1 o nascimento da filosofia - dos pré-socráticos à aristóteles
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A Escola de Atenas é uma
das mais famosas
pinturas do renascentista
italiano Rafael e
representa a Academia de
Platão. Foi pintada entre
1509 e 1510 na Stanza
della Segnatura sob
encomenda do Vaticano. A
obra é um afresco em que
aparecem ao centro
Platão e Aristóteles.
Platão segura o Timeu e
aponta para o alto, sendo
assim identificado com o
ideal, o mundo inteligível.
Aristóteles segura a Ética
e tem a mão na horizontal,
representando o terreste,
o mundo sensível.
Na Grécia Clássica o homem grego produziu a maioria dos
conhecimentos que circulam por todo o mundo, na atualidade:
filosofia, astronomia, biologia, teatro, lógica, metafísica,
democracia são alguns dos conhecimentos criados pelo mundo
grego.
Grécia , hoje, via satélite
A Cosmogonia, típica dopensamento mítico, é descritiva eexplica como do caos surge ocosmo, a aprtir da geração dosdeuses, identificados às forças danatureza.
Na Cosmologia as explicações rompemcom o mito: a arché (princípio) não seencontra na ordem do tempo mítico,mas significa princípio teórico,fundamento de todas as coisas. Daí asvárias escolas e explicaçõesconceituais, por isto abstratas, sobre aordem do universo.
Parmênides de Eléia
(c.540-c.470 a.C.)Heráclito de Éfeso
(c.544-c.484 a.C.)
Ocupou-se em criticar a filosofia heraclítica;
Propõe a imobilidade do Ser; É absurdo pensar que uma coisa
pode ser e não ser ao mesmo tempo;
O Ser é único, imutável e imóvel; Só o mundo inteligível é
verdadeiro, pois está submetido ao princípio da identidade e de não-contradição;
Identidade entre o ser e o pensar.
“O ser é e o não ser não é”
Procurou compreender a multiplicidade do real;
Ao contrário de Parmênides, não rejeita as contradições e quer entender a realidade na sua mudança, no seu devir;
Todas as coisas mudam sem cessar; O ser é múltiplo, não por existir a
multiplicidade das coisas, mas é múltiplo por estar constituído de oposições internas;
A luta dos contrários é que mantém o fluxo do movimento: “a guerra é pai de todos, rei de todos”;
É da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários: Dialética
Metáfora do fogo, símbolo da eterna agitação do devir: o fogo eterno e vivo, que ora se ascende e ora se apaga”
“Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”
Os pensadores do período clássico, embora ainda discutam questões referentes á natureza, desenvolvem o enfoque
antropológico, que abrange a moral e a política.
Os sofistas vivem no Séc. V a. C. e alguns deles sãointerlocutores de Sócrates. Os mais famosos eram:Protágoras, de Abdera (485-411 a. C.); Górgias, deLeôncio, na Sicília (485-380 a. C.); Híppias, de Élis; eainda Trasímaco, Prodico, Hipódamos, entre outros.
Sofista vem de sophos, sábio, professor de sabedoria.Mas via adquirir um sentido pejorativo, daquele queemprega sofismas, ou seja, alguém que usa de raciocíniocapcioso, de má-fé, com intenção de enganar.
Os sofistas dão importante contribuição para asistematização do ensino, formando formando umcurrículo de estudos: gramática (da qual são osiniciadores), retórica, e dialética; por influência dospitagóricos, desenvolvem a aritmética, a geometria, aastronomia e a música.
“ O homem é a medida de todas as coisas”
Protágoras
Para escândalo de seus contemporâneos, costumavamcobrar pelas aulas e por este motivo Sócrates osacusara de “Prostituição”. Mas as exigências que ossofistas vieram satisfazer é de ordem prática, voltadapara vida, pois iniciam os jovens na arte da retóricainstrumento imprescindível no debate público.
Sócrates (c.470-399 a.C.) nãoescreveu nada. Suas idéiasforam divulgadas pelos doisprincipais discípulos, Xenofontee Platão;
Nos diálogos de Platão Sócratesfigura como principalinterlocutor dos Sofistas;
Costumava conversar comtodos, velhos, moços, nobres,escravos, investigando por meiode seu método deconhecimentos “quem era sábioou que pensava ser sábio”;
“Sei que nada sei” consiste na sabedoria de reconhecer a
própria ignorância. É o inícioDa busca do saber.
Seu método começa pela faseconsiderada “destrutiva”, a ironia,termo que em grego significa“perguntar”. Em seguida passa àmaiêutica , que em gregosignifica “parto” . Por istoSócrates se dizia o parteiro dasideias.
É uma busca pela definição doconceito e não a resposta;
Privilegia as questões morais: avirtude, a coragem, a piedade, acovardia, a justiça, entre outros;
Quer saber o que é o conceito emsi , o universal que o representa;
Através do logos, palavra, quepassa a significar a razão que sedá de algo, o conceito, Sócratesinventará palavras e dará sentidoa palavras antigas;
Portanto, Sócrates é o primeiromoralista .
O que diferencia o pensamento entre Platão
(423-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a. C.) é a
orientação quanto ao método de conhecimento
da essência do real. A busca pelo princípio
(arché) que fundamenta a realidade pautou-se,
na Paidéia Grega Clássica, na disputa entre um
saber adquirido pela Unidade do Ser
(Parmênides, Sócrates e Platão) e outro pela
Multiplicidade do Ser (Heráclito, Sofistas e
Aristóteles). Neste contexto é que podemos
vislumbrar no magnífico afresco do Vaticano, A
Escola de Atenas, pintado pelo renascentista
Rafael de 1508-1511, no centro, lado a lado,
estão Platão e Aristóteles. Interpretando a
obra, poder-se-à perceber a dualidade entre o
realismo idealista (com Platão apontando ao
céu, para o mundo das idéias) e o realismo
naturalista (com Aristóteles apontando à terra
para o mundo sensível
Platão (428-347 a.C.) viveu em Atenas eFundou a Escola chamada Academia;
Escreveu sua obra filosófica dandocontinuidade ao pensamento de seu mestre,Sócrates, e procurando minimizar aproblemática da dicotomia entre a unidade(Parmênides) e a multiplicidade (Heráclito);
A maior parte de suas seu trabalho têm umamétrica literária; são os diálogos (de Sócratescontra os Sofistas) os principais estudosfilosóficos de Platão e a República a síntesede seu pensamento;
São duas as perspectivas de seupensamento: a epistemológica e a política.
“O Divino é a medida de todas as coisas”
Para Platão existem dois mundos: Omundo sensível e o mundo inteligível;
Aproveitando a noção de logos deSócrates cria a palavra ideia (eidos)referindo-se à intuição intelectualdistinta da Intuição sensível;
Acima do ilusório mundo sensível, há omundo das ideias gerais, das essênciasimutáveis, que atingimos pelacontemplação e pela depuração dosenganos dos sentidos;
As ideias são a única verdade;
O mundo dos fenômenos só existem separticiparem (teoria da participação) domundo das ideias;
O mundo sensível é cópia imperfeitadas ideias;
Dialética: a alma eleva-se das coisasmúltiplas e mutáveis às ideias unas eimutáveis;
O Bem Supremo: no topo das ideiashierarquizadas está a ideia do Bem, amais alta em perfeição e mais geral detodas; é também a suprema Beleza, é oDeus de Platão;
Teoria da Participação: o seres e as coisassó existem se participarem da ideia doBem;
A Superação das Oposições: o mundodas ideias se refere ao ser parmenídeo eo mundo dos fenômenos ao devirheraclítico;
A Teoria da Reminiscência: conhecer élembrar das ideias que o puro espíritocontemplou no mundo das ideias que sedegradaram ao tornar-se prisioneiro docorpo, “o túmulo da alma”. Assim, osentidos se constituem para despertar naalma as lembranças adormecidas
Imaginemos uma grande caverna no solo, cujo único contato com a parte de fora , com o mundo,
é uma estreita fenda que permite a tênue réstia de luz entrar. Dentro estão seres humanos
acorrentados, sentados de costas para a entrada da caverna , sem poder se mexer e de frente
para um paredão que é o fundo da caverna. Não podem ver a realidade, o que acontece no
mundo. Vivem assim desde o nascimento e por muitas gerações. A pouca luminosidade
proporciona no paredão apenas o aparecimento das sombras, de tudo que acontece no exterior.
Os prisioneiros tem uma visão dos seres humanos andando e conversando, dos animais, dos
artefatos variados,..............apenas nas imagens refletidas. Mas certo dia um prisioneiro movido
pela curiosidade, resolve fugir e consegue fabricar um objeto que quebra suas correntes, e sai
da caverna pela pequena passagem. Seu primeiro contato com o exterior é de total cegueira
pela luz do sol, pois seus olhos só conhecem a escuridão e aos poucos se acostumam. È um
momento de encantamento e descobertas, nota que tudo que via antes eram apenas sombras ,
nada era real. Resolve que só volta para a caverna obrigado e vai contar toda a verdade para osque ficaram levando todos à liberdade.
Foi difícil sair de lá, mas , será muito mais voltar .
Terá que se acostumar novamente com as trevas
e é muito mais fácil se acostumar com a luz. Sem
opção , foi preciso voltar. Não consegue mais se
comportar como antes, é desajeitado. Conta toda
a verdade aos amigos que não acreditam nele e
corre o risco até de ser morto por eles. Para
Platão, grande filósofo é assim que se processa o
conhecimento em cada ser humano. Portanto,
todos somos prisioneiros dos preconceitos, da
falta de opinião, da falta dos sentidos, do medo, da
acomodação,....... Um dia os grilhões são partidos,
escapa, é um filósofo, seu esforço para sair é igual
a uma faísca de conhecimento verdadeiro. È a
libertação mental, a busca da verdade e dos
conhecimentos. Quando volta para a caverna é
para ensinar aos que ficaram, como sair dela,
como procurar as coisas do mundo. Os olhos
podem ver e alma vai conhecer. Ao sair de lá, o
destino é a LUZ, ao pensar o destino são as
IDÉIAS. Esta é a grande importância da procura
do saber, da procura da verdade, da essência da
vida humana. Deixar as TREVAS para encontrar a
LUZ. Deixar a IGNORÂNCIA para encontrar o
CONHECIMENTO.
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O Filósofo: é aquele que selibertou da correntes aocontemplar a verdadeira realidadee passando da opinião (doxa) àciência (episteme);
A Política: Como Influenciar aspessoas que não vêem?;
O Sábio: deve ensinar e governar;
Necessidade de transformação daspessoas e da sociedade, desde queessa ação seja dirigida pelomodelo ideal contemplado;
O Estado: para que seja bemgovernado é preciso que “osfilósofos se tornem reis, ou os reisse tornem filósofos”
“o eleatismo não é idealismo, e sim realismo”
Garcia Morente
“O homem é um animal político”
Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagíria,na Calcídica (região dependente da Macedônia).Seu pai médico de Felipe I, rei da Macedônia,mais tarde Aristóteles seria preceptor deAlexandre (O Grande) até o momento queassumiu precocemente o poder e a expansãodo império alexandrino;
Frequentou a Academia de Platão em que afidelidade ao mestre foi entremeada porcríticas que o levaria a dizer: “Sou amigo dePlatão, mas mais amigo da verdade”;
Produziu uma extensa obra filosófica que seexpressa tanto na abrangência dos assuntosquanto na interligação rigorosa entre as partesconstitutivas;
Em 340 a.C. fundou o Liceu, em Atenas, assimchamado por ser vizinho do templo de ApoloLício;
Retoma a problemática do conhecimento edefine a ciência (epistéme) comoconhecimento verdadeiro, conhecimento pelascausas, capaz de superar os enganos daopinião e de compreender a natureza do devir;
Recusa as soluções apresentadas para adicotomia entre a unidade e a multiplicidade doreal e critica o mundo “separado” das ideiasplatônicas;
A Epistemologia Aristotélica se baseia em
três distinções fundamentais:
Substância–Essência–Acidente;
Forma-Matéria;
Ato-Potência.
Aristóteles “traz as ideias do céu àterra”: rejeita o mundo das ideiasde Platão, fundindo o mundosensível e o inteligível no conceitode substância;
A substância “é aquilo que é em simesmo”, o suporte dos atributos;
Quando dizemos algo de umasubstância, nos referimos aatributos que lhe convém de talforma que, se lhe faltassem, asubstância não seria o que é;
Os Atributos são as essênciaspropriamente ditas das coisas emsi;
Os acidentes são os atributos quea substância pode ter ou não, semdeixar de ser o que é.
A Substância individual “este homem” tem como características essenciais os atributos pelos quais
este homem é homem (Aristóteles diria , a essência do ser humano é a racionalidade) e outros acidentais como ser gordo, velho, ou belo,
atributos que não mudam o ser do homem em si.
O que é coisa em si?
A essência da Rosa é o seu perfume
Matéria é “aquilo de que é feito algo”;
Matéria é o princípio indeterminado deque o mundo físico é composto;
Matéria, em Aristóteles, não coincidecom que se entende por matéria nafísica, como algo indeterminado;
Forma é “aquilo que faz com que umacoisa seja o que é”;
Todo ser é constituído de matéria eforma, princípios indissociáveis;
Enquanto a forma é o princípiointeligível, a essência comum aosindivíduos da mesma espécie, pelaqual todos são o que são, a matéria épura passividade, contendo a formaem potência;
Por meio da noção de matéria e formaque se explica o devir. Pois todo sertende a tornar atual a forma que temem si como potência.
Em O Mundo de Sofia, Sofia Amhudsem ao encontra-se com Michelangelo, no
Renascimento, lhe pergunta: Como sabe quando parar? E ele a responde: Quando chegar à pele.
Em uma estátua, a matéria (que neste caso é a matéria segunda, pois já tem alguma
determinação) é o mármore; a forma é a ideia que o escultor realiza na estátua
O ato e a potência explicam comodois seres diferentes podem entrarem relação, agindo um sobre ooutro;
Potência para Aristóteles éausência de perfeição e não deveser confundido com força (física);
Potência é a capacidade detornar-se alguma coisa e, para tal,é preciso que sofra a ação deoutro ser já em ato;
O Movimento é a passagem dapotência para o ato. É “o ato deum ser em potência enquanto tal”.É a potência se atualizando;
O Movimento pode ser explicado como a
passagem da potência para o ato.
A semente , quando enterrada, desenvolve-se no Carvalho ou Ipê que era em Potência. A semente que contem
um carvalho em potência foi gerada por
um carvalho em ato.
Ipê Amarelo e Ipê Roxo e sua
semente
Carvalho e sua semente
Educação é umprocesso mimético:mimésis é acapacidade de imitaro outro
Todo o Ser Criançatem potência a seralguma coisa, a seatualizar;
Na relação com oeducador em Ato acriança se atualizatornando-se umadulto em ato.
Para Aristóteles, portanto, hádiversos tipos de movimentos e suascausas;
Aristóteles distingue os movimentose suas causas:
Causa Material; Causa Formal; Causa Eficiente; Causa Final.
Considerando o postulado deParmenídeo de que o ser é idênticoao pensar, Aristóteles superaráParmênides e Platão porcompreender a imutabilidade e amudança , o acidental e o essencial,o individual e o universal;
Se conhecer é lidar com conceitosuniversais, é também aplicar essesconceitos a cada coisa individual.Com isto não é necessário justificar aimobilidade do ser nem criar omundo das essências imutáveis.
Estátua de Carlos Drumond de
Andrade,Calçadão de Ipanema - RJ
A estátua de Drumond
A causa material é aquilo de que a coisa é feita (bronze); a causa eficiente é aquilo comque a coisa é feita (o escultor); a causa formal
é aquilo que a coisa vai ser (a forma que a estátua adquire); a causa final é aquilo para o qual a coisa é feita (a finalidade da estátua).
Toda estrutura teórica deAristóteles desemboca no Divino;
A descrição das relações entre ascoisas leva ao reconhecimento daexistência de um ser superior enecessário;
As coisas são contingentes, já quenão tem em si mesma a razão desua existência, são produzidas porcausas exteriores: todo sercontingente foi produzido poroutro ser, também, contingente;
Para não ir ao infinito na sequênciadas causas, Aristóteles, admitiuexistir uma Primeira Causa, porsua vez, Incausada, um sernecessário e não contingente: oPrimeiro Motor Imóvel.
O Primeiro Motor Imóvel, imóvel por não ser movido por nenhum outro e um puro ato,
sem nenhuma potência.
Deus, Ato Puro, Ser Necessário, Causa Primeira de toda existência.
A Metafísica é a contribuição do pensamento grego, no sentido de buscarconceitos que expliquem o ser em geral;
Aristóteles se referia à Metafísica como a Filosofia Primeira;
Mas no séc. I a. C. Andrônico de Rodes, ao classificar a obra do filósofo,colocou a Filosofia Primeira depois das obras de Física: por isto, meta física,“depois da física”. Mas foi considerada, depois, como o “além” da física,que ultrapassam os conhecimentos dos mundo sensível.
“A Filosofia Primeira não é primeira na ordem do conhecer, já que partimos doconhecimento sensível, mas a que busca as causas mais universais (e, portanto, maisdistante dos sentidos) e que são as mais fundamentais na ordem do real. Trata-se daparte nuclear da Filosofia, na qual estuda “o ser enquanto ser”, isto é, o serindependentemente de suas determinações particulares.
É a metafísica que fornece a todas as outras ciências o fundamento comum, o objetoque elas investigam e os princípios dos quais dependem . Ou seja, todas as ciências sereferem continuamente ao ser e a diversos conceitos ligados diretamente a ele, taiscomo identidade, oposição, diferença, gênero, espécie, todo, parte, perfeição, unidade,necessidade, possibilidade, realidade, etc.
Mas nenhuma ciência examina tais conceitos: é nesse sentido que o objeto dametafísica consiste em examinar o ser e suas propriedades.”
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. PIRES, Maria Helena. Filosofando: introdução à filosofia. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 124.