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ANO, 57 . NÚM:ERO 677 .JANEIRO DfE 1199Q- - - - - -- -- - ---

AWHITE MARTINSDEUM pOW

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A OUTRO.A White Martins é lider absoluta

no mercado brasileiro de gasesindustriais. Presenteem todos os

pólos petroquímicos, alcoolquímicos ecloroquímicos instaladosno território nacional. Sempre

pesquisando e introduzindo

modernas tecnologias. Sempregarantindo elevados níveis derendimento e de segurança no

seu processo de produção. Sem

pre contribuindo para o desenvolvimento da nossaindústria.

De um pólo a outro.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

PÁG.4

ANO 57 NÚMERO 677

JANEIRO DE 1990

NESTA EDiÇÃOEDITORIAL 2PERSONALIDADE: Armando Guedes Coelho ... 4GASES INDUSTRIAIS 11PSA PARA OBTENÇÃO DE OXIGÊNIO E MEM-BRANA PARA PRODUÇÃO DE NITROGÊNIO ... 16111ENCONTRO BRASilEIRO SOBRE ENSINODA ENGENHARIA QUíMICA 19ALIMENTOS: A QUESTÃO DOS ADITIVOS 26PLANTAS CONTRA PICADAS DE COBRAS 27SEMINÁRIO BRASilEIRO DE CATÁLlSE 30SEÇÕES: UTILIDADE , 28

MICRODOSAGEM " 29AGENDA , 31NOTíCIAS DA INDÚSTRIA 32

COLUNAS: CURSOSPor Bruno Linares 29LIVROSPor Álvaro Chrispino ." 30

FOTO DA CAPA: Jônio MachadoMONTAGEM DA CAPA: Francisco Kadlec

Esta edição foi parcialmente financiada pelaFundação de Amparo à Pesquisa do Estadodo Rio de Janeiro.

PÁG. 14 ~

REDAÇÃOE ADMINISTRAÇÃO GERENTECOMERCIALRuaAlcindo Guanabara, 24 Conj. 1606 Celso Augusto Femandes20031 Rio de Janeiro RJ

Telefone: (021) 220-0087 PUBLICIDADE

Publicação técnica e científica, de quí-mica aplicada a indústria. Em circula-ção desde fevereiro de 1932 atuandonos setores de especialidades quími-cas, petroquímica, geoquímica, quí-mica fina, pOlímeros, plásticos, celu-lose, tintas e vernizes, combustíveis,fármacos, instrumentação científica.borracha, vidros, têxteis e biotecno-logia.

, REGISTRO NO INPI/MIC:

N° 812.307.984

ISSN 0370-694X

TIRAGEM: 10.000 exemplares

CIRCULAÇÃO: mensal

FUNDADOR

Jayme da Nóbrega Sta. Rosa

CONSELHODEREDAÇÃO

Arikerne Rodrigues SucupiraCarlos Russo

Eloísa Biassotto Mano

Hebe Helena Labarthe Martelli

Kurt Politzer

Luciano Amaral

Nilton Emílio Buhrer

Otto Richard Gottlieb

Paulo José Duarte

Rio de Janeiro:Marta Cortines

RuaAlcindo Guanabara, 24 Conj. 160620031 Rio de Janeiro RJ

Telefone: (021) 220-0087

CIRCULAÇÃOItalia Caldas Fernandes

FOTOCOMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO

Editora Gráfica Serrana LIda

ASSINATURAS

Por 1 ano (12 números)

Brasil: NCzS 230,00Exterior: USS 50,00

MUDANÇA DE ENDEREÇO

H. Sheldon Serviços de Marketing Deveser cornunicada ao Departamen-RuaEvaristo da Veiga,55 Grupo1203 to de Circulaçãosempre que o assi-20031Riode JaneiroRJ nante desejar receber a revistaemTelefone:(021)533-1594 outrolocal.

São Paulo:Mercado Propaganda LIda.Rua Bento Freitas, 178 - 1?andar01220 São Paulo SP

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RECLAMAÇÕES

As reclamações por possíveis extra-vios devem ser feitas imediatamente,antes que se esgotem as respectivasedições.

UMA PUBLICAÇÃO DA

ASSOCIAÇÃO SRASILEIRA DE QUíMICAUtilidade Pública: Decreto n~33.254 de8 dejulhode 1953

--<;

EDITORIALDE QUíMICAINDUSTRIAL

Omomento deveria ser de euforia. O País tem

. uma nova ConstituiçãoFederalem vigor e as. Constituintes Estaduais encerraram recentemente

os seus trabalhos. O novo Presidente, eleito apósuma campanha que contou com expressiva partici-pação popular prepara-se para assumir o cargo,instruindosua equipe a respeito das medidas quedirecionarãoseu governo. Há um parque industrialmoderno dirigido em boa parte, por profissionaisque já demonstrarama sua competênciae aguardamapenas as condições propícias para lançar novosempreendimentos.E existe uma rede de universi-dades e centros de pesquisa que conta com quadros.da mais alta capacitação, formados nas melhoresinstituiçõesdo país e exterior,pronta para preparar.pessoas e desenvolver os trabalhos de naturezatécnico-científica- base de conhecimentos para osbens e serviços que a sociedade reclama.

Pairam,entretanto, nuvens negras sobre o hori-zonte. Persistemcrises de natureza políticaou eco-nômica,mas nenhumadelas é tão grave quanto a deconfiança. Confiançano País, em suas instituições,em seus governantes,em seus cidadãos e, acima detudo, em sí próprio.

Se há crise a superar e oportunidadesa aprovei-tar, há necessidade também de pessoas que tomema iniciativa.Pessoas que atuem segundo padrões deética, integridade e competência técnica e nãoaquelas dispostas a colocar de lado a moral e o bemcoletivo para usufruir de alguma vantagem. Pessoasque são capazes de ouvir, ponderar e tomar decisões

que reflitamuma visão a longoprazoe não aquelasque se esquivam de suas responsabilidades ou secomportam de acordo com as conveniências domomento.

Felizmenteexistem essas pessoas. Algumasde-las despontam apenas em momentos críticos, paraenfrentar desafios grandes demais para todos osoutros que estão por perto. Outrasatravessam a vidacativando os colegas, estabelecendo valores e via-bilizandoprojetos, dando assim a sua contribuiçãopara a sociedade.

Os meios de comunicação de massa raramenteestão interessados em pessoas assim, especial-mente as de perfil técnico. Os envolvidosem umgrande escândalo são notícia, os que trabalharam,para evitar que ocoresse, não!

Fica assim a impressão de nosso País é consti-tuído por aproveitadores, incapazes, irresponsáveisou corruptos. Parece que as pessoas sérias e com-petentes não tem vez nem podem fazer muitoalémde cuidar de seus própros interesses.

Nada está mais longe da verdade. A nossa co-munidade química, em particular, está muito bemservida de pessoas da melhorqualidade.Seu traba-lho nem sempre é muito conhecido mas esta cir-cunstância pode mudar. A REVISTADE QUíMICAINDUSTRIALselecionou uma lista de personalida-des que serão focalizadasem suas páginas. Preten-de mostrar que a químicabrasileiraconta com exem-plos de integridade,competência e visão, capazesde iniciaivas que poderão melhorar a situação doPaís. .

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OPCÕES PARA OPRÓXIMO GOVERNO.SUGES'ItES E DEPOJMENIDSOOS MAIS IMPORrANTESTecNIcos E EMPRESARIOSDAS AREAs PRIVADAE ~ v ~ v. w. ~ ,.., ~ 41..1.

DE QUíMICAINDUSTRIAL

FEVEREIRO

Edição DocumentoSua empresa não pode

ficar de fora.RESERVE J1\

(021) 220-0087.--- - -- - .-- ---

PERSONALIDADEDE QUíMICAINDUSTRIAL

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ARMANDO GUEDES COELHO

A Petrobrás é a maior empresa químicado País. Profissionaisda química atuam

em praticamente todos os ramos da empre-

Armando Guedes Coelho nas-ceu em Goiás Velho, antigacapital do Estado de Goiás.

Ele foi o penúltimo de 15 filhos dosquais13 sobreviveram.

Seu pai tinha pouca instruçãomas possuia um instinto comercialmuito desenvolvido e uma visão domundo bastante moderna. Umadas recordações mais marcantesque Guedes guarda de seu pai éque, apesar de morar no interior eem um estado relativamente atra~sado naquela época, ele fez tudopara que seus filhos estudassemem centros avançados. Todosseus 13 filhos foram mandadospara fora para estudar.

A sua educação foi muito rígida,principalmente no aspecto moral.Seu pai fazia questão de incutir emseus filhos uma noção de serieda-

sa e, as vezes, chegam a sua direção., Umdeles parece ter estado sempre no lugarcerto na ocasião certa, dirigindo os destinosda Petrobrás no exato momento que a em-presa passava por uma ameaça que poderiater se transformado na maior crise de suahistória.

A REVISTADE QUíMICA INDUSRIALpas-sou a conhecer o Dr. Armando GuedesCoe-lho naquela ocasião. Também, passou aentender um pouco melhor o profissionalque está por trás da empresa cujo desem-penho afeta diretamente quase todos osaspectos da vida brasileira (veja RQI, n.O667).

Armando Guedes Coelho não gosta defalar sobre os eventos que cercaram o pe-ríodo que exerceu a Presidência da Petro-brás. Há, entretanto, muitos outros aspectosinteressantes de sua vida e carreira que sãorevelados nas páginas seguintes.

de. O dinheiro era extremamenteescasso, o que levou Guedes areconhecer o valor das coisas.

Um outro fator marcante emsua vida foi um acidente que ocor-reu aos sete para oito anos. Ele eramuito levado e brincava em um te-lhado quando caiu sobre os bra-ços. Uma das fraturas foi muitoséria e o tratamento que recebeuem sua cidade natal foi inadequa-do - em pouco mais de uma sema-na corria o risco de ter que fazeruma amputação. Seu pai o levoupara o Rio de Janeiro, onde foi tra-tado no Hospital Central de Aci-dentados por um conhecido médi-co. Por circunstâncias que não épossível avaliar, o médico parecianão ter coragem de fazer a opera-ção necessária. Guedes passouum ano no Rio de Janeiro, nessa

situação sendo operado dois outrês anos mais tarde, em São Pau-lo.

As conseqüências do acidentedeixaram seqüelas, tanto físicasquanto psicológicas. Guedes pas-sou cerca de dez anos envolvidocom o problema. Durante esseperíodo ele ficou muito tempo so-zinho em cidades grandes - Rio eSão Paulo - e tem convicção queisso o fez amadurecer muito maisrapidamente porque as pessoasque sofrem questionam muito ascoisas. Meditam muito, avaliammuito e comparam muito. Os re-sultados podem ser completa-mente opostos; ou a pessoa dácerto ou deve se sentir muitofrustrada. Se a pessoa tiver umaforça interior, ela terá sucesso.Caso contrário chegará a con-

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De QUíMICAINDUSTRIAL

clusão que a vida lhe foi ingrata efica traumatizada podendo setransformar em um revoltado.

Guedes acha que as pessoasque passam por este tipo de expe-riência não o fazem impunemente.Mais tarde, no início de sua vidaprofissional, ele verificou que suamaneira de avaliar, de conceber,de discutir, de concluir, e decidirera certamente bem mais amadu-recida do que a de outras pessoasque tinham o mesmo tiRo de for-mação e nível cultural. À medidaque progrediu na carreira o fatoradicional à capacidade técnicapassou a desempenhar um papelcada vez mais importante. Ele re-conhece que a tal "experiência" éuma combinação de fatores pes-soais, algumas trazidas do berçooutras adquiridas ao longo da for-mação, que, ao lado do processode amadurecimento, capacita aspessoas para reconhecer e apro-veitar oportunidades. Usando asua carreira na Petrobrás comoreferência, Guedes acredita que oengenheiro que entra precisa ter70% de competência técnica e30% de "outros fatores", ao che-gar a Presidência os "outros fato-res" chegam a contar com 95%para o seu sucesso. Neste ponto ofator predominante passa a sersua capacidade de lidar com pes-soas. A atividade gerencial temuma componente que vem da for-mação técnica mas inclui tambémuma grande parcela de caracterís-ticas intrínsecas que refletem avida e experiência da pessoa.

As dificuldades e sofrimentospelos quais passou o levaram aprocurar uma espécie de compen-sação e foram um fator determi-nante em sua carreira.

O pai de Guedes era cardíaco efaleceu com pouco mais de cin-qüenta anos. Ele vinha sendo tra-tado no Rio de Janeiro e aqui foisepultado. A mãe estava morandona cidade com os filhos menoresque ainda estudavam (os mais ve-lhos ficaram em Goiás para tratar

dos negócios do pai que, fruto deseu intenso ritmo de trabalho eaguçado tino comercial, haviaacumulado um patrimônio bastan-te expressivo). Ocorreu então ou-tro daqueles momentos decisivosna vida de Guedes. Ele não davamuita importânciapara o estudo -fruto de seus problemas e revolta(ele tratava de gozar a vida). No diaque seu pai morreu sua mãe ochamou e, embora nunca se inte-ressasse muito pelos negócios domarido disse: "agora você tem quedar certo, não há mais ninguémpara olhar você". Guedes recordamuito bem a ocasião e sua respos-ta foi de que ela não precisava sepreocupar, pois passaria a tomarconta de si mesmo.

A primeira conseqüência nãotardou. Guedes saiu de um colégiodo interior direto para o Andrews,no Rio de Janeiro. O estudo eramuito difícil, mas uma combinaçãode amor próprio com o compro-misso assumido diante da mãe fezcom que ele se esforçasse muito,vencendo as dificuldades e che-gando a primeiro da turma.

"Segura este rapaz porquevamos ganhar muito

dinheiro com ele."

Ele nunca teve nada que o le-vasse para a área de química. Atémuito pelo contrário, pois achava olaboratório bastante maçante.Havia entretanto um professor quevivia tentando conquistar Guedespara a química. No terceiro científi-co, quando ainda não havia deci-dido seu rumo na vida o professorsugeriu que fizesse o vestibularpara a Escola (a então EscolaNacional de Química da Universi-dade do Brasil).

Guedes fez, passou, e cursou aEscola. Ele confessa que gostavamuito mais da parte de engenhariado que da química propriamentedita. Ele sempre teve seu interesse

despertado mais pelos conceitosmacro do que micro e via na enge-nharia química uma área na qual oBrasil poderia dar saltos grandes(pouco havia de química na épocae quando fez o vestibular a carrei-ra era pouco conhecida).

Durante seus estudos na Esco-la, Guedes começou a especiali-zar-se em cimento. Ele gostava doassunto e teve sucesso trabalhan-do em urna empresa que fora cha-mada pela Petrobrás (ele nuncahavia ouvido falar na Petrobrás

. antes) para fabricar certo tipo decimento. Tratava-se de um tipoespecial importado usado em po-ços de petróleo, que resistia aoconstante contato com meiosagressivos. Seu custo era bemmais alto do que o cimento comum€i a Petrobrás havia reunido váriosfabricantes para verificar qual de-les teria condições de produzí-Iano País.A resposta fora uma nega-tiva quase unânime, mas após es-tudar bem a química do cimento,Guedes concluiu que era possível.Ele analisou os processos queocorriam durante o contato com aágua salgada e concluiu que, comalgumas modificações, o cimentode sua empresa serviria.

O trabalho realizado na ocasiãofoi muito apreciado pelos seuschefes. Mereceu vários elogios(dos quais tomou conhecimentoindiretamente) e lhe proporcionoua primeira manifestação da explo-ração do trabalho pelo capital:"segura este rapaz porque vamosganhar muito dinheiro com ele"!

Àquela altura Guedes estavapara se formar e resolveu, de for-ma que ele admite um pouco pre-cipitada, casar logo (dois diasapós a formatura). Ele já havia fei-to um acerto para trabalhar nacompanhia, estabelecendo a suaposição e os locais onde estariadisposto a morar (ou seja os quenão trariam problemas para o ma-trimônio). Dois dias antes do ca-samento ele recebeu a notícia deque iria justamente para um dos

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lugares que não lhe convinha. Adiscussão com o pessoal da em-presa foi séria pois estava tudocombinado há mais de um ano eesta era uma das condições pre-estabelecidas. A empresa insistiue Guedes decidiu que o empregonão lhe servia.

Ao ler a carta de demissão, odirigente da empresa mudou deidéia, dizendo que ele poderia irpara onde queria. Já era tarde.Guedes disse que nem como donoda empresa ficaria trabalhando lá.

Naquela ocasião surgiu o con-curso da Petrobrás e Guedes re-solve se candidatar. (Durante alua-de-mel recebeu um telegramamandando se apresentar). Ele fezo curso do Centro de Aperfeiçoa-~ento e Pesquisas do Petróleo(CENAP) tirando o primeiro lugar.

Ocorreu aí sua segunda grandedecepção em curto espaço detempo. Como um dos primeiroscolocados, ele foi convidado paralecionar no curso. Ele gostou mui-to da experiência de dar aula e tevesucesso, pois sua turma de Ope-rações Unitárias (a matéria maiscomplicada) na Bahia saiu-se me-lhor do que a do Rio de Janeiro

supostamente mais bem prepara-da que foi submetida à mesmaprova. No ano seguinte Guedes foiconvidado para dar aula no Rio.Ele voltou para Salvador, fez suamudança, e quando estava prontopara viajar foi informado que o cur-so havia sido fechado e que eledeveria ficar por lá mesmo!

Trabalhar em uma refinaria nãoestava nos planos do jovem enge-nheiro químico, especialmentedepois da gratificante experiênciacom o ensino. Guedes 'aprendeuentão que na vida se faz qualquercoisa quando se tem vontade - elenão acredita que haja pessoas quesó se prestam a determinadas ati-vidades.

"Olha, estou apostandoem você I"

Guedes sempre pretendia re-tomar ao Rio e, após três anos,conseguiu o seu intento. Ele foiparar na Divisão Industrial) consi-derada a "Sorbonne" da Petro-brás. Lá teve grandes mestres ecompanheiros que lhe revelaram o

lado técnico da empresa. Recebeuvários convites para assumir ou-tros cargos mais preferiu, dedicar-se às atividades que lhe interessa-vam e não as que trariam mais di-nheiro.

O trabalho na Petrobrás gira emtorno de combustíveis e Guedessempre quis saber como a áreafuncionava. Assim, um convitepara chefiar o Setor de Combustí-veis o levou para o DepartamentoComercial em 1968. Lá não encon-trou ninguém de nível superior, sóde nível médio. Também travouconhecimento com os "donos donegócio", supostamente capazesde parar o abastecimento de com-bustíveis do país.

Um senhor, em particular, (porsinal um bom empregado) era o"Papa" da área. No dia em queGuedes assumiu, o homem o pro-curou com a conversa que queriatirar férias mas que há muitos anosnão podia pois o pessoal não odeixava sair. Todos tinham muitoreceio de que o serviço parasseem sua ausência.

O senhor foi imediatamente in-formado de que no dia seguinte elenão precisaria vir trabalhar, Gue-des tomaria conta de tudo. Ele foipara o lugar de seu subordinado epassou três a quatro meses traba-lhando quase 24 horas por diapara aprender o negócio. O fatoestabeleceu um princípio muitoimportante: ninguém é insubistituí-vel. O senhor saiu de férias e nãoaconteceu nada. Quando voltou oserviço funcionava melhor do queantes.

A despersonalização da ativi-dade permitiu o recrutamento detécnicos de outras áreas, o treina-mento do pessoal e uma melhoriageral dó nível. A área passou afuncionar de forma eficiente e ga-nhou muita expressão dentro daempresa. Em decorrência todo oabastecimento do País melhorou,os produtos chegando mais rapi-damente onde eram necessários.

O chamado para chefiar a Divi-

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,DE QUIMICAINDUSTRIAL

são de Derivados não tardou. OSuperintendente do Departamen-to Comercial na época era o Dr,Carlos Santana, atual Presidenteda Petrobrás, e Guedes foi infor-má-Io de que seis meses no De-partamento não eram suficientespara preparar quem vai assumirtodo o abastecimento nacional emáreas extremamente nervosascomo combustíveis e lubrificantes.Santana respondeu que confiavaem seu trabalho e que era elemesmo que deveria assumir o car-go.

Outra reformulação foi feita porGuedes que logo descobriu umfato interessante: um de seus che-fes de setor, Danilo de CastroAbreu (hoje Superintendente daPoliteno) não recebia apoio sufici-ente para tomar medidas de gran-de alcance. Na época a Petrobrásfazia a importação de lubrificantesmas seu trabalho era meramentepró-forma, porque as empresasestrangeiras que aqui operavamindicavam o produto a ser com-prado, o valor a ser pago, e a quemdeveria ser entregue. Comprava-se cerca de 400 tipos de lubrifi-cantes diferentes enquanto cogi-tava-se a implantação de uma fá-brica de lubrificantes junto a Refi-naria Duque de Caxias (REDUC).Abreu recomendava (e Guedes lhedava apoio) que se acabasse como esquema no qual tudo era defini-do pela empresa estrangeira. Pas-saria-se a importar básicos dequem oferecesse as melhorescondições de preço e qualidade.Foi uma revolução! Os represen-tantes das empresas que aquíoperavam chegaram a procurar oPresidente da Petrobrás para aler-tá-Io que o País inteiro pararia coma medida.

Guedes admite que teve suaspróprias dúvidas. Ele chamouAbreu para perguntá-Io se tinhacerteza do que estava propondo elançar seu alerta: "Olha, estouapostando em você!" Seu interlo-

cutor foi sempre uma pessoa mui-to séria e convicta e levou Guedesa seguir em frente.

Foi uma mudança crucial. Oassunto foi completamente dis-mistificado e o preço dos lubrifi-cantes caiu 30 a 40%.

"Vocês vão fazer guerrano Polo?"

Medidas semelhantes na áreade combustíveis suscitaram omesmo tipo de reação. O Brasilimportava toda a querosene deaviação que consumia. Quando aPetrobrás resolveu produzí-Ia naRefinaria de Cubatão lançou-se oalerta de que todos os aviões iriamcair.

Não ocorreu nada disso, poistratava-se apenas de uma fraçãode petróleo e nada de especial. Aespecificação passou a nortear apolítica de combustíveis sendoestabelecida também para o óleocombustível utilizado em navios.Isto implicou em uma mudançaprofunda de filosofia e concepçãona área comercial.

A questão das especificaçõestambém afetava outras áreas daempresa. Guedes recorda-se, in-clusive, de um episódio ocorridoem uma das épocas de crise mili-tar. A Marinha consumia um pro-duto especial e procurou o entãoChefe de Divisão para obtê-Io, emquantidades significativas, para odia seguinte. Nas palavras doComandante "a Esquadra tinhaque sair!" Uma consulta à REDUC(Refinaria Duque de Caxias) logorevelou que a encomenda era im-possível de atender. Após váriaspqnderações a respeito das difi-culdades de entregar o tal com-bustível no prazo exigido conse-guiu-se a explicitação de suasespecificações. Ao descobrir quenecessitava de um ponto de flui-dez de - 15 a-20°, Guedes nãoconseguiu esconder sua surpre-sa: "vocês vão fazer guerra ao

Polo? O Brasil não tem lugar ne-nhum que necessite de - 200 defluidez!"

O incidente chamou a sua aten-ção para o fato de que o Brasilimportava quase todas as suasespecificações e era possívelmudarquase todas para as condi-ções locais. Um dos exemplos é ointemperismo do GLP (Gás Lique-feito de Petróleo). Uma das espe-cificaçõesde GLPé que um certovolume de gás, em determinadorecipiente, esteja totalmente con-sumido quando o recipiente esti-ver "vazio" (a especificação, erade 95% para uma temperatura aci-ma de 5°C. Fazia sentido para aAmazonia?). O óleo combustíveltambém tinha uma viscosidadepara clima frio. A especificação eraobtida adicionando um diluente(neste caso, o óleo diesel que es-tava em alta demanda!).

Guedes foi levando as propos-tas de mudança de especificaçãoaos poucos, ao Conselho Nacionalde Petróleo. Ele estima a econo-mia com essas medidas em tornode 10 a 15 milbarris de diesel, pelaqual havia grande procura, en-quanto o óleo combustível sobra-va nas refinarias.

A resposta da área Industrial foimuito boa, especialmetne em umaépoca que ela estava em baixa. OBrasil havia investido muito na refi-nação durante um longo período,mas o investimento havia sido re-passado a área de exploração on-de os resultados passaram a apa-recer. A nova motivação trouxe devolta ao refino muita gente de altaqualificação.

À medida que os resultadosapareciam, Guedes foi subindo naempresa. Ele se cercava de pes-soas sérias, competentes e traba-lhadoras e o Departamento Co-mercial da Petrobrás foi assumin-do um papel pioneiro, estabele-cendo uma certa liderança naempresa. Guedes acabou sendopromovido a seu Superintendente.

Ele enfrentou algumas situa-

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,DE QUIMICAINDUSTRIAL

APetrobrás hoje produz combustíveis dentro das mais rígidas especificações.

ções muito difíceis naquela posi-ção. As duas "crises de Petróleo"o pegaram, a de 1973 como Ad-junto e a de 1978 já como Superin-tendente. Ele contou com sorte,mas também com muito trabalho.

"Tem um fulano aqui

lhe procurando"

A crise de 1973 começava adelinear-se no final da década de1960. Já então as grandes empre-sas do setor, a Esso, Shell, Texa-co, Chevron, etc. começavam aperder o controle da situaçào eesse controle estava passandopara a mão'dos países produtores:Arábia Saudita, Iraque, etc. A Pe-trobrás começou uma política deaproximação com aqueles países,acreditando que, em uma situaçãode crise, quem iria definir os me-canismos de suprimento seriameles, os produtores.

A previsão foi acertada poisquando surgiram as nacionaliza-ções, em 1972, o relacionamentocom os países produtores era mui-to bom e foi mantido. A petrobrásenfrentou as grandes companhias

. e sofreu, inclusive, ameaça de ar-resto de seus navios que transpor-tavam petróleo dos países que

haviam nacionalizado a sua indús-tria. O conceito de Brasil juntoaqueles países cresceu muito poisseu apoio fora demonstrado emum momento em que ninguémmais estava disposto a oferecê-Io.Guedes acha que neste particularo árabe é muito grato. Ele é difícilde conquistar como amigo, masuma vez obtida a sua confiança,ele é amigo' de verdade, Guedesadmite que sempre procurou en-tender sua filosofia para sabercomo e porque agia.

Ele lembra um episódio quetraduz bem a maneira de ser doárabe. Por volta de 1975-6 ele co-nheceu uma pessoa muito interes-sante, um homem extremamentereligioso do Oatar. (parecia umpadre ou filósofo). Guedes nuncahavia visto a pessoa antes e eraSuperintendente quando recebeuum telefonema por volta das seisda tarde (dez em Portugal, de ondevinha a chamada). A pessoa nalinha' se apresentou como Chefeda. Área de Transportes da OatarGeneral Petroleum Corporation,que era a companhia estatal da-quele Emirado Arabe. Ele queriaconhecer o Brasil, mas não conse-guia um visto. Guedes nunca haviaparticipado de nenhuma negocia-ção com aquela empresa ou país,mas perguntou onde estava e que

horas saia seu avião (Resposta:Aeroporto de Lisboa e uma hora damanhã). Dizendo que iria ver o quepoderia fazer, Guedes pediu umtempo. As negociações com o Ita-marati em Brasília foram difíceis,pois era muito tarde e o embaixa-dor em Portugal, uma figura im-portante, estava dormindo. Gue-des insistiu argumentando quemesmo não existindo nenhumarelação com aquele país poderiaser que um dia o Brasil viesse a ter.O mundo do petróleo tem idas evindas e o que custa à Embaixada,a pedido da Petrobrás, concederum visto? O assunto chegou anível do Ministro de Relações Ex-teriores e o visto foi concedido atempo.

Chegando ao Brasil o homemfoi visitar Guedes na Petrobráspara agradecer a sua ajuda. Nadafoi falado sobre negócios (naquelaépoca não havia necessidade,nem mesmo conveniência de fazernegócios com aquele país). A con-versa foi cordial e a Petrobrásmostrou, a pedido do visitante,algumas de suas unidades e ter-minais marítimos. Nada mais seouviu do homem após sua partida.

Em 1978 a situação estava fi-cando cada vez mais crítica eGuedes viajava pelo Exterior pro-curando conseguir petróleo. De-

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

pois de passar por varios lugares epor muitas negociações infrutífe-ras, ele estava em Paris, pensandosobre seus próximos passos,quando recebeu um telefonema

.do Brasil dizendo: "Olha, tem umfulano aqui que esta lhe procuran-do. Diz que conhece você ha mui-tos anos". Guedes mandou forne-cer o telefone do hotel no qual es-tava hospedado.

Era o homem de Qatar. Após atroca de amabilidades e os co-mentarios sobre quanto temponão se viam, o homem disse: "OlhaArmando, estou aqui com 20 milbarris de petróleo para vender. Apolítica de Qatar é uma política delongo prazo e temos esta disponi-bilidade. Antes de perguntar aqualquer outra empresa, gostariade saber se você não estariainteressado em comprar?"

Parecia um Conto de Carrochi-nha! Em uma época de enormesdificuldades de fornecimento aPetrobrás conseguia fazer umcontrato de 20 mil barris ao preçooficial (12 dólares ao invéz dos 40do mercado "spot").

Segundo José Carlos de Souzaseu colega no DepartamentoComercial (vide nota na página)uma das conseqüências da atua-ção daquela área durante o perío-do da crise de fornecimento foi deque o Brasil não passou pelos pro-blemas agudos de outros países.Algumas medidas prev~ntivas fo-ram suficientes para evitar o racio-namento e parte substancial dascompras foi feita ao preço oficial (OConsul dos EUA no Rio de Janeirona época chegou a procurar Gue-des para saber como conseguiu!).

Há ainda, outras medidas,como a de explorar o Campo deMajnoon e sair na hora certa(mediante garantia de fornecimen-to de 400 mil barris por parte doIraque) que marcaram a passa-gem de Guedes pelo Departamen-to. Em 1981 ele foi chamado paraser Diretor Industrial. Uma de suas

principais incumbências seria a decompatibilizar a completa disso-ciação que então existia entre aestrutura de produção e a estrutu-ra de mercado.

"O pessoal das refinarias

ia se jogar da janela"

As refinarias haviam sido cons-truídas na década de 1970 quandotodo o mercado brasileiro era vol-tado para a indústria automobilísti-ca. Todas possuíam unidades decraqueamento e cerca de um ter-ço da carga era de diesel, pois nãohavia como colocar o diesel e omercado reclamava por gasolina.Com as crises do petróleo, o go-verno aumentou o preço da gaso-lina ,e subsidiou o de diesel. Oconsumo de diesel -naturalmentedisparou e, com o uso de alcool,começaram a sobrar gasolina eoutros derivados. Quando Guedesassumiu, o quadro era de falta deGLP, excesso de gasolina, falta deóleo diesel, e excesso de óleocombustível. O problema era mui-to sério e de difícil resolução poisnão havia dinheiro para investir em

possíveis soluções (por exemplo:sucatear todo o parque de refino econstruir outro).

Guedes começou a conversarcom o pessoal da área técnica edaí surgiu o projeto "Fundo doBarril". O principal problema eraque sobrava gasolina e faltava die-sel. Não fazia sentido craqueá-Io ea primeira providência foi retirar odiêsel das cargas de craqueamen-to catalítico. A disponibilidade dediesel aumentou logo 20 a 25%. Osegundo ponto atacado foi o dasespecificaçoes. Guedes foi aoCENPES (o Centro de Pesquisasda Petrobrás) para verificar atéque ponto seria possível torná-Iasmais elásticas ou seja quais ascombinações de componentesque proporcionariam as mesmaspropriedades.

A capacidade instalada eramuito grande e uma diminuição nacarga a ser utilizada para chegarao mesmo volume de óleo dieselresultou em certa ociosidade dasunidades de craqueamento.Como aproveitá-Ia? Se estavasobrando óleo combustível por-que não alimentá-Ia à unidade decraqueamento.

"Só faltou o pessoal das refina-

9...

DE QUíMICAINDUSTRIAL

rias se jogarem pela janela!" naspalavras de Guedes. Para elescraquear óleo diesel era um crime,um sacrilégio! Toda a filosofia doprocesso cairia por terra. Usarlogo o resíduo?!!

Para enfrentar a resistência,Guedes recorreu à sua experiên-cia como engenheiro de refino. Em1976 ele havia vendido uma cargade óleo combustível aos EUA e,por curiosidade, quis saber ondeiria parar. Ela passou por duas outrês mãos e foi parar nas de umrefinador independente naquelepaís. Uma investigação mais apro-fundada revelou que o refinadoradicionava uma parcela do óleocombustível à sua unidade de cra-queamento. A idéia não era, então,tão absurda assim.

A sua implementação, entre-tanto, provou ser extremamenteproblemática. As condições ope-racionais tiveram que ser muda-das, o catalisador envenenou, asunidades não eram adequadas.Houve uma enxurrada de críticas.

Como tratar o óleo combustívelcomo carga? A Petrobrás tinha osconhecimentos sobre as unida-des, um contrato de transferênciadetecnologia com a Kellog e umgrupo de engenharia básica noCENPES. Roberto Villa, atual Dire-tor Indutrial da Petrobrás, era umespecialista em projeto básico de

Guedes assumindo a presidência da Petrobrás.

craqueamento catalítico.Guedes perguntou ao pessoal

que trabalhava na área o que eranecessário. Metalurgia, desenho,catalisador foram todos analisa-dos. O catalisador, em particular,era comprado por preço, oscilan-do na faixa de 800-900 dólares portonelada. Os custos eram muitobaixos. Ao craquear resíduo, oconsumo aumentou muito e foipreciso buscar catalisadores maisresistentes e repô-Ios mais fre-qüentemente.

Houve a necessidade de mudartoda a filosofia de aquisiç_ão decatalisadores. Ao invés de com-prar cinco mil toneladas de catali-sador a 800 dólares passou-::;;20 mil toneladas a dois mil dólares.Se a Petrobrás gastava quatromihões de dólares em catalisado-res, passou a gastar quarenta.

Quando Guedes propoz a mudan-ça à Diretoria ele teve que provarque à medida que a despesaaumentava, melhor era a resposta.A empresa passaria a produzir emmaior quantidade a fração que lheinteressava: menos óleo combus-

. tível e mais diesel. Era evidenteque tratava-se de uma propostaacertada.

A empresa toda se engajou nanova filosofia. Foi uma mudança etanto, pois implicava em alterar aforma de operar das unidades decraqueamento, modificar o "hard-ware", e especializar o pessoal doCENPES. A companhia passaria aapostar em conhecimentos pró-,,",rins q desenvolvimento tecnoló-

A vida de Guedes na Petrobrásseguia sempre essa linha. Seuobjetivo era de criar condições eintroduzir novas e idéias e princí-pios, na procura de soluções paraos problemas de empresa.

Ele não acredita que repetiria aexperiência pois muitas medidastiveram que ser tomadas às pres-sas e, por força de necessidade,nem sempre todos os procedi-mentos (aparentemente "corre-tos") puderam ser observados.Sem uma alta dose de conheci-mento e confiança nas pessoascom as quais lidava Guedes nãoestaria disposto a correr tais ris-cos. Hoje em dia a Petrobrás émuito visada e está sujeita a restri-ções de toda ordem. Quem se ar-riscaria?.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

GASES INDUSTRIAIS

Nitrogênio, oxigênio, hidrogê-nio, dióxido de carbono, hé-lio, ou argônio não são os

nomes que vem logo a mentequando se pensa em "produtosquímicos". Para os entendidos noassunto, entretanto, trata-se deuma lista de produtos cujo consu-mo vem aumentando rapidamen-te.

Segundo a revista ChemicatWeek (13 de setembro de 1989,páginas 12 a 18). Os produtores degases industriais já estão acostu-mados a crescer ao dobro da velo-cidade da economia. Um aqueci-mento dos negócios de seus prin-cipais fregueses, produtos quími-

cos e metalurgia, tem contribuídopara elevar o crescimento do setorpara mais do que dez por cento aoano nos dois últimos anos. O de-senvolvimento de novas aplica-ções garante uma saudável ex-pansão de mercados. Pela primei-ra vez na década a tecnologia estáagitando os negócios e há umaacirrada competição por merca-dos na Europa e, principalmente,no Extremo Oriente.

Novas técnicas, as de membra-nas e absorção por variação depressão ("pressure swing absorp-tion" ou simplesmente PSA) intro-duziram uma nova variável nosnegócios com gases. No passado,

melhorias na tecnologia traziamprogresso mas não permitiamgrandes saltos. Agora o quadro

~ pode mudar e todos os grandesprodutores estão fazendo investi-mentos consideráveis em pesqui-sa e desenvolvimento de novastecnologias.

Os produtores de gases indus-triais estão otimistas quanto àspossibilidades do mercado brasi-leiro. Várias novas unidades, utili-zando tecnologia moderna, foraminauguradas no ano passado enão faltam planos para expansão.Segue-se uma apreciação sobre aprodução de gases industriais,suas aplicações e os principaisfornecedores no país.

Produção

Nitrogênio, oxigênio e argôniosão constituintes do ar, sen-do obtidos por destilação

fracionada. O processo consistena captação do ar atmosférico, fil-tragem, compressão e separaçãodos três gases. Partículas sólidassão removidas por filtração. Osmaiores avanços tecnológicos

advém do uso de membranas e dosistema PSA (veja artigo sobre"PSA para obtenção de Oxigênio eMembrana para Produção de Ni-trogênio", nesta edição, pág. 16).

O hidrogênio puro é obtidoatravés da eletrólise da água. Étambém um subproduto da indús-tria de cloro-soda. Hidrogênio é

produzido junto com outros gasesem refinarias mas sua separação(e eventual purificação) nem sem-pre é conveniente.

O gás carbônico é recuperadodo gás de síntese na produção deamônia e de processos de fermen-tação. Em quantidades menores éobtido da combustão.

Gases Especiais

A lém dos gases industriaisnormalmente fornecidos pelosetor há uma linha de pro-

dutos que atende pelo nome ge-nérico de "gases especiais". Sãogases com alto grau de pureza,misturas de gases em proporçõesdefinidas ou os gases raros. Asempresas não medem esforçospara atender esse mercado muito

esp~cializado mas com grandepotencial de expansão.

Um dos clientes mais promis-sores é a indústria eletrônica. Mis-turas atmosféricas são utilizadasna purificação de componentes desemicondutores empregados emtoda eletrônica avançada. Váriostipos de produto são utilizados

mas estes tem em comum as es-pecificações rígidas em termos depureza e composição.

Os gases raros, como neônio,criptônio e xenônio são vendidospara fabricantes de aparelhos deiluminação. Esses gases são utili-zados em lâmpadas de halogênioe de longa duração, encontrando

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õiiI

DE QUíMICAINDUSTRIAL

aplicações também em lasers e naindústria aeroespacial.

A área médica também está nos

planos de produtores. Gases sãoutilizados na esterilização de ins-trumentos médicos e para propor-

cionar baixas temperaturas (paraos imãs de aparelhos de resso-nância magnética, por exemplo).

Empresas ProdutorasWhite Martins

A SA White Martins detém65% do mercado de gasesno Brasil. Ela possui 21 uni-

dades de produção de gases in-dustriais e três unidades de gasesespeciais. Produz também equipa-mento usado em processos, crio-genia e soldagem além de cilin-dros de alta pressão. A empresatem 10.500 funcionários e faturou,em 1988, 654 milhões de dólares.

A White Martins foi fundada por:Mark Sutton, Affonso Bebianno,Simon McLauchlan, George White

. e EstevãoFerreirade Magalhãesque, ao constituirem a então S.McLauchlan & Cia. e instalarem aprimeira usina de oxigênio em SãoCristóvão, no'8io de Janeiro, intro-duziram no Brasil o processo desoldagem oxi-acetilênica. Em1920, a empresa passou a deno-minar-se White, Martins & Cia. eem 1921, transformou-se em so-ciedade anônima - a SA WhiteMartins, experimentando extraor-dinário crescimento. A partir dadécada de 50 foram constituídas aCia. Nacional de Calcários e Deri-vados - Concal, SA White MartinsNordeste, Cilbrás - Empresa Brasi-leira de CilindrosLtda. e Embral -Empresa Brasileira de Refloresta-mento e Agropecuária Ltda. Emabril de 1989, a empresa promo-veu a cisão de seu capital social.Foi criada então a Ucar CarbonSA que tem'çomo subsidiária aWhite Martins Produtos de Carbo-no SA, antiga White Martins Nor-deste. A SA White Martins trans-formou-se em empresa holding deum grupo de controladas que in-

clui entre outras a White MartinsGases Industriais, White MartinsScldagem, Elarc, White MartinsComercial, White Martins Trading,Embral, Cilbrás e Concal. A WhiteMartins tem atualmente cerca de20 mil acionistas. A Eletric Furnaceproducts Co. Ltd. detém 50,137%das ações, os fundadores da em-presa 11.704%, e 38.159% estãonas mãos dos demais acionistas.

A empresa atua nas seguintesáreas:

. Produção e comercialização de- Gases (oxigênio, nitrogênio,

argônio, acetileno, hidrogênio) emisturas industriais;

- Gases e misturas especiaispara produção e análise;

- Gases (oxigênio, nitrogênio,óxido nitroso) e misturas para usomedicinal;

- Instalações, equipamentose acessórios.

. Desenvolvimento de tecnologiae fornecimento de gases e equipa-mentos para aplicações em pro-cessos de fabricação, controle dequalidade e tratamento de efluen-tes em indústrias químicas, petro-químicas, farmacêuticas, metalúr-gicas,' siderúrgicas, de fundição,ferro-ligas, metais não-ferrosos enão-metálicos, de papel e celulo-se, borracha, plásticos, alimentose micro-eletrônica.

. Serviços de purga, limpeza epressurização de tubulações.

. Produção e comercialização de

equipamentos, acessórios e con-sumíveis para:

Soldagem, corte e aqueci-mento oxicombustível (conjuntosportáteis e de grande porte con-trolados por CNC; maçaricos ereguladores, bicos, extensões evaretas);

Soldagem elétrica conven-cional, Mig-mag, Tig e arco sub-merso (transformadores, retifica-dores, fontes, tochas, porta-eletro-dos, eletrodos, arames e fluxos);

Goivagem e corte de metaisconvencional e plasma (fontes,tochas, eletrodos).

. Produção e comercialização dematerial para consumo industrial(fitas crepe e isolante, adesivos,lixas, vedadores, massas, lubrifi-cantes, equipamentos de prote-ção individual, extintores de incên-dio).

. Produção e comercialização decarbureto de cálcio.

. Produção e comercialização decilindros de alta-pressão.

. Revenda de máquinas (tornosmecânicos, máquinas para madei-ra, máquinas operatrizes em geral)e ferramentas (elétricas e ma-nuais).

A White Martins acredita quegases industriais continuarão sen-do um bom negócio. A empresainvestiu 65 milhões de dólares em1989 e nos próximos três anospretende investir mais 330 mi-lhões.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

aplicações também em lasers e naindústria aeroespacial.

A área médica também está nos

planos de produtores. Gases sãoutilizados na esterilização de ins-trumentos médicos e para propor-

cionar baixas temperaturas (paraos ímãs de aparelhos de resso-nância magnética, por exemplo).

Empresas ProdutorasWhite Martins

A SA White Martins detém65% do mercado de gasesno Brasil. Ela possui 21 uni-

dades de produção de gases in-dustriais e três unidades de gasesespeciais. Produz também equipa-mento usado em processos, crio-genia e soldagem além de cilin-dros de alta pressão. A empresatem 10.500 funcionários e faturou,em 1988, 654 milhões de dólares.

A White Martins foi fundada por:Mark Sutton, Affonso Bebianno,Simon McLauchlan, George Whitee Estevão Ferreira de Magalhãesque, ao constituirem a então S.McLauchlan & Cia. e instalarem aprimeira usina de oxigênio em SãoCristóvão, no 'Rio de Janeiro, intro-duziram no Brasil o processo desoldagem oxi-acetilênica. Em1920, a empresa passou a deno-minar-se White, Martins & Cia. eem 1921, transformou-se em so-ciedade anônima - a SA WhiteMartins, experimentando extraor-dinário crescimento. A partir dadécada de 50 foram constituídas aCia. Nacional de Calcários e Deri-vados - Concal, SA White MartinsNordeste, Cilbrás - Empresa Brasi-leira de Cilindros Ltda. e Embral -Empresa Brasileira de Refloresta-mento e Agropecuária Ltda. Emabril de 1989, a empresa promo-veu a cisão de seu capital social.Foi criada então a Ucar CarbonSA que tem'como subsidiária aWhite Martins Produtos de Carbo-no SA, antiga White Martins Nor-deste. A SA White Martins trans-formou-se em empresa holding deum grupo de controladas que in-

clui entre outras a White MartinsGases Industriais, White MartinsSeIdagem, Elarc, White MartinsComercial, White Martins Trading,Embral, Cilbrás e Concal. A WhiteMartins tem atualmente cerca de20 mil acionistas. A Eletric FurnaceProducts Co. Ltd. detém 50,137%das ações, os fundadores da em-presa 11.704%, e 38.159% estãonas mãos dos demais acionistas.

A empresa atua nas seguintesáreas:

. Produção e comercialização de- Gases (oxigênio, nitrogênio,

argônio, acetileno, hidrogênio) emisturas industriais;

- Gases e misturas especiaispara produção e análise;

- Gases (oxigênio, nitrogênio,óxido nitroso) e misturas para usomedicinal;

- Instalações, equipamentose acessórios.

. Desenvolvimento de tecnologiae fornecimento de gases e equipa-mentos para aplicações em pro-cessos de fabricação, controle dequalidade e tratamento de efluen-tes em indústrias químicas, petro-químicas, farmacêuticas, metalúr-gicas,' siderúrgicas, de fundição,ferro-ligas, metais não-ferrosos enão-metálicos, de papel e celulo-se, borracha, plásticos, alimentose micro-eletrônica.

. Serviços de purga, limpeza epressurização de tubulações.

. Produção e comercialização de

equipamentos, acessórios e con-sumíveis para:

- Soldagem, corte e aqueci-mento oxicombustível (conjuntosportáteis e de grande porte con-trolados por CNC; maçaricos ereguladores, bicos, extensões evaretas);

- Soldagem elétrica conven-cional, Mig-mag, Tig e arco sub-merso (transformadores, retifica-dores, fontes, tochas, porta-eletro-dos, eletrodos, arames e fluxos);

- Goivagem e corte de metaisconvencional e plasma (fontes,tochas, eletrodos).

. Produção e comercialização dematerial para consumo industrial(fitas crepe e isolante, adesivos,lixas, vedadores, massas, lubrifi-cantes, equipamentos de prote-ção individual, extintores de incên-dio).

. Produção e comercialização decarbureto de cálcio.

. Produção e comercialização decilindros de alta-pressão.

. Revenda de máquinas (tornosmecânicos, máquinas para madei-ra, máquinas operatrizes em geral)e ferramentas (elétricas e ma-nuais).

A White Martins acredita quegases industriais continuarão sen-do um bom negócio. A empresainvestiu 65 milhões de dólares em1989 e nos próximos três anospretende investir mais 330 mi-lhões.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

Aga

AAga S.A. pertence a~ grupoAGA AB da Suécia. E a se-gunda no ranking do mer-

cado brasileiro de gases indus-triais, especiais e medicinais, atu-ando no país há 75 anos.

A empresa tem 49 unidades nopaís, entre fábricas, filiais e "fillingstations" (estações de enchimen-to), 1.300 funcionários, 130 distri-buidores e faturou em 1988 82 mi-lhões de dólares.

Em fase de franca expansãopela ampliação de sua participa-ção no mercado, AGA S.A. estáinvestindo maciçamente na con-tratação de empregados e naconstrução de novas unidadesindustriais. Nos três primeirosmeses de 1989 foram contratados100 funcionários e em maio inau-

gurou-se a Unidade de Separaçãode Gases do Ar de Cubatão, naqual foram investidos US$ 40 mi-lhões, aumentando a capacidadede produção de gases - oxigênio,nitrogênio e argônio - em 400 to-neladas/dia. Em setembro a Againaugurou uma unidade de produ-ção de hidrogênio, localizada nomunicípio de Itupeva, SP, a 80 kmda çapital. A capacidade é de 750m3/hora, elevando para 1.750 m3/hora a capacidade de hidrogênioda Aga, o que significa 14 milhõesde metros cúbicos por ano.

No Brasil, a AGA fabrica e co-mercializa:

- Gases Industriais: Oxigênio,Nitrogênio, Argônio, Acetileno,Hidrogênio e Misturas de Gases.

- .Gases Medicinais: Oxigênio

Usina do Cabo - Pernanbuco.

Medicinal e Óxido Nitroso.- Gases Especiais de Alta

Pureza e respectivas instalaçõespara aplicações na indústria, prin-cipalmente, na Eletrônica.

- Equipamentos para o usode Gases Medicinais.

- Equipamentos para Solda eCorte.

- Cilindros de alta e baixapressão para o armazenamentode gases.

- Tanques e Carretas criogê-nicos.

A empresa estima seu fatura-mento no ano passado em cemmilhões de dólares. Pretende che-gar a cento e vinte milhões no pre-sente ano e trezentos milhões nofinal da década.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

Air Products

AAir Products Gases Indus-triais Ltda. é uma subsidiáriada Air Products and Chemi-

cais Inc., uma lider mundial noramo de criogenia e gases indus-triais, sediada em Allentown, Pen-nsylvania, EUA. A Air ProductsGases Industriais Ltda. foi fundadaem 1973, iniciando nesta data aconstrução de uma planta de se-paração de ar localizada no muni-cípio de Mogi das Cruzes, SP, comcapacidade para 275 t/dia de oxi-gênio/nitrogênio líquidos e 8 t/diade argônio líquido.

Em 1976, esta planta foi inau-gurada e iniciaram-se as opera-ções com gases industriais a gra-nel, principalmente para os Esta-dos de São Paulo e Rio de Janeiro.Neste mesmo período, a Air Pro-ducts iniciou a comercializaçãode hidrogênio obtido através daeletrólise de água e de processosquímicos. Mais tarde, importou osprimeiros containers contendogás hélio liquefeito para suprir o

Unidade de Separação de Gases do Ar em Cubatão - SP.

mercado de "oft-shore".O início dos anos 80 marcou a

expansão geográfica da Air Pro-ducts que passou a atender alémdos Estados de São Paulo e Rio deJaneiro, Minas Gerais, Paraná eSanta Catarina. Já em 1984, a AirProducts instalou uma modernaunidade produtora de gases espe-ciais, gases industriais e misturasgasosas. Um ano mais tarde, jáfornecendo seus produtos emquase todo o mercado nacional,além de vários países sulamerica-nos, a Air Products atingiu umconsiderável "market share". Em1985, com a venda do primeiroequipamento de diagnóstico paraRessonância Magnética Nuclear(RMN), a Air Products importou osprimeiros equipamentos acondi-cionadores de hélio líquido (nãomagnetizáveis) em operação noBrasil.

Antevendo uma demanda repri-mida e a necessidade de gases dealtíssima pureza, principalmente

para atender a indústria eletrôni-ca, iniciou-se a construção de umanova unidade produtora de gáshidrogênio com capacidade para500.000 m3 mensais em sua pri-meira fase. Aquela altura a produ-ção da planta de Mogi das Cruzes,SP, já havia saltado das 275 t/diainiciais para mais de 400 t/dia deoxigênio/nitrogênio líquidos e 12 t/dia de argônio líquido.

Atualmente, a Air Products rea-liza os trabalhos para a construçãode uma nova planta para a separa-ção de ar atmosférico no sul doBrasil e finaliza a expansão da suaunidade produtora de gases espe-ciais e misturas gasosas. Apesardeste crescimento obtido por pou-cas empresas, os planos da AirProducts não param por aí. Outrosprojetos já estão em estudos bus-cando sempre o aprimoramentotecnológico para, em última análi-se, auxiliar seus clientes na obten-ção de um desenvolvimento in-dustrial compatível com os desa-fios do mercado brasileiro.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

Air Products

AAir Products Gases Indus-triais Ltda. é uma subsidiáriada Air Products and Chemi-

cais Inc., uma lider mundial noramo de criogenia e gases indus-triais, sediada em Allentown, Pen-nsylvania, EUA. A Air ProductsGases Industriais Ltda. foi fundadaem 1973, iniciando nesta data aconstrução de uma planta de se-paração de ar localizada no muni-cípio de Mogi das Cruzes, SP, comcapacidade para 275 t/dia de oxi-gênio/nitrogênio líquidos e 8 t/diade argônio líquido.

Em 1976, esta planta foi inau-gurada e iniciaram-se as opera-ções com gases industriais a gra-nel, principalmente para os Esta-dos de São Paulo e Rio de Janeiro.Neste mesmo período, a Air Pro-ducts iniciou a comercializaçãode hidrogênio obtido através daeletrólise de água e de processosquímicos. Mais tarde, importou osprimeiros containers contendogás hélio liquefeito para suprir o

Unidade de Separação de Gases do Ar em Cubatão- SP.

mercado de "off-shore".O início dos anos 80 marcou a

expansão geográfica da Air Pro-ducts que passou a atender alémdos Estados de São Paulo e Rio deJaneiro, Minas Gerais, Paraná eSanta Catarina. Já em 1984, a AirProducts instalou uma modernaunidade produtora de gases espe-ciais, gases industriais e misturasgasosas. Um ano mais tarde, jáfornecendo seus produtos emquase todo o mercado nacional,além de vários países sulamerica-nos, a Air Products atingiu umconsiderável "market share". Em1985, com a venda do primeiroequipamento de diagnóstico paraRessonância Magnética Nuclear(RMN), a Air Products importou osprimeiros equipamentos acondi-cionadores de hélio líquido (nãomagnetizáveis) em operação noBrasil.

Antevendo uma demanda repri-mida e a necessidade de gases dealtíssima pureza, principalmente

para atender a indústria eletrôni-ca, iniciou-se a construção de umanova unidade produtora de gáshidrogênio com capacidade para500.000 m3 mensais em sua pri-meira fase. Aquela altura a produ-ção da planta de Mogi das Cruzes,SP, já havia saltado das 275 t/diainiciais para mais de 400 t/dia deoxigênio/nitrogênio líquidos e 12 t/dia de argônio líquido.

Atualmente, a Air Products rea-liza os trabalhos para a construçãode uma nova planta para a separa-ção de ar atmosférico no sul doBrasil e finaliza a expansão da suaunidade produtora de gases espe-ciais e misturas gasosas. Apesardeste crescimento obtido por pou-cas empresas, os planos da AirProducts não param por aí. Outrosprojetos já estão em estudos bus-cando sempre o aprimoramentotecnológico para, em última análi-se, auxiliar seus clientes na obten-ção de um desenvolvimento in-dustrial compatível com os desa-fios do mercado brasileiro.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

Nitrogênio N2. o

o

Há uma grande diversidadenos usos de nitrogênio,conseqüência dos esforços de produtores para acharaplicações para o que era considerado um subprodu-to na obtenção de oxigênio. Hojeo quadro é outro e háaté casos de unidades que procuram novos usos deoxigênio para balancear a demanda de nitrogênio.

O nitrogênio proporciona uma atmosfera inerte paragarantir a qualidade e segurança em diferentes pr-o-cesso de fabricação. Seus principais consumidoresestão na indústria química e eletrônica (este últimosegmento requer purezas cada vez mais altas). Atmos-feras inertes também são utilizadas no proeessamentoe tratamento de metais.

A indústria alimentícia é outro importante consumi-dor. Além de seu papel como gás inerte para protegerprodutos sensíveis a oxidação pelo ar, como sucos,vinhos e óleos vegetais, o nitrogênio também pode serempregado para o congelamento rápido. Carnes,aves, peixes, frutas, legumes e alimentos semi-prepa-rados mantém suas propriedades quando submetidasa este tratamento.

Fornecedores: Acesita, Aeroton, AGA, Aganor, AirProducts, Belgo Mineira, Construtora Andrade Guttier-rez, Mannesmann, Oxigênio do Brasil, Oxigênio Nor-deste, White Martins.

o Gás Carbônico' CO2o

O gás carbônico (ou dióxido de carbono) compete,até certo ponto com algumas aplicações do nitrogê-nio. É um gás inerte, usado em refrigeração de ali-mentos, inclusive em processos de refrigeração rá-pida.

A indÚstria de refrigerantes é outra grande consumi-dora de gás carbônico. Sua principal aplicação naindústria química está na fabricação de uréia usadaem fertilizantes.

Fornecedores: Gás da Amazônia, Liquid Carbonic,Nitrofértil, Rhodia.

Oxigênio O2

O oxigênio encontra largo emprego na fabricaçãode metais e na siderurgia. Os outros tipos de utiliza-ção são mais variados. Entre estes estão a indústriaquímica, onde serve como agente oxidante barato, ehospitais.

O uso de unidades produtoras cativas para certostipos de finalidades é uma questão de volume e preço.À medida que são implantadas unidades mais eficien-tes próximas dos locais de consumo pode ser maisvantajoso adquirir oxigênio de um fornecedor do queproduzi-Io em quantidades abaixo de certos limites deoperação de unidade própria.

Fornecedores: Acesita, Aeroton, AGA, Aganor, AirProducts, Belgo Mineira, Construtora Andrade Guttier-rez, Ipes, Mannesmann, Monte Dourado, Oxigênio doBrasil, Oxigênio do Nordeste, Usiminas, White Martins.

Hidrogênio H2

O hidrogênio, o mais leve dos gases, é um conveni-ente agente redutor. É um combustível muito "limpo",gerando apenas vapor de água e chegou a ser consi-derado um importante vetor energético no auge da"crise do petróleo". Caso os custos de células fotovol-táicas possam ser reduzidas, o hidrogênio poderá sergerado economicamente por energia solar.

O hidrogênio é usado na indústria química, comomatéria prima na síntese de produtos como: amônia,metanol, peróxido de hidrogênio, bem como na pro-dução de polímeros e solventes. Na indústria farma-cêutica, encontra aplicação na fabricação de vitami-nas e outros produtos. É também importante a parti-cipação deste gás na indústria alimentícia, para ahidrogenação de óleos vegetais e produção de marga-rinas. Na metalurgia, o hidrogênio é considerado umótimo gás redutor, usado em processos de sinteriza-ção, redução de minérios, brazagem, recozimentos etratamentos térmicos em geral. Outro segmento quevem utilizando-o cada vez mais é o eletrônico, naprodução de fibras óticas, semicondutoras e circuitosintegrados.

Fornecedores: Acesita, Air Products, Bann, Bayer,COR, Hoechst, Nitrofértil, Pan Americana, Rhodia,Swedish Match.

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..

DE QUíMICAINDUSTRIAL

- J1'..

PSA PARA OBTENÇAO DE OXIGENIO-

E MEMBRANA PARA A PRODUÇAOJ1'..

DE NITROGENIO*Marcelo de Oliveira Lemos

White Martins

Introdução

Há diversas formas de pro-dução e fornecimento paraoxigênio e nitrogênio, quais

sejam: cilindros de gás, entregasde líquido criogênico, sistemas demembranas on-site (somente paranitrogênio), sistemas PSA on-site(para oxigênio e nitrogênio), plan-

tas criogênicas on-site e gasodu-to. O tipo de fornecimento maisadequado a um determinado con-sumidor depende de vários aspec-tos, tais como pureza requerida,consumo horário e pressão dese-jada.

Neste trabalho serão descritos

os processos PSA e de membra-nas para produção de oxigênio enitrogênio, respectivamente gáson-site. Uma breve introduçãosobre o histórico da aplicaçãodestes processos e os níveis deprodução aos quais se adequam éfeita a seguir.

Sistema PSA

Osurgimento do processo deabsorção em peneiras mole-culares para produção de oxi-

gênio data do início da décadapassada.

Inicialmente, as plantas de se-paração de ar faziam uso de qua-tro leitos adsorventes, sendo asetapas de adsorção e regenera-

ção realizadas em presença depressões positivas (acima dapressão atmosférica). Posterior-mente, o número de leitos foi redu-zido para três, com as etapas deadsorção e regeneração aindarealizadas à pressões positivas.

A tecnologia atual faz uso deapenas dois vasos adsorventes,

sendo a etapa de regeneraçãorealizada à vácuo.

As unidades PSA permitemproduzir oxigênio com pureza deaté 93% e capacidade de produ-ção de 30 toneladas por dia, emuma única planta.

~.

~

Sistema de Membrana

A tecnologia de separação dear por permeação através demembranas cresceu em im-

portância e desenvolvimento na

*Trabalho apresentado no Encontro deProdutores/Consumidores de Oxigênio, Curi-tiba, Paraná, 12 a 15 de setembro de 1989.

década atual. Os sistemas demembranas para produção de ni-trogênio gás vem adquirindo cres-cente utilização na América doNorte e na Europa. Este sistema seaplica para produção de até 900Nm3jh (com única planta) ou maisde nitrogênio. à pressões de 9,6

bar (g) (sem compressor de pro-duto) e com purezas na faixa de 95a 99,5%. Purezas mais elevadaspodem ser alcançadas através dainclusão de uma unidade catalí-tica para remoção de oxigênio(Deoxo).

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"@I"~f'lDE QUIMICAINDUSTRIAL

Processo PSA para Obtenção de Oxigênio

Aunidade PSA utiliza um pro-cesso de adsorção por va-riação de pressão para pro-

duzir oxigênio gasoso com pu-rezas tipicamente na faixa de 90 a93%.

a processo consiste na com-pressão do ar ambiente, previa-mente filtrado para remoção departículas suspensas. a ar passaentão num pós-resfriador, ondesua temperatura é reduzida à cer-ca de 40°C e num separador deumidade que retira a água con-densada durante o resfriamento.

a ar a seguir é alimentado emdois vasos de adsorção. Estes lei-tos são empregados para propor-cionar um fluxo contínuo e cons-tante de produto. Nos vasos, osleitos de peneiras moleculares se-

letivamente adsorvem nitrogênio,dióxido de carbono, vapor d'águaremanescente e todas as impure-zas contidas na corrente gasosa,produzindo oxigênio gasoso a93%. a ciclo opera entre duaspressões, adsorvendo e separan-do na pressão acima da atmosféri-ca, dessorvendo e eliminando osprodutos residuais na pressãoabaixo da atmosférica (vácuo).

a vácuo é atingido por intermé-dio de uma bomba de vácuo insta-lada no sistema.

Tanto a adsorção quanto a re-generação são automáticas e efe-tuadas variando-se apenas a pres-são nos vasos.

Não há necessidade adicionalde aquecimento ou resfriamentode resíduos.

As impurezas removidas duran-te a despressurização e purga sãoretomadas para a atmosfera.

a oxigênio, proveniente do sis-tema PSA é comprimido em umcompressor de produto e final-mente resfriado em trocador decasco e tubos, sendo então envia-do ao gasoduto do consumidor.

a sistema de controle integra-do, composto por um conjuntofuncional de microprocessadores,regula automaticamente o ciclo deadsorção e o suprimento de pro-duto para as condições de de-manda, ajustando-se internamen-te de modo a reduzir o consumo deenergia quando a demanda é re-duzida.

Processo de Membranas paraProdução de Nitrogênio

A tecnologia para separaçãogasosa por permeação faz

. uso de membranasque sãocomo finíssimos tubos capilares.Alguns compostos são capazesde permear através da membranarapidamente, alcançando o tubointerno. o que permite realizar aseparação.

a princípio de operação daseparação de gases através demembranas não é complicado;Cada componente da mistura ga-sosa a ser preparada possui umataxa de permeação característica,a qual é função da capacidade dese difundir através das membra-nas. As diferentes taxas de per-meação são usadas para separar

um gás "rápido" (exemplo: oxigê-nio) de um gás "lento" (exemplo:nitrogênio).

A força motriz para a-separaçãoé a diferença entre as pressõesparciais de um determinado com-ponente nos lados interno e exter-no da membrana. .

Existem duas formas possíveisde estrutura para as fibras capila-res, quais sejam:

. Estrutura assimétrica: A fi-bra é constituída de um único ma-terial polimérico.

. Estrutura composta: Doismateriais poliméricos são usadosna fabricação da fibra (material deseparação é diferente do materialde suporte). Esta estrutura é a uti-

lizada na tecnologia Union Carbi-de.

Na tecnologia em discussão asfibras são arrumadas na forma decartuchos. a númerode cartuchosde membrana utilizado em um de-terminado sistema depende daprodução de nitrogênio desejadae do nível de pureza requerida.

a ar atmosféricoem base secaapresenta cerca de 78% de nitro-gênio, 21% de oxigênio e 1% deargônio, em volume.

No processo de separação porintermédio de permeação atravésde membranas o ar é filtrado. com-primido, resfriado e enviado paraseparador de umidade. a pré-con-dicionamento do ar é concluído

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..

"I~l'f"!'"De QUíMICAINDUSTRIAL

com a passagem do mesmo porfi Itros.

Ao entrar nos módulos demembranas, oxigênio, dióxido decarbono e vapor d'água permeiamrapidamente através das fibrascapilares, escoando para o interiordas mesmas, sendo coletados nolado de baixa pressão e ventados,em local seguro, para a atmosfera.

O nitrogênio não permeia rapi-damente, escoando ao longo docartucho. A pureza do gás queescoa pelo lado externo do cartu-

cho aumenta conforme o oxigênio,dióxido de carbono e vapor d'águasão removidos do ar. Quantomaior a exposição do ar às fibrascapilares, maior será a pureza donitrogênio produto.

A corrente de gases que per-meou as fibras é coletada à pres-são reduzida em uma cfas extremi-dades do cartucho. A corrente quenão permeou (nitrogênio) é remo-vida por um coletor interno do car-tucho na extremidade oposta e auma pressão basicamente igual à

do ar alimentado. O nitrogênio éentão dirigido ao sistema de distri-buição do consumidor, de acordocom a vazão volumétrica, pressãoe pureza desejados.

Outra grande vantagem dasunidades de separação por mem-brana é a flexibilidade que forne-cem quanto a ajuste da purezadesejada. Uma mesma unidade écapaz de produzir 40 Nm3/h, com99% de pureza ou 110 Nm3/h denitrogênio a 95% de pureza.

Conclusão

Conforme visto nos itens ante-riores, os processos PSA ede membranas para produ-

ção de oxigênio e nitrogênio, res-pectivamente, são bastante sim-ples e a tecnologia envolvida tem

avançado fortemente nos últimosanos.

A possível aplicação destesprocessos para geração on-sitedeve ser analisada em função dasvazões e purezas desejadas. A

simplicidade e confiabilidade ope-racionais são características des-tas unidades. A integração comsistema de "back-up" garante o for-necimento de produto em caso deparada das unidades de geração.

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

III ENCONTRO BRASilEIRO

SOBRE ENSINO,

DA ENGENHARIA QUIMICA

"Amissão e a essência daengenharia química éfornecer os processos

para fazer os materiais desejadospelo homem - processos novos emelhorados para substituir osmais antigos e menos eficientes, eprocessos para fazer materiaiscompletamente novos."

Estas foram as palavras usadaspelo Prof. Octave Levenspiel daOregon State University, EUA eautor de vários textos clássicos deengenharia química para abrir suapalestra sobre "Educação emEngenharia Química - Para ondevamos daqui?" no 111ENBEQ. AREVISTA DE QUíMICA INDUS-TRIAL esteve presente ao Encon-tro e teve a oportunidade de con-versar com Levenspiel, com o Dr.Hely de Andrade Junior, Presiden-te da Associação Brasileira deEngenharia Química, promotorado evento, com membros da co-missão organizadora e com osprofessores, engenheiros e indus-triais que compareceram ao HotelSimon, em Itatiaia em setembropassado.

Segundo os organizadores, oEncontro atingiu plenamente seusobjetivos. Mais de oitenta pessoasrepresentando a maioria dos insti-tuições de ensino superior queministram cursos de engenhariaquímica estiveram presentes. Aindústria química no Brasil já atin-giu dimensões que a situam entreas maiores do mundo e dá sinais

de impressionante vitalidade emmeio à crise que o País atravessa.Engenheiros químicos estão emalta demanda no mercado de tra-balho (um estudo revela que re-cebem salários de 5 a 10% maisaltos do que outros profissionaisde mesma formação em empre-sas de engenharias).

Então qual é o problema?Membros da Comissão organiza-dora do evento apontam para adiversidade de instituições queoferecem o diploma de engenha-ria química (desde grandes uni-versidades públicas federais atépequenas escolas particulares) eo fato de que o currículo mínimode Engenharia Química está lon-ge de atender às necessidades daárea (na parte referente à forma-ção profissional inclui 3. matériasque são de conhecimento básicoe quatro matérias profissionali-zantes da Engenharia Químicapropriamente dita).

Além disso, apesar de suaposição como 9.a do mundo, aindústria química brasileira revelaum alto grau de dependência tec-nológica externa. Essa situaçãodeve ser analisada a luz do fato deque com o enorme desenvolvi-mento tecnológico de hoje em dia,tecnologias nascem e morremrapidamente. Novas tecnologiasestão substituindo as atualmenteem uso e várias delas não podemser compradas. Quem não tiveracesso ficará em grande desvan-

tagem competitiva.Uma das constatações que

surpreendeu. um pouco a comis-são organizadora foi o número depessoas que lecionam na gradua-ção em engenharia química. Olevantamento indicou 178 douto-res, 335 mestres, 197 com cursode especialização e 318 gradua-dos. Esses números parecem al-tos e podem incluir também osprofessores do ciclo básico e for-mados em química, física e mate-mática (segundo a CAPES háapenas 52 professores lecionandonos 8 cursos de mestrado e 5 cur-sos de doutorado em engenhariaquímica).

O número de vagas oferecidoanualmente em cursos de enge-nharia química é relativamentealto, mas dos 3.046 alunos queingressam, apenas 1.261 se for-mam. A taxa de evasão é, portan-to, de 59% e representa taxas quevariam de 7 a 8%, dependendo doprograma.

Os currículos praticados tam-bém variam tremendamente decurso para curso. Para disciplinasde química, por exemplo, a cargahorária varia entre 510 e 1.440enquanto há casos nos quais al-gumas disciplinas como MáquinasTérmicas, Reatores, OperaçõesUnitárias nem constam do currícu-lo. Cerca de 40% das instituiçõesconsultadas não ensinam nadasobre transferência de massa ousobre termodinâmica química!

19J

DE QUíMICA:,INDUSTRIAL

Diagnóstico

Acomissão organizadora doevento, composta pelosProfs. Ronaldo Nóbrega e

Cláudio Habert (COPPE/UFRJ),Ricardo Medronho e Cartano deMoraes (Escola de Química/UFRJ),José Carlos Freire (Depar-tamento de Engenharia Química!UniversidadeFederal de São Car-los), Odete VieiraGonçalves (De-partamento de Engenharia Quími-ca!UFMG)fizeramum extenso le-vantamento dos 39 cursos de en-genharia química que funcionamno país. Visitaram36 delas pes-soalmente, entrevistandoseus di-rigentes e professores procuran-do dar prosseguimento aostrabalhos desenvolvidosnos doisEncontros anteriores.

Em um documento sobre oconteúdo programático essencial,são feitas as constatações a se-guir.

É necessário que o ensino setorne mais formativoe menos in-formativo,pois Engenharia é EN-GENHOSIDADE,e o ensino pater-nalista e meriimente informativoem nada contribuipara o desen-volvimentodo país. Isto.significaque, mesmo aqueles profissionaisque não pretendem prosseguirsua formação a nívelde mestradoou doutorado,devem possuir umaformaçãotal que permitao raciocí-nio consistente e a busca de solu-ções para os problemas que ve-nha a encontrar.

O conteúdo superficialdo atual"CurrículoMínimo"é extremamen-te perigoso, sendo, às vezes, pre-ferívelnão tê-Io,pois permiteden-tro da legalidade, que se ofereçaalgo inaceitável,comoseriao casode se lecionar "Operações Unitá-rias" apenas mostrando figuras e"slides" de equipamentos, sem aabordagem dos princípiosde fun-cionamento.

Devem ser tratados principal-mente, conteúdos relativos ao Ci-cio Profissional, mas não deve seresquecido que é imprescindívelum bom Ciclo Básico, especial-mente nas áreas de Matemática eQuírnica (Orgânica e Inorgânica).

No atual Currículum Mínimo,háuma matéria denominada de "Quí-mica Descritiva", o que por si só éuma péssima denominação pois jápressupõe um ensino da químicade forma "decoreba" memorizadae não pela compreensão dos prin-cípios básicos das reações quími-cas.

Quanto à Matemática, não éexplicitado como conteúdo a reso-lução de equações diferenciais,por exemplo, e apenas CálculoDiferenciale Integral, que pode serabordado apenas nos conceitosfundamentais e não nas aplica-ções práticas.

Sem estes conhecimentos bá-sicos torna-se quase que impossí-velo desenvolvimento de proces-sos, o controle e a simulação prin-cipalmente.

Quando ao Ciclo Profissional,"Operações Unitárias" inclui comoconteúdo apenas "OperaçõesUnitárias Principais, Equipamen-tos Empregados na Indústria Quí-mica, Cálculo de reatores. Nãomenciona que devem ser aborda-dos tópicos, tais como balançosde massa e energia específicos,condições e cálculos de equilí-brios,de fase e cálculos de equipa-mentos. Não há necessidade dese abordar todas as operaçõesunitárias, mas as que forem lecio-nadas devem abranger um altoconteúdo teórico-prático. No casoextremo teríamos a condição aci-ma descrita.

Isto sem falar na Cinética e Cál-culo de Reatores mencionadaapenas superficialmente no currí-

culo mínimo dentro da matéria"Operações Unitárias". Sabe-seperfeitamente que é extremamen-te importante a abordagem nãoapenas de reatores em fase homo-gênea, como também em fase he-terogênea (onde, aliás, se verificao maior número de casos indus-triais).

Outros pontos extremamenteimportantes são: a parte experi-mental dos cursos e a utilização decomputadores de pequeno egrande portes ao longo do desen-volvimento dos cursos, e não ape-nas em uma disciplina específicade computador.

Quanto à parte experimental,torna-se quase que vital o espaçopara que o aluno realize experi-mentos não apenas comprobató-rios de resultados e por receitasfixas, mas também outras, comcerto grau de liberdade, onde te-nha que fazer levantamento biblio-gráficos e outros para sua realiza-ção onde possa exercer sua criati-vidade.

Outra discussão que deve serlevantada, tal como ocorre atual-mente em todo o mundo, é a deque até que ponto devem ser in-troduzidas disciplinas relativas àsnovas áreas do conhecimento.Estas devem aparecer como ape-nas opções? Obviamente, um realaprendizado dos fundamentos emáreas, tais como termodinâmicaaplicada, fenômenos de transfe-rência e outros, permite muito maisfacilmente a adaptação aos novosconceitos e tecnologias. Por isso,deve-se ter o cuidado de não limi-tar este aprendizado em função daabertura de espaço para outrosconhecimentos específicos.

Finalmente, há a questão da in-fra-estrutura. Além de laboratóriose computadores, boas bibliotecas

'I

20

DE QUíMICAINDUSTRIAL

são também essenciais para pro-fessores e alunos. Mesmo em uni-

dades que não desenvolvam pes-quisa, elas permitem pelo menos

acompanhar desenvolvimento na-cional e mundial.

Reflexões Sobre o Ensino

Aconferência de abertura doEncontro coube ao Dr. Ro-berto Villa, engenheiro quí-

mico e Diretor Industrial da Petro-

brás. As suas palavras são trans-critas a seguir.

"Recebi com satisfação. o con-vite para proferir a Conferência deabertura do 111Encontro Brasileirosobre o Ensino da EngenhariaQuímica.

Transmito, em meu nome e daDiretoria da Petrobrás, o nossoreconhecimento da importânciadeste evento e nossa confiançaem que as discussões e trabalhosneste encontro trarão contribui-ções à qualidade do ensino daEngenharia Química.

"Estou consciente de que acomissão organizadora espera demim algumas considerações so-bre os profissionais da Química,baseadas em mais de duas déca-das de experiência profissional nosetor. "

"É o que tentaremos fazer,apresentando algumas refle-xões."

"E o que significá reflexão? Éum repensar, como nos diz o ver-bo latino reflectere - que se traduzpor "Voltar atrás."

Voltando, encontramos emAugusto Comte, Émile Durkheim eoutros as bases da funcionaliza-ção do homem, dentro da defini-ção de sociedade como uma cole-tividade na qual foi reservada umafunção a cada um, devendo estamesma sociedade preparar o indi-víduo para exercer a sua função,definindo-se previamente a suaação - padrão.

Nesta visão, a formação educa-cional procura ser pragmática.Tenta formar o homem para o tra-balho essencialmente definido

nos seus contornos. Trabalhomecânico e repetitivo.

E aqui, a educação é um pro-cesso de repetição, ou, o quemesmo, um processo que preparapara a repetição.

Refletindo - voltando - um pou-co mais, encontramos a figura deLeonardo da Vinci. Para ele, pintaruma tela, estudar a anatomia hu-mana, a geometria, ou projetar oesquema técnico de um helicópte-ro constituíam uma única atividadeintelectual.

"A divisão do homem-arte téc-nica nasce posteriormente com oromantismo e seus conceitosapaixonados sobre a genialidadeindividual, e sobre o papel do ima-ginário na arte. A arte.diz respeitoà vida interior. À subjetividade dohomem, enquanto a técnica émecânica e objetiva, estando, emgeral, a serviço do poder. Porquea máquina desumaniza o homem ea arte a ela se opõe, proclamandoa autonomia do espírito.

"Nestas reflexões - e esperonão os decepcionar, por ainda nãoabordar o nosso tema - queremostrazer o encontro do homem com ohomem. A sua reintegração ou asua reintegridade.

A Física Moderna, por exemplo,

transcende a visão cartesianamecanicista do mundo, e nos con-duz para uma concepção holísticae intrinsecamente dinâmica douniverso.

"Assim também, o objeto dasnossas discussões neste encon-tro - a Educação - não pode e nãodeve procurar definir papéis nemfunções. Se assim o fazemos, onosso educando dificilmente seráum criador ou um produtor da His-tória Será apenas um continua-dor.

"Entendemos também que oprocesso educacional não podefundar-se numa compreensão doshomens como seres vazios a se-rem preenchidos por conteúdos:Não pode ser baseado numaconsciência especializada, com-partimentada, mas nos homenscomo consciências intencionadasao mundo. Assim, acreditamos naeducação problematizadora decaráter autenticamente reflexivo,que busca a emersão das cons-ciências e sua inserção crítica narealidade.

"Chego, finalmente, ao nossoENBEQ.

"Li o documento básico repro-duzido pela comissão organizado-ra, tentei captar a essência das

Os Srs. Roberto Vil/a, Roberto Teixeira e He/y de Andrade Jr.

21I

J

,DE QUIMICAINDUSTRIAL

preocupações ali demonstradase tentarei, daqui por diante, cum-prir com o meu papel de profissio-nal experiente na indústria de pro-cesso, levantando alguns pontos:

"- Os conteúdos básicos nãodevem ter a sua importância redu-zida para privilegiar o pragmatis-mo, a presença adequação aomercado de trabalho. Sei que nãoé fácil encontrar o ponto de ajuste,se é que existe um.

"- As cadeiras ditas de enge-nharia devem, sem perda da suaimportância manter o seu caráterde instrumentos e jamais de finali-dade. Refiro-me às visões excessi-vamente enfáticas em operaçõesunitárias - o instrumento - quando

a finalidade é o processo integra-do:

"- Conteúdos como comporta-mento em organizações desenvol-vimento gerencial devem ser facul-tados aos graduandos, creio que éde Thomas Edson este pensa-mento: "Podem destruir minhasmáquinas, meus prédios. Afinal,rninha empresa. Deixem entretan-to, íntegras as pessoas, que re-construirei tudo, fazendo-o melhorque antes.

"O trabalho nas organizaçõesocorre através e com as pessoas,sempre. O cartesianismo e a visãoarrogante dos cursos tecnológi-cos sobre os de humanidades fa-zem de não poucos engenheiros,tecnicamente bem preparados,

verdadeiras inviabilidades dentrodas organizações.

"Acredito que alguns conteú-dos que mostrem a existência e aimportância do assunto devam serfacultados aos graduandos, valori-zando assim as ciências humanas.

"Finalizando, quero ressaltar aimportância da figura do mestreneste processo. A sua importânciaé maior como conjunto de valoreséticos profissionais e humanos doque como meros transferidores deconteúdo.

"E se pergutamos quem educaos educadores?, provavelmenteficamos com a resposta do Riobal-do do nosso Guimarães Rosa, quediz que o mestre é aquele que derepente aprende."

A Visão da Indústria

Odestino da maioria dos en-genheiros químicos forma-dos no Brasil é a indústria.

Assim, uma mesa-redonda sobre"A Visão da Indústria sobre a For-mação do Engenheiro Químico"revelou o prisma sob o qual o pro-fissional vai aplicar aquilo queaprendeu na faculdade.

A mesa foi coordenada peloProf. Saul G. Dávila (UNICAMP) econtou com participação dosDrs. Roberto Teixeira (ABIFINA).Marco Antonio Vil/as Boas (COPE-SUL), e Nilo índio do Brasil (SE-DES/Petrobrás). Cada um dosparticipantes apresentou o seuângulo do problema e o assuntoem seu global foi debatido em ple-nário.

A visão da empresa que atuaem química fina foi proporcionadapor Teixeira. Ele fez questão delembrar que a química fina estávoltada para o desempenho de umproduto e não o produto em si.Sendo intensivo em tecnologia, osegmento é fortemente controladopor empresas multinacionais,quetem um acesso aos conhecimen-

tos de suas matrizes, enquanto asnacionais, principalmente as pe-quenas e médias, tem que recorrerà pesquisa. A empresa de químicafina vende um serviço e não umproduto e seus técnicos precisamentender também as aplicaçõesfinais do que produzem. Em umaempresa de porte pequeno oumédio isto requer pessoas comconhecimentos de medicina, agro-nomia, biologia, etc.

No tocante a formação do en-genheiro químico, Teixeira lembraque os atuais cursos foram forte-mente influenciados pelas neces-sidades da petroquímica, que nãotinha problemas de desenvolvi-mento tecnológico. Uma das prin-cipais dificuldades é que o enge-nheiro não tem muita familiaridadecom a química. Assim ele não sabeo que pedir à pessoa que realizou

uma síntese (por outro lado, o quí-mico sintético não sabe "enge-nheirar" o seu produto).

Além de sugerir que se formeum engenheiro mais voltado parao lado da química, Teixeira gosta-ria que ele pudesse fazer a análise

de um projeto, inclusive em termosde "scale up". Ele não hesita emfazer essas recomendações pois osegmento de química fina não émais tão pequeno. No ano passa-do o faturamento foi de 4,7 bilhõesde dólares ou seja, do tamanho dapetroquímica.

A porta de entrada do enge-nheiro químico na Petrobrás é oSEDES (Serviço de Desenvolvi-mento de Recursos Humanos). Oórgão possui uma larga experiên-cia na formação de profissionaispois os cursos começaram mesmoantes da criação da empresa, sen-do depois incorporados em suasatividades.

O curso de engenheiro de pro-cessamento, por exemplo, visauniformizar conhecimentos e com-plementar a formação (30% de seuconteúdo). O concurso de admis-são é calcado em assuntos bási-cos e proporciona uma visão privi-legiada da formação qüe o profis-sional traz da faculdade (no con-curso deste ano apenas 12% dosinscritos responderam uma ques-tão simples de balanço de massa,

-II

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

por exemplo).As observações de que o con-

curso favorece os formandos noRio de Janeiro foram refutados poríndio do Brasil. Ele mostrou que onúmero de aprovados por região éestatístico e representa uma pro-porção quase igual à do númerode inscritos (cerca de 40% do Rio,20% de São Paulo, 20% do RioGrande do Sul e o restante dosoutros estados). Em termos deinstituição, a situação dos forma-dos no Instituto Militar de Enge-nharia é destacada, pois dos trêsinscritos todos passaram nos pri-meiros dez lugares (o primeiro, in-felizmente, não ficou na petrobrás- tinha uma oferta melhor).

índio do Brasil reclama da for-mação básica. Além do exemplodo balanço de massas ele apontaos fatos de que 99% das pessoasnão sabem o que é uma emulsão(largamente empregada na for-mulação de grande número deprodutos químicos) e que faltamaté conhecimentos sobre o siste-ma internacional de unidades(enquanto os EUA estão adotandoo sistema internacional muitosengenheiros brasileiros ainda utili-zam o sistema inglês).

A visão de uma empresa deprocessamento petroquímico foiproporcionada por Vil/as Boas. ACOPESUL emprega 72 engenhei-ros químicos distribuídos em suastrês áreas de atuação: 41 na pro-dução que inclui operação, pro-cesso, programação da produção

e meio ambiente; 16 no planeja-mento' que inclui as funções comer-ciais como análise comercial, aná-lise mercadológica e vendas/as-sistência técnica; e 15 em pesqui-sa e desenvolvimento, que incluipesquisa, análise de processos,síntese de processos e projetobásico (a COPESUL não realizapesquisas próprias, preferindocontratá-Ias ao IPT, COPPE,UFRGS, CIENTEC, etc.).

Villas Boas fez um extenso tra-balho junto aos engenheiros quí-micos que atuam nas três áreas daCOPESUL para verificar quais osrequisitos para o seu trabalho queeram proporcionados pelo cursouniversitário. Ele constatou que,de uma maneira geral, a formaçãobásica atende os requisitos mashá ressalvas quanto a formaçãoprofissional (termodinâmica,transferência de calor e massa,cinética/cálculo de reatores, porexemplo). A maior deficiência foiverificada em matérias relaciona-das a disciplinas complementares,onde alguns como instrurnenta-ção ou administração de pessoaleram atendidos com ressalvasenquanto outras, como meio am-biente, metodologia da pesquisa,e projeto de processos, não eramatendidos. Uma das maiores defi-ciências apontadas é a falta dehabilidade no enfoque sistemáticoà solução de problemas. Para su-perar essas deficiências, a maiorparte dos engenheiros recebeutreinamento subseqüente, princi-

paimente no CENPEQ.As recomendações de Villas

Boas são no sentido de reforçar abase científica (física, química, ter-modinâmica, fenômenos de trans-porte) e computacional (existemvários novos programas que po-dem ser utilizados em engenhariaquímica). Ele sugere que se intro-duza no curso um projeto que levea familiarização com a síntese deprocessos.

Os membros da mesa estãotodos de acordo com um ensino denatureza formativa (em contrapo-sição com a informativa) e quantoa necessidade do ensino experi-mental (recomendam o estágiocomo forma de contornar as defi-ciências de meios para oferecerpráticas). Não há consenso sobrea introdução de humanidades emlugar de cursos de natureza técni-ca e muito menos sobre as açõesque cabem à indústria.

Em relação a esse último as-sunto Dávila acha que conseguiumostrar que as universidades res-pondem bem ao mercado de tra-balho. Ele apresentou um gráficono qual o número de engenheirosquímicos formados acompanhade perto o rápido crescimento daindústria. Durante o início do pe-ríodo o número de pós-graduadospermanecia essencialmente cons-tante. Em anos recentes, quando aindústria passou a preocupar-secom o desenvolvimento tecnológi-co, a curva referente aos pós-gra-duados também passa a acompa-nhar o da indústria.

Aonde Vamos Daqui?

Essa foi a pergunta formuladapor "Otávio", o nome que oProf. Octave Levenspiel fez

questão de usar para apresentar-se aos participantes do 111ENBEQ.Figura de grande dimensão huma-na e um professor nato, Levenspielteve uma influência marcante so-

bre toda a condução do Encontro.Simples e direto, ele procurou in-formar-se do que estava ocorren-do em sua volta e não hesitou ememitir conselhos e opiniões. Aconferência que ele proferiu foi umprimor de didática servindo paraprovocar uma profunda reflexão a

respeito do ensino de EngenhariaQuímica (suas "Regras de Otávio"sobre a educação foram freqüen-temente citadas nos debates sub-seqüentes).

Levenspiel confessa que gos-tou muito da idéia de preparar umaconferência sobre "Educação em

23

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

"Otávio" teve uma influência marcante.

Engenharia Química - Aonde Va-mos Daqui? Nunca lhe haviam so-licitado algo semelhante e ele en-controu um excelente motivo parafazer a análise de um assunto noqual tem muita experiência masnunca havia considerado de talângulo.

Como descrever o trabalho rea-lizado por um engenheiro quími-co? Levenspiel encara-o como ode um cosinheiro de alta tecnolo-gia. Como evoluiu através dosanos? Levenspiel traça suas ori-gens ao processo Leblanc, desen-volvido à época da revolução fran-cesa para substituir a importaçãode barrilha, bloqueada pela mari-nha inglesa. Esse foi o primeiroprocesso destinado a obter umdeterminado produto químico emescala industrial (e a gerar umatremenda poluição) e só foi substi-tuído pelo projeto Solvay em mea-dos do século dezenove. Entreoutros marcos, Levenspiel desta-ca o processo Haber-Bosch, ba-seado em alta pressão e tecnolo-gia sofisticada no início do presen-te século, e a utilização do catali-sador de platina por Ipatiev nadécada de 1930.

Outras tendências detectadaspor Levenspiel foram: a influênciada pesquisa e desenvolvimentoindustrial sobre o ensino a mudan-ça nos padrões de educação, pas-sando de aspectos descritivospara os quantitativos; o dimensio-namento de equipamento utilizan-

do conceitos de velocidade dereação, cálculo, e balanços mate-riais; o uso de grupos adimensio-nais (o número de Reynolds, porexemplo); e a evolução do contro-le de processos até sua simulaçãopor computador e otimização emlinha. Ele destaca também a im-portância de bons livros texto naênfase que é dada a cada aspectoda engenharia química, como o deDodge, Weber e Meissner sobre atel'modinâmica nos anos de 1930 eo de Bird sobre fenômenos detransporte em 1958.

O aparecimento de novos as-suntos e conceitos representa umproblema, pois de acordo com aprimeira regra, de Otávio: "Se al-guma coisa for adicionada, outraterá que ser removida". O que de-termina os rumos do ensino daengenharia química? A segundaregra de Otávio é dedicada àquestão. Diz: "a engenharia quí-mica serve a indústria logo eladeve se adaptar e ela se adaptaráe se modificará para seguir osrumos tomados pela indústria".

As tendências na pesquisa eeducação são apontadas pelo "Re-latório Amundson" preparado por92 especialistas durante um perío-do de três anos para o NationalResearch Council (o equivalentedo CNPq nos EUA). Na parte refe-rente à pesquisa as recomenda-ções são dirigidas às agências defomento e quase sempre são nosentido de "mais apoio" ou "cres-cimento". Para o meio acadêmico,há recomendações mais concre-tas como: o atual programa básicoé adequado para as indústrias deproce'ssos químicos mas novasáreas de aplicação requeremmodificações do currículo.

. proteção ambiental;

. segurança de processos; ..computação avançada;

. "design";

. controle de processos;Devem ser tratadas as moléculaspequenas e grandes, interfaces,

superfícies, sólidos e compósitos;as operações unitárias e separa-ções devem tratar o bioprocessa-mento e ultrafiltragem, dar menosênfase' à destilação, absorção eextração convencional e dar maisênfase a separação altamente se-letiva; "design" e operações uni-tárias devem ser modificados;deve-se colocar mais ênfase sobre"design" e controle para a segu-rança de processos e minimizaçãode rejeitos.

O relatório afirma, também queespecialidades emergentes re-querem uma maior exposição aoutras disciplinas. O engenheirobioquímico, por exemplo, devefamiliarizar-se com sua linguageme conceitos, a biologia molecularem particular. Materiais avança-dos requerem mecânica estatísti-ca e do contínuo; materiais eletrô-nicos, mais engenharia elétrica efísica do estado sólido; engenha-ria de materiais, fenômenos inter-faciais e de superfície.

Como incluir tudo isso? Le-venspiel recomenda utilizar ocomputador como veículo demudança. Não vai mais ser neces-sário perder tempo para resolverproblemas complexos e cansati-vos. Essa tarefa pode ficar com oespecialista e seu computador. Osprofessores de engenharia quími-ca, por sua vez, podem se con-centrar em conceitos e aplicaçõessimples.

Alguns exemplos são:Matemática - eliminar a divisão,

raiz quadrada, raiz cúbica e trigo-nometria;

Estequiometria - resolver pro-blemas simples;

Termodinâmica - ciclos, fluxosupersônico, equilíbrio químico ede fases,se superpõem;/

Operações Unitárias - destila-ção multicomponente, novas se-parações, cristalização, balançosde população, efeitos elétricos;

Química Orgânica - diminuir eadicionar bioquímica;

24

DE QUíMICAINDUSTRIAL

Físico - Química - muita dupli-cação como termodinâmica, equi-líbrio de fases, cinética;

Bioquímica - adicionarFenômenos de Transporte - o

valor real está na tradução de fe-nômenos químicos para a mate-mática... pode-se chamar de mo-delagem matemática;

Fluídos e Calor - mais geral.A grande ênfase deve ser colo-

cada na solução de problemas.Levenspiel acredita que o enge-nheiro químico deve, acima detudo, aprender a raciocinar. Elefica contente quando consegueelaborar um novo problema e oscursos que leciona contam comum teste por semana e muito deverde casa (na aula, o aluno podeestar prestando atenção mas tam-bém pode estar dormindo). Suaspráticas são feitas com uma apos-tila contendo a "receita de bolo",mas estão sujeitas a algum tipo desabotagem por parte de um assis-tente e é necessário descobrirporque a prática não deu certo.

Qualquer exercício se obriga apensar, mesmo se a resposta só

puder ser dada em termos de or-dem de grandeza. Ele exemplifi-cou com o custo de transporte debananas entre Honduras e a cida-de de Chicago, nos EUA. Usandoos dados disponíveis ("morda umpedaço da banana e coloque emágua para verificar a densidade","utilize a tarifa domiciliar para aenergia elétrica", etc.) ele mostrouque o custo seria de dois centavosde dólar por quilo!

Mas o conteúdo sozinho não ésuficiente para formar um bomengenheiro químico. Nos EUA nãohá qualquer requisito para se ob-ter um diploma e há organizaçõesdispostas a vender diplomas aqualquer um. O que importa é se odiploma é fornecido por uma insti-tuição credenciada pelo Accredi-tation Board of Engineering andTechnology. A organização, que émantida por sociedades científi-cas e profissionais, faz periodica-mente um exame rigoroso dosprogramas que formam engenhei-ros. Aqueles que não atingemseus requisitos são suspensos ourecebem um prazo para corrigir

suas deficiências. As empresasmantém registros da origem deseus engenheiros e faz~~m,"ran-kings" -próprios de universidades.É interessante notar, inclusive,que muitas vezes os programasque formam os melhores alunosde graduação são completamentediferentes dos que formam os me-lhores pós-graduados. .

Levenspiel faz questão de lem-brar que nem sempre um excelen-te aluno vai ser um bom funcioná-rio. Há posiçàes nas quais o rela-cionamento interpessoal é muitoimportante e aquele que acha quesabe tudo pode causar sérios pro-blemas. As empresas analisamseus potenciais contratados atra-vés de estágios, visitas e entrevis-tas ou consultam seus professo-res, dando grande importância àsqualidades pessoais. Para algu-mas empresas, o recrutamento éuma de suas funções mais impor-tantes, pois uma decisão erradana contratação pode sair muitccara depois.

R E V I,S T ADE QUIMICAINDUSTRIAL

NOVO ENDEREÇO:RUAALciNdo CUANAbARA,24GR. 1606

TElEfONE:(021) 220..0087200J1 .. Rio dE JANEiRO"RJ

25-....

"I~'I"I~'~"DE QUíMICAINDUSTRIAL

-ALIMENTOS: A QUESTAO

DOS ADITIVOS

Aárea de alimentos é uma dasmais ativas na modernapesquisa química. Alimentos

são agregados de substânciasquímicas que Ihes conferem certaspropriedades organolépticas esão responsáveis por seu valornutritivo.

O que se entende por Alimentossão sistemas químicos com-plexos. Segundo um "Simpósiosobre a química do Ciclo Alimentí-.cio", realizado alguns anos atrás(Journal of Chemical Education,Abril de 1984, página 270) as ne-cessidades fisiológicas do serhumano são atendidas por umaseqüência contínua de reaçõesquímicas. Estas podem ser traça-das através de cinco etapas distin-tas: crescimento, corte/colheita,processamento, armazenagem econsumo.

Na primeira etapa há uma bio-síntese de biopolímeros que ocor-re através de reações químicascomplexas, fortemente influencia-das por fatores ambientais de na-tureza bio-geoquímica. Essas rea-ções são interrompidas pela co-lheita da planta ou morte do animalsendo substituídos por processosenzimáticos. As enzimas contro-lam a senescência e a qualidadede alimentos derivados de plantase modificam, de forma acentuada,as propriedades físicas e químicasdo tecido muscular de carnes epeixes.

A fase de processamento podeimplicar no aquecimento, irradia-ção, congelamento, secagem outratamento químico do alimentopara fins de preservação ou me-lhoramento. As reações químicasenvolvidas são voltadas para ace-

lerar ou impedir processos como:- oxidação ou degradação de

lipídeos;- denaturação, agregação ou

degradação de proteínas;- hidrólise ou polimerização de

carboid ratos.O processador, distribuidor ou

consumidor final de um alimentopode tomar medidas visando a suaarmazenagem. Vários agentes sãoresponsáveis pela deterioração dealimentos e suas reações podemser aceleradas por temperatura,solvatação por água ou contatocom o oxigênio do ar. Princípios decinética química podem determi-nar a velocidade de deterioraçãosob diferentes condições.

Uma série de reações químicasestá relacionada ao consumo dealimentos. Há aquelas envolvidasno preparo de alimentos, quealte-ram a sua aparência ou gosto bemcomo as que ocorrem após suaingestão. Essas últimas correspo-dem aos processos químicos quefazem parte do estudo da nutriçãoe determinam o destino final decada constituinte bem como suainfluência sobre as funções vitaisdo corpo humano.

A área de alimentos é, essen-'cialmente, uma área química. Asua análise a nível de moléculas ereaçqes faz parte de uma iniciativada Associação Brasileira de Quí-mica que tem por objetivo relacio-nar conceitos fundamentais doensino de química, à pesquisa ci-entífica e tecílológica de base,química e as aplicações da quími-ca às diferentes atividades queafetam diretamente o bem-estar.Uma abordagem mais objetiva dequestões de natureza química

contribuirá também para desmisti-ficar (ou desmascarar) a ação decertos grupos. O recurso a argu-mentos que podem ser comprova-dos através de experimentos equantificados ao nível adequadoservirá para responder àquelesque por questões de naturezaemocional, ignorância ou mesmointeresses outros vem trabalhan-do contra a química.

Um exemplo ilustrativo é pro-porcionado pela questão dos adi-tivos. Durante o processamentode alimentos ocorrem muitas rea-ções mediadas por radicais livres(como as de oxidação) e o proces-samento químico de proteínasimplica em reações específicasque levam (intencionalmente ounão) a modificações funcionais ounutricionais. Há reações iniciadasdurante o processamento que le-vam a aditivos que ao lado dosaditivos introduzidos intencio-nalmente para fins de conserva-ção do alimento ou para torná-Iomais palatável, requerem um rigo-roso controle analítico. Conformeapontado durante o XXVIII Con-gresso Brasileiro de Química reali-zado em Porto Alegre em outubrode 1988 e reiterado durante o XIICongresso Brasileiro de Ciência eTecnologia de Alimentos realizadono Rio de Janeiro em outubro de1989, pouco importa se o alimentoestá em seu estado natural ou setrata de um alimento industrializa-do.

A questão central é avaliar suacomposição química e verificar seo mesmo está enquadrado dentrode certos padrões de qualidade. OCongresso de Alimentos abordouespecificamente o tema e chamou

26

DE QUíMICAINDUSTRIAL

a atenção, inclusive, para a inexis-tência, mesmo através da simplesreferência, de critérios de identi-

dade e pureza para aditivos e demétodos analíticos para controlá-los. Se o alimento (ou aditivo) é de

origem natural ou não pouco tem aver com a sua qualidade ou valornutritivo.

PLANTAS CONTRA PICADAS

DE COBRA

Q8rasil possui tradição na de-fesa contra o envenenamentopor mordidas de cobra. Desde

a criação do Instituto Butantã porVital Brazil, em 1899, o país colo-cou-se na vanguarda desta luta,com a produção dos soros desen-volvidos pelo próprio Vital Brazil.Nada mudou nestes noventa anosno terreno da terapêutica antiofídi-ca. Algo de novo, porém, estáacontecendo.

Através da história do gênerohumano, determinadas ervas têmservido de remédios contra o en-venenamento por picada de co-bra. Plínio, o velho, há 2.000 anosjá apresentava uma relação deplantas empregadas para aquelefim, no mundo conhecido de en-tão. Todas as sociedades primiti-vas que foram sendo descobertasserviram-se do mesmo recursoquando expostas ao perigo doataque de serpentes. Gentenas deespécies vegetais reputadas an-tiofídicas encontram-se citadas naliteratura. Quase nada se sabe,porém,sobre a veracidade destesrelatos.

Por que estaria a ciência tãoatrasada na investigação destesfitoterápicos? A resposta parecerser uma só: ninguém acreditava napossibilidade de um remédio agircontra o veneno das cobras outroque não o soro contendo os anti-corpos desenvolvidos pelo orga-nismo animal.

Tudo isto porém está mudan-

do. O interesse pelo assunto foidespertado quando K. Nakanishi,da Universidade de Columbia, nosEstados Unidos, apresentou emum congresso internacional, em1982, os resultados obtidos peloseu grupo de pesquisadores comum preparado da medicina popu-lar brasileira contra picadas decobras. Deste remédio - o "Espe-cífico Pessoa" - foram isoladas eidentificadas duas substânciascomprovada mente -ativas contraos efeitos tóxicos cardiovascula-res do veneno de uma espécie deBothrops, gênero ao qual perten-ce também a jararaca.

Pesquisadores brasileiros re-presentando várias instituiçõesdecidiram iniciar estudo nestecampo, em 1984. Até agora, asplantas que mostraram resultadosmais interessantes toram uma "ja-lápa", Mandevilla velutina, Apoci-nácea, estudada pelo grupo deJoão Batista Calixto, da Divisão deFarmacologia da UniversidadeFederal de Santa Catarina, e uma"erva-botão", Eclipta prostrata, dafamíliÇldas Compostas, objeto depesquisa por uma equipe coorde-nada por Walter B. Mors, do Nú-cleo de Pesquisas de ProdutosNaturais da Universidade Federaldo Rio de Janeiro. Neste trabalhoacham-se ainda envolvidos pes-quisadores do Instituto de Micro-biologia e do Depal'tamento deFarmacologia do Instituto de Ciên-cias Biomédicas, da mesma Univer-

sidade.Calixto encontrou nos tubércu-

los da Mandevilla o que toi carace-rizado como o primeiro antagonis-ta natural conhecido contra a açãoda bradicinina, substância esta,aliás, também descoberta por bra-sileiros (Maurício Rocha e Silva,Wilson Beraldo e Gastão Rosen-teld, 1949).

i

No trabalho da UFRJ foramescolhidos dois tipos de ensaiospara verificar a atividade das plan-tas e das substâncias delas isola-das: a sobrevida de camundongosinjetados com a mistura do venenocom o suposto antídoto e a avalia-ção da redução da atividade mio-tóxica pela medida da inibição daliberação de creatinaquinase domúsculo isolado do rato expostoao veneno. Extrato~ de Ecliptaprostrata mostraram-se capazesde neutralizar doses elevadas deveneno de cascavel e jararaca, emambos os testes. Três substânciasisoladas da planta - wedelolacto-na, sitosterol e estigmasterol - re-produzem estes efeitos.

Estas pesquisas ainda se en-contram muito no início. Outrasplantas e seus constituintes estãosendo investigados. No entanto,vislumbra-se para um futuro talveznão muito distante a substituiçãoda soroterapia pela quimioterapia,na cura do envenenamento ofídi-co.

27J

DE QUíMICAINDUSTRIALUTILIDADE

28

DE QUíMICAINDUSTRIAL

MICRODOSAGEM.A ciência também imita a natureza. A

síntese orgânica fica mais fácil atravésdo uso das "Quinzimas", pequenasmoléculas orgânicas solúveis quepodem catalisar certas reações demaneira semelhante àquela através daqual as enzimas naturaiscatalisam rea-ções bioquímicas. Segundo a revistaScience (28 de julho de 1989, páginas354-5) pesquisadores da Universidadede HaNard,EUA, desenvolveram cercade 20 catalisadores diferentes dessetipo, cada com uma pequena modifica-ção da molécula básica. São capazesde favoreceruma das formas quiraisdoproduto desejado em uma proporçãode 20 para um. Atenção: são patentea-das.

.As piretrinas do crisântemo não são os

únicos inseticidas 'naturais com poten-ciais aplicações comerciais. Na recen-te reunião da Divisão de Quimica-Agrí-cola e de Alimentos da American Chemi-

cal Society realizada em Miami. EUApesquisadores da Universidade do Ari-zona revelaram alguns dos produtosque plantas utilizam em suas estraté-gias químicas defensivas. Um númeroconsiderável das moléculas sintetisa-das interferemcom o crescimento, de-senvolvimento, reprodução, comunica-ção e diapasão de insetos e podemseNir de protótipos para produtos ca-pazes de controlá-Iosde forma seletivae sem perigopara o meio ambiente.

. Não deixe estudantes trabalharem em

projetos da empresa, evite pesquisasacadêmicas de interesse, 'para suaempresa, e nunca falte às suas aulas".Segundo a revistaBusiness Week (21deagosto de 1989,páginas 50 a 52);essassão as receitas do químico CarlDjeras-si, Professor da Universidade de Stan-ford, EUA,fundadorda Zoecon e antigoexecutivo da Syntex para evitaro confli-to de interesses entre uma carreirauni-versitáriae atividades empresariais.

.O artigo de dois professores da Uni-versidade de São Paulo em Ciências eCultura sobre fraudes farmacêuticas(REVISTA DE QUíMICA INDUSTRIAL n. o

671, página 27) continua dando panopara mangas. Na edição de abril de

1989 daquela publicação científica,páginas 404 e 405, dois leitorespedemque os autores apontem os. produtosque não estão dentro das especifica-çõés. São atendidos.

.As últimas medidas da Environmental

ProtectionAgency dos EUAvão atrapa-lharainda mais a vida de quem trabalhacom benze no. Segundo a revistaChemi-cal Week (13 de setembro de 1989,página 4), os novos regulamentos re-querem uma redução de 97%nas emis-sões que resultam da estocagem e deunidades de recuperação desubprodu-tos do alcatrão. Propõem também no-vos controles para o seguinte uso debenzeno: como solvente ou agente dedesWação ou e~ração nas mdústriasfarmacêuticas e de resinas, plásticos eborrachasintética;operações com resí-duos de benzeno em indústrias quími-cas e refinarias;e as operações de car-ga e descarga em fábricas,terminais etanques de estocagem para o transpor-te rodoviárioe ferroviárioede gasolina(comose sabe, essa modapega).

. Como se pode dar um curso sobre oestado da arte em "Preparandoos Polí-meros de Amanhã: Técnicas Sintéticasque Você pode Usar Hoje" para mais de1.000 pessoas em 43 empresas, cen-tros de pesquisa e universidade nosEUA,Canadá e México?Atravésde umateleconferência é claro! Segundo a re-vista Chemical & Engineering News (15de maio de 1989,páginas 21 e 23) umaexperiência nesse sentido' coordenadapelo Prof. Joseph P. Kennedy da Uni-versidade de Akron,EUA,foi um suces-so absoluto.

.A qualidade de seu mel o preocupa?Se você tiver acesso à cromatografiagasosa acoplada a espectrometria demassas e ressonância magnética nu-clear de alta resolução, em duas di-mensões, não há problema. A combina-ção dessas técnicas foi utilizada porpesquisadores neo-zelandeses (Jour-nal of Agriculturaland Food Chemistry1989, 37, páginas 1217 a 1221) paraverificara origem do mel e a presençade substâncias com propriedades anti-bióticas.

.PinturaTécnicos da Divisão de TintasEm vários mesesAkzo Divisão Tintas - Sr.HélioTel.: (021) 580-3323 - ramal 128

.Química Fina e Especialidades QuímicasProf. Benjamin GilbertDe 5 a 9 de fevereiro de 1990Horárioa ser definido

Depto. Química da Univ. São GarfosTel.: (0162) 71-1100- Ramal 164

.AnInteractiveApproachBetween Organic SynthesisProf. Dr.A G. OehlschlagerDe 5 a 9 de fevereiro de 1990Horárioa ser definido

Depto. Química Univ. São GarfosTel.:(0162) 71-11oo-RamaI164

.Síntese de Substâncias BioativasProf.Elieser Jesus L BarreiroDe 11 a 15 de fevereiro de 1990Horárioa ser definido

Depto. Química Univ. São GarfosTel.: (0162) 71-1100- Ramal 164

. Mvanced NMR Techniquesin Struture Determination

Prof. Alexandre ,. GrayDe 11 a 15 de fevereiro de 1990Horário a ser definido

Depto. Quim. Univ. São GarlosTel.:(O162) 71-11oo-RamaI164

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DE QUíMICA<;INDUSTRIAL

,

SEMINARIO

BRASilEIRO,

DE CATALISE

O5,0 Semináriode Catálisefoirealizado de 13 a 15 de se-tembro de 1989, no Hotel

Casa Grande, Guarujá, SP. Oevento foi organizado pelo Institu-to Brasileiro de Petróleo e coorde-nado pela Comissão de Catálise,que é constituída de membros dediferentes instituições que atuamna área. Contou ainda com a cola-boração das empresas e entida-des tais como: CBMM (CompanhiaBrasileira de Metalurgia e Minera-ção), COPENE (Companhia Petro-química do Nordeste S/A), DE-GUSSA S/A, OXITENOS/A INDÚS-TRIA E COMÉRCIO, PETROFLEXINDÚSTRIA S/A e PETRÓLEOBRASILEIRO S/A (Petrobrás).

Neste evento foram apresenta-das as conferências "Ring andLateral Chain Alkylation of TolueneQver Zeolite Catalysts", proferidapelo Dr. Claude Naccache (lRC -CNRS, França); The Use qf pre-cious metal containing catalystssupported on activated carbon inoxidation reations for the synthes-is of fine chemicals, especially forthe selective oxidation of glucose"

proferida pelo Dr. Bertrand Des-peyron (DEGUSSA Alemanha) e"Interação com o suporte em Ca-talisadores de HDS (proferida peloDr. Roberto Candia, (CINDEGAArgentina).

Fizeram parte ainda da progra-mação dois trabalhos convidados,66 trabalhos técnicos, e uma mesaredonda sobre o tema "Catalisa-dores - Desenvolver ou Comprar".

Durante este seminário pode-se comprovar o crescimento daCatálise Homogênea em relaçãoao seminário anterior - cujo núme-ro de trabalhos representou emtorno de 21% do total. Dos traba-lhos técnicos apresentados 38%foram sobre catalisadores metáli-cos suportados; 27% sobre zeóli-tos, 11% sobre óxidos metálicos e3% específicos de caracterizaçãode catalizadores.

Convém ressaltar que os 66trabalhos apresentados resulta-ram de pesquisas desenvolvidaspor universidades ou com a suaparticipação. Ficando evidencia-do assim o papel da universidadenesta área em crescimento.

"O QUE É QUíMICA"

A Editora Brasiliense lançou em 1980 a

Coleção Primeiros Passos que, até o ano de1989 já havia vendido mais de 5 milhões deexemplares, distribuídos em 226 títulos. Essacoleção tem como objetivo apresentar diver-sos temas aos leitores, introduzindo-o nos as-suntos mais diversificados.

Agora, a Editora Brasiliense lança o n.o226, com o título O QUE É QUíMICA que vemapresentando a ciência Química de maneiracativante e útil a sociedade, esclarecendo di-

versos princípios básicos dessa ciência e seusvariados campos de atuação.

O texto é rápido e sua estrutura torna-oagradável de ler.

O trabalho é recomendado a leigos, a inte-ressados em conhecer uma introdução sobre oassunto e estudantes eprofessores de químicae áreas afins, tendo em vista a relação químicae sociedade desenvolvido em todos os capítu-los. A obra foi concebida visando atender atodos os níveis de ensino e interesse, pois cadaqual irá perceber o assunto de maneira pecu-liar: o leigo, pelas curiosidades e o estudioso,pela visão contextual.

A obra apresenta sugestões de leiturasafins e indicações de leitura.

CHRISPINO, Álvaro. O Que é Química. SãoPaulo: Ed. Brasiliense. 1989. 11,5 x 15,5 cm.

80p. (*).

(*) essa obra também será lançada em co-edi-ção com o Círculo do Uvro, no vol. 17 da cole-ção que totaliza 20 volumes.

30

DE QUíMICAINDUSTRIAl

AGENDA

. 1.o Congresso Internacional da Indús-tria QuímicaHavana, Cuba, 7 a 12 de maio de 1990Info: Cubanacan do BrasilAv.São Luiz,50 - 5.o andar01046 - São Paulo, SPTel.: (011) 259-6712 - Telex (11)32944

. /1/ Congresso Latino-Americano deCromatografia Águas de Undóia, SP, 14a 16 de março de 1990Info: Prof. Fernando M. LançasInst. de Física e Química da USP - SãoPaulo13560 - São Carfos,SP

. 34.0. Congresso Brasileiro de Cerâmi-caBlumenau,SC,20 a 23 de maio de 1990Info:Associação Brasileirade CerâmicaRua Leonardo Nunco, 5204039 - São Paulo,SPTel.: (011) 549-3922

. Encontro Internacional de Plásticos -Europlast-90Paris,FR, 11 a 16 de junho de 1990Info: Promosa/ons - Brasil

Rua Araquan, 6301306 - São Paulo, SPTel.: (011)259-0138 - Telex (11) 24305

. 12. o Simpósio Ibero-Americano deCatálise

Rio de Janeiro, 29 de julho a 3 de agostode 1990Info: Instituto Brasileiro de PetróleoAv. Rio Branco, 156 - sala 103520043 - Rio de J?neiro, RJTel.: (021)262-2923 - Telex(21) 23184

. IV Encontro Brasileiro de Síntese Or-

gânicaRio de Janeiro, 3 a 6 de setembro de1990Info: Dr. Vitor Francisco FerreiraINT - Tel.: (021) 253-3843Dr. Paulo Roberto R. Costa

NPPN - Te/.: (021) 270-2683

. Latin American Conference on theAplications of the Mossbaver EffectHavana, Cuba, 29 de outubro a 2' denovembro de 1990Info: Dr. Edilso Reguera-Ruiz, LACANE90National Center for Scientific ResearchP.O. Box 6990, Havana City, CubaTelex:511582 CNICCU

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DE QUíMICAINDUSTRIAL

NOTíCIAS DA INDÚSTRIABruno Linares

DISTRIBUIDORESAUTORIZADOS

LANÇAMENTO DA TANAC

A química da Bahia informa a seusclientes que só mantém duas empre-sas como distribuidores para revendade seus produtos.

São elas o Organo QuímicaMatérias-Primas Ltda. e a Cosmoquímica Ind. eCom. S.A.

CINAL RECEBEEQUIPAMENTO DA KABI

Poliguíndastes especiais com sapa-tas de sustentação articulável e inde-pendentes (foto) para coleta de "resí-duos vermelhos" foram entregues aCINAL-Cia, Alagoas Industrial.

De fabricação da Kabi Ind. e Com.S.A. estes equipamentos recebem resí-duos pastosos de efluentes contamina-dos, para serem descarregados emvaza douro próprio.

A Tanac S.A. acaba de lançar o Ma-crospec L-71 (foto), um derivado de ta-nino para pré-curtimento de couro.

Trata-se de um produto vegetal ex--traído da casca da acácia negra quetorna a superfície do couro mais lisa.

GRUPO OXY NO BRASIL

o Grupo Oxy prepara-se para come-morar 42 anos no Brasil. Sua "holding"é a Occidental Química e a mais impor-tante empresa do Grupo é a Vulcan Ma-terial Plástico, principal transformadorade plásticos do país (foto).

Outras empresas do Grupo são aVera Ind. e Com. (materiais sintéticossubstitutos do couro); a CarbocloroS.A. e a Oxypar Ind. em "ioint-venture"com a Unipar Ind. Petroquímicas; a Ma-lharia Industrial do Nordeste em "ioínt-venture" com a Plásticos Plaviníl; alémda Oxytech e Vinimarket.

O Grupo Oxy faturou em 1988, US$400 milhões.

NOVAS EMBALAGENSDE PET

A Scarpa Plásticos Ltda., lançou nomercado embalagens de PET (polieti-leno tereftalato) para uso em indústriasquímicas.

A empresa que começou a operarem outubro/88 só produzia embala-gens para refrigerantes, dominando80% do mercado.

As embalagens de PET para produ-tos químicos oferecem mais economiapor serem mais leves que o vidro, alémde segurança por serem praticamenteinquebráveis. !

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SMAR INTERNACIONAL

A Smar Equipamentos Industriais,que acaba de entregar a Manville deSanta Catarina dois sistemas para su-pervisão e controle (sendo um, oSOCO), instalou sua filial na AlemanhaOcidental. .

A Smar GmbH fica em Mainz próximoa Frankfurt.

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32

. ~

JUNTE-SE A NOSE desfrute de estar ligado a uma Associação atuante, coordenada por profissio-nais do mais alto nível técnico.A ABQ promove congressos e seminários, defende os interesses dos químicos

. junto à sindicatos e governos, colabora com empresas do setor no aprimoramentotecnológico e científico, edita a Revista de Química Industrial, e muito mais...Venha nos conhecer.

PROPOSTA PARA SÓCIO INDIVIDUAL N.o............MATRíCULA N.O..

SEÇÃO .REqlONAL(PREENCHIDA NA SECRETARIA GEftAL)

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Residência "--m--..--............ '" Bairro: ""."""""""""""""""""

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Posição que ocupa m .................

Especialidade a que se dedica "'--"","""""'mm.."

Endereço para correspondência TeL

(LOcal e data)

PRQPONENTES( Assinatura)

Sócio: .....--...................--

Sócio: ......................................................

Para ser preenchida na Secretaria

da Seçã'o Regional

Parecer da Comissão de Admissão

da Seção Regional

Recebida em.............................

Aprovada em.. .................................--.............

Recusada em ..................-....

Enviada à Secretariá Geral em..--.................. Aprovada em Sessão Ordinária da Seção

""'--00 """""""""""""""""""""""""""""""""""", Regional em....................................

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICA

Utilidade Pública: Decreto n? 33.254 de 8 de julho de 1953Rua Alcindo Guanabara,24 -13?andar -Caixa Postal 55020031 - Rio de Janeiro, RJTelefone 262-1837

'~'" -:']

CADA MAOUINAPRECISADE UM WBRIFICANTE DIFERENTE.

POR ISSO TODAS AS MAOUINAS EXIGEMWBRAX INDUSTRIAL.

De acordo com a indústria, o equipamento, amáquina ou o sistema a ser lubrificado, LubraxIndustrialtem um óleo que combina perfeitamente

com cada tipo deaplicação. Os óleossao diferentes em suascaracterísticas, masse igualam naexcelente qualidade:todos elessão especialmentedesenvolvidos etestados no maiorlaboratório da AméricaLatina o Centrode Pesquisa, daPetrobras. O quegarante maiorBesempenho e menordesÇJaste das peças,

E paradar '

maior proteção, aPetrobrás tem umaequipe com osmelhores especialistasem luqrificação industrial,que criame orientam

programas específicos de lubrificaçãonas empresas, sem custo algum.

E mais um seNiço que a Petrobrásprestaparatodasas empresasque,exigem excelente qualidade e altodesempenho. Como a sua.

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AMAZONAS: Manaus' 232-7922/232-7791 .BAHIA:Salvador, 231 ,2155' CEARÁ: Fortaleza - 221-1 988' DISTRITOFEDERAL: Brasília, 223-1870' EspíRITO SANTO: Vitória- 227-0422' GOIÁS:

Goiânia - 261-0486 ~ MATO GROSSO: Cuiabâ - 321-9013' MATO GROSSO DO SUL: Campo Grande- 384-5359' MINAS GERAIS: Belo Horizonte, 222-9811. - Uberlândla - 232-1560" PARÁ: Belém-224-1233' PARANA:Curitiba- 225-4122, Londrina- 23-0170' PERNAMBUCO: Recife, 224-7122' RIOGRANDE DO NORTE: Natal- 222-0918' RIOGRANDE DO SUL: p, Alegre - 26-6166 - PassoFundo: 313,2270 .RIO DI:: JANEIRO: Rio de Janeiro, 211-4477 Campos 22,9114' ,SÃO PAULO: Sao Paulo - 220-2111 ,Bauru 23-4677, Campinas - 31 ,0677 Santos - 32-4222 Sao José do RioPreto, 32-5152 .SERGIPE: Aracaju - 222-2175