1 INTRODUÇÃO - Univali...A partir da II Guerra Mundial, a evolução da logística militar...
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1 INTRODUÇÃO
Mesmo no mundo primitivo, o homem nunca encontrou em apenas um local
uma oferta que suprisse todas as suas necessidades de consumo, tornando-se
necessário seu deslocamento em busca de sustento. Em uma economia mundialmente
integrada, como se apresenta hoje, estas trocas acontecem através de exportações e
importações, de forma a abastecer as necessidades das mais diversas populações.
O Brasil tem se destacado por seu constante aumento no volume das
exportações nos últimos anos. Entretanto, no decorrer dos anos 2007 e 2008,
observou-se uma redução do volume das exportações em comparação às importações.
Diversos fatores, estruturais e contextuais, têm contribuído para essa redução. Entre os
fatores estruturais, destacam-se a deficiência e os altos custos do sistema logístico
nacional.
Busca-se, através da logística, a melhor maneira de transportar uma
mercadoria entre dois pontos com o menor custo e tempo e maior qualidade. Dentro
desse conceito, fica clara a importância do processo logístico em uma operação de
exportação.
Cerca de 95% das exportações brasileiras são realizadas por via marítima.
Nesse sentido, a infra-estrutura e a logística portuária possuem relação direta com a
competitividade das operações.
No estado de Santa Catarina, o Porto de Itajaí, segundo em movimentação de
contêineres no país, destaca-se como um dos principais pontos de escoamento da
produção da indústria exportadora catarinense.
A pesquisa buscou identificar a importância do Porto de Itajaí no comércio
exterior brasileiro e a influência dos processos logísticos nas exportações. Foram
apresentadas ainda as condições de infra-estrutura portuária do Porto de Itajaí, bem
como suas atividades principais e, a percepção de seus usuários a respeito de seus
serviços.
O trabalho foi construído primeiramente com a postulação de um referencial
teórico, seguido da análise dos resultados e das considerações finais.
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1.1 Objetivo geral
Apresentar a percepção dos exportadores catarinenses sobre os serviços
prestados e a infra-estrutura do Porto de Itajaí.
1.2 Objetivos específicos
- Descrever as atividades desempenhadas pelo Porto de Itajaí – Terminal de
Contêineres do Vale do Itajaí (TECONVI) e cais público;
- Apresentar a estrutura portuária do referido porto;
- Verificar a importância do Porto de Itajaí para o comércio exterior catarinense
e brasileiro.
1.3 Justificativa
Processos logísticos eficazes resultam em maior competitividade nas
operações de comércio exterior. Dessa forma, é fundamental à comunidade empresarial
ter acesso à estudos logísticos atualizados.
Para a acadêmica, a pesquisa é de grande importância, pois objetiva adquirir
novos conhecimentos a respeito do assunto, além de aprimorar o aprendizado
adquirido ao longo do curso.
O trabalho também é relevante para a Universidade e para o curso de Comércio
Exterior, pois cria uma fonte de consulta e pesquisa para acadêmicos que pretendam
aprofundar-se no tema.
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1.4 Abordagem geral do problema
A otimização dos processos logísticos pode garantir diversos níveis de
competitividade às empresas devido aos inúmeros fatores que podem ser gerenciados.
Em processos de exportação, a logística possui importância fundamental no que tange
a competitividade e cumprimento de prazos. Os portos são o elo essencial entre as
cargas e o mercado internacional e sua eficiência e eficácia afetam diretamente o fluxo
das mercadorias com destino ao exterior.
Há hoje uma percepção generalizada de que os avanços em infra-estrutura
estão paralisados e que os gargalos logísticos podem frear o crescimento econômico e
das exportações. Por serem o último elo da cadeia de exportação, os portos se tornam
os pontos mais visíveis das deficiências que começam muito antes, em praticamente
todos os pontos do sistema logístico.
Com base nesses fatos, apresenta-se uma questão crucial: os aspectos
qualitativos da prestação de serviços portuários denotam competitividade aos Portos?
1.5 Questões específicas
a) A forma de atuação dos portos brasileiros é algo que restringe a
competitividade?
b) A infra-estrutura de transporte está adequada ao crescimento e a demanda
do comércio exterior?
c) Como pode ser caracterizada a competitividade do Porto de Itajaí?
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1.6 Pressupostos
a) Os portos brasileiros operam fundamentalmente com cargas de exportação,
sendo em grande parte especializados em determinado tipo de carga. A especialização
em um tipo específico de carga tem aumentado a produtividade dos portos. O aumento
de eficiência também tem sido observado nos terminais arrendados à iniciativa privada.
Porém, este aumento de produtividade ainda não é suficiente para equalizar a
competitividade dos portos brasileiros com os portos europeus e asiáticos.
A baixa eficiência dos terminais e os seus altos custos de operação acabam
influenciando nos prazos de entrega e nos preços dos produtos, afetando a
competitividade das mercadorias no exterior.
b) O crescimento das operações de importação e exportação, além do
acréscimo no volume do comércio interno, tem sobrecarregado a infra-estrutura de
transportes do país. Esse aumento tem deixado claras as fragilidades do sistema
logístico. As rodovias de acesso aos principais portos estão em más condições de
conservação e apresentam pouca segurança aos seus usuários, a malha ferroviária é
praticamente inoperante e os portos estão próximos de seu limite operacional.
O crescimento da infra-estrutura não tem acompanhado o ritmo do crescimento
do volume de mercadorias transportadas no país, o que acaba criando gargalos
logísticos nos pontos mais frágeis do sistema. Os portos são o ponto onde as
deficiências ficam mais visíveis, pois são o último ponto da movimentação da carga no
mercado interno.
c) O Porto de Itajaí teve um aumento expressivo em seu volume de carga nos
últimos anos. Sua estrutura física, bem como a estrutura das rodovias que dão acesso
ao terminal está aquém da demanda. É comum verificar o porto com sua capacidade de
armazenagem próxima ao limite, sendo necessária a utilização do Porto Seco, que nos
em algumas ocasiões também opera próximo a seu limite operacional.
Essas fragilidades acabam por reduzir a competitividade portuária e, muitas
vezes, seus usuários acabam direcionando as cargas a outros terminais com a
finalidade de reduzir os custos e cumprir os prazos de entrega das mercadorias.
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2 METODOLOGIA
Este capítulo apresenta o método de pesquisa utilizado. São descritos o tipo de
pesquisa, a área de abrangência, coleta e tratamento dos dados e a apresentação dos
resultados.
2.1 Tipo de Pesquisa
Esta pesquisa é de natureza qualitativa, com dados quantitativos, do tipo
exploratória. O método predominante foi o estudo de caso, que busca examinar um
fenômeno dentro de seu contexto. Segundo Lakatos e Marconi (1990), um estudo de
caso exploratório consiste em: (a) uma tradução precisa dos fatos; (b) a consideração
de explicações alternativas destes fatos; e (c) uma conclusão baseada naquela
explicação que parece ser a mais congruente com os fatos.
2.2 Área de Abrangência
O estudo insere-se na área de Comércio Exterior, mais especificamente no
segmento de transporte e infra-estrutura portuária.
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2.3 Coleta e tratamento dos dados
Os dados (secundários) foram coletados através de pesquisa bibliográfica em
livros, artigos, periódicos, órgãos ligados à pesquisa do tema e sites especializados. Já
os dados primários foram obtidos através da aplicação de questionário estruturado junto
aos usuários do Porto de Itajaí. A população da pesquisa considerou as 50 maiores
empresas exportadoras, determinadas de acordo com dados obtidos junto ao Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A amostra considerou o retorno de
27 questionários respondidos.
2.4 Apresentação e análise dos dados
Para a melhor compreensão do assunto exposto, os dados coletados foram
apresentados em gráficos, seguidos da análise dos mesmos.
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3 LOGÍSTICA
A logística e suas ferramentas têm apresentado um desenvolvimento constante,
sendo elemento fundamental na estratégia competitiva das empresas.
Com o crescimento da exigência dos consumidores, as empresas precisam
apresentar novos diferenciais de qualidade. No último século, milhares de novos
produtos e serviços foram inseridos no mercado e distribuídos em todos os lugares do
mundo. Dessa forma, as empresas cresceram em tamanho e complexidade para
enfrentar os desafios de um mercado mundial em constante expansão e a distribuição
de produtos de ponto a ponto tornou-se um importante componente em suas
estratégias de mercado.
Muitos autores têm construído diversas definições acerca do termo logística. O
fato é que cada profissional, em sua área específica, possui uma interpretação do que o
termo significa, tendo em vista a sua amplitude de suas atividades.
Em 1991, o Council of Logistics Management (CLM), uma prestigiada organização profissional, definiu logística como “o processo de planejamento, implementação e controle, de maneira eficiente, do fluxo de armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo com o propósito de ajustar-se às necessidades dos consumidores.” (JOHNSON, et al., 1998, p. 5, tradução livre)1
O grande problema que a logística tenta resolver é o hiato entre produção e
demanda, de forma que os consumidores tenham acesso aos bens e serviços no
momento, no local e na condição física que desejarem (BALLOU, 1993).
Os processos logísticos devem estar dimensionados de maneira a permitir que
as corporações possam criar valor para o cliente, visto que este está cada vez mais
sensível ao serviço agregado ao produto (ARBACHE, 2006). Dessa forma, ainda de
acordo com Arbache (2006), destacam-se as seguintes atividades com capacidade de 1 In 1991, the Council of Logistics Management (CLM), a prestigious professional organization, defined logistics as “the process of planning, implementing, and controlling the efficient, effective flow and storage of goods, services and related information from the point of origin to the point of consumption for the purpose of conforming to customer requires. (JOHNSON, et al., 1998, p. 5)
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conferir vantagem em valor e produtividade aos produtos:
• Produção;
• Gestão de estoques;
• Armazenagem;
• Distribuição física e transferência (transporte).
Tradicionalmente, a logística sempre foi vista como atividade operacional,
restrita aos profissionais de baixo nível hierárquico. Com a difusão do conceito de
logística integrada, o nível hierárquico das funções elevou-se junto com sua importância
dentro das empresas (FIGUEIREDO, 2003). É importante notar, que ao mesmo tempo
em que há o enriquecimento das funções logísticas, ela também tem deixado seu
caráter fundamentalmente operacional e assumido uma função essencial nas
organizações, tornando-se parte do conjunto de fatores que influenciam na
competitividade empresarial.
Considerando todas estas definições, pode-se teorizar logística como o
conjunto de processos que visam coordenar as atividades relacionadas aquisição,
movimentação, distribuição e armazenagem de bens com o menor custo e a máxima
eficiência.
3.1 Origem e evolução da logística
Muito antes de ser considerada essencial nas atividades econômicas, a
Logística já fazia parte dos cenários militares.
Antes das guerras napoleônicas, pouca importância era dada à logística. Após
a Revolução Industrial, novas armas foram introduzidas nos campos de batalha e as
tropas de Napoleão foram as primeiras a se estruturar em uma organização logística,
com a missão específica de organizar os diversos recursos de víveres, munição,
pessoal, forragens para os cavalos e demais bens necessários às batalhas (ARBACHE,
2006).
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A partir da II Guerra Mundial, a evolução da logística militar tornou-se
indispensável, pois as batalhas ocorriam em locais distantes entre si. A complexidade
das batalhas trouxe importantes avanços nos métodos e modelos utilizados para
distribuir os recursos às diversas frentes de combate. (ARBACHE, 2006).
Entre as décadas de 50 e 60, a logística era executada nas empresas de
maneira essencialmente funcional, sem preocupar-se com conceitos ou teorias formais.
A partir de 1965 até 1980 inicia-se a consolidação dos conceitos logísticos, propiciando
a colaboração decisiva da logística no aumento da competitividade. Somente após
1980 ocorre o desenvolvimento revolucionário da logística, originado na globalização,
na alteração estrutural da economia mundial e no desenvolvimento tecnológico.
Com o amadurecimento dos mercados consumidores nos países desenvolvidos
e o surgimento de consumidores sensíveis ao serviço e não apenas ao preço, a
logística passou a ser vista como ferramenta estratégica na criação de valor
(ARBACHE, 2006).
Porém, é inegável que os baixos custos são sempre um atrativo ao consumidor.
Conseqüentemente, alguns objetivos principais foram determinados na estruturação da logística como mecanismo fundamental para melhor desempenho das empresas: redução de custos globais, aceleração do giro dos estoques, preservação da continuidade do fornecimento, obtenção do nível de qualidade desejado, rapidez nas entregas e controles e transmissão de dados instantâneos e confiáveis. (LOPEZ; GAMA, 2002, p. 304).
No Brasil, as atividades logísticas só tiveram reconhecimento amplo após a
queda da inflação e a consolidação do Plano Real na década de 90. Antes disso, a
visão da eficiência operacional era perdida em função do elevado retorno financeiro à
disposição das empresas que assim desejassem utilizar seu capital, além da constante
valorização dos estoques, devido aos altos níveis de inflação (ARBACHE, 2006).
Após a estabilização da inflação, pode-se afirmar que houve um processo
revolucionário na logística brasileira, com a evolução nas práticas empresariais e o
crescimento da importância da logística na gestão dos negócios.
Atualmente, a visão de logística integrada passou a ser fundamental para
minimizar as falhas existentes nos processos. Entendeu-se que nenhuma função
logística, seja ela armazenagem, transporte ou qualquer outra, é isolada, sendo
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necessária a sua integração para que a logística possa alcançar todo o seu potencial de
redução de custos e valor agregado (MOURA, 2003).
3.2 A importância da logística no comércio exterior
O processo de globalização derrubou as fronteiras comerciais entre os países e
inseriu no mercado internacional empresas que antes atuavam apenas no mercado
interno. O mercado internacional, porém, exige de seus atores um nível de qualidade e
competitividade maiores do que o mercado interno.
As operações de Comércio Exterior são desenvolvidas com base em uma série
de atividades fundamentais ao seu funcionamento, a Logística, porém, tem se
destacado das demais por estar fazendo a diferença na competitividade das empresas
e diferenciando as organizações entre si.
A competitividade das empresas advém de sua capacidade produtiva somada
ao conhecimento e utilização adequada dos mecanismos para oferta de seus produtos,
à mão de seus consumidores, atendendo satisfatoriamente à trilogia preço, prazo e
qualidade (LOPEZ; GAMA, 2002).
A logística de transportes transformou-se, portanto, numa arma extremamente poderosa na atividade de transferência da carga do ponto de origem ao ponto de destino, sendo que esta tem à sua disposição as mais diferentes opções de preço, qualidade e tempo [...] (KEEDI, 2001, p. 39)
Porter (1989) já afirmava que a infra-estrutura de transportes, suas
características, qualidade e valor são fatores determinantes na vantagem competitiva
das nações. Dentro desta infra-estrutura importante para a competitividade, os portos
ocupam um espaço de destaque.
A estrutura portuária brasileira e todos os seus problemas caracterizam-se
como um dos principais entraves para a redução das ineficiências que prejudicam a
competitividade do setor produtivo (HOFFMAN; SILVA, 2001).
Desta forma, o setor de transportes, principalmente o portuário, é decisivo a
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qualquer processo econômico, e deve estar adaptado e modernizado de acordo com as
novas exigências do mercado global, com o objetivo de desonerar as vendas ao
exterior (HOFFMANN; SILVA, 2001).
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4 COMÉRCIO EXTERIOR
A abertura do mercado mundial alterou profundamente as relações de comércio
exterior entre as nações. O crescimento da atuação das empresas em âmbito mundial
refletiu diretamente na economia e na política das nações de tal forma, que tornaram-se
indefinidas as fronteiras de política externa e interna.
Segundo Maia (2004, p. 75) “com a criação da Organização Mundial do
Comércio (OMC), as barreiras ao livre comércio estão sendo gradativamente
eliminadas. Com isso, dia-a-dia, o mundo vai-se transformando num só mercado, o
mercado global”.
Comércio Exterior é a atividade de compra e venda internacional, englobando
produtos e serviços, importação e exportação (LUNA, 2002). O comércio exterior é
movido ainda pelo relacionamento entre as nações, que necessitam trocar mercadorias
pelos mais diversos motivos, entre eles abundância ou falta de recursos, clima, capital e
trabalho (KEEDI, 2004, p. 19).
Entende-se que no comércio exterior,
A importância dos relacionamentos transcende os motivos materiais, podendo estar relacionada a incentivos comerciais em que a compra e venda de mercadorias pode fazer parte de um conjunto mais abrangente de contatos e ações entre os países. (KEEDI, 2004, p. 19).
Para as nações desenvolvidas, os relacionamentos internacionais são
importantes para garantir o abastecimento de bens de consumo, produtos
intermediários e matérias-primas necessárias para a fabricação de bens de alto valor
agregado, além de gerar escala de comércio e aumentar fluxo de capitais e
investimentos. Já para as nações em desenvolvimento, o comércio internacional é
fundamental instrumento de crescimento econômico, pois assegura a colocação dos
produtos em mercado internacional, garantindo a receita necessária para atender suas
necessidades de bens, capital e tecnologia. (MARINHO; PIRES, 2002).
Para todas as nações, o comércio exterior é essencial, pois é um importante
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mecanismo de apoio à produção em escala, de estímulo aos investimentos e ao
desenvolvimento e de colaboração para o equilíbrio do balanço de pagamentos.
4.1 Comércio exterior brasileiro
O Brasil está entre as dez maiores economias mundiais, no entanto, sua
participação no mercado internacional dificilmente chega a 01%.
Entende-se que
[...] em um mundo globalizado, no qual a economia e o comércio exterior tomaram a dianteira, mais do que nunca, se impõe coordenar e planejar a atuação nacional em matéria de comércio exterior como ferramenta indispensável para o crescimento econômico e desenvolvimento de políticas nacionais. (ARAÚJO; SARTORI, 2004, p. 29)
Ao longo dos anos, o país adotou diversas políticas de comércio exterior. A
partir de 1960, o governo tomou consciência da importância da expansão da
participação do país no comércio internacional. Nesse período, sob a expressão
“Exportar é o que importa”, foram criados órgãos de apoio aos exportadores, novos
mecanismos de crédito, simplificou-se a burocracia, melhorou-se a política fiscal e
cambial e intensificaram-se as campanhas publicitárias no sentido de orientar os
empresários em relação às exportações (DIAS; RODRIGUES, 2004).
Os frutos dessa política foram positivos, porém duraram pouco tempo, já que
em seguida houve a primeira grande crise do petróleo, que causou grande impacto no
comércio exterior brasileiro.
Nos anos 1977 e 1978 novamente as exportações foram bem sucedidas,
porém, logo em seguida ocorreu a segunda crise do petróleo, afetando novamente o
país.
Somente a partir de 1983, o país voltou a ter investimentos governamentais na
área de incentivos à exportação. Porém, foi somente a partir da década de 90, com a
abertura comercial do país, que se passou a valorizar a atividade de comércio exterior.
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Novos mecanismos de incentivo às exportações foram criados, como por
exemplo, o Programa de Incentivo às Exportações (Proex). Paralelamente, foram
criadas a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e a Agência Especial de Exportação
(Apex), que juntamente com outros órgãos, como o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que procuram dar agilidade, facilitar e
fornecer mais crédito às empresas exportadoras brasileiras (DIAS; RODRIGUES,
2004).
Em 2007, a balança comercial brasileira apresentou um superávit de 40.028
milhões de dólares. Nota-se, porém, uma redução em relação saldo de 2006, como
conseqüência do aumento das importações devido aos níveis cambiais e ao
fortalecimento do relacionamento comercial com alguns países, principalmente a China.
A tabela 1 apresenta a balança comercial brasileira no período 2000 a 2007.
Tabela 1 – Balança Comercial Brasileira – USD milhões FOB
Período 2000 a 2007
Ano Exportações USD
milhões Importações USD
milhões Saldo USD 2000 55.118 55.839 -721 2001 58.288 55.572 2.716 2002 60.440 47.240 13.200 2003 73.202 48.291 24.911 2004 96.677 62.835 33.842 2005 118.527 73.606 44.921 2006 137.807 91.351 46.456 2007 160.649 120.621 40.028
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), 2008.
Apesar dos esforços para ampliar a quantidade de parceiros comerciais fortes,
os Estados Unidos da América ainda são o principal destino e origem do comércio
exterior brasileiro, com cerca de 15,50% do total tanto em importação quanto em
exportação.
Na exportação, aparecem ainda como fortes parceiros Argentina, com 8,97% do
total, China, com 6,69% e Holanda com 5,50 %.
Nas operações de importação, após os Estados Unidos da América, aparece
novamente a China, com 10,46% do total, Argentina, com 8,63% e Alemanha, com
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7,19%.
Os principais produtos da pauta de exportações brasileiras ainda são matérias-
prima ou produtos semimanufaturados. Porém, percebe-se o aumento da participação
dos produtos com maior valor agregado, como aviões, automóveis e motores, o que
demonstra maior desenvolvimento e especialização da indústria nacional.
A tabela 2 apresenta dados relativos aos tipos de produtos exportados pelo
Brasil:
Tabela 2 – Exportação brasileira – Principais produtos e seu percentual no total de exportações
Produto % Minérios de ferro e seus concentrados 6,57 Óleos brutos de petróleo 5,54 Soja mesmo triturada 4,18 Aviões 2,94 Automóveis de passageiros 2,90 Carne de frango congelada, fresca ou refrig. 2,63 Carne de bovino congelada, fresca ou refrig. 2,17 Café cru em grão 2,10 Partes e pecas para veículos automóveis e tratores 1,98 Açúcar de cana, em bruto 1,95
Fonte: MDIC, 2008.
No sentido contrário, as importações resumem-se a produtos de grande valor
agregado e alta tecnologia, à exceção do petróleo, que ainda é o principal produto
importado pelo Brasil.
A Tabela 3 apresenta dados relativos às categorias de produtos importados
pelo Brasil.
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Tabela 3 – Importação brasileira – Principais produtos e seu percentual no total de exportações
Produto % Petróleo em bruto 11.975.786.436 Partes e pecas para veículos automóveis e tratores 3.572.858.069 Medicamentos para medicina humana e veterinária 3.201.323.464 Automóveis de passageiros 3.121.238.541 Óleos combustíveis (óleo diesel, fuel-oil,etc.) 3.058.018.026 Circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos 3.041.988.784 Naftas 1.954.467.973 Compostos heterocíclicos,seus sais e sulfonamidas 1.873.019.009 Instrumentos e aparelhos de medida, de verificação, etc. 1.764.041.650 Circuitos impressos e outras partes p/ aparelhos de telefonia 1.755.029.282
Fonte: MDIC, 2008.
Grande parte da evolução do comércio exterior brasileiro deve-se a abertura
comercial da década de 90 e ao fortalecimento do relacionamento com os principais
parceiros comerciais. No entanto, o governo permanece investindo em políticas de
apoio à exportação com o intuito de aumentar a participação do Brasil no comércio
internacional, e principalmente aumentar o valor agregado das mercadorias enviadas
ao exterior.
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5 COMPETITIVIDADE
O ganho de competitividade é fundamental para a maior inserção da indústria
brasileira nos mercados globais. As empresas brasileiras estão expostas a uma
acirrada concorrência, que resultou da abertura comercial e da maior integração à
economia internacional, e têm buscado alternativas para aumentar a sua
competitividade.
De acordo com Ferraz (1997, p. 03), competitividade “é a capacidade da
empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar
ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”.
Para que seja possível o aumento de competitividade das corporações, é
necessário compreender os fatores que a influenciam.
Segundo Porter (1989), os fatores que determinam a vantagem competitiva de
uma nação ou empresa sobre outras, chamados de fatores de produção, podem ser
agrupados em categorias amplas:
• Recursos humanos: quantidade, qualidade, capacidade e custos de
pessoal.
• Recursos físicos: abundância, qualidade, acessibilidade e custo de terra,
água, minérios, energia e outras características físicas como condições
climáticas e localização.
• Recursos de conhecimento: conhecimentos científicos, técnicos e de
mercado, relativos a bens e serviços.
• Recursos de capital: o total e o custo do capital disponível no mercado.
• Infra-estrutura: tipo, qualidade e valor de uso da infra-estrutura disponível
que afeta a competição, inclusive o sistema de transportes e telecomunicação,
correios, assistência médica e assim por diante.
Ainda conforme Porter (1989), esses fatores diferenciam-se entre fatores
básicos, que incluem recursos naturais, clima, localização, mão-de-obra especializada e
semi-especializada, dívida de capital e fatores adiantados, que incluem a moderna
infra-estrutura de comunicação e transportes, pessoal altamente especializado.
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Historicamente, existia uma hierarquização clara entre estes fatores,
destacando os fatores básicos como mais importantes no desenvolvimento de
competitividade. Entretanto, progressivamente, os fatores adiantados destacam-se
como itens fundamentais para o aumento de capacidade competitiva. Isto ocorre
porque os fatores adiantados são mais significativos para a obtenção de vantagens
competitivas. (Porter, 1989)
O setor de infra-estrutura merece especial atenção no que tange ao aumento
da competitividade já que é um fator externo às empresas. Desse modo, as
corporações têm pouca influência sobre suas condições, e dependem de ações
governamentais. Mesmo assim, esse é um fator essencial para a competitividade,
afetando desde o custo de produção até o custo de colocação dos produtos no
mercado.
Os itens de infra-estrutura podem ser divididos em dois grupos: logística de
transportes e serviços. No primeiro grupo estão as rodovias, ferrovias, hidrovias, portos
e transportes aéreos. No segundo grupo estão os serviços de energia elétrica,
telecomunicações, combustíveis e abastecimento de água. Segundo o Serviço
Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) o principal problema
relativo à infra-estrutura do país encontra-se na logística – em especial nas rodovias e
portos. Dentre os serviços, os mais importantes são os de energia elétrica e
telecomunicações, que são oferecidos de maneira adequada, de acordo com estudo do
Sebrae (2008).
Segundo Goebel (2002), a logística é fundamental no desempenho das
exportações brasileiras. Torná-la mais eficiente é essencial para reduzir os ciclos de
fabricação, acelerar a entrega dos produtos ao consumidor final, diminuir os custos de
distribuição e transporte e, logo, contribuir para o incremento das vendas externas. Isso
necessita que toda a cadeia logística, a partir da fábrica do exportador até o consumidor
final, seja revista.
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5.1 Competitividade das empresas brasileiras no mercado
internacional
A competitividade da indústria brasileira se ampliou no início desta década.
Esse fato resultou dos esforços empreendidos pelas empresas industriais no sentido de
elevar a qualidade de seus produtos e a produtividade de seus processos de
fabricação. Porém, ainda há inúmeros fatores a serem desenvolvidos para que a
competitividade dos produtos brasileiros possa atingir níveis satisfatórios,
principalmente no cenário internacional.
A economia brasileira apresenta uma gama heterogênea de empresas de
diversos segmentos e diferenciados níveis tecnológicos, possuindo setores com alto
nível de desenvolvimento e muito competitivos, como alguns setores agrícolas e outros
com sistemas produtivos e administrativos defasados e sem capacidade de competir
com países desenvolvidos.
Os principais instrumentos regulatórios que afetam a criação e o fortalecimento
de um ambiente competitivo são determinados pelo Estado, que visa estimular sua
indústria. As políticas tarifárias e de comércio exterior, incluindo mecanismos não-
tarifários, aplicação de leis anti-dumping e do código de salvaguardas comerciais,
formam a base que define o regime de concorrência prevalecente (FERRAZ; KUPFER;
HAGUENAUER, 1997).
Um dos maiores desafios da indústria brasileira tem sido driblar os fatores
domésticos que reduzem a competitividade de seus produtos, como problemas de infra-
estrutura e a alta carga tributária. De acordo com Lanzana (2002), os principais fatores
que afetam a competitividade brasileira no mercado internacional são as taxas de juros,
tributação, encargos sociais e infra-estrutura.
Em relação aos juros, as taxas reais de juros praticadas no Brasil são muito
maiores que as taxas praticadas internacionalmente, o que acaba aumentando o custo
do dinheiro no mercado interno e consequentemente desestimulando financiamentos
para expansão da indústria.
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A estrutura tributária brasileira prevê a isenção de diversos tributos nos
produtos destinados à exportação, no entanto, o Brasil ainda exporta impostos. O
produto final para exportação possui isenções, porém, a cadeia produtiva sofre com um
sistema tributário com algumas das mais altas taxas do mundo.
Em relação aos encargos sociais, o grande o problema é a incidência de altos
encargos trabalhistas, que eleva o custo da mão-de-obra legalizada no país.
Os fatores infra-estruturais de maior influência sobre as empresas brasileiras
referem-se aos setores de transportes, logística e energia (FERRAZ; KUPFER;
HAGUENAUER, 1997). O setor de energia recebeu grandes investimentos após o risco
de desabastecimento em 2001. Já o setor de transportes e logística ainda sofre com os
poucos investimentos na área. As rodovias e portos estão sucateados e as ferrovias e
hidrovias, que poderiam ser vias de escoamento mais baratas, praticamente inexistem.
Este setor possui fundamental importância na competitividade dos produtos, já que
seus custos são transferidos para o preço do produto final.
Uma rede de transportes integrada, moderna e eficiente é um determinante
fundamental na competitividade. Não basta, porém, que a infra-estrutura de transportes
dos corredores de exportação, que afeta diretamente os custos dos exportadores, seja
moderna e eficiente. É muito importante também que toda a rede de transportes esteja
adequada às necessidades dos exportadores, pois afeta o custo das matérias-primas e
permite a integração de mercado e o conseqüente aproveitamento das economias de
escala daí decorrentes.
Neste trabalho, porém, será focada a infra-estrutura portuária e sua influência
nas exportações.
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5.2 Competitividade Portuária
O atual cenário de alta competitividade entre as empresas aplica-se também
aos terminais portuários. Segundo o Banco Mundial (2001 apud TAVARES, 2005), os
portos podem competir em três situações diferentes:
• Competição interportos, quando dois ou mais portos ou terminais estão
competindo pelo mesmo mercado;
• Competição intraportos, quando dois ou mais terminais portuários estão
competindo dentro do mesmo porto;
• Competição intraterminal, quando empresas competem para fornecer o
mesmo serviço no mesmo terminal portuário.
De acordo com Tavares (2005), os padrões de concorrências recebem
influência das características estruturais e comportamentais do ambiente competitivo do
porto, seja do setor/mercado de atuação ou relacionadas ao próprio sistema
econômico.
Alguns fatores são fundamentais para a avaliação da competitividade de um
terminal portuário:
• Acessos rodoviários e ferroviários;
• Qualidade e quantidade de áreas retro-portuárias que possam absorver
toda a carga transportada através do terminal;
• Relação do porto com a cidade, inclusive no que diz respeito a políticas
de preservação ambiental;
• Custos de operação;
• Qualidade e agilidade operacional;
• Tipo de mão-de-obra utilizada pelo terminal e sua relação com a
categoria;
• Comprometimento da Administração Portuária com o desenvolvimento
do porto;
30
• Existência, na região do porto, de profissionais qualificados que possam
oferecer serviços de qualidade nos setores de desembaraço aduaneiro,
gerenciamento logístico, transporte rodoviário e outras atividades
relacionadas à atividade portuária.
31
6 PORTOS
O advento da globalização transformou o mundo em um mercado aberto e com
intensa troca de mercadorias e serviços entre as nações. Os portos atuam como
importante elo logístico neste cenário de intercâmbio comercial.
Os primeiros portos de que se tem notícia, eram simples ancoradouros na foz
dos rios, onde as embarcações podiam atracar e desatracar protegidas dos fenômenos
naturais. A partir da Segunda Guerra Mundial, os países passaram a incrementar suas
frotas mercantes e a aparelhar seus portos para atender o aumento do fluxo de
mercadorias.
No Brasil, durante o período colonial, nada foi feito em relação à infra-estrutura
de transportes. O Bloqueio Continental, no final do período colonial estagnou o
comércio nacional e levou ao fechamento dos portos, com exceção para comércio com
a metrópole, atravancando o desenvolvimento do país. As exportações consistiam
basicamente em ouro, diamantes, açúcar, algodão, café, couro e material para
construção e tinturaria (HOFFMANN; SILVA, 2001)
Em 1808, com a publicação da Carta Régia, permitiu-se a entrada e saída de
embarcações nos portos brasileiros fomentando a economia nacional. Com o aumento
do intercâmbio comercial, os portos brasileiros foram obrigados a se modernizar para
ganhar competitividade. Porém, as mudanças foram lentas, com avanços e retrocessos,
pois as prioridades do sistema portuário variavam conforme o comando do país.
A abertura efetiva dos portos só ocorreu em 1822 com a Proclamação da
República, quando o comando dos portos foi transferido à iniciativa privada. Durante a
ditadura militar, a gestão dos portos retornou ao Estado, sob o argumento de que se
tratava de um assunto de segurança nacional. Durante esse período, surgiram vários
portos em locais de pouca expressão econômica, mas grande influência política.
O setor só voltou a ser prioritário a partir da década de 90, com a maior
abertura comercial do país, que culminou na Lei de Modernização dos Portos (Lei
8630/93), aprovada pelo Governo Federal em 25 de fevereiro de 1993.
32
Pode-se destacar como principais impactos dessa lei no ambiente portuário:
• Permitiu a exploração de instalações e dos serviços de movimentação de
carga pela iniciativa privada;
• Introduziu a concorrência entre portos e instalações portuárias;
• Transferiu o fornecimento de mão-de-obra avulsa dos Sindicatos para os
Órgãos Gestores de Mão-de-Obra (OGMO);
• Permitiu o intercâmbio de informações e parcerias entre os portos;
• Criou um mercado concorrencial entre arrendatários e operadores
portuários.
Embora a Lei de Modernização dos Portos tenha trazido grandes avanços ao
sistema portuário, sua implementação tem ocorrido de maneira demasiadamente lenta.
O sistema portuário possui portos administrados por Estados, Municípios,
empresas privadas e por Companhias Docas, controladas pela União, além dos
terminais de uso público e misto.
Atualmente, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(ANTAQ), existem no país 40 portos, fluviais e marítimos, conforme figura 01:
33
Figura 1 – Localização dos portos brasileiros
Fonte: ANTAQ, 2008
Dentre os 40, cerca de 30 operam com transportes de contêineres, e
transportaram em 2006, segundo o Relatório Técnico de Desempenho Portuário –
ANTAQ (2008), 6.195.029 Tweenty Foot Equivalent Units (TEU) – medida internacional
para contêineres de 20 pés – e 63.338.757 toneladas, o que representa um aumento de
9,4 % em TEU e 15,2% em tonelagem em relação a 2005. A grande maioria dos portos
e terminais analisados pela ANTAQ apresentou movimentações bastante semelhantes,
tanto no sentido importação como exportação, com exceção dos portos de Belém, Vila
do Conde e São Francisco do Sul, que são essencialmente exportadores.
34
A Pesquisa Aquaviária 2006 (Confederação Nacional dos Transportes, 2006),
apontou os principais problemas que afetam a qualidade e produtividade dos portos
brasileiros. Observou-se que os terminais públicos apresentam produtividade
consideravelmente menor que os terminais privados, principalmente pelo excesso de
burocracia, altos custos de operação e tempo de operação elevado nos terminais
públicos. Os acessos rodoviários foram considerados inadequados e mal conservados.
A falta de dragagens regulares reduz os calados, limitando o acesso e o
aproveitamento dos navios de grande porte, o que gera custos operacionais mais altos
e impede a entrada de algumas embarcações. Outros fatores que pesam na operação
portuária são o excesso de trabalhadores e a qualidade dos serviços executados por
eles, onerando o custo global dos portos (Confederação Nacional dos Transportes,
2006).
Estima-se que para os próximos anos, seriam necessários investimentos de
cerca de cinco bilhões de dólares para melhoria dos acessos terrestres, renovação de
equipamentos de movimentação de carga, adequação das instalações portuárias e
qualificação dos sistemas de informação. Porém, para 2008, o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), do governo federal, estima em apenas 2,7 bilhões de reais os
recursos para o setor portuário.
6.1 Porto de Itajaí
De acordo com os registros históricos, os estudos a respeito do Porto de Itajaí
iniciaram-se em 1905. Em 1914, deu-se início a primeira obra, que consistia na
construção dos 700 metros do molhe sul, seguidas do molhe norte. A construção do
primeiro trecho de cais foi efetivamente iniciada em 1938 e contava com 233 metros. O
segundo trecho, de 270 metros, foi construído no início da década de 1950. Em 1956,
concluiu-se mais uma etapa de 233 metros de cais, juntamente com um armazém
frigorífico voltado a atender a atividade pesqueira.
35
Em 28 de julho de 1966 o Porto de Itajaí passou a ser oficialmente considerado
“porto organizado”, com a instalação da Junta Administrativa do Porto de Itajaí,
subordinada ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis.
Em 1976, foi criada a Empresa de Portos do Brasil S.A (PORTOBRÁS), com
isso, o gerenciamento do terminal foi transferido à Administração do Porto de Itajaí,
vinculada aquela estatal.
Em 1990, a PORTOBRÁS foi extinta através da Lei 8.029/90 e a Administração
do Porto de Itajaí passou a ser subordinada à Companhia Docas do Estado de São
Paulo (CODESP). Esta situação perdurou até 1995, quando o Ministério dos
Transportes descentralizou a gestão do porto, através da Administradora Hidroviária de
Docas Catarinenses. Finalmente, em 1997, a administração do terminal foi delegada ao
município pelo prazo de 25 anos e passou a ser chamado de Superintendência do
Porto de Itajaí em 06 de junho de 2000, através da Lei Municipal 3.513/00.
A partir de 2002, parte das instalações do porto foram arrendadas, através de
licitação ao TECONVI, que atua como operadora portuária no segmento de contêineres,
englobando atividades de recepção de contêineres de importação e exportação,
armazenagem e operação portuária de embarque e desembarque de cargas.
O porto está localizado na área urbana da cidade de Itajaí e compões-se de 06
terminais, sendo cinco deles privativos de uso misto – Petrobrás, Braskarne, Dow
Química, Terminal Portuário de Itajaí (TEPORTI) e Portonave – e um classificado como
de carga geral ou comercial – Cais público e TECONVI.
Está localizado na região mais industrializada do estado de Santa Catarina, às
margens do rio Itajaí-Açu, a cerca de 3,2 quilômetros da foz. No acesso rodoviário,
situa-se a cerca de seis quilômetros da BR 101 e a cerca de quinze quilômetros da SC
470. Desta forma, o porto abrange o comércio exterior de todo o estado de Santa
Catarina e algumas regiões do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.
O Porto de Itajaí possui uma movimentação essencialmente exportadora,
embora no último ano a movimentação de cargas de importação tenha crescido
consideravelmente. Em 2007, a movimentação de exportação correspondeu a 67% da
movimentação do terminal. (Porto de Itajaí, 2008)
36
As principais mercadorias transportadas através do terminal itajaiense, em
2007, foram: frango, madeira e seus derivados, cerâmicos, máquinas e motores, carne
e maçã. (Porto de Itajaí, 2008)
O valor agregado das mercadorias exportadas através do porto de Itajaí está
entre os mais altos do país. Enquanto o porto de Santos apresentou no ano de 2007,
um valor médio de USD 0,94 por quilo, o porto de Itajaí apresentou USD 1,63 por quilo.
A tabela 4 demonstra uma relação entre o valor agregado dos produtos
exportados pelo Porto de Itajaí e pelo Porto de Santos.
Tabela 4 – Valor médio das exportações no ano de 2007
Valor FOB USD Peso Líquido (kg) Valor médio USD Santos 43.476.805.918 45.958.051.599 0,95 Itajaí 6.386.457.738 3.927.172.088 1,63
Fonte: Alice-Web – MDIC, 2008.
Atualmente o porto de Itajaí conta com 740 metros de cais, com 03 berços de
atracação, mas com as obras previstas, o cais deve ser ampliado para 1.000 metros e
04 berços (Porto de Itajaí, 2008)
Seu canal de acesso possui 7,6 quilômetros, com largura de 120 metros nos
trechos retos, 150 metros nos trechos curvos e 400 metros na bacia de evolução.
Possui uma profundidade de 11 metros na bacia e no canal interno e de 12 metros no
canal externo. Seu calado é de 10,50 metros com manutenção permanente (Porto de
Itajaí, 2008).
O terminal opera 24 horas por dia em navios de até 230 metros e apenas
diurnamente em embarcações de até 276,50 metros (Porto de Itajaí, 2008).
A área de armazenagem coberta conta com dois armazéns, com área total de
15.000 m². Há ainda a disposição dos usuários o Recinto Alfandegado Contíguo com
25.500 m2. A área total conta com 149.200 m², e com o deslocamento da Delegacia da
Capitania dos Portos e a desapropriação da Área C, esta área deve ampliar-se para
166.200 m² (Porto de Itajaí, 2008).
A figura 2 mostra a projeção do terminal de contêineres após as obras
previstas.
37
Figura 2 – Projeção do futuro terminal de contêineres
Fonte: Porto de Itajaí, 2008.
O Porto de Itajaí possui, atuando em suas operações, cerca de 70
equipamentos, com capacidade de 1 a 37 toneladas para auxílio na carga e descarga
de suas mercadorias. As unidades operacionais são informatizadas, permitindo aos
usuários acesso a determinados serviços e informações via Internet. Há ainda um
banco de dados com dados estatísticos e posições atualizadas dos navios atracados no
porto.
Como infra-estrutura de suporte, estão instalados em Itajaí, dois Portos Secos
que operam com importações e importações e três Recintos Especiais para Despacho
Aduaneiro de Exportação (REDEX), operando exclusivamente com exportações
(Secretaria da Receita Federal, 2008).
O porto seco, administrado pela empresa Multilog S/A opera com os principais
regimes aduaneiros com carga solta e conteinerizada e possui infra-estrutura para
carga reefer. Atuam no porto seco, servidores da Receita Federal, Ministério da
Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Possui uma área total de
212.000 m², dos quais 31.500 m² são cobertos. Seu terminal reefer apresenta área de
5.670 m² e 324 tomadas. Seu pátio de contêineres possui extensão de 52.000 m². Em
relação a equipamentos para movimentação de carga, possui 39 equipamentos com
capacidade de 1,5 a 45 toneladas, além de quatro balanças rodoviárias com
capacidade de até 80 toneladas cada (Multilog, 2008)
38
O porto seco sob administração da empresa Brasfrigo S/A opera com
exportações de alimentos congelados. Possui câmaras frigoríficas operando na
temperatura de 25 graus negativos com capacidade de estoque de 37.000 toneladas de
produtos paletizados. Em suas instalações, além da Receita Federal, o Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento, atua o Serviço de Inspeção Federal número
2427, que possui como atividade principal a inspeção nos lotes com destino a
exportação e a emissão de Certificações Internacionais, em conformidade com as
exigências sanitárias dos países importadores (Brasfrigo, 2008).
Atracam no Porto de Itajaí, diversos tipos de navios, porém, embarcações full
container, destinadas ao transporte exclusivo de contêineres representam 78% dos
navios que operam no terminal. Os navios de carga geral representam 09%, os de
carga reefer 06%, os graneleiros 02% e os 05% restantes são navios diversos.
Os berços de atracação do porto têm apresentado uma taxa de ocupação
média de 88%, porém, a cartilha básica do órgão da Organização das Nações Unidas
(ONU) de apoio ao desenvolvimento do intercâmbio comercial entre os países a infra-
estrutura portuária, recomenda taxas de ocupação não superiores a 60%, com o
objetivo de aumentar o nível de competitividade dos terminais. Destaca-se, nesse
sentido, a situação do berço 04, que em 2007 apresentou ocupação de 93%, ou seja,
muito próximo a seu limite operacional.
A tabela 5 mostra a taxa média de ocupação dos berços em 2007.
Tabela 5 – Taxa média de ocupação no ano de 2007 Berço 01 84% Berço 03 89% Berço 04 93%
Média 88% Fonte: Porto de Itajaí, 2008
O Porto de Itajaí destaca-se, segundo o instituto de pesquisas Datamar, como
o segundo porto brasileiro em movimentação de contêineres de longo curso, com uma
movimentação de 688.305 TEU em 2006. No ano de 2007, apesar do decréscimo de
1% na movimentação de contêineres o terminal manteve sua posição. (Datamar, 2008).
39
O gráfico 01 demonstra o histórico de movimentação de contêineres no Porto
de Itajaí:
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gráfico 01 - Histórico movimentação de TEU's entre 1995-2007
Fonte: Porto de Itajaí, 2008.
A explicação para o bom desempenho na movimentação de contêineres, está
na característica do porto, que é especialista na movimentação deste tipo de carga. O
terminal já demonstra há alguns anos, a especialização em movimento de carga
conteinereizada, sendo este tipo de carga responsável por 99% da carga que transitou
no porto no último ano. (Porto de Itajaí, 2008).
Após atentados à navegação marítima internacional e ao World Trade Center
em 11 de setembro de 2001, o mundo voltou-se para a proteção contra atos terroristas.
Em 2002, durante conferência diplomática sobre segurança, a Organização Marítima
Internacional instituiu uma série de medidas de segurança, denominada ISPS Code, a
serem implementadas nos 162 países que a compõem, incluído o Brasil que é um de
seus países signatários. (Ministério da Justiça, 2004).
O Brasil adotou, então, o ISPS Code, como diretriz para a elaboração dos
planos de segurança portuária para portos e terminais públicos e privados que operem
no comércio internacional. As instalações tiveram que adotaram sistemas de segurança
com base em um estudo de avaliação de risco, para detectar a vulnerabilidade da
instalação de acordo com os padrões descritos no ISPS Code. Cabe ao governo de
40
cada país fiscalizar a implementação do ISPS Code, garantir e certificar a segurança
das instalações portuárias em obediência ao código internacional. No Brasil, a
fiscalização e certificação das instalações é feita pela�Comissão Nacional de Segurança
Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (CONPORTOS), órgão do Ministério
da Justiça (Ministério da Justiça, 2004).�
Para evitar que o Porto de Itajaí deixasse de operar com países signatários da
Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS), o Porto
de Itajaí concluiu em 2004 sua adequação ao ISPS Code. Para a adequação, foram
necessários investimentos em obras de levantamento dos muros do Porto e Recinto
Alfandegado Contíguo, pavimentação, sinalização vertical e horizontal, melhorias nas
guaritas e nos acessos às áreas do porto, além da instalação de portais com detectores
de metais, novo sistema de iluminação e ampliação do sistema de vigilância, com a
aquisição e instalação de mais câmeras, equipamentos de informática e softwares
(Porto de Itajaí, 2008). O terminal foi a primeira instalação portuária pública do sul do
país a receber a certificação.
No ano de 2007, segundo o MDIC (2008), Santa Catarina exportou 7,381
milhões de dólares, e importou 5,001 milhões de dólares.
De acordo com o sistema de dados Alice – Web (2008), passaram pelo Porto
de Itajaí, no ano de 2007, 6,386 milhões de dólares em exportações e 2,573 milhões de
dólares em importações. Isso significa que o terminal itajaiense transportou
aproximadamente 86% das exportações e 51% das importações catarinenses neste
período, o que representa uma média de aproximadamente 72% de toda a
movimentação de comércio exterior do estado.
Estes números demonstram claramente a relevância do Porto de Itajaí no
comércio exterior do estado de Santa Catarina e a importância do aumento de
investimentos para modernização do terminal.
41
7 PESQUISA
Neste capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa de campo
aplicada a 27 empresas exportadoras localizadas no estado de Santa Catarina e que
utilizam o Porto de Itajaí como meio de escoamento de sua produção destinada a
exportação.
A pergunta de número 01 procurou identificar o setor de atuação das empresas
respondentes. O gráfico número 02 apresenta os setores das empresas participantes:
0%
10%
20%
30%
40%
Têxtil Metal-mecânico
Madeireiro Alimentício Cerâmico Outros
Gráfico 02 - Setor de atuação
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Os dados obtidos revelam que 38% das empresas atuam no setor têxtil, 22%
no setor metal – mecânico e 15% no setor madeireiro/moveleiro, ou seja, refletem os
principais setores da economia catarinense.
O questionamento número 02 buscou verificar o valor das exportações
realizadas pelas empresas pesquisadas no ano de 2007, como demonstrado no gráfico
03.
42
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
10,000 a50,000
50,000 a100,000
100,000 a150,000
150,000 a300,000
Mais de300,000
Gráfico 03 - Volume das exportações no ano de 2007 em USD
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Constatou-se que 52% das empresas exportaram mais de 300 mil dólares no
último ano, o que demonstra o grande potencial exportador das empresas que utilizam
o porto de Itajaí, em sua maioria empresas de grande porte. No entanto, 15% das
empresas pesquisadas, declararam ter exportado entre 15 e 50 mil dólares no ano de
2007. Este dado demonstra o gradual aumento da participação de pequenas e médias
empresas no mercado internacional.
A pergunta de número 03 questionou as empresas em relação ao número de
colaboradores que trabalham na empresa, conforme gráfico 04:
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Até 200 200 a 400 400 a 600 Mais de 600
Gráfico 04 - Número de colaboradores
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
43
Os resultados ratificam as conclusões obtidas no questionamento anterior, já
que 78% das empresas possuem mais que 600 funcionários, ou seja, configuram-se
como empresas de grande porte.
A questão número 04 buscou verificar o principal destino das exportações
realizadas pelas empresas respondentes, como demonstrado no gráfico 05.
0%
10%
20%
30%
40%
Américado Sul
EstadosUnidos eCanadá
Europa AméricaCentral
África Ásia
Gráfico 05 - Principais destinos das exportações
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Constatou-se que a América do Sul é o principal destino das exportações de
36% das empresas respondentes. Estados Unidos da América e Europa aparecem logo
em seguida, com 25% cada. Percebe-se aqui, um ponto crítico para o porto de Itajaí, já
que alguns destinos da América do Sul, como o Chile, possuem saídas apenas dos
portos de São Francisco do Sul e Imbituba. Além disso, grande parte das companhias
de navegação para os Estados Unidos da América e Europa já migraram suas
operações para a Portonave, levando consigo boa parte do volume de cargas.
A pergunta número 05 buscou identificar se as empresas utilizam outro porto
para o embarque de suas cargas. Dentre as empresas respondentes, 100% declararam
utilizar outros portos além do porto de Itajaí. O gráfico 06 demonstra quais são os portos
utilizados pelas empresas.
44
05
1015202530
S.Francisco
do Sul
Navegantes Santos Paranaguá Imbituba
Gráfico 06 - Outros portos utilizados
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
São Francisco do Sul apareceu como o principal concorrente ao porto de Itajaí,
sendo utilizado por 26 das 27 empresas, seguido da Portonave, que é utilizada por 20
das empresas. Conforme já mencionado anteriormente, com a alteração de terminal por
parte de armadores para a Portonave, boa parte do volume acabou transferindo-se
também para o terminal de Navegantes.
O questionamento de número 06 procurou determinar qual o principal fator que
leva as empresas a escolherem um porto em detrimento de outro de acordo com o
gráfico 07.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Tarifas Localização Acesso Linhas denavegação
Infra-Estrutura
Gráfico 07 - Fator de escolha de um porto
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
45
Como pode-se observar, 56% das empresas consideram as linhas de
navegação como fator preponderante para a escolha de um porto. Localização, o
segundo fator de escolha, aparece com apenas 15%.
A partir deste dado, pode-se concluir que é fundamental ao porto de Itajaí
apresentar boas condições de operação e custos competitivos aos armadores, com o
objetivo de manter as linhas de navegação operando em seu cais.
A pergunta 07 procurou verificar a percepção das empresas a respeito dos
equipamentos de movimentação de carga no terminal, como demonstra o gráfico 08.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Bom Regular Ruim
Gráfico 08 - Percepção em relação aos equipamentos
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Constatou-se que 70% das empresas pesquisadas consideram os
equipamentos bons. Tal dado é reflexo dos recentes investimentos do terminal em
equipamentos de movimentação.
A satisfação dos usuários em relação aos serviços de armazenagem foi
verificada através da pergunta 08, conforme gráfico 09.
46
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Ótimo Bom Regular Ruim
Gráfico 09 - Percepção em relação aos serviços de armazenagem
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Neste ponto, 59% dos respondentes consideraram os serviços de
armazenagem regulares e 30% consideraram bons, o que indica que ainda há muito a
avançar, principalmente no sentido de aumentar e aglutinar a área de armazenagem,
que hoje é segmentada e localiza-se em vários locais diferentes. Obras para a
ampliação do pátio de contêineres já estão em andamento e devem minimizar parte do
problema.
Na pergunta de número 09, o objetivo foi obter informações dos usuários nem
relação à satisfação com o sistema de informações do porto como pode ser observado
no gráfico 10.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Bom Regular Ruim
Gráfico 10 - Percepção em relação às informações prestadas pelo Porto
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
47
Mesmo com boa parte das informações disponibilizadas via Internet, 55% dos
usuários consideraram o serviço regular e 15% ruim. Nenhuma das empresas
considerou o serviço ótimo e 30% bom. Percebe-se que boa parte dos usuários não
possui informação de que vários dados referentes às cargas estão disponibilizados no
web site do porto. Talvez este fato ocorra pela ampla atuação de agentes de carga na
cidade de Itajaí, que acabam buscando estas informações junto aos terminais e
repassando aos exportadores.
O questionamento 10 verificou a percepção dos usuários a respeito da
regularidade de linhas e variedade de destinos atendidos pelo porto de Itajaí de acordo
com o gráfico 11.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Ótimo Bom Regular Ruim
Gráfico 11 - Percepção em relação às linhas de navegação
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Dentre as empresas consultadas, 59% consideraram este item bom e 33%
regular. Novamente aparece aqui a importância de manter uma boa variedade de
armadores operando no terminal para a manutenção do volume de cargas.
O posicionamento dos usuários em relação às tarifas aplicadas pelo Porto de
Itajaí foi verificado através da questão 11 e demonstrado no gráfico 12.
48
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Bom Regular Ruim
Gráfico 12 - Percepção em relação às tarifas
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
As tarifas foram consideradas regulares por 41% dos respondentes e boas por
40%, o que demonstra que este não é um fator crítico na visão dos exportadores.
Na pergunta de número 12, perguntou-se às empresas se faziam uso da
estrutura retro-portuária (Redex, Porto Seco, terminais) e constatou-se que 100% das
empresas utilizam estes serviços. Este alto índice de uso da estrutura retro-portuária da
cidade de Itajaí, deve-se em grande parte, a falta de espaço físico para a armazenagem
de cargas antes da chegada dos navios. Atualmente, os exportadores conseguem
depositar as cargas no porto cerca de um dia antes da atracação do navio, sendo
necessário o uso de uma estrutura de retaguarda.
Já a questão de numero 13, verificou a satisfação dos usuários em relação à
estrutura retro-portuária como poder ser visualizado no gráfico 13.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Ótimo Bom Regular Ruim
Gráfico 13 - Percepção em relação à área retro-portuária
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
49
Entre os respondentes, 67% consideram os serviços bons e 19% regulares, o
que demonstra que apesar da estrutura retro-portuária pertencer a iniciativa privada,
ainda há necessidade de investimentos na otimização dos serviços e aumento da área
de armazenagem.
A pergunta de número 14 buscou identificar qual fator, na opinião das
empresas respondentes é preponderante para a competitividade do porto de Itajaí de
acordo com o gráfico 14.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Localização Acessos Linha deNavegação
Infra-estrutura
Gráfico 14 - Fatores de competitividade do Porto
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Observou-se que 55% dos respondentes acreditam que a localização é o
fator mais importante na competitividade do porto de Itajaí. Como segundo fator,
aparecem as linhas de navegação, consideradas importantes para a competitividade
para 37% dos usuários.
A questão de número 15 questionou qual o principal gargalo nas exportações
realizadas através do porto de Itajaí, na opinião dos usuários conforme gráfico 15.
50
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
Tarifas Linhas denavegação
Infra-estrutura
Gráfico 15 - Principal gargalo no Porto
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
A grande maioria dos respondentes, 86%, considera a infra-estrutura o
principal ponto de estrangulamento para os envios através do terminal. Outros fatores,
tarifas e linhas de navegação, aparecem com apenas 7% cada.
Finalmente, na pergunta de número 16, buscou-se identificar qual o nível de
satisfação dos usuários em relação aos serviços de despachantes, armadores e
agentes de carga atuantes no porto de Itajaí, como pode ser observado no gráfico 16.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Bom Regular
Gráfico 16 - Percepção em relação aos prestadores de serviços
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
51
Percebe-se que 74% dos respondentes consideraram bons os serviços
prestados oferecidos pelos prestadores de serviço atuantes no Porto de Itajaí, fato que
reflete a especialização dos profissionais que operam na cidade.
52
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho de conclusão de curso teve como objetivo principal
identificar a percepção dos exportadores em relação à estrutura e aos serviços
oferecidos pelo Porto de Itajaí. Para tanto, foram descritas no decorrer da pesquisa as
atividades desempenhadas pelo porto de Itajaí, a estrutura do porto, a importância do
terminal para o comércio exterior catarinense e a satisfação dos exportadores em
relação ao terminal.
Em relação aos objetivos específicos que buscavam descrever as atividades
desempenhadas pelo Porto de Itajaí e apresentar sua estrutura, pode-se observar que
o referido terminal apresenta 740 metros de cais, com 03 berços de atracação e com as
já em andamento, o cais deve ser ampliado para 1.000 metros e 04 berços. Conta com
uma área total de 149.200 m², e após as obras já citadas, a área deve ser ampliada
para 66.200 m². O porto possui em operação cerca de 70 equipamentos, com
capacidade de 1 a 37 toneladas para carga e descarga de mercadorias.
Quanto ao objetivo que procurava verificar a importância do Porto de Itajaí para
o Comércio Exterior catarinense, pode-se afirmar que o referido porto é o principal meio
de escoamento da produção catarinense voltada à exportação, sendo de grande
importância comercial e gerando também grandes somas em tributos para o Estado.
Em 2007, o Porto de Itajaí foi responsável pelo transporte de 86% das exportações e
72% das importações catarinenses. Tais dados demonstram a necessidade de
investimentos governamentais na ampliação e modernização do terminal, com o
objetivo de fomentar e tornar mais ágeis as exportações catarinenses.
Em relação à questão que buscava verificar se a forma atuação dos portos
brasileiros restringia a competitividade, verificou-se que de maneira geral os terminais
nacionais têm aumentado sua eficiência na operação e modernizado suas operações,
principalmente após a entrada da iniciativa privada neste ramo. No entanto, ainda não
conseguem atingir um nível de produtividade semelhante aos dos países
53
desenvolvidos, o que acaba onerando em tempo e custo a produção brasileira e
diminuindo a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
Ao que se refere à questão que buscava verificar se a infra-estrutura de
transportes está adequada ao crescimento e a demanda do Comércio Exterior,
verificou-se que o comércio mundial cresce em uma proporção infinitamente maior que
os investimentos brasileiros em infra-estrutura de transportes.
Quanto à questão específica que buscava caracterizar a competitividade do
Porto de Itajaí, constatou-se que o terminal possui muitos aspectos a serem
desenvolvidos para aumentar sua produtividade e competitividade. Ao longo da
pesquisa observaram-se as deficiências do porto, principalmente no sentido de oferecer
espaço de armazenagem satisfatório às cargas de exportação, já que a maior parte dos
exportadores não se mostrou satisfeito com os serviços de armazenagem. Um dos
pontos mais críticos neste aspecto é que devido à falta de espaço no terminal, as
cargas de exportação podem entrar no porto apenas cerca de um dia antes da
atracação do navio.
A infra-estrutura foi apontada pelos exportadores como o principal gargalo
logístico do porto de Itajaí. Tal fato demonstra que a infra-estrutura não está adequada
e não acompanha o crescimento da demanda do comércio exterior. As deficiências
aparecem em todo o sistema de transporte, mas é nos portos que ficam mais evidentes,
já que são o último elo da cadeia de transporte.
Observou-se que o principal fator de escolha de um porto pelos exportadores é
a quantidade e freqüência de linhas de navegação que atendam de maneira satisfatória
às suas necessidades. Sendo assim, é fundamental que o porto ofereça boas
condições de operação e custos operacionais atrativos às companhias marítimas.
Foi observado também, o rápido crescimento da Portonave, com o crescimento
do número de armadores em operação e conseqüente aumento de destinos atendidos.
Verificou-se que 71% dos exportadores que utilizam o porto de Itajaí utilizam também a
Portonave para o escoamento de sua produção.
Um ponto que merece destaque é a percepção dos exportadores em relação
às tarifas praticadas que, no geral, foram consideradas dentro do mercado e não foram
54
citadas por nenhum exportador como fator de relevância para a competitividade do
porto.
Finalmente considera-se que o Porto de Itajaí, para manter-se competitivo e
satisfazer as necessidades de seus clientes, necessita contínuo processo de inovação
tecnológica além de investimentos em infra-estrutura e capacitação de seus
colaboradores.
55
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Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.
58
APÊNDICES
59
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS EXPORTADORES
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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS
Nome do estagiário Bruna dos Santos Zimerman
Orientador de conteúdo Prof. Marcos Aurélio Rosembrock
Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimento