1/Manejo do Solo funções do preparo do solo, observa-se, na Figura 1, a composição ideal de um...

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Manejo do Solo HALLAN, M.J. & BARTHOLOMEU, W.V. Influence of rate of plant residue addi- tion in accelarating the decomposition of soi! organic matter. Soil Sei. Soe, Proc., !.§.: 365-8, 1953. KAGE, H. Prática da adubação verde na Al- ta Mogiana, em São Paulo e Minas Ge- rais. In: ADUBAÇÃO verde no Brasil. Campinas, Fundação Cargill, 1984. p. 129-32. KAKDE, J .R. Hartening decomposition of incorporated green manure. Indian J. Agron., 10:443-6, 1965. LAZZARINI, S.; MORAES, F.F. de;CERVE- LINI, G. da S.; TOLEDO, S. de;CONA- GUEIREDO, 1.1. de; REIS, A.J.; CONA- GIN, A. & FRANCO, C.M. Cultivo de café em Latossolo Vermelho-amarelo da região de Batatais. Bragantia. 34: 229- 39,1975. MASCARENHAS, H. A. A.; HIROCE, R.; BRAGA, N.R.; MIRANDA, M.A.C. de; POMMER, C.V. & SAWASAKI, E. Efei- to do nitrogênio residual de soja na pro- dução do milho. Campinas, Instituto Agronômico, 1978. 16 p. (Boletim Téc- nico,58). MIYASAKA, S.; CAMARGO, O. A. de; CA- VALERI, P.A.; GODOY, l.J. de; CUR!, S.M.; LOMBARDI NETO, F.; MEDINA, I.C.; CERVELINI,·G. de S. & BULISA- NI, E.A. Adubação orgânica, adubação verde e rotação de culturas no estado de São Paulo. Campinas, Fundação Cargill, 1983. MUZZILI, O.; OLIVEIRA, E.L.; GERAGE, A.C. & TORNERO, M.T. Adubação ni- trogenada em milho no Paraná. Hl. In- fluência da recuperação do solo com adubação verde de inverno nas respostas à adubação nitrogenada. Pesq. Agropec. Bras., BrasÍlia, 18(1): 23-7,1983. NEME, N.A. Leguminosas para adubos ver- des e forragens. São Paulo, Divisão de Fomento Agrícola, 1934. 5 p. (Bole- tim,3). PACHECO, E.G. & OLIVEIRA, A.C. de. Efei- tos da adubação verde com leguminosas perenes e do preparo do solo sobre a pro- dução de milho. In: REUNIÃO BRASI- LEIRA DE MILHO E SORGO, 13., Lon- drina, 1980. Coletânea de resumos ... Londrina, PR. 1980. p. 125. PLICE, M.I. Effects os sixteen years of green manuring on the fertility of KIRKLAND silt loan soil. Soil Sei. Soe. Amer. Proc., !2: 238-9, 1950. SÃO JOSÉ, A.A. O milho: como produzi-Io 40 melhor e mais barato. Revista Ceres, 1: 141-63,1939. VASCONCELLOS, C.A.; PACHECO, E.B.; CRUZ, J.C. & FRANÇA, G.E. de. Adu- bação verde nas culturas do milho e do sorgo. In: ADUBAÇÃO verde no Brasil. Campinas, Fundação Cargill, 1984. p. 18-29. VASCONCELLOS, C.A.; SANS, L.M.A.; PA- CHECO, E.B. Influência da rotação de culturas no sistema radicular do milho e em algumas características químicas de um Latossolo Vermelho-escuro Dis- trófico da região de Sete Lagoas. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 16., Belo Horizonte, 1986. Resumo . . . Sete Lagoas, EMBRAP AI CNPMS, 1986. p. 99. VIEGAS, G.P.; FREIRE, E.S. & FRAGA JÜNIOR, C.G. Adubação do milho. XVI. Ensaios com mucuna intercalada e adubos minerais. Bragantia, 19: 909-41, 1960 a. VIEGAS, G.P.; GARGANTINI, H.; FREIRE, E.S. Adubação do milho. XIII. Efeitos da mucuna, do calcário e de outros adu- bos sobre as propriedades químicas do solo. Bragantia, Campinas, 19: 91-100, 1960 b. - VIEIRA, C. Efeito da adubação verde inter- calar sobre o rendimento do milho. Ex- perientiae, 1(1):1-24,1961. Ramon Costa A/varenga 1/ José Car/os Cruz ~ Edson Bolivar Pacheco ;Jj o preparo do solo consiste no conjunto de operações que antecedem ao plantio e tem por objetivo principal alterar algumas de suas propriedades fí- sicas, deixando-o em condições de rece- ber a semente e favorecer o crescimento inicial das plantas. Para a cultura, o preparo do solo deverá fornecer as condições necessárias, até uma certa profundidade, ao bom arejamento e umidade, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular e, conseqüentemente, levando a uma pro- dução máxima de grãos dentro das pos- sibilidades de clima e nutrição da planta. Do ponto de vista conservacionista, o preparo deverá manter a estrutura do solo com baixa probabilidade de desa- gregação e transportabilidade de suas partículas por água ou vento, aumentan- do a capacidade de inftltração, de modo a reduzir a enxurrada e erosão a um mí- nimo tolerável. Para um melhor entendimento das 11 Engv Agrl?,M.Sc. - Pesq./EMBRAPA/EPAMIG - Caixa Postal 295 - 35.700 Sete Lagoas-MG. 21 Eng? Agr9, Ph.D. - Pesq./EMBRAP A/CNPMS - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG. 'j) Eng9 Agr9, M.Sc. - Pesq./EMBRAPA/CNPMS - Caixa Posta1151 - 35.700 Sete Lagoas-MG. Inf, Agropec., Belo Horizonte,.u (147) março de 1987

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  • Manejo do Solo

    HALLAN, M.J. & BARTHOLOMEU, W.V.Influence of rate of plant residue addi-tion in accelarating the decomposition ofsoi! organic matter. Soil Sei. Soe, Proc.,!.§.: 365-8, 1953.

    KAGE, H. Prática da adubação verde na Al-ta Mogiana, em São Paulo e Minas Ge-rais. In: ADUBAÇÃO verde no Brasil.Campinas, Fundação Cargill, 1984. p.129-32.

    KAKDE, J .R. Hartening decomposition ofincorporated green manure. Indian J.Agron., 10:443-6, 1965.

    LAZZARINI, S.; MORAES, F.F. de;CERVE-LINI, G. da S.; TOLEDO, S. de;CONA-GUEIREDO, 1.1. de; REIS, A.J.; CONA-GIN, A. & FRANCO, C.M. Cultivo decafé em Latossolo Vermelho-amarelo daregião de Batatais. Bragantia. 34: 229-39,1975.

    MASCARENHAS, H. A. A.; HIROCE, R.;BRAGA, N.R.; MIRANDA, M.A.C. de;POMMER, C.V. & SAWASAKI, E. Efei-to do nitrogênio residual de soja na pro-dução do milho. Campinas, InstitutoAgronômico, 1978. 16 p. (Boletim Téc-nico,58).

    MIYASAKA, S.; CAMARGO, O. A. de; CA-VALERI, P.A.; GODOY, l.J. de; CUR!,S.M.; LOMBARDI NETO, F.; MEDINA,I.C.; CERVELINI,·G. de S. & BULISA-NI, E.A. Adubação orgânica, adubaçãoverde e rotação de culturas no estado deSão Paulo. Campinas, Fundação Cargill,1983.

    MUZZILI, O.; OLIVEIRA, E.L.; GERAGE,A.C. & TORNERO, M.T. Adubação ni-trogenada em milho no Paraná. Hl. In-fluência da recuperação do solo comadubação verde de inverno nas respostasà adubação nitrogenada. Pesq. Agropec.Bras., BrasÍlia, 18(1): 23-7,1983.

    NEME, N.A. Leguminosas para adubos ver-des e forragens. São Paulo, Divisão deFomento Agrícola, 1934. 5 p. (Bole-tim,3).

    PACHECO, E.G. & OLIVEIRA, A.C. de. Efei-tos da adubação verde com leguminosasperenes e do preparo do solo sobre a pro-dução de milho. In: REUNIÃO BRASI-LEIRA DE MILHO E SORGO, 13., Lon-drina, 1980. Coletânea de resumos ...Londrina, PR. 1980. p. 125.

    PLICE, M.I. Effects os sixteen years of greenmanuring on the fertility of KIRKLANDsilt loan soil. Soil Sei. Soe. Amer. Proc.,!2: 238-9, 1950.

    SÃO JOSÉ, A.A. O milho: como produzi-Io

    40

    melhor e mais barato. Revista Ceres, 1:141-63,1939.

    VASCONCELLOS, C.A.; PACHECO, E.B.;CRUZ, J.C. & FRANÇA, G.E. de. Adu-bação verde nas culturas do milho e dosorgo. In: ADUBAÇÃO verde no Brasil.Campinas, Fundação Cargill, 1984. p.18-29.

    VASCONCELLOS, C.A.; SANS, L.M.A.; PA-CHECO, E.B. Influência da rotação deculturas no sistema radicular do milhoe em algumas características químicasde um Latossolo Vermelho-escuro Dis-trófico da região de Sete Lagoas. In:CONGRESSO NACIONAL DE MILHOE SORGO, 16., Belo Horizonte, 1986.Resumo . . . Sete Lagoas, EMBRAPAI

    CNPMS, 1986. p. 99.

    VIEGAS, G.P.; FREIRE, E.S. & FRAGAJÜNIOR, C.G. Adubação do milho.XVI. Ensaios com mucuna intercalada eadubos minerais. Bragantia, 19: 909-41,1960 a.

    VIEGAS, G.P.; GARGANTINI, H.; FREIRE,E.S. Adubação do milho. XIII. Efeitosda mucuna, do calcário e de outros adu-bos sobre as propriedades químicas dosolo. Bragantia, Campinas, 19: 91-100,1960 b. -

    VIEIRA, C. Efeito da adubação verde inter-calar sobre o rendimento do milho. Ex-perientiae, 1(1):1-24,1961.

    Ramon Costa A/varenga 1/José Car/os Cruz ~

    Edson Bolivar Pacheco ;Jj

    o preparo do solo consiste noconjunto de operações que antecedemao plantio e tem por objetivo principalalterar algumas de suas propriedades fí-sicas, deixando-o em condições de rece-ber a semente e favorecer o crescimentoinicial das plantas.

    Para a cultura, o preparo do solodeverá fornecer as condições necessárias,até uma certa profundidade, ao bom

    arejamento e umidade, favorecendo odesenvolvimento do sistema radicular e,conseqüentemente, levando a uma pro-dução máxima de grãos dentro das pos-sibilidades de clima e nutrição da planta.

    Do ponto de vista conservacionista,o preparo deverá manter a estrutura dosolo com baixa probabilidade de desa-gregação e transportabilidade de suaspartículas por água ou vento, aumentan-do a capacidade de inftltração, de modoa reduzir a enxurrada e erosão a um mí-nimo tolerável.

    Para um melhor entendimento das

    11 Engv Agrl?,M.Sc. - Pesq./EMBRAPA/EPAMIG - Caixa Postal 295 - 35.700 Sete Lagoas-MG.21 Eng? Agr9, Ph.D. - Pesq./EMBRAP A/CNPMS - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG.'j) Eng9 Agr9, M.Sc. - Pesq./EMBRAPA/CNPMS - Caixa Posta1151 - 35.700 Sete Lagoas-MG.

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  • Manejo do Solo

    funções do preparo do solo, observa-se,na Figura 1, a composição ideal de umsolo, mostrando algumas relações entreas porcentagens dos seus principais com-ponentes ideais ao crescimento vegetal.Por ser apenas um modelo teórico, umsolo dessa natureza dificilmente será en-contrado na prática.

    objetivo do preparo do solo é a obten-ção de uma estrutura que seja benéficaao desenvolvimento das plantas. Emou tras palavras, haveria na linha deplantio uma faixa de solo firme, bomcontato capilar com o subsolo e semcrosta superficial e uma outra faixa,en tre as fileiras, com solos mais soltos,

    com torrões maiores, que permitiriamaior infiltração e aeração, além de pre-vinir perdas de água por evaporação.

    MUDANÇAS NAESTRUTURA COM OPREPARO DO SOLO

    Ar20-30%

    ESPAÇO

    DOSPORO'~~~~~~~~

    Fig. 1 - Composição volumétrica de um solo.Fonte:Brady (1979).

    o que se deve ter em mente é que,quando o solo apresentar boas condi-ções para o crescimento vegetal, o seupreparo deve ser tal que suas caracte-rísticas sejam mantidas, o que se conse-gue por meio de alternância da profun-didade da aração, pelo manejo da maté-ria orgânica, pela adoção de um sistemaque mobilize menos o solo e, quandoviável, pelo uso do plantio direto. Já nocaso de um solo degradado, o manejodeverá ser tal que permita a sua recupe-ração através da utilização de equipa-mentos mais adequados, manejo de resí-duos vegetais e eliminação de operaçõesdesnecessárias.

    Historicamente, o preparo do soloera necessário para eliminar a competi-ção entre plantas daninhas e a lavoura edeixá-Ia solto para o plantio. SegundoKohnke (1968), quando se usa controlequímico de plantas daninhas, o principal

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    Acredita-se que há uma deterioraçãoda estrutura do solo sob cultivo.

    O efeito de cultivo intenso no tama-nho de agregados estáveis em água foiestudado por Grohmann (1960), citadopor Sanchez (1976), em um Oxisol(Terra Roxa Legítima) e em um Ultisol(Massapé). Os resultados, mostradosno Quadro 1, indicam que o cultivoreduz à metade, em ambos os solos, apercentagem de agregados maiores doque 2 mm. Segundo o autor, estes agre-gados menores podem obstruir macro-poros entre os agregados maiores e dimi-nuir a infiltração de água.

    O decréscimo na taxa de infiltração(de 82 para 12 cm/h) foi também obser-vado por Moura & Boul (1972), citadospor Sanchez (1976), trabalhando em La-tossolo Roxo, em Minas Gerais (Quadro2). O decréscimo na infiltração foiassociado ao significativo decréscimonos macroporos tanto no horizonte Aquanto no B, enquanto que a mudançanos microporos permaneceu quase inal-terada. A compactação por máquinasfoi considerada a causa do decréscimo

    ,

    QUADRO 1 - Efeito do Cultivo Intenso sobre a Estabilidade dos Agregadosde Um Oxisol (Terra Roxa Legítima) e de um Ultisol (Massapé)

    Tamanho Terra Roxa Legítima Podzóficodos .

    Agregados Floresta Cultivado Pastagem Cultivado(mm)

    ,

    >2 84,2 48,2 80,8 36,02 -1 . 1,1 13,2 7,2. 11,11 - 0,5 0,5 13,0 3,9 6,60,5 - 0,21 0,5 15,1 4,2 12,5

    < 0,21 13,7 .10,5 3,9 33,8

    FONTE: Grohmann (1960), citado por Sanchez (1976).

    ,

    41

  • Manejo do Solo

    QUADRO 2 - Efeito do Cultivo sobre a Infiltração de Água em um Latosso-10 Roxo do Triângulo Mineiro

    Propriedade do Solo Recentemente Cultivado AnualmenteDesmatado há 15 Anos

    Infiltração (cm/h) 82 12.Macroporos, horizonte A (%) 25 11Macroporos, horizonte B (%) 34 13Microporos, horizonte A (%) 33 32

    . Microporos, horizonte B (%) 30 33

    FONTE: -Sanchez (1976) - Adaptado.

    na macroporosidade.A queda da taxa de infiltração de

    82 para 12 cm/h poderia ser consideradabenéfica, porque reduziu as perdas porpercolação e lix iviação. Esta pode seruma das explicações para os dadosobtidos por Mantovani (1984) que mos-traram uma tendência de se obteremmaiores produtividades de milhoquando o solo LE era ligeiramente com-pactado.

    Queiroz Neto et aI (1966), traba-lhando em um Podzólico Vermelho-amarelo Orto, mostraram a influênciaexercida pelo cultivo intenso provocandouma redução na quantidade de agrega-dos maiores e um aumento considerávelde instabilidade dos agregados.

    COMPACTAÇÃO DO SOLO

    Brady (1979) e Baver et ai (J 972)relataram a ocorrência de camadascompactadas no fundo da camada ará-vel, em vários tipos de solo. Segundo osautores, estas camadas compactadaspodem ter sido causadas pelos efeitoscom binados de operações de preparo dosolo e outras operações na fazenda

    Esta camada compactada chamadapé-de-arado ou pé-de-grade tem sido ob-servada também em solos brasileiros, ge-ralmente associada ao uso da grade pesa-da que compacta o solo imediatamenteabaixo da profundidade de operação,devido ao seu peso elevado, principal-mente em regiões onde o preparo dosolo é feito continuamente numa mes-ma profundidade. A ocorrência de pé-de-grade é muito comum em extensas

    42

    áreas do Brasil Central, onde o empregoda grade pesada é muito freqüente. Pararomper esta camada, que normalmentese localiza em tomo de 15 em da super-fície do solo, recomenda-se o empregode aração mais profunda abaixo destacamada compactada.

    Baseado neste princípio, pesquisa-dores do CNPAF (Seguy et ai 1984) in-dicaram que para um bom preparo dosolo, principalmente em áreas infestadascom plantas daninhas, na presença decamada impermeável próxima à superfí-cie e restos culturais, deve-se primeirorealizar a trituração destes materiais, uti-lizando-se grade aradora, niveladora ouambas, seguindo-se de ração, com aradode aiveca ou de disco. Confirmando osbons resultados desta prática, há o de-poimento de vários agricultores e os re-sultados obtidos no CNPMS mostradosno Quadro 3.

    PREPAROINTENSO DO SOLO-

    Trabalhos conduzidos por Marques& Bertoni (1961), em alguns locais doestado de São Paulo, concluíram que doponto de vista de produção, em áreas comgrande incidência de plantas daninhaso uso de duas arações foi mais eficienteque apenas uma. No mesmo experimen-to, o preparo de subsuperfície (arado deaiveca sem a telha tombadora) propor-cionou um menor controle de plantasdaninhas e, conseqüentemente, menoresproduções que as obtidas com a aração.

    Do ponto de vista de conservaçãodo solo, a maior desvantagem no empre-go do arado reside no fato de este nãodeixar resíduos de cultura anterior sobrea superfície do solo e também por pro-mover a sua desagregação. Por ou tro lado,a intensificação do preparo do solo, coma repetição da aração, intensifica as per-das de solo por erosão (Quadro 4).

    Grohmann & Arruda (1961) ava-liaram o emprego de duas arações comoutros sistemas de preparo do solosobre a estrutura de Terra-Roxa-Legíti-ma. No tratamento com duas arações,ou com a grade de discos, os agregadosapresentaram um diâmetro médio geo-métrico bem menor do que nos demaistratamentos (Quadro 5).

    MANEJO DOSRESTOS CULTURAIS

    o manejo de restos culturais deveser um a das preocu pações nas operaçõesde preparo de solo, uma vez que esta va-

    QUADRO 3 - Médias de Produção de Milho (kg/ha) em Sucessão de CulturasIrrigadas e Manejo da Palhada, nos Anos 1984/85 e 1985/86, CNPMS/SeteLagoas, MG

    Tratamentos 1984/85 1985/86 Média

    Queima palhada + aração + grade niveladora 5.069 5.020 5.044Grade pesada + aração 5.296 4.209 4.752Roçar + aração + grade niveladora 4.620 3.396 4.008Não roçar + aração + grade niveladora 4.484 .3.216 3.850Queima + plantio direto 4.407 2.436 3.421Roçar + plantio direto 4.082 1.870 2.976Não roçar + plantio direto 3.979 1.906 2.942

    FONTE: EMBRAPA/CNPMSq

    Inf. Agropec., Belo Horizonte, 11 f}47) março de 1987

  • Manejo do Solo

    QUADRO ~ - Efeito de Alguns Sistemas de Preparo do Solo sobre as Perdas.de Terra e Agua por Erosão em Solo Arenito Bauru, Cultivado com Milho naEstação Experimental de Pindorama, no Período de 1944/45 a 1956/57, To-mando-se como Base uma Precipitação Anual Média de 1.117 mm

    Perdas de Terra Perdas de Água Produção deTratamentos (t/ha) sobre a Milho

    Chuva (%) (kgjha),

    Duas arações 16,7 5,S- 1.915

    Uma aração 14,5 5,4 1.992

    Subsuperfície 8,3 4,1 1.734

    FONTE: Marques & Bertoni (1961).

    QUADRO 5 - Distribuição dos Ta-manhos de Agregados em Diferen-

    !-";"résTratamentos de Preparo do Solo'H

    Diâmetro MédioTratamento Geométrico

    (mm)

    Duas arações 0,54Uma aração 0,70Sulcador 0,69Grade de Discos 0,58Enxada 0,95

    FONTE: Grohmann & Arruda (1961).

    riável pode afetar significativamente asperdas de solo e água. Segundo Manne-ring (s.d.), a cobertura morta é efetiva,porque protege o solo contra a desagre-gação, minimiza o encrostamento super-ficial e, deste modo.jiermite maior infil-tração da água no solo e reduz a veloci-dade de enxurrada e transporte de sedi-mentos. O autor mostra que pequenasquantidades de resíduos reduzem signi-ficativamente as perdas de solo e água(Quadro 6).

    Resultados obtidos no Paraná (Fun-dação Instituto Agronômico do Paraná1982) indicam que, com 5,3 tlha de pa-lha sobre a superfície, obtém-se uma re-dução nas perdas de solo de 76% e 53%de água. Verificou-se ainda que oaumento do número de gradagens nive-ladoras sobrepõe-se ao efeito da palha,quando esta é enterrada pela aração, eli-

    QUADRO 6 - Efeito de DiferentesQuantidades de Resíduo-na Super-fície do Solo nas Perdas de Solo eÁgua If--Resíduo Perdas de Perdas de I,(t/ha) Água Solo

    II

    (% de Chuva) (t/ha) I

    ° 45 29,70,62 40 7,411,24 25 2,472,47 0,5 0,744,94 0,1 °.9,88 ° °

    FONTE: Mannering (s.d.) - Adaptado.

    minando seu efeito benéfico.Viegas (1966), baseando-se em

    vários anos de experimentação noestado de São Paulo, observou que oefeito da palha sobre a superfície em re-lação àquela que é enterrada pode seravaliado por uma redução de 67% emperdas de terra e 64% em perdas deágua.

    Os resultados de perda de solos emfunção do manejo da palhada (Quadro7), em trabalho realizado pelaEMBRAPA/CNPT (1982), também evi-denciam a grande eficiência dos restosculturais no controle de erosão quandoincorporados ou mantidos sobre o solo.

    CONCLUSÕESPode-se observar que nas condições

    brasileiras e principalmente mineirasainda são poucos os trabalhos queestudam as práticas de preparo dosolo e os seus efeitos sobre o solo e asculturas. Além disso, existem poucasopções em termos de equipamentosdisponíveis no mercado.

    A escolha de um método de prepa-ro para determinada região deveria sertomada levando-se em conta os equipa-mentos disponíveis, o tipo de solo e ascondições climáticas locais .

    A ex trapolação dos resultados pararegiões edafoclimáticas diferentes, semque se observem esses pontos, poderá

    QUADRO 7 - Perdas Médias do Solo por Erosão, nos Anos Agrícolas de1976/77 a 1979/80, sob Chuva Natural em Três Métodos de Manejo de Solo,com as Culturas de Trigo e Soja, CNPT/EMBRAPA

    Perdas de Solo em tlhal Ano 'Agrícola, Tratamentos Média

    1976j77 1977/78 1978/79 1979/80

    1. Preparo convencional(1 lavra + 2 gradagens) 15,2 7,2 1,1 27,5 12,8Queima da palha

    2. Preparo convencional(llavra + '2 gradagens) 3,8 4,2 0,7 6,2 3,7Incorporação da palha

    3. Sem preparo(plantio direto) 1,5 0,8 0,4 1,7 1,1Palha na superfície

    FONTE: EMBRAPA/CNPT (1982). I

    Inf. Agropec., Belo Horizonte,!l (147) março de 1987 43

  • Manejo do Solo

    contribuir para o insucesso da explora-ção.

    PRINCIPAISIMPLEMENTOS DE

    PREPARO DO SOLO

    Ex istem atualmen te no mercadovários implementos para o preparo dosolo e, para cada um deles, variaçõesquanto a forma, peso, número e tama-nho das partes ativas (por exemplo ~número e tamanho de discos). Dessaforma, poderá haver situações em quedeterminado implemento seja maisadaptado que outro.

    Por essas razões, a seguir serão des-critos os principais implementos de pre-paro do solo e a adaptabilidade de cadaum frente às situações mais comuns queve encontram no campo.

    GRADEARADORAOU GRADE PESADA

    Este implernento tem tido o seu usoaumentado nos últimos anos, principal-mente nas áreas de expansão da agricul-tura, levando a crer que a opção por es-se implemento se fez em função da pos-sibilidade de se obter um maior rendi-mento do serviço, além de se consegui-rem a aração e gradagem somente comesse implemento.

    Em áreas recém -desbravadas, ondeainda ex istam tocos e raizes, o seu em-prego permite um trabalho satisfatório,uma vez que os seus discos passam porcima de tais obstáculos. Também ondeexiste grande quantidade de massa vege-tal (restos de culturas e plantas invaso-ras), esta grade trabalha bem, pois picaesse material, embora a sua incorpora-ção seja mais superficial. Podem sur-gir dois problemas: aparecerá umamaior deficiência de nitrogênio pelamenor área na qual se processará a de-composição do material vegetal, alémde, logo após as primeiras chuvas, ocor-rer a germinação das sementes de inva-soras, aumentanto os gastos com herbi-cidas e capinas manuais, como foi veri-ficado por Seguy et ai (1984). Nessasituação, a utilização do arado após atrituração da massa vegetal aparececomo prática correta para minimizaresses problemas.

    44

    Como seu próprio nome indica, agrade pesada utiliza-se de seu peso parapenetrar no solo e, dessa forma, após sus-cessivos anos de cultivo, vai haver a for-mação do pé-de-grade, que nada mais édo que uma camada compacta da for-mada logo abaixo da profundidade decorte da grade, a 10-15 em. Essa cama-da compactada, por sua vez, é responsá-vel por uma série de fenômenos indese-jáveis que passam a ocorrer no solo, taiscomo:

    ~ redução da infiltração de águano solo que por sua vez irá favorecerum maior escorrirnento superficial e,conseqüentemente, a erosão. A grade pe-sada é um implemento que pulverizamuito o solo, e essa pulverização é tantomaior quanto maior for O número de ve-zes em que ela for utilizada. Entretantoum solo totalmente solto, sem torrões,não é sinônimo de um bom preparo dosolo;

    ~ incorporação de corretivos eesporadicamente de fertilizantes a me-nores profundidades, a qual, associada àex istência de uma camada compactadalogo abaixo, vai estimular o sistema radi-cular das culturas a permanecer nessaparte superficial do solo, explorandoportanto menor volume de solo, ficandomais vulnerável a veranicos ·que porven-tura ocorram durante o ciclo da cultura,o que refletirá em prejuízos para o agri-cultor. -

    ARADO DE DISCO

    No Brasil quando se diz preparoconvencional do solo, subentende-seuma aração com arado de disco maisgradagens de nivelamento, geralmenteduas ou três. Isso retrata a utilização ge-neralizada desse implemento, principal-mente pela sua adaptabilidade aos váriostipos e condições de solo, como solosrecém-desbravados onde ex istam muitasraízes e tocos, solos pedregosos etc.

    Esse arado trabalha a uma profun-didade média de 20 em, incorporandoaté esta profundidade os resíduos vege-tais e plantas daninhas, sendo que, paracondições onde a massa vegetal é muitodensa, necessário se faz triturar essematerial para que o arado de disco nãoapresente problemas de embuchamento.

    Abaixo da zona revolvida peloarado, quando se faz a aração a uma

    mesma profundidade, há o aparecimen-to de uma camada compactada (pé-de-arado) cuja influência é semelhanteàquela formada pela grade aradora.

    ARADO DE AIVECA

    Embora tenha sido o primeiro im-plemento de preparo do solo a sercriado, no Brasil a sua utilização é muitolimitada, embora existam trabalhos mos-trando seus efeitos positivos no solo enas plantas (Salgado 1979 e Alvarenga1982).

    Esse arado consegue penetrar nosolo até maiores profundidades (20-40 em) em função das características desuas peças, sem que para isso se neces-site de peso adicional. Ele faz umamelhor inversão da camada arada dosolo que o arado de disco, promovendoum melhor enterrio de restos vegetais esementes de invasoras, fazendo ummelhor controle dessas.

    Quando utilizado adequadamente,ou seja, com um teor ideal de umidadeno solo,o preparo secundário do soloou destorroamento e nivelamento édispensável, pois a superfície formadaapós o tombamento da leiva propor-ciona condições para o plantio.

    O arado de aiveca é um implementoimpróprio para áreas recém-desbravadas,onde ainda ex istam tocos e raízes, etam bém para terrenos pegajosos, turfo-sos e arenosos (Seguy et ai 1984). Paraterrenos pegajosos, o arado de aivecacomum, ou seja, com a aiveca interiça,não é recomendado, pois o solo irá sencumular na aiveca; entretanto, já exis-tem no mercado arados com aiveca re-cortada, próprios para trabalhar nessetipo de solo. No caso de solos de várzea(Aluvial-argiloso), em testes realizados naFazenda Ex perimen tal de Santa Rita daEPAMIG, esse tipo de arado trabalhounormalmente, promovendo praticamen-te o enterrio total da palha do arroz edeixando uma superfície que propor-cionou o plantio com apenas uma gra-dagem de nivelamento. Nessa ocasiãoo arado estava equipado com discospara cortar o material vegetal e comroda reguladora de profundidade decorte.

    ARADO ESCARI FICADORA característica desse arado é a

    Inf. Agropec .. Belo Horizontev lS (147) março de 1987

  • Manejo do Solo

    de que, no preparo, ele somente afrou-xa o solo, ou seja, quebra a sua estrutu-ra sem, contudo, revolvê-lo muito e semdestruir os agregados. Pode ser usadotambém para quebrar camadas compac-tadas. Para sua utilização, é necessárioque o solo esteja mais seco. Esse irnple-mento proporciona um maior rendimen-to que os outros arados, além de umbom desenvolvimento radicular e, porocasião do início de desenvolvimento dacultura, permite que haja uma boa infil-tração de água e proteção superficial dosolo, pois grande parte dos resíduosvegetais permanece sobre a sua superfí-cie.

    Por outro lado, como o arado de ai-veca, o escarificador não é próprio paraáreas recém-desbravadas, e também paraáreas onde haja uma massa vegetal mui-to densa, o que irá causar o seu constanteembuchamento, havendo portanto, nes-ses casos, a necessidade de uma grada-gem para picar o material , facilitandoassim a operação com o escarificador.Como este arado não inverte a camadasuperficial do solo, haverá naturalmenteuma pronta emergência de plantas daní-

    "as, o que aumentará a necessidade decapinas para eliminar a competição coma cultura. '

    ENXADA ROTATIVA

    A enxada rotativa é largamente uti-lizada em áreas de olericultura e em vár-zeas para plantio de arroz, como imple-mento de preparo primário do solo. Nopreparo secundário, é utilizada para que-brar os torrões deixados pela araçãocom arado ou grade pesada, e nivelar oterreno.

    Mesmo quando se faz uma regulagemque permita a manutenção de torrõesmaiores sobre a superfície do solo, a suautilização resulta num alto grau de pul-verização do solo, o que, em áreas comalguma declividade, favorece sobrema-neira a erosão.

    Geralmente trabalha a uma profun-didade de 10 a 15 em e, quando utiliza-da sucessivamente, vai dar origem a umacamada compactada abaixo da profundi-dade de corte.

    As mesmas conseqüências de umpreparo superficial do solo, como no ca-so da grade pesada, podem ser estendi-

    das à enxada rotativa.

    GRADES DESTORROADORAS

    E NIVELADORAS

    São implementos utilizados no pre-paro secundário do solo, com o objetivode quebrar os torrões ou nivelar o ter-reno.

    Existe uma grande variação dessesimplementos quanto ao número de dis-cos, tipo (recortado, liso), tamanho etc.

    Segundo Seguy et ai (1984), as gra-des destorroadoras possuem conjuntosde discos dispostos em forma de "X"(Tandem), e seu uso deve-se dar apósa aração. Já as grades niveladoras pos-suem os conjuntos de discos na formade "V", devendo ser usadas antes doplantio.

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