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1 O JOGO: TEORIA E SUAS CLASSIFICAÇÕES (*) José Jorge Souza (**) O jogo tem uma importância fundamental no desenvolvimento da formação cognitivo e comportamental do ser humano, sobretudo nas crianças, que instintivamente se predispõe a brincar. A ciência em suas diversas áreas que tem o ser humano como estudo (Psicologia, Pedagogia, Educação Física, Psicanálise e Antropologia) apresenta uma similaridade entre os teóricos que o representam no que tange a concepção do jogo a partir da compreensão da sua dimensão vital para o sujeito. A prática do jogo representa um espaço de aprendizagem, principalmente para a criança que recebe orientações para compreender o mundo adulto. Embora, a pessoa adulta não seja instigada a valorizar as atividades lúdicas por conta de novas ocupações que permeiam em suas vidas tem a necessidade de compreender a relevância do jogo como intervenção importante na vida do infante que o trata como trabalho, isto é, ver o “brincar como coisa séria”. Alguns teóricos nos séculos XIX e XX versaram sobre o tema e difundiram algumas teorias de acordo com a sua visão na época e foram unânimes em esclarecer que o jogo cumpre um importante papel na vida da criança desde na liberação de energia a experiências através das imitações e relaxamento. Dentre estes s destacaram-se: Herbert Spencer (1855) com a Teoria do excedente energético; Karl Groos (1898) abordando a Teoria do Pré-exercício; Stanley Hall (1904) com a teoria da recapitulação e Richard Lazarus que versa sobre a Teoria do relaxamento. Jean Piaget estudou através de observações, a evolução da prática e da consciência das regras do jogo. Esse teórico relaciona a brincadeira e o jogo com o desenvolvimento cognitivo da criança, a partir de três elementos que demarcam as seguintes classes: Exercício, símbolo e regra, classificando-os em quatro tipos: Jogos de exercícios, de construção, simbólicos e de regras. Com isso, percebe-se a importância dos jogos para o desenvolvimento da criança, principalmente aqueles que têm uma natureza representativa, porque o jogo adota

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O JOGO: TEORIA E SUAS CLASSIFICAÇÕES (*)

José Jorge Souza (**)

O jogo tem uma importância fundamental no desenvolvimento da formação cognitivo

e comportamental do ser humano, sobretudo nas crianças, que instintivamente se

predispõe a brincar.

A ciência em suas diversas áreas que tem o ser humano como estudo (Psicologia,

Pedagogia, Educação Física, Psicanálise e Antropologia) apresenta uma

similaridade entre os teóricos que o representam no que tange a concepção do jogo

a partir da compreensão da sua dimensão vital para o sujeito.

A prática do jogo representa um espaço de aprendizagem, principalmente para a

criança que recebe orientações para compreender o mundo adulto. Embora, a

pessoa adulta não seja instigada a valorizar as atividades lúdicas por conta de novas

ocupações que permeiam em suas vidas tem a necessidade de compreender a

relevância do jogo como intervenção importante na vida do infante que o trata como

trabalho, isto é, ver o “brincar como coisa séria”.

Alguns teóricos nos séculos XIX e XX versaram sobre o tema e difundiram algumas

teorias de acordo com a sua visão na época e foram unânimes em esclarecer que o

jogo cumpre um importante papel na vida da criança desde na liberação de energia

a experiências através das imitações e relaxamento. Dentre estes s destacaram-se:

Herbert Spencer (1855) com a Teoria do excedente energético; Karl Groos (1898)

abordando a Teoria do Pré-exercício; Stanley Hall (1904) com a teoria da

recapitulação e Richard Lazarus que versa sobre a Teoria do relaxamento.

Jean Piaget estudou através de observações, a evolução da prática e da

consciência das regras do jogo. Esse teórico relaciona a brincadeira e o jogo com o

desenvolvimento cognitivo da criança, a partir de três elementos que demarcam as

seguintes classes: Exercício, símbolo e regra, classificando-os em quatro tipos:

Jogos de exercícios, de construção, simbólicos e de regras.

Com isso, percebe-se a importância dos jogos para o desenvolvimento da criança,

principalmente aqueles que têm uma natureza representativa, porque o jogo adota

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regras ou adapta cada vez mais a imaginação simbólica aos dados da realidade sob

forma de construções ainda espontâneas imitando o real e, segundo, João Batista

Freire (2002), a criança transfere para o brincar o que ela vivencia no seu cotidiano

desde as alegrias às frustrações.

Como a Psicanálise é também uma teoria da estrutura e funcionamento da mente

humana e um método de análise dos motivos do comportamento, não deixaria, é

claro, de influenciar nos jogos e brincadeiras, onde a criança é capaz de exteriorizar

seus sentimentos e para compreender acerca do jogo na perspectiva da psicanálise

Arminda Aberastury comprova que todo bebê entre 07 e 12 meses passa por um

período em que a genitalidade apresenta suas formas de descargas adequadas,

destacando-se especificamente: meter e retirar coisa, introduzir objetos penetrantes

em orifícios, explorar buracos, dentre outros.

Desde o período de recém-nascido a adaptação da criança ao mundo exterior se faz

primeiro pelas suas ações reflexas, que darão inicio a esquemas sensório-motores

fundamentais para o desenvolvimento do jogo na vida do ser humano, para

esclarecer Donald Woods Winnicott afirma que o brincar vem desde as relações

primárias do bebê com a mãe e se for construído um espaço de confiança e

segurança este poderá experimentar uma sensação de repouso e relaxamento que

lhe permite brincar sozinho com a presença ou não de sua genitora.

As atividades lúdicas atingem um caráter educativo, tanto na formação psicomotora,

como também na formação da personalidade das crianças. Assim, valores morais

como honestidade, fidelidade, perseverança, hombridade, respeito ao social e aos

outros são adquiridos, Por isso é importante compreender a classificação dos jogos,

que ajudarão na organização das atividades e na variação da formação na hora de

jogar.

Diante da grande variedade de jogos os educadores e educadoras deverão estar

atentos para organizar suas atividades tendo como observância os locais para

garantir o atendimento da complexidade e a forma de deslocamento, além de ser

criteriosos nas regras que estão estritamente ligadas ao tempo e as intensidades

nas atividades, no sentido de transformar os pequenos ou grandes jogos em ativos,

moderados ou calmos com funções específicas que serão atualizadas a partir de

sua formação.

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JOGOS COOPERATIVOS

Os jogos cooperativos diferem daqueles competitivos por conta dos objetivos

estarem em posições antagônicas. Embora, há uma finalidade em comum amparada

na diversão, os jogos cooperativos atentam para um diferencial que permite a união

grupal a partir da coletividade num processo de interação social em que os objetivos

são comuns, as ações compartilhadas e os benefícios distribuídos para todos.

É claro que não deve causar estranheza a nenhum dos tipos de jogos mesmo estes

apresentando situações e resultados diferenciados, pois os jogos devem ser

selecionados e aplicados de acordo com a circunstância observada pelo monitor

numa forma supervisionada.

Na perspectiva de abolir ganhadores ou perdedores os jogos cooperativos tendem a

contribuir na formação dos sujeitos oferecendo experimentos e desafios que levem a

construir novas atitudes, sobretudo de cumplicidade.

Brotto (2006) em seu livro “Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um

exercício de convivência” apresenta outra possível atitude do sujeito que pode

caracterizar “omissão”, pois o mesmo é desinteressado ao espírito de competição ou

cooperação, o que não deixa de representar uma forma de perceber a vida.

Podemos dizer que os Jogos Cooperativos são inspirados em celebrações de povos

de civilizações antigas, que se utilizavam da prática de rituais, dança e jogos em sua

cultura.

Existe uma grande variedade de jogos que não valoriza a condição de “ganhador” ou

“perdedor”, provocando um espírito de cooperação e desenvolvimento do exercício

de convivência entre os pares.

___________________

(*) Resumo científico apresentado como requisito avaliativo parcial do IV Semestre do Curso de Licenciatura em

Pedagogia, da disciplina Jogos, Recreação e Lazer, da Universidade Luterana do Brasil, ministrada pelo Ms.

Ramon Bispo dos Santos.

(**) Jorge Axé – Educador Popular do Ponto de Cultura ACAPEB/GONGOGI e ACEAI/ILHEUS.