1. IDENTIFICAÇÃO E LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES 1.1 … · 2018-08-05 · mudanças...
Transcript of 1. IDENTIFICAÇÃO E LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES 1.1 … · 2018-08-05 · mudanças...
3
1. IDENTIFICAÇÃO E LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES
1.1 Propósito
O objetivo deste projeto planejamento ambiental é a promoção da qualidade de vida dos
internos do Abrigo Dom Pedro II, localizado na cidade de Salvador-BA.
1.2 Informações gerais sobre o tema
O Abrigo Dom Pedro II tem 124 anos e, segundo os dados cedidos pela coordenadora
Nadja Neri em Outubro de 2011, é o único abrigo público da Bahia, e acolhe atualmente,
72 idosos, de 60 a 108 anos.
O prédio foi construído no início do século XIX, em estilo neoclássico. A instituição é a
única pública em Salvador que acolhe idosos com mais de 60 anos em situação de risco
pessoal ou social. A renda disponibilizada não é suficiente para arcar com as despesas e
os “internos” e colaboradores dependem de ajuda da iniciativa privada e de doações de
materiais pelo CETAD.
Os profissionais lá dispostos chegaram por meio de concursos, contratação por terceiros
ou como voluntários, e estão divididos nas categorias de: Gerência Administrativa,
Serviço Social, Nutrição, Enfermagem e Terapia Ocupacional.
O abrigo dispõe de ampla área verde, com jardim na entrada. É dividido por alas e prédios,
onde há uma igreja no centro, que separa o dormitório masculino (espaço reservado em
uma sala) e feminino (dispostos em três salas). Há também um grande salão para festas e
confraternizações. Parte dos idosos faz suas refeições em conjunto, onde estão
disponíveis dois refeitórios. Porém, alguns se encontram impossibilitados de sair de seus
quartos, portanto, é neles que fazem as refeições. O horário para as refeições é pré-
estabelecido e fixo, mas certos idosos retardam o início das mesmas.
Entre as atividades oferecidas pela instituição, encontram-se: Terapia ocupacional e
consultas médicas (turno matutino); Visitas (turno vespertino); jogos, descanso ou
alguma programação especial (após as 18 horas). Há atividades realizadas eventualmente
com base na vinda de algum voluntário, como aulas de dança, coral, entre outras; também,
festas realizadas em datas festivas.
4
Jogos como bingo, baralho e dominó e jogos para memória são realizados pela terapeuta
ocupacional pelas manhãs. Quase toda sexta ocorre um bingo. Tal momento foi descrito
pela coordenadora como sendo de alta adesão por parte dos idosos, causando
aglomeração.
Um Bazar é realizado a fim de levantar fundos com base em doações, principalmente de
roupas.
1.3 Revisão de literatura
1.3.1. Processo de envelhecimento
A terceira idade é classificada como uma etapa no desenvolvimento do indivíduo. Esse
período se apresenta como um momento de grandes transformações físicas e cognitivas.
Assim, muitas vezes é impossível datar um período determinado para que esse processo
se inicie, já que perpassa todos os níveis – biológico, psicológico e social- do indivíduo
e, portanto, cada uma deles está ligada à singularidade de cada um (FONTAINE, 2000).
O fato é que o envelhecimento é um processo que depende da inter-relação entre esse três
níveis e são eles que pré-determinarão os sintomas característicos da velhice, tais como o
agravamento de certas doenças e o declínio de algumas funções cognitivas.
Para alguns autores, como Moreira, Torres e Barros (2004) não há como afirmar que haja
um declínio da habilidade intelectual com o envelhecimento. Aspectos como fadiga
mental, desinteresse, diminuição da atenção e concentração geralmente estão associados
ao declínio intelectual e estes não estão associados à terceira idade.
O que ocorre, para estes autores, é que há um desempenho menos satisfatório a nível
psicomotor, como em testes de rapidez, agilidade mental e coordenação motora. No que
tange à cognição, os idosos têm assimilação de informações mais lenta e
comprometimento da memória visual e auditiva. A motivação para aprender também
declina devido aos problemas de saúde e aprendizagens prévias.
Segundo Papalia (2000), os idosos passam por mudanças físicas, orgânicas e sistêmicas.
Há também mudanças cerebrais, as quais marcam um período de decadência de algumas
funções sensoriais como passar do tempo, como problemas visuais e auditivos. As
mudanças fisiológicas na terceira idade são altamente variáveis; muitos dos declínios
comumente associados ao envelhecimento podem, na verdade, ser efeitos de doença em
5
vez de causas (WILLIAMS, 19921 apud PAPALIA, 2000). Entre as mudanças mais graves
estão aquelas que acometem o coração. Seu ritmo tende a tornar-se mais lento e irregular,
depósitos de gordura acumulam-se a seu redor, podendo interferir em seu funcionamento,
e a pressão arterial costuma aumentar.
Assim, o processo de envelhecimento pode se apresentar de diversas maneiras para cada
indivíduo, a depender do contexto sócio-cultural, dos fatores biológicos e psicológicos.
1.3.2. Estatísticas
Para a OMS a terceira idade tem início aos 60 anos de idade. O Brasil possui atualmente
17,9 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, representando uma
proporção de 10% da população brasileira, de acordo com dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE2 apud BARROS JÚNIOR, 2009). Estudos da
Organização das Nações Unidas (ONU) demonstram que a população estimada do país
para o ano de 2025 será de 220 milhões de habitantes, com uma população idosa de 30
milhões de pessoas, devido à transição demográfica, colocando o Brasil na sexta posição
de país mais velho do mundo (BARROS JÚNIOR, 2009).
Esses dados nos mostram um aumento na longevidade e uma queda nas taxas de
mortalidade da população brasileira; uma realidade bem distante das últimas décadas do
século passado, em que a população idosa era minoria e o Brasil representava um país
jovem. Atualmente, com o crescimento na taxa de envelhecimento, o país é obrigado a
dar mais ênfase a esta nova população, com a criação de políticas públicas voltadas ao
idoso, que promovam a saúde e a qualidade de vida destes.
O Estatuto do Idoso (Lei 10.741) foi criado com esse intuito, atender as demandas dessa
população que por muitos anos foi deixada à margem pelo governo. Esse Estatuto,
sancionado no ano de 2003, tem como objetivo promover a inclusão social e garantir os
direitos desses cidadãos, que incluem pontos como saúde, transportes coletivos, violência
e abandono, lazer, cultura, esporte e as entidades de atendimento ao idoso.
1.3.3. Institucionalização
1 1 Williams, T. E (1992). Aging versus disease: Which changes seen with age are the result of
"biological aging"? Generations, 16(4), 21-25. 2 5 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Acesso e utilização de
serviços de saúde. Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD), 1998. Rio de Janeiro: IBGE,
2000. 96 p.
6
Os idosos são inseridos em casas de abrigo ou asilos por diversos motivos, muitos deles
por escolha de seus familiares, por questões como dificuldades financeiras, ou por
abandono (Prado e Petrilli 20023 apud FREITAS, 2006).
De acordo com o Estatuto do Idoso (Ministério da Saúde, 2003) é dever da família, da
sociedade e do Estado garantir o direito do idoso, no que se refere à saúde, à segurança,
ao bem-estar e o direito à vida. Assim, ao que tange os processos de institucionalização
do idoso, o Estatuto assegura todos os direitos reservados ao mesmo.
Assim, é permitido o funcionamento de asilos, aqueles que forem inscritos ao órgão
competente de vigilância sanitária e, qualquer descumprimento, evidencia-se a sujeição
de penas por parte destas instituições asilares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).
A institucionalização, na maioria das vezes, é sempre um momento difícil, no qual o idoso
precisa se desvincular dos laços familiares e sociais, feitos durante toda sua vida muitas
vezes com um sentimento de abandono e, portanto, elaborar esse luto frente a algumas
perdas. Assim, muitos idosos quando são internados desenvolvem algumas doenças,
como a depressão, precisando de atenção e cuidado especiais.
Assim, é necessário que a instituição asilar esteja preparada frente às todas as questões
relacionadas ao idoso internado. Assegurando, desde o bem-estar físico e mental, ao lazer
e à reinserção destes no meio social. Os profissionais das instituições como os
enfermeiros, psicólogos, assistentes social, entre outros são aqueles que podem dar o
auxílio direto aos idosos através de ação que visam o cuidado e o interesse com o sua
qualidade de vida e bem-estar.
Atualmente, a maioria dos asilados está internada em asilos públicos, no Brasil, e não há
um número suficiente de profissionais qualificados para a prestação dos serviços, a dieta
às vezes não é administrada de forma correta, não há espaços para pátios ou jardins para
o lazer dos internos, devido, muitas vezes, à falta de incentivo financeiro.
1.3.4. Qualidade de vida
O termo qualidade de vida teve origem na Medicina e direcionava-se ao estudo dos
recém-nascidos. Com o avanço da Medicina, o conceito foi ampliado e começou a
3 PRADO Telles, F.C.P.; PETRILLI, J F. Causas da inserção de idosos em uma instituição asilar. Escola
Anna Nery – Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v.6, n. 1, p.135-143, 2002.
7
abranger os adultos e idosos também, na qual, se expandiu para outras áreas, como a
Psicologia. Atualmente, muitos estudos relacionados à qualidade de vida dos idosos estão
sendo realizados hoje no campo da Psicologia (ANITA NERI, 200).
Com o avanço do envelhecimento populacional nas últimas décadas, principalmente no
Brasil, essa temática tem sido evidenciada em diversos estudos. À priori, a definição de
qualidade de vida, que por muito tempo foi discutida, atualmente tem sua definição mais
aceita relacionada a uma junção de fatores que influenciam o processo de envelhecimento
e que tá ligada à qualidade de vida.
Segundo Vecchia (2005), o conceito de qualidade de vida está relacionado à auto-estima
e ao bem-estar pessoal, e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o
nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o
auto-cuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e
a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias
e o ambiente em que se vive.
Assim, uma boa qualidade de vida é definida pela interação entre todos esses fatores
supracitados e ao grau de comprometimento da sociedade com o bem-estar dos seus
idosos. É de suma importância o papel da sociedade como transmissora de valores ao que
se refere ao significado da velhice de cada indivíduo para tal comunidade. O olhar sobre
o outro, os valores atribuídos e as relações interpessoais são fatores que influencia na boa
qualidade de vida também (ANITA NERI, 200).
Ainda segundo Anita Neri (200), algumas pesquisas realizadas ao longo dos anos
indicaram que para muitos idosos a boa qualidade de vida está relacionada à satisfação,
dependendo da capacidade do indivíduo manter-se ativo e engajado socialmente. E, ainda
atualmente, está é a posição mais aceita. Satisfação está relacionada à pró-atividade,
dinamismo e a um apurado senso de significado da vida.
Nas diversas áreas de conhecimento, como na Medicina e na Psicologia a noção de boa
qualidade de vida são conceitos distintos. Na Medicina, por exemplo, a boa qualidade de
vida está relacionada à longevidade, a saúde física e mental que garantem uma velhice
saudável e “normal”. Na Psicologia, o termo está ligado a uma série de fatores citados
pela autora: senso de realização, satisfação, grau de envolvimento, às motivações, à
percepção externa sobre a velhice e à competência social e cognitiva.
8
Assim, de acordo com a conceituação da autora Anita Neri (200), acreditamos que para
um bom sucesso da qualidade de vida dos idosos alguns fatores devem estar dispostos à
eles de maneira que lhes sejam acessíveis e possam contribuir para um velhice “bem-
sucedida”, tais como a Competência comportamental, que é um indicador de avaliação
do funcionamento da saúde, da funcionalidade física, da cognição; a Qualidade de vida
percebida, que seria a auto-percepção ou o auto-conhecimento que o idoso faz de si
mesmo; as Condições contextuais, ligadas às condições ambientes que são necessárias
para a boa qualidade de vida; e por fim, o bem-estar psicológico, relacionado à avaliação
pessoal sobre todas as outras áreas e sobre o seu próprio bem-estar. Portanto, partimos
destes indicadores para a realização do nosso projeto de intervenção com os idosos do
Abrigo D. Pedro II.
1.4 Objetivos comportamentais úteis
Objetivo geral:
Ao final desta intervenção os idosos do Abrigo D. Pedro II estarão aptos à participar com
envolvimento das atividades que visam promover sua qualidade de vida.
Objetivos específicos:
Ao final da intervenção os pacientes devem estar aptos à:
• Identificar e descrever suas limitações e potencialidades motoras e cognitivas;
• Estar apto para agir assertivamente com seus pares;
• Estar apto a aderir a uma carga horária mínima de atividades propostas que
promovam qualidade de vida;
• Estar apto a compreender conceitualmente acerca da qualidade de vida e fazer
uma avaliação do trabalho proposto.
1.5 . Visão sobre o tema (prognose)
A viabilidade deste programa de intervenção mostra-se possível na medida em que,
não sai da realidade socioeconômica da instituição, de forma que, os investimentos
serão de acordo com o padrão já existente da mesma. Os técnicos do abrigo farão
parte do plano de ação, bem como os materiais já presentes na instituição, otimizando
assim todo o trabalho.
9
As atividades que promovem gastos incomuns ao que o abrigo tem condições de
investir serão realizadas a partir de um suporte financeiro extra, também elaborado
pelo plano de ação do programa. E assim, torna-se viável o trabalho proposto de
intervenção promovendo qualidade de vida para idosos de um abrigo público da
cidade de salvador.
1.5.1. Análise de viabilidade
DISCRIMINAÇÃO DA DESPESA
VALORES
ESTIMADOS
Jogos para a gincana
R$65,00
Cartões de fidelidade
R$250,00
Material para Artesanato
R$300,00
Mesas redondas
R$700,00
Material para Horta (Sementes, Regadores, Pás, Adubo,
mangueira)
R$277,00
TOTAL R$1.592,00
Discriminação detalhada das despesas:
JOGOS PARA A GINCANA:
2 Xadrez (R$ 12,50 cada) = R$ 25,00
2 Dama (R$ 12,50 cada)= R$ 25,00
2 Dominós (R$ 7,50 cada)= R$ 15,00
TOTAL : R$ 65,00
10
MATERIAIS PARA HORTA:
Terra – 30 sacos (R$ 6,50 cada) = R$ 195,00
Humos de minhoca – 2 sacos (R$ 6,00) = R$ 12,00
24 tipos de sementes (R$ 2,00 cada) = R$ 48,00
2 Pás (R$ 3,50 cada)= R$ 7,00
2 regadores (7,50 cada)=15,00
TOTAL: R$ 277,00
MESAS:
20 mesas Mesa redonda (R$ 35,00 cada) = R$ 700,00
TOTAL : R$ 700,00
CARTÃO FIDELIDADE:
2 Pacotes com 50 cartões (R$ 15,00 cada)= R$ 30,00
200 cartelas com 50 estrelas – ( 1 real cada) = 200,00
TOTAL : R$ 250,00
2. ANÁLISE DA SITUAÇÃO
2.1. Determinação da seqüência de análise
2.1.1. Método de análise
O primeiro contato com a instituição foi feito através de um telefonema com a responsável
pelo serviço social do abrigo. A autorização e agendamento de visitas institucionais
dependem da avaliação da assistente social responsável por esse setor. Para isso, entramos
em acordo de enviar por e-mail uma cópia do ofício, constando os objetivos da visita.
O contato na instituição foi realizado diretamente com a coordenadora geral do abrigo,
que a apresentou, e falou sobre a dinâmica da mesma, através de uma entrevista semi-
11
estruturada. Além disto, para a coleta de dados, utilizou-se também de observação do
ambiente.
A análise dos dados coletados foi realizada depois da transcrição da gravação da
entrevista, sendo feita a análise do conteúdo posteriormente, na qual estão presentes
aspectos da história do abrigo, a estrutura física, os tipos de serviço que oferece, as
atividades que são realizadas bem como as demandas da instituição.
1.1.1 Resultados
O Abrigo Dom Pedro II é a única instituição pública de Salvador que acolhe idosos com
mais de 60 anos em situação de risco pessoal ou social. Sua história data da segunda
metade do século XIX, mas precisamente desde 1887. Situado na Av. Luis Tarquínio, nº
18, Largo de Rom, Calçada. O prédio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico (Iphan) e o abrigo é mantido pela Prefeitura de Salvador através da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social (SEDES).
Os setores responsáveis pela administração, manutenção e serviços destinados aos idosos
são: a Gerência Administrativa, o Serviço Social, Nutrição, Enfermagem, Terapia
Ocupacional e o auxílio das obras de caridade das irmãs Vicentinas. Atualmente presta
serviços a 72 idosos de 60 a 108 anos.
Por se tratar de uma unidade pública os profissionais do abrigo foram admitidos através
de concursos, ou contratados por terceiros ou ainda voluntários.
Os recursos públicos são insuficientes para suprir as despesas, portanto a instituição
realiza bazares para levantar fundos através da doação de materiais de uso pessoal,
principalmente de roupas, além de se manter majoritariamente da ajuda da iniciativa
privada e de doações de materiais pelo CETAD.
O abrigo está em condições de passar por reformas e, atualmente, sua estrutura física,
apresenta quatro alas, nas quais três alas são femininas e apenas uma é masculina. Cada
ala possui uma sala com televisão, quartos separados por biombos, a fim de manter a
privacidade e individualidade do idoso. As alas também são compostas por banheiros e
cozinha, na qual o idoso pode vir a fazer seu próprio alimento além de um grande salão
para confraternizações e festas. Existe também a área do palacete, ao lado da capela Santa
Isabel e uma ampla área com jardim, terreno para cultivo, quiosques e a Praça do Lazer.
12
Existem dois refeitórios no abrigo, nos quais a maioria dos idosos faz as suas refeições,
porém, todas as mesas dos dois refeitórios são retangulares e distantes umas das outras, o
que pode comprometer a comunicação. Alguns não podem sair dos quartos então se
alimenta no seu biombo. Há um horário fixo para cada refeição, porém há muitos idosos
que retardam o início das refeições.
Foi informado que pela manhã realizam-se atividades de terapia ocupacional e consultas
médicas; à tarde são realizadas visitas de familiares e amigos; após as 18 horas são
realizados jogos, alguma programação específica marcado para o dia e descanso. São
realizadas festas em datas festivas e aniversários. Jogos como bingo, baralho, dominó e
jogos para memória são realizados pela terapeuta ocupacional pela manhã. Há atividades
que são realizadas eventualmente a depender da visita de algum voluntário, como aulas
de dança, coral, alongamento, dentre outras. Todo mês, alternando-se a sexta-feira, ocorre
um bingo que é o evento mais esperado e de maior aglomeração de idosos, o qual segundo
a coordenadora a adesão é alta.
Percebe-se que o abrigo sofre algumas carências por falta de recursos, tanto no ambiente
físico, como na falta de alguns profissionais, como psicólogo e educador físico. Assim
não ocorrem atividades físicas regulares, somente quando alguns voluntários se habilitam
para realizá-las. Sendo assim, de acordo com o que foi descrito sobre a instituição, foram
analisadas as principais demandas, com base no objetivo do planejamento, ou seja,
proporcionar competências que favoreçam adesão a atividades que visam à qualidade de
vida e bem estar e, a maior socialização entre os idosos. Dessa forma, foi formulado um
plano de ação que viabilize este planejamento.
3. ALVOS A ATINGIR
3.1. Plano de ações
3.1.1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
O trabalho a ser realizado no Asilo Dom Pedro II será apresentado aos internos pela
equipe de facilitadores, esclarecendo a proposta de intervenção e as atividades possíveis
de execução na instituição. Inicialmente será feito uma apresentação de toda a equipe que
13
promoverá o trabalho, bem como dos próprios internos e dos técnicos que trabalham na
instituição, podendo dessa forma, já promover uma socialização entre os participantes do
projeto.
As atividades serão apresentadas aos internos e à instituição com possibilidades de
mudanças, de acordo com a co-participação destes no trabalho e, deverão também ser
adequadas ao ambiente e a situação socioeconômica do local.
Será implementado um Sistema de Cartões Fidelidade, onde cada interno terá direito a
um cartão que ele poderá gerir durante todo o trabalho de intervenção.
As sugestões de alterações nas atividades serão analisadas em grupo, porém a equipe de
intervenção terá uma decisão final, de acordo com a viabilidade das mesmas.
3.1.2. IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE CARTÕES FIDELIDADE
O sistema de Cartões Fidelidade tem por finalidade estimular a participação dos internos
nas atividades propostas, reforçando arbitrariamente o comportamento de socialização e
os demais objetivos que este programa se propõe. Através de uma contabilização das
atividades que serão realizadas pelos idosos, pode-se determinar uma quantidade de
pontos, que poderão ser trocados por recompensas, as quais serão de uso e interesse
pessoal dos idosos.
O Cartão Fidelidade será compacto de material plástico para que seja viável a entrega dos
mesmos a cada um dos internos. Nele haverá a ilustração de cada dia do mês, semelhante
a um calendário. Cada dia, no asilo, os idosos levarão para suas atividades este cartão e
receberão uma quantidade de pontos relacionados a cada atividade que participou no dia.
Esses pontos serão expressos por um adesivo em formato de uma estrelinha. E cada
atividade promoverá um número máximo de estrelas. Ao final de cada semana essas
estrelinhas serão contabilizadas e podem ser trocadas por produtos que farão parte do
programa do cartão Fidelidade. Não necessariamente, o idoso terá uma data de troca, ele
pode guardar e acumulá-las para optar por produtos que são mais caros em números de
estrelinhas.
A renda para adquirir tais produtos será arrecadada a partir de doações, por um bazar
promovido pela instituição e também por uma feirinha cultural realizada mensalmente
pela instituição.
Produtos disponíveis pelo programa de Cartão Fidelidade
14
Produto Custo (em estrelinhas)
Higiente pessoal (sabonete, shampoo,
condicionador, desodorante, etc)
8 estrelinhas
Jogos (Baralho, dominó, dama, etc) 12 estrelinhas
Conjunto de Costura (agulhas e tecidos) 15 estrelinhas
Revistas e livros 10 estrelinhas
Calçados 20 estrelinhas
Cds de música 15 estrelinhas
Vale refeição de uma comida
diferenciada, dentro do asilo
20 estrelinhas
Almoço ou jantar fora em um restaurante
fora do asilo
25 estrelinhas
Passeio externo (cinema, Teatro, shows) 30 estrelinhas
3.1.3. ESTRATÉGIAS
Objetivo 1: Identificar e Descrever suas limitações e potencialidade motoras e
cognitivas.
Estratégia 1.1: Gincana
A gincana será promovida e organizada pela equipe e nela conterá a realização de provas
adequadas e adaptadas para o público da terceira idade. Serão formados 6 grupos com
quantidade igual de participantes que decidirão internamente quem realizará cada prova.
As provas serão as seguintes:
- Escolher nome e grito de guerra para equipe
- Corrida de 100 metros
- Concurso de Dança de salão
- Campeonato de Xadrez, dominó e Dama
- Campeonato de jogos cognitivos (já utilizados pela terapeuta ocupacional)
15
- Concurso de culinária – confecção de receitas em um tempo determinado e elaboração
de um prato com ingredientes que a equipe disponibilizará para a atividade.
Regras: As duas equipes que se saírem melhor receberão um número alto de estrelas
(Cinco estrelas para cada componente).
Qualquer idoso que participar já estará ganhando 2 estrelinhas
Local/data: No Salão de festa, um sábado e um domingo pela manhã.
Objetivo da estratégia: Permitir a percepção das próprias limitações físicas e cognitivas
ou de habilidades a partir da execução de tarefas simples.
Estratégia 1.2: Comunicação dos resultados
Será encorajada a comunicação oral dos participantes a cerca das dificuldades e desafios
que tiveram na execução das tarefas para a gincana. A comunicação escrita também
poderá ser requisitada para quem quiser escrever numa folha de papel A4.
Regras: Cada participante que descrever suas potencialidades ou desafios receberá uma
estrela
Local e data: Logo após a gincana, no Salão de festas.
Objetivo da estratégia: Promover a comunicação de feedback de como se sentiram na
realização das provas e quais as dificuldades que tiveram, para que identifiquem itens da
qualidade de vida que desejam trabalhar no futuro.
Objetivo 2: Estar apto para agir assertivamente com seus pares
Estratégia 2.1: Modificação do espaço Físico
Será proposto para a coordenação do Abrigo a modificação de alguns aspectos do espaço
físico do local. Os dormitórios são pequenos e as camas ficam separadas por cortinas. A
única modificação feita será a colocação de uma mesa de plástico próximo a porta, já que
ficou evidenciado que os idosos não têm um espaço para interagirem em seus próprios
dormitórios e, se permanecem em suas camas, não obtém nenhum contato visual entre
eles.
16
O Abrigo tem uma área verde enorme na entrada e prédios distantes, o que dificulta a
locomoção dos idosos. Os refeitórios são distantes dos dormitórios e não há passagem de
corredor, já que são duas salas com entrada voltadas para fora. Será sugerido a mudança
do local de refeições dessas salas para o salão de festas, onde geralmente ocorre as festas.
Este salão tem quatro vezes o tamanho das salas e a refeição sendo feita neste local
reuniria todos os idosos descamados numa mesma ala (ao contrário das salas, que dividem
a população em dois grupos).
Este salão funcionaria então como refeitório e as mesas, que atualmente são retangulares
e colocadas distantes uma das outras, deverão ser trocadas por mesas redondas para cinco
pessoas e colocadas mais aproximadamente. As mesas antigas poderão ser vendidas para
se tentar levantar fundos para o Abrigo no Bazar que fazem mensalmente.
Objetivo da estratégia: Promover maior interação e aglomeração de pessoas num mesmo
espaço de tempo e local. Como a maior aglomeração ocorre nos momentos de refeição, o
ideal é que o máximo de idosos esteja junto no Salão.
Local: Dormitórios e Refeitórios
Estratégia 2.2: Modificação no cardápio
Haverá uma pequena modificação no cardápio para o almoço. Duas opções de sobremesas
serão oferecidas para os idosos que chegarem no horário certo
Regras: Só poderão receber as sobremesas quem não tiver restrições rígidas quanto à
alimentação, como doces e produtos com lactose.
Determinar um horário fixo de início para cada refeição
Objetivo da estratégia: Promover o aumento na freqüência de encontro/socialização entre
os idosos
Estratégia 2.3: Assembléia
Visando a interação entre o grupo e a equipe, e o planejamento acerca das limitações e
possibilidades dos idosos, o programa de intervenção propõe uma assembléia quinzenal
com os internos, os facilitadores e os técnicos da instituição. O grupo elegerá seus
representantes e discutirão em pé de igualdade as questões a serem trabalhadas.
17
Esta assembléia irá permitir que os internos opinem sobre as atividades e proponham
novas que juntamente com grupo e a equipe, possam estar de acordo com as
possibilidades da instituição e da equipe de intervenção. Poderão falar a respeito de suas
limitações e justificar a ausência em determinadas atividades e, assim, também podem
criar novas propostas de acordo com tais limitações.
A assembléia também permitirá que outros assuntos, que aborde a questão da
ambientalização do asilo e a sua organização possam ser discutidos entre todos.
Regras: Qualquer um pode participar das assembléias. Para os descamados serão
disponibilizados representantes dentre os idosos para pegar o depoimento e sugestões
deles previamente.
Os idosos que comparecerem a assembléia ganharão duas estrelinhas
Aqueles que opinarem em público receberão mais duas estrelinhas.
Objetivo da estratégia: Assim, acredita-se que o comportamento da socialização seja
aumentado a partir do reforço arbitrário do uso de estrelinhas previstas pelo programa de
Cartão Fidelidade e, conseqüentemente seja um comportamento realizado por reforço
natural. Além disto, o envolvimento com algum evento de cunho político e democrático
é encorajado e possibilita que eles façam parte do processo de tomada de decisões.
Local e Data: Salão de festas, quinzenalmente.
Objetivo 3: Estar apto a aderir a uma carga horária mínima de atividades propostas que
promovam qualidade de vida
Estratégia 3.1: Oficinas
Serão propostas oficinas supervisionadas pelos técnicos, porém geridas pelos próprios
idosos. Os temas e quem irá coordenar estas oficinas serão discutidos em assembléia e se
fará um levantamento das possibilidades a partir das habilidades que cada voluntário tiver
e quiser compartilhar. Logo após será feita uma eleição para que os cinco temas mais
votados sejam escolhidos. As cinco oficinas serão realizadas uma vez por semana e a
participação será consequenciada pela entrega de estrelinhas no Cartão Fidelidade.
Regras: Qualquer um poderá fazer as oficinas, quantas quiser
18
A mesma da assembléia em relação à presença e opinião emitida
Para cada presença nas oficinas no horário previsto, o sistema de cartão fidelidade fornece
duas estrelinhas.
Objetivo da estratégia: Promover encontro entre pessoas que tenham um mesmo interesse
e reforçar comportamentos de socialização, comunicação e responsabilidade entre os
pares.
Local e programação: de 16h as 18h, uma vez por semana, com local a ser definido.
Obs: Os produtos confeccionados nas Oficinas realizadas (sugestões: Artesanato, Pintura
e Costura) que podem ser de uso pessoal, como: sabonetes, velas, chaveiros, etc; assim
como, acessórios femininos como brincos, pulseiras, colares etc. podem ser vendidos na
feirinha/bazar que ocorre ao final de cada mês, como já é de costume, para acumular
rendas para a o própria instituição e para o programa de Cartões Fidelidade.
Estratégia 3.2: Horta
Será proposta a realização de uma Horta na instituição. Esta deverá ser mantida pelos que
se interessarem, sendo que, a participação destes equivalerá estrelinhas, conforme consta
no sistema do cartão fidelidade. Os produtos colhidos através do cultivo da horta serão
revertidos para o consumo de todos da instituição.
Um determinado número de internos poderá utilizar o espaço da horta concomitantemente
devendo o manuseio ser alternado entre eles. Serão disponibilizados os materiais e
ferramentas necessários para o cultivo, sendo que, os internos deverão compartilhá-los,
pois, será uma quantidade limitada.
Os comportamentos necessários para realização da atividade da horta formam envolvem
a colaboração de todos nos processos de preparação da terra, escavação, plantação,
cuidado e colheita, tendo em vista que haverá um rodízio e cada um se responsabilizará
por dar continuidade ao trabalho dos demais para que se atinja um produto final em
comum. Assim, favorecem os comportamentos pró-sociais referidos, além de aumentar a
participação social no âmbito laboral.
As fichas adquiridas funcionariam como um reforço positivo arbitrário e a aquisição dos
produtos para uso comum funcionaria como reforço positivo natural.
19
Regras: A participação dos idosos na Horta fornecerá para cada um deles quatro
estrelinhas
O trabalho e o cultivo da Horta deverão acontecer no formato de rodízio entre os idosos,
de modo que, os grupos que se interessarem tenham um dia e um horário determinado
para tal.
Os produtos colhidos através do cultivo da horta serão revertidos para o consumo de todos
da instituição.
Objetivo da estratégia: Propiciar comportamentos que induzam uma maior interação e
socialização dos idosos, além de reforçar comportamentos de comunicação e
responsabilidade entre os pares e promover uma alimentação melhor balanceada em
legumes, frutas e verduras.
Estratégia 3.3: Atividades Físicas
Promoção de atividades físicas através de técnicas de relaxamento, alongamento,
caminhadas e exercícios funcionais (específicos para idosos).
Regras: Os idosos que tiverem condições de fazer as atividades poderão realizá-las.
Os idosos que participarem receberão uma estrelinha por cada dia
Objetivo da estratégia: Promover condicionamento físico e melhoria na saúde física e
psicológica, já que a prática de atividades físicas é ponto crucial para um programa de
Qualidade de Vida.
Datas: Segundas, Quartas e Sextas pela manhã, das 07h às 08h.
Objetivo 4: Estar apto a compreender conceitualmente acerca da qualidade de vida e
fazer uma avaliação do trabalho proposto.
Estratégia 4.1: Ministração de palestra sobre qualidade de vida
Uma Palestra será ministrada para os idosos após o trabalho de intervenção para explicar
conceitualmente o que é qualidade de vida e quais os comportamentos que a promovem,
bem como da importância de se trabalhar tais comportamentos para a saúde
20
Biopsicossocial. Terá duração de 2 horas e será ministrada pela equipe realizadora da
intervenção.
Regras: A participação na palestra implica no ganho de três estrelinhas
Objetivo da estratégia: Ensinar uma conceituação sobre qualidade de vida e a importância
de adquirir comportamentos de auto-monitoramento da própria saúde para benefícios
próprios a curto e longo prazo.
Local: Salão de festas, horário a confirmar.
Estratégia 4.2: Comunicação dos resultados da Intervenção
Em assembléia, será aberto um momento para que os idosos opinem sobre sua
compreensão do que é Qualidade de Vida e façam feedback do trabalho de intervenção
realizado bem como possíveis sugestões e alterações neste.
Regras: A mesma da assembléia em relação à presença e opinião emitida
Objetivo da estratégia: Obter dos idosos o feedback do trabalho realizado, a compreensão
do que cada um deles teve de Qualidade de vida e reforçar a discussão sobre Qualidade
de vida em assembléias futuras.
3.2. Sistema de monitoramento
Ao final de cada assembléia, proposta na estratégia 1.1.5 os internos e os técnicos da
instituição deverão responder a uma avaliação escrita que será entregue individualmente,
na qual, poderão expressar suas opiniões acerca das atividades desenvolvidas, assim
como, propor sugestões e fazer reclamações. Será realizado também, uma eleição, onde,
através desta os internos deverão escolher líderes que irão observar os demais na execução
das atividades, portanto, devem estar atentos a qualquer reclamação ou manifestação
advinda dos participantes e a qualquer problema que venha a surgir durante a execução
da mesma, devendo este, comunicar aos facilitadores, pois, o que for observado pelos
líderes será utilizado como um outro meio de avaliação. Ao final de cada atividade haverá
o momento do feedback, no qual, serão discutidos vários aspectos da atividade realizada,
ou seja, os internos poderão falar sobre como se sentiram durante o desempenho da
mesma, suas opiniões sobre o que foi feito e os facilitadores através do feedback
analisarão se os objetivos pretendidos foram alcançados com êxito.
21
REFERÊNCIAS
BARROS JÚNIOR, JUAREZ CORREIA. Empreendedorismo, Trabalho e Qualidade
de Vida na Terceira Idade. Ed.: 01. São Paulo: Edicom, 2009. v. 01, p. 97-110.
BRASIL.Ministério da Saúde. Estatuto do idoso. Redação final do projeto de Lei da
Câmara nº 57, de 2003 (nº 3.561, de1997, na Casa de origem).
FONTAINE, ROGER. Psicologia do Envelhecimento. Lisboa: Climepsi, 2000
22
MOREIRA, C.R.S.; TORRES, M.S.R; BARROS, J.L. Diagnóstico de saúde
evidenciado na clientela asilar de uma instituição pública de Vassouras. Universidade
Severino Sombra. Curso de Enfermagem. 2004.
Neri, A. L.. Qualidade de vida na velhice. 1997. Em: M. Delitti (Ed.), Sobre
comportamento e cognição. A prática da análise do comportamento e da terapia
cognitivo-comportamental (pp. 34-40). Campinas, SP: Arbytes.
PAPALIA, D. E. ; OLDS, S. W. Desenvolvimento Humano. Ed.: 07. Porto Alegre:
Artmed, 2000. V. 24, p. 532-543.
VECCHIA, ROBERTO DALLA ET AL. Qualidade de vida na terceira idade: um
conceito subjetivo. São Paulo. V. 8, n. 3, Set. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
790X2005000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: Outubro 2011.
ANEXOS
Anexo 1: Pavimento Térreo
23
Anexo 2: Pavimento Inferior: