Fotografia - Luz, Exposição, Composição, Equipamento e Dicas ...
07 a Composição Na Fotografia
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A composição na fotografia 1
A composição na fotografia
Regra dos Terços na fotografia
As áreas de design, arte e fotografia têm muitas regras em comum. Talvez pela
característica encontrada em todas: a percepção de estética e a nossa reação à ela. A regra do terços é usada desde a época quando fotografias não exisitiam e quem
retratava em telas a realidade eram os pintores.
Regra dos terços – um resumo
O espaço onde a imagem é registada divide-se em três faixas verticais e horizontais. Os
pontos importantes da sua foto devem ficar em alguma das 4 convergências dessas
linhas recém-desenhadas. Se existirem linhas na imagem, dê preferência em posicioná-
las junto às linhas da regra dos terços. Abaixo, nos pontos vermelhos, você vê onde
enquadrar os itens preferenciais da foto:
Usando as convergências
O segredo é que cada foto tem suas características próprias e nem sempre é fácil definir o
que vai nas bolinhas. O importante é que antes de tirar a foto você defina o que deve estar
em evidência, e faça a composição de acordo com este item.
A composição na fotografia 2
ISO 800 | 10mm | f/3.5 | 1/60seg
Neste primeiro exemplo você vê que o barco é claramente o ponto de destaque. Por isso
ele se encontra na convergência inferior esquerda: o restante da cena só complementa e
dá sentido.
ISO 100 | 52mm | f/2.8 | 1/80seg
Em retratos o uso básico da regra é sempre manter os olhos no terço superior.
A composição na fotografia 3
ISO 100 | 10mm | f/22 | 0.8seg
No caso da foto acima existem dois pontos de interesse, mas eles se equilibram: a
cachoeira tendo seu início no canto superior esquerdo e a ponte ocupando a maior parte
do canto inferior direito.
Horizontes
Às vezes, como em uma foto de paisagem, você vai se concentrar nas próprias linhas do
terço – ao invés das bolinhas. É mais simples do que você imagina: não centralize o
horizonte! Não centralize a árvore! Não centralize o monumento! Não centralize as
linhas.
ISO 100 | 12mm | f/5.0 | 1/125seg
Se o céu está mais interessante, deixe ele em evidência deixando o horizonte abaixo da
linha inferior, como na foto acima.
A composição na fotografia 4
Foto usando o efeito HDR
Se o céu não tem nada demais e você quer dar destaque para o que está abaixo dele,
coloque a linha do horizonte posicionada no terço superior.
Quebre essa e outras regras de vez em quando
A regra dos terços tem como mote a “não centralização” dos pontos de interesse na
imagem, mas existem outras regras, e temos que usar o bom senso e a experiência
para juntá-las e criar a composição mais harmoniosa possível.
ISO 100 | 10mm | f/5.0 | 30seg
Nesta foto dá para ver a regra dos terços usada para posicionar o horizonte e os itens de
interesse, mas também dá para notar o princípio da simetria. Exatamente: a foto está
centralizada verticalmente (além do reflexo causar mais simetria horizontal)! O segredo é
A composição na fotografia 5
não só saber a regra, mas também quando utilizá-la
Até agora estudamos formas básicas de composição que lidam com a distribuição de
volumes - como a proporção dos terços e a razão áurea - e outras que, dependendo da
situação, funcionam melhor, seja posicionando o assunto principal radicalmente fora de
centro, seja colocando-o exatamente no centro.
Conforme vocês começarão a perceber a partir de agora, há elementos de composição
que tem um peso consideravelmente maior no resultado final.
Foto do caminho da entrada de um hotel de montanha próximo a Lucerna, na Suiça. O pergolado é o elemento
principal da composição, pois suas linhas formam uma persceptiva, aprofundando-se na imagem. O bonito
contraste de cores entre o vermelho da trepadeira e o verde ao fundo, ambos saturados pelo filtro polarizador, é
o outro elemento importante de composição da imagem. Em uma foto com elementos poderosos como esses,
as proporções são irrelevantes.
Um dos mais poderosos elementos de composição na fotografia são as linhas;
especialmente linhas de fuga, que criam uma perspectiva.
Nessa aula você irá aprender a buscar perspectivas. E o melhor exercício para isso está
nas fotos de paisagens. Desde que há pouca possibilidade do fotógrafo intervir na
paisagem – não tem como mudar uma montanha de lugar, nem prédios ou árvores – a
chave para fotografar paisagens é prospectar, descobrir detalhes interessantes, observar
como os elementos estão arranjados. E então as linhas, curvas, padrões, texturas e cores
vão se revelando ao olhar cuidadoso.
Lembre-se que a fotografia é uma representação tridimensional em uma superfície
bidimensional. Pense no plano da imagem como uma foto em papel.
A grosso modo podemos dividir as linhas em dois tipos, conforme sua orientação em
A composição na fotografia 6
relação ao plano da imagem: linhas paralelas e linhas inclinadas em relação ao plano da
imagem (que parecem entrar para dentro do plano).
Linhas paralelas ao plano da imagem
As linhas horizontais, verticais ou diagonais que estão paralelas ao plano da fotografia não
formam perspectivas.
Uma das mais fortes e certamente a mais presente na fotografia é a linha do horizonte,
com a qual nós devemos sempre nos preocupar, pois ela tem impacto até nas fotos mais
comuns que tiramos de nossos parentes e amigos – por exemplo, se a linha do horizonte
passar no rumo do pescoço da pessoa, causará a impressão de que está cortando a
cabeça.
Porque ela surge dividindo massas de terra, água e ar, a linha do horizonte é mais afeita
às proporções. Já aprendemos como resolver a linha do horizonte nas aulas anteriores.
Linhas diagonais são mais expressivas e tem um efeito forte sobre a composição porque
elas produzem variação na imagem – não são monótonas como as linhas horizontais ou
verticais.
Elas ficam ainda mais especiais quando convergem para um assunto. O esquema ao lado
mostra linhas diagonais formando triângulos e reproduz exatamente as linhas da foto
abaixo.
A composição na fotografia 7
Esse é um pé de pêra. Pra mim foi uma baita novidade. Lá em Minas eu era mais conhecedor de pé de
jabuticaba, manga e goiaba.
Esse lugar fica a 20 km de Lucerna e é lindíssimo. Tirei boas fotos da família lá. Outro
exemplo bem parecido em Interlaken, uma cidadezinha na região dos alpes da Suiça.
Repare que as linhas diagonais formam triângulos interessantes e são paralelas ao plano,
não formam ângulo com o plano da foto e portanto não formam, por si só, uma
perspectiva.
As linhas da montanha e o rico contraste de cores quentes e frias formam uma composição agradável. A
perspectiva aqui não é feita pelas linhas, porque estão paralelas ao plano. Apenas o efeito atmosférico de
esfriamento das cores, que tendem ao azul, é quem sugere a distância. Foto em Interlaken, Suiça.
Linhas inclinadas em relação ao plano da imagem
A composição na fotografia 8
As linhas inclinadas em relação
ao plano são chamadas de linhas de fuga. No desenho de perspectiva, são linhas que
reproduzem o efeito de profundidade convergindo para um ponto distante, dentro da
imagem, chamado de ponto de fuga. As linhas de fuga dão a sensação de
tridimensionalidade e são elementos muito fortes na imagem. Elas podem ser reais, como
as linhas da estrada e dos prédios, ou imaginárias (projeção), como as linhas da base e da
copa das árvores.
Ponto de fuga (PF) é o ponto imaginário de intersecção das linhas de fuga com a linha do
horizonte (LH), para onde todas as linhas paralelas convergem, quando vistas em
perspectiva. Ele marca a direção para onde os objetos se aprofundam e, por conseguinte,
o ponto de vista do fotógrafo.
Mas mesmo na ausência de linhas de fuga, a perspectiva pode ser formada por outros
elementos que dão a ilusão de profundidade. São eles:
O efeito atmosférico de esfriamento de cores (tendem ao azul, como na foto de
Interlaken acima);
A perda de contraste (as cores vão esmaecendo com a distância, por causa da
atmosfera);
A luz lateral que enfatiza relevos, com sombras longas, criando a sensação de
profundidade.
A composição na fotografia 9
O hotel onde tirei as fotos acima. Aqui não há nenhuma linha de fuga. Mas há uma ilusão de profundidade
formada por dois dos elementos descritos acima: a perda de contraste – cores vão esmaecendo com a distância
– e a luz lateral no gramado forma um relevo perfeitamente tridimensional com longas sombras de árvores.
Pintores sabem de tudo de perspectiva em detalhes e quem cai direto na fotografia sem
passar pela pintura ou desenho, como foi o meu caso, demora um pouco para perceber.
As linhas de fuga e o ponto de fuga estão bem evidentes nessa foto do Parque Orangerie,
em Estrasburgo, França, em pleno outono:
E nessa foto de Veneza também:
A composição na fotografia 10
Em fotos urbanas as linhas retas são mais comuns. Na natureza, quase tudo é curvo.
Vista do Arco do Triufo em direção a La Defense.
Estou ilustrando essa aula com fotos que eu tirei como turista, ou seja, sem muito apuro ou
esmero e sem escolher a melhor posição, pois eu não estava ali para fotografar e sim
acompanhado da família, passeando, apenas com uma câmera na mão. Mas valem como
um exemplo do poder das linhas de perspectivas: mesmo fotos de turista podem ficar
bonitas. São fotos de diversos lugares, selecionadas de acordo com uma única coisa em
comum: as linhas – retas ou curvas – de perspectiva.
As linhas curvas são bem mais ricas em variação que as retas e, portanto, produzem
resultados mais graciososos. As fotos a seguir foram de cima da torre Eiffel – a verdadeira
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torre de Babel, visitada por turistas do mundo inteiro. Lá você ouve ao mesmo tempo uma
grande profusão de idiomas. Abaixo, a cidade mágica se descortina aos olhos:
O sol baixo no horizonte enfatiza relevos, torna mais evidentes as linhas do urbanismo. Do alto da torre Eifel, eu
busquei as curvas.
Eu adoro curvas. Procuro sempre elas no enquadramento, como nas fotos abaixo, tiradas
na Villa del Balbianello, no Lago de Como, na Itália. O jardim é todo feito em curvas e as
linhas de fuga (ou seriam curvas de fuga?) conduzem os olhos para o lago:
A composição na fotografia 12
O tempo estava chuvoso e eu aproveitei o baixo contraste de luz. Usei um filtro polarizador
para eliminar os reflexos das folhas molhadas e da água a fim de aumentar a saturação do
verde da vegetação e do azul do lago. Medição básica de luz pontual no verde, checada
de vez em quando no histograma da câmera, sem grandes alterações porque a luz estava
estável.
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Curvas em S são ainda mais especiais que as curvas normais.
Várias linhas retas, em diferentes patamares, cada uma levando a uma estátua em uma
perspectiva bem diferente neste outro fantástico jardim no Lago Maggiore, na Itália:
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Eu gostei muito dessa foto em Isola Bella – Lago Maggiore, IT
Voltando à Suiça, em Lucerna, eu arrisquei algumas fotos em preto e branco:
Longas linhas de fuga com uma charmosa curvinha depois da torre.
Do alto da roda gigante, em Zurich, balançando, câmera na mão, com asa 1600:
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As linhas do rio aprofundam a vista na cidade. Sem essas linhas (ou melhor, esse plano, porque o rio inteiro
serve como condutor da perspectiva) a foto iria ficar sem graça, só com telhados.
Da janela de um trem em movimento, subindo a montanha Jungfraujoch, na Suiça:
Curva em S de novo.
As linhas estão por toda a parte. Até nas fotos macros, como dessa flor no alto da Serra da
Canastra, em Minas Gerais, minha terra natal. Observe essa sempre-viva. De longe, as
linhas não são nada relevantes:
A composição na fotografia 16
Mas de perto, as linhas de fuga aparecem com bastante tridimensionalidade:
E aqui, bem de pertinho, as linhas quase evanescentes, com essas micro florzinhas na
ponta, olha que beleza:
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Perspectiva é também o que a fotografia lhe traz: novas maneiras de enxergar o mundo,
perceber detalhes, nuances de luz, cores e texturas, depurar sua visão e lhe trazer poesia.
O que mais esperar da fotografia?