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03-07-22 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 1 O sector agrícola no sistema capitalista (1) A partir do século XI e XII, assistiu-se a um abandono da terra a todos os trabalhadores que dela quisessem tirar proveito mediante o pagamento de um modesto juro anual devido ao antigo proprietário. Este tipo de arrendamento processava-se numa época em que o trabalhador era mais procurado do que a terra. Consequentemente, em diversas regiões estabeleceu-se «uma certa liberdade camponesa» [Braudel].

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O sector agrícola no sistema capitalista (1)

• A partir do século XI e XII, assistiu-se a um abandono da terra a todos os trabalhadores que dela quisessem tirar proveito mediante o pagamento de um modesto juro anual devido ao antigo proprietário.

• Este tipo de arrendamento processava-se numa época em que o trabalhador era mais procurado do que a terra. Consequentemente, em diversas regiões estabeleceu-se «uma certa liberdade camponesa» [Braudel].

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O sector agrícola no sistema capitalista (2)

• Estas vantagens não estão, contudo, vertidas no direito. O senhor «continua ainda a possuir sobre a terra um direito superior» [Braudel].

• Com os progressos materiais do mundo moderno capitalista, estas vantagens vão ser novamente postas em causa. Nos sécs. XVI e sobretudo no séc. XVII, o capitalismo chega à terra.

• Novas tipologias de propriedade (quintas, granjas, parcelas), geralmente nas mãos de um único proprietário, constituem-se em prejuízo da terra camponesa.

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O sector agrícola no sistema capitalista (3)

• Estes proprietários são tomados por um «verdadeiro espírito capitalista» [Braudel] na porfia do rendimento e do lucro.

• Entretanto, o camponês contrai dívidas com os prestamistas até que a terra lhes é subtraída ou onerada em favor dos grandes senhores.

• O camponês vê-se enredado por um regime senhorial mais funesto que o anterior. O senhor - «chefe da exploração, empresário, comerciante de trigo» [Braudel] – para dar vazão ao acréscimo na procura de cereais insta os camponeses a intensificar as corveias.

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O sector agrícola no sistema capitalista (4)

• Porém, a Revolução Francesa - e a posterior difusão dos seus ideais pela Europa na Era Napoleónica - irá libertar a terra camponesa dos direitos feudais que sob ela impendiam.

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O Estado Moderno (1)

• Na época Moderna (a partir do séc. XV), as cidades passam a estar sujeitas ao Estado. «Afirma-se uma economia territorial que substitui a economia urbana, o estádio anterior. Mas a economia territorial continua a ter uma orientação urbana» [Braudel].

• A monarquia moderna desenvolveu-se primeiro em Estados onde a revolução urbana não havia tido uma grande repercussão: Espanha, França, Inglaterra.

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O Estado Moderno (2)

• Oficiais (i.e. funcionários), legistas (com formação em direito romano), grandes agentes, ministros passam a fazer parte da máquina estatal.

• O Estado vê a sua legitimidade reforçada «pela veneração das massas populares que vêm no monarca um protector natural contra a Igreja e os nobres». [Braudel]

• O Estado Moderno nasce da necessidade de prover o esforço de guerra. O armamento, as frotas de combate, os efectivos militares tornam a guerra cada vez mais dispendiosa.

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O Estado Moderno (3)

• O Estado Moderno não acatará qualquer autoridade, seja ela o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico ou o papado.

• Vigora a razão de Estado (i.e. justificação de actos de governo eventualmente contrários à lei, com base na necessidade de preservação do Estado).

• O Estado é superior às leis civis, estando somente sujeito às leis naturais e divinas. A vontade do soberano invade o Estado. O Eu torna-se o Estado (Luís XIV em França). [Braudel]

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O Estado Moderno (4)

• Houve uma modificação nas formas políticas ocidentais que de uma «realeza tradicional, paternalista e mística [passaram a uma] monarquia moderna dos juristas». [Braudel]

• As capitais são centros da actividade estatal. Anafadas pelas despesas do Estado, a estas cidades afluem homens e capitais. Elas alcançam, por esta via, um novo estatuto o de super cidades (e.g. Londres, Madrid, Paris).

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Renascimento e Humanismo (1)

• Quando falamos de humanistas referimo-nos a um grupo de homens que no século XV e XVI postulavam «a grandeza do homem como indivíduo, exalta[v]m a sua inteligência (…) o poder das suas criações.» [Braudel].

• O humanismo valoriza o homem, liberta-o, minorando o papel de Deus, ainda que não o anule. Este movimento pugna pela emancipação progressiva do homem: o homem é capaz de alterar e melhorar o seu destino.

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Renascimento e Humanismo (2)

• O humanismo do Renascimento estabeleceu pontes entre a civilização cristã e a civilização antiga. Os humanistas vão «reler, editar, comentar com paixão, para reabilitar as obras e a língua dos Antigos – Gregos e Latinos (…)» [Braudel]

• Humanismo e Renascentismo confundem-se tanto no tempo como no espaço. O Renascimento tem o seu epicentro na cidade de Florença, mas afectou todo o Ocidente. Segundo Braudel, este movimento vigorou entre 1337 e 1530.

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Renascimento e Humanismo (3)

• O Renascimento embora sendo um movimento de elites, não se confinou a um um número restrito de cidades ou cortes. «Esse punhado de espíritos espalhou-se através da Europa, unidos por assíduas relações epistolares.» [Braudel]

• O Renascimento distanciou-se do ensino tradicional da escolástica, adoptando a literatura pagã da Antiguidade como modelo. Contudo, este movimento não se rebelou contra a Igreja. O ateísmo só pôde solidificar-se com os progressos ulteriores da ciência.

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Renascimento e Humanismo (4)

• O Renascimento distingue-se do cristianismo da Idade Média por ser uma época de exultação, de alegria.

• Passa-se de uma mentalidade em que a morte é uma «passagem calma a uma vida melhor» vigente na Idade Média para a ideia de que «é na terra que o homem deve organizar o seu reinado.» postulado caro ao Renascimento. [Braudel]

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A Reforma (1)

• A corrente religiosa da Reforma surge entre os sécs. XV e XVI e tem como primeiro acto a afixação na Igreja do Castelo de Wittemberg, em 1517, das 95 teses de Lutero questionando a utilidade das indulgências e a autoridade do papa.

• Indulgências: é o perdão total ou parcial das penas temporais do cristão devidas a Deus pelos pecados cometidos, mas já perdoados pelo sacramento da Confissão, na vida terrena. (*)

(*) http//pt.wikipédia.org

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A Reforma (2)

• A Reforma é uma época conturbada. As guerras de religião que se iniciam em 1546 e findam em 1648 envolvem o povo em geral (ao contrário do humanismo do Renascimento, mais elitista).

• Para defenderem o seu credo, as populações sucumbem a guerras civis, à repressão violenta (Revogação do Édito de Nantes, 1685), ou ao exílio para um país do Novo Mundo ou para países que acolham a sua fé.

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A Reforma (3)

• No século XVIII, a situação religiosa pacifica-se. Do movimento da Reforma sobrevêm várias Igrejas protestantes, principalmente nos países anglo-saxónicos e germânicos.

• Com vinte anos de permeio, «sucederam-se dois protestantismos, duas longas vagas» [Braudel]: uma encabeçada por Martinho Lutero (1483-1546) a outra Calvino (1509-1564).

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A Reforma (4)• Entre 1480 e 1520, uma elite religiosa procurou dar a

conhecer os abusos, as incongruências, a deterioração da Igreja, a degradação do clero, uma devoção «feita mais de gestos do que de verdadeiro fervor» [Braudel].

• Lutero defende que a salvação se alcança pela fé (e não pelas obras). E uma relação pessoal ou mesmo solitária com Deus (o individualismo estende-se agora à religião.)

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Mapa religioso da EuropaFonte: http://images.encarta.msn.com

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A Reforma (5)

• Luteranismo e calvinismo advogam a tradução da Bíblia para a língua vernácula, a interpretação do Livro Sagrado pelos crentes (livre exame, corolário do individualismo), o fim do culto da Virgem e dos Santos.

• Defendem ainda que o único intermediário entre o homem e Deus é Jesus Cristo (rejeita a autoridade do papa); a supressão do clero regular, a redução dos sacramentos de sete para dois (eucaristia e baptismo).

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A Reforma (6)

• Perante estas convulsões, o Sul da Europa, mais chegada às tradições religiosas pretéritas, em estreita ligação a Roma, mantém o laços. Por seu turno, a Europa Central e do Norte adere à causa protestante.

• Calvino, outro reformador, defende a predestinação para a Salvação («em todos os tempos os eleitos foram escolhidos»). A sua carta sobre a usura (1545) liberta «a cristandade do interdito que pesava até aí, sobre o empréstimo a juros.» (**)

(**) Soulier, Gérard ([1994]). A Europa: História, Civilização, Instituições. Lisboa: Instituto Piaget.

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A Reforma (7)

• Isto levou a que se tenha visto no protestantismo a fonte de uma nova mentalidade que teria permitido o ímpeto do capitalismo, do pensamento científico, da liberdade de consciência (i. e. do mundo moderno).

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A Revolução Científica (1)• Segundo Needham [apud Braudel], «a Europa não criou

uma ciência qualquer, mas a ciência mundial».

• A Europa conheceu várias explicações gerais do universo. É este «sistema geral de referências» que serve de rumo e permite «raciocínios ou hipóteses frutuosas» que ditarão o progresso do Velho Continente [Braudel].

• O primeiro sistema foi o de Aristóteles (séc. IV a. C.), reintroduzido no Ocidente, pelas traduções de Toledo e dos comentários de Averróis. Este sistema perdurará na Europa até ao séc. XVII.

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A Revolução Científica (2)

• A teoria aristotélica é altamente elaborada, ainda que se forje a partir de dados do senso comum. Ela é alheia à formalização matemática. A ciência é mais teórica do que prática e pouco se preocupa em verificar pela experimentação, se a teoria estava certa.

• O sistema da ciência clássica, contribuição original do Ocidente, vai ser favorecido pelos progressos materiais do séc. XVI e pela difusão da ciência grega através da imprensa.

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A Revolução Científica (3)

• Evolução nas matemáticas: geometria analítica de Fermat (1629) e de Descartes (1637); aritmética superior de Fermat (1630-1665); análise combinatória (1654); dinâmica de Galileu (1591-1612) e de Newton (1666-1668); gravitação universal de Newton (1666-1667).

• O sistema geocêntrico de Ptolomeu resiste até ser ultrapassado pelo sistema heliocêntrico de Copérnico (1473-1543) e de Kepler (1571-1630).

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A Revolução Científica (4)• Um outro sistema geral vigora até ao séc. XX, «o universo

abstracto, geometrizado de Descartes e, mais ainda de Newton» (teoria da gravitação universal) [Braudel]. Descartes, por seu turno, instaura uma matemática de pura abstracção e faz evoluir a teoria das equações.

• Ocorre uma «matematização do mundo, explosão do cosmos fechado do pensamento antigo e medieval» (***)

• «…unificação radical de um universo infinito e geométrico, pelo apagamento das velhas oposições entre mundo sublunar e mundo sideral, fim da física das qualidades, identificação da matéria a longo prazo.» (***)

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A Revolução Científica (5)

• «Pouco importa que os construtores do mundo moderno fossem crentes, Kepler, Descartes, Leibniz, Newton, já que o mundo saído do seu pensamento não tem Deus.» (***)

• O impulso económico e técnico que a Europa testemunhou no séc. XVIII terá estimulado a ciência. Haverá uma conexão entre ciência e industrialização.

(***) Chaunu, Pierre (1987). A Civilização da Europa Clássica. Lisboa: Editorial Estampa. Vol II.

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A Revolução Científica (6)

• Como já vimos, a China teve, muito mais cedo que o Ocidente, uma protociência «bastante hábil e avançada», mas não sentiu o estímulo do capitalismo (cujas primícias remontam ao crescimento das cidades mercantis da Idade Média) para passar «à etapa decisiva» [Braudel].

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Revolução Industrial (1)

• A economia de mercado estabelece-se nos sécs. XVI e XVII impulsionada pela expansão dos instrumentos de crédito e pela chegada de metais preciosos da América.

• Com o início da Idade Moderna, o centro de gravidade da economia-mundo europeia situa-se por instantes em Lisboa, posteriormente oscila entre Sevilha e Antuérpia, até ao último quartel (i.e. 25 anos) do século XVI.

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Revolução Industrial (2)

• Seguidamente, no início do séc. XVII, reina Amesterdão, até ao dealbar do séc. XVIII, sendo depois superada por Londres, até ao início da Primeira Grande Guerra, ou mesmo da Segunda.

• A Europa engendrou a Revolução Industrial, que se repercutiu por todo o planeta. Este fenómeno não se realizou de uma só vez. Houve alguns sectores que não acompanharam logo este ímpeto.

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Revolução Industrial (3)

• Braudel distingue 4 revoluções industriais clássicas: a do vapor, a da electricidade, a do motor de explosão e a da energia nuclear. «A Revolução Industrial não foi um efectivamente um episódio com princípio e fim (…) O processo ainda está em curso» (****)

• Já no séc. XII, como já vimos, houve uma primeira revolução industrial tida como a generalização no espaço europeu dos moinhos de água e de vento.

(****) Hobsbawm, Eric (2001[1978]). A Era das Revoluções. Lisboa: Editorial Presença.

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Revolução Industrial (4)

• Antes do séc. XVIII, porém, só se pode falar de uma pré-indústria: «o artesanato local, com um curto raio de acção, quase sempre basta às necessidades da população» [Braudel].

• Contudo, em sectores como os produtos de luxo (manufacturas reais em França a partir do séc. XVII) e na indústria têxtil, certas empresas começam a trabalhar para grandes mercados.

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Revolução Industrial (5)

• A Revolução Industrial, nasce na Inglaterra no séc. XVIII e posteriormente expande-se pelo continente europeu – em França, na Bélgica, no Oeste da Alemanha, no Norte da Itália e em certas partes da Península Ibérica.

• Na Inglaterra, duas indústrias beneficiam das inovações técnicas: os têxteis (sobretudo) e as minas; que se irão reflectir noutros sectores da economia.

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Revolução Industrial (6)

• A máquina a vapor de James Watt (1776), veio aperfeiçoar a máquina a vapor de Newcomen (1712-18) - menos económica no consumo de carvão.

• A máquina a vapor foi essencial para a Revolução Industrial: a energia a vapor substituiu a força humana e animal, bem como a energia hidráulica e eólica, até então as energias motrizes.

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Gravura da máquina a vapor 1774 projetada por Boulton e Watt

Fonte: wikipédia

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Revolução Industrial (7)

• A indústria têxtil «foi e continuou a ser até meados do séc. XIX (até ao caminho-de-ferro), a indústria motriz: arrasta as outras, ao mesmo tempo como indústria de primeira necessidade e indústria de luxo.» [Braudel].

• Foi neste sector, especificamente no algodão, que se desenvolveram as primeiras fábricas.

• É uma indústria estreitamente ligada ao trato das Índias, da África e da América e ao tráfico de escravos; ao comércio triangular - beneficia dos seus capitais acumulados.

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Comércio triangularFonte: wikipédia

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Revolução Industrial (8)

• Esta indústria, favorecida pelas inovações técnicas vai-se desenvolver ininterruptamente, essencialmente devido à grande procura das costas africanas e posteriormente da América Latina e Mediterrâneo.

• A Inglaterra, que durante muito tempo havia importado para consumo próprio, da Europa e do Mundo, os tecidos de algodão das suas feitorias nas Índias, vai agora, pela acção das suas manufacturas, imitar o êxito alcançado, destruindo os tecidos indianos rivais.

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Revolução Industrial (9)

• Não é de estranhar, portanto, que estas indústrias assaz requisitadas convoquem a si ou causem progressos técnicos. A técnica responde à procura. Aparecem máquinas novas (e.g. spinning jenny, de Hargraves (1764); mule-jenny, de Campton (1799)).

• A partir do séc. XVIII, a ciência, para além da técnica, passa a ser solicitada pela indústria (e.g. utilização do ácido sulfúrico para o branqueamento de tecidos). «Foi o surto industrial que pôs a ciência em estado de agir.» [Braudel].

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Revolução Industrial (10)

• A Inglaterra invade o mercado mundial com os seus produtos, manifestando uma supremacia incontestada, já que «o aumento de produção é acompanhado (…) por uma fabulosa queda nos preços de custo.» [Braudel]

• A Revolução Industrial, foi permitida também pela Revolução Gloriosa de 1688, que criou uma monarquia constitucional em Inglaterra e pela fundação do Banco de Inglaterra. A sociedade inglesa está assim receptiva ao capitalismo.

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Revolução Industrial (11)• Por outro lado, a sua economia é favorecida por vários

investimentos de cariz geral: estradas e canais.

• A Inglaterra também beneficiou de um incremento demográfico muito considerável que lhe permitiu dispor de uma mão-de-obra «superabundante e barata» [Braudel].

• A agricultura inglesa testemunhou importantes inovações que vieram mitigar «o velho torniquete da insuficiência tradicional de produção alimentar.» [Braudel].

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Revolução Industrial (12)

• As mutações são a introdução dos enclosures e métodos científicos, bem como a introdução e apuro de novas espécies vegetais e animais.

• Enclosures: expropriação de pequenas propriedades (minifúndios), junção de parcelas dispersas, apropriação de terras comunais, liberdade de cercar as novas propriedades resultantes desse processo.

• Em inglês, enclosures, campos fechados por sebes ou cercas (****).

(****) Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$revolucao-industrial>.

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Revolução Industrial (13)• A Revolução Industrial posteriormente, com a

construção do caminho-de-ferro, vai, num segundo momento, incidir na metalurgia. Os caminhos-de-ferro são grandes consumidores de ferro, ferro fundido e aço.

• Doutro modo, «a revolução dos navios com cascos de metal, movidos a vapor, vai transformar a construção naval inglesa numa grande indústria pesada.» [Braudel].

• O algodão, neste momento, perde a sua prioridade para a economia britânica.

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Revolução Industrial (14)

• Se a descolagem da indústria britânica, como na Nova Inglaterra, se fez através do algodão, em países como a França, Alemanha, Canadá, Rússia e Estados Unidos foram os caminhos-de-ferro o sector propulsor, e na Suécia a madeira de construção e as minas de ferro.

• «A indústria assim estimulada aumenta a sua produção, aperfeiçoa a sua técnica, organiza o seu mercado, depois anima o resto da economia.» [Braudel]

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Revolução Industrial (15)

• Depois da descolagem dos caminhos-de-ferro (i.e. do ferro, do carvão, da indústria pesada) seguiram-se o aço, as construções navais modernas, a química, a electricidade e as máquinas-ferramentas.

• A Revolução Industrial foi secundada por uma revolução do crédito. O capitalismo internacional difunde-se pelas praças comerciais da Europa, e igualmente no Comércio das Índias ou da China (em Cantão) ou ao serviço dos Estados.

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Revolução Industrial (16)

• Com o sucesso da Revolução Industrial a banca e a vida financeira vão-se desenvolver. A partir de 1860, as redes dos bancos exponenciar-se-ão. Os bancos vão-se especializar: bancos de crédito, de depósitos, de negócios.

• A banca capta uma vasta clientela: público aforrista, caminhos-de-ferro, indústrias, companhias de navegação.

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Revolução Industrial (17)

• Acresce que há uma tendência para um capitalismo de Estado: «o estado torna-se industrial e não menos banqueiro. A proliferação do fisco e dos vales postais, das caixas económicas, dos títulos do tesouro, põem à sua disposição enormes somas de dinheiro.» [Braudel]

• O Estado investe uma parte do rendimento nacional para estimular a economia e assegurar políticas sociais eficazes.

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Liberalismo (1)

• O termo liberalismo compreende simultaneamente:

1. Uma doutrina política – que visa aumentar os poderes legislativo e judicial limitando o poder executivo;

2. Uma doutrina económica – que sob a divisa laissez faire laissez passer pretende subtrair ao Estado o poder de intervir na esfera económica.

3. Uma doutrina filosófica – que defende a liberdade de pensar e a liberdade religiosa (que deve consagrar a ideia de tolerância, de respeito pelos outros e pela natureza humana.)

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Liberalismo (2)

• Paulatinamente, de forma lacunar «o Estado liberal, constitucional organiza-se com as suas liberdades fundamentais (liberdade de opinião de imprensa, parlamentar, liberdade individual, extensão do direito de voto.)» [Braudel]

• O liberalismo representa os interesses duma classe em ascensão económica: a burguesia e a aristocracia dos negócios.

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Liberalismo (3)

• O liberalismo empreendeu primeiramente uma luta não desinteressada contra o Antigo Regime de pendor aristocrático.

• Com as revoluções de 1848 - que dividiram de forma irreversível burguesia e proletariado – foi adoptado o sufrágio universal. O liberalismo doravante adoptou a feição democrática e estendeu-se a todas as classes sociais.

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Revolução Política e Social (1)

• Antes de 1789, na Europa já haviam sucedido duas de revoluções dignas de menção: as duas em Inglaterra (uma violenta: a Puritana (1640-58) e uma pacífica: a Gloriosa (1688)).

• Contudo, a Revolução Francesa, repercutiu-se em toda a Europa de 1789 a 1815, abalando as fundações Antigo Regime e constituindo-se como um poderoso símbolo.

• Há vários momentos na Revolução Francesa.

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Revolução Política e Social (2)• No começo ela é uma Revolução liberal, moderada, «com

alguns episódios dramáticos» [Braudel]: tomada da Bastilha e o Grande Medo.

• Segue-se uma fase violenta interna e externamente, que é desencadeada pela declaração de guerra à Áustria (1792).

• Os jacobinos - que pretendem aprofundar a revolução - liderados pela pequena burguesia e os sans-culottes, massa popular parisiense, assumem o poder. Esta fase termina com a capitulação de Robespierre.

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Fig. 8 – Tomada da BastilhaFonte: www.aticaeducacional.com.br

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Revolução Política e Social (3)

• Posteriormente, um período que inclui a Revolução do Terminador (que reactiva o projecto político da burguesia) e a República do Directório (retorno da Alta Burguesia ao poder).

• Finalmente, uma quarta fase que inclui o Consulado e o Império. Napoleão assume as rédeas da Revolução controlando-a e exportando-a.

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Revolução Política e Social (4)

• É em nome da Revolução que Napoleão expande o seu Império na Europa. «Onde quer que se instale o regime napoleónico, as leis, os costumes, os corações guardarão as suas marcas, mau grado os rancores e os ódios suscitados pela ocupação.» [Braudel]

• A Restauração que se seguiu à capitulação de Napoleão não alterou os privilégios sociais abolidos: fim dos direitos feudais e a salvaguarda direitos do indivíduo.

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O Império de Napoleão no seu apogeu em 1811 (a castanho escuro temos o Império Francês,

a castanho claro os estados vassalos e a bêge os estados aliados do Império. Fonte: wikipédia)

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Revolução Política e Social (5)

• «A Revolução é a violência ao serviço de um ideal[…] direito, igualdade e justiça social» [Braudel].

• A Revolução vai influenciar movimentos sociais ulteriores. A separação da Igreja e do Estado, o sufrágio universal, conquistas evanescentes da primeira fase da revolução, são antecipações de futuras conquistas sociais.

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Revolução Política e Social (6)• A Revolução Industrial produziu chagas sociais. O

crescimento urbano dita a degradação das condições de vida da massa operária.

• «Miséria, mendicidade, banditismo, delinquência, crianças sem lar, epidemias, criminalidade, tudo se agrava com a acumulação rápida de trabalhadores na indescritível promiscuidade das paredes estreitas.» [Braudel]

• A despeito das más condições urbanas, nos campos ainda se vive pior. O êxodo da província continua a afluir às cidades.

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Revolução Política e Social (7)• A resposta a estes problemas foi dada, segundo

Braudel, em 3 fases:

1. A fase revolucionária e ideológica (1815 a 1871), dos reformadores sociais, da queda de Napoleão à Comuna de Paris.

2. A fase das lutas operárias organizadas (sindicatos e partidos operários) de 1871 a 1914.

3. A fase estatal. Na qual o Estado chama a si a prossecução dos programas sociais depois de 1919 e 1929 (Grande Guerra e Grande Depressão, respectivamente).

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Revolução Política e Social (8)

• Distingue-se um socialismo utópico (Saint-Simon, Fourier, Blanc, Owen, Proudhon) corrente assim denominada pelos seus antagonistas marxistas por expor os princípios de uma sociedade ideal sem referir os meios para a alcançar.

• De um socialismo dito científico. Em 1848, surge o manifesto do Partido Comunista, da autoria de Marx e Engels, livro referência da acção comunista.

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Revolução Política e Social (9)

• Defende–se o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes e firmada na propriedade comum e no controle dos meios de produção e da propriedade em geral.

• O comunismo, segundo Marx seria a fase final na sociedade humana, o que seria alcançado através de uma revolução proletária.

• Todas estas escolas de pensamento criticam o liberalismo, propondo a substituição da propriedade privada pela propriedade socialista.

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Motivos para as descobertas *****

• Motivos comerciais: procura de novas vias de acesso às riquezas da Ásia.

• Motivos políticos: a vontade de poder das nações e a rivalidade que elas transpõem da Europa para os teatros externos.

• Motivos religiosos: universalidade do cristianismo, vontade de difundir até aos confins do globo a mensagem evangélica.

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Meios para as descobertas *****

• Meios científicos: aperfeiçoamento dos instrumentos de navegação, progressos ligados à astronomia e à hidrografia.

• Meios técnicos: o navio é o meio de transporte mais habitual, aperfeiçoamento das embarcações (e. g. caravela com vela triangular, naus com duas ou três ordens de velas sobrepostas e vela latina à ré, introdução de bocas-de-fogo) com maior capacidade.

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Efeitos da colonização ***** (1)

• A essência da colonização reside numa relação de desigualdade (política, económica, militar, económica e cultural) e dependência entre colónias e metrópoles.

• Frequentemente, os conquistadores europeus aquando da sua chegada à colónia deparavam-se com sociedades primitivas. Mas quando diante de si se apresentavam Estados constituídos, reinos ou impérios, eles derribavam-nos (e.g. impérios pré-colombianos)

(*****) Rémond, René (1994). Introdução à História do Nosso Tempo: do Antigo Regime aos Nossos Dias. Lisboa: Gradiva.

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Efeitos da colonização ***** (2)

• No séc. XVIII, subsistem impérios coloniais de antiguidade desigual: os impérios português e espanhol, já em declínio; o das Províncias Unidas (antecessora dos Países Baixos); e o Francês e Inglês em plena expansão.

• À colónia não se reconhece existência política, não participa nas decisões que lhe dizem respeito, tais medidas são tomadas na metrópole, a milhares de quilómetros de distância.

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Efeitos da colonização ***** (3)

• A colónia não tem liberdade nem soberania, ela pertence integralmente à metrópole. Não tem personalidade reconhecida, ao contrário do protectorado.

• O protectorado (e.g. Marrocos, Indochina, Egipto) praticado por França e Inglaterra, pressupõe uma dependência moderada.

• Aplica-se a Estados a quem se reconhece o passado e a unidade política, mantendo muitas vezes a autoridade das dinastias reinantes.

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Efeitos da colonização ***** (4)

• A par destes Estados existem outros cuja soberania prevalece ficticiamente, aos quais a Europa impõe condições discriminatórias, mas cuja independência é normalmente respeitada.

• É o caso da China, que foi obrigada a assinar tratados desiguais (a China era obrigada a consignar vantagens à Europa e E.U.A., sem reciprocidade, e.g. guerra do ópio).

• A desigualdade nas colónias estende-se aos indígenas que estão vinculados a um regime jurídico diverso do dos cidadãos da metrópole.

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Efeitos da colonização ***** (5)• O princípio da separação de poderes consagrado no

Ocidente desde o séc. XVIII, não se aplica nas colónias, onde os administradores podem ser simultaneamente juízes e parte interessada.

• Há uma desigualdade económica, as remunerações nas colónias são muito inferiores às praticadas na metrópole e as populações beneficiam apenas de uma reduzida parte do lucro obtido na exploração dos recursos naturais. A colónia depende dos capitais da metrópole.

• Pelo regime do pacto colonial, as metrópoles têm o monopólio do mercado e do transporte.

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Efeitos da colonização ***** (6)

• Subsiste ainda uma desigualdade cultural, «a Europa transporta a sua civilização, inculca as suas ideias e impõe os seus valores, com o sistema de ensino. O recíproco não existe, pois a Europa nada toma das civilizações não-europeias.» [Rémond]

• A Europa assegura ainda a valorização e a exploração dos recursos que ela própria descobre nestes países e redistribui à escala global géneros alimentares, homens e capitais.

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Efeitos da colonização ***** (7)

• Analogamente à Europa, países como a Turquia e o Japão dotam-se de uma constituição, que instituem governos à Ocidental com assembleias representativas e instituições parlamentares.

• Criam-se partidos segundo o modelo inglês e francês (e.g. Partido do Congresso na Índia, estimulado pela administração inglesa, posteriormente estará implicado na independência indiana.)

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Efeitos da colonização ***** (8)

• Os exércitos, as marinhas, o direito civil, a língua, os costumes (vestuário e desporto) são influenciados pelos seus congéneres da Inglaterra e da França.

• A língua: em alguns casos a língua do colonizador torna-se língua nacional (francês, português, espanhol, inglês são faladas no mundo inteiro).

• O ensino secundário, dos colégios, das missões laicas também é uma exportação europeia.

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Efeitos da colonização ***** (9)

• Não existindo universidade nas colónias, as elites vão estudar para as universidades da metrópole – cria-se uma elite ocidentalizada (dividida entre a cultura tradicional e a cultura estrangeira).

• Por outro lado, através da evangelização, as variantes do cristianismo, catolicismo ou protestantismo do Ocidente penetram nas populações animistas da África Negra (não logram penetrar no campo islâmico)

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Efeitos da colonização ***** (10)

• A expansão da religião europeia propaga consigo a «distinção tradicional entre sociedade civil e sociedade religiosa (aforismo cristão: «dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus»[Rémond]).

• O Islão, como já vimos, confunde direito canónico e direito civil. Esta aquisição da Europa levará, por seu turno, a uma secularização da sociedade, dos costumes das civilizações.

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Fig. 9 – Impérios coloniais em 1800Fonte: wikipédia

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O tráfico de escravos (1) ******

• Os primeiros africanos chegaram à América no início do séc. XVI.

• O aumento do número dos escravos deveu-se à devastação das populações indígenas (devido ao contacto com os colonizadores europeus) por um lado e pelo desenvolvimento das bases negreiras dos portugueses em África. Luanda é criada em 1576.

(******) Fradera, Josep Maria (s.d.). Tráfico de hombres, El País Semanal.

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O tráfico de escravos (2) ******

• Os escravos africanos «ocupavam um espaço vital nos ofícios urbanos, na marinha e no transporte e mineração do ouro» [Fradera].

• E também nas regiões onde se desenvolveu uma agricultura de larga escala (nas plantações de açúcar, algodão, tabaco) orientada para os mercados urbanos nascentes e para o mercado atlântico.

• Houve escravatura e servidão em todas épocas. No mundo clássico, na Ásia e na África durante séculos e na sociedade pré-colombiana.

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O tráfico de escravos (3) ******

• A escravatura foi tão lesiva em territórios sob domínio de potências católicas como o foi em terras sob o jugo de colonizadores protestantes.

• Desde as primeiras remessas de escravos trazidas pelos portugueses, através de São Tomé, até à década de 1870, 11 a 13 milhões de africanos foram exportados para a América (15% a 20% morreram durante a travessia do Oceano).

• 10 milhões deles foram escravizados, um terço dos quais no Brasil.

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O tráfico de escravos (4) ******

• Foi a migração mais volumosa até 1850 e também a mais cruel; o resultado teve impacto em ambas as sociedades: a americana e a africana.

• Portugal, Holanda, Inglaterra, França e em menor grau a Dinamarca e a Suécia (por ordem de entrada no negócio) participaram do tráfico negreiro. Espanha, mal estabelecida em África, foi sobretudo um importador.

• O tráfico foi abolido em 1807 pela Inglaterra, ainda que se tenha continuado a fazer de forma clandestina.

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O tráfico de escravos (5) ******

• As razões para a abolição prendem-se com a pressão do humanismo protestante e o «crescente peso da ideia de superioridade do trabalho livre.» [Fradera].

• O Reino Unido perseguiu o tráfico entre África e América até ao seu término, exerceu medidas coercivas e impôs tratados bilaterais de abolição.

• A escravatura foi abolida em 1848 nas Antilhas francesas, em 1865 nos E.U.A., 1886 em Cuba e em 1871 no Brasil.

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Fig. 10 – EscravaturaFonte: http://asmelhoresjornalistas.files.wordpress.com/2008/12/negr.jpg