1 - Introdução e A Representação I

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EVOLUÇÃO DAS ARTES VISUAIS I Plano de Aula Prof. Sandro Leite

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1 - Introdução e A Representação I

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  • EVOLUO DAS ARTES VISUAIS I

    Plano de Aula

    Prof. Sandro Leite

  • Ivolndia - Brasil Pinturas a partir do Paleoltico Superior (40.000 a.C.)

  • Portugal

    Gravura rupestre

  • SERRESCura em Epidauro, p. 83-5

  • Em algum momento do sculo XVI, o eminente ensasta Francis Bacon observou que, para os antigos, todas as imagens que o mundo dispe diante de ns j se acham encerradas em nossa memria desde o nascimento [].[...] Se isso for verdade, estamos todos refletidos de algum modo nas numerosas e distintas imagens que nos rodeiam, uma vez que elas j so parte daquilo que somos: imagens que criamos e imagens que emolduramos; imagens que compomos fisicamente, mo, e imagens que se formam espontaneamente na imaginao; imagens de rostos, rvores, prdios, nuvens, paisagens, instrumentos, gua, e imagens daquelas imagens pintadas, esculpidas, encenadas, fotografadas, impressas, filmadas (MANGUEL, 2001, p. 20).

  • Caravaggio, Narciso (1594-56)

  • As imagens, assim como as histrias, nos informam [].[...] para aqueles que podem ver, a existncia se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela viso e realadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposio de significado) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa prpria existncia (MANGUEL, 2001, p. 21).

  • As imagens [] se apresentam nossa conscincia instantaneamente, encerradas pela sua moldura a parede de uma caverna ou de um museu em uma superfcie especfica [].[...] Com o correr do tempo, podemos ver mais ou menos coisas em uma imagem, sondar mais fundo e descobrir mais detalhes, associar e combinar outras imagens, emprestar-lhe palavras para contar o que vemos mas, em sim mesma, uma imagem existe no espao que ocupa, independente do tempo que reservamos para contempl-la [] (MANGUEL, 2001, p. 25).

  • Gustave Moreaux, Jpiter e Smele (1894-95)

  • Gustave Moreaux, Salom (1876)

  • A imagem de uma obra de arte existe em algum local entre percepes: entre aquela que o pintor imaginou e aquela que o pintor ps na tela; entre aquela que podemos nomear e aquela que os contemporneos do pintor podiam nomear; entre aquilo que lembramos e aquilo que aprendemos; entre o vocabulrio comum, adquirido, de um mundo social, e um vocabulrio mais profundo, de smbolos ancestrais e secretos (MANGUEL, 2001, p. 29).

  • Velasquez , As meninas (1656)

  • A morte da representao. Montagem realizada a partir da obra As meninas de Velsquez

  • (BAIRON, 2005, p. 43)

  • Vermeer, A garota com o brinco de prola (1665)

  • Gerhard Richter

  • A REPRESENTAO I: da Era da Magia aos primeiros movimentos do sculo XX

  • Quando o artista paleoltico pintava um animal na rocha, produzia um animal real. Para ele, o mundo de fico e da representao pictrica, a esfera da arte e mera imitao ainda no era um domnio especial autnomo, diferente e separado da realidade emprica; no colocava ainda em confronto as duas esferas distintas, vendo numa a continuao direta e indiferenciada da outra (HAUSER, 2000, p. 5).

  • A melhor prova de que essa arte estava preocupada com o efeito mgico e no esttico, pelo menos em seus propsitos conscientes, reside no fato de que nessas pinturas os animais eram frequentemente representados com os corpos traspassados por lanas e flechas, ou eram realmente alvejados com essas armas logo aps a concluso da obra (HAUSER, 2000, p. 7).

  • Pedra Silex

  • Arte egpcia3.000 a.C.

    Mscara funerria de Tutankhamon

    poltica religio preservao do corpo

  • Cmara tumular de Nefertari, esposa de Ramses II

    simbolismo frontalidade estilizao

    preto (carvo) branco (cal, gesso) vermelho (ocres) amarelo (xido de ferro hidratado) verde (malaquita) azul (carbonato de cobre)

  • Pirmides: Qufren, Quops, Miquerinos

  • Nefertiti a bela chegou

    o casal solar Akhenaton monotesmo

  • Arte gregasc. XI - I a.C.

    Cnone ou CanonConjunto de regras, modelos

    Preservao da identidade visual

  • Kourospadro de belezaPerodo Arcaico

    Hermes Perodo Clssicosc. V - IV

  • Vaso

    Pintura vermelha

    530 a.C.

  • Arte Bizantina

    Primeira manifestao artstica religiosa do Cristianismo

    apogeu sc. VI

    Catedral de Santa SophiaIstambul

  • A arte tornou-se uma serva de um estado mental que, em suas manifestaes extremas, condenou completamente o uso de imagens. A vida na terra era considerada uma mera preparao para a vida no Paraso. O corpo material era o receptculo do pecado e do sofrimento. Assim a arte visual, ao invs de proclamar a beleza e importncia da existncia fsica, usava o corpo como um smbolo visual do esprito; eliminando volume e profundidade, simplificando a cor, a postura, o gesto e a expresso, foi bem sucedida na desmaterializao do homem e do mundo. A simetria da composio representava a estabilidade da ordem hierrquica criada pela Igreja. Eliminando tudo que era acidental e efmero, a postura e os gestos elementares enfatizavam qualidades duradouras. E as configuraes simples e retas expressavam a disciplina estrita de uma f asctica (Arnheim, 2006, p. 136).

  • Mosaicos

  • Arte gtica (sc. XII XV)DUOMO, Itlia

  • Grgulas (escoadouros de gua, guardies das catedrais)Catedral de Notre Dame, Frana

  • Reims, Frana

  • Renascimento (fins sculo XIII meados sc. XVII)

    Leonardo Da VinciO Homem Vitruviano

    Vitruvioarquiteto romano sc. I a.C.

    antroprocentrismo matemtica Protgoras (sc. V a.C.):

    O homem a medida de todas as coisas

  • Giotto (1266-1337, italiano)

    identificao da figura dos santos como seres humanos de aparncia comum

    A LamentaoCapela Degli Strovegni

    Afresco

  • Andrea Mantegna (1431-1506, italiano)

    So Jernimo penitente no deserto

  • The Oculus

    Camera Degli Sposi1465

  • Michelangelo (1475-1564, italiano)

    PietBaslica de So Pedro1499

  • O juzo final

    Capela Sistina

  • Viso antiga plural X Viso perspectiva cone BizantinoGiotto Bruneleschi

  • Romantismo (sc. XVIII XIX)

    individualismo subjetivismo idealizao exacerbao sentimental natureza medievalismo

    Caspar David Friedrich(1774/7-1840, alemo)

    A rvore solitria

  • Realismo (final sc. XIX) descrio da realidade retrato fiel das personagens denncia das injustias

    Gustave Courbet (1819-1877, francs)

    Os cortadores de pedras II

  • Almeida Jnior(1850-1899, brasileiro)

    estudos em Paris, financiados por D. Pedro II pintor do nacional

  • Modernismo (primeira metade do sc. XX)

    moderno X ultrapassado crtica arte do perodo anterior manifestos abstrao

    Arnold Schnberg (1874-1951, austraco)

    Desenhos para os Stages

  • Futurismo

    modernizao velocidade

    Giacomo Balla(1871-1958, italiano)

    Street light

  • Dadasmo

    Cabaret Voltaire ready-made pessimismo irnico crtica guerra

    Tristan Tzara(1896-1963, romeno)

  • Arte Concreta

    arte universal elementos plsticos o quadro sigfinica a si mesmo

    Theo Van Doesburg(1883-1931, holands)

    Simultaneous counter-composition

  • Happening

    artes visuais artes cnicas

    Allan Kaprow(1927-2006, norte-americano)

    Street light

  • COMPLEMENTAO TERICA

  • A Representao I: da Era da Magia ao Realismo

    Heinrich Wlfflin: do Renascimento ao Barroco mesmo sistema de organizao e representao do espao cinco pares de conceitos:linear e pictricoplano e profundidadeforma fechada e forma abertapluralidade e unidadeclareza e obscuridade

  • RENASCIMENTO(fins do sc. XIII meados sc. XVII)Trecento, Quattrocento, Cinquetento

    inspirao nos gregos e romanoshumanismomatemtica perspectiva linearidade moderaoeconomia formalAusteridadeequilbrio harmoniaBARROCO prola imperfeita(incio sc. XVII meados sc. XVIII)

    maior dinamismocontrastes mais fortesmaior dramaticidadeexuberncia e realismo tendncia ao decorativotenso entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual

  • Linear e pictrico

    Busca apontar as diferenas entre a imagem ttil e a imagem visual. O que se expressa so duas formas de conceber a imagem por meio de linhas ou de massas. No primeiro caso, a linha no pode separar-se do corpo que a engendra e a contm. Ela o limite visual e fsico do objeto que visto e percebido a partir de seu contorno. No segundo caso, so as massas que, ao tirar a ateno dos contornos, constituem imagens em que a linha perde toda sua funo delimitadora. A sugesto sobrepe-se preciso (MENEZES, 1997, p. 23).

  • Drer (linear), 1471-1528, alemo

  • Rembrandt (pictrico)1606-1669, holands

  • Plano e profundidade

    A expresso clssica adota como princpio o encadeamento de formas em um mesmo plano e o encadeamento de planos sucessivos. Cada plano autnomo em relao aos outros e pode ser lido como tal. No barroco, a leitura por planos impossvel, pois a imagem dissolve tal separao forando uma leitura em diagonal na tela, em direo ao fundo do espao representado (MENEZES, 1997, p. 23).

  • Representao plana

    Quentin Massys1466-1530Pases Baixos

  • Representao em profundidadeBrueghel (1525/1530-1569, Flandres)

  • Camadas horizontais

    Rafael 1483-1520italiano

  • Relaes entre os elementos

    Projeo do espectador para o fundo do quadro

    Rubens 1577-1640Pases Baixos

  • Forma fechada e forma aberta

    A forma fechada resolve a significao da imagem em si mesma, de maneira completa. Ser forma aberta quando as partes se extrapolarem, no permitindo delimitaes. A forma fechada impe tambm uma certa simetria que a forma aberta far desfalecer (MENEZES, 1997, p. 23).

  • Estrutura rgida

    Imutabilidade

    Van Orley 1487/1491-1541Bruxelas

  • Diagonal

    Guido Reni1575-1642italiano

  • Pluralidade e unidade

    Expressa duas concepes diferentes de conformao visual. Na primeira, o objeto tomado em seus detalhes e, na segunda, em seu conjunto. No classicismo, cada forma autnoma em si e seu recorte perfeitamente identificvel. No barroco, a imagem s existe pela contraposio de vrias outras imagens, que s passam a ter significado a partir de sua reunio em um mesmo campo visual. Um sistema de formas articuladas contrape-se a um sistema de movimentos ininterruptos entre as partes que o compem (MENEZES, 1997, p. 23).

  • Sistema articulado de formas

    Funo autnoma s partes

    Van Eyck1390-1441Pases Baixos

  • AdoAnjos cantoresVirgem MariaDeus entronadoJooAnjos tocandoEva JuzesSoldados de CristoAdorao do CordeiroEremitas Peregrinos enviados por So Cristvo

  • Fluxo

    Motivo geral dominante

    Figuras em uma massa homognea

    Rubens

  • Rubens

  • Clareza e obscuridade

    Na arte clssica, a ideia de beleza est associada forma que se desenvolve em sua totalidade. No barroco, a imagem no mais coincidir como contraposio de pedaos aparentemente disformes entre si (MENEZES, 1997, p. 23-4).Enquanto a arte clssica coloca todos os meios de representao a servio da nitidez formal, o Barroco evita sistematicamente suscitar a impresso de que o quadro tenha sido composto para ser visto e de que possa ser totalmente apreendido pela viso (WLFFLIN, 2006, p. 270).

  • Ser visvel em todos os seus detalhes

    Desenho

    Michelangelo1475-1654italiano

  • Ticiano (1473/1490-1576, italiano)

  • Velasquez (1599-1660, espanhol)detalhes que podem ser adivinhados

  • Peter de Hooch (1629-1684, Pases Baixos

  • Rembrandt

  • Bibliografia:ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepo visual: uma psicologia da viso criadora. So Paulo: Thomson Learning, 2006.HAUSER, Arnold. Histria social da arte e da literatura. 3a. tirag. So Paulo: Martins Fontes, 2000. (Paidia).MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma histria de amor e dio. So Paulo: Companhia das Letras, 2001.MENEZES, Paulo. A trama das imagens: manifestos e pinturas do comeo do sculo XX. So Paulo: EDUSP, 1997. (Texto e Arte; 14).SERRES, Michel. Os cinco sentidos: filosofia dos corpos misturados 1. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.WLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da Histria da Arte. 4. ed. 2. tirag. So Paulo: Martins Fontes, 2006. (Coleo a).