063 Psicologia Revolucionaria

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  • TRATADO DE PSICOLOGIA REVOLUCIONRIA

    http://www.gnose.org.br FUNDASAW- 1

    TRATADO DE PSICOLOGIA REVOLUCIONRIA MENSAGEM DE NATAL DE 1975 SAMAEL AUN WEOR BUDDHA MAITREYA KALKI AVATAR DA ERA DE AQURIO Primeira Edio: 1975 Colmbia TRADUO: KARL BUNN Presidente da Fundao Samael Aun Weor Curitiba PR Brasil AGOSTO 2004 XLIII Ano de Aqurio Direitos autorais desta edio: FUNDASAW-Brasil : http://www.gnose.org.br Cpias desta traduo so permitidas desde que se mantenha a totalidade deste texto [da primeira a ltima linha desta traduo] e seja expressamente mencionada a fonte (FUNDASAW-BRASIL) e nosso endereo na internet (http://www.gnose.org.br). Textos entre [ ] so do tradutor; no constam no original. Usamos esse recurso para oferecer um melhor entendimento e orientao para o leitor, evitando, assim, as nem sempre prticas notas de rodap.

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    APRESENTAO Samael Aun Weor, o autor do renascimento ou do ressurgimento dos gnsticos no sculo XX, aqui mesmo, na Amrica do Sul. Seus livros hoje circulam em todos os continentes e esto traduzidos at mesmo para os mais exticos idiomas, como o tailands, sueco, grego e outros.

    Samael Aun Weor tido hoje como o Grande Mestre Gnstico do Sculo XX. Em sua vida [1917-1977], fundou cinco organizaes de cunho social, cultural e filosfico, originariamente no Mxico. Ao desencarnar, deixou um legado escrito de 72 livros e mais de 300 palestras gravadas.

    PSICOLOGIA REVOLUCIONRIA foi escrito em 1975, e se configura como um dos livros mais simples e objetivos acerca da metodologia do autoconhecimento psicolgico profundo e revolucionrio. um livro especialmente indicado para quem nada sabe sobre o tema mas que est seriamente interessado em se conhecer de forma profunda com vistas a uma transformao radical definitiva de si mesmo.

    PSICOLOGIA REVOLUCIONRIA no um livro de auto-ajuda com propostas simplistas de mera reprogramao mental. uma obra de auto-ajuda que ultrapassa a esfera meramente intelectual, mergulhando no cerne mesmo da questo da infelicidade humana no mundo moderno.

    O autor expe e argumenta, at de forma repetitiva, que cada pessoa a autora e nica responsvel por tudo que lhe acontece na vida - de bom e de ruim. Conseqentemente, cada pessoa tambm a nica que pode modificar, de forma radical e profunda, sua prpria forma de pensar, sentir e ser - e, com isso, atrair para si, um novo tipo de influncia e fugir do ciclo mecnico dos acontecimentos negativos dirios.

    O novo milnio exige uma nova forma de pensar. Porm, o mundo ainda segue pensando como sempre pensou, com velhas idias e velhos sistemas psicolgicos e espirituais. Este livro, se estudado com a calma e a reflexo que se fazem necessrias em obras desta natureza, certamente poder servir de marco definitivo na histria de vida do nosso leitor.

    Para que isso ocorra preciso evitar aqui o velho hbito de ler superficialmente e achar que assim possvel alguma mudana profunda. Como o prprio autor muito bem explica, "mudanas profundas no so feitas pela mente; a mente no tem poder nem capacidade para fazer transformaes radicais e profundas; preciso ir alm dos conceitos e das prprias leituras e implementar em nossa vida todo um novo sistema ou metodologia de auto-observao, auto-anlise e auto-transformao".

    Oxal esta obra possa fazer por voc tudo que fez por mim em quase trs dcadas de uso dos sistemas e prticas aqui abordados. Para mim, a obra de Samael Aun Weor foi e tem sido o alento de todos os dias.

    Karl Bunn Presidente FUNDASAW-Brasil http://www.fundasaw.org.br

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    PREFCIO DA EDIO ORIGINAL Por: Gargha Kuichines

    O presente Tratado de Psicologia Gnstica um novo livro que o Mestre outorga aos irmos como Mensagem de Natal de 1975. um completo cdigo que ensina a eliminar defeitos.

    At agora o estudantado se conformou em reprimir os defeitos algo assim como um chefe militar que se impe diante de seus subordinados. Pessoalmente, temos sido tcnicos em reprimir defeitos, mas, chegado o momento em que nos vemos obrigados a dar-lhes morte, a elimin-los, valendo-nos da tcnica do Mestre Samael, que, em forma ntida, precisa e exata, nos d as chaves.

    Quando os defeitos morrem, alm de a alma se expressar com sua imaculada beleza, tudo muda para ns. Muitos perguntam o que fazer quando vrios defeitos se manifestam ao mesmo tempo. A esses j temos respondido que eliminem alguns e que reprimam os outros para elimin-los mais tarde.

    O CAPTULO 1 ensina como mudar a pgina da nossa vida; romper a ira, cobia, inveja, luxria, orgulho, preguia, gula, desejo, etc. indispensvel dominar a mente terrena e fazer girar o vrtice [chakra] frontal, para que este absorva o eterno conhecimento da mente universal. Nesse mesmo captulo ensinado a examinar nosso nvel moral de ser e mud-lo. Isso possvel quando destrumos nossos defeitos. Toda mudana interior traz como conseqncia uma mudana exterior. O nvel de ser, do qual trata o Mestre nesta obra, refere-se condio em que nos encontramos.

    No CAPTULO 2 explicado que o nvel de ser o degrau onde nos encontramos na escada da vida. Quando subimos, avanamos; mas, quando paramos, isso produz aborrecimentos, desenganos, tristezas e pesadelos.

    No CAPTULO 3 o livro nos fala sobre a rebeldia psicolgica e nos ensina que o ponto psicolgico de partida est dentro de ns e nos diz que o caminho vertical ou perpendicular o caminho dos rebeldes, dos que buscam mudanas imediatas, de tal sorte que a via vertical sua principal caracterstica. Os humanides seguem pelo caminho horizontal da escada da vida.

    O CAPTULO 4 explica como se produzem as mudanas. A beleza de uma criana se deve ao fato de ainda no haver desenvolvido seus defeitos; medida que eles se desenvolvem, vai perdendo sua beleza nata. Quando desintegramos os defeitos, a alma se manifesta em todo seu esplendor; isso percebido pelas pessoas simples vista. Alm disso, a beleza da alma a que embeleza o corpo fsico.

    O CAPTULO 5 nos ensina a manejar o ginsio psicolgico e o mtodo para aniquilar a feira secreta que temos por dentro (os defeitos). Tambm nos ensina a trabalhar sobre ns mesmos para conseguir uma total transformao. Mudar necessrio, mas as pessoas no sabem como mudar; sofrem muito e se contentam em lanar a culpa nos outros. No sabem que elas mesmas so as nicas responsveis pela conduo de suas vidas.

    O CAPTULO 6 fala sobre a vida. Diz que a vida um problema que ningum entende: os estados so internos e os acontecimentos so externos.

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    O CAPTULO 7 nos fala sobre os estados internos e nos ensina a diferena que existe entre os estados de conscincia e os acontecimentos externos da vida prtica. Quando modificamos os estados equivocados da conscincia isso d origem mudanas fundamentais dentro de ns.

    [O original no traz nenhum comentrio sobre o Captulo 8 Nota do Tradutor].

    O CAPTULO 9 fala dos eventos pessoais, e nos ensina a corrigir os estados psicolgicos equivocados e os estados interiores errados; enfim, nos ensina a pr ordem em nossa bagunada casa interna. A vida interior atrai as circunstncias exteriores. Se essas so dolorosas, isso devido aos absurdos estados internos porque o exterior o reflexo do interior. A mudana interna d origem imediata a uma nova ordem de coisas.

    So os estados interiores equivocados que nos transformam em vtimas indefesas da perversidade humana. Esse Captulo nos ensina a no nos identificarmos com nenhum acontecimento, lembrando que tudo termina. Devemos aprender a ver a vida como um filme; nos dramas, devemos ser meros observadores e nunca nos identificarmos com eles.

    Um de meus filhos dono de um cinema, onde so exibidos filmes modernos. O cinema lota quando h filmes ganhadores de Oscars. Um dia, meu filho lvaro, me convidou para ver um filme com atores premiados. Mas recusei o convite dizendo que s estava interessado em um drama humano melhor que o filme com ganhadores de Oscars. Ele me perguntou: Que drama este? Respondi: O Drama da Vida. Ele continuou: Mas, todos fazemos parte desse drama. Por que o senhor acha melhor? Respondi: Porque no me identifico com ele, fao o que precisa ser feito, no me emociono nem me entristeo com os seus acontecimentos.

    O CAPTULO 10 nos fala sobre os diferentes egos e nos explica que, na vida interna das pessoas, no existe harmonia, porque ali existe um amontoado de egos. Isso a causa de tantas mudanas na vida diria de cada um de ns: cimes, risadas, choros, raiva, susto. Estas caractersticas nos mostram as mudanas e alteraes variadas a que nos expem os egos que formam nossa personalidade.

    O CAPTULO 11 fala sobre nosso querido ego, explicando que os egos so valores psicolgicos positivos e negativos. Ensina tambm a prtica da auto-observao interior. Com isso, podemos descobrir os muitos egos que vivem dentro de nossa personalidade.

    O CAPTULO 12 fala da mudana radical. Explica que no possvel nenhuma mudana em nossa mente sem a observao direta de todo esse conjunto de fatores subjetivos que temos dentro de ns. Quando aprendermos que no somos um, mas vrios, tomamos o caminho do autoconhecimento. Conhecimento e compreenso so diferentes: o primeiro da mente; o segundo, do corao.

    O CAPTULO 13 fala do atleta da auto-observao interior que todo aquele que trabalha seriamente sobre si mesmo e se esfora por separar os elementos indesejveis que carregamos dentro de ns. Para nos conhecermos, devemos dividir a ateno em observador e observado. Sem isso, jamais poderemos chegar ao autoconhecimento.

    O CAPTULO 14 fala sobre os pensamentos negativos. Vemos tambm que todos os egos possuem inteligncia e usam nosso centro intelectual para criar conceitos, idias, anlises,

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    etc., os quais indicam que no possumos mente individual. Vemos, neste captulo, que os egos usam de forma abusiva nosso centro pensante.

    O CAPTULO 15 fala sobre a individualidade. Aqui, a gente se d conta que no temos nem vontade prpria, nem individualidade. Mediante a auto-observao ntima, podemos ver as criaturas que vivem dentro de nossa mente (os egos) e que devemos eliminar para obter uma transformao radical, posto que a individualidade sagrada. Vemos o caso das professoras que passam a vida toda corrigindo as crianas e assim chegam velhice porque tambm confundiram o drama da vida.

    Os demais captulos, entre o 16 e o 32, so bem interessantes para quem est interessado em deixar de ser massa, para quem aspira a ser algo na vida, para as guias altaneiras, para os revolucionrios de conscincia e de esprito indomvel e para aqueles que se negam a se curvar diante dos donos deste mundo.

    O CAPTULO 16 fala acerca do livro da vida. conveniente observar a repetio das palavras dirias, a recorrncia das coisas do dia-a-dia. Tudo isso nos leva ao autoconhecimento.

    O CAPTULO 17 fala sobre as criaturas mecnicas e nos diz que, quando algum no se auto-observa, no pode se dar conta da incessante repetio diria. Quem no deseja observar a si mesmo, tampouco deseja trabalhar para obter verdadeira transformao radical. Nossa personalidade to s uma marionete, um boneco falante, algo mecnico. Somos meros repetidores de eventos. Nossos hbitos so sempre os mesmos; nunca queremos mud-los.

    O CAPTULO 18 trata do Po Supersubstancial. Os hbitos nos mantm petrificados. Somos pessoas mecnicas, carregadas de velhos hbitos; precisamos gerar modificaes internas. Para isso, a auto-observao indispensvel.

    O CAPTULO 19 fala do bom dono de casa. Precisamos nos isolar do drama da vida; preciso vigiar a mente. Este trabalho vai contra a vida. Trata-se de algo bem diferente da vida diria. Enquanto algum no mudar internamente, sempre ser vtima das circunstncias. O bom dono de casa aquele que nada contra a correnteza; poucos so aqueles que no querem se deixar devorar pela existncia.

    O CAPTULO 20 fala dos dois mundos, e nos mostra que o verdadeiro conhecimento, aquele que pode gerar em ns profunda mudana, tem por base a auto-observao direta. A auto-observao interna o meio para mudarmos psicologicamente. Mediante a auto-observao, aprendemos a trilhar o caminho interior. O sentido da auto-observao est atrofiado hoje. Mas, esse sentido volta a se desenvolver quando perseveramos na prtica do mesmo. Assim como aprendemos a caminhar no mundo externo, igualmente, mediante o trabalho psicolgico sobre ns mesmos, aprendemos a caminhar no mundo interno.

    O CAPTULO 21 fala sobre a auto-observao de si mesmo. Diz que a observao um mtodo prtico para obter a transformao radical. Conhecer no observar. preciso no confundir o conhecer com o observar. A observao de si 100% ativa; um meio de transformao, enquanto que o conhecer passivo e no transforma. A ateno dinmica provm do lado observante enquanto os pensamentos e sentimentos pertencem ao lado do observado. O conhecer algo completamente mecnico, passivo. Em troca, a observao de si mesmo um ato consciente.

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    O CAPTULO 22 aborda o dilogo interior. Esse dilogo interior prejudicial, visto que so nossos egos falando entre si e enfrentando-se mutuamente. Quando perceberes que ests falando sozinho, observa-te bem e descobrirs a bobagem que ests fazendo.

    O CAPTULO 23 fala do mundo das relaes. Diz que h trs estados de relacionamentos: Com nosso corpo, com o mundo exterior e conosco mesmo. Para a maioria das pessoas, este ltimo no tem importncia. Elas se preocupam unicamente com seu corpo e com o mundo exterior. Devemos estudar para saber com quais desses trs estamos falhando. A falta de eliminao interior [de defeitos] faz com que no estejamos relacionados conosco mesmos e isso faz com que permaneamos em trevas. Quando estiveres abatido, desorientado, confuso, lembra-te de ti mesmo, e isso far com que as clulas de teu corpo recebam um alimento diferente.

    O CAPTULO 24 fala sobre a cano psicolgica. Aborda os aspectos da zombaria, das justificativas, das perseguies, de acreditar que os outros sempre so culpados de tudo que nos acontece, etc. Em compensao, para as coisas boas, sempre dizemos que somos ns. Nunca poderemos melhorar dessa forma. O homem, aprisionado pelos conceitos que cria, pode se tornar til ou intil. Esta no a tnica para nos auto-observarmos e melhorarmos. Aprender a perdoar indispensvel para nosso melhoramento interno. A Lei de Misericrdia mais elevada que a Lei do Homem Violento, do olho por olho, dente por dente. A Gnose destinada aos aspirantes sinceros, que verdadeiramente querem trabalhar e mudar. Mas, cada um prefere cantar sua cano psicolgica. As lembranas tristes das coisas vividas nos amarram ao passado e no permitem que vivamos o presente, desfigurando-o. Para passar a um nvel superior indispensvel deixar de ser o que somos hoje. Acima de cada um de ns h nveis superiores para escalar.

    O CAPTULO 25 fala sobre o retorno e a recorrncia. Ensina que a Gnose transformao, renovao, melhoramento incessante. Quem no quer melhorar, se aperfeioar, perde seu tempo, porque, alm de no avanar, permanece no caminho do retrocesso, e, portanto, se torna incapaz de se conhecer. Com justa razo diz o Mestre que somos marionetes repetindo as cenas da vida. Quando refletimos sobre esses fatos, damo-nos conta que somos artistas que trabalham em vo no drama da vida diria. Quando temos o poder de vigiar-nos para observar o que faz e executa nosso corpo fsico, colocamo-nos no caminho da auto-observao consciente e observamos que uma coisa a conscincia, a que conhece, e outra coisa, a que executa e obedece, ou seja: nosso prprio corpo. A comdia da vida dura e cruel com aquele que no sabe acender os fogos internos; consome-se no prprio labirinto em meio s profundas trevas, onde vivem, prazerosamente, nossos egos.

    O CAPTULO 26 fala sobre a autoconscincia infantil. Diz que quando a criana nasce, a Essncia se reincorpora. Isso d beleza criana. Depois, medida que vai se desenvolvendo a personalidade, os egos das vidas passadas tambm vo reincorporando, e a criana perde a sua beleza natural.

    O CAPTULO 27 trata do publicano e do fariseu. Diz que cada um de ns se apia sobre algo que possui. disso o impulso de ter algo: ttulos, bens, dinheiro, fama, posio social, etc. O homem e a mulher inflados de orgulho so os que mais necessitam do necessrio para viver. O homem se apia unicamente sobre bases externas. um invlido, porque no dia que perder seu apoio, se tornar a criatura mais infeliz do mundo.

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    Quando nos sentimos superiores aos demais, estamos engordando nossos egos e assim nos recusamos a alcanar a bem-aventurana. Para o trabalho esotrico, nossos prprios elogios so obstculos que se opem a todo avano espiritual. Quando nos auto-observamos podemos descobrir as bases sobre as quais nos apoiamos. Devemos pr muita ateno s coisas que nos ofendem ou machucam. Assim, descobriremos as bases psicolgicas sobre as quais estamos apoiados.

    Neste caminho de melhoramento, aquele que se cr superior ao outro, estanca e retrocede. No processo inicitico de minha vida operou-se uma grande mudana quando, afligido por milhares de asperezas, desenganos e infortnios, fiz em meu lar um curso de pria. Abandonei a pose do eu sou o senhor desta casa para sentir-me como um triste mendigo, enfermo e sem nada na vida. Tudo mudou em minha vida porque me davam caf da manh, almoo e jantar, roupa limpa e o direito de dormir na mesma cama de minha patroa (a esposa). Isso s durou alguns dias porque minha famlia no agentou essa ttica ou essa atitude guerreira. preciso aprender a transformar o mal em bem, as trevas em luz, o dio em amor, etc.

    O Ser no discute nem entende as injrias dos egos que disparam nossos inimigos ou amigos. Os que sentem esses golpes so os egos que prendem nossa alma. Eles enfrascam [a alma] e reagem colricos e iracundos. Aos egos interessa ir contra o Cristo Interno, contra nossa prpria semente. Quando nossos estudantes pedem remdio para curar as polues noturnas, aconselhamos que abandonem a ira. Os que isso fizeram, obtiveram benefcios.

    O CAPTULO 28 fala sobre a vontade, dizendo que devemos trabalhar na obra do Pai. Mas, os estudantes crem que isso quer dizer trabalhar com o Arcano AZF. [Mas a Obra do Pai ] o trabalho sobre ns mesmos, o trabalho com os trs fatores que libertam nossa conscincia; devemos conquistar-nos internamente, libertar o Prometeu que temos acorrentado dentro de ns. A vontade criadora obra nossa, qualquer que seja a circunstncia em que nos encontremos. A emancipao da Vontade surge com a eliminao de nossos defeitos, e a natureza nos obedecer.

    O CAPTULO 29 fala da decapitao. Assinala que os momentos mais tranqilos de nossas vidas so os menos favorveis para nos autoconhecer. Isso s se consegue no trabalho da vida, nas relaes sociais, negcios, atividades, enfim, na vida diria quando mais afloram nossos defeitos. O sentido da auto-observao interna est atrofiado no ser humano. Esse sentido se desenvolve em forma progressiva com a auto-observao que realizamos de momento a momento e com o uso contnuo.

    Tudo que est fora do lugar mau; deixa de ser mau quando volta ao seu lugar, quando est em seu lugar. S com o poder da Deusa Me em ns, a Me RAM-IO, poderemos destruir os egos dos diferentes nveis mentais. A frmula para isso est nos livros do Mestre Samael. Stella-Maris a assinatura astral, a potncia sexual. Ela tem o poder de desintegrar as aberraes que levamos em nossa mente. Tonantzin decapita todos os egos.

    O CAPTULO 30 fala do centro de gravidade permanente. Explica que cada pessoa uma mquina a servio dos inumerveis egos que possui. Portanto, a pessoa no possui um centro de gravidade permanente. Por isso, h tanta instabilidade no trabalho de auto-realizao ntima do Ser. preciso continuidade de propsito e isso se consegue extirpando-se os egos que temos em nosso interior. Se no trabalhamos sobre ns mesmos,

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    involumos e degeneramos. O processo da Iniciao nos pe no caminho da superao, nos conduz ao estado anglico-dvico.

    O CAPTULO 31 aborda o trabalho esotrico gnstico e ensina que preciso examinar ou reconhecer o ego. O [pr]requisito indispensvel para destru-lo a observao. Isso permite a entrada de um raio de luz em nosso interior. A destruio dos egos analisados [previamente] deve ir acompanhada de servios em favor dos demais, dando-lhes o ensinamento para que tambm se libertem dos demnios ou egos que impedem a sua prpria redeno.

    O CAPTULO 32 fala da orao no trabalho [gnstico]. Ensina que a observao, o julgamento e a execuo so os trs passos bsicos da dissoluo do ego. Primeiro se observa; segundo, se julga; terceiro, se executa o ego. Assim tambm se faz com os espies na guerra. O sentido da auto-observao interna, conforme vai se desenvolvendo, nos permite ver o avano progressivo de nosso trabalho.

    H 25 anos, no Natal de 1951, nos dizia o Mestre, aqui na cidade de Cinaga e mais tarde explicaria na Mensagem de Natal de 1962: Estou com vocs at que hajam formado o Cristo em vosso corao.

    Sobre vossos ombros pesa a responsabilidade do povo de Aqurio. A doutrina do amor se expande atravs do conhecimento gnstico. Se quiserdes seguir a doutrina do amor, devereis deixar de odiar, mesmo em sua mnima manifestao. Isso nos prepara para o nascimento da Criana de Ouro da Alquimia, o filho da castidade, o Cristo Interno que vive e palpita no fundo mesmo de nossa energia criadora. Assim obteremos a morte das legies de egos satnicos que mantemos dentro de ns e nos preparamos para a ressurreio, para uma transformao total. Esta Santa Doutrina os humanos desta Era no compreendem, mas, devemos lutar por isso no culto de todas as religies, para que [esses humanos] anelem uma vida superior, dirigida por seres superiores. Este corpo de doutrina nos remete doutrina do Cristo ntimo, e quando a praticarmos, mudaremos o futuro da humanidade.

    PAZ INVERENCIAL

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    Captulo 1

    Os nveis de ser

    Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Para que vivemos? Por que vivemos?

    Sem dvida, o pobre animal intelectual, equivocadamente chamado homem, no s no sabe, como nem sequer sabe que no sabe.

    O pior de tudo a situao, bastante difcil e bastante estranha, em que nos encontramos. Ignoramos o segredo de todas as nossas tragdias e, no entanto, estamos convencidos de que sabemos tudo.

    Levemos um mamfero racional, uma dessas pessoas que na vida se diz influente, ao meio do deserto do Saara. Deixemo-la a, longe de qualquer osis e observemos de uma nave area tudo que ir acontecer.

    Os fatos falaro por si mesmos. O humanide intelectual, ainda que se julgue forte e se considere homem, no fundo espantosamente fraco.

    O animal racional cem por cento tolo. Pensa o melhor de si mesmo e acredita que pode se desenvolver maravilhosamente mediante livros, cartilhas, escolas primria, secundria, universitria, etc..

    Infelizmente, atrs de tantos estudos, boas maneiras, ttulos e dinheiro, bem sabemos que qualquer dor de estmago nos entristece, e que, no fundo, somos infelizes e miserveis.

    Basta ler a Histria Universal para saber que somos os mesmos brbaros do passado, e que, em vez de melhorar, nos tornamos piores.

    O sculo XX, com suas guerras, prostituies, sodomias, degenerao sexual, drogas, alcoolismo, crueldades, monstruosidades, extrema perversidade, etc., o espelho vivo onde devemos nos olhar.

    Portanto, no h motivo algum para nos vangloriarmos, acreditando haver chegado a uma etapa superior de desenvolvimento.

    Pensar que o tempo significa progresso um absurdo. Infelizmente, os ignorantes letrados continuam presos ao dogma da evoluo.

    Em todas as negras pginas da negra histria humana encontramos sempre as mesmas e horrorosas crueldades, ambies, guerras, etc..

    No entanto, nossos supercivilizados contemporneos esto convencidos que isso tudo algo sem importncia, um acidente de percurso que nada tem a ver com a to cacarejada civilizao moderna.

    A nica coisa importante o modo de ser de cada pessoa. Alguns so bbados; outros, abstmios; alguns so honrados e, outros, sem-vergonha. De tudo h na vida...

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    A massa a soma dos indivduos. Portanto, assim como o indivduo assim ser a massa, o governo, etc..

    Sendo a massa a extenso do indivduo no ser possvel a transformao das massas, do povo, enquanto o indivduo, cada pessoa, no se transformar.

    Ningum pode negar que existem distintos nveis sociais. H pessoas de igreja e de prostbulo, de comrcio e de campo, etc.. Logo, h tambm distintos nveis de ser. O que internamente somos magnficos ou mesquinhos, generosos ou sovinas, violentos ou pacficos, castos ou luxuriosos assim tambm sero as diversas circunstncias da nossa vida.

    O luxurioso sempre atrair cenas, dramas e tragdias de lascvia e luxria, acabando por se envolver nas mesmas. O bbado atrair outros bbados e sempre se ver metido em bares e cantinas. Isso bvio!

    Qu atrair o usurrio? O egosta? Quantos problemas! Desgraas! Cadeia!

    No entanto, as pessoas amarguradas e cansadas de sofrer tm vontade de mudar, de virar a pgina de sua histria.

    Pobre gente! Querem mudar e no sabem como! No conhecem o procedimento! Esto metidas numa rua sem sada...

    O que lhes aconteceu ontem continua acontecendo hoje e se repetir amanh. Sempre cometero os mesmos erros. No aprendem as lies da vida nem a canhonaos.

    Repetem sempre a mesma histria: dizem as mesmas coisas, fazem as mesmas coisas e lamentam as mesmas coisas.

    Esta repetio aborrecida de dramas, comdias e tragdias continuar enquanto carregarmos em nosso interior os indesejveis elementos da ira, da cobia, da luxria, da inveja, do orgulho, da gula, da preguia, etc..

    Qual o nosso nvel moral? Melhor diramos, qual o nosso nvel de ser?

    Enquanto no mudarmos radicalmente nosso nvel de ser continuaremos envolvidos nas mesmas misrias, nas mesmas desgraas e nos mesmos infortnios.

    Todas as coisas, todas as circunstncias que ocorrem fora de ns, no cenrio deste mundo, so exclusivamente o reflexo do que temos internamente. No sem razo podemos afirmar solenemente que o exterior o reflexo do interior.

    Quando algum muda interiormente, e essa mudana radical, as circunstncias da vida tambm mudaro.

    Estive observando, tempos atrs, um grupo de pessoas que invadiu um terreno alheio. Aqui no Mxico, essa gente conhecida como pra-quedistas.

    So vizinhos da colnia campestre de Churubusco; estavam bem prximos de minha casa. Por esse motivo pude estud-los de perto.

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    Ser pobre jamais foi crime! O grave no isso, e sim, o seu baixo nvel de ser. Diariamente brigam entre si, embriagam-se, insultam-se mutuamente, convertem-se em assassinos dos seus prprios companheiros de infortnio. Vivem em imundas choas, dentro das quais, em vez de amor, reina o dio.

    Muitas vezes pensei comigo mesmo: Se qualquer um desses sujeitos eliminasse do seu interior o dio, a ira, a luxria, a embriaguez, a maledicncia, a crueldade, o egosmo, a calnia, a inveja, o amor prprio, o orgulho, etc., passaria a gostar de outras pessoas; se associaria, pela simples lei de afinidades psicolgicas, com pessoas mais refinadas, mais espiritualizadas; e essas novas relaes seriam definitivas para sua mudana econmica e social.

    Este o sistema que permite qualquer pessoa abandonar a estrebaria, a imunda cloaca em que vive.

    Assim, pois, se realmente queremos uma mudana radical, a primeira coisa que devemos compreender que cada um de ns, seja branco ou negro, amarelo ou vermelho, ignorante ou letrado, etc., est em tal ou qual nvel de ser.

    Qual o vosso nvel de ser? Haveis refletido alguma vez sobre isso?

    No possvel passar para outro nvel simplesmente ignorando o estado em que nos encontramos.

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    Captulo 2

    A maravilhosa escada

    Temos que aspirar a uma verdadeira mudana para sairmos dessa rotina aborrecida, para sairmos dessa vida meramente mecnica e cansativa.

    O que devemos compreender em primeiro lugar, com total clareza, que cada um de ns, quer sejamos burgueses ou proletrios, remediados ou classe mdia, ricos ou pobres, encontra-se num determinado nvel de ser.

    O nvel de ser do bbado diferente do nvel de ser de um abstmio; o nvel de ser da prostituta bem diferente do nvel de ser de uma donzela. Quanto a isso no existe a menor sombra de dvida.

    Ao chegarmos a esta etapa deste captulo, nada perderemos se imaginarmos uma escada, cheia de degraus, posta na vertical. Imaginemos agora que nos encontramos num desses degraus. Abaixo, esto pessoas piores que ns; acima, pessoas bem melhores que ns.

    Nessa extraordinria escada vertical podemos encontrar todos os nveis de ser. Cada pessoa diferente; isso no se pode negar.

    evidente que no estamos falando de gente bonita ou feia. Tampouco estamos nos referindo idade. H gente jovem e velha, adultos e recm-nascidos que esto para morrer.

    A questo do tempo, da idade, dos nascimentos, das mortes, do crescimento, casamento, gerao de filhos, etc. tudo isso pertence linha horizontal da escada da vida.

    Na vertical dessa escada maravilhosa da vida no cabe o conceito de tempo. Nos degraus dessa escada s encontramos os nveis de ser.

    A esperana mecnica das pessoas no serve para nada; crem que com o tempo as coisas ficaro melhores. Assim pensavam nossos avs e bisavs; os fatos vieram demonstrar justamente o contrrio.

    A nica coisa que importa o nvel de ser em que nos encontramos agora. Achamo-nos num determinado degrau, porm podemos subir para um outro.

    A maravilhosa escada, da qual estamos falando, e que se refere aos diferentes nveis de ser, certamente nada tem a ver com o tempo linear.

    A cada momento sempre existe um nvel de ser mais elevado. Ele no est em nenhum remoto futuro horizontal, mas, sim, aqui e agora, dentro de ns mesmos, na vertical.

    simples compreender que as duas linhas horizontal e vertical se encontram, de momento a momento, em nosso interior psicolgico, formando uma cruz.

    A personalidade se forma e se desenvolve na linha horizontal da vida. Ela nasce e morre em seu tempo linear. perecvel e no existe qualquer amanh para a personalidade de quem morre. A personalidade no o Ser.

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    Os nveis de ser nada tm a ver com a linha horizontal. O prprio Ser no do tempo. Ele se encontra em ns, agora, na vertical. Portanto, seria um absurdo buscar o Ser fora de ns mesmos.

    No nenhum exagero assentar como corolrio o seguinte princpio: ttulos, honrarias, mritos, comendas, etc. aqui do mundo fsico no produzem nenhuma exaltao ou revalorizao do Ser ou sua passagem para um degrau superior dos nveis de Ser.

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    Captulo 3

    Rebeldia psicolgica

    No ser demais lembrar aos nossos leitores que existe um ponto matemtico dentro de ns. Esse ponto jamais est no passado ou no futuro. Quem quiser descobrir esse misterioso ponto deve busc-lo aqui e agora, dentro de si mesmo, exatamente neste instante, nem um segundo adiante nem um segundo atrs.

    Os dois madeiros da santa cruz, vertical e horizontal, encontram-se nesse ponto. Achamo-nos, pois, de instante a instante, diante de dois caminhos: o horizontal e o vertical.

    claro que o horizontal o mais trilhado. Por ele andam Vicente e toda gente; Vilhega e todo aquele que chega; Raimundo e todo o mundo.

    evidente que o vertical diferente; o caminho dos rebeldes inteligentes, dos revolucionrios espiritualizados.

    Quando algum se lembra de si mesmo, quando trabalha sobre si mesmo, quando no se identifica com os problemas e as atribulaes da vida, de fato passa a trilhar a senda vertical.

    bvio que subir verticalmente no uma tarefa fcil. Certamente, jamais foi fcil acabar com as emoes negativas e perder toda identificao com o trem existencial, muito bem representado pelos problemas de todo tipo, pelos negcios, dvidas, pagamentos de promissrias, hipotecas, contas de gua, luz, telefone, gs, etc..

    Os desocupados, aqueles que por tal ou qual motivo perderam o emprego, o trabalho, evidentemente sofrem por falta de dinheiro. Esquecer esse problema, no se identificar nem se preocupar com ele, manter-se sereno nessas circunstncias, sem dvida, muito difcil.

    Aqueles que sofrem, aqueles que choram, aqueles que foram vtimas de alguma traio, de algum mau momento na vida, de uma ingratido, de uma calnia ou de alguma fraude, realmente acabam esquecendo de si mesmos, esquecendo seu Real Ser ntimo e identificando-se completamente com sua tragdia pessoal.

    O trabalho sobre si mesmo a caracterstica fundamental do caminho vertical. Ningum trilha a senda da sagrada rebeldia se jamais trabalhar sobre si mesmo.

    O trabalho a que estamos nos referindo de tipo psicolgico. Est voltado para uma determinada transformao do momento presente em que nos encontramos.

    Precisamos aprender a viver de instante a instante. Por exemplo: uma pessoa se encontra desesperada por causa de algum problema sentimental, econmico ou poltico; claro que, nessa situao, sempre se esquece de si mesma. Mas, se essa pessoa se detiver um instante, se observar a situao e tratar de recordar-se de si mesma e se depois se esforar para compreender o significado de sua atitude, se refletir um pouco, se pensar que tudo passa, que a vida ilusria, fugaz, e que a morte reduz cinzas todas as vaidades do mundo, se

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    compreender que seu problema no fundo no mais do que um fogo de palha, um fogo ftuo, que logo se apagar, ver, de repente, com surpresa, que tudo mudou.

    Transformar reaes mecnicas possvel mediante a confrontao lgica e a auto-reflexo ntima do Ser.

    evidente que as pessoas reagem mecanicamente diante das diversas circunstncias da vida!

    Pobre gente! Costumam sempre se comportar como vtimas. Quando algum as elogia, sorriem; quando so humilhadas, sofrem. Insultam se so insultadas, ferem se so feridas. Nunca so livres. Seus semelhantes tm o poder de lev-las da alegria tristeza e da esperana ao desespero num piscar de olhos.

    Cada uma dessas pessoas que segue o caminho horizontal assemelha-se a um instrumento musical no qual seus semelhantes tocam o que lhes d vontade.

    Quem aprender a transformar suas reaes mecnicas comea a trilhar o caminho vertical. Isso representa uma mudana fundamental no nvel de ser resultado extraordinrio da rebeldia psicolgica.

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    Captulo 4

    A Essncia

    Todas as crianas e recm-nascidos so lindos e adorveis devido Essncia. A Essncia a autntica realidade da criana.

    Lamentavelmente a Essncia no chega a se desenvolver dentro de ns, alcanando apenas um grau muito incipiente.

    Nosso corpo cresce e se desenvolve de acordo com as leis biolgicas da espcie humana. No entanto, suas possibilidades so muito limitadas para a Essncia.

    De fato, sem ajuda, a Essncia s pode se desenvolver at um pequenssimo grau. Falando francamente e sem rodeios, podemos dizer que o crescimento espontneo e natural da Essncia s possvel durante os primeiros trs, quatro ou cinco anos de idade; ou seja, na primeira etapa da vida.

    As pessoas pensam que o crescimento e o desenvolvimento da Essncia se realiza permanentemente, de forma contnua, de acordo com a mecnica da evoluo. Mas, o gnosticismo universal ensina claramente que isso no verdade.

    Para que a Essncia possa crescer mais, algo muito especial deve acontecer; algo novo precisa ser feito. Refiro-me ao trabalho sobre ns mesmos. O desenvolvimento da Essncia s possvel base de trabalhos conscientes e padecimentos voluntrios.

    preciso compreender que esses trabalhos no se referem s questes profissionais, como carpintaria, alfaiataria, engenharia, medicina, assuntos de linhas frreas, de escritrio, carreira bancria, etc.

    Esse tipo de ocupao destinado para todos aqueles que desenvolveram a personalidade. O trabalho sobre ns mesmos psicolgico. Todos ns sabemos que temos dentro de ns isso que se chama ego, eu, mim mesmo, si mesmo.

    Infelizmente, a Essncia est engarrafada, enfrascada, dentro desse ego o que lamentvel. Da, dissolver o eu psicolgico, desintegrar os elementos indesejveis, urgente e inadivel. Esse o sentido do trabalho sobre ns mesmos.

    Jamais poderemos libertar a Essncia sem desintegrar previamente o Eu Psicolgico. Na Essncia esto a religio, o Buddha, a sabedoria, as partculas de dor do nosso Pai que est nos cus e todos os dados que precisamos para a auto-realizao ntima do Ser.

    No possvel aniquilar o eu psicolgico sem eliminar previamente os elementos bestiais que trazemos dentro de ns mesmos.

    Precisamos reduzir cinzas a monstruosa crueldade dos tempos atuais: a inveja que infelizmente se converteu na mola secreta da sociedade, a insuportvel cobia que fez a vida to amarga, a asquerosa maledicncia e a calnia que do origem a tantas tragdias, as bebedeiras, a imunda luxria que cheira to mal, etc., etc., etc.

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    medida que todas essas abominaes forem sendo reduzidas poeira csmica, a Essncia, alm de se emancipar, crescer e se desenvolver harmoniosamente.

    No h dvidas de que, quando o eu psicolgico morre, resplandece em ns a Essncia. De sua beleza emanam a felicidade perfeita e o verdadeiro amor.

    A Essncia possui mltiplos sentidos de perfeio e extraordinrios poderes naturais. Quando morremos em ns mesmos, quando dissolvemos o eu psicolgico, passamos a desfrutar dos preciosos sentidos e poderes da Essncia.

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    Captulo 5

    Acusar a si mesmo

    A Essncia que temos dentro de ns vem de cima, do cu, das estrelas.

    De fato, a maravilhosa Essncia provm da nota L (a Via Lctea, a galxia em que vivemos).

    Preciosa, a Essncia passa atravs da nota SOL (o Sol) e depois pela nota F (a zona planetria), entra neste mundo e penetra em nosso prprio interior.

    Nossos pais criaram o corpo apropriado para a recepo dessas Essncias que vm das estrelas.

    Trabalhando intensamente sobre ns mesmos e sacrificando-nos por nossos semelhantes, regressaremos vitoriosos ao profundo seio de Urnia.

    Ns estamos vivendo, neste mundo, por algum motivo, para alguma coisa, por algum fator especial.

    Obviamente, em ns h muito que devemos ver, estudar e compreender se, na realidade, aspiramos saber algo sobre ns mesmos, sobre nossa prpria vida.

    Trgica a existncia daquele que morre sem ter conhecido o motivo da sua vida.

    Cada qual deve descobrir por si mesmo o sentido de sua prpria vida, aquilo que o mantm prisioneiro no crcere da dor.

    claro que h em cada um de ns algo que nos amargura a vida e contra o que temos que lutar firmemente.

    No precisamos viver em desgraa. Basta reduzir poeira csmica isso que nos faz to dbeis e infelizes.

    De nada serve nos envaidecer com ttulos, honrarias, diplomas, dinheiro, cultura livresca, etc., etc., etc..

    No devemos esquecer jamais que a hipocrisia e as tolas vaidades da falsa personalidade fazem de ns criaturas ignorantes, retardatrias, reacionrias e incapazes de ver o novo.

    A morte tem muitos significados positivos ou negativos. Consideremos aquela magnfica observao do grande Kabir Jesus Cristo: Que os mortos enterrem seus mortos.

    Muita gente, mesmo estando viva, est, de fato, morta para todo o possvel trabalho sobre si mesma; portanto, para qualquer transformao ntima.

    So pessoas engarrafadas em seus dogmas e crenas, gente petrificada nas recordaes de muitos ontens, indivduos cheios de preconceitos ancestrais, pessoas escravas da opinio

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    alheia, criaturas espantosamente dbeis e indiferentes, s vezes convencidas de conhecerem a verdade porque assim lhes foi ensinado, etc..

    Esse tipo de gente no quer entender que este mundo um ginsio psicolgico atravs do qual possvel aniquilar toda essa terrvel feira interna que todos temos dentro de ns mesmos.

    Se essas pobres pessoas compreendessem em que estado psicolgico se encontram tremeriam de horror.

    Porm, todo mundo pensa sempre o melhor de si mesmos; orgulham-se de suas virtudes; sentem-se perfeitas, bondosas, nobres, caridosas, inteligentes, cumpridoras de seus deveres, etc..

    A vida prtica formidvel como escola psicolgica. Mas, tom-la como um fim em si mesmo manifestamente absurdo.

    Aqueles que tomam a vida em si mesma tal como se vive diariamente no compreenderam a necessidade de trabalhar sobre si mesmos para conseguir uma Transformao radical.

    Infelizmente, as pessoas vivem de forma mecnica. Nunca ouviram falar nada sobre o trabalho interior.

    Mudar necessrio, porm, as pessoas no sabem como mudar. Sofrem muito e sequer sabem porque sofrem.

    Ter dinheiro no tudo. A vida de muitas pessoas ricas costuma ser verdadeiramente trgica.

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    Captulo 6

    A vida

    No terreno da vida prtica descobrimos sempre contrastes surpreendentes. Gente endinheirada, morando em belas residncias e com muitas amizades, s vezes sofre espantosamente.

    Por outro lado, humildes operrios ou pessoas da classe mdia s vezes costumam viver em completa felicidade.

    Muitos multimilionrios sofrem de impotncia sexual e ricas senhoras choram amargamente a infidelidade do marido.

    Os senhores da terra parecem abutres em jaulas de ouro por estes tempos; no conseguem viver sem guarda-costas. Os homens de estado arrastam cadeias; nunca esto livres, andando por todos os lados rodeados de gente armada at os dentes.

    Estudemos essa situao mais detidamente. Necessitamos saber o que a vida. Cada um livre para opinar como quiser. Mas, digam o que disserem, certamente ningum sabe nada; a vida um enigma que ningum entende.

    Quando as pessoas desejam nos contar gratuitamente a histria de suas vidas, citam nomes, acontecimentos, apelidos, datas, etc.. Sentem prazer fazendo seus relatos.

    Essa pobre gente ignora que seus relatos esto incompletos; eventos, nomes e datas so to somente o aspecto externo da histria; fica faltando o aspecto interno.

    Precisamos conhecer os estados de conscincia. A cada evento corresponde um estado anmico prprio. Os estados de conscincia so interiores e os eventos so exteriores. Os acontecimentos externos no so tudo.

    Entenda-se por estados interiores as boas ou ms disposies, as preocupaes, a depresso, a superstio, o temor, a suspeita, a misericrdia, a autoconsiderao, o apreo a si mesmo, as maneiras de se sentir feliz, os estados de gozo, etc..

    Quanto aos estados interiores, esses podem corresponder exatamente aos acontecimentos exteriores ou serem originados por eles ou ainda no ter relao alguma com os mesmos.

    Em todo caso, estados e eventos so diferentes. Nem sempre as ocorrncias correspondem exatamente aos estados afins.

    O estado interior de um evento agradvel poderia no ser correspondente com o mesmo.

    O estado interior de um evento desagradvel poderia no ser correspondente com o mesmo.

    Acontecimentos aguardados durante muito tempo, quando chegaram, foi como se faltasse algo.

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    Certamente, faltava o correspondente estado interior que devia combinar com o acontecimento exterior.

    Muitas vezes, o acontecimento que no se esperava veio a ser o que melhores momentos nos proporcionaram.

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    Captulo 7

    O estado interior

    Combinar estados interiores com acontecimentos exteriores de forma correta saber viver inteligentemente.

    Qualquer evento, inteligentemente vivenciado, exige seu correspondente estado interior especfico.

    Porm, infelizmente, as pessoas quando revisam suas vidas, pensam que ela, em si mesma, est constituda exclusivamente de eventos exteriores.

    Pobre gente! Pensa que se tal ou qual acontecimento no lhes tivesse ocorrido, sua vida teria sido melhor.

    Supem que a sorte lhes saiu ao encontro e que perderam a oportunidade de serem felizes.

    Lamentam o perdido, choram o que desprezaram, gemem recordando os velhos tropeos e calamidades.

    No querem se dar conta que vegetar no viver e que a capacidade para existir conscientemente depende exclusivamente da qualidade dos estados interiores da alma.

    No importa certamente quo belos sejam os acontecimentos externos da vida. Se no nos encontrarmos, em tais momentos, com o estado interior apropriado, estes melhores eventos podero nos parecer montonos, cansativos ou simplesmente aborrecidos

    Algum aguarda com ansiedade a festa do casamento. um acontecimento. Porm, pode acontecer que, estando to preocupado, no momento exato do evento este no lhe proporcione nenhum prazer, podendo at se tornar to rido e frio como um protocolo.

    A experincia ensinou-nos que nem todas as pessoas que participam de um banquete ou de um baile se divertem de verdade.

    Nunca falta um aborrecimento no melhor da festa. As peas mais famosas alegram uns e fazem chorar outros.

    Bem raras so as pessoas que sabem combinar, conscientemente, o evento externo com o estado interno apropriado.

    lamentvel que as pessoas no saibam viver conscientemente; choram quando devem rir e riem quando devem chorar.

    Controle diferente. O sbio pode estar alegre, mas jamais tomado de louco frenesi; triste, mas nunca desesperado e abatido; sereno no meio da violncia, abstmio na orgia; casto entre a luxria, etc.

    As pessoas melanclicas e pessimistas pensam o pior da vida e, francamente, no desejam viver.

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    Todos os dias vemos gente que no somente infeliz, como tambm isso o pior tornam amarga a vida dos demais.

    Gente assim no mudaria nem vivendo diariamente de festa em festa. Levam a enfermidade psicolgica em seu interior.

    Esse tipo de gente possui estados ntimos definitivamente perversos. No entanto, esses sujeitos se acham justos, santos, virtuosos, mrtires, nobres, caridosos, etc., etc., etc.

    So pessoas que se autoconsideram muito, pessoas que querem demasiadamente a si mesmas, pessoas que sempre buscam escapatrias para fugir de suas prprias responsabilidades.

    Pessoas assim esto acostumadas a emoes inferiores e, por esse motivo, criam diariamente elementos psquicos infra-humanos.

    Os eventos infelizes, os reveses da fortuna, misria, dvidas, problemas, etc., so exclusividade das pessoas que no sabem viver.

    Qualquer um pode formar uma rica cultura intelectual, mas so bem poucas as pessoas que aprenderam a viver retamente.

    Quando algum quer separar os eventos exteriores dos estados interiores da conscincia, demonstra concretamente sua incapacidade para existir dignamente.

    Aqueles que aprendem a combinar conscientemente eventos exteriores e estados interiores marcham pelo caminho do xito.

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    Captulo 8

    Os estados equivocados

    inquestionvel que, na rigorosa observao do mim mesmo, muito importante distinguir claramente os acontecimentos exteriores da vida prtica e os estados ntimos da conscincia.

    Necessitamos, com urgncia, saber onde estamos situados num determinado momento, tanto em relao ao estado ntimo da conscincia quanto em relao natureza especfica do acontecimento externo que est nos ocorrendo.

    A vida em si mesma uma srie de acontecimentos que se processam atravs do tempo e do espao. Algum j disse que a vida uma cadeia de martrios que leva o homem enredado na alma.

    Cada um livre para pensar como quiser. Eu creio que os efmeros prazeres de um instante fugaz so sempre sucedidos pelo desencanto e pela amargura.

    Cada acontecimento tem seu sabor caracterstico especial; o mesmo se d com os estados interiores. Quanto a isso no existe a menor sombra de dvida.

    Certamente, o trabalho interior, o trabalho sobre si mesmo, refere-se, de forma enftica, aos diversos estados psicolgicos da conscincia.

    Ningum pode negar que trazemos muitos erros em nosso interior e que ali existem muitos estados equivocados.

    Se verdadeiramente queremos mudar, necessitamos, com a mxima urgncia, modificar radicalmente esses estados equivocados da conscincia.

    A completa modificao dos estados equivocados produz transformaes tambm completas no terreno da vida prtica.

    Quando algum trabalha seriamente sobre seus estados equivocados, obviamente as desagradveis ocorrncias da vida deixam de atingi-lo to facilmente.

    Estamos dizendo algo que s possvel de ser compreendido com a vivncia; algo que s pode ser sentido no terreno mesmo dos fatos do dia-a-dia.

    Quem no trabalha sobre si mesmo sempre vtima das circunstncias; como um pobre pedao de madeira atormentado pelas guas do oceano.

    Os acontecimentos mudam incessantemente, atravs de mltiplas combinaes; eles surgem um aps o outro, como influncias, em forma de ondas.

    Evidente que existem acontecimentos positivos e acontecimentos negativos; alguns eventos so melhores ou piores do que outros.

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    Modificar os eventos possvel. Alterar os resultados, modificar as situaes, etc. , certamente est dentro das nossas possibilidades.

    Porm, existem situaes que, de fato, no podem ser alteradas. Nesses casos, temos que aceit-las conscientemente, ainda que algumas delas sejam muito perigosas e at dolorosas.

    No h dvida que a dor desaparece quando no nos identificamos com o problema que se apresentou.

    Devemos considerar a vida como uma srie sucessiva de estados interiores; a autntica histria da nossa vida particular formada por todos esses estados.

    Ao revisar a totalidade de nossa prpria existncia, podemos verificar, por ns mesmos, de forma direta, que muitas situaes desagradveis foram possveis graas aos estados interiores equivocados.

    Alexandre Magno, ainda que, por natureza, sempre tenha sido comedido, por orgulho entregou-se aos excessos que lhe causaram a morte.

    Francisco I morreu por causa de um sujo e deplorvel adultrio, o qual a histria ainda se lembra muito bem.

    Quando Marat foi assassinado por uma perversa freira, morria de soberba e de inveja, mesmo se julgando completamente justo.

    Sem dvida, foram as damas do Parque de Serves que acabaram totalmente com a vitalidade do espantoso fornicrio chamado Luiz XV.

    Muitos morrem de ambio ou de cimes; os psiclogos sabem muito bem disso.

    Otelo converteu-se em assassino devido aos cimes; as prises esto cheias de equivocados sinceros.

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    Captulo 9

    Os sucessos pessoais

    Plena auto-observao ntima de si mesmo inadivel quando se trata de descobrir estados psicolgicos equivocados.

    Sem dvida, os estados interiores equivocados podem ser corrigidos mediante procedimentos adequados.

    Sabendo-se que a vida interior o m que atrai os acontecimentos externos, precisamos, urgentemente, eliminar de nossa mente os estados psicolgicos equivocados.

    Portanto, corrigir estados psicolgicos equivocados indispensvel, quando se quer alterar profundamente a natureza de certos eventos indesejveis.

    Alterar a nossa relao com determinados eventos possvel se eliminarmos de nosso interior certos estados psicolgicos equivocados.

    Situaes exteriores destrutivas podem se transformar em situaes inofensivas e at construtivas mediante a inteligente correo dos estados interiores equivocados.

    Quando algum se purifica internamente pode mudar a natureza dos eventos desagradveis que lhe acontecem.

    Quem jamais corrige seus estados psicolgicos equivocados, crendo-se muito forte, converte-se em vtima das circunstncias.

    Pr ordem em nossa desordenada casa interior fundamental quando se deseja mudar o curso de uma existncia infeliz.

    As pessoas se queixam de tudo; protestam, sofrem, choram, gostariam de mudar de vida, sair do infortnio em que se encontram, mas, infelizmente, no trabalham sobre si mesmas.

    As pessoas no querem se dar conta que a vida interior atrai as circunstncias exteriores. Logo, se essas circunstncias so absurdas, deve-se aos estados interiores absurdos.

    O exterior to somente o reflexo do interior. Quem muda interiormente, d origem a uma nova ordem de coisas.

    Os eventos exteriores jamais poderiam ser to importantes quanto o modo de reagir diante deles.

    Permaneceste calmo diante de um insultador? Recebeste com agrado as manifestaes desagradveis de teus semelhantes? De que maneira reagiste diante da infidelidade do ser amado? Deixaste-te levar pelo veneno dos cimes? Mataste? Ests na priso?

    Os hospitais, os cemitrios, as prises esto cheias de equivocados sinceros que reagiram de forma equivocada frente aos eventos externos. A melhor arma que um homem pode usar na vida um estado psicolgico correto.

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    Algum pode amansar feras e desmascarar traidores mediante estados interiores apropriados.

    Os estados interiores equivocados convertem-nos em vtimas indefesas da perversidade humana.

    Aprenda a enfrentar as ocorrncias mais desagradveis da vida prtica com uma atitude interior apropriada.

    No se identifique com nenhum acontecimento e lembre-se que tudo passa. Aprenda a ver a vida como um filme e colher os benefcios dessa atitude.

    No esquea que acontecimentos sem nenhum valor podem levar desgraa, se no eliminares da tua psique os estados interiores equivocados.

    Cada evento exterior necessita, sem dvida, do registro apropriado; ou seja, do exato estado psicolgico.

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    Captulo 10

    Os diferentes eus

    O mamfero racional, equivocadamente chamado homem, realmente no possui uma individualidade definida.

    inquestionvel que essa falta de unidade psicolgica no humanide a causa de tantas dificuldades e amarguras.

    O corpo fsico uma unidade completa e trabalha como um todo orgnico, menos quando est enfermo.

    Porm, a vida interior do humanide de forma alguma uma unidade psicolgica.

    O mais grave de tudo isso a despeito do que dizem as diversas escolas de tipo pseudo-esotrico e pseudo-ocultista a ausncia de organizao psicolgica no ntimo de cada indivduo.

    Certamente, em tais condies, no existe trabalho harmonioso, como um todo, na vida interior das pessoas.

    O humanide, no que diz respeito ao seu estado interior, uma multiplicidade psicolgica, um amontoado de eus.

    Os ignorantes ilustrados desta tenebrosa poca cultuam o eu, colocam-no no altar, endeusam. Chamam-no de Alter Ego, Eu Superior, Eu Divino, etc.

    Os donos da verdade desta idade negra em que vivemos no querem se dar conta de que eu superior ou eu inferior so duas sees de um mesmo ego pluralizado.

    O humanide no tem, certamente, um eu permanente, mas, sim, uma multiplicidade de diferentes eus, absurdos e infra-humanos.

    O pobre animal intelectual, equivocadamente chamado homem, semelhante a uma casa em desordem, onde, em vez de um amo, existem muitos criados que querem sempre mandar e fazer o que bem entendem.

    O maior erro do pseudo-esoterismo e do pseudo-ocultismo modernos supor que todos possuem ou que todos tm um eu permanente e imutvel, sem princpio nem fim.

    Se esses, que pensam assim, despertassem a conscincia, ainda que fosse por um instante, poderiam evidenciar claramente, por si mesmos, que o humanide racional nunca o mesmo por muito tempo.

    O mamfero intelectual, do ponto de vista psicolgico, est continuamente mudando.

    Pensar que, pelo fato de algum se chamar Luiz seja sempre o mesmo Luiz, algo assim como uma brincadeira de mau gosto.

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    Esse sujeito, chamado Luiz, tem, dentro de si, outros eus, outros egos, que se expressam atravs de sua personalidade em diferentes momentos. Ainda que o Luiz no goste da cobia, outro eu, dentro dele, vamos cham-lo de Pedro, gosta da cobia; e assim, sucessivamente.

    Nenhuma pessoa sempre a mesma, de forma contnua. Realmente, no necessrio ser muito inteligente para perceber as inmeras mudanas e contradies de cada indivduo.

    Supor que algum possui um eu permanente e imutvel equivale a abusar de si mesmo e do prximo.

    A realidade que dentro de cada pessoa existem muitas outras pessoas, muitos eus. Isso possvel de ser comprovado diretamente por si mesmo, por qualquer pessoa desperta, consciente.

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    Captulo 11

    O querido ego

    Como superior e inferior so duas sees de uma mesma coisa, no exagero assentar o seguinte corolrio: eu superior e eu inferior so dois aspectos do mesmo ego, tenebroso e pluralizado.

    O assim chamado Eu Divino, Eu Superior, Alter-Ego ou algo parecido , certamente, uma farsa do mim mesmo, uma forma de auto-engano.

    Quando o eu quer continuar vivendo, aqui e no alm, se auto-engana com o falso conceito de eu divino, imortal.

    Nenhum de ns tem um eu verdadeiro, permanente, imutvel, eterno, inefvel, etc.

    Nenhum de ns tem, em realidade, uma verdadeira e autntica unidade de Ser. Infelizmente, sequer possumos legtima individualidade.

    O ego, ainda que continue alm da sepultura, tem, no entanto, um princpio e um fim.

    O ego, o eu, nunca individual, unitrio, unitotal. Obviamente, o ego so eus.

    No Tibet Oriental os eus so chamados de agregados psquicos ou, simplesmente, valores sejam eles positivos ou negativos.

    Se pensarmos que cada eu uma pessoa diferente, podemos afirmar, de forma enftica, o seguinte: dentro de cada pessoa que vive no mundo h muitas pessoas.

    Sem dvida, dentro de cada um de ns vivem muitssimas pessoas diferentes; algumas melhores; outras, piores.

    Cada um desses eus, cada uma dessas pessoas luta pela supremacia; quer ser a nica, quer controlar o crebro intelectual ou os centros emocional e motor sempre que pode, at outro eu o afastar.

    A doutrina dos muitos eus foi ensinada no Tibet Oriental pelos verdadeiros clarividentes, pelos autnticos iluminados.

    Cada um dos nossos defeitos psicolgicos est personalizado em tal ou qual eu. Como temos milhares e at milhes de defeitos, evidente e ostensivo que vive muita gente em nosso interior.

    Em termos psicolgicos pudemos evidenciar claramente que os sujeitos paranicos, os eglatras e os mitmanos, por nada deste mundo abandonariam o culto ao seu querido ego.

    Sem dvida, essas pessoas odeiam mortalmente a doutrina dos muitos eus.

    Quando algum, verdadeiramente, quer conhecer a si mesmo, precisa se auto-observar e tratar de conhecer os diferentes eus que esto metidos em sua personalidade.

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    Se algum dos nossos leitores ainda no compreendeu a doutrina dos muitos eus, isso se deve exclusivamente falta de prtica em matria de auto-observao.

    medida que algum pratica a auto-observao interior, vai descobrindo, por si mesmo, os muitos eus, as muitas pessoas que vivem em sua prpria personalidade.

    Aqueles que negam a doutrina dos muitos eus, aqueles que adoram um eu divino, sem dvida, jamais se auto-observaram seriamente. Falando agora em estilo socrtico, diremos que essa gente no somente ignora como ainda ignora que ignora.

    Certamente, jamais poderemos nos conhecer sem uma auto-observao sria e profunda.

    Enquanto algum seguir se considerando uno, claro que qualquer mudana interior no ser possvel.

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    Captulo 12

    Transformao radical

    Enquanto algum persistir no erro de se julgar um, nico ou individual, evidente que no ser possvel nenhuma mudana radical.

    O prprio fato de o trabalho esotrico comear com uma rigorosa observao de si mesmo est indicando uma multiplicidade de fatores psicolgicos, eus ou elementos indesejveis que temos que extirpar ou erradicar urgentemente de nosso interior.

    inquestionvel que de forma alguma possvel eliminar erros desconhecidos. Urge que observemos previamente aqueles que queremos separar de nossa mente.

    Esse tipo de trabalho no externo, e sim, interno. Aqueles que pensam que qualquer manual de boas maneiras ou sistema tico, externo e superficial, pode levar-nos ao xito, equivocam-se totalmente.

    O fato concreto e definitivo de que o trabalho ntimo comea com a ateno concentrada em forma de observao plena de si mesmo motivo mais que suficiente para demonstrar que isso exige um esforo pessoal muito especial.

    Falando francamente e sem rodeios, afirmamos enfaticamente o seguinte: Nenhum ser humano pode fazer esse trabalho por ns.

    No possvel mudana alguma em nossa psique sem a observao direta de todo esse conjunto de fatores subjetivos que temos dentro.

    Dar por aceita a multiplicidade de erros, descartando a necessidade do estudo e da observao direta dos mesmos, significa, de fato, uma evasiva, uma escapatria, uma fuga de si mesmo, uma forma de auto-engano.

    S atravs do rigoroso esforo da observao judiciosa de si mesmo, sem escapatrias de espcie alguma, poderemos evidenciar que no somos um, e sim, muitos.

    Admitir a pluralidade do eu e evidenci-la atravs da rigorosa observao so dois aspectos diferentes.

    Algum pode aceitar a doutrina dos muitos eus sem jamais t-la evidenciado. Essa evidncia s possvel auto-observando-nos cuidadosamente.

    Evitar o trabalho de observao ntima e buscar evasivas sinal inconfundvel de degenerao.

    Enquanto um homem alimentar a iluso de que sempre uma nica e mesma pessoa, no poder mudar. bvio que a finalidade deste trabalho precisamente conseguir uma transformao gradual em nossa vida interior.

    Perdemos a possibilidade de uma transformao radical quando no trabalhamos sobre ns mesmos.

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    O ponto inicial da transformao radical permanece oculto enquanto o homem continua julgando-se uno.

    Aqueles que rechaam a doutrina dos muitos eus demonstram claramente que jamais se auto-observaram seriamente.

    A severa observao de si mesmo, sem escapatria de espcie alguma, permite verificar o cru realismo de que no somos um e, sim, muitos.

    No mundo das opinies subjetivas, h vrias teorias pseudo-esotricas ou pseudo-ocultistas que sempre serviro de escapatria para fugirmos de ns mesmos.

    No h dvida de que a iluso que temos de sempre sermos a nica e mesma pessoa um srio problema para a auto-observao.

    Algum poderia dizer: Sei que no sou um e sim muitos porque a gnose assim me ensinou. Esta afirmao, ainda que sincera, sem experincia direta ou vivncia desse aspecto doutrinrio, continuar sendo algo meramente externo e superficial.

    Evidenciar, experimentar e compreender o mais importante. Somente assim possvel trabalhar conscientemente para conseguir uma transformao radical.

    Afirmar uma coisa; compreender, outra. Quando algum diz: Compreendo que no sou um e, sim, muitos, se sua compreenso verdadeira e no mero palavrrio sem substncia da conversa vazia, isso indica, assinala e atesta plena verificao da doutrina dos muitos eus.

    Conhecimento e compreenso so coisas diferentes. O conhecimento da mente e a compreenso do corao.

    O mero conhecimento da doutrina dos muitos eus de nada serve. uma lstima que, nos tempos atuais, o conhecimento tenha ido muito alm da compreenso em funo de o pobre animal intelectual equivocadamente chamado homem ter desenvolvido exclusivamente o lado do conhecimento e esquecido o correspondente lado do Ser.

    Conhecer a doutrina dos muitos eus e compreend-la fundamental para uma mudana radical e verdadeira.

    Quando um homem comea a se observar detidamente, do ponto de vista de que no um, mas, sim, muitos, obviamente iniciou um trabalho srio sobre a sua natureza interior.

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    Captulo 13

    Observador e observado

    Est muito claro e no difcil de compreender que, quando algum comea a observar seriamente a si mesmo, do ponto de vista de que no um, e sim, muitos, realmente comea a trabalhar sobre tudo isso que carrega dentro.

    um problema, um obstculo, um tropeo para o trabalho da auto-observao ntima os seguintes defeitos psicolgicos:

    Mitomania: delrio de grandeza; crer-se um deus.

    Egolatria: crena em um eu permanente; adorao a qualquer tipo de Alter-Ego.

    Parania: auto-suficincia, presuno, julgar-se infalvel, orgulho mstico, pessoa que no sabe ver o ponto de vista alheio, dono da verdade.

    Enquanto algum continuar com a absurda convico de que um, que possui um eu permanente, o trabalho srio sobre si mesmo torna-se impossvel.

    Quem sempre se cr um, nunca ser capaz de se separar de seus prprios elementos indesejveis. Considerar cada pensamento, desejo, emoo, paixo, sentimento, afeto, etc., como funes diferentes, imodificveis de sua prpria natureza e at se justificar diante dos demais dizendo que tais ou quais defeitos pessoais so de carter hereditrio.

    Quem aceita a doutrina dos muitos eus, compreende, base de observao, que cada pensamento, desejo, ao, paixo, etc., corresponde a esse ou quele eu diferente, distinto.

    Qualquer atleta da auto-observao ntima trabalha seriamente dentro de si mesmo e se esfora para apartar de sua psique os diversos elementos indesejveis que possui dentro.

    Se algum, verdadeira e sinceramente, comea a se observar internamente, termina se dividindo em dois: observador e observado.

    Se tal diviso no acontecesse, evidente que nunca daramos um passo adiante na maravilhosa estrada do autoconhecimento.

    Como poderamos observar a ns mesmos se cometssemos o erro de no querer nos dividirmos em observador e observado?

    Se tal diviso no se produzisse, bvio que nunca daramos um passo adiante no caminho do autoconhecimento.

    Sem dvida, quando essa diviso no ocorre, continuamos identificados com todos os processos do eu pluralizado.

    Quem se identifica com os diversos processos do Eu Pluralizado sempre vtima das circunstncias.

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    Como poderia modificar circunstncias quem no conhece a si mesmo? Como poderia conhecer a si mesmo aquele que nunca se observou internamente? De que maneira poderia algum se auto-observar se no se dividir previamente em observador e observado?

    Agora, ningum pode comear a mudar radicalmente enquanto no for capaz de dizer: Este desejo um eu-animal que devo eliminar; este pensamento egosta outro eu que me atormenta e que preciso desintegrar; este sentimento que fere meu corao um eu-intruso que tenho que reduzir poeira csmica, etc., etc., etc.

    Naturalmente, isso impossvel para quem nunca se dividiu em observador e observado.

    Quem toma todos seus processos psicolgicos como funes de um eu nico, individual e permanente est to identificado com todos os seus erros, mantendo-os to unidos a si mesmo, que acabou perdendo, por esse motivo, a capacidade de separ-los de sua mente.

    Obviamente, pessoas assim jamais podero mudar radicalmente; so pessoas condenadas ao mais rotundo fracasso.

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    Captulo 14

    Pensamentos negativos

    Pensar profundamente e com plena ateno algo estranho nesta poca involutiva e decadente.

    Do centro intelectual surgem diversos pensamentos provenientes no de um eu permanente, como supem nesciamente os ignorantes ilustrados, mas dos diferentes eus de cada um de ns.

    Quando um homem est pensando, cr firmemente que ele, em si mesmo e por si mesmo, est pensando.

    O pobre mamfero intelectual no quer se dar conta que os mltiplos pensamentos que cruzam seu entendimento tm origem nos distintos eus que traz dentro de si.

    Isso significa que no somos verdadeiros indivduos pensantes; realmente, ainda no temos uma mente individual.

    Sem dvida alguma, cada eu que est dentro de ns usa nosso centro intelectual, sempre que pode, para pensar.

    Absurdo seria, pois, nos identificarmos com tal ou qual pensamento negativo e prejudicial, julgando-o propriedade particular.

    evidente que todo pensamento negativo provm de algum eu que num momento dado usa abusivamente nosso centro intelectual.

    H pensamentos negativos de vrios tipos: suspeita, desconfiana, m vontade para com outra pessoa, cimes passionais, cimes religiosos, cimes polticos, cimes de amizades ou familiares, cobia, luxria, vingana, dio, orgulho, inveja, ira, ressentimento, furto, adultrio, preguia, gula, etc., etc., etc.

    De fato, so tantos os nossos defeitos psicolgicos que, ainda que tivssemos mil lnguas para falar, no conseguiramos enumerar todos eles.

    Como seqncia ou corolrio do que foi dito, um contra-senso nos identificarmos com os pensamentos negativos.

    Como no possvel existir efeito sem causa, afirmamos solenemente que nunca um pensamento poderia existir por si mesmo, por gerao espontnea.

    A relao entre pensador e pensamento ostensiva; cada pensamento negativo tem sua origem em um pensador diferente.

    Em cada um de ns existem tantos pensadores negativos quantos pensamentos da mesma ndole.

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    Olhada a questo desse ngulo pluralizado, de pensadores e pensamentos, decorre que cada um dos eus que temos em nossa psique , certamente, um pensador diferente.

    Inquestionavelmente, dentro de cada um de ns h demasiados pensadores e, no entanto, cada um deles, apesar de ser to s uma parte, julga-se o todo, num dado momento.

    Os mitmanos, os eglatras, os narcisistas, os paranicos nunca aceitaro a tese da pluralidade de pensadores porque querem muito a si mesmos; julgam-se o pai do Tarzan ou a me dos pintinhos.

    Como poderia essa gente anormal aceitar a idia de que no possui uma mente individual, genial e maravilhosa?

    Sem a menor sombra de dvida, esse tipo de gente sempre pensa de si o melhor, e at se veste com a tnica de Aristipo para demonstrar sabedoria e humildade.

    Conta a lenda dos sculos que Aristipo, querendo demonstrar sabedoria e humildade, vestiu um velha tnica, com remendos e furos; empunhou na direita o basto dos filsofos e saiu pelas ruas de Atenas.

    Dizem que quando Scrates o viu se aproximando, exclamou com grande voz: Aristipo, d pra ver a tua vaidade pelos furos da tua veste.

    Quem no vive sempre em estado de alerta novidade ou alerta percepo, pensando que est pensando, se identifica facilmente com qualquer pensamento negativo.

    A conseqncia disso o lamentvel fortalecimento do sinistro poder do eu negativo, autor do correspondente pensamento em questo.

    Quanto mais nos identificamos com um pensamento negativo, tanto mais escravos seremos do correspondente eu que o caracteriza.

    Com respeito gnose, ao caminho secreto, ao trabalho sobre si mesmo, nossas tentaes particulares esto justamente nos eus que odeiam a gnose, que odeiam o trabalho esotrico, porque eles no ignoram que sua existncia em nossa psique est mortalmente ameaada pela gnose e pelo trabalho.

    Esses eus negativos e briges apoderam-se facilmente de certas pelculas mentais armazenadas no centro intelectual e do em seguida origem correntes mentais nocivas e prejudiciais.

    Se aceitarmos esses pensamentos, esses eus negativos que em dado momento esto controlando o nosso centro intelectual, seremos incapazes de nos livrarmos de seus resultados.

    Jamais devemos esquecer que todo eu negativo engana e se auto-engana. Em suma: mente.

    Cada vez que sentimos uma sbita perda de fora, quando o aspirante se desilude da gnose, do trabalho esotrico, quando perde o entusiasmo e o abandona, bvio que foi enganado por algum eu negativo.

    O eu negativo do adultrio aniquila os nobres lares e torna os filhos infelizes.

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    O eu negativo dos cimes engana os seres que se adoram e destri a sua alegria.

    O eu negativo do orgulho mstico engana os devotos do caminho, e estes, sentindo-se sbios, se aborrecem com seu mestre e o atraioam.

    O eu negativo apela s nossas experincias pessoais, s nossas recordaes, aos nossos melhores desejos, nossa sinceridade, etc. e, mediante rigorosa seleo de tudo isso, apresenta algo sob uma falsa luz, algo que fascina, e vem o fracasso.

    No entanto, quando algum descobre o ego em ao, quando aprendeu a viver em estado de alerta, esse tipo de engano no ocorre.

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    Captulo 15

    A individualidade

    Julgarmo-nos indivduos certamente uma brincadeira de mau gosto; infelizmente, essa v iluso existe dentro de cada um de ns.

    Lamentavelmente, sempre pensamos o melhor de ns mesmos; jamais nos ocorre a idia de no possuirmos uma individualidade autntica.

    O pior de tudo que at nos damos ao luxo de acreditar que desfrutamos de vontade prpria e plena conscincia.

    Pobre gente! Qu nscios somos! No h dvida que a ignorncia a pior das desgraas.

    Dentro de cada um de ns existem milhares de indivduos diferentes, tipos diferentes, eus que brigam entre si e que lutam pela supremacia, sem qualquer ordem ou acerto entre si.

    Se fssemos conscientes, se despertssemos de tantos sonhos e fantasias, quo diferente seria nossa vida. Porm, para o cmulo da desgraa, as emoes negativas, as autocomiseraes e o amor prprio nos fascinam, nos hipnotizam, e jamais permitem que nos lembremos de ns mesmos a fim de nos vermos tal qual somos.

    Acreditamos ter uma nica vontade quando, na realidade, temos muitas vontades diferentes (cada eu tem a sua).

    A tragicomdia de toda essa multiplicidade interior torna-se pavorosa; as diferentes vontades chocam-se entre si, vivendo em permanente conflito e atuando em diferentes direes.

    Se tivssemos verdadeira individualidade, se possussemos autntica unidade em lugar de sermos uma multiplicidade, teramos tambm continuidade de propsitos, conscincia desperta e vontade prpria, individual.

    O aconselhvel mudar esse estado de coisas. No entanto, precisamos comear a ser sinceros conosco mesmos. Precisamos fazer um inventrio psicolgico de ns mesmos para saber o que sobra e o que falta.

    possvel conquistar a individualidade. Porm, se julgarmos j possu-la, tal possibilidade deixar de existir pelo simples fato de que jamais lutamos para obter algo que j acreditamos ter.

    a fantasia que nos leva a crer que j somos possuidores de individualidade; at existem escolas que ensinam isso.

    urgente lutar contra a fantasia. Ela nos faz parecer como isto ou aquilo, quando, na realidade, somos miserveis, sem-vergonha e perversos.

    Pensamos que j somos homens verdadeiros quando, na realidade, no passamos de mamferos intelectuais desprovidos de individualidade.

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    Os mitmanos julgam-se deuses, Mahatmas, etc.. No suspeitam sequer que no possuem nem mente individual nem vontade consciente.

    Os eglatras adoram tanto seu querido ego que jamais aceitaro a idia da multiplicidade de eus dentro deles mesmos.

    Os paranicos, com todo o clssico orgulho que os caracteriza, sequer lero este livro.

    indispensvel travar uma luta de morte contra a fantasia a nosso respeito, se no quisermos ser vtimas de emoes artificiais e de falsas experincias, as quais, alm de criar situaes ridculas, detm toda a possibilidade de desenvolvimento interior.

    O animal intelectual est to hipnotizado por sua fantasia que sonha ser um leo ou uma guia, quando, na realidade, no passa de simples verme do lodo da terra.

    O mitmano jamais aceitar essas palavras porque se sente um arqui-hierofante. Digam o que disserem, jamais aceitar o fato de que suas fantasias no passam disso: puras fantasias.

    A fantasia uma fora real que atua universalmente sobre a humanidade, mantendo o humanide intelectual em estado de sonho e levando-o a crer que j um homem de verdade, que j possui verdadeira vontade, individualidade, conscincia desperta ou mente prpria.

    Enquanto acreditarmos que somos um, no poderemos sair de onde estamos em ns mesmos; permanecemos estancados e, por fim, degeneramos e involumos.

    Cada um de ns se encontra numa determinada etapa psicolgica; s conseguiremos sair dela se descobrirmos diretamente todas essas pessoas ou eus que vivem dentro de ns mesmos.

    claro que mediante a auto-observao ntima poderemos ver as pessoas ou eus que vivem em nossa psique, as quais precisamos eliminar para conseguir uma transformao radical.

    Esta percepo, esta auto-observao, muda fundamentalmente todos os conceitos equivocados que temos sobre ns mesmos; como conseqncia, evidenciamos o fato concreto de ainda no possuirmos verdadeira individualidade.

    Enquanto no passarmos a nos auto-observar, viveremos na iluso de que somos um e, conseqentemente, nossa vida ser um equvoco.

    No possvel nos relacionarmos corretamente com nossos semelhantes enquanto no acontecer uma mudana interior no fundo de nossa mente.

    Qualquer mudana ntima exige a eliminao prvia dos nossos eus e, de forma alguma, poderamos eliminar esses eus seno observando-os em nosso interior.

    Aqueles que se sentem um, que pensam de si o melhor, aqueles que no aceitam a doutrina dos muitos eus, claro que tampouco desejam observar os eus; logo, qualquer possibilidade de mudana neles, impossvel.

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    No possvel mudarmos sem eliminarmos alguma coisa. Se aquele que se sente possuidor de individualidade aceitasse o fato do que deve eliminar de si, no teria como ignorar o que deve eliminar.

    Porm, no devemos esquecer que aquele que cr ser um, auto-enganado, julga que sabe o que deve eliminar. Mas, na realidade, sequer sabe que no sabe; trata-se de um ignorante ilustrado.

    Precisamos nos desegoistizar para nos individualizar. Porm, para quem julga que possui individualidade, impossvel se desegoistizar.

    A individualidade cem por cento sagrada. Raros so os que a tem, embora todos pensam t-la.

    Como poderamos eliminar eus, se cremos que somos um eu nico?

    Certamente, s quem jamais se auto-observou seriamente pensa que tem um eu nico.

    No entanto, devemos ser bem claros neste ensinamento porque existe o perigo psicolgico de se confundir a autntica individualidade com o conceito de alguma espcie de Eu Superior ou algo parecido.

    A Sagrada Individualidade est muito alm de qualquer forma de eu. Ela o que , o que sempre foi e o que sempre ser.

    A legtima individualidade o Ser, e a razo de ser do Ser, o prprio Ser.

    preciso distinguir o Ser do ego. Aqueles que confundem o ego com o Ser certamente nunca se auto-observaram seriamente.

    Enquanto a Essncia, a Conscincia seguir enfrascada dentro desse conjunto de eus que temos dentro de ns, a transformao radical no ser possvel.

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    Captulo 16

    O livro da vida

    Uma pessoa o que a sua vida. Isso que continua alm da morte a vida. esse o significado do livro da vida que se abre com a morte.

    Olhada a questo deste ponto de vista, estritamente psicolgico, se tomarmos um dia qualquer da nossa vida, veremos que ele , de fato, uma pequena rplica da totalidade da nossa vida.

    De tudo isso podemos inferir o seguinte: Se um homem no trabalhar hoje sobre si mesmo, no ir mudar nunca.

    Quando algum diz que quer trabalhar sobre si e no inicia esse trabalho hoje mesmo, adiando-o para amanh, sua deciso no passa de simples projeto. Nada mais que isso, porque no hoje est a rplica de toda a nossa vida.

    Existe por a um ditado popular que diz: No deixe para amanh o que pode fazer hoje!

    Se um homem diz: Trabalharei sobre mim amanh, nunca trabalhar sobre si mesmo porque sempre haver um amanh.

    Isso muito parecido com aqueles avisos que certos comerciantes colocam perto do balco de seus negcios: Fiado s amanh!

    Quando algum necessitado chega para comprar fiado se depara com o infeliz letreiro. Se voltar no dia seguinte, de novo encontrar a terrvel frase.

    Isso o que, em psicologia, conhecido como a enfermidade do amanh. Enquanto dissermos amanh, nunca mudaremos.

    Necessitamos, com a mxima urgncia, comear a trabalhar sobre ns mesmos ainda hoje e no ficar sonhando, preguiosamente, com um futuro prximo ou com uma oportunidade extraordinria.

    Esses que dizem primeiro vou fazer isto e aquilo e depois trabalharei sobre mim mesmo, jamais trabalharo sobre si mesmos. Esses so os moradores da terra, mencionados nas sagradas escrituras.

    Conheci um grande fazendeiro que sempre dizia: Primeiro preciso me arrodear [comprar as terras dos vizinhos]para depois comear a trabalhar sobre mim mesmo.

    Quando adoeceu mortalmente, fui visit-lo, fazendo-lhe a seguinte pergunta: Ainda queres te arrodear?

    Na verdade, lamento ter perdido o tempo, me respondeu. Dias depois morreu, aps haver reconhecido seu erro.

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    Aquele homem tinha muitas terras, porm, ainda queria adonar-se das propriedades vizinhas; queria arrodear-se, a fim de limitar sua fazenda exatamente por quatro caminhos.

    Para cada dia basta seus prprios afazeres, dizia Jesus. Devemos nos auto-observar hoje mesmo, no que diz respeito ao mesmo dia, que uma perfeita rplica de toda nossa vida.

    Quando um homem comea a trabalhar sobre si hoje mesmo, quando observa seus desgostos e penas, segue pelo caminho do xito.

    No possvel eliminar o que no conhecemos. Antes, devemos observar os nossos prprios erros.

    Necessitamos no s conhecer o nosso dia, como tambm a nossa relao com ele. H certo dia ordinrio que cada pessoa experimenta diretamente, exceto os acontecimentos inslitos e inusitados.

    Torna-se interessante observar a recorrncia diria, a repetio de palavras e acontecimentos, nossa relao com as mesmas pessoas, etc.

    Essa repetio ou recorrncia de eventos merece ser estudada; ela nos conduz ao autoconhecimento.

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    Captulo 17

    Criaturas mecnicas

    De forma alguma poderamos negar a lei da recorrncia processando-se a cada momento em nossa vida.

    Certamente, em cada dia de nossa existncia, existe repetio de eventos, estados de conscincia, palavras, desejos, pensamentos, volies, etc.

    E bvio que quando algum no se auto-observa, no pode se dar conta desta incessante repetio diria.

    Torna-se evidente que quem no sente interesse algum em observar a si mesmo, tampouco deseja trabalhar para conseguir uma verdadeira transformao radical.

    Para o cmulo da desgraa, h gente que quer se transformar sem trabalhar sobre si mesma.

    No negamos o fato de que cada um tem direito real felicidade do esprito, mas tambm certo que tal felicidade impossvel se no trabalharmos sobre ns mesmos.

    Algum pode mudar intimamente, quando, na realidade, consegue modificar suas reaes diante dos diversos fatos que lhe sobrevm diariamente.

    Porm , no poderamos modificar nossa forma de reagir diante dos fatos da vida prtica, se no trabalhssemos seriamente sobre ns mesmos.

    Necessitamos mudar nossa maneira de pensar, sermos menos negligentes, tornarmo-nos mais srios e tomarmos a vida de forma diferente, em seu sentido real e prtico.

    Porm, se continuarmos assim como estamos, comportando-nos da mesma forma todos os dias, repetindo os mesmos erros, com a mesma negligncia de sempre, qualquer possibilidade de mudana ser, de fato, eliminada.

    Se algum quiser, de verdade, chegar a conhecer a si mesmo, ter que comear a observar a sua prpria conduta diante das ocorrncias de cada um dos dias de sua vida.

    Queremos dizer com isto que cada um deve observar a si mesmo, diariamente; queremos afirmar que deve haver um primeiro dia em que comea a se observar.

    Em tudo deve haver um comeo. Comear por observar a nossa conduta em qualquer dia de nossa vida um bom comeo.

    Observar nossas reaes mecnicas diante de todos esses pequenos detalhes do quarto, do lar, locais de comer, casa, rua, trabalho, etc., o que algum diz, sente e pensa, certamente o mais indicado.

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    O importante ver logo como ou de que maneira pode algum mudar essas reaes. Porm, se acharmos que somos boas pessoas, que nunca nos comportamos de forma inconsciente e equivocada, jamais mudaremos.

    Antes de tudo, precisamos compreender que somos pessoas-mquinas, simples marionetes, controladas por agentes secretos, por eus ocultos.

    Dentro de nossa pessoa vivem muitas pessoas. Nunca somos os mesmos. As vezes, manifesta-se em ns uma pessoa mesquinha; outras vezes, uma pessoa irritvel; em qualquer outro instante, uma pessoa esplndida, benevolente; mais tarde, uma pessoa escandalosa ou caluniadora; depois, um santo; em seguida, um embusteiro, e assim por diante.

    Temos gente de todo tipo dentro de ns; eus de toda espcie. Nossa personalidade no mais do que uma marionete, um boneco falante, algo mecnico.

    Comecemos por comportarmo-nos de forma consciente durante uma pequena parte do dia. Necessitamos deixar de ser simples mquinas, ainda que seja durante uns breves minutos dirios; isso influir decisivamente sobre nossa existncia.

    Quando nos auto-observamos e no fazemos o que tal ou qual eu quer, claro que comeamos a deixar de ser mquinas.

    Um s momento em que se est bastante consciente com o propsito de se deixar de ser mquina, se o faz voluntariamente, isso costuma modificar radicalmente muitas circunstncias desagradveis.

    Infelizmente, vivemos diariamente uma vida mecanizada, rotineira, absurda. Repetimos eventos; nossos hbitos so sempre os mesmos; no queremos nunca modific-los; so os trilhos por onde corre o trem de nossa miservel existncia. No entanto, pensamos o melhor de ns mesmos.

    Por todas as partes proliferam os mitmanos, os que se julgam deuses. So criaturas mecnicas, repetitivas, personagens do lodo da terra, mseros bonecos movido