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09 a 11 de dezembro de 2015 Auditório da Universidade UNIT
Aracaju - SE
ÁNALISE DA CADEIA PRODUTIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM ARACAJU/SE
Eliane Freitas Couto1, Maria do Socorro Ferreira da Silva2. 1 Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal de Sergipe. E-mail: [email protected] 2 Orientadora e professora do Departamento de
Geografia/UFS; Pesquisadora do GEOPLAN - Grupo de Pesquisa Geoecologia e Planejamento Territorial/CNPq/UFS.
E-mail: [email protected]
RESUMO
A pesquisa está sendo realizada em Aracaju/SE a partir da análise da cadeia produtiva de materiais
recicláveis. Nesse trabalho será considerado a produção de materiais recicláveis coletados pelos
catadores associados e autônomos e a comercialização que envolve os sucateiros e empresas de
reciclagem no âmbito local.
Essa pesquisa tem como hipótese: que na cadeia produtiva de materiais recicláveis em Aracaju, os
catadores de materiais recicláveis associados autônomos estão na base, sendo os menos
privilegiados, ao passo que proporcionam o fortalecimento dessa cadeia e contribuem para
minimizar os problemas ambientais face a redução desses materiais no ambiente.
O caráter interdisciplinar na pesquisa emerge a partir da necessidade de analisar a cadeia produtiva
de materiais recicláveis a luz das Ciências Humanas e Sociais (Geografia, História, Antropologia,
Serviço Social, Filosofia e Direito) destacando os aspectos sociais do sujeito na sociedade, das
políticas públicas considerando os benefícios socioeconômicos; a legislação, direito ambiental e
aspectos geográficos. A partir das ciências ambientais, cujo perfil é interdisciplinar, também serão
analisadas as condições de trabalho que afetam a saúde dos catadores de materiais recicláveis, como
por exemplo, o excesso do peso transportado, o contato com materiais perfurocortante, dentre
outros problemas oriundos das longas jornadas de trabalho e do contato com os materiais.
Palavras-chave: Reciclagem, Cadeia Produtiva, Catadores de materiais recicláveis
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1. Introdução
Com a chegada da Revolução Industrial as fábricas em plena expansão tecnológica,
começaram a produzir objetos de consumos em grande escala, gerando assim embalagens
diversificadas para acondicionar esses novos produtos, visto a grande quantidade de resíduos
sólidos que eram gerados pela população, principalmente nas áreas urbanas.
O desenvolvimento tecnológico era notório e o crescimento populacional acompanhava o
progresso, pois muitas pessoas saiam da zona rural em busca de melhores condições de vida e
houve um crescimento acelerado dos grandes centros urbanos, e consequentemente passou-se a
gerar mais resíduos sólidos e o problema foi se acentuando nas últimas décadas com o consumismo
exacerbado e a era dos descartáveis.
A degradação ambiental passou a ser alvo de preocupação pelos órgãos e instituições
governamentais e não governamentais a partir do século XX e início do XXI e o tema passou-se a
se tornar mais reconhecido e debatido pela sociedade, pois começou a alterar da qualidade de vida
da população e do planeta, em especial às grandes cidades, e essa preocupação recaia sobre geração
de resíduos sólidos, pois com o crescimento populacional, as áreas para acondicionamento desses
resíduos se tornaram escassas. Os impactos dessa degradação causavam sérios prejuízos ao meio
ambiente, tais como: aquecimento global, poluição ambiental, efeito estufa, desertificação,
desmatamento dentre outros.
Bitencourt et al (2012) expõe que o século XX foi testemunha de transformações
significativas em todas as dimensões da existência humana, ao lado do exponencial
desenvolvimento tecnológico, que aumentou a expectativa de vida dos seres humanos, mas ao
mesmo tempo aumentou a sua capacidade de autodestruição, quando começou a utilizar matérias e
energia para suprir suas necessidades, sendo assim surge o termo sustentabilidade, para equilibrar a
relação homem e natureza.
No início da década de 1970, o vocábulo sustentável assumia o papel de coadjuvante,
estando implícito nos preceitos de eco desenvolvimento. Com a divulgação do Relatório Nosso
Futuro Comum no final dos anos 80 deixa de ser vocábulo e aparece como adjetivo, sendo utilizado
para qualificar e quantificar a palavra desenvolvimento, no sentido de transmitir a ideia de um
modelo permanente, capaz de se manter ao longo do tempo como Desenvolvimento Sustentável
Bitencourt et al (2012).
Contudo o debate de sobre sustentabilidade aparece de forma polissêmica, e vai se tornando
complexo plausível de várias interpretações, à medida que vai se propagando socialmente.
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O Brasil conforme dados do IBGE (2012) produz 209.280 mil toneladas de resíduos sólidos
urbanos por dia, sabe-se que uma parte desses resíduos contém substâncias podem prejudicar à
saúde, contaminar o solo, lençóis freáticos, desiquilíbrio dos ecossistemas, afetar a biodiversidades
de espécies e colocar em risco a vida humana e os bens naturais essenciais para a sobrevivência do
planeta.
O conceito de resíduo sólido pela Norma Brasileira NRB- 10004 (2004) é definido como:
resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou
exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível.
Nesse interim Ribeiro & Morelli (2009) menciona que resíduos são todas as coisas
indesejadas geradas na produção ou consumo de bens, contudo na prática a massa de resíduos
sólidos gerada pela sociedade industrial é muito maior à massa de produtos consumidos, ou seja,
todos os produtos que compramos ao final de sua vida útil quando não precisarmos mais deles, se
tornarão resíduos.
Por isso nos últimos anos diante da necessidade urgente de proteger o meio ambiente
visando a destinação correta dos resíduos sólidos, foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNRS (2010) que veio regulamentar as formas de tratamento dos resíduos sólidos urbanos em
âmbito nacional.
Ao analisarmos a periculosidade dos resíduos sólidos pela Norma Brasileira NRB- 10004
(2004), observa-se que as características dos resíduos são apresentadas em função de suas
propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode apresentar: a) risco à saúde pública,
provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices; b) riscos ao meio
ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada.
Diante dos riscos apresentados pelo descarte inadequado dos resíduos sólidos para a saúde
da população e do meio ambiente, alguns países em especial aqueles mais avançados
tecnologicamente, nas análises de Grippi (2006 p. 4) o assunto reutilização de materiais passou a ser
discutido e no início do século XX com o incremento da indústria gráfica, o papel já passava por
processos industriais da reciclagem e no Brasil numa perspectiva histórica, tenha sido o papel o
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primeiro tipo de material reciclado, e diante dessa reutilização muitas árvores foram e estão sendo
poupadas.
Para Ribeiro & Morelli (2009) um conceito que se tornou bastante difundido mundialmente
é o dos 3R’s (reduzir, reutilizar, reciclar). No entanto esse conceito vem sendo substituído como
propriedade pelos 4R’s colocando o termo repensar antes dos demais, ou seja, repensar desde a
forma que produzimos e consumimos os recursos até as formas de gerenciamento da destinação dos
resíduos sólidos.
Outra vertente já trata dos 5R’s, introduzindo a expressão residual management, que se
tornou no termo responsabilizar, para que a empresa geradora e os consumidores dos produtos
sejam responsáveis pelos resíduos sólidos produzidos conforme relata Ribeiro & Morelli (2009).
A Lei nº 12.305/10 –PNRS veio contribuir para a solução dos principais problemas
ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos, pois
prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de
consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da
reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou
reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser
reciclado ou reutilizado).
A lei veio trazer inovações, como a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, ou seja, os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e os
responsáveis pelos serviços de limpeza urbana terão compromisso pela destinação pós-consumo dos
produtos, além disso prevê acordos públicos e privados que devem ser feitos para que sejam
alcançados meios para o descarte final dos resíduos sólidos em aterros sanitários por meio de
consórcios.
E ainda colocou o Brasil em situação de igualdade aos principais países desenvolvidos no
que se refere ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais
recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva, Lei nº 12.305/10 –
PNRS. Portanto resíduos sólidos é o material produzido pela indústria ou pela atividade humana
que tenha valor econômico, podendo ser reciclado após o uso.
Bitencourt et al (2012) destaca que a reciclagem é o reaproveitamento dos materiais como
matéria-prima para um novo produto e muitos produtos podem ser reciclados dando origem a novos
produtos: como papel, vidro, metal e plástico. A grande vantagem da reciclagem está em minimizar
a utilização das fontes naturais renováveis e não renováveis, diminuir a quantidade de resíduos
sólidos que precisam de tratamento final em aterros sanitários, incineração ou compostagem.
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Contribuindo Silva (2013) apresenta que a reciclagem é uma das soluções mais viáveis
ecologicamente para minimização dos problemas pertinentes aos resíduos sólidos. O ato de reciclar
significa refazer o ciclo, permite trazer de volta a origem, sob forma de matéria-prima, aqueles
materiais que não se degradam facilmente e que podem ser reprocessados, mantendo suas
características básicas. Nesse aspecto, pode-se observar a contribuição dos catadores de materiais
recicláveis para o ambiente, pois esses materiais recolhidos por eles, não chegam aos aterros, e pode
movimentar uma parcela da economia, gerando postos de trabalho informal, reduzindo ainda a
deterioração ambiental.
Para Demajorovic (2013) a reciclagem implica a efetiva transformação dos resíduos sólidos,
que envolve alterações físicas e físico-químicas, convertendo-os em matéria-prima para a fabricação
de novos insumos ou produtos. Sabe-se que uma grande parte dos resíduos sólidos se encontram
diretamente nas residências dos grandes centros urbanos. O que vem possibilitando uma
contribuição por parte da sociedade no processo da reciclagem é a separação dos materiais que
podem ser reciclados através da coleta seletiva, permitindo assim a redução dos impactos
ambientais dos resíduos gerados.
A coleta seletiva é a atividade de recolhimento de materiais previamente separados nas
fontes geradoras (domicílios, empresas e comercio) e esses materiais são separados por cores e
tipos, são prensados e enfardados e vendidos para as empresas recicladoras.
No art. 18 da PNRS (2010) temos a elaboração do plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os
Municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a
empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para
serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento
para tal finalidade:
No § 1o do capítulo II - Implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por
pessoas físicas de baixa renda.
Diante desse cenário surge a contribuição dos catadores de materiais recicláveis como parte
fundamental desse processo da reciclagem, a coleta seletiva na tentativa da minimização da
degradação ambiental.
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A cadeia produtiva de reciclagem começa a partir do desempenho exercido pelos catadores,
que atuam como catador autônomo, que coleta seu material diariamente pelas ruas e utiliza como
instrumento de trabalho carrinhos, carroças e sacos. Esse trabalho requer longas caminhadas, pois
para realizar a coleta precisam de percorrer o comércio varejista nos centros urbanos, residências e
ruas, e tentam coletar o material de maior valor econômico, que são as latinhas de alumínios.
Atualmente, para Demajorovic (2013) os catadores têm preferido o papelão e as latas de
alumínio e as embalagens de poli tereftalato de etileno (PET) têm sido recolhidas com menor
frequência, porque exigem grande volume para obtenção de retorno financeiro. Quando finalizam a
coleta, esses atores sociais se dirigem aos donos de pequenos depósitos, denominados por eles de
sucateiros, que compram o material por preços menores. Os sucateiros enfardam o material e o
comercializam para a indústria recicladora.
Por cadeia produtiva Farias et al (2013) vem relatar que significantes contribuições têm sido
oferecidas na literatura sobre o tema das cadeias produtivas, que delineia um conceito abrangente de
cadeia produtiva como [...] um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo
transformados e transferidos os diversos insumos. A cadeia da reciclagem no Brasil é dividida em
cinco níveis onde na base estão os catadores autônomos, seguido pelo nível intermediário,
subdividido em três categorias, e, as empresas recicladoras de acordo com Demajorovic (2013):
a) Catadores informais que coletam os materiais recicláveis pelas ruas, casas, lixões e
vendem para as organizações intermediarias que realizam as atividades de prensagem,
trituração, armazenamento e transporte;
b) Organizações intermediárias, que se encontram as cooperativas de catadores e pequenos
sucateiros, que recebem ou compram os materiais dos catadores com preços menores e
revendem para intermediários superiores ou empresa recicladora, por preços bem
maiores;
c) As organizações com maior capacidade de processamento de material e estocagem, que
também vendem para empresas recicladoras e oferecem melhores condições de trabalho
para seus funcionários;
d) Os grandes sucateiros que processam toneladas de materiais recicláveis e vendem
exclusivamente para empresas recicladoras;
e) As empresas recicladoras que fazem a transformação do material reciclado e vendem
diretamente para a indústria e integram o mercado formal de trabalho;
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O processo em cadeia de materiais recicláveis deve-se, principalmente ao trabalho
desenvolvido pelo catador de materiais recicláveis, que mesmo de forma anônima e incógnita vêm
contribuindo para o aumento e a qualidade do processo da reciclagem no país, além de reduzir os
impactos negativos ao meio ambiente.
A participação de catadores na cadeia produtiva de materiais recicláveis se torna
imprescindível no ambiente, pois associados ou autônomos, vem contribuindo para a diminuição
dos impactos ambientais, e alguns encontram nesse trabalho a única estratégia de sobrevivência em
face as inúmeras expressões da questão social.
Em cumprimento a PNRS (2010), o Governo de Sergipe, por meio da SEMARH, vem
desempenhando seu papel de órgão gestor da Política Estadual de Meio Ambiente, estabelecendo
metas, diretrizes e importantes instrumentos, atualmente o Estado de Sergipe conta com 15
cooperativas de catadores e catadoras de materiais reutilizáveis e recicláveis. Conforme o Plano
Estadual de Coleta Seletiva/2014 de Sergipe existe 260 catadores de materiais reciclaveis na região
Metropolitana de Aracaju (SERGIPE, 2014).
2. Estado da Arte
Contribuirão para a fundamentação teórica da pesquisa os autores: Demajorovic (2013),
Silva (2013), Ribeiro; Morreli (2009) que abordam, respectivamente sobrea cadeia produtiva de
reciclagem e os catadores; o gerenciamento de resíduos sólidos e coleta seletiva; reciclagem e
problemas gerados pelos resíduos. No tocante a sustentabilidade, e a interdisciplinaridade e ao
Saber Ambiental, ressaltam-se Leff (2006) Bitencourt et al, (2012).
Outras fontes bibliográficas como dissertações de mestrado dos autores Pereira (2015) e
Nascimento (2012) que tratam da geração dos resíduos sólidos domiciliares de diferentes estratos
sociais em Aracaju já estão selecionadas. Ademais, também serão consultados artigos científicos
que tratam da influência das redes sociais de catadores na cadeia produtiva da reciclagem (Farias;
Pires, 2013), cadeia produtiva, reciclagem e coleta seletiva.
3. Objetivo Geral:
Analisar a cadeia produtiva de materiais recicláveis em Aracaju considerando os sujeitos
envolvidos.
Objetivos Específicos:
Identificar os sujeitos que compõem a cadeia produtiva de materiais recicláveis em Aracaju
e as relações estabelecidas;
Avaliar a situação socioeconômica e as condições de trabalho dos catadores de materiais
recicláveis em Aracaju;
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Averiguar a participação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA) e da
Secretaria Estadual do Meio e Recursos Hídricos (SEMARH) e a contribuição para cadeia
produtiva de materiais recicláveis;
Sugerir melhorias no tocante à sustentabilidade política, socioeconômica e ambiental da
cadeia produtiva;
4. Contribuição Científica
Essa pesquisa tende a contribuir para a dinamização dos estudos interdisciplinares das
ciências ambientais, estabelecendo um elo entra as ciências, para aprofundar o debate acerca da
temática proposta. O diálogo com outros “saberes” a partir do olhar de outras ciências fornecerá
subsídio para a análise da cadeia produtiva da reciclagem em Aracaju. Ademais, a contribuição
científica da pesquisa está respaldada nas sugestões de ações, via políticas públicas com benefícios
voltados para os catadores de materiais recicláveis, especialmente referentes a garantia dos direitos
dos catadores e ao fortalecimento das Cooperativas e Associações que perfazem a cadeia produtiva.
5. Metodologia
5.1 Delimitação e caracterização da área de estudo
A pesquisa será realizada no município de Aracaju, capital de Sergipe, cuja população em
2010 era de 571.149 habitantes (IBGE, 2010) e a geração de resíduos sólidos urbanos era de
17.172,22 toneladas/mês, ou seja, 572,41ton/dia. A pesquisa será realizada junto aos atores sociais
que fazem parte da cadeia produtiva de materiais recicláveis em Aracaju, tais como: a) Catadores de
materiais recicláveis Autônomos e Associados; b) Cooperativa dos Agentes Autônomos de
Reciclagem (CARE), localizada no Bairro Santa Maria; c) Sociedade Ecoar no Bairro Inácio
Barbosa; d) Associação Acaju - Associação de Catadores e Selecionadores de Materiais
Reutilizáveis e Recicláveis das Vias e Logradouros Públicos do Município de Aracaju no bairro
Siqueira Campos; e) Sucateiros (Depósito de Ferro Ana Dória no Bairro Dezoito do Forte, Rei da
Sucata no Bairro Siqueira Campos, e A Grande Sucata do Zé do Ferro Velho no Bairro América;
f)Indústria de Reciclagem Vitória LTDA situada no Município de Nossa Senhora do Socorro/SE
que trabalham formalmente com materiais recicláveis; g) Técnicos das Secretarias: SEMARH e
SEMA e da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (EMSURB).
5.2 Métodos e técnicas:
O método de abordagem da pesquisa será o hipotético-dedutivo, proposto nas análises de
Popper (1975), que parte de um problema, ao qual se oferece uma espécie de solução provisória,
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uma teoria tentativa, apontando várias soluções com deduções de consequências na forma de
proposições passíveis de teste e tentativas de refutação.
Será feito Levantamento bibliográfico considerando o estado da arte (livros, teses, revistas,
periódicos e internet) e documental (IBGE, SEMARH, Política Nacional dos Resíduos Sólidos,
Plano Estadual de Resíduos Sólidos, dentre outras). As referências e serão lidas e fichadas e
auxiliarão todas as etapas da pesquisa.
A pesquisa de campo será realizada através de entrevistas com base em roteiros
semiestruturados e serão aplicadas aos:
a) Catadores de materiais recicláveis associados; a amostra será extraída do universo de 260
catadores existentes em Aracaju conforme o Plano Estadual de Coleta Seletiva (SERGIPE, 2014)
cuja amostra será de 30% dos Catadores Associados. Nessas entrevistas será verificada a situação
socioeconômica, a quantidade e qualidade os materiais coletados, a estrutura física do ambiente de
trabalho, as condições de trabalho, comercialização dos recicláveis.
b) Catadores Autônomos: a amostra contará com 40 catadores, os quais serão entrevistados em
pontos estratégicos, tais como: nos pontos de vendas (sucateiros), nas lixeiras de condomínios
residenciais e nas ruas de maneira aleatória. As perguntas serão direcionadas para à jornada de
trabalho, condições de trabalho, problemas de saúde, situação socioeconômica, tipos de materiais
coletados, transporte utilizada para a coleta, comercialização dos recicláveis, percurso percorridos
nos bairros;
c) Representantes da CARE, da Sociedade Ecoar e da Associação Acaju: para verificar as relações
estabelecidas entre os sujeitos que compõem a cadeia produtiva de materiais recicláveis, conhecer a
estrutura física dessas instituições, as condições de trabalho, a situação socioeconômica, a
comercialização compra/venda dos recicláveis;
c) Sucateiros: serão entrevistados 4 representantes na perspectiva de conhecer a estrutura física, os
preços pagos aos catadores considerando os materiais recicláveis, a comercialização com outros
sujeitos (empresas) as formas de tratamento (prensados e enfardados), dentre outras informações.
d) Diretor da Indústria de Reciclagem Vitória LTDA, as perguntas serão direcionadas no intuito de
verificar estrutura física, destinação final dos materiais recicláveis;
e) Técnicos das Secretarias: SEMARH e SEMA e da Empresa Municipal de Serviços Urbanos
(EMSURB): nas entrevistas pretende-se averiguara contribuição e/ou participação para cadeia
produtiva materiais recicláveis, a implementação da coleta seletiva considerando o Plano Estadual
de Resíduos Sólidos de Sergipe e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
Tabulação e análise dos dados: a pesquisa terá uma abordagem qualitativa e quantitativa, pois os
dados obtidos através da pesquisa serão analisados e interpretados, de acordo com a análise da
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cadeia produtiva dos materiais recicláveis em Aracaju/SE e quantificado estatisticamente através de
tabelas e gráficos.
6. Resultados Esperados/Considerações Finais
Espera-se que os resultados obtidos venham proporcionar contribuições científicas e sociais,
especialmente junto aos órgãos públicos da capital Aracajuana de modo que seja possível garantir
os direitos dos catadores de materiais recicláveis, visto que eles formam um elo imprescindível na
cadeia da reciclagem e cooperam com a conservação ambiental.
Almeja-se ainda que os catadores autônomos sejam incluídos em programas sociais e que
sejam valorizados enquanto pertencentes da cadeia da reciclagem, e que contribua para a
dinamização dos estudos interdisciplinares das ciências ambientais, visto que a abordagem
interdisciplinar parte do pressuposto que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma racional,
tenta, pois, o diálogo com outras formas de conhecimento, deixando-se interpretar por elas nas
análises de Fazenda (2001).
Dessa forma essa pesquisa contará com outras áreas do conhecimento, estabelecendo um elo
entra elas para contribuir com o tema proposto, adquirindo saberes de outras disciplinas com o
intuito de analisar a cadeia produtiva da reciclagem e sugerir melhorias para os atores sociais que
são a parte fundamental dessa cadeia e vem contribuindo para reduzir os impactos ambientais ao
coletar das ruas, residências, centros urbanos os resíduos sólidos.
A pesquisa está em andamento, portanto os resultados ainda estão sendo elaborados, todavia
através de análises preliminares observa-se que devido à baixa lucratividade dos materiais
recicláveis existe a possibilidade que as instituições não ofereçam proteção socioeconômica aos
seus atores sociais. O trabalho é exaustivo, pelo fato dos catadores percorrerem longas jornadas,
sem equipamentos de proteção, com transporte inadequado para a coleta. Pela condição de trabalho,
o excesso do peso transportado, o contato direto com os resíduos sólidos, são fatores que podem
contribuir para desencadear várias doenças, afetando diretamente a saúde dos trabalhadores. O
trabalho nas cooperativas e associações não oferecem condição de trabalho adequada, proteção
social e participação do lucro da produtividade dos materiais recicláveis, para que os catadores não
venham voltar ao trabalho nas ruas.
No tocante as políticas públicas podem-se dizer que elas têm trazido benefícios para os
catadores e para o ambiente, contudo se torna imprescindível que todos os catadores autônomos
sejam incluídos e beneficiados de forma integral por essas políticas.
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