a inclusão de todos na mesma
atividade, não levando em consideração habilidades individuais. Com relação da
não existência da competição todos os alunos sentem-se importantes, vitoriosos e
motivados.
16
P
A
G
E 33
Sobre o desenvolvimento das atividades, não verifiquei pontos negativos,
uma vez que os jogos cooperativos não foram exclusividades na aula, sendo
utilizados com aquecimento em jogos adaptados. Através desta forma de
organização da aula, foi possível privilegiar todos os aspectos dos jogos
cooperativos, sem com isso ignorar outras atividades competitivas.
Com a utilização da abordagem teórica em sala de aula os alunos puderam
conhecer e se reconhecer entre as práticas propostas, participando de forma efetiva
através de opiniões e\ou sugestões relacionadas às atividades a serem
desenvolvidas.
No início da implementação foi confeccionado uma apostila com todas as
vivencias, juntamente com o planejamento escolar, sendo entregue a equipe
pedagógica do colégio, que fez o acompanhamento diário da aplicação das
atividades, dentro do processo ensino aprendizagem.
A seguir é apresentado o cronograma das atividades desenvolvidas na
implementação do projeto:
Tabela 11 - Cronograma das atividades desenvolvidas
Sequência Nome das atividades Turma (s) Data
Vivência 1 Agarrando a você 8ª Série 29\08\2011 Vivência 2 Alfabeto Vivo 8ª Série 01\09\2011 Vivência 3 Amarelinha Cooperativa 8ª Série 25\08\2011 Vivência 4 Barriga para cima 7ª Série, 8ª Série 12\09\2011 Vivência 5 Bastões Equilibristas 7ª Série, 8ª Série 01\09\2011 Vivência 6 Bom Dia 7ª Série,8ª Série 12\09\2011 Vivência 7 Bum 7ª Série, 8ª Série 12\09\2011 Vivência 8 Um, Dois,Três, Quatro, Cinco,
Seis...Atenção 5ª Série 22\08\2011
Vivência 9 Pirâmide Humana 7ª Série 15\09\2011 Vivência 10 Grudado 7ª Série 22\09\2011 Vivência 11 Fique com o meu sorriso 6ª e 7ª Série 19\09\2011 Vivência 12 Símbolos 7ª Série 26\09\2011 Vivência 13 Enxergando com novos olhos 6ª,7ª, 8ª Séries 15\09\2011 Vivência 14 Segredo oculto 5ª, 6ª Séries 25\08\2011 Vivência 15 Cara a Cara 6ª,7ª, 8ª Séries 15\09\2011 Vivência 16 Organizando a fila 5ª, 6ª Série 29\08\2011 Vivência 17 Unindo atos 5ª, 6ª Série 01\09\2011 Vivência 18 Grupo Amarrado 5ª, 6ª Série 05\09\2011 Vivência 19 Passeio de Bambolê 5ª, 6ª Série 08\09\2011 Vivência 20 Manter o sonho no ar 5ª, 6ª Série 19\09\2011 Vivência 21 Pega Corrente 6ª,7ª, Séries 19\09\2011 Vivência 22 Cobra Gigante 6ª. Séries 22\09\2011 Vivência 23 Ponte de Braços 5ª., 6 Séries 10\10\2011 Vivência 24 Passando pelo túnel 8ª. Série 19\09\2011 Vivência 25 Corta Arame 7ª. Série 10\10\2011 Vivência 26 Equilíbrio 8ª. Série 10\10\2011 Vivência 27 Levantar-se 8ª. Séries 19\09\2011
17
P
A
G
E 33
Vivência 28 Eu estou aqui, por que... 5ª, 6ª Séries 03\09\2011 Vivência 29 Reconheço o animal 7ª Séries 03\09\2011 Vivência 30 Gosta de seus vizinhos 8ª Série 03\09\2011 Vivência 31 Ocupar o espaço 6ªSéries 13\10\2011 Vivência 32 A origem das idades 7ª Séries 33\10\2011 Vivência 33 Permita me conhecer 8ª Série 13\10\2011 Vivência 34 Vôlei Infinito 5ª e 6ª Séries 17\10\2011 Vivência 35 Futebol cego 7ª Séries 17\10\2011 Vivência 36 Bsquetebalde 8ª Série 17\10\2011 Vivência 37 Formar grupos 5ª e 6ª.Série 20\10\2011 Vivência 38 Voleibol de rodízio 7ª Série 20\10\2011 Vivência 39 Cabeçobol 8ª Série 20\10\2011 Vivência 40 Multiesporte 8ª Séries 24\10\2011 Vivência 41 Futebolão 5ª e 6ª. Séries 24\10\2011 Vivência 42 Futebol Cego 7ª. Séries 24\10\2011 Vivência 43 Basquetebol Cooperativo 8ª. Série 24\10\2011 Vivência 44 Bola ao capitão 8ª. Séries 27\10\2011 Vivência 45 Voleibol Cego 7ª. Séries 27\10\2011 Vivência 46 Volei-Bolão 6ª. Série 27\10\2011 Vivência 47 Volei-Unido 5ª. 6ª. Série 31\10\2011 Vivência 48 Handebol Tapa-Cone 7ª. Série 31\10\2011 Vivência 49 Jogo dos dez passes 7ª 8ª Série 31\10\2011
Fonte: autor do projeto, 2011.
2.3 RESULTADOS APÓS INTERVENÇÃO DO PROJETO
Após a realização da intervenção, novamente foi aplicado um questionário
com os alunos. Entretanto, este teve como objetivo verificar se ocorreram mudanças
quanto ao entendimento da cooperação em geral e nas aulas de Educação Física.
No Quadro 1 são apresentados os resultados da opinião dos alunos sobre
vários questionamentos relacionados à participação no projeto de intervenção Jogos
Cooperativos.
Quadro 1 – Opinião dos alunos sobre o projeto de intervenção Turmas participantes Questionamentos
5ª série
6ª série
7ª série
8ª série
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
Está satisfeito com as aulas de
educação física?
17
94.4%
1
5.56%
29
96.6%
1
3.34%
32
100%
0
0 %
33
97.05%
1
2.95%
O projeto contribuiu nas atividades em educação física?
13 72.2%
5 27.8%
25 83.4%
5 16.6%
31 96.87%
1 3.1%
25 73.52%
9 26.48%
Ocorreram mudanças na postura, atitudes.
15 83.4%
3 16.6%
22 73.4%
8 26.6%
22 68.75%
10 31.25%
22 64.70%
12 35.30%
O aluno se considera competitivo?
8 44.44%
10 55.56%
16 53.4%
14 46.6%
14 43.75%
18 56.25%
12 35.2%
22 64.8%
Competição ajuda ou atrapalha a educação física?
10 55.5%
8 44.5%
26 86.6%
4 13.4%
14 43.75%
18 56.25%
17 50%
17 50%
As atividades, jogos,
brincadeiras, devem ter ganhador?
7
38.8%
11
61.2%
5
16.6%
25
83.4%
8
25%
24
75%
6
17.6%
28
82.4%
Benefícios da cooperação
depois do projeto
10
55.6%
8
44.4%
29
96.6%
1
3.4%
29
90.6%
3
9.4%
32
94.2%
2
5.8%
Total (782)
80 10.23%
46 5.88%
136 17.40%
58 7.41%
150 19.18%
74 9.46%
147 18.80%
91 11.64%
Fonte dados de pesquisa, 2011.
18
P
A
G
E 33
Observando o Quadro 1, podemos afirmar que os alunos apresentam alto
índice de satisfação quanto às aulas de Educação Física a eles ministrada; alto
índice de afirmação sobre a contribuição do projeto nas atividades de Educação
Física.
A pedagogia dos jogos cooperativos é apoiada em três dimensões de ensino
aprendizagem: vivência, reflexão, transformação (SOLER, 2002). Conforme
podemos verificar na tabela 12, todas as turmas participantes do projeto acreditam
que houve benefícios da cooperação depois do projeto. Portanto, após a vivência
das atividades, com uma reflexão das experiências e com uma transformação na
opinião sobre a cooperação nas aulas de Educação Física. Explicar melhor
A Educação Física enquanto educação transformadora visa o processo de
conscientização do indivíduo, “a competição também faz parte desse processo (ela
existe na vida das pessoas), desde que orientada no sentido da promoção humana”
(GALVÃO, 1995, p.105). Por fim, “a competição em si não é boa ou má, ela é o que
fazemos dela” (REVERDITO et al, 2008, p.44).
Os professores realmente preocupados com a competição dos alunos em
jogos cooperativos, ao invés de tentar eliminar o caráter competitivo dos jogos,
deveriam procurar compreendê-lo e utilizá-lo para valorizar as relações, sendo
assim, talvez, mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do
que nunca competir (BOAS et al, 2000). Assim, essas manifestações espontâneas
advindas do jogo competitivo devem ser elementos importantes para o
desenvolvimento do trabalho do educador em suas aulas. Em contrapartida, o
professor, muitas vezes, vê-se rodeado por essas situações que o ambiente do jogo
proporciona e com as quais, na maioria dos casos, ele não está preparado para
lidar, agindo, conseqüentemente, por impulso, com insegurança, ou baseado em
conhecimentos do “senso comum”. Isso pode limitar sua ação, descuidando, dessa
forma, do processo educativo (PRODÓCIMO et al, 2007).
Na tabela 12 apresentam-se os resultados relacionados aos fatores que
causam desmotivação aos alunos, conforme a série do aluno em curso.
19
P
A
G
E 33
Tabela 12 - Comparativo dos fatores que causam desmotivação aos alunos Fatores/ n. alunos 5ª série 6ª série 7ª série 8ª série Total
Agressividade 9 (10%) 5 (3.34%) 4 (2.5%) 4 (2.36%) 22 (3.85%)
Conforto 7 (7.77%) 6 (4%) 3 (1.8%) 1 (0.58%) 17 (2.98%)
Divertimento 14 (15.5%) 23 (15%) 24 (15%) 28(16.48%) 89(15.64%)
Colaboração 6 (6.67%) 17 (11.5%) 19 (11.2%) 25(14.70%) 67(11.75%)
Brigas 8 (8.9%) 7 (4.6%) 13 (8.2%) 6 (3.52%) 34 (5.98%)
Insegurança 1 (1.12%) 7 (4.6%) 5 (3.2%) 3 (1.78%) 16 (2.80%)
Respeito 7 (7.70%) 11 (7.5%) 17 (10.6%) 21 (12.35%) 56 (9.85%)
Integração 1 (1.12%) 5 (3.34%) 4 (2.5%) 5 (2.95%) 15 (2.63%)
Exclusão 2 (2.23%) 8 (5.5%) 5 (3.2%) 3 (1.78%) 18 (3.15%)
Indiferença 5 (5.56%) 1 (0.66%) 3 (1.8%) 4 (2.36%) 13 (2.28%)
Descontração 3 (3.34%) 7 (4.6%) 6 (3.75%) 6 (3.52%) 22 (3.85%)
Cooperação 11(12.3%) 21 (14%) 20 (12.5%) 24(14.10%) 76(13.33%)
Humilhação 4 (4.45%) 5 (3.34%) 4 (2.5%) 4 (2.35%) 17 (2.98%)
Participação 9 (10%) 20 (13.4%) 24 (15%) 25(14.70%) 78(13.68%)
Inclusão 1 (1.12%) 4 (2.62%) 7 (4.40%) 6 (3.52%) 18 (3.15%)
Solidariedade 2 (2.22%) 3 (2%) 2 (1.25%) 5 (2.95%) 12 (2.10%)
Total 90 (100%) 150 (100%) 160 (100%) 170(100%) 570(100%)
Fonte: dados de pesquisa, 2011.
Conforme os dados da tabela 12, o fator divertimento foi o mais elevado com
a média das turmas com 12.14%, sendo que após o projeto de implementação
ocorreu um aumento para 15.64%, ainda assim permaneceu com o melhor
classificado entre todos os fatores. Participação na primeira fase foi de 10%, na
segunda passou para 13.68%, melhora considerável. O fator cooperação que foi no
início do projeto 4.75%, aumentou para 13.33% grande alteração. Outros fatores
significativos foram brigas de 10.98% para 5.98%, agressividade de 9.02% para
3.85% e confronto de 8.5% para 2.98%.
Durante a prática de jogos vivenciados pelos alunos em aulas de educação
física, depararam-se repetidas vezes com situações ocorridas e que não podem
passar despercebidas pelo professor: “atitudes agressivas perante o colega, as
quais podem variar de ataques verbais a agressões físicas, menosprezo por colegas
mais ou menos habilidosos, alegria aparentemente gratuita; enfim, manifestações
espontâneas” (PRODÓCIMO et al, 2007, p.128).
Em conclusão os alunos dependem de práticas contínuas para mudar seus
comportamentos durante as aulas na prática/teoria, pois, apresentam-se com
desmotivação tanto em conteúdos como nas atividades dificultando o ensino.
20
P
A
G
E 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste projeto de intervenção do PDE com alunos do
Ensino Fundamental do Colégio Estadual Jardim Porto Alegre foi muito importante,
pois possibilitou maior incentivo e motivação aos alunos para a participação nas
aulas de Educação Física. Assim, o conteúdo Jogos Cooperativos desenvolvido nas
ações foi salutar para a obtenção dos objetivos propostos.
Constatou-se que os alunos já possuíam conhecimentos sobre aspectos
cooperativos antes da implementação do projeto, mas após o seu desenvolvimento
verificamos que os alunos ampliaram a sua compreensão sobre cooperação e jogos
cooperativos, não apenas em relação ao conhecimento apresentado na análise dos
questionários, mas também em relação aos comportamentos e atitudes
apresentadas nas vivências das atividades.
Dos aspectos que proporcionam interferência nas atividades, os jogos e
brincadeiras são o que mais oferecem motivação para ser ganhador e isso pode ser
considerado um fator referente à desmotivação para participação nas aulas. Outros
fatores identificados em relação ao desinteresse pelas aulas são os seguintes:
espaço físico para a prática; conteúdo para a aula; brigas, agressividade e falta de
solidariedade entre os alunos.
Com o desenvolvimento do projeto, podemos perceber através das
respostas dos alunos que os jogos cooperativos foram um importante conteúdo para
motivar todos nas aulas de Educação Física, possibilitando uma prática mais
participativa, inclusiva, reflexiva e crítica, compactuando com o referencial das
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná.
21
P
A
G
E 33
REFERÊNCIAS
AMARAL, Jader D. do. Jogos cooperativos. 2ªed. São Paulo: Phorte, 2007.
ANDRÉ, M. H.; RUBIO, K. O jogo na escola: um retrato das aulas de Educação Física de uma 5ª série. Revista Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 2, p. 284-296, abr./jun. 2009. BARBOSA, Daniel Freitas. Motivação no trabalho, Revista de Ciências Empresariais, v. 2, n.1, p. 20-25, jan./jun. 2005. BOAS, M. da S. V.; FONTANELLA, F. C.; PEREIRA, V. R. As faces do esporte e a educação física. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 11, n. 1, p. 87-96,
2000. BROTTO, Fábio O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. São Paulo: Coleção Cooperação, 2001. BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: uma pedagogia da cooperação. Revista Jogos Cooperativos, Barueri, nº 3, ano I. Outubro 2001. _____Jogos cooperativos: um exercício de convivência. São Paulo: SESC, 1999. COMÉNIO, João Amós. Didática magna. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. (Coord.) Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. FITA, Enrique Caturca. O professor e a motivação dos alunos. In: TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em sala de aula: o que é, como se faz. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 65-135. FREIRE, J. B.; SANTANA, G. M. L.. Relações sociais no desenvolvimento da imaginação por meio de jogos. Revista Motriz, Rio Claro, v. 13 n. 4 p. 249-258, out./dez. 2007. HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo:
Perspectiva, 1973. JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem
sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. 300p. ISBN 8571103933 (Broch.) LEONARDO, L.; SCAGLIA, A. J.; REVERDITO, R. S. O ensino dos esportes coletivos: metodologia pautada na família dos jogos. Revista Motriz, Rio Claro, v.
15, n. 2, p. 236-246, abr./jun. 2009. MATURANA R., H. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. 98 p.
22
P
A
G
E 33
MULLER, N. V. R.. Jogos cooperativos: olhando a teoria e escutando a prática. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 20, n. 2, p. 291-303, 2. trim. 2009. NEUENFELDT, D. J.; CANFÍELD, M. S. Repensando o esporte na educação física escolar a partir de Cagigal. Revista movimento, Porto Alegre, v. 7, n. 14, p. 28-36,
2001. PARANÁ, DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2008. POZO, Juan Ignacio. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. 296 p. PRODÓCIMO, E.; CAETANO, A.; SÁ, C. S., SANTOS, F. A. G., SIQUEIRA, J. C. F. Jogo e emoções: implicações nas aulas de Educação Física Escolar. Revista Motriz, Rio Claro, v. 13, n. 2, p. 128-136, abr./jun. 2007.
REVERDITO, R. S. et alii. Competições escolares: reflexão e ação em pedagogia do esporte para fazer a diferença na escola. Revista Pensar a prática, v. 11, n. 1, 2008. SANTOS, Akiko, Didática sob a Ótica do pensamento Complexo, Porto Alegre: editora Sulina, 2003, p. 33-113. SOLER, Reinaldo. Jogos cooperativos. Rio de Janeiro, Sprint, 2001. TORRE, Juan Carlos. Apresentação: a motivação para a aprendizagem. In: TAPIA, Jesus. Alonso; FITA, Enrique Catuula. A motivação em sala de aula: o que é, como
se faz. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 7-10.