1 INTRODUÇÃO GERAL§ão... · A hepatite C é uma doença de curso longo e em geral os pacientes...
Transcript of 1 INTRODUÇÃO GERAL§ão... · A hepatite C é uma doença de curso longo e em geral os pacientes...
1
1 INTRODUÇÃO GERAL
A hepatite C é uma doença amplamente distribuída no mundo. Estima-se que
3% da população mundial esteja infectada (PERZ et al., 2004). A maior parte dos
pacientes infectados evolui para a fase crônica da doença (SEEFF, 1997), com
lesões hepáticas que podem comprometer o funcionamento do fígado e levar ao
desenvolvimento de cirrose e carcinoma hepatocelular (FRIEDMAN, 1993;
MARCELLIN et al., 2002). A patogênese dessas lesões hepáticas ainda é pouco
compreendida, mas a resposta imune local pode ter alguma participação.
Os níveis séricos de citocinas estão elevados em pacientes com hepatite C
crônica quando comparados a indivíduos saudáveis e isso sugere ativação das
respostas mediadas pelos linfócitos T (CACCIARELLI et al., 1996; FAN et al., 1998).
A literatura mostra que um desequilíbrio na produção de citocinas tem sido
observado em várias doenças infecciosas humanas, como na infecção pelo HIV,
HBV, leptospirose e leishmaniose (CLEIRICI & SHEARER, 1994; YAMAMURA et al.,
1991; SHER & COFFMAN, 1992; JIANG et al., 2000). A resposta imune mediada por
células, favorecida pelas citocinas relacionadas ao perfil Th1, tem sido associada ao
controle de várias doenças, enquanto que as citocinas relacionadas ao perfil Th2
exercem funções imuno-regulatórias negativas (TSAI et al., 1997).
Na hepatite C, as citocinas produzidas pelos linfócitos T são importantes para o
controle da replicação viral, mas também podem contribuir com a progressão do
dano hepático (KOZIEL, 1997; TSAI et al., 1997). Assim, ainda não está claro qual o
perfil de citocinas está associado à gravidade das lesões hepáticas (BROWN &
NEUMAN, 2001).
A grande variação das condições clínicas dos pacientes, as diversas
metodologias empregadas para análise das citocinas (citometria de fluxo, ELISA) e
os tipos de amostras (soro, sobrenadante de culturas e fragmentos de tecido
hepático) dificultam a comparação dos resultados dos estudos e o entendimento de
como as citocinas contribuem com o agravamento das lesões hepáticas observadas
na hepatite C crônica (VISO et al., 2010).
Este trabalho teve como objetivo caracterizar o perfil sérico de citocinas em
pacientes com hepatite C crônica e diferentes estágios de fibrose hepática, graus de
atividade necroinflamatória, esteatose hepática e síndrome metabólica. Para tanto,
2
formam avaliados por citometria de fluxo os níveis séricos das seguintes citocinas:
IFN-gama, IL-1beta, IL-2, IL-6, IL-8, TNF, IL-4, IL-10 e TGF-Beta.
É importante considerar que tal avaliação representou a expressão momentânea
do que ocorre no organismo infectado pelo HCV. Assim, os achados foram
interpretados com base no conhecimento atual sobre a imunopatogenia da infecção
crônica pelo HCV.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A HEPATITE C
A hepatite C é uma doença amplamente distribuída no mundo. Estima-se que
3% da população mundial esteja infectada (Figura 1) (PERZ et al., 2004).
No Brasil, a prevalência da hepatite C varia entre 1 e 2%, dependendo da região
estudada (BRASIL, 2008).
A principal forma de transmissão da hepatite C, no Brasil, ocorre pelo contato
com sangue, hemoderivados e objetos perfuro-cortantes contaminados. A
transmissão sexual e materno-fetal é pouco frequente (BRASIL, 2008; LIANG et al.,
2000).
O agente etiológico da hepatite C é o HCV, um vírus envelopado, pertencente à
família Flaviviridae e ao gênero Hepacivirus (Figura 2).
Figura 1: Prevalência da hepatite C nas diferentes regiões do mundo.
Fonte: Modificado de PERZ et al., 2004.
4
O genoma do HCV é composto por uma fita simples de RNA (Ácido ribonucleico),
que codifica um grande polipeptídeo. A ação de proteases virais e celulares cliva
esse polipeptídeo em proteínas estruturais (Core, E1 e E2) e não estruturais (NS2,
NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B) (Figura 3) (PENIN et al., 2004).
O HCV caracteriza-se por sua grande variabilidade genética, e por este motivo
foi classificado em 6 grupos diferentes, conforme seu genótipo. Cada genótipo pode
ainda ser dividido em vários subtipos (SIMMONDS et al., 1994). A distribuição
Figura 3: Proteínas estruturais e não estruturais do HCV.
Fonte: Modificado de DUSTIN & RICE, 2007.
Figura 2: Estrutura do HCV.
Fonte: Modificado de http://people.rit.edu/japfaa/infectious.html. Acessado em 20/11/2009.
5
geográfica dos genótipos do HCV no mundo é bastante variável e no Brasil, os
genótipos mais frequentes são o 1, 3 e 2 (CAMPIOTTO et al., 2005).
2.2 O DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da infecção pelo HCV é realizado a partir de testes sorológicos e
de biologia molecular.
Os testes sorológicos identificam anticorpos específicos contra o HCV. Esses
anticorpos já podem ser detectados em amostras entre 20 e 150 dias após a
infecção (BRASIL, 2008). Entre os testes sorológicos destacam-se o ELISA (Enzyme
Linked Immunosorbent Assay), de alta sensibilidade e usado no rastreamento da
infecção pelo HCV, e o RIBA (Recombinant Immunoblot Assay), de maior
especificidade, denominado por isso um teste suplementar (BRANDÃO et al., 2001).
O ELISA de terceira geração (ELISA III) utiliza antígenos recombinantes ou
peptídeos sintéticos para a captura de anticorpos contra o HCV, aumentando, assim,
a sensibilidade do teste e reduzindo o tempo médio de soroconversão, ou seja, o
intervalo de tempo compreendido entre a infecção e o aparecimento dos anticorpos
(GRETCH, 1997). O RIBA é um teste mais específico porque detecta anticorpos
contra antígenos individuais do HCV (LOK & GUNARATNAM, 1997).
Os testes de biologia molecular possibilitam a detecção do RNA do HCV, que já
pode ser identificado em amostras entre 7 e 21 dias após a infecção (BRASIL,
2008). A PCR (Polymerase Chain Reaction) é um teste que possibilita a detecção
qualitativa e quantitativa do RNA do HCV, esta última também conhecida como
carga viral. A determinação do genótipo do HCV pode ser realizada a partir de
técnicas de biologia molecular ou sorológicas (BRANDÃO et al., 2001). A
genotipagem do HCV por técnicas de biologia molecular tem como principais
vantagens a informação direta da sequência dos nucleotídeos do genoma viral, a
alta sensibilidade, por se basearem na PCR e a possibilidade de identificar o subtipo
do HCV. Já as técnicas sorológicas têm baixo custo e maior facilidade de execução
(PAWLOTSKY & GRETCH, 1998).
Os testes que avaliam a função hepática, como ALT (Alanina Aminotransferase),
AST (Aspartato Aminotransferase), FA (Fosfatase Alcalina) e Gama-GT (Gama-
Glutamil Transpeptidase), não são necessários para o diagnóstico da infecção pelo
HCV, embora sejam indicadores sensíveis de dano hepático (BRASIL, 2008).
6
2.3 O TRATAMENTO
O tratamento da infecção pelo HCV tem como objetivo eliminar o vírus, tornando
indetectável o RNA do HCV no soro dos pacientes. Os pacientes infectados com o
HCV podem ser classificados em pelo menos dois grupos, de acordo com a resposta
ao tratamento: respondedores sustentados e não respondedores. Os respondedores
sustentados são os pacientes que obtém êxito em eliminar o vírus do soro, 6 meses
após o término da terapia, enquanto que os não respondedores permanecem com
viremia detectável durante ou após o término do tratamento (NIH, 2002).
O tratamento está indicado para os pacientes que apresentam o RNA do HCV
detectável no soro, elevação dos níveis de ALT (1,5 a 2 vezes maior que o limite
normal) e lesões necroinflamatórias e fibrose moderadas a acentuadas (BRASIL,
2008).
Antes do início do tratamento, portanto, recomenda-se que todo paciente seja
biopsiado (BRASIL, 2008). A biópsia hepática, quando indicada, é útil na
determinação do estágio de fibrose e do grau de atividade necroinflamatória.
Segundo a classificação METAVIR, a fibrose é definida em uma escala de 0 a 4 e a
atividade necroinflamatória em uma escala de 0 a 3 (BEDOSSA & POYNARD, 1996).
Estágio de fibrose Grau de atividade necroinflamatória
F0 = Ausência de fibrose A0 = Sem inflamação
F1 = Fibrose periportal sem septos A1 = Inflamação leve
F2 = Fibrose periportal e raros septos A2 = Inflamação moderada
F3 = Fibrose periportal e numerosos septos
sem cirrose
A3 = Inflamação grave
F4 = Cirrose
Figura 4: Sistema METAVIR para classificação do estagio de fibrose e do grau
de atividade necroinflamatória
Fonte: Adaptado de BEDOSSA & POYNARD, 1996
O não consumo de bebidas alcoólicas e o controle de distúrbios metabólicos
como obesidade e diabetes também são importantes durante o tratamento (BRASIL,
2008).
7
A determinação do genótipo do HCV é importante para a definição do melhor
esquema terapêutico para o paciente. Os pacientes portadores do HCV genótipo 1
são os que menos respondem ao tratamento antiviral, cerca de 40-50%, enquanto
que os portadores dos genótipos 2 e 3 respondem em torno de 80%.
O tratamento atualmente recomendado para pacientes com hepatite C
portadores do HCV genótipo 1 consiste na utilização de IFN-alfa (Interferon-alfa)
Peguilado em associação com Ribavirina durante 48 semanas, enquanto que os
pacientes portadores dos genótipos 2 e 3 devem ser tratados com IFN-standard em
associação com Ribavirina durante 24 semanas (BRASIL, 2008).
O IFN-alfa é uma citocina antiviral naturalmente produzida pelo nosso
organismo, especialmente por linfócitos B e monócitos. No passado, o tratamento da
hepatite C era feito apenas com o IFN-alfa standard e a porcentagem de resposta ao
tratamento era muito baixa, menos de 20% (CUMMINGS et al., 2001;
MCHUTCHISON et al., 1998). A adição de polietilenoglicol ao IFN-alfa
(PegInterferon) aumentou a meia vida do IFN, prolongando o seu tempo de ação no
organismo (HARRIS & CHESS, 2003).
A Ribavirina é um análogo sintético da guanosina e sua associação com o IFN-
alfa aumentou para mais de 40% a resposta sustentada após 6 meses do fim da
terapia (HOOFNAGLE & SEEF, 2006). O mecanismo de ação da Ribavirina não é
bem conhecido, mas provavelmente seu mecanismo de ação seja o de inibir a DNA
polimerase vírus dependente.
O tratamento da infecção pelo HCV, porém, provoca uma série de efeitos
colaterais, como fadiga, náusea, diarréia, dores abdominais, musculares, articulares,
alterações do humor, alterações na função tireoidiana, entre outras queixas.
Novas estratégias terapêuticas vêm sendo estudadas, especialmente com o
objetivo de aumentar a taxa de resposta virológica em pacientes portadores do HCV
genótipo 1. O Telaprevir (inibidor da protease NS3\NS4) e o Boceprevir (inibidor da
protease NS3) são dois inibidores de proteases do HCV que agem diretamente no
vírus, bloqueando a sua replicação (FORESTIER et al., 2007; KWO et al., 2010). Os
estudos mostram que a associação de um desses inibidores de proteases ao
tratamento atualmente recomendado (IFN-alfa peguilado e Ribavirina) é capaz de
8
aumentar a taxa de resposta virológica em mais de 70% em pacientes portadores do
HCV genótipo 1 (BACON et al, 2011; KWO et al., 2010).
2.4 A HISTÓRIA NATURAL DA HEPATITE C
A história natural da hepatite C ainda não é totalmente compreendida. As
dificuldades em se determinar a forma e do tempo de infecção contribuem para isso.
A evolução da hepatite C é bastante variável (Figura 4). Cerca de 15% a 40%
dos indivíduos infectados conseguem eliminar o vírus ainda na fase aguda da
doença. A maior parte dos indivíduos infectados, entretanto, evolui para a fase
crônica (SEEFF, 1997). Destes, cerca de 20% desenvolverão cirrose hepática nos
próximos 10 ou 20 anos e uma vez instalada a cirrose os pacientes apresentam 1 a
4% de chance ao ano de desenvolver carcinoma hepatocelular (MARCELLIN et al.,
2002).
A hepatite C é uma doença de curso longo e em geral os pacientes levam
décadas até apresentarem os primeiros sintomas. A fase aguda da doença é
caracterizada pela ausência de sintomatologia (mais de 75% dos casos são
assintomáticos). Apenas 20% dos pacientes infectados apresentam icterícia
(BRASIL, 2008). A fase crônica da hepatite C também pode ser assintomática,
entretanto, é comum que os pacientes nesta fase da doença apresentem algum grau
de lesão hepática. Assim, muitas vezes o diagnostico é feito ao acaso, durante a
fase crônica da doença, a partir de alterações esporádicas em exames de rotina.
Figura 5: História natural da hepatite C.
Fonte: MARCELLIN et al., 2002
Hepatite C
aguda
Hepatite C
crônica
(85%)
Cura (15%) CHC (1- 4% ao ano)
Cirrose
(20%)
9
A principal consequência da hepatite C crônica é a formação de fibrose hepática,
que a depender da sua extensão pode comprometer a função do órgão, levando à
cirrose (FRIEDMAN, 1993; NIH, 2002). A fibrose é caracterizada pela síntese e
deposição de matriz extracelular, composta principalmente por colágenos tipo I e IV,
proteoglicanos, fibronectina e ácido hialurônico (GRESSNER & BACHEM, 1990).
A fibrose surge sempre quando há uma lesão tecidual e é reversível quando o
estímulo agressor é removido. Assim o excesso de matriz extracelular depositado é
degradado por enzimas proteolíticas, principalmente pelas metaloproteinases
(fibrólise), possibilitando assim a completa regeneração do tecido lesado. A fibrose é
irreversível quando o estímulo à lesão persiste, provocando um dano tecidual
crônico e o acúmulo de grandes quantidades de matriz extracelular (fibrogênese)
(BENYON & ARTHUR, 2001). Neste último caso, também ocorre diminuição da
liberação das metaloproteinases e aumento da secreção dos seus inibidores
naturais. As fibras de colágeno tornam-se resistentes à degradação, ocorrem
alterações na arquitetura do parênquima hepático e dependendo da sua extensão
pode haver comprometimento da função do órgão e o desenvolvimento de cirrose
(IREDALE, 2001; NEUBAUER et al., 2001).
Inicialmente acreditava-se que o HCV era um vírus citopático e, portanto,
poderia causar lesão direta aos hepatócitos com consequente formação de fibrose
(BARONE et al., 1999; MILLER & PURCELL, 1990). Porém, a resposta imune local
pode ter um papel mais relevante nisso.
Algumas características relacionadas ao paciente, como idade avançada no
momento da infecção, o sexo masculino, a ingestão abusiva de álcool, a presença
de obesidade, esteatose e resistência à insulina, parecem contribuir com uma
evolução mais rápida da fibrose hepática em pacientes com hepatite C (POYNARD
et al., 1997; POWELL et al., 2005; CHUNG et al., 2012).
A esteatose hepática, caracterizada pelo aumento do conteúdo de gordura no
fígado, é uma condição frequentemente observada em pacientes com hepatite C
(RAMALHO, 2003). Cerca de 40% a 80% dos pacientes com hepatite C crônica têm
esteatose hepática (ASSELAH et al., 2006). Características tanto relacionadas ao
paciente quanto ao vírus parecem contribuir com o desenvolvimento da esteatose
hepática. Nos pacientes infectados com o HCV genótipo 1, a esteatose parece ser
10
devido a coexistência de esteatohepatite não alcoólica ou NASH (Nonalcoholic
Steatohepatitis) e de um aumento no índice de massa corpórea. A NASH é um
achado histológico onde, além da esteatose, é possível observar inflamação,
necrose e fibrose no tecido hepático. Já nos pacientes infectados com o HCV
genótipo 3, a esteatose parece ser resultado de um efeito citopático direto do vírus.
Sequências virais específicas seriam as responsáveis pelo acúmulo de lipídios no
citoplasma dos hepatócitos (RUBBIA-BRANDT et al., 2000).
A esteatose hepática, assim como a obesidade abdominal, redução dos níveis
séricos de HDL colesterol, aumento dos níveis séricos de triglicerídeos, aumento da
pressão sanguínea e resistência à insulina, são componentes importantes da
chamada síndrome metabólica, condição relacionada ao aumento do risco
cardiovascular e do desenvolvimento de diabetes tipo 2 (MAGLIANO et al., 2006;
WUBBEN & ADAMS, 2006). As causas da síndrome metabólica não são conhecidas,
mas a infecção crônica pelo HCV aumenta o risco de desenvolvimento de síndrome
metabólica (SERSTÉ et al., 2010).
2.5 MANIFESTAÇÕES EXTRA-HEPÁTICAS
A hepatite C frequentemente está associada a manifestações extra-hepáticas
(JADALI, 2013). Estima-se que cerca de 40% dos pacientes infectados pelo HCV
apresentam algum tipo de manifestação extra-hepática da doença (CACOUB et al.,
2000).
As manifestações extra-hepáticas associadas a infecção pelo HCV mais
comumente observadas são a crioglobulinemia, vasculite, glomerulonefrite,
neuropatia e linfoma de células B (TANG & LAI, 2013). Desordens cutâneas
(ANDRADE et al., 2012) e da glândula tireoide (JADALI, 2013) também têm sido
descritas, mas sua associação com a hepatite C crônica ainda precisa ser melhor
investigada (ZIGNEGO et al., 2012).
A origem dessas manifestações pode ser a formação de imunocomplexos ou
outras desordens do sistema imune. Em doenças infecciosas de curso longo, como
na hepatite C, é comum a produção de autoanticorpos (BOGDANOS et al., 2005;
HIMOTO & MASAKI, 2012). Esses autoanticorpos podem ser contra ácidos
nucleicos, proteínas ou mesmo lipídios e ao interagir com seus respectivos
11
antígenos formam imunocomplexos que se depositam em pequenos vasos,
obstruindo-os e provocando uma inflamação (AGNELLO et al., 1992). A infecção
crônica pelo HCV pode ainda provocar uma estimulação excessiva e persistente do
sistema imune. O resultado pode ser o aparecimento de desordens linfoproliferativas
(ZIGNEGO et al., 2007).
2.6 A RESPOSTA IMUNE AO HCV
A resposta imune ao HCV tem início logo após a infecção. Ao entrar na corrente
sanguínea o HCV pode infectar várias células e se replicar dentro delas enquanto
migra para o fígado, seu órgão alvo (GOWANS, 2000). São essas células infectadas
que constituem a primeira linha de defesa contra o vírus.
O reconhecimento dos Padrões Moleculares Associados a Patógenos ou PAMPs
(Pathogen-associated molecular patterns) do HCV na superfície das células induz a
produção de IFNs tipo I (IFN-alfa e IFN-beta), responsáveis pela inibição da
replicação viral na célula recém infectada e pela indução do estado antiviral em
células vizinhas. Este mecanismo limita a disseminação do HCV (TAYLOR et al.,
2000; MIZUKOSHI & REHERMANN, 2001).
Os IFNs do tipo I também ativam células NK (TAYLOR et al., 2000), que
contribuem com esse controle inicial da replicação viral, eliminando as células
infectadas (REHERMANN, 2000). As células NK também são uma importante fonte
de IFN-gama, que entre outras funções atua em macrófagos, potencializando seus
efeitos microbicidas e em linfócitos T contribuindo para a sua ativação.
A literatura tem mostrado que pacientes que durante a fase aguda da hepatite C
apresentam uma resposta vigorosa e sustentada de linfócitos T CD4 e CD8 contra
múltiplos epítopos do HCV, em geral conseguem fazer uma eliminação viral eficiente
e controlar a infecção (THIMME et al., 2001; URBANI et al., 2006). Em
contrapartida, a fase crônica da hepatite C é caracterizada por uma resposta
atenuada de linfócitos T contra o vírus (WEDEMEYER et al., 2002).
Os motivos que levam a essa falha na reatividade dos linfócitos T durante a
hepatite C crônica ainda não são compreendidos, mas, provavelmente, fatores tanto
relacionados ao hospedeiro quanto ao vírus podem contribuir com isso. A
estimulação constante das células de defesa pode levar a exaustão ou deleção dos
12
linfócitos T. Células com perfil imunomodulatório, como os linfócitos Treg também
podem estar envolvidos na manutenção da infecção crônica. Pacientes com hepatite
C crônica têm uma frequência maior de linfócitos T CD4+CD25+ que suprimem a
resposta proliferativa de linfócitos T específicos para o HCV (CABRERA et al., 2004).
Determinados polimorfismos no Complexo Principal de Histocompatibilidade ou MHC
(Major histocompatibility complex) e em genes de citocinas podem favorecer a
eliminação ou persistência do vírus (HARUNA et al., 2000; MANGIA et al., 1999). O
HCV também pode prejudicar o funcionamento de células do sistema imune.
Segundo Bella et al (2007), células dendríticas de pacientes com hepatite C crônica
apresentam alterações em suas funções que não são observadas em pacientes que
conseguem controlar a infecção. As células dendríticas são células apresentadoras
de antígenos que têm papel crucial na ativação e diferenciação dos linfócitos T
naives. Mutações nos epítopos alvo do sistema imune também são estratégias
utilizadas pelo HCV para se evadir da resposta imune do hospedeiro (IWATA et al.,
1995; GUAN et al., 2012; FOFANA et al., 2012).
2.6 AS CITOCINAS NA HEPATITE C
As citocinas são importantes mediadores da resposta imune. Em pacientes com
hepatite C crônica, os níveis séricos de citocinas estão elevados quando
comparados a indivíduos saudáveis, sugerindo que as respostas mediadas pelos
linfócitos T estão ativadas nesses pacientes (CACCIARELLI et al., 1996; FAN et al.,
1998).
De forma similar ao que foi descrito por Mosmann et al (1986) em murinos, os
linfócitos T CD4 humanos, quando ativados, podem se diferenciar em
subpopulações distintas, caracterizadas conforme o padrão de citocinas que
secretam e as funções que estimulam. Os linfócitos Th1 produzem
predominantemente as citocinas pró-inflamatórias IFN-gama, IL-2 e linfotoxina, e
favorecem a inflamação e as respostas mediadas por células. Os linfócitos Th2
produzem principalmente as citocinas anti-inflamatórias IL-4, IL-5 e IL-13, que inibem
as respostas mediadas por células e estimulam as respostas humorais (DEL PRETE
et al., 1994). Os linfócitos T regulatórios ou Treg são outra subpopulação de
linfócitos T que secretam IL-10 e TGF-beta e exercem funções imunossupressoras,
13
inibindo tanto das respostas do tipo Th1 quanto Th2 (MOORE et al., 2001;
LETTERIO & ROBERTS, 1998). Mais recentemente foram descritas outras
subpopulações de linfócitos T, como os linfócitos Th9, que secretam IL-9 e estão
relacionados a doenças alérgicas, como a asma (XING et al., 2011). Os linfócitos
Th17 produzem principalmente a IL-17 e participam do recrutamento, ativação e
migração de neutrófilos para o sítio da infecção, além de influenciar a secreção de
citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6 e a IL-8 (ROMAGNANI, 2008). Os linfócitos
Th17 também são importantes na defesa do organismo contra infecções fúngicas e
por bactérias gram-negativas (ZHU & PAUL, 2008; ZELANTE et al., 2007). Os
linfócitos Th22, que secretam IL-22, têm sido relacionados a doenças autoimunes,
como artrite reumatoide (YANG et al., 2013).
A literatura mostra que um desequilíbrio na produção de citocinas tem sido
observado em várias doenças infecciosas humanas, com na infecção pelo HIV,
HBV, leptospirose e leishmaniose (CLEIRICI & SHEARER, 1994; JIANG et al., 2000,
YAMAMURA et al., 1991; SHER & COFFMAN, 1992). A resposta imune mediada por
células, favorecida pelas citocinas relacionadas ao perfil Th1, tem sido associada ao
controle de várias doenças, enquanto que as citocinas relacionadas ao perfil Th2
exercem funções imuno-regulatórias negativas (TSAI et al., 1997).
Na hepatite C, as citocinas produzidas pelos linfócitos T são importantes para o
controle da replicação viral, mas também podem contribuir com a progressão do
dano hepático (KOZIEL, 1997; TSAI et al., 1997). Assim, ainda não está claro qual
perfil de citocinas está associado à gravidade das lesões hepáticas (BROWN &
NEUMAN, 2001).
A grande variação das condições clínicas dos pacientes, as diversas
metodologias empregadas para análise das citocinas (citometria de fluxo, ELISA) e
os tipos de amostras (soro, sobrenadante de culturas, fragmentos de tecido
hepático) dificultam a comparação dos resultados dos estudos e o entendimento de
como as citocinas contribuem com o agravamento das lesões hepáticas observadas
na hepatite C crônica (VISO et al., 2010).
Bozkaya et al (2000), relataram que a lesão hepática observada na hepatite C
crônica estava associada a um aumento nos níveis séricos de citocinas relacionadas
ao perfil Th1, cuja citocina de assinatura é o IFN-gama. O IFN-gama é uma citocina
14
pró-inflamatória produzida por linfócitos T e células NK. Entre suas principais
funções, o IFN-gama potencializa os efeitos microbicidas dos macrófagos. Segundo
Gilles et al (1992) e Paul & Seder (1994), o IFN-gama não favorece apenas a
eliminação dos hepatócitos infectados pelo HCV, mas também aumenta a gravidade
da doença, já que estimula a imunidade celular. Bertoletti et al (1999) e Taylor et al
(2006), observaram que a maior parte dos linfócitos T que infiltram o fígado de
pacientes com hepatite C crônica têm perfil Th1 e Napoli et al (1996), observaram
níveis intra-hepáticos elevados de IFN-gama e IL-2. Gonzales-Reimers et al (2009),
observaram níveis séricos elevados de IFN-gama em pacientes com hepatite C
crônica e atividade necroinflamatória intensa. Zhang et al (2009), relataram um
aumento dos níveis séricos de IFN-gama após a conclusão do tratamento antiviral
apenas no grupo dos respondedores. O tratamento da hepatite C tem como objetivo
eliminar o vírus, porém, o mecanismo imunológico exato não é bem conhecido.
Provavelmente o sucesso do tratamento está associado a ativação das respostas
mediadas pelos linfócitos T(CACCIARELLI et al., 1996). De acordo com Tsai et al
(1997), a ativação de respostas relacionadas ao perfil Th1 durante a terapia é um
mecanismo imunológico comum aos pacientes que conseguem obter sucesso no
tratamento da hepatite C. Entretanto, ainda não há um consenso sobre o que ocorre
com os níveis séricos de citocinas após a conclusão da terapia.
Neuman et al (2012) e Zylberberg et al (1999), associaram níveis séricos
elevados de TNF à fibrose grave. Cua et al (2007), entretanto, discordaram e
afirmaram em seu estudo que os níveis séricos de TNF não estavam associados à
fibrose hepática. O TNF é outra citocina pró-inflamatória, secretada por macrófagos,
células endoteliais, musculares e adipócitos. O TNF atua no recrutamento de
neutrófilos para o sítio da infecção e em macrófagos e células endoteliais, age
estimulando a secreção de IL-1beta e quimiocinas, que atraem outros leucócitos.
Zylberberg et al (1999), Neuman et al (2002), Hung et al (2009) e Cua et al (2007),
afirmaram em seus estudos que os níveis séricos de TNF refletiam a progressão da
inflamação hepática. Crespo et al (2002), entretanto, não observaram isso. Segundo
Zhang et al (2002), o TNF também age sobre o tecido adiposo estimulando a
lipólise, ou seja, a quebra das moléculas de gordura para a produção de energia.
Isso ocorre porque o TNF estimula a atividade da enzima Lipase Hormônio Sensível
15
ou LHS, que, como o próprio nome já diz, é sensível a ação de hormônios, como a
insulina, que inibe sua ação (SUMIDA et al., 1990). O TNF também inibe a atividade
da enzima Lipase Lipoproteica ou LL, responsável pela remoção dos lipídeos da
circulação e acúmulo destes nos adipócitos. Esses dois efeitos combinados resultam
em um aumento dos níveis séricos de triglicerídeos (FEINGOLD & GRUNFELD,
1992; MENDALL et al., 1997). Ziccardi et al (2002), Mendall et al (1997) e Yudkin et
al (1999), observaram níveis séricos elevados de TNF em indivíduos obesos.
Segundo Cua et al (2007) e Crespo et al (2002), entretanto, os níveis séricos de TNF
não estão associados à esteatose hepática, caracterizada pelo aumento do
conteúdo de gordura dentro dos hepatócitos, embora a esteatose hepática esteja
associada à um estado pró-inflamatório em pacientes com hepatite C crônica
(JOSSON et al.,2008). O TNF também afeta o metabolismo da glicose, suprimindo a
sinalização do receptor de insulina na membrana das células (LIU et al., 1998). O
resultado disso é a diminuição na captação de glicose pelas células e um quadro de
hiperinsulinemia. Assim, Ziccardi et al (2002), Mendall et al (1997), Yudkin et al
(1999) e Bruun et al (2003), relataram aumento dos níveis séricos de TNF em
indivíduos com resistência à insulina. O mesmo, entretanto, não foi observado por
Hung et al (2009) e Cua et al (2007). Ainda assim, Eckel et al (2005) e Grundy et al
(2005), afirmaram que a síndrome metabólica está associada a um quadro pró-
inflamatório.
Sobchak & Monakova (2004) e Huang et al (1999), observaram níveis séricos
elevados de IL-1beta, IL-2 e IL-6 em pacientes com hepatite C e fibrose grave e
cirrose. A IL-1-beta é produzida principalmente por macrófagos e células endoteliais
e age de forma semelhante ao TNF, estimulando a expressão de moléculas de
adesão e facilitando assim a migração de leucócitos para o sítio da infecção. A IL-
1beta também reduz a atividade da LL no tecido adiposo, contribuindo com o
aumento dos níveis séricos de triglicerídeos (FEINGOLD & GRUNFELD, 1992). A IL-
2 estimula a proliferação de linfócitos T e B e a ativação de células NK. Mazur et al
(2001), observaram um aumento nos níveis séricos de IL-2 no grupo dos
respondedores à terapia antiviral. A IL-1beta, juntamente com o TNF, estimulam a
produção de IL-6 em macrófagos e células endoteliais (WINNOCK et al., 1993). A IL-
6 é o principal mediador da resposta inflamatória de fase aguda. Atua no fígado,
16
estimulando a produção da proteína C reativa ou PCR, que possui funções imuno-
regulatórias, estimulando a ativação do sistema complemento, a reatividade dos
leucócitos e a síntese de citocinas (BLACK et al., 2004). Malaguarnera et al (1997) e
Gonzáles-Reimers et al (2009), observaram que os níveis séricos de IL-6 estavam
elevados em pacientes com hepatite C crônica e se correlacionavam com o grau de
atividade necroinflamatória. Cua et al (2007) porém, não observou essa associação.
Com relação à terapia, Mazur et al (2001), observaram um aumento nos níveis
séricos de IL-6 tanto no grupo dos respondedores quanto no grupo dos NR ao
tratamento antiviral. O tecido adiposo também é uma importante fonte de IL-6,
existindo uma correlação direta dessa citocina com a massa adiposa (FRIED et al.,
1998). Josson et al (2008) e Baranova et al (2011), relataram que os níveis séricos
de IL-6 estão associados à obesidade e à esteatose hepática em pacientes com
hepatite C. Cua et al (2007) entretanto, não observaram essa associação.De acordo
com Yudkin et al (1999), em pessoas saudáveis, a IL-6 se correlaciona com todos os
componentes da síndrome metabólica (glicemia, circunferência da cintura,
concentrações séricas de triglcerídeos e HDL colesterol e pressão sanguínea), de
modo que, quanto maior o número de componentes da síndrome metabólica
apresentados pelos indivíduos, maiores foram os níveis séricos de IL-6. Como a
síndrome metabólica aumenta o risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, Ogiwara et al (2004), sugerem que a avaliação dos níveis séricos
de TNF e IL-6 pode ser uma importante ferramenta para predizer a ocorrência de
eventos cardiovasculares. Hung et al (2009), entretanto, afirmaram não existir
associação entre os níveis séricos de IL-6 e a resistência a insulina em pacientes
com hepatite C crônica.
Baranova et al (2011) e Neuman et al (2007), também observaram níveis séricos
elevados de IL-8 em pacientes com hepatite C e fibrose moderada e grave, e
afirmaram que os níveis séricos de IL-8 em pacientes com hepatite C crônica
continuavam aumentando, mesmo naqueles com cirrose hepática. A IL-8 é
produzida principalmente por macrófagos e em menor quantidade por células
endoteliais. Também conhecida como CXCL8, a IL-8 é uma quimiocina. As
quimiocinas são citocinas que funcionam como quimioatraentes para outras células,
estimulando a migração para o sítio da infecção (BAGGIOLINI et al., 1997). Neuman
17
et al (2007), relataram níveis séricos elevados de IL-8 em pacientes com atividade
necroinflamatória intensa. Baranova et al (2011), afirmaram que os níveis séricos de
IL-8 estão associados à esteatose hepática em pacientes com hepatite C crônica.
Bruun et al (2003) e Straczkowski et al (2002), relataram aumento dos níveis séricos
de IL-8 em indivíduos obesos e naqueles com resistência à insulina. O mesmo,
porém, não foi observado por Cua et al (2007).
Fan et al (1998), Koziel (1999) e Tsai et al (1997), entretanto, relataram que as
respostas do tipo Th2 também estão presentes em pacientes com hepatite C
crônica, e em razão dos seus efeitos modulatórios sobre respostas do tipo Th1,
seriam capazes de minimizar o dano hepático, embora comprometessem a
eliminação do vírus e também estivessem associadas à cronificação da doença.
Abayli et al (2003), entretanto, não observaram associação entre os níveis
séricos de IL-4 e IL-10 e a atividade necroinflamatória em pacientes com hepatite C
crônica. A IL-4 é produzida por linfócitos T e é o principal estímulo para a
diferenciação de linfócitos T naives em células Th2. A IL-4 também é capaz de ativar
macrófagos por uma via diferente daquela utilizada pelo IFN-gama (MONTANER et
al., 1999; BIRK et al., 2001). Sobue et al (2001), também não observaram diferenças
nos níveis séricos de IL-10 com a progressão da fibrose hepática. A IL-10 é uma
citocina anti-inflamatória produzida por macrófagos e linfócitos T e age
principalmente inibindo a secreção de IL-12, principal citocina indutora da
diferenciação de linfócitos T naives em células Th1. Esposito et al (2003),
observaram níveis séricos elevados de IL-10 em indivíduos obesos e baixos níveis
séricos de IL-10 em indivíduos com síndrome metabólica. Shibata et al (1997),
entretanto, relataram níveis séricos elevados de IL-10 em pacientes com lesão
isquêmica no miocárdio.
Tsushima et al (1999), associaram níveis séricos elevados de TGF-beta com a
progressão da fibrose hepática. Neuman (2006), Valva et al (2011) e Soliman et al
(2010), entretanto, discordaram e afirmaram que os níveis séricos de TGF-beta
estavam elevados apenas nos estágios iniciais de fibrose. O TGF-beta é produzido
principalmente por linfócitos T e macrófagos e participa do processo de reparo
tecidual. Sob seu estímulo, as células estreladas de Ito, bem como os fibroblastos
portais e perivasculares, são ativados e se diferenciam em miofibroblastos, principais
18
células secretoras de matriz extracelular no tecido hepático (FRIEDMAN, 2000;
TSUKADA et al., 2006). O acúmulo de grandes quantidades de matriz extracelular
associado à diminuição da secreção de enzimas capazes de degrada-la como as
metaloproteinases, resulta na formação da fibrose hepática (SCHUPPAN et al.,
2003; NEUBAUER et al., 2001). Com relação à terapia antiviral, Tsushima et al
(1999), relataram uma diminuição nos níveis séricos de TGF-beta após a conclusão
do tratamento antiviral tanto no grupo dos respondedores quanto no grupo dos NR.
Soliman et al (2010), observaram níveis séricos elevados de TGF-beta em
pacientes com hepatite C e esteatose hepática.
19
3 ARTIGO CIENTÍFICO: PERFIL SÉRICO DE CITOCINAS EM PACIENTES COM
HEPATITE C CRÔNICA: ASSOCIAÇÃO COM FIBROSE HEPÁTICA, ATIVIDADE
NECROINFLAMATÓRIA, ESTEATOSE HEPÁTICA E SÍNDROME METABÓLICA
MARTINS CC1,2
, LEMAIRE DC1, SAMPAIO GP
1, OLIVEIRA LPM
3, JESUS RP
3, CAVALCANTE LN
3,
LYRA LGC3, MEYER R
1, FREIRE SM
1, LYRA AC
3
1-Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular do Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia, Brasil; 2-Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Imunologia, ICS/UFBA; 3- Complexo Hospital Universitário Professor Edgard Santos - CHUPES/UFBA
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil sérico de citocinas em pacientes com hepatite C crônica e diferentes estágios de fibrose hepática, graus de atividade necroinflamatória, esteatose hepática e síndrome metabólica. Para tanto, em 121 pacientes com hepatite C crônica, formam avaliados por citometria de fluxo os níveis séricos das seguintes citocinas: IFN-gama, IL-1beta, IL-2, IL-6, IL-8, TNF, IL-4 e IL-10. Destes, 78 pacientes também tiveram os níveis séricos de TGF-beta avaliados. A população estudada foi composta por pacientes com idade média de 52 (±10) anos e principalmente por homens (67%), portadores do HCV genótipo 1 (82%), seguidos do genótipo 3 (17%), pacientes que apresentavam estágio de fibrose moderada (36%) e grave (40%), ausência de atividade necroinflamatória (44%) e atividade necroinflamatória leve (38%), NR ao tratamento antiviral prévio (62%), ausência de esteatose hepática (63%) e ausência de síndrome metabólica (88%). Os pacientes com fibrose moderada tiveram os maiores níveis séricos de IL-4 (163pg/mL) e TGF-beta (60254pg/mL) e os pacientes com fibrose grave tiveram os maiores níveis séricos de IFN-gama (203pg/mL), IL-2 (284pg/mL), IL-8 (489pg/mL), IL-6 (10pg/mL), IL-1beta (13pg/mL) e IL-10 (30pg/mL). Os pacientes com ausência de atividade necroinflamatória tiveram os maiores níveis séricos de TGF-beta (55158pg/mL) e os pacientes com atividade necroinflamatória intensa tiveram os maiores níveis séricos de IFN-gama (190pg/mL), IL-2 (273pg/mL), IL-8 (547pg/mL), IL-1beta (12pg/mL), IL-4 (133pg/mL) e IL-10 (29pg/mL). Os pacientes com esteatose hepática tiveram os maiores níveis séricos de IFN-gama (152pg/mL), IL-2 (216pg/mL), IL-8 (409pg/mL) e TGF-beta (61200pg/mL). Os pacientes com síndrome metabólica tiveram os maiores níveis séricos de IL-2 (249pg/mL), IL-6 (10pg/mL), IL-1beta (11pg/mL), IL-4 (198pg/mL) e IL-10 (14pg/mL). Com base em nossos resultados, concluímos que os pacientes com estágio de fibrose grave e esteatose hepática apresentaram níveis séricos mais elevados de citocinas predominantemente pró-inflamatórias. Os pacientes com grau de atividade necroinflamatória intensa e com síndrome metabólica apresentaram níveis séricos mais elevados tanto de citocinas pró-inflamatórias quanto anti-inflamatórias.
Palavras-chave: Citocinas; Hepatite C crônica; Fibrose hepática; Esteatose;
Síndrome metabólica
20
INTRODUÇÃO
A hepatite C é uma doença amplamente distribuída no mundo. Estima-se que
3% da população mundial esteja infectada (PERZ et al., 2004). A maior parte dos
pacientes infectados evolui para a fase crônica da doença (SEEFF, 1997), com
lesões hepáticas que podem comprometer o funcionamento do fígado e levar ao
desenvolvimento de cirrose e carcinoma hepatocelular (FRIEDMAN, 1993;
MARCELLIN et al., 2002). A patogênese dessas lesões hepáticas ainda é pouco
compreendida, mas resposta imune local pode ter alguma participação.
Os níveis séricos de citocinas estão elevados em pacientes com hepatite C
crônica quando comparados a indivíduos saudáveis e isso sugere ativação das
respostas mediadas pelos linfócitos T (CACCIARELLI et al., 1996; FAN et al., 1998).
A literatura mostra que um desequilíbrio na produção de citocinas tem sido
observado em várias doenças infecciosas humanas, como na infecção pelo HIV,
HBV, leptospirose e Leishmaniose (CLEIRICI & SHEARER, 1994; YAMAMURA et
al., 1991; SHER & COFFMAN, 1992; JIANG et al., 2000). As citocinas relacionadas
ao perfil Th1 tem sido associadas ao controle de várias doenças, enquanto que as
citocinas relacionadas ao perfil Th2 exerceriam funções imuno-regulatórias
negativas (TSAI et al., 1997).
Os linfócitos Th1 secretam principalmente citocinas pró-inflamatórias, como IFN-
gama, IL-2 e linfotoxina, e favorecem a inflamação e a imunidade mediada por
células. Os linfócitos Th2 produzem predominantemente citocinas anti-inflamatórias,
como a IL-4, IL-4 e IL-13, que inibem as respostas mediadas por células e estimulam
a imunidade humoral (DEL PRETE et al., 1994). Os linfócitos T regulatórios ou Treg
são outra subpopulação de linfócitos que secretam IL-10 e TGF-beta e exercem
funções imunossupressoras, inibindo tanto as respostas do tipo Th1 quanto Th2
(MOORE et al., 2001; LETTERIO & ROBERTS, 1998).
Na hepatite C, as citocinas produzidas pelos linfócitos T são importantes para o
controle da replicação viral, mas também podem contribuir com a progressão do
dano hepático (KOZIEL, 1997; TSAI et al., 1997).
A principal consequência da hepatite C é o desenvolvimento de fibrose hepática,
frequentemente associada a um infiltrado intra-hepático inflamatório leve
(POYNARD et al., 1997). A esteatose hepática, caracterizada pelo aumento de
21
gordura no fígado (RAMALHO, 2003), e a síndrome metabólica, condição
relacionada ao aumento do risco cardiovascular e do desenvolvimento de diabetes
tipo 2 (MAGLIANO et al., 2006; WUBBEN & ADAMS, 2006), estão associadas a um
quadro pró-inflamatório (JONSSON et al., 2008; ECKEL et al., 2005; GRUNDY et al.,
2005) e parecem contribuir com uma evolução mais rápida da fibrose hepática em
pacientes com hepatite C (POWELL et al., 2005; CHUNG et al., 2012).
A grande variação das condições clínicas dos pacientes, as diversas
metodologias empregadas para análise das citocinas (citometria de fluxo, ELISA) e
os tipos de amostras (soro, sobrenadante de culturas e fragmentos de tecido
hepático) dificultam a comparação dos resultados dos estudos (VISO et al., 2010).
Assim, ainda não está claro qual o perfil de citocinas está associado à gravidade das
lesões hepáticas (BROWN e NEUMAN, 2001).
Este trabalho teve como objetivo caracterizar o perfil sérico de citocinas em
pacientes com hepatite C crônica e diferentes estágios de fibrose hepática, graus de
atividade necroinflamatória, esteatose hepática e síndrome metabólica. Para tanto,
formam avaliados por citometria de fluxo os níveis séricos das seguintes citocinas:
IFN-gama, IL-1beta, IL-2, IL-6, IL-8, TNF, IL-4, IL-10 e TGF-Beta.
É importante considerar que tal avaliação representou a expressão momentânea
do que ocorre no organismo infectado pelo HCV. Assim, os achados foram
interpretados com base no conhecimento atual sobre a imunopatogenia da infecção
crônica pelo HCV.
22
METODOLOGIA
Tipo de estudo
Este é um estudo retrospectivo, descritivo e corresponde a uma subanálise de
um estudo previamente publicado (OLIVEIRA L. P. et al. Effect of soy
protein supplementation in patients with chronic hepatitis C: a randomized clinical
trial. World J Gastroenterol, v.18, n. 18, p. 2203-2211, May 2012). No referido
estudo, o objetivo geral foi avaliar o efeito da suplementação à base de soja integral
em pó sobre os parâmetros clínicos e nutricionais de pacientes com infecção pelo
vírus da hepatite C.
População de estudo
No estudo prévio, pacientes não diabeticos e não obesos com hepatite C crônica
foram randomizados para dois tipos de suplementação dietética. Os pacientes que
fizeram parte deste estudo eram acompanhados no ambulatório de Hepatologia do
Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (c-HUPES) da
Universidade Federal da Bahia. Foram incluídos consecutivamente 160 pacientes
entre Julho de 2008 e Dezembro de 2009, que atendiam aos seguintes critérios de
inclusão: Idade superior a 18 anos, com diagnóstico de hepatite C (detecção de
anticorpos específicos para o HCV pelo método Imunoenzimático ELISA e detecção
do HCV-RNA pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase-PCR), com ou sem
cirrose hepática, com consumo de etanol inferior a 20 g/dia, naives de tatamento
antiviral e aqueles com tratamento antiviral finalizado há pelo menos 3 meses. Para
este estudo prévio não foram incluídos pacientes co-infectados com vírus HIV e/ou
HBV, com insuficiência renal, cardiopatia, cirrose descompensada, gestantes,
pacientes com neoplasia, Diabetes Melitus e obesidade (IMC > 30 kg/m2). Para o
estudo atual, foram excluídos ainda os pacientes coinfectados com HTLV I e II e
aqueles que não possuíam dados referentes ao genótipo e estágio de fibrose.
Foram excluídos, portanto, 39 pacientes para o estudo atual pelos seguintes
motivos: 28 indivíduos não apresentavam dados referentes à fibrose hepática, 8 não
apresentavam informações sobre o genótipo viral, 2 eram co-infectados com HTLV e
1 apresentava sorologia positiva para doença de Chagas. Assim, foram incluídos
para o presente estudo um total de 121 pacientes, que foram classificados em
23
grupos de acordo com o estágio de fibrose: grupo F0/F1 (sem fibrose e com fibrose
leve), grupo F2 (fibrose moderada) e grupo F3/F4 (fibrose grave); de acordo com o
grau de atividade necroinflamatória: grupo A0 (sem inflamação), grupo
A1(inflamação leve) e grupo A2/A3 (inflamação intensa); e de acordo com a
presença ou ausência de tratamento antiviral prévio, esteatose hepática e síndrome
metabólica.
Parâmetros clínicos
Os dados referentes ao genótipo do HCV, estágio de fibrose hepática
(classificação METAVIR), grau de atividade necroinflamatória (classificação
METAVIR), realização do tratamento antiviral prévio e presença/ausência de
esteatose hepática foram todos obtidos a partir dos prontuários dos pacientes. A
síndrome metabólica foi definida com base nos critérios estabelecidos no Adult
Treatment Panel III (ATPIII), elaborado pelo National Cholesterol Education Program
(NECP), em 2001. Assim, o diagnóstico de síndrome metabólica incluiu pelo menos
três dos seguintes critérios: medida da circunferência da cintura maior que 102cm
para os homens e maior que 88cm para as mulheres, pressão arterial maior que
130/85mmHg, triglicérides maior que 150mg/dl, colesterol HDL menor que 40mg/dl
para os homens e menor que 50 mg/dl para as mulheres e glicose de jejum maior
que 100mg/dl.
Dosagem sérica de citocinas
Os 121 pacientes que fizeram parte do presente estudo tiveram amostras de
sangue coletadas antes da intervenção dietética. Todos os pacientes submetidos ao
tratamento antiviral já tinham finalizado o esquema terapêutico há pelo menos 3
meses e não estavam em re-tratamento no momento da coleta. Após a
centrifugação, uma parte do o soro foi aliquotado e armazenado a -20ºC para a
posterior dosagem das citocinas. Uma vez congeladas, essas alíquotas não foram
manipuladas até o momento da realização dos experimentos.
Os níveis séricos de IFN-gama, TNF, IL-1beta, IL-2, IL-4, IL-6, IL-8 e IL-10 foram
analisados em todas as 121 amostras de soro, das quais 78 amostras foram
selecionadas, também, para a análise dos níveis séricos de TGF-Beta.
24
As dosagens das citocinas foram realizadas pela técnica de citometria de fluxo,
que possibilita a análise de várias citocinas simultaneamente. O princípio consiste na
utilização de micro esferas (beads) revestidas com anticorpos específicos para
vários tipos de citocinas. Uma vez em contato com as beads as citocinas presentes
na amostra se ligam especificamente aos anticorpos. A adição de anticorpos
biotinilados e da estreptavidina marcada com Ficoeritrina (PE) completa o ensaio e
possibilita a detecção da fluorescência pelo citômetro de fluxo.
Os kits utilizados na dosagem das citocinas foram o Human Th1/Th2 11plex
FlowCytomix Kit (BMS810FF-Bender MedSystems) e o Human TGF-β1
FlowCytomix Simplex Kit (BMS8249FF-Bender MedSystems) e o software utilizado
para o cálculo das concentrações séricas das citocinas foi o FlowCytomix Pro
(Bender MedSystems).
A metodologia foi executada de acordo com padronização prévia, levando-se em
consideração as instruções do fabricante. Inicialmente foram preparadas a curva
padrão, o mix de Beads e o mix de conjugado biotinilado. Em seguida as amostras e
a curva padrão foram transferidas para tubos tipo eppendorf, junto com o mix de
beads e o mix de conjugado biotinilado. O ensaio foi incubado por 2h a temperatura
ambiente e ao abrigo da luz. Posteriormente foram feitas três lavagens e adicionada
a estreptavidina marcada com PE. O ensaio foi incubado por mais 1 hora a
temperatura ambiente e ao abrigo da luz. Mais três lavagens foram feitas e o
conteúdo dos eppendorfs foi transferido para tubos de citometria. Os tubos de
citometria foram mantidos em geladeira e ao abrigo da luz até o momento da leitura
no citocimetro de fluxo. Todas as amostras foram lidas em menos de 24h. Para a
dosagem do TGF-Beta as 78 amostras de soro selecionadas por sorteio foram pré
diluídas 1:10 no tampão do ensaio, em seguida foram acidificadas por 1h com HCl e
posteriormente neutralizadas com NaOH. Logo após este procedimento o ensaio foi
executado como o descrito acima.
Os limites de detecção das citocinas foram 1,6pg/mL (IFN-gama), 3,2 pg/mL
(TNF), 4,2 pg/mL (IL-1beta), 16,4 pg/mL (IL-2), 20,8 pg/mL (IL-4), 1,2 pg/mL (IL-6),
0,5 pg/mL (IL-8), 1,9 pg/mL (IL-10), e 10 pg/mL (TGF-beta). O range das curvas-
padrão foi de 27pg/mL à 20.000pg/mL para as citocinas IFN-gama, TNF, IL-1beta,
IL-2, IL-4, IL-6, IL-10 e de 14pg/mL à 10.000 pg/mL para a IL-8 e TGF-beta.
25
Considerações éticas
Este estudo foi realizado atendendo aos aspectos éticos e bioéticos, de acordo
com as normas vigentes, tendo sido submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia.
Os pacientes que aceitaram participar deste estudo foram informados sobre o
objetivo desta pesquisa através do Termo de Consentimento Livre e Pré-Esclarecido
(anexo). A coleta das amostras de sangue não implicou em riscos adicionais à
saúde dos pacientes.
Todas as informações coletadas foram mantidas sob sigilo, e armazenadas em
bancos de dados protegidos, acessíveis apenas aos investigadores. Os resultados
obtidos serão publicados sob a forma de artigos científicos em revistas
especializadas e comunicações em congressos. A identidade dos participantes será
preservada.
Análise estatística
Os dados coletados dos prontuários, as dosagens bioquímicas e as
concentrações séricas das citocinas foram apresentados na forma de média e
desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil conforme sua distribuição. Os
gráficos foram elaborados com auxílio do software GraphPad Prism 5. Uma vez que
a seleção dos pacientes para este estudo realizou-se através de uma amostragem
propositiva e de conveniência, sendo, portanto, um plano amostral não
probabilístico, o erro padrão não pôde ser estimado adequadamente.
Consequentemente não foram calculadas estatísticas inferenciais (testes estatísticos
e intervalo de confiança).
26
RESULTADOS
Características da população estudada
A população estudada, como mostra a tabela 1, foi composta por 121 pacientes
com idade média de 52 (±10) anos e principalmente por homens (67%), portadores
do genótipo 1 (82%), seguidos do genótipo 3 (17%), pacientes que apresentavam
estágio de fibrose moderada (36%) e grave (40%), ausência de atividade
necroinflamatória (44%) e atividade necroinflamatória leve (38%), NR ao tratamento
antiviral prévio (62%), ausência de esteatose hepática (63%) e ausência de
síndrome metabólica (88%). Essas características foram mantidas no momento da
seleção dos 78 pacientes que também tiveram os níveis séricos de TGF-beta
avaliados.
Tabela 1: Características gerais da população estudada, Salvador-BA (2008-2009)
Idade (anos)* 52 (±10) Gênero
Masculino 81 (67%) Feminino 40 (33%)
Genótipo 1 99 (82%) 2 2 (1%) 3 20 (17%)
Fibrose F0+F1 29 (24%) F2 44 (36%) F3+F4 48 (40%)
Ativ. Necroinflamat. A0 53 (44%) A1 46 (38%) A2+A3 21 (18%)
Tratamento NR 75 (62%) Naives 46 (38%)
Esteatose Sim 35 (37%) Não 59 (63%)
S. Metabólica Sim 14 (12%) Não 104 (88%)
*Média ±Desvio padrão
27
De acordo com o estágio de fibrose, 121 pacientes foram estudados (Tabela 2).
Destes, 1 paciente não teve dados referentes ao grau de atividade necroinflamatória,
27 não tiveram dados referentes à presença/ausência de esteatose hepática e 3
pacientes não tiveram dados referentes à presença/ausência de síndrome
metabólica registrados em seus prontuários. Foram encontrados 29 pacientes sem
fibrose hepática e com fibrose hepática leve (grupo F0/F1), 44 pacientes com
estágio de fibrose moderada (grupo F2) e 48 pacientes com estágio de fibrose grave
(grupo F3/F4). O grupo F3/F4 apresentou idade mais elevada (56±9 anos). Em todos
os grupos predominou o gênero masculino (62% no grupo F0/F1, 68% no grupo F2 e
69% no grupo F3/F4) e o HCV genótipo 1 (83% no grupo F0/F1, 82% no grupo F2 e
81% no grupo F3/F4). O grupo F0/F1 apresentou a maior proporção de indivíduos
não tratados (90%), enquanto que o grupo F3/F4 apresentou a maior proporção de
indivíduos tratados (85%). Nos grupos F0/F1 e F2 predominaram indivíduos sem
atividade necroinflamatória (A0) (69% e 54% respectivamente), enquanto que no
grupo F3/F4 houve uma proporção maior de indivíduos com grau de atividade
necroinflamatória leve (A1) (52%). No grupo F0/F1 a proporção de indivíduos naives
de tratamento antiviral foi maior (90%) enquanto que nos grupos F2 e F3/F4 a
proporção de indivíduos NR foi maior (70% e 85% respectivamente). Em todos os
grupos predominaram os indivíduos sem esteatose hepática (45% no grupo F0/F1,
62% no grupo F2 e 40% no grupo F3/F4) e sem síndrome metabólica (86% no grupo
F0/F1, 86% no grupo F2 e 85% no grupo F3/F4).
28
Tabela 2: Características clínicas e epidemiológicas da população estudada, de acordo com o estágio de Fibrose hepática, Salvador-BA (2008-2009)
Características Fibrose
F0/F1 (n=29) F2 (n=44) F3/F4 (n=48)
Idade (anos)* 49(±11) 51(±10) 56(±9)
Gênero
Masculino 18(62%) 30(68%) 33(69%)
Feminino 11(38%) 14(32%) 15(31%)
Genótipo
1 24(83%) 36(82%) 39(81%)
2 1(3%) 1(2%) 0
3 4(14%) 7(16%) 9(19%)
Ativ. Necroinflamat. A0 20(69%) 24(54%) 9(19%)
A1 8(28%) 13(30%) 25(52%)
A2+A3 1(3%) 7(16%) 13(27%)
Tratamento
NR 3(10%) 31(70%) 41(85%)
Naives 26(90%) 13(30) 7(15%)
Esteatose Sim 6(21%) 12(27%) 17(35%)
Não 13(45%) 27(62%) 19(40%)
S. Metabólica Sim 3(10%) 5 (11%) 6(13%)
Não 25 (86%) 38 (86%) 41 (85%) *Média ±Desvio padrão
29
De acordo com o grau de atividade necroinflamatória, 120 pacientes foram
estudados (Tabela 3). Destes, 27 pacientes não tiveram dados referentes à
presença/ausência de esteatose hepática e 3 pacientes não tiveram dados
referentes à presença/ausência de síndrome metabólica registrados em seus
prontuários. Foram encontrados 53 pacientes sem atividade necroinflamatória (grupo
A0), 46 pacientes com grau de atividade necroinflamatória leve (grupo A1) e 21
pacientes com grau de atividade necroinflamatória intensa (grupo A2/A3). O grupo
A1 apresentou idade mais elevada (55±10 anos). Em todos os grupos predominou o
gênero masculino (74% no grupo A0, 63% no grupo A1 e 57% no grupo A2/A3) e o
HCV genótipo 1 (87% no grupo A0, 80% no grupo A1 e 71% no grupo A2/A3). No
grupo A0 predominaram indivíduos com estágio de fibrose moderada (F2) (45%),
enquanto que nos grupos A1 e A2/A3 predominaram indivíduos com estágio de
fibrose grave (F3/F4) (55% e 62% respectivamente). Em todos os grupos
predominaram os indivíduos NR (53% no grupo A0, 63% no grupo A1 e 81% no
grupo A2/A3), sem esteatose hepática (53% no grupo A0, 46% no grupo A1 e 43%
no grupo A2/A3) e sem síndrome metabólica (87% no grupo A0, 87% no grupo A1 e
81% no grupo A2/A3).
30
Tabela 3: Características clínicas e epidemiológicas da população
estudada, de acordo com o grau de Atividade Necroinflamatória,
Salvador-BA (2008-2009)
Características Atividade Necroinflamatória
A0(n=53) A1 (n=46) A2/A3 (n=21)
Idade (anos)* 49(±10) 55(±10) 53(±9)
Gênero Masculino 39(74%) 29(63%) 12(57%)
Feminino 14(26%) 17(37%) 9(43%)
Genótipo 1 46(87%) 37(80%) 15(71%)
2 1(2%) 0 1(5%)
3 6(11%) 9(20%) 5(24%)
Fibrose
F0+F1 20(38%) 8(17%) 1(5%)
F2 24(45%) 13(28%) 7(33%)
F3+F4 9(17%) 25(55%) 13(62%)
Tratamento NR 28(53%) 29(63%) 17(81%)
Naives 25(47%) 17(37%) 4(19%)
Esteatose
Sim 13(25%) 15(32%) 7(33%)
Não 28(53%) 21(46%) 9(43%)
S. Metabólica
Sim 6 (11%) 5 (11%) 3 (14%)
Não 46 (87%) 40 (87%) 17 (81%)
*Média ±Desvio padrão
31
De acordo com o tratamento antiviral, 121 pacientes foram estudados (Tabela 4).
Destes, 1 paciente não tinha dados sobre atividade necroinflamatória, 27 pacientes
não tinham dados referentes à presença/ausência de esteatose hepática e 3
pacientes não tinha dados referentes à síndrome metabólica registrados em seus
prontuários. Foram encontrados 46 pacientes naives de tratamento e 75 pacientes
não respondedores (NR) ao tratamento antiviral. O grupo NR apresentou idade mais
elevada (54 ±9 anos). Em ambos os grupos predominou o gênero masculino (54%
no grupo naives e 75% no grupo NR) e o HCV genótipo 1 (76% no grupo naives e
85% no grupo NR). No grupo naives, a proporção de indivíduos sem fibrose e com
fibrose leve (F0/F1) foi maior (57%), enquanto que no grupo NR predominaram
indivíduos com estágio de fibrose grave (F3/F4) (55%). No grupo naives
predominaram os indivíduos sem atividade necroinflamatória (A0) (54%), enquanto
que no grupo NR predominaram os indivíduos com grau de atividade
necroinflamatória leve (A1) (39%). Em ambos os grupos predominaram a ausência
esteatose hepática (43% no grupo naives e 52% no grupo NR) e de síndrome
metabólica (89% no grupo naives e 84% no grupo NR).
32
Tabela 4: Características clínicas e epidemiológicas da
população estudada, de acordo com Tratamento Antiviral
prévio, Salvador-BA (2008-2009)
Características Tratamento Antiviral
Naives (n=46) NR (n=75)
Idade (anos)* 40 (±10) 54 (±9)
Gênero
Masculino 25 (54%) 56 (75%)
Feminino 21 (46%) 19 (25%)
Genótipo
1 35 (76%) 64 (85%)
2 2 (4%) 0
3 9 (20%) 11 (15%)
Fibrose F0+F1 26 (57%) 3 (4%)
F2 13 (28%) 31 (41%)
F3+F4 7 (15%) 41 (55%)
Ativ. Necroinflamat.
A0 25 (54%) 28 (37%)
A1 17 (37%) 29 (39%)
A2+A3 4 (9%) 17 (23%)
Esteatose Sim 11 (24%) 24 (32%)
Não 20 (43%) 39 (52%)
S. Metabólica Sim 4 (9%) 10 (13%)
Não 41 (89%) 63 (84%)
*Média ±Desvio padrão
33
De acordo com o a presença/ausência de esteatose hepática, 94 pacientes
foram estudados (Tabela 5). Destes, 1 paciente não teve dados referentes ao grau
de atividade necroinflamatória e 3 pacientes não tinham dados referentes à
presença/ausência de síndrome metabólica registrados em seus prontuários. Foram
encontrados 35 pacientes com esteatose hepática e 59 pacientes sem esteatose
hepática. O grupo com esteatose apresentou idade mais elevada (54±10 anos). Em
ambos os grupos predominou o gênero masculino (69% em ambos) e o HCV
genótipo 1 (80% no grupo com esteatose e 83% no grupo sem esteatose). No grupo
com esteatose a proporção de indivíduos com estágio de fibrose grave (F3/F4) foi
maior (49%), enquanto que no grupo sem esteatose predominaram indivíduos com
estágio de fibrose moderada (F2) (46%). No grupo com esteatose predominaram os
indivíduos com grau de atividade necroinflamatória leve (A1) (43%) enquanto que no
grupo sem esteatose predominaram os indivíduos sem atividade necroinflamatória
(A0) (47%). Em ambos os grupos predominaram os indivíduos NR (69% no grupo
com esteatose e 66% no grupo sem esteatose) e sem síndrome metabólica (86% no
grupo com esteatose e 88% no grupo sem esteatose).
34
Tabela 5: Características clínicas e epidemiológicas da
população estudada, de acordo com a presença ou
ausência de Esteatose hepática, Salvador-BA (2008-2009)
Características Esteatose
Sim (n=35) Não (n=59)
Idade (anos)* 54(±10) 51(±10)
Gênero
Masculino 24(69%) 41(69%)
Feminino 11(31%) 18(31%)
Genótipo
1 28(80%) 49(83%)
2 0 2(3%)
3 7(20%) 8(14%)
Fibrose
F0+F1 6(17%) 13(22%)
F2 12(34%) 27(46%)
F3+F4 17(49%) 19(32%)
Ativ. Necroinflamat.
A0 13(37%) 28(47%)
A1 15(43%) 21(36%)
A2+A3 7(20%) 9(15%)
Tratamento
NR 24(69%) 39(66%)
Naives 11(31%) 20(34%)
S. Metabólica
Sim 5 (14%) 4 (7%)
Não 30 (86%) 52 (88%)
*Média ±Desvio padrão
35
De acordo com a síndrome metabólica, 118 pacientes foram estudados (Tabela
6). Destes, 1 paciente não tinha dados sobre atividade necroinflamatória e 27
pacientes não tinham dados referentes à presença/ausência de esteatose hepática
registrados em seus prontuários. Foram encontrados 14 pacientes com síndrome
metabólica e 104 pacientes sem síndrome metabólica. O grupo sem síndrome
metabólica apresentou idade mais elevada (52 ±11 anos). No grupo com síndrome
metabólica predominou o gênero feminino (71%) enquanto que no grupo sem
síndrome metabólica predominou o gênero masculino (73%). Em ambos os grupos
predominou o HCV genótipo 1 (86% no grupo com síndrome metabólica e 81% no
grupo sem síndrome metabólica), o estágio de fibrose grave (F3/F4) (43% no grupo
com síndrome metabólica e 39% no grupo sem síndrome metabólica), a ausência de
atividade necroinflamatória (A0) (43% no grupo com síndrome metabólica e 44% no
grupo sem síndrome metabólica) e os indivíduos NR (71% no grupo com síndrome
metabólica e 61% no grupo sem síndrome metabólica). No grupo com síndrome
metabólica a proporção de pacientes com esteatose hepática foi maior (36%)
enquanto que no grupo sem síndrome metabólica predominaram os pacientes sem
esteatose hepática (50%).
36
Tabela 6: Características clínicas e epidemiológicas da
população estudada, de acordo com a presença ou
ausência de Síndrome Metabólica, Salvador-BA (2008-
2009)
Características Síndrome Metabólica
Sim (n=14) Não (n=104)
Idade (anos)* 51 (±8) 52 (±11)
Gênero
Masculino 4 (29%) 76 (73%)
Feminino 10 (71%) 28 (27%)
Genótipo
1 12 (86%) 84 (81%)
2 0 2 (2%)
3 2 (14%) 18 (17%)
Fibrose
F0+F1 3 (21%) 25 (24%)
F2 5 (36%) 38 (37%)
F3+F4 6 (43%) 41 (39%)
Ativ. Necroinflamat.
A0 6 (43%) 46 (44%)
A1 5 (36%) 40 (38%)
A2+A3 3 (21%) 17 (16%)
Tratamento
NR 10 (71%) 63 (61%)
Naives 4 (29%) 41 (39%)
Esteatose
Sim 5 (36%) 30 (29%)
Não 4 (29%) 52 (50%)
*Média ±Desvio padrão
37
Análise dos níveis séricos de citocinas
Citocinas x fibrose
A mediana dos níveis séricos de citocinas conforme o estágio de fibrose
hepática foi apresentada na tabela 7 e ilustrada graficamente nas figuras 1 e 2.
Os pacientes com fibrose moderada tiveram os maiores níveis séricos de IL-4
(163pg/mL) e TGF-beta (60254pg/mL) e os pacientes com fibrose grave tiveram os
maiores níveis séricos de IFN-gama (203pg/mL), IL-2 (284pg/mL), IL-8 (489pg/mL),
IL-6 (10pg/mL), IL-1beta (13pg/mL) e IL-10 (30pg/mL).
Não houve diferença quanto aos níveis séricos de TNF entre os grupos
estudados.
38
IFN-gama
F0/F1 F2
F3/F4
0100200300400500
1000200030004000500060007000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-2
F0/F1 F2
F3/F4
0
200
400
600
2000
3000
4000
5000
6000
7000C
on
cen
tração
(p
g/m
L)
IL-1Beta
F0/F1 F2
F3/F4
0
20
40
60
80
300600900
120015001800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TNF
F0/F1 F2
F3/F4
0
200
400
600
800
6000
8000
10000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-8
F0/F1 F2
F3/F4
0
500
1000
1500
2000
3000
4000
6000
7000
8000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-6
F0/F1 F2
F3/F4
0
10
20
30
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 1: Níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias de acordo com o
estágio de fibrose hepática. A linha em vermelho indica a mediana.
39
IL-4
F0/F1 F2
F3/F4
0
200
400
600
800
1000
2000
3000
4000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-10
F0/F1 F2
F3/F4
0
50
100
150200300400500600700800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TGF-beta
F0/F1 F2
F3/F4
0
20000
40000
60000
80000
100000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 2: Níveis séricos de citocinas anti-inflamatórias de acordo com o
estágio de fibrose hepática. A linha em vermelho indica a mediana.
40
Citocinas x atividade necroinflamatória
A mediana dos níveis séricos de citocinas conforme o grau de atividade
necroinflamatória foi apresentada na tabela 8 e ilustrada graficamente nas figuras 3
e 4.
Os pacientes com ausência de atividade necroinflamatória tiveram os maiores
níveis séricos de TGF-beta (55158pg/mL) e os pacientes com atividade
necroinflamatória intensa tiveram os maiores níveis séricos de IFN-gama
(190pg/mL), IL-2 (273pg/mL), IL-8 (547pg/mL), IL-1beta (12pg/mL), IL-4 (133pg/mL)
e IL-10 (29pg/mL).
Não houve diferença quanto aos níveis séricos de IL-6 e TNF entre os grupos
estudados.
41
IFN-gama
A0
A1
A2/
A3
020406080
100
500
1000
1500
5000
6000
7000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-2
A0
A1
A2/
A3
0
200
400
600
2000
3000
4000
5000
6000
7000C
on
cen
tração
(p
g/m
L)
IL-1Beta
A0
A1
A2/
A3
0
50
100
1000
1200
1400
1600
1800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TNF
A0
A1
A2/
A3
0
200
400
600
800
6000
8000
10000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-8
A0
A1
A2/
A3
0
500
1000
1500
2000
3000
4000
6000
7000
8000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-6
A0
A1
A2/
A3
0
10
20
30
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 3: Níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias de acordo com o
grau de atividade necroinflamatória. A linha em vermelho indica a mediana.
42
IL-4
A0
A1
A2/
A3
0
200
400
600
800
1000
2000
3000
4000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-10
A0
A1
A2/
A3
0
50
100
150200
400
600
800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TGF-beta
A0
A1
A2/
A3
0
20000
40000
60000
80000
100000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 4: Níveis séricos de citocinas anti-inflamatórias de acordo com o
grau de atividade necroinflamatória. A linha em vermelho indica a mediana.
43
Citocinas x tratamento
A mediana dos níveis séricos de citocinas conforme tratamento antiviral prévio
foi apresentada na tabela 9 e ilustrada graficamente nas figuras 5 e 6.
Os pacientes naives tiveram os maiores níveis séricos de TGF-beta
(58454pg/mL) e os pacientes NR tiveram os maiores níveis séricos de IFN-gama
(178pg/mL), IL-2 (282pg/mL), IL-8 (454pg/mL), IL-6 (10pg/mL), IL-1beta (12pg/mL),
IL-4 (167pg/mL) e IL-10 (30pg/mL).
Não houve diferença quanto aos níveis séricos de TNF entre os grupos
estudados.
44
TNF
Nai
ves
NR
0
200
400
600
800
6000
8000
10000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IFN-gama
Nai
ves
NR
0100200300400500
1000200030004000500060007000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-2
Nai
ves
NR
0
200
400
600
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-1Beta
Nai
ves
NR
0
20
40
60
80
300600900
120015001800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-8
Nai
ves
NR
0
500
1000
1500
2000
3000
4000
6000
7000
8000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-6
Nai
ves
NR
0
10
20
30
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 5: Níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias de acordo com o
tratamento antiviral prévio. A linha em vermelho indica a mediana.
45
IL-4
Nai
ves
NR
0
200
400
600
800
1000
2000
3000
4000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-10
Nai
ves
NR
0
50
100
150200300400500600700800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TGF-beta
Nai
ves
NR
0
20000
40000
60000
80000
100000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 6: Níveis séricos de citocinas anti-inflamatórias de acordo com o
tratamento antiviral prévio. A linha em vermelho indica a mediana.
46
Citocinas x esteatose
A mediana dos níveis séricos de citocinas conforme a presença de esteatose
hepática foi apresentada na tabela 10 e ilustrada graficamente nas figuras 7 e 8.
Os pacientes com esteatose hepática tiveram os maiores níveis séricos de IFN-
gama (152pg/mL), IL-2 (216pg/mL), IL-8 (409pg/mL) e TGF-beta (61200pg/mL).
Não houve diferença quanto aos níveis séricos de IL-6 e TNF entre os grupos
estudados.
47
IFN-gamma
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0100200300400500
1000200030004000500060007000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-2
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
200
400
600
2000
3000
4000
5000
6000
7000C
on
cen
tração
(p
g/m
L)
IL-1Beta
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
20
40
60
80
300600900
120015001800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TNF
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
200
400
600
800
6000
8000
10000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-8
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
500
1000
1500
2000
3000
4000
6000
7000
8000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-6
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
10
20
30
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 7: Níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias de acordo com a
presença/ausência de esteatose hepática. A linha em vermelho indica a
mediana.
48
IL-4
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
200
400
600
800
1000
2000
3000
4000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-10
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
50
100
150200300400500600700800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TGF-beta
Com
Est
eato
se
Sem
Est
eato
se
0
20000
40000
60000
80000
100000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 8: Níveis séricos de citocinas anti-inflamatórias de acordo com a
presença/ausência de esteatose hepática. A linha em vermelho indica a
mediana.
49
Citocinas x síndrome metabólica
A mediana dos níveis séricos de citocinas conforme a presença de síndrome
metabólica foi apresentada na tabela 11 e ilustrada graficamente nas figuras 9 e 10.
Os pacientes com síndrome metabólica tiveram os maiores níveis séricos de IL-2
(249pg/mL), IL-6 (10pg/mL), IL-1beta (11pg/mL), IL-4 (198pg/mL) e IL-10 (14pg/mL).
Não houve diferença quanto aos níveis séricos de TNF entre os grupos
estudados.
50
IFN-gama
Com
SM
Sem
SM
0100200300400500
1000200030004000500060007000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-2
Com
SM
Sem
SM
0
200
400
600
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-1Beta
Com
SM
Sem
SM
0
20
40
60
80
300600900
120015001800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TNF
Com
SM
Sem
SM
0
200
400
600
800
6000
8000
10000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-8
Com
SM
Sem
SM
0
500
1000
1500
2000
3000
4000
6000
7000
8000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-6
Com
SM
Sem
SM
0
10
20
30
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 9: Níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias de acordo com a
presença/ausência de síndrome metabólica. A linha em vermelho indica a
mediana.
51
IL-4
Com
SM
Sem
SM
0
200
400
600
800
1000
2000
3000
4000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
IL-10
Com
SM
Sem
SM
0
50
100
150200300400500600700800
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
TGF-beta
Com
SM
Sem
SM
0
20000
40000
60000
80000
100000
Co
ncen
tração
(p
g/m
L)
Figura 10: Níveis séricos de citocinas anti-inflamatórias de acordo com a
presença/ausência de síndrome metabólica. A linha em vermelho indica a
mediana.
52
DISCUSSÃO
A hepatite C é um grave problema de saúde pública no mundo. As citocinas
produzidas pelos linfócitos T são importantes para o controle da replicação viral, mas
também podem contribuir com a progressão do dano hepático (KOZIEL, 1997; TSAI
et al., 1997). Ainda não está claro qual o perfil de citocinas está associado à
gravidade das lesões hepáticas (BROWN e NEUMAN, 2001).
Nosso estudo demonstrou que os pacientes com fibrose grave apresentaram os
maiores níveis séricos de IFN-gama e IL-2. O IFN-gama é uma citocina pró-
inflamatória produzida por linfócitos T e células NK. Entre suas principais funções, o
IFN-gama potencializa os efeitos microbicidas dos macrófagos. Segundo Gilles et al
(1992) e Paul & Seder (1994), o IFN-gama não favorece apenas a eliminação dos
hepatócitos infectados pelo HCV, mas também aumenta a gravidade da doença, já
que estimula a imunidade celular. A IL-2 estimula a proliferação de linfócitos T e B e
a ativação de células NK. Bozkaya et al (2000), relataram que a lesão hepática
observada na hepatite C crônica estava associada a um aumento nos níveis séricos
de citocinas relacionadas ao perfil Th1. A fibrose hepática é a principal consequência
da hepatite C e frequentemente está associada a um infiltrado intra-hepático
inflamatório leve (POYNARD et al., 1997). Assim, os níveis séricos elevados dessas
citocinas poderiam refletir isso.
O grupo de pacientes com fibrose grave também apresentou os maiores níveis
séricos de IL-1beta e IL-6. A IL-1-beta é produzida principalmente por macrófagos e
células endoteliais e age de forma semelhante ao TNF, estimulando a expressão de
moléculas de adesão e facilitando assim a migração de leucócitos para o sítio da
infecção. A IL-1beta, juntamente com o TNF, estimula a produção de IL-6 em
macrófagos e células endoteliais (WINNOCK et al., 1993). A IL-6 é o principal
mediador da resposta inflamatória de fase aguda. Atua no fígado, estimulando a
produção da proteína C reativa ou PCR, que possui funções imuno-regulatórias,
estimulando a ativação do sistema complemento, a reatividade dos leucócitos e a
síntese de citocinas (BLACK et al., 2004). Sobchak & Monakova (2004) e Huang et
al (1999), observaram níveis séricos elevados de IL-1beta e IL-6 em pacientes com
hepatite C e fibrose grave e cirrose. Essas citocinas, portanto, contribuiriam com o
processo inflamatório local.
53
Não foram observadas diferenças nos níveis séricos de TNF entre os grupos
estudados. O TNF é outra citocina pró-inflamatória, secretada por macrófagos,
células endoteliais, musculares e adipócitos. O TNF atua no recrutamento de
neutrófilos para o sítio da infecção e em macrófagos e células endoteliais, age
estimulando a secreção de IL-1beta e quimiocinas, que atraem outros leucócitos.
Neuman et al (2012) e Zilberberg et al (1999), associaram níveis séricos elevados de
TNF à fibrose grave. Cua et al (2007), entretanto, não observaram essa associação.
Os níveis séricos de IL-8 também foram maiores no grupo de pacientes com
fibrose grave. A IL-8 é produzida principalmente por macrófagos e em menor
quantidade por células endoteliais. Também conhecida como CXCL8, a IL-8 é uma
quimiocina. As quimiocinas são citocinas que funcionam como quimioatraentes para
outras células, estimulando a migração para o sítio da infecção (BAGGIOLINI et al.,
1997). Baranova et al (2011) e Neuman et al (2007), observaram níveis séricos
elevados de IL-8 em pacientes com hepatite C e fibrose moderada e grave e
afirmaram que os níveis séricos de IL-8 em pacientes com hepatite C crônica
continuavam aumentando com a progressão da fibrose, mesmo naqueles com
cirrose hepática. Isso sugere que esta citocina teria um papel importante na
formação e manutenção do quadro inflamatório local a medida que recrutaria células
para o sítio da infecção. A presença de uma resposta imune celular persistente e
excessiva resultaria em lesão hepática e consequente formação de fibrose.
O presente estudo mostrou que os pacientes com fibrose avançada também
apresentaram níveis séricos mais elevados de IL-10 quando comparados aos
demais grupos. Fan et al (1998), Koziel (1999) e Tsai et al (1997), relataram que as
respostas do tipo Th2 também estão presentes em pacientes com hepatite C
crônica, e em razão dos seus efeitos modulatórios sobre respostas do tipo Th1,
seriam capazes de minimizar o dano hepático, embora comprometessem a
eliminação do vírus e também estivessem associadas à cronificação da doença. A
IL-10 é uma citocina anti-inflamatória produzida por macrófagos e linfócitos T e age
principalmente inibindo a secreção de IL-12, principal citocina indutora da
diferenciação de linfócitos T naives em células Th1. Sobue et al (2001), entretanto,
não observaram diferenças nos níveis séricos de IL-10 com a progressão da fibrose
hepática. Assim, os níveis séricos elevados dessa citocina neste grupo de pacientes
54
poderiam indicar uma tentativa do organismo de modular as respostas pró-
inflamatórias excessivas.
Os níveis séricos de TGF-beta, entretanto, foram menores no grupo de
pacientes com fibrose grave. O TGF-beta é produzido principalmente por linfócitos T
e macrófagos e participa do processo de reparo tecidual. Sob seu estímulo, as
células estreladas de Ito, bem como os fibroblastos portais e perivasculares, são
ativados e se diferenciam em miofibroblastos, principais células secretoras de matriz
extracelular no tecido hepático (FRIEDMAN, 2000; TSUKADA et al., 2006). O
acúmulo de grandes quantidades de matriz extracelular associado à diminuição da
secreção de enzimas capazes de degrada-la, como as metaloproteinases, resulta na
formação da fibrose hepática (SCHUPPAN et al., 2003; NEUBAUER et al., 2001).
Neuman (2006), Valva et al (2011) e Soliman et al (2010), observaram baixos níveis
séricos de TGF-beta na fibrose grave e níveis séricos elevados apenas nos estágios
iniciais de fibrose. Tsushima et al (1999), entretanto, não observaram esta
associação. Os baixos níveis séricos de TGF-beta no grupo de sujeitos com fibrose
avançada, portanto, indicariam que esta citocina tem uma ação mais local no que se
refere ao seu papel pró-fibrogênico, ou seja, nos estágios de fibrose grave, sua
concentração seria menor na corrente sanguínea e maior no fígado, local onde seria
mais requisitada. O TGF-beta também é uma citocina modulatória e seus níveis
séricos elevados nos estágios iniciais de fibrose poderiam indicar uma tentativa do
organismo de inibir a resposta imune como um todo.
Em nosso estudo, os pacientes com atividade necroinflamatória intensa
apresentaram os maiores níveis séricos de IFN-gama e IL-2. Bertoletti et al (1996) e
Taylor et al (2000), afirmaram que a maior parte dos linfócitos T que infiltram o
fígado têm perfil Th1 e secretam citocinas pró-inflamatórias. Napoli et al (1996),
observaram níveis intra-hepáticos elevados de IFN-gama e IL-2, duas citocinas
fortemente associadas ao perfil Th1. Gonzales-Reimers et al (2009) observaram
níveis séricos elevados de IFN-gama em pacientes com hepatite C crônica e
atividade necroinflamatória intensa. Nossos resultados mostraram ainda, que este
grupo também apresentou os níveis séricos mais elevados de IL-1beta. Lapinski
(2001) relatou uma correspondência entre os níveis intra-hepáticos e os níveis
séricos de IL-1beta em pacientes com hepatite C crônica. Mas sem associação com
55
as mudanças histológicas. Os níveis séricos elevados dessa citocina, portanto,
contribuiria com o processo inflamatório a medida que estimulariam a expressão de
moléculas de adesão, facilitando assim a migração de leucócitos para o sítio da
infecção.
Não foram observadas diferenças quanto os níveis séricos de TNF entre os
grupos estudados no que diz respeito à atividade necroinflamatória. Zylberberg et al
(1999), Neuman et al (2002), Hung et al (2009) e Cua et al (2007), associaram os
níveis séricos de TNF com a progressão da inflamação hepática. Crespo et al
(2002), entretanto, não observaram essa associação.
Da mesma forma, também não foram observadas diferenças quanto aos níveis
séricos de IL-6 e os graus de atividade necroinflamatória em nosso estudo.
Malaguarnera et al (1997) e Gonzáles-Reimers et al (2009), relataram níveis séricos
elevados de IL-6 em pacientes com hepatite C crônica e correlação com o grau de
atividade necroinflamatória. Cua et al (2007), entretanto, não observaram essa
associação.
Nossa investigação identificou que os níveis séricos de IL-8 foram maiores nos
indivíduos que apresentaram atividade necroinflamatória intensa. Neuman et al
(2007), observaram níveis séricos elevados de IL-8 em pacientes com atividade
necroinflamatória significativa. A IL-8 é uma quimiocina, e desta forma contribuiria
com o processo inflamatório atraindo células para o sítio da infecção. Em nosso
estudo, esses indivíduos também apresentaram os maiores níveis séricos de IL-4 e
IL-10. A IL-4 é o principal estimulo para a diferenciação de linfócitos T naives em
células Th2 e a IL-10 age principalmente inibindo a secreção de IL-12, principal
citocina indutora da diferenciação de linfócitos T naives em células Th1. Assim,
níveis séricos elevados de IL-4 e IL-10 podem refletir uma tentativa do organismo de
minimizar o dano hepático provocado pela resposta pró-inflamatória excessiva (FAN
et al., 1998; KOZIEL, 1999; TSAI et al., 1997). Lapinski (2001), relatou uma
correspondência entre os níveis intra-hepáticos e os níveis séricos de IL-4, mas sem
associação com as mudanças histológicas. Abayli et al (2003), também não
observaram correlação entre os níveis séricos de IL-4 e IL-10 e a atividade
necroinflamatória em pacientes com hepatite C crônica.
56
Nós identificamos que os níveis séricos de TGF-beta foram menores nos
pacientes com maior grau de atividade necroinflamatória. Neuman (2006), Valva et
al (2011) e Soliman et al (2010), observaram baixos níveis séricos de TGF-beta em
pacientes com hepatite C crônica e fibrose grave e níveis séricos elevados apenas
nos estágios iniciais de fibrose. De fato, em nosso estudo o grupo com atividade
necroinflamatória intensa tem a maior proporção de pacientes com fibrose grave,
enquanto que o grupo sem atividade necroinflamatória tem a maior proporção de
pacientes nos estágios iniciais de fibrose hepática.
Embora não tenha sido possível avaliar os níveis séricos das citocinas nos
mesmos pacientes antes e após o tratamento antiviral, observamos que no grupo
dos pacientes não respondedores ao tratamento antiviral prévio (NR), os níveis
séricos tanto das citocinas pró-inflamatórias IFN-gama, IL-2, IL-8, IL-6 e IL-1beta
quanto das citocinas anti-inflamatórias IL-4 e IL-10 foram mais elevados. A literatura
mostra que o sucesso do tratamento está associado à ativação das respostas
mediadas pelos linfócitos T(CACCIARELLI et al, 1996) e que um desequilíbrio na
produção de citocinas Th1/Th2 pode contribuir com a falha no controle da replicação
viral (SOBUE et al, 2001). O perfil de citocinas séricas observado neste grupo foi
semelhante ao observado no grupo de pacientes com fibrose grave, da mesma
forma que o perfil de citocinas séricas observado no grupo de pacientes naives foi
semelhante aquele descrito no grupo de pacientes sem fibrose e com fibrose leve.
Assim, o tratamento antiviral prévio parece não ter influenciado o perfil sérico de
citocinas, que refletiu as características histológicas de cada grupo.
Os pacientes com esteatose hepática apresentaram os maiores níveis séricos de
IFN-gama e IL-2, citocinas relacionadas ao peril Th1. Jonsson et al (2008),
observaram associação da esteatose hepática com um estado pró-inflamatório em
pacientes com hepatite C crônica.
Não foram observadas diferenças quanto os níveis séricos de TNF entre os
grupos estudados. Cua et al (2007) e Crespo et al (2002), não observaram
associação do TNF com a esteatose hepática em pacientes com hepatite C crônica.
Também não foram observadas diferenças quanto os níveis séricos de IL-6 entre
os grupos estudados. Josson et al (2008) e Baranova et al (2011), afirmaram que os
níveis séricos de IL-6 estão associados à obesidade e à esteatose hepática em
57
pacientes com hepatite C. Cua et al (2007), entretanto, não observaram essa
associação. Nosso estudo não incluiu pacientes obesos e talvez isso possa explicar
a discrepância de resultados.
Observamos também que o grupo de pacientes com esteatose hepática
apresentou os maiores níveis séricos de IL-8. Baranova et al (2011), afirmaram que
os níveis séricos de IL-8 estão associados à esteatose hepática em pacientes com
hepatite C crônica. Em indivíduos obesos, os níveis séricos elevados de IL-8
também podem refletir um quadro inflamatório (KIM et al, 2006). Mais uma vez esta
quimiocina contribuiria com o processo inflamatório. Esses indivíduos também
apresentaram maiores níveis séricos de TGF-beta quando comparados com os
indivíduos que não apresentavam esteatose, em nossa investigação. Soliman et al
(2010), relataram níveis séricos elevados de TGF-beta em pacientes com hepatite C
e esteatose hepática. Nosso resultado é interessante porque o grupo de pacientes
com esteatose hepática apresentava uma proporção mais elevada de indivíduos
com fibrose grave, onde esperaríamos encontrar níveis séricos mais baixos de TGF-
beta. Uma explicação para esse achado seria que, neste caso, o TGF-beta estaria
atuando mais como uma citocina modulatória da resposta imune do que como uma
citocina que induz formação de fibrose hepática.
É válido ressaltar que nossa investigação identificou níveis mais elevados de IL-
2 e IL-1beta no grupo de pacientes com síndrome metabólica. Eckel et al (2005) e
Grundy et al (2005), afirmaram que a síndrome metabólica está associada a um
quadro pró-inflamatório. Curiosamente, em nosso estudo, os níveis séricos de IFN-
gama foram menores neste grupo de pacientes. Este grupo também apresentou os
maiores níveis séricos de IL-6. Isso pode ser devido ao fato de que este grupo tem a
maior proporção de indivíduos com esteatose hepática, componente importante da
síndrome metabólica e que, segundo Josson et al (2008) e Baranova et al (2011),
está associada a níveis séricos elevados de IL-6 em pacientes com hepatite C
crônica. Em indivíduos saudáveis, a IL-6 se correlaciona com todos os
componentes da síndrome metabólica (glicemia, circunferência da cintura,
concentrações séricas de triglcerídeos e HDL colesterol e pressão sanguínea), de
modo que, quanto maior o número de componentes da síndrome metabólica
58
apresentados pelos indivíduos, maiores foram os níveis séricos de IL-6 (YUDKIN et
al., 1999).
Não observamos diferenças quanto os níveis séricos de TNF em relação a
presença ou ausência de síndrome metabólica. Ziccardi et al (2002), Mendall et al
(1997) e Straczkowski et al (2002), relataram aumento dos níveis séricos dessa
citocina em indivíduos obesos e naqueles com resistência à insulina. Nossa
população, entretanto, foi composta por pacientes não obsesos e não diabéticos, o
que pode justificar a discrepância dos resultados. Hung et al (2009) e Cua et al
(2007), afirmaram que o papel TNF na resistência à insulina em pacientes com
hepatite C crônica ainda é bastante controverso.
Nossos resultados mostraram que os indivíduos com síndrome metabólica
apresentaram os menores níveis séricos de IL-8. Cua et al (2007), não observaram
relação entre os níveis séricos de IL-8 e a síndrome metabólica. Bruun et al (2003) e
Straczkowiski et al (2002), observaram níveis séricos elevados de IL-8 em indivíduos
obesos e com resistência à insulina. Mais uma vez, esta discrepância de resultados
pode ser justificada pelo fato de que, em nosso estudo, não foram incluídos
pacientes obesos e nem diabéticos. Os baixos níveis séricos de IL-8 neste grupo de
pacientes pode também sugerir que, em nosso estudo, a síndrome metabólica não
está associada apenas a um quadro pró-inflamatório, mas também a outros perfis de
resposta imune.
Os níveis séricos de IL-4 e IL-10 foram maiores nos pacientes com síndrome
metabólica. Novamente, isso pode refletir uma tentativa do organismo de minimizar
os danos provocados por uma resposta pró-inflamatória excessiva (FAN et al., 1998;
KOZIEL, 1999; TSAI et al., 1997). Shibata et al (1997), relataram níveis séricos
elevados de IL-10 em pacientes com lesão isquêmica no miocárdio. Como a
síndrome metabólica aumenta o risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, a dosagem dos níveis séricos de IL-10 pode ser, futuramente, uma
ferramenta alternativa para predizer ou mesmo constatar a presença de eventos
cardiovasculares. Essa relação, porém, ainda precisa ser melhor investigada, pois,
Esposito et al (2003), observaram baixos níveis séricos de IL-10 em indivíduos com
síndrome metabólica.
59
Por fim, em nosso estudo, o grupo de indivíduos com síndrome metabólica
apresentou os menores níveis séricos de TGF-beta. Curiosamente, este grupo tinha
a maior proporção de pacientes com esteatose hepática, que, segundo Soliman et al
(2010), está associada a níveis elevados de TGF-beta em pacientes com hepatite C
crônica. Nossos resultados concordariam com os estudos de Neuman (2006), Valva
et al (2011) e Soliman et al (2010), que observaram baixos níveis séricos de TGF-
beta em paciente com hepatite C crônica e fibrose grave, não fosse o grupo de
pacientes com ausência de síndrome metabólica também composto em sua maioria
por pacientes com fibrose grave. Há, porém, uma diferença numérica importante
entre esses dois grupos e talvez, num estudo envolvendo um número maior de
pacientes com síndrome metabólica, o papel modulatório ou pró-fibrogênico do TGF-
beta pudesse ser mais expeculado.
Com base em nossos resultados, concluímos que os pacientes com estágio de
fibrose grave e esteatose hepática apresentaram níveis séricos mais elevados de
citocinas predominantemente pró-inflamatórias. Os pacientes com grau de atividade
necroinflamatória intensa e com síndrome metabólica apresentaram níveis séricos
elevados tanto de citocinas pró-inflamatórias quanto anti-inflamatórias.
60
REFERÊNCIAS
ABAYLI B. et al. Serum profile of T helper 1 and T helper 2 cytokines in patients with
chronic hepatitis C virus infection. Turk J Gastroenterol, v. 14, n. 1, p. 7-11, Mar.
2003.
BARANOVA A. et al. Association of serum adipocytokines with hepatic steatosis and
fibrosis in patients with chronic hepatitis C. Digestion, v. 83, p. 32-40, Sep 2011.
BERTOLETTI A. et al. Role of the cell-mediated immune response in the
pathogenesis of hepatitis B virus infection: possible immune-therapeutic strategies.
Acta Biomed Ateneo Parmense, v. 67, n. 3, p. 87-93, 1996.
BOZKAYA H et al. Circulating IL-2 and IL-10 in chronic active hepatitis C with respect
to the response to IFN treatment. Infection, v. 28, v. 5, p. 309-313, Sep. 2000.
BROWN P. M. J.; NEUMAN M.G. Immunopathogenseis of hepatitis C viral infection:
Th1/Th2 responses and the role of cytokines. Clin Biochemistry, v. 34, n. 3, p. 167-
171, May. 2001.
BRUUN J. M. et al. Association between measures of insulin sensitivity and
circulating levels of interleukin-8, interleukin-6 and tumor necrosis factor-alpha. Effect
of weight loss in obese men. Eur J Endocrinol, v. 148, n. 5, p. 535-542, May. 2003.
CACCIARELLI T. V. et al. Immunoregulatory cytokines in chronic hepatitis C virus
infection: pre- and post-treatment with interferon alfa. Hepatology, v. 24, n. 1, p. 6-9,
Jul. 1996.
CHUNG W. J. et al. Chronic hepatitis C and insulin resistance. Korean J
Gastroenterol, v.59, n. 4, p. 268-274, Apr. 2012.
CLERICI M., SHEARER G. M. The Th1-Th2 hypothesis of HIV infection: new
insights. Immunol Today, v. 15, n. 12, p. 575-581, Dec. 1994.
CRESPO J et al. Plasma leptin and TNF levels in chronic hepatitis C patients and
their relationship to hepatic fibrosis. Dig Dis Sci, v. 47, n. 7, p. 1604-1610, Jul. 2002.
61
CUA I. H. et al. Insulin resistance and liver injury in hepatitis C is not associated with
virus-specific changes in adipocytokines. Hepatology, v. 46, n. 1, p. 66-73, Jul.
2007.
DEL PRETE G. et al. Human Th1 and Th2 cells: functional properties, mechanisms
of regulation, and role in disease. Lab Invest, v; 70, n. 3, p. 299-306, Mar. 1994.
ECKEL R. H. et al. The metabolic syndrome. Lancet, v.365, n. 9468, p. 1415-1428,
Apr. 2005.
ESPOSITO K. et al. Association of Low Interleukin-10 Levels with the Metabolic
Syndrome in Obese Women. J Clin Endocrinol Metab, v. 88, n. 3, p. 1055-1058,
March 2003.
FAN X. G. et al. Circulating Th1 and TH2 cytokines in patients with hepatitis virus
infection. Mediador Inflamm, v. 7, n. 4, p. 295-297, 1998.
FRIEDMAN S.L. The Cellular Basis of Hepatic Fibrosis - Mechanisms and Treatment
Strategies. N. Eng. J. Med, v. 328, n. 25, p. 1828-1835, Jun. 1993.
GONZÁLEZ-REIMERS E. et al. Relation between body fat and liver fat accumulation
and cytokine pattern in non-alcoholic patients with chronic HCV infection. Ann Nutr
Metab, v. 55, n. 4, p. 351-357, Oct. 2009.
GRUNDY S. M. et al. Diagnosis and Management of the Metabolic Syndrome: An
American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute Scientific
Statement. Circulation, v. 112, n. 17, p. 2735-2752, Oct. 2005.
HUANG Y. S. et al. Serum levels of cytokines in hepatitis C-related liver disease: a
longitudinal study. Zhonghua Yi Xue Za Zhi (Taipei), v. 62, n. 6, p. 327-333,
Jun. 1999.
HUNG C. H. et al. Association of inflammatory and anti-inflammatory cytokines with
insulin resistance in chronic hepatitis C. Liver Int, v.29, n. 7, p. 1086-1093, Aug.
2009.
62
JIANG R. et al. Polarized populations of T helper cells in patients with chronic
hepatitis B virus infection. Zhonghua Yi Xue Za Zhi, v. 80, n. 10, p. 741-744,
Oct. 2000.
JONSSON J. R. et al. Obesity and Steatosis Influence Serum and Hepatic
Inflammatory Markers in Chronic Hepatitis C. Hepatology, v. 48, n. 1, p. 80-87, Jul.
2008.
KIM C. S. et al. Circulating levels of MCP-1 and IL-8 are elevated in human obese
subjects and associated with obesity related parameters. Int J Obes, v. 30, n. 9, p.
1347-1355, Sep. 2006.
KOZIEL M. J. Cytokines in viral hepatitis. Semin Liver Dis, v. 19, n. 2, p. 157-169,
1999.
KOZIEL M. J. The role of immune responses in the pathogenesis of hepatitis C virus
infection. J Viral Hepat, v. 4, n. 2, p. 31-41, 1997.
LAPINSKI T. W. The levels of IL-1beta, IL-4 and IL-6 in the serum and the liver tissue
of chronic HCV-infected patients. Arch Immunol Ther Exp, v. 49, n. 4, p. 311-316,
2001.
LETTERIO J. J., ROBERTS A. B. Regulation of immune responses by TGF-beta.
Annu Rev Immunol, v. 16, p. 137-161, 1998.
MAGLIANO D. J., SHAW J. E., ZIMMET P. Z. How to best define the metabolic
syndrome. Ann Med, v. 38, nº 1, p. 34-41, Mar. 2006.
MALAGUARNERA M. et al. Serum interleukin 6 concentrations in chronic hepatitis C
patients before and after interferon-alpha treatment. Int J Clin Pharmacol Ther,
v.35, n. 9, p. 385-388, Sep. 1997.
MARCELLIN P.; ASSELAH T.; BOYER N. Fibrosis and disease progression in
hepatitis C. Hepatology, v. 36, n. 5, p.47-56, Nov. 2002.
63
MENDALL M. A. et al. Relation of serum cytokine concentrations to cardiovascular
risk factors and coronary heart disease. Heart, v.78, n. 3, p. 273-277, Sep 1997.
MOORE K. W. et al. Interleukin-10 and the interleukin-10 receptor. Annu Rev
Immunol, v. 19, p. 683-675, 2001.
NAPOLI J. et al. Progressive liver injury in chronic hepatitis C infection correlates with
increased intrahepatic expression of Th1-associated cytokines. Hepatology, v. 24, n.
4, p. 759-765, Oct. 1996.
NEUMAN M. G. et al. Markers of Inflammation and Fibrosis in Alcoholic Hepatitis
and Viral Hepatitis C. Intern J Hepatol, v. 2012, Feb. 2012.
NEUMAN M. G. et al. Cytokine– chemokine and apoptotic signatures in patients with
hepatitis C. Transl Res, v. 149, n. 3, p. 126-136, Mar. 2007.
NEUMAN M. G. et al. Kinetics of serum cytokines reflect changes in the severity of
chronic hepatitis C presenting minimal fibrosis. J Viral Hepat, v. 9, n. 2, p. 134-
140, Mar. 2002.
PERZ J. F. et al. Estimated global prevalence of hepatitis C virus infection. In: 42nd
Annual Meeting of the Infectious Diseases Society of America. Boston; Sep/Oct.
2004.
POYNARD T., BEDOSSA P., OPOLON P. Natural history of liver fibrosis progression
in patients with chronic hepatitis C. The OBSVIRC, METAVIR, CLINIVIR, and
DOSVIRC groups. Lancet, v. 349, nº 9055, p. 825-832, Mar. 1997.
POWELL E. E. et al. Steatosis: co-factor in other liver diseases. Hepatology, v.42, n.
1, p. 5-13, Jul. 2005.
RAMALHO F. Hepatitis C virus infection and liver steatosis. Antiviral Res, v. 60, n.
2, p. 125-127, Oct. 2003.
ROMAGNANI S. Human Th17 cells. Arthritis Res Ther, v.10, n. 2, p. 206-216,
2008.
64
SEEFF L. B. Natural history of hepatitis C. Hepatology, v. 26, n. 3, p. 21-28, Sep.
1997.
SHER A., COFFMAN R. L. Regulation of immunity to parasites by T cells and T cell-
derived cytokines. Annu Rev Immunol, v.10, p. 385-409, 1992.
SHIBATA M. et al. Elevated plasma levels of interleukin-1 receptor antagonist
and interleukin-10 in patients with acute myocardial infarction. J Interferon Cytokine
Res, v. 17, n. 3, p. 145-150, Mar. 1997.
SOBCHAK D. M.; MONAKOVA E. A. Immune parameters in patients with chronic
hepatitis C and with various histologic changes. Klin Med (Mosk), v. 82, n. 4, p. 49-
52, 2004.
SOBUE S. et al. Th1/Th2 cytokine profiles and their relationship to clinical features in
patients with chronic hepatitis C virus infection. J Gastroenterol, v. 36, n. 8, p. 544-
551, Aug. 2001.
SOLIMAN G. M. et al. The role of plasma transforming growth factor beta-1 in the
development of fibrosis in patient with HCV related steatohepatitis. J Egypt Soc
Parasitol, v. 40, n. 3, p. 759–772, Dec. 2010.
TAYLOR D. R. et al. Hepatitis C virus and interferon resistance. Microbes Infect,
v. 2, n. 14, p. 1743-1756, Nov. 2000.
TSAI S. L. et al. Detection of type 2-like T-helper cells in hepatitis C virus infection:
implications for hepatitis C virus chronicity. Hepatology, v. 25, n. 2, p. 449-458, Feb.
1997.
TSUSHIMA H. et al. Reduced plasma transforming growth factor-beta1 levels in
patients with chronic hepatitis C after interferon-alpha therapy: association with
regression of hepatic fibrosis. J Hepatol, v. 30, n. 1, p. 1-7, Jan. 1999.
VALVA P. et al. The role of serum biomarkers in predicting fibrosis progression in
pediatric and adult hepatitis C virus chronic infection. PLoS One, v. 6, n. 8, p. 1-10,
Aug. 2011.
65
VISO A. T. R. et al. Tissue and serum immune response in chronic hepatitis C with
mild histological lesions. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 105, n. 1, p. 25-32, Feb. 2010.
WUBBEN D. P., ADAMS A. K. Metabolic syndrome: what's in a name? WMJ, v.105,
nº5, p.17-20, Jul. 2006.
XING J. et al. Th9: a new player in asthma pathogenesis? J Asthma, v. 48, n. 2, p.
115-125, Mar. 2011.
YANG X. Y. et al. Th22, but not Th17 might be a good index to predict the tissue
involvement of systemic lupus erythematosus. J Clin Immunol, v. 33, nº 4, p. 767-
774, May. 2013.
YAMAMURA M. et al. Defining protective responses to pathogens: cytokine profiles
in leprosy lesions. Science, v. 254, n. 5029, p. 277-279, Oct. 1991.
YUDKIN J. S. et al. C-reactive protein in healthy subjects: associations with obesity,
insulin resistance, and endothelial dysfunction: a potential role for cytokines
originating from adipose tissue? Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 19, n. 4, 972-
978, Apr. 1999.
ZELANTE T. et al. IL-23 and the Th17 pathway promote inflammation and impair
antifungal immune resistance. Eur J Immunol, v. 37, p. 2695-2706, 2007.
ZHU J., PAUL W. E. CD4 T cells: fates, functions, and faults. Blood, v. 112, n. 5, p.
1557-1569, Sep. 2008.
ZICCARDI P. et al. Reduction of inflammatory cytokine concentrations and
improvement of endothelial functions in obese women after weight loss over one
year. Circulation, v. 105, n. 7, p. 804-809, Feb. 2002.
ZYLBERBERG H. et al. Soluble tumor necrosis factor receptors in chronic hepatitis
C: a correlation with histological fibrosis and activity. J Hepatol, v. 30, n. 2, p. 185-
191, Feb. 1999.
66
4 CONCLUSÃO GERAL
Com base em nossos resultados, concluímos que os pacientes com estágio de
fibrose grave e esteatose hepática apresentaram níveis séricos mais elevados de
citocinas predominantemente pró-inflamatórias.
Os pacientes com grau de atividade necroinflamatória intensa, NR ao tratamento
antiviral prévio e com síndrome metabólica apresentaram níveis séricos elevados
tanto de citocinas pró-inflamatórias quanto anti-inflamatórias.
67
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAYLI B. et al. Serum profile of T helper 1 and T helper 2 cytokines in patients with
chronic hepatitis C virus infection. Turk J Gastroenterol, v. 14, n. 1, p. 7-11, Mar.
2003.
AGNELLO V. et al. A role for hepatitis C virus infection in type II cryoglobulinemia. N
Engl J Med, v. 327, p. 1490–1495, 1992.
ANDRADE D. L. A study about hepatitis C virus infection in patients with psoriasis in
a Brazilian reference center. Acta Gastroenterol Latinoam, v. 42, nº 4, p. 285-290,
Dec. 2012.
ASSELAH T. et al. STEATOSIS IN CHRONIC HEPATITIS C: WHY DOES IT
REALLY MATTER? Gut, v. 55, n. 1, p. 123-130, Jan. 2006.
BACON B. R. et al. Boceprevir for previously treated chronic HCV genotype 1
infection. N Engl J Med, v. 364, n. 13, p. 1207-1217, Mar. 2011.
BAGGIOLINI M et al. Human chemokines: an update. Annu Rev Immunol, v. 15, p.
675-705, 1997.
BARANOVA A. et al. Association of serum adipocytokines with hepatic steatosis and
fibrosis in patients with chronic hepatitis C. Digestion, v. 83, p. 32-40, Sep 2011.
BARONE A. A. et al. Response in Patients with Chronic HCV Hepatitis to Treatment
with Interferon-alpha. Braz J Infect Dis, v. 3, n. 3, p. 118-128, Jun. 1999.
BEDOSSA P.; POYNARD T. An algorithm for the grading of activity in chronic
hepatitis C. The METAVIR Cooperative Study Group. Hepatology, v. 24, n. 2, p.
289-293, Aug. 1996.
BELLA S. et al. Decrease and dysfunction of dendritic cells correlate with impaired
hepatitis C virus-specific CD4+ T-cell proliferation in patients with hepatitis C virus
infection. Immunology, v. 121, n. 2, p. 283-292, Jun. 2007
68
BENYON R. C.; ARTHUR M. J. Extracellular matrix degradation and the role of
hepatic stellate cells. Semin Liver Dis, v. 21, n. 3, p. 373-384, Aug. 2001.
BERTOLETTI A. et al. Role of the cell-mediated immune response in the
pathogenesis of hepatitis B virus infection: possible immune-therapeutic strategies.
Acta Biomed Ateneo Parmense, v. 67, n. 3, p. 87-93, 1996.
BIRK R. W. et al. Alternative activation of antigen-presenting cells: concepts and
clinical relevance. Hautarzt, v. 52, n. 3, p. 193-200, Mar. 2001.
BLACK S. et al. C-reactive Protein. J Biol Chem, v. 279, n. 47, p. 48487-48490,
Nov. 2004.
BOGDANOS D. P. et al. Nonorgan-specific autoantibodies in hepatitis C virus
infection:do they matter? Clin Infect Dis, vl. 40, nº. 4, p.508–510, Fev. 2005.
BOZKAYA H et al. Circulating IL-2 and IL-10 in chronic active hepatitis C with respect
to the response to IFN treatment. Infection, v. 28, v. 5, p. 309-313, Sep. 2000.
BRANDÃO A. B. M. et al. Diagnosis of hepatitis C in clinical practice: review of the
literature. Panam Salud Publica, v. 9, n. 3, p. 161-168, Mar. 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Hepatites virais: o Brasil está atento. 3 ed. Brasília,
DF, 2008, p. 60.
BROWN P. M. J.; NEUMAN M.G. Immunopathogenseis of hepatitis C viral infection:
Th1/Th2 responses and the role of cytokines. Clin Biochemistry, v. 34, n. 3, p. 167-
171, May. 2001.
BRUUN J. M. et al. Association between measures of insulin sensitivity and
circulating levels of interleukin-8, interleukin-6 and tumor necrosis factor-alpha. Effect
of weight loss in obese men. Eur J Endocrinol, v. 148, n. 5, p. 535-542, May. 2003.
CABRERA R et al. An immunomodulatory role for CD4(+)CD25(+) regulatory T
lymphocytes in hepatitis C virus infection. Hepatology, v. 40, n. 5, p. 1062-1071,
Nov. 2004.
69
CACCIARELLI T. V. et al. Immunoregulatory cytokines in chronic hepatitis C virus
infection: pre- and post-treatment with interferon alfa. Hepatology, v. 24, n. 1, p. 6-9,
Jul. 1996.
CACOUB P. et al. Extrahepatic manifestations associated with hepatitis C virus
infection. A prospective multicenter study of 321 patients. Medicine, v.79, nº 1, p. 47-
56, Jan. 2000.
CAMPIOTTO S et al. Geographic distribution of hepatitis C virus genotypes in Brazil.
Braz J Med Biol Res, v. 38, n. 1, p. 41-49, Jan. 2005.
CHUNG W. J. et al. Chronic hepatitis C and insulin resistance. Korean J
Gastroenterol, v.59, n. 4, p. 268-274, Apr. 2012.
CLERICI M., SHEARER G. M. The Th1-Th2 hypothesis of HIV infection: new
insights. Immunol Today, v. 15, n. 12, p. 575-581, Dec. 1994.
CRESPO J et al. Plasma leptin and TNF levels in chronic hepatitis C patients and
their relationship to hepatic fibrosis. Dig Dis Sci, v. 47, n. 7, p. 1604-1610, Jul. 2002.
CUA I. H. et al. Insulin resistance and liver injury in hepatitis C is not associated with
virus-specific changes in adipocytokines. Hepatology, v. 46, n. 1, p. 66-73, Jul.
2007.
CUMMINGS K. J. et al. Interferon and ribavirin vs interferon alone in the re-treatment
of chronic hepatitis C previously nonresponsive to interferon: a meta- analysis of
randomized trials. JAMA, v. 285, n. 2, p. 193–199, Jan. 2001.
DEL PRETE G. et al. Human Th1 and Th2 cells: functional properties, mechanisms
of regulation, and role in disease. Lab Invest, v; 70, n. 3, p. 299-306, Mar. 1994.
DUSTIN L. B.; RICE C.M. Flying under the radar: the immunobiology of hepatitis C.
Annu Rev Immunol, v. 25, p. 71-99, 2007.
ECKEL R. H. et al. The metabolic syndrome. Lancet, v.365, n. 9468, p. 1415-1428,
Apr. 2005.
70
ESPOSITO K. et al. Association of Low Interleukin-10 Levels with the Metabolic
Syndrome in Obese Women. J Clin Endocrinol Metab, v. 88, n. 3, p. 1055-1058,
March 2003.
FAN X. G. et al. Circulating Th1 and TH2 cytokines in patients with hepatitis virus
infection. Mediador Inflamm, v. 7, n. 4, p. 295-297, 1998.
FEINGOLD K. R., GRUNFELD C. Role of cytokines in inducing hyperlipidemia.
Diabetes, v. 41, n. 2, p. 97-101, Oct. 1992.
FOFANA I. et al. Mutations that alter use of hepatitis C virus cell entry factors
mediate escape from neutralizing antibodies. Gastroenterology, v. 143, n. 1, p. 223-
233, Jul. 2012.
FORESTIER N. et al. Antiviral activity of telaprevir (VX-950) and peginterferon alfa-
2a in patients with hepatitis C. Hepatology, v. 46, n. 3, p. 640-648, Sep. 2007.
FRIED S. K. et al. Omental and subcutaneous adipose tissues of obese subjects
release interleukin-6: depot difference and regulation by glucocorticoid. J Clin
Endocrinol Metab, v. 83, n. 3, p. 847-850, Mar. 1998.
FRIEDMAN S.L. The Cellular Basis of Hepatic Fibrosis - Mechanisms and Treatment
Strategies. N. Eng. J. Med, v. 328, n. 25, p. 1828-1835, Jun. 1993.
FRIEDMAN S. L. Molecular regulation of hepatic fibrosis, an integrated cellular
response to tissue injury. J Biol Chem, v. 275, n. 4, p. 2247-2250, Jan. 2000.
GILLES P. N. et al. HBsAg retention sensitizes the hepatocyte to injury by
physiological concentrations of interferon-gamma. Hepatology, v. 16, n. 3, p. 655-
663, Sep. 1992.
GONZÁLEZ-REIMERS E. et al. Relation between body fat and liver fat accumulation
and cytokine pattern in non-alcoholic patients with chronic HCV infection. Ann Nutr
Metab, v. 55, n. 4, p. 351-357, Oct. 2009.
71
GOWANS E.J. Distribution of markers of hepatitis C virus infection throughout the
body. Semin Liver Dis, v. 20, n. 1, p. 85-102, 2000.
GRESSNER A. M., BACHEM M. G. Cellular sources of noncollagenous matrix
proteins: role of fat-storing cells in fibrogenesis. Semin Liver Dis, v.10, n. 1, p. 30-
46, Feb. 1990.
GRETCH D. R. Diagnostic tests for hepatitis C. Hepatology, v. 26, n. 3, p. 43-47,
Sep. 1997.
GRUNDY S. M. et al. Diagnosis and Management of the Metabolic Syndrome: An
American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute Scientific
Statement. Circulation, v. 112, n. 17, p. 2735-2752, Oct. 2005.
GUAN M. et al. Three different functional microdomains in the hepatitis C virus
hypervariable region 1 (HVR1) mediate entry and immune evasion. J Biol Chem, v.
287, n. 42, p. 35631-35645, Oct. 2012.
HARRIS J. M., CHESS R. B. Effect of pegylation on pharmaceuticals. Nat Rev Drug
Discov, v. 2, n. 3, p. 214-121, Mar. 2003.
HARUNA Y. et al. Human leukocyte antigen DRB1 1302 protects against bile duct
damage and portal lymphocyte infiltration in patients with chronic hepatitis C. J
Hepatol, v. 32, n. 5, p. 837-842, May. 2000.
HIMOTO T., MASAKI T. Extrahepatic Manifestations and Autoantibodies in Patients
with Hepatitis C Virus Infection. Clin and Develop Immunol, v. 2012, p. 0-11, Jun.
2012.
HOOFNAGLE J. H., SEEFF L. B. Peginterferon and ribavirin for chronic hepatitis C.
N Engl J Med, v. 355, nº23, p. 2444-2451, Dec. 2006.
HUANG Y. S. et al. Serum levels of cytokines in hepatitis C-related liver disease: a
longitudinal study. Zhonghua Yi Xue Za Zhi (Taipei), v. 62, n. 6, p. 327-333,
Jun. 1999.
72
HUNG C. H. et al. Association of inflammatory and anti-inflammatory cytokines with
insulin resistance in chronic hepatitis C. Liver Int, v.29, n. 7, p. 1086-1093, Aug.
2009.
IREDALE J. P. Hepatic stellate cell behavior during resolution of liver injury. Semin
Liver Dis, v.21, n. 3, p. 427-436, Aug. 2001.
IWATA K et al. Interferon gamma production by peripheral blood lymphocytes to
hepatitis C virus core protein in chronic hepatitis C infection. Hepatology, v. 22, n. 4,
p. 1057-1064, Oct. 1995.
JADALI Z. Autoimmune thyroid disorders in hepatitis C virus infection: Effect of
interferon therapy. Indian J Endocrinol Metab, v. 17, n. 1, p. 69-75, Jan. 2013.
JIANG R. et al. Polarized populations of T helper cells in patients with chronic
hepatitis B virus infection. Zhonghua Yi Xue Za Zhi, v. 80, n. 10, p. 741-744,
Oct. 2000.
JONSSON J. R. et al. Obesity and Steatosis Influence Serum and Hepatic
Inflammatory Markers in Chronic Hepatitis C. Hepatology, v. 48, n. 1, p. 80-87, Jul.
2008.
KIM C. S. et al. Circulating levels of MCP-1 and IL-8 are elevated in human obese
subjects and associated with obesity related parameters. Int J Obes, v. 30, n. 9, p.
1347-1355, Sep. 2006.
KOZIEL M. J. Cytokines in viral hepatitis. Semin Liver Dis, v. 19, n. 2, p. 157-169,
1999.
KOZIEL M. J. The role of immune responses in the pathogenesis of hepatitis C virus
infection. J Viral Hepat, v. 4, n. 2, p. 31-41, 1997.
KWO P. Y. et al. Efficacy of boceprevir, an NS3 protease inhibitor, in combination
with peginterferon alfa-2b and ribavirin in treatment-naive patients with genotype 1
hepatitis C infection (SPRINT-1): an open-label, randomised, multicentre phase 2
trial. Lancet, v. 376, n. 9742, p. 705-716, Aug. 2010.
73
LAPINSKI T. W. The levels of IL-1beta, IL-4 and IL-6 in the serum and the liver tissue
of chronic HCV-infected patients. Arch Immunol Ther Exp, v. 49, n. 4, p. 311-316,
2001.
LETTERIO J. J., ROBERTS A. B. Regulation of immune responses by TGF-beta.
Annu Rev Immunol, v. 16, p. 137-161, 1998.
LIANG T. J. et al. Pathogenesis, natural history, treatment, and prevention of
hepatitis C. Ann Intern Med, v. 132, n. 4, p. 296-305, Feb. 2000.
LIU L. S. et al. Tumor necrosis factor-alpha acutely inhibits insulin signaling in human
adipocytes: implication of the p80 tumor necrosis factor receptor. Diabetes, v. 47, n.
4, p. 515-522, Apr. 1998.
LOK A. S. F.; GUNARATNAM N. T. Diagnosis of hepatitis C. Hepatology, v. 26, n.
3, p. 48-56, Sep. 1997.
MALAGUARNERA M. et al. Serum interleukin 6 concentrations in chronic hepatitis C
patients before and after interferon-alpha treatment. Int J Clin Pharmacol Ther,
v.35, n. 9, p. 385-388, Sep. 1997.
MANGIA A. et al. HLA class II favors clearance of HCV infection and progression of
the chronic liver damage. J Hepatol, v. 30, n. 6, p. 984-989, Jun. 1999.
MAGLIANO D. J., SHAW J. E., ZIMMET P. Z. How to best define the metabolic
syndrome. Ann Med, v. 38, nº 1, p. 34-41, Mar. 2006.
MARCELLIN P.; ASSELAH T.; BOYER N. Fibrosis and disease progression in
hepatitis C. Hepatology, v. 36, n. 5, p.47-56, Nov. 2002.
MAZUR W. et al. Short-term changes of serum IL-2 and IL-6 induced by interferon
alpha-2b in patients with chronic hepatitis C. Med Sci Monit, v. 7, n. 1, p. 151-156,
May. 2001.
74
MCHUTCHISON J. G. et al. Interferon alfa-2b alone or in combination with ribavirin
as initial treatment for chronic hepatitis C. N Engl J Med, v. 339, n. 21, p. 1485-1492,
Nov. 1998.
MENDALL M. A. et al. Relation of serum cytokine concentrations to cardiovascular
risk factors and coronary heart disease. Heart, v.78, n. 3, p. 273-277, Sep 1997.
MILLER R. H., PURCELL R. H. Hepatitis C virus shares amino acid sequence
similarity with pestiviruses and flaviviruses as well as members of two plant virus
supergroups. Proc Natl Acad Sci U S A, v. 87, n. 6, p. 2057-2061, Mar. 1990.
MIZUKOSHI E.; REHERMANN B. Immune responses and immunity in hepatitis C
virus infection. J Gastroenterol, v. 36, n. 12, p. 799-808, Dec. 2001.
MONTANER L. J. et al. Type 1 and type 2 cytokine regulation of macrophage
endocytosis: differential activation by IL-4/IL-13 as opposed to IFN-gamma or IL-10.
J Immunol, v. 162, n. 8, p. 4606-4613, Apr. 1999.
MOORE K. W. et al. Interleukin-10 and the interleukin-10 receptor. Annu Rev
Immunol, v. 19, p. 683-675, 2001.
MOSMANN T. R. et al. Two types of murine helper T cell clone. I. Definition
according to profiles of lymphokine activities and secreted proteins. J Immunol, v.
136, nº 7, p. 5-14, Apr. 1986.
NAPOLI J. et al. Progressive liver injury in chronic hepatitis C infection correlates with
increased intrahepatic expression of Th1-associated cytokines. Hepatology, v. 24, n.
4, p. 759-765, Oct. 1996.
NEUBAUER K. et al. Liver fibrosis and altered matrix synthesis. Can J
Gastroenterol, v. 15, n. 3, p. 187-193, Mar. 2001.
NEUMAN M. G. et al. Markers of Inflammation and Fibrosis in Alcoholic Hepatitis
and Viral Hepatitis C. Intern J Hepatol, v. 2012, Feb. 2012.
75
NEUMAN M. G. et al. Cytokine– chemokine and apoptotic signatures in patients with
hepatitis C. Transl Res, v. 149, n. 3, p. 126-136, Mar. 2007.
NEUMAN M. G. et al. Kinetics of serum cytokines reflect changes in the severity of
chronic hepatitis C presenting minimal fibrosis. J Viral Hepat, v. 9, n. 2, p. 134-
140, Mar. 2002.
NEUMAN M. G. Markers of fibrosis in liver disease. Roman J Hepatol, vol. 2, pp. 56–
58, Mar. 2006.
NIH. Management of hepatitis C: 2002. NIH Consens State Sci Statements, v. 19,
n.3, Jun. 2002, 46 p.
OGIWARA F. et al. Inflammatory markers and cytokines in cardiovascular disease.
Rinsho Byori, v. 52, nº 8, p. 686-692, Aug. 2004.
PAUL W. E., SEDER R. A. Lymphocyte responses and cytokines. Cell, v. 76, n. 2, p.
241-251, Jan. 1994.
PAWLOTSKY J. M.; GRETCH D. R. Molecular tools for the treatment of hepatitis C.
Antivir Ther, v. 3, n. 3, p. 45-55, 1998.
PENIN F. et al. Structural Biology of Hepatitis C Virus. Hepatology, v. 39, n. 1, p. 5-
19, Jan. 2004.
PERZ J. F. et al. Estimated global prevalence of hepatitis C virus infection. In: 42nd
Annual Meeting of the Infectious Diseases Society of America. Boston; Sep/Oct.
2004.
POYNARD T., BEDOSSA P., OPOLON P. Natural history of liver fibrosis progression
in patients with chronic hepatitis C. The OBSVIRC, METAVIR, CLINIVIR, and
DOSVIRC groups. Lancet, v. 349, nº 9055, p. 825-832, Mar. 1997.
POWELL E. E. et al. Steatosis: co-factor in other liver diseases. Hepatology, v.42, n.
1, p. 5-13, Jul. 2005.
76
RAMALHO F. Hepatitis C virus infection and liver steatosis. Antiviral Res, v. 60, n.
2, p. 125-127, Oct. 2003.
REHERMANN B. Interaction between the hepatitis C virus and the immune system.
Semin Liver Dis, v. 20, n. 2, p. 127-141, 2000.
ROMAGNANI S. Human Th17 cells. Arthritis Res Ther, v.10, n. 2, p. 206-216,
2008.
RUBBIA-BRANDT L. et al. Hepatocyte steatosis is a cytopathic effect of hepatitis C
virus genotype 3. J Hepatol, v. 33, n. 1, p. 106-115, Jul. 2000.
SCHUPPAN D. et al. Hepatitis C and liver fibrosis. Cell Death and Different, v. 10,
p.59 -67, Oct. 2003.
SEEFF L. B. Natural history of hepatitis C. Hepatology, v. 26, n. 3, p. 21-28, Sep.
1997.
SERSTÉ T. et al. Metabolic disorders associated with chronic hepatitis C: impact of
genotype and ethnicity. Liver Int, v. 30, n. 8, p. 1131-1136, Sep. 2010.
SHER A., COFFMAN R. L. Regulation of immunity to parasites by T cells and T cell-
derived cytokines. Annu Rev Immunol, v.10, p. 385-409, 1992.
SHIBATA M. et al. Elevated plasma levels of interleukin-1 receptor antagonist
and interleukin-10 in patients with acute myocardial infarction. J Interferon Cytokine
Res, v. 17, n. 3, p. 145-150, Mar. 1997.
SIMMONDS P. et al. A proposed system for the nomenclature of hepatitis C virus
genomes. Hepatology, v. 19, n. 5, p. 1321-1324, May. 1994.
SOBCHAK D. M.; MONAKOVA E. A. Immune parameters in patients with chronic
hepatitis C and with various histologic changes. Klin Med (Mosk), v. 82, n. 4, p. 49-
52, 2004.
77
SOBUE S. et al. Th1/Th2 cytokine profiles and their relationship to clinical features in
patients with chronic hepatitis C virus infection. J Gastroenterol, v. 36, n. 8, p. 544-
551, Aug. 2001.
SOLIMAN G. M. et al. The role of plasma transforming growth factor beta-1 in the
development of fibrosis in patient with HCV related steatohepatitis. J Egypt Soc
Parasitol, v. 40, n. 3, p. 759–772, Dec. 2010.
STRACZKOWSKI M. et al. Plasma interleukin-8 concentrations are increased in
obese subjects and related to fat mass and tumor necrosis factor-alpha system. J
Clin Endocrinol Metab, v. 87, n. 10, p. 4602-4606, Oct. 2002.
SUMIDA M. et al. Inhibitory effect of tumor necrosis factor on gene expression
of hormone sensitive lipase in 3T3-L1 adipocytes. J Biochem, v. 107, n. 1, p. 1-2,
Jan. 1990.
TANG S. C., LAI K. N. Hepatitis C virus-associated glomerulonephritis. Contrib
Nephrol, v. 181, p. 194-206, May. 2013.
TAYLOR D. R. et al. Hepatitis C virus and interferon resistance. Microbes Infect,
v. 2, n. 14, p. 1743-1756, Nov. 2000.
TAYLOR A. et al. Mechanisms of immune suppression by interleukin-10 and
transforming growth factor-b: the role of T regulatory cells. Immunol, v.117, p. 433–
442, Nov. 2006.
THIMME R. et al. Determinants of viral clearance and persistence during acute
hepatitis C virus infection. J Exp Med, v. 194, n. 10, p. 1395-1406, Nov. 2001.
TSAI S. L. et al. Detection of type 2-like T-helper cells in hepatitis C virus infection:
implications for hepatitis C virus chronicity. Hepatology, v. 25, n. 2, p. 449-458, Feb.
1997.
TSAI S. L. et al. Activation of Th1 immunity is a common immune mechanism for the
successful treatment of hepatitis B and C: tetramer assay and therapeutic
implications. J Biomed Sci, v. 10, nº 1, p.120-135. Jan. 2003.
78
TSUKADA S. et al. Mechanisms of liver fibrosis. Clin Chim Acta, v. 364, n. 2, p. 33-
60, Feb. 2006.
TSUSHIMA H. et al. Reduced plasma transforming growth factor-beta1 levels in
patients with chronic hepatitis C after interferon-alpha therapy: association with
regression of hepatic fibrosis. J Hepatol, v. 30, n. 1, p. 1-7, Jan. 1999.
URBANI S. et al. Outcome of acute hepatitis C is related to virus-specific CD4
function and maturation of antiviral memory CD8 responses. Hepatology, v. 44, n.
1, p. 126-139, Jul. 2006.
VALVA P. et al. The role of serum biomarkers in predicting fibrosis progression in
pediatric and adult hepatitis C virus chronic infection. PLoS One, v. 6, n. 8, p. 1-10,
Aug. 2011.
VISO A. T. R. et al. Tissue and serum immune response in chronic hepatitis C with
mild histological lesions. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 105, n. 1, p. 25-32, Feb. 2010.
WEDEMEYER H. et al. Impaired effector function of hepatitis C virus-specific CD8+ T
cells in chronic hepatitis C virus infection. J Immunol, v. 169, n. 6, p. 3447-3458,
Sep. 2002.
WINNOCK M. et al. Liver-associated lymphocytes: role in tumor defense. Semin
Liver Dis, v. 13, n. 1, p. 81-92, Feb. 1993.
WUBBEN D. P., ADAMS A. K. Metabolic syndrome: what's in a name? WMJ, v.105,
nº5, p.17-20, Jul. 2006.
XING J. et al. Th9: a new player in asthma pathogenesis? J Asthma, v. 48, n. 2, p.
115-125, Mar. 2011.
YANG X. Y. et al. Th22, but not Th17 might be a good index to predict the tissue
involvement of systemic lupus erythematosus. J Clin Immunol, v. 33, nº 4, p. 767-
774, May. 2013.
YAMAMURA M. et al. Defining protective responses to pathogens: cytokine profiles
in leprosy lesions. Science, v. 254, n. 5029, p. 277-279, Oct. 1991.
79
YUDKIN J. S. et al. C-reactive protein in healthy subjects: associations with obesity,
insulin resistance, and endothelial dysfunction: a potential role for cytokines
originating from adipose tissue? Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 19, n. 4, 972-
978, Apr. 1999.
ZELANTE T. et al. IL-23 and the Th17 pathway promote inflammation and impair
antifungal immune resistance. Eur J Immunol, v. 37, p. 2695-2706, 2007.
Zhang H. et al. Tumor necrosis factor-alpha stimulates lipolysis in differentiated
human adipocytes through activation of extracellular signal-related kinase and
elevation of intracellular cAMP. Diabetes, v. 51, n. 10, p.2929-2935, Oct. 2002.
ZHANG L. et al. Study on the relationship between the serum levels of Th1/Th2
cytokines and the clinical manifestations of chronic hepatitis C and the outcome of
interferon therapy. Zhonghua Shi Yan He Lin Chuang Bing Du Xue Za Zhi, v.23, n.
5, p. 352-354, Oct. 2009.
ZHU J., PAUL W. E. CD4 T cells: fates, functions, and faults. Blood, v. 112, n. 5, p.
1557-1569, Sep. 2008.
ZICCARDI P. et al. Reduction of inflammatory cytokine concentrations and
improvement of endothelial functions in obese women after weight loss over one
year. Circulation, v. 105, n. 7, p. 804-809, Feb. 2002.
ZIGNEGO A. L. et al. The hepatitis C virus infection as a systemic disease. Intern
Emerg Med, v. 7, nº 3, p. 201-208, Oct. 2012.
ZIGNEGO A. L. et al. Lymphoproliferative disorders: an overview. World J
Gastroenterol, v. 13, nº. 17, p. 2467–2478, Fev. 2007.
ZYLBERBERG H. et al. Soluble tumor necrosis factor receptors in chronic hepatitis
C: a correlation with histological fibrosis and activity. J Hepatol, v. 30, n. 2, p. 185-
191, Feb. 1999.
80
6 ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética
81
7 ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PROJETO DE PESQUISA: Tratamento com soja integral não transgênica em pó para pacientes com Vírus da Hepatite C (VHC) Eu,........................................................................................................................ fui convidado (a) pela Nutricionista Rosangela Passos de Jesus, professora da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia, ou um membro de sua equipe, a participar da pesquisa acima citada quando fui informado(a) dos objetivos da pesquisa, sob a sua coordenação, com o título acima citado. O objetivo principal desta pesquisa é avaliar o efeito da utilização de suplemento a base de soja integral em pó não trangênica, sobre estado nutricional, resistência à insulina e perfil bioquímico em pacientes com infecção por VHC. A Profa. Rosangela Passos de Jesus ou um membro da sua equipe, justificou que o objetivo da pesquisa decorre da necessidade de acompanhar, com mais critério, a situação de saúde e nutrição dos pacientes com problemas de fígado e a aplicação de intervenção nutricional eficaz no tratamento, diminuindo o risco de outras doenças como diabetes, gordura no fígado e no sangue, bem como agravamento da doença hepática. Assim, a realização deste trabalho poderá contribuir para uma melhor assistência nutricional para os pacientes podendo gerar efeito positivo na sua qualidade de vida. A Profa. Rosangela Passos de Jesus, ou um membro da sua equipe, também leu este documento e esclareceu os seus termos, bem como deixou claro que caso deseje, terei o direito de saber os resultados dos exames realizados. Segundo as informações prestadas, a pesquisa consta de levantamento de meus dados pessoais e da minha família, exames bioquímicos e avaliação do estado nutricional. Na apresentação da Profa. Rosangela Passos de Jesus, ou um membro da equipe disse também que todas as informações sobre a minha pessoa serão mantidas em sigilo, e não poderei ser identificado como participante da pesquisa. Também fiquei ciente de que, se desejar, eu posso desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, mas terei garantido a continuidade do aconselhamento nutricional, mesmo após a desistência da Pesquisa. Se tiver alguma reclamação a fazer deverei
procurar a Professora Rosangela Passos de Jesus, Coordenadora da Pesquisa na Escola de Nutrição desta Universidade (Tel: 3283-7734 ou 3283-7730 e e-mail: [email protected]). E para maiores esclarecimentos pode ainda procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira, localizado na rua Padre Feijó 240, Canela – Ambulatório Magalhães Neto, 3º andar, Programa de Pós- Graduação em Medicina e Saúde. CEP: 40.110-170 – Salvador- Bahia. Telefax (71) 3203-2740. email: [email protected]
Assim, considero-me satisfeito (a) com as explicações da Profa. Rosangela Passos de Jesus, ou um membro da sua equipe e concordo em participar como voluntário(a) deste estudo. COMO TENHO DIFICULDADE PARA LER ( SIM.......NÃO.........), O ESCRITO ACIMA, ATESTO TAMBÉM QUE A PROFESSORA ROSANGELA PASSOS DE JESUS, (OU UM MEMBRO DA SUA EQUIPE) LEU PAUSADAMENTE ESSE DOCUMENTO E ESCLARECEU AS MINHAS DÚVIDAS, E COMO TEM A MINHA CONCORDÂNCIA PARA PARTICIPAR DO ESTUDO, COLOQUEI ABAIXO A MINHA ASSINATURA (OU IMPRESSÃO DIGITAL).
SALVADOR, ___ DE _________ 2008.