05 Educação Inclusiva_grafica

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Educação Inclusiva 1 TROL Educação Inclusiva Maria Clarice de Almeida Esteves      1       e     d     i    ç     ã    o  

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    Educao Inclusiva

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    Educao Inclusiva

    Maria Clarice de Almeida Esteves

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    Educao Inclusiva

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    DIREO SUPERIORChanceler Joaquim de Oliveira

    Reitora Marlene Salgado de Oliveira

    Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira

    Pr-Reitor de Planejamento e Finanas Wellington Salgado de Oliveira

    Pr-Reitor de Organizao e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira

    Pr-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira

    Pr-Reitora Acadmica Jaina dos Santos Mello Ferreira

    Pr-Reitor de Extenso Manuel de Souza Esteves

    DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTNCIAAssessora Andrea Jardim

    FICHA TCNICATexto:Maria Clarice de Almeida Esteves

    Reviso Ortogrfica:Marcus Vincius da Silva

    Projeto Grfico e Editorao: Eduardo Bordoni, Fabrcio Ramos e Ruan Carlos Vieira Fausto

    Superviso de Materiais Instrucionais:Janaina Gonalves de Jesus

    Ilustrao:Eduardo Bordoni e Fabrcio Ramos

    Capa:Eduardo Bordoni e Fabrcio Ramos

    COORDENAO GERAL:

    Departamento de Ensino a DistnciaRua Marechal Deodoro 217, Centro, Niteri, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universo Campus Niteri

    Bibliotecria: ELIZABETH FRANCO MARTINS CRB 7/4990

    Informamos que de nica e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, no se responsabilizando a ASOEC

    pelo contedo do texto formulado.

    Departamento de Ensino a Distncia - Universidade Salgado de Oliveira

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma

    ou por nenhum meio sem permisso expressa e por escrito da Associao Salgado de Oliveira de Educao e Cultura, mantenedora

    da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).

    E79e Esteves, Maria Clarice de Almeida.Educao inclusiva / Maria Clarice de Almeida Esteves ;

    reviso de Marcus Vincius da Silva. Niteri, RJ:EAD/UNIVERSO, 2012.

    115 p. : il.

    1. Educao inclusiva. 2. Educao especial. 3. Inclusoescolar. 4. Educao - Histria - Brasil. I. Silva, Marcus Vinciusda. II. Ttulo.

    CDD 371.9

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    Informaes sobre a disciplina

    Nome da Disciplina: Educao Inclusiva

    Carga Horria:45 horas

    Crditos:03

    Ementa:

    Estudo da histria da educao especial no Brasil e as primeiras iniciativas para

    construo de propostas para a melhoria da qualidade de ensino para as crianas

    com deficincia, com nfase na proposta inclusiva. Reconhecimento quanto

    importncia das adaptaes curriculares, busca de melhoria para o ensino, atravs

    de novas estratgias e conscientizao educacional para uma educao de

    qualidade marcada pela diversidade.

    Objetivo:

    Reconhecer a importncia da histria da educao especial no Brasil, atravs

    de leitura e interpretao de textos, que levaro o leitor a uma melhor

    compreenso de temas em diversas etapas, nomenclaturas referentes Educao

    especial e seus avanos atravs de documentos legais a partir da LBD 4024/61, at

    os tempos atuais. Metodologias que permitem o ensino diversificado para o

    Atendimento Educacional Especializado, com as tecnologias assistivas e salas derecursos multifuncionais, os conceitos cientficos bsicos e as discusses que

    permeiam o ensino inclusivo na sala de aula do ensino regular desde a educao

    Infantil ao Ensino Mdio.

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    Contedo Programtico:

    Unidade 1 - O Percurso Histrico da Educao Especial No Brasil

    Introduo Histria da Educao Especial no Brasil;

    Educao Especial: Integrao e Incluso;

    Educar na Diversidade, Escola Inclusiva.

    Unidade 2 - A Caminho da Incluso

    Artigos Especficos da LDB 9394/96, na Questo da Educao Especial;

    Documentos mais Atualizados no que se refere Educao Inclusiva;

    Papel da Escola e da Importncia do Professor para a Qualidade do Trabalho

    Inclusivo.

    Unidade 3 A Escola e a Incluso

    A Escola o Docente e Uma Proposta Inclusiva;

    Reconhecimento, Compreenso das Deficincias e suas Possibilidades de

    Crescimento;

    O Atendimento Educacional Especializado - Grande Avano na Histria daEducao Especial.

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    Referncias:

    Bibliografia Bsica:

    JANNUZZI, Gilberta de Martino. A Educao do deficiente no Brasil: dos

    primrdios ao incio do sculo XXI. So Paulo: Autores associados, 2004.

    KASSAR, Mnica de Carvalho Magalhes. Deficincia Mltipla e Educao no

    Brasil: Discurso e silncio na histria de sujeitos. Campinas: Autores associados,

    1999.

    SMITH, Dbora Deutsch. Introduo a Educao Especial: Ensinar em tempos de

    incluso./ Traduo: Sandra Moreira de Carvalho. Porto Alegre: Artmed, 2008.

    Bibliografia Complementar:

    BAFFI, Maria Adelia Teixeira. O planejamento em educao: revisando conceitos

    para mudar concepes e prticas. In.: BELLO, Jos Luiz de Paiva. Pedagogia em

    Foco, Petrpolis, 2002.

    BRASIL. Ministrio da Educao. SEE. Marcos poltico-legais da educao Especial

    na perspectiva da educao Inclusiva. Braslia: SEE, 2010

    FERNANDES, Eullia. Linguagem e Surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003.

    WERNECK, Hamilton. A nota prende, a sabedoria liberta. Rio Janeiro: DP&A, 2002.

    ZABALA, Antonio. A prtica educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

    OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bssoli de. Fundamentos pedaggicos do

    programa segundo tempo: da reflexo a prtica. Maring: Eduem, 2009.

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    Palavra da Reitora

    Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,

    exigente e necessitado de aprendizagem contnua, a Universidade Salgado de

    Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que rene os diferentes

    segmentos do ensino a distncia na universidade. Nosso programa foi

    desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experincias do gnero

    bem-sucedidas mundialmente.

    So inmeras as vantagens de se estudar a distncia e somente por meiodessa modalidade de ensino so sanadas as dificuldades de tempo e espao

    presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu prprio

    tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se

    responsvel pela prpria aprendizagem.

    O ensino a distncia complementa os estudos presenciais medida que

    permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo

    momento ligados por ferramentas de interao presentes na Internet atravs denossa plataforma.

    Alm disso, nosso material didtico foi desenvolvido por professores

    especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade so

    fundamentais para a perfeita compreenso dos contedos.

    A UNIVERSO tem uma histria de sucesso no que diz respeito educao a

    distncia. Nossa experincia nos remete ao final da dcada de 80, com o bem-

    sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processode atualizao, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualizao,

    graduao ou ps-graduao.

    Reafirmando seu compromisso com a excelncia no ensino e compartilhando

    as novas tendncias em educao, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o

    programa e usufruir das vantagens que o estudar a distncia proporciona.

    Seja bem-vindo UNIVERSO Virtual!

    Professora Marlene Salgado de Oliveira

    Reitora

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    Sumrio

    Apresentao da disciplina .................................................................................................... 10

    Plano da disciplina .................................................................................................................... 11

    Unidade 1 O Percurso Histrico da Educao Especial No Brasil ......................... 13

    Unidade 2 A Caminho da Incluso .................................................................................. 45

    Unidade 3 A Escola e a Incluso ....................................................................................... 77

    Consideraes finais ................................................................................................................. 107

    Conhecendo a autora .............................................................................................................. 108

    Referncias................................................................................................................................... 109

    Anexos ......................................................................................................................................... 113

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    Apresentao da Disciplina

    Prezado aluno (a)

    Seja bem vindo Disciplina educao inclusiva.

    Nesta disciplina, voc estudar . a Educao Inclusiva a partir de um breve

    histrico sobre a educao das pessoas com deficincia no Brasil, destacando

    aspectos legais e normativos que contriburam fortemente para a construo de

    uma educao denominada hoje, inclusiva, levando- se em considerao todas asdificuldades enfrentadas pelas famlias envolvidas com a temtica da unidade e as

    tentativas de incluso educacional e social.

    No podemos deixar de destacar que o movimento mundial pela educao

    inclusiva uma ao poltica, cultural, social e pedaggica, desencadeada em

    defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e

    participando, sem nenhum tipo de discriminao.

    A educao inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na

    concepo de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferena como valores

    indissociveis, e

    No podemos deixar de abordar nessa disciplina a importncia de novas

    abordagens metodolgicas e estratgias inovador que primam pela construo

    coletiva do conhecimento na rede regular de ensino a todo o alun sem

    discriminao.

    Ressalta-se ainda, que atravs desta disciplina, voc descobrir um mundo

    novo, ter a oportunidade de perceber que somos todos pessoas iguais e ao

    mesmo tempo diferentes num mundo cheio de diferenas e contradies.

    Incluir permitir-se descobrir o mundo a sua volta e relaciona-se com ele

    Bons estudos!

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    Plano da Disciplina

    Apresentaremos um pequeno resumo das unidades, enfatizando seus

    objetivos para que voc tenha um panorama daquilo que ir estudar.

    Unidade 1 - O Percurso Histrico da Educao Especial No Brasil

    Nesta primeira unidade faremos um estudo acerca da histria da educao

    Especial com nfase na lei 4024/61.

    Objetivo:

    Compreender aspectos histricos relevantes na histria da educao Especial

    Identificar aspectos legais e normativos da educao especial desde a

    elaborao da ldb4024/61 at os dias atuais

    Caracterizar e conceituar educao especial, e as nomenclaturas a ela

    estabelecida de acordo como tempo histrico

    Entender e conceituar educao inclusiva

    Unidade 2 - A Caminho da Incluso

    Em nossa segunda unidade abordaremos a questo especfica da educao na

    perspectiva da incluso

    Objetivo :

    Identificar aspectos legais e normativos da educao especial desde a

    elaborao da ldb 4024/61 at os dias atuais.

    Destacar e refletir sobre a lei e a portaria que determinam normas para

    utilizao dos sistemas libras e braile.

    Perceber a importncia da proposta pedaggica participativa na dinmicaescolar.

    Interpretar artigos da lei de diretrizes e bases em vigor 9394/96.

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    Unidade 3 A Escola e a Incluso

    E para finalizar em nossa ultima unidade estudaremos as estratgias aplicadas

    no contexto do Atendimento Educacional Especializado

    Objetivo:

    Reconhecer a proposta de educao inclusiva como meio mais eficaz para o

    atendimento ao aluno com ou sem deficincia.

    Identificar direitos e deveres dos alunos com deficincia e, da prpria escola

    num processo de conscientizao coletiva.

    Conhecer s diferentes deficincias, para melhor atender as especificidades.

    Compreender e diferenciar tecnologia assistiva, sala de recursos, comunicao

    alternativa e aumentativa.

    Bons Estudos

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    O Percurso Histrico daEducao Especial no Brasil

    A Histria da Educao Especial no Brasil;

    Educao Especial: Integrao e Incluso;

    Educar na Diversidade, Escola Inclusiva.

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    Caro aluno,

    A Educao Inclusiva tem ao longo da histria da educao, direta ou

    indiretamente mobilizado pessoas e grupos na luta pelos direitos da cidadania das

    pessoas com deficincia. Sabemos que este grupo sempre foi muito discriminado

    no mundo inteiro , assim como, outra parcela da sociedade: mulheres, ndios,

    idosos ou negros. Porm, em todos os grupos especficos, vrias tentativas de

    mudana ocorreram ao longo da histria com resultados positivos e negativos.

    Neste momento, aprofundaremos nossa pesquisa sobre a Educao das Pessoas

    com Necessidades Educacionais Especiais.

    Objetivos da Unidade:

    Compreender Aspectos Histricos Relevantes na Histria da Educao

    Especial;

    Identificar Aspectos Legais e normativos da Educao Especial desde a

    Elaborao da ldb4024/61, at os Dias Atuais;

    Caracterizar e Conceituar a Educao especial, As Nomenclaturas a ela

    estabelecidas de acordo como Tempo Histrico;

    Entender e Conceituar a Educao Inclusiva.

    Plano da Unidade:

    A Histria da Educao Especial no Brasil;

    Educao Especial: Integrao e Incluso;

    Educar na Diversidade, Escola Inclusiva.

    Bons estudos!

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    A Histria da Educao Especial no Brasil

    hora de arregaar as mangas e organizar seus horrios de estudos para

    realizao das leituras e atividades das quatro unidades a seguir.

    Iniciaremos nossos estudos sobre a Educao Inclusiva a partir de um breve

    histrico sobre a educao das pessoas com deficincia no Brasil, destacando na

    Unidade I, alguns tpicos do livro A Educao do Deficiente no Brasil, Deficincia

    Mltipla e Educao no Brasil, onde as autoras Gilberta de Martino Jannuzzi e

    Mnica de Carvalho Kassar, nos incitam a leitura, a busca e a pesquisa, fazendo-nosviajar pela histria da Educao Especial, todas as dificuldades enfrentadas pelas

    famlias envolvidas com o grupo em discusso e as tentativas de incluso

    educacional e social.

    O movimento mundial pela educao inclusiva uma ao poltica, cultural,

    social e pedaggica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de

    estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminao. A

    educao inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na

    concepo de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferena como valores

    indissociveis, os quais avanam em relao ideia de equidade formal ao

    contextualizar as circunstncias histricas da produo da excluso dentro e fora

    da escola. (Portaria Ministerial n. 555 - 05 /06/07)

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    O nosso objetivo nesta unidade discutir questes da Educao Especial e

    Inclusiva no cenrio brasileiro, identificando inmeras questes relacionadas ao

    tema.

    A princpio vamos destacar o conceito de educao especial como modalidade

    da educao escolar que ser oferecida preferencialmente na rede regular de

    ensino para portadores de necessidades especiais (LDB 9394/96). Ou seja, lugar de

    aprender na escola. Como modalidade da educao, entende-se conjunto de

    recursos educacionais e estratgias de apoio que estejam disposio detodos os alunos, oferecendo diferentes alternativas de atendimento

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    (BRASIL/SEESP/MEC, 1996). Enquanto modalidade a educao especial tem a

    possibilidade de oferecer a todos os alunos indiscriminadamente, todos os

    mtodos e estratgias de um currculo flexvel para a diversidade, para atender asnecessidades, favorecendo um maior acesso ao conhecimento.

    Conforme Portaria 555 de 05/06/07, verifica-se um reconhecimento de que as

    dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de

    confrontar as prticas discriminatrias e criar alternativas para super-las. Se

    entendermos que a escola o espao para o convvio social e construo de

    cidadania, torna-se fundamental que a educao inclusiva assuma espao central

    no debate acerca da sociedade contempornea e do papel da escola na superao

    da lgica da excluso. A partir dos referenciais para a construo de sistemas

    educacionais inclusivos, a organizao de escolas e classes especiais passa a ser

    repensada, implicando uma mudana estrutural e cultural da escola para que todos

    os alunos tenham suas especificidades atendidas.

    Registros e fontes seguras da histria da educao, atravs de renomados

    autores, Pedagogos e historiadores revelam desde a antiguidade at o sculo XXI, opercurso da histria da Educao Especial. A literatura da Roma Antiga relata que

    as crianas com deficincia, nascidas at o princpio da era crist, eram afogadas

    por serem consideradas anormais e dbeis. Na Grcia antiga, Plato relata no seu

    livro A repblica que as crianas mal constitudas ou deficientes eram sacrificadas

    ou escondidas pelo poder pblico, por serem considerados diferentes do normal,

    do padro da sociedade, onde beleza, esttica, inteligncia, entre outros fatores

    eram relevantes. (IBEDEP, 2007) Estudos Histricos (Pessotti, 1984; Michelet e

    Woodill, 1993), relatam a forte crena em determinantes divinos no perodo grego,

    apesar de registros atribudos a Hipcrates (460-377 a.C), j indicarem que a

    deficincia possua uma causa natural e sua suposta origem divina devido

    inexperincia do homem e seu deslumbramento diante de sua particular

    caracterstica. (Kassar, 1999, p.2).

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    Destacamos nestes estudos, o perodo da Idade Mdia que conviveu com

    grandes contradies e ambivalncia em relao s atitudes e sentimentos frente

    deficincia. Para o cidado daquela poca, os deficientes mentais, os loucos e

    criminosos eram considerados, muitas vezes, possudos pelo demnio, sendo

    levados a julgamentos, perseguies e encarceramento. Os padres sociais

    eram determinados em um sentido tico, moral e intelectual, sob a forteinfluncia da igreja. Verificamos a influncia da igreja em toda histria da

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    humanidade, no s da criana especial. Caso um indivduo no se enquadrasse

    aos padres estabelecidos pela sociedade da poca, seriam punidos ou at mesmo

    condenados. Aos cegos e surdos eram atribudos dons e poderes sobrenaturais. Nopensamento dos filsofos cristos, a crena tambm oscilava entre culpa e

    expiao de pecados e, finalmente, com Santo Toms de Aquino, a deficincia

    passa a ser considerada como um fenmeno natural da espcie humana.

    Percebe-se que essas contradies apresentadas geravam ambivalncia de

    sentimentos e atitudes que iam da rejeio extrema, ou pela sensao de pena,

    piedade e comiserao, at a superproteo, por exemplo, o deficiente era

    intitulado como ladro gerando esteretipos pela sociedade, a criana com algum

    tipo de anomalia era desprezada pela famlia, devido ao medo, ao

    desconhecimento e a discriminao da sociedade. Pois ter um filho deficiente era

    considerado coisa do demnio, uma espcie de maldio, um filho deficiente

    pagamento pelos pecados dos pais, deixando- o largado pelas ruas e cantos

    sofrendo maus tratos ou ataques de animais, fazendo com que surgissem assim as

    aes de cunho social, religioso, caritativo de proteo e cuidados como: hospitais,

    prises e abrigos.

    Surge na Frana, sculo XVII, um movimento chamado Iluminismo em defesa

    do domnio da razo confrontando ideias religiosas e msticas, cuja filosofia

    incorporava doutrinas de igualdade, bondade natural, do ilimitado

    aperfeioamento da humanidade, acreditava-se que o homem nasce bom e a

    sociedade que o corrompe, transforma-o. Com esse novo movimento chamado

    de Iluminismo passa-se a ter uma viso mais humanitria dos deficientes em

    funo das ideias questionadoras de alguns pensadores da poca, como por

    exemplo: John Locke, Rousseau e Pestalozzi. Se todos fizessem parte de uma

    sociedade justa com direitos iguais a todos, a felicidade seria com certeza

    encontrada por toda humanidade. (IBEDEP, 2007)

    Jannuzzi (2004) destaca que educao das crianas deficientes surgiu

    institucionalmente, mas de maneira tmida no conjunto das concretizaes

    possveis das ideias liberais que tiveram divulgao no Brasil no fim do sculo XVIIIe comeo do XIX.

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    Como afirma kassar:

    As classes especiais pblicas vo surgir pautadas na

    necessidade cientfica da separao dos alunos normais e anormais,

    na pretenso da organizao de salas de aula homogneas, sob a

    superviso de organismos de inspeo sanitria que incorporam o

    discurso da ortopedia, a partir dos preceitos da racionalidade e

    modernidade. (KASSAR, 1999, p. 2).

    A separao das crianas consideradas normais ou excepcionais durante

    este perodo mostra a permanncia do preconceito, muitas pessoas ainda

    excludas do convvio educacional e social. Porm, o que marca tambm, a

    maneira como estes mesmos grupos eram tratados. Ao olhar cientfico,

    conjuga-se a razo, cultuada desde os sculos anteriores. Nesse momento, razo e

    experincia emprica vinculam-se como foras organizadoras do desenvolvimento

    social.O prprio movimento iluminista, que pode ser identificado pela valorizaodo uso da razo vinculada experincia, deriva, segundo Hobsbawm (1997:37) do

    evidente progresso da produo, do comrcio, da racionalidade econmica e

    cientfica.

    A educao especial se organizou tradicionalmente como atendimento

    educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes

    compreenses, terminologias e modalidades que levaram criao de instituies

    especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organizao,fundamentada no conceito de normalidade/anormalidade, determina formas de

    atendimento clnico-teraputicos fortemente ancorados nos testes psicomtricos

    que, por meio de diagnsticos, definem as prticas escolares para os alunos com

    deficincia. (MEC, 2008)

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    A educao de crianas com deficincia tem sido marcada por razes histricas

    e culturais do fenmeno, por forte rejeio, discriminao e preconceito.

    Estudos realizados por Stobaus e Mosquera (2000) definem o que pode ser

    considerado normal, como aquilo que muito semelhante dentro de um grupo ou

    para um grupo de pessoas, j o que passvel de ser considerado anormal,

    patolgico ou muito diferente, pode variar de um grupo para outro em contextos

    diferentes.

    Os estudos realizados nos mostram que no Renascimento, com o surgimento

    das cincias, as concepes racionais comeavam a buscar explicaes para ascausas das deficincias, as quais foram consideradas do ponto de vista mdico,

    como doenas de carter hereditrio, males fsicos ou mentais. O conhecimento a

    respeito do desenvolvimento humano e de suas patologias vai sendo

    elaborado com base nos preceitos da cincia moderna: observao, descrio

    e classificao, de modo que se passa a procurar uma relao direta entre leses

    anatmicas e sintomatologia clnica (Ornellas, 1997). Comte comenta este aspecto,

    dizendo que jamais se concebeu de maneira to direta e satisfatria a relaofundamental entre a patologia e a fisiologia Entende- se assim a influncia do

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    conhecimento biolgico, a busca de explicaes fisiolgicas e anatmicas para a

    deficincia mental. Historicamente, a educao de pessoas com deficincia nasceu

    de forma solitria, segregada e excludente. Ela surgiu com carter assistencialista eteraputico pela preocupao de religiosos e filantropos na Europa. Mas tarde, nos

    Estados Unidos e Canad, surgiram os primeiros programas para prover ateno e

    cuidados bsicos de sade, alimentao, moradia e educao dessa parcela da

    populao, at ento marginalizada e abandonada pela sociedade. (Kassar, 1999)

    Em 1948, atravs da Declarao dos Direitos Humanos, a pessoa com

    deficincia ganha mais fora, pois esta vem assegurar o direito de todos

    educao pblica, gratuita. A seguir um fragmento desses direitos: A Assembleia

    Geral proclama:

    A presente Declarao Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a

    ser atingido por todos os povos e todas as naes, com o objetivo de que cada

    indivduo e cada rgo da sociedade. Tendo sempre em mente esta Declarao, se

    esforcem atravs do ensino e da educao, por promover o respeito a esses direitos

    e liberdades, pela adoo de medidas progressivas de carter nacional einternacional. Por assegurar o seu reconhecimento e a sua observncia universal e

    efetiva, tanto entre os povos dos prprios Estados-Membros, quanto entre os

    povos dos territrios sob sua jurisdio. Segundo a declarao, no artigo I, afirma-

    se que, Todas as pessoas nascem livres, iguais em dignidade e direitos. So

    dotadas de razo e conscincia, devem agir em relao umas s outras com

    esprito de fraternidade. Percebemos a grandeza de direitos a cidadania quando

    no artigo II da referida declarao, afirma-se que, toda pessoa tem capacidade para

    gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declarao, sem distino de

    qualquer espcie, seja de raa, cor, sexo, lngua, religio, opinio poltica ou de

    outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra

    condio. Fala-se em cidadania e no em diferenas, somos todos iguais perante a

    lei, conforme complementa o artigo VII: Todos so iguais perante a lei e tm

    direito, sem qualquer distino, a igual proteo da lei. Todos tm direito a igual

    proteo contra qualquer discriminao que viole a presente Declarao e

    contra qualquer incitamento a tal discriminao. Assim, todo cidado passa a

    ter conhecimento de seus direitos, pode lutar por justia e igualdade, pois

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    qualquer forma de discriminao resulta em violao destes, seja na escola,

    no trabalho ou no lazer. Porm, neste mesmo perodo, encontravam-se

    inmeras pessoas sem acesso a escola, vivendo muitas vezes na misria. Apessoa com deficincia precisa primeiramente ser aceita socialmente, do

    modo como ela realmente , sendo respeitada por suas diferenas, o que

    menos necessita do sentimento de pena.Merisse (1997), ao abordar as origens

    das instituies de atendimento a crianas pobres ou abandonadas, lembra que

    poderamos encontrar a origem remota de todas as atuais instituies mdico-

    assistencialistas e educacionais nos abrigos ou asilos. Nestas primeiras instituies,

    eram recolhidos todos os tipos de desvalidos: doentes mentais, deficientes oudelinquentes. Entende-se a palavra desvalido, como algum sem importncia, que

    em nada ir contribuir para o crescimento da sociedade, ou seja, pessoa incapaz.

    Esse fato poderia indicar que a origem do atendimento a pessoa com deficincia

    traz algumas caractersticas: a abordagem assistencialista e sua no identidade

    especfica. Nota-se a falta de uma poltica realmente voltada para as necessidades

    da pessoa com deficincia e sua incluso na sociedade respeitando seus direitos

    enquanto cidado. Ao contrrio, pessoas eram resgatadas como coisas e colocadasem um espao reservado sendo cada vez mais segregadas, separadas do convvio

    social e includas no mundo dos desvalidos tambm possuidores de alma (por mais

    errante que esta pudesse ser).

    As primeiras iniciativas para a educao de pessoas com deficincias surgiram

    na Frana em 1620, com a tentativa de Jean Paul Bonet de ensinar mudos a falar.

    Foram fundadas em Paris as primeiras instituies especializadas na educao de

    pessoas com deficincias: a educao de surdos com o abade Charles M. Epp, que

    criou o Mtodo dos Sinais para a comunicao com surdos. O Instituto Real dos

    Jovens Cegos, em Paris, fundada por Valetin Hauy, em 1784, destinava-se a leitura

    ttil pelo sistema de letras em relevo. Mais tarde, em 1834, Louis Braille criou o

    sistema de leitura e escrita por caracteres em relevo, denominado sistema braile,

    abrindo perspectivas de comunicao, educao e independncia para as pessoas

    cegas.

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    O Brasil como j afirmamos anteriormente um pas com caractersticas muito

    especiais. H uma diversidade de grupos, costumes, crenas e valores to intensos

    que no podemos continuar admitindo tanto desrespeito entre as pessoas.Observe, que no perodo ainda do Imprio, pesquisas nos mostram a busca pela

    escola que de fato, inclua a todos no convvio social. No Brasil, o atendimento s

    pessoas com deficincia teve incio na poca do Imprio, com a criao de duas

    instituies: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto

    Benjamin Constant IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje

    denominado Instituto Nacional da Educao dos Surdos INES, ambos no Rio de

    Janeiro. J em meados do sculo XX, surgem s associaes de pais de pessoascom deficincia fsica e mental na Europa e Estados Unidos. No Brasil, so criadas as

    Pestalozzis e as APAES, destinadas implantao de programas de reabilitao e

    educao especial. O Instituto Pestalozzi (1926) fundado no incio do sculo XX,

    como instituio especializada no atendimento s pessoas com deficincia mental;

    em 1954, fundada a primeira Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais

    APAE; e, em 1945, criado o primeiro atendimento educacional especializado s

    pessoas com superdotao na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.

    O Imperial Instituto dos meninos cegos, posteriormente

    chamado Instituto Benjamim Constant (IBC) (Decreto1. 320 de 24 de

    janeiro de 1891 in Dirio Oficial]D.O.] de 18 de dezembro de 1981,

    tem sua origem ligada ao cego brasileiro Jos lvares de Azevedo,

    que estudara em Paris no Instituto dos jovens cegos, fundado no

    sculo XVIII por Valentin Hauy. (JANNUZZI, 2004, p.11).

    As primeiras iniciativas para educao de pessoas com deficincia mental

    foram do mdico Francs Jean Marc Itard, no sculo XIX, que sistematizou um

    mtodo de ensino inspirado na experincia do menino selvagem de Ayeron (sul da

    Frana), que consistia na repetio de experincias positivas. A primeira instituio

    pblica para educao de crianas com deficincia mental foi residencial, fundada

    pelo mdico francs Edward Seguin, que criou um mtodo educacional originado

    da neurofisiologia que consistia na utilizao de recursos didticos com cores e

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    msica para despertar a motivao e o interesse dessas crianas. (kassar, 1999) Na

    segunda metade do sculo XIX e incio do sculo XX, as escolas especiais

    proliferaram por toda Europa e Estados Unidos. A educao especial surgiu sob oenfoque mdico e clnico, com o mtodo de ensino para crianas com deficincia

    mental, criado pela mdica italiana Maria Montessori, no incio do sculo XX. O

    mtodo Montessori, inspirado na rotina diria e na ao funcional,

    fundamenta-se na estimulao sensrio-perceptiva e autoaprendizagem.

    Emprega rico e variado material didtico como: blocos, cubos e barras em

    madeira, objetos variados e coloridos, material de encaixe e seriao, letras

    grandes em lixa e outros. O mtodo Montessori foi mundialmente difundido eat hoje utilizado, inclusive no Brasil, na Educao Infantil para crianas sem

    qualquer deficincia. Em decorrncia do avano cientfico, as causas e origem das

    deficincias foram investigadas e esclarecidas na segunda metade do sculo XX,

    rompendo assim com a viso mtica e maniquesta entre o bem e o mal. Embora

    esses avanos tenham colaborado para a compreenso da deficincia como

    condio humana e expresso da diversidade entre os homens e natureza, os

    preconceitos continuam fortes eles oscilam entre a patologizao ora inerente aoindivduo, ora ao ambiente. Assim, a idade contempornea marcada pelo

    paradigma da cientificidade, do psicologismo, da valorizao dos testes

    quantitativos, do treinamento sensorial e motor.

    Educao Especial: Integrao e Incluso

    Com o objetivo de apresentar um Brasil sem diferenas, atravs do movimento

    mundial de integrao de pessoas com deficincia, que defendiam oportunidades

    educacionais e sociais iguais para todos, contribuindo fortemente para a criao

    dos servios de educao especial e classes especiais em escolas pblicas no Brasil.

    Surge, ento, uma poltica nacional de educao, ancorada na Lei N 4.024/61 (Lei

    de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDB), com a recomendao de

    integrar no sistema geral de ensino, a educao de excepcionais, como eram

    chamadas na poca as pessoas com deficincia, que aponta o direito dos

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    excepcionais educao, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.

    A seguir um fragmento da referida lei:

    LEI N. 4.024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961.

    Fixa as Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    TTULO II

    Do Direito Educao

    Art. 2 A educao direito de todos e ser dada no lar e na escola.

    Pargrafo nico. famlia cabe escolher o gnero de educao que deve dar a

    seus filhos.

    Art. 3 O direito educao assegurado:

    I - pela obrigao do poder pblico e pela liberdade de iniciativa particular de

    ministrarem o ensino em todos os graus, na forma de lei em vigor;

    II - pela obrigao do Estado de fornecer recursos indispensveis para que a

    famlia e, na falta desta, os demais membros da sociedade se desobriguem dos

    encargos da educao, quando provada insuficincia de meios, de modo que

    sejam asseguradas iguais oportunidades a todos.

    TTULO X

    Da Educao de Excepcionais

    Art. 88. A educao de excepcionais deve no que for possvel, enquadrar-se no

    sistema geral de educao, a fim de integr-los na comunidade.

    Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais

    de educao, e relativa educao de excepcionais, receber dos poderes pblicos

    tratamento especial mediante bolsas de estudo, emprstimos e subvenes.

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    Observe caro aluno, que os artigos 2 e 3 afirmam o Direito assegurado pelo

    Poder Pblico a todo cidado sem diferenas e igual oportunidade. Porm, nos

    artigos 88 e 89 que se referem Educao dos excepcionais, surge expresso, no que for possvel, deixando a opo para as escolas das formas

    de integrao da criana excepcional, vale lembrar que a pessoa com alguma

    deficincia era assim chamada neste perodo, marcando mais uma vez a

    caracterstica excludente de educao. Ressalta-se a lei, quando esta trata da

    expresso "enquadrar-se no sistema geral de educao", na qual a palavra geral,

    implicitamente, aponta a existncia de dois sistemas educacionais - um regular

    geral e o outro especial - para atender s peculiaridades do sistema geral.Embora, seja essa a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educao que direciona

    normas para a Educao Especial, compreende-se que, para aquele momento

    histrico, essa lei contribuiu para criao do senso comum de que existem duas

    educaes - uma geral e outra paralela, margem desse sistema. preciso que se

    entenda: neste momento histrico, o modelo de integrao, embora ainda

    excludente, j traz caractersticas significativas para a histria da educao da

    criana com deficincia, pois a LDB passa a mostrar preocupao com a educaodo deficiente. Aos poucos, a expresso excepcional foi dando lugar a novos termos.

    IMPORTANTE

    Pesquisem quais foram os termos utilizados ao longo da histria da

    Educao da criana com deficincia para referir-se a elas

    Educar na Diversidade, Escola Inclusiva.

    As pesquisas apontam que a institucionalizao da Educao Especial no Brasil

    tem pouco mais de trs dcadas. Nesse sentido, afirma-se que partir da dcada de

    70, se inicia um processo de centralizao administrativa e coordenao poltica a

    partir do governo federal.

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    De acordo com a legislao, a Educao Especial aparece pela primeira vez na

    LDB 4024/61, afirmando que a educao dos excepcionais, como j mencionamos,

    deve no que for possvel, enquadrar-se no sistema geral de educao.

    Veremos a seguir, que foi previsto na Lei 5692/71, o tratamento especial para

    os alunos que apresentam deficincias fsicas, mentais e os superdotados.

    Conforme legislao brasileira, no ano de 1971, surge no Brasil uma nova Lei

    de Diretrizes e Bases da Educao Nacional - Lei n 5.692/71 de 11 de agosto, que

    altera a LDB de 1961, ao definir tratamento especial para os alunos com

    deficincias fsicas, mentais, os que se encontram em atraso considervel quanto idade regular de matrcula e os superdotados. No promove a organizao de um

    sistema de ensino capaz de atender s necessidades educacionais especiais e

    acaba reforando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas

    especiais. Esta lei apresentou, no caso especfico da Educao Especial, apenas um

    artigo fazendo referncia s questes aqui tratadas como normativas para

    regulamentao. Destaca-se que o artigo 9 desta lei, em relao anterior,

    configura um retrocesso pela omisso de alunos com necessidades educativasespeciais, ou o motivo por que cegos e surdos foram includos na categoria de

    deficientes fsicos, bem como ao considerar como alunado da educao

    especial quele que se encontrar em atraso considervel quanto idade

    regular de matrcula. (MEC, 1994) Essa falta de clareza, quanto aos prprios

    sujeitos da Educao Especial, ocasionou o inchao das classes especiais, dando o

    direito escola de que todo aquele aluno que apresentasse, ou estivesse com

    dificuldades de aprendizagem, fosse avaliado e designado a um sistema parte. O

    termo "tratamento especial", ao qual a lei se refere, instiga no imaginrio dos

    professores a existncia de uma educao de tratamento, de uma pedagogia

    teraputica, com mtodos e tcnicas especiais. Diferente da formao dos

    cursos de licenciatura (Pedagogia), autorizando aos professores do ensino regular

    estigmatizar os educadores especiais como especialistas, em funo de acreditar

    serem detentores de uma metodologia de ensino totalmente diferenciada.

    Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educao Especial CENESP,responsvel pela gerncia da educao especial no Brasil, que, sob a gide

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    integracionista, impulsionou aes educacionais voltadas s pessoas com

    deficincia e s pessoas com superdotao, mas ainda configuradas por

    campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado, com o objetivo decentralizar e coordenar as aes de poltica educacional. Este rgo existiu at 1986

    e em toda a sua trajetria manteve uma poltica centralizadora que priorizava o

    repasse de recursos financeiros para as instituies privadas. Nesse perodo, no se

    efetiva uma poltica pblica de acesso universal educao, permanecendo a

    concepo de polticas especiais para tratar da educao de alunos com

    deficincia. No que se refere aos alunos com superdotao, apesar do acesso ao

    ensino regular, no organizado um atendimento especializado que considere assuas singularidades de aprendizagem. Em 1986 criada a CORDE (Coordenadoria

    para a integrao da pessoa portadora de deficincia), junto a Presidncia da

    Repblica para coordenar assuntos, atividades e medidas referentes ao portador de

    deficincia. Extinto o CENESP, criou-se a Secretaria de Educao Especial do MEC.

    Em 1989, a CORDE foi transferida para o Ministrio da Ao Social, e a rea de

    Educao especial do MEC, tornou-se coordenao, configurando uma reduo do

    poder poltico da rea nos dois casos. Em 1993, voltou a existir a Secretaria deEducao Especial (SEESP), no Ministrio da Educao. (MEC, 1994)

    A poltica educacional brasileira na dcada de 80 teve como meta a

    democratizao mediante a expanso do ensino com oportunidade de acesso das

    minorias escola pblica. A educao de crianas com deficincias na escola

    comum ganhou fora com o movimento nacional de defesa dos direitos das

    pessoas com deficincias, que pregava a passagem do modelo educacional

    segregado para integrao de pessoas com deficincias na escola, no trabalho e na

    comunidade, tendo em vista a igualdade e justia social. Apesar desse avano

    conceitual, necessrio reconhecer a necessidade de articulao das polticas e de

    aes prticas efetivas, integradas entre os setores governamentais que

    desenvolvem essas polticas, para que as crianas com necessidades educacionais

    especiais tenham acesso aos recursos e equipamentos especiais necessrios ao

    processo de desenvolvimento/ aprendizagem no mbito da educao infantil e

    especial.

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    A democratizao do ensino traz consigo o conceito de educao como direito

    social, passando do modelo mdico do cuidar, do clnico e teraputico para a

    abordagem social e cultural que valoriza a diversidade como forma deaprendizagem, de fortalecimento, de modificao do ambiente escolar e da

    comunidade para um mtodo educacional originado da neurofisiologia. O qual

    consistia na utilizao de recursos didticos com cores e msica para despertar a

    motivao e o interesse dessas crianas para a promoo da aprendizagem. Nesse

    enfoque sociolgico, o meio, o ambiente inadequado e a falta de condies

    materiais so tambm fatores produtores de limitao e determinantes do fracasso

    escolar. Na esfera poltica e da descentralizao do poder, as Diretrizes Nacionaispara a Educao Especial na Educao Bsica, recomendam a colaborao entre a

    Unio, Estados e Municpios para que seja efetivamente exercitado no Pas o

    debate de ideias e o processo de decises acerca de como devem se estruturar os

    sistemas educacionais, quais procedimentos de controle social sero

    desenvolvidos (BRASIL, 2001a). Por meio desse mecanismo democrtico, fundado

    na poltica de descentralizao das

    aes, so criados os conselhosestaduais, municipais e associaes

    de defesa dos direitos, integrando

    representantes dos diferentes

    setores: sade, educao, justia e

    ao social, trabalho, transportes e

    comunidade, tendo em vista a

    formulao de poltica integrada dedesenvolvimento humano.

    Portanto, caro aluno, sabemos

    da difcil tarefa e do compromisso

    da escola, da famlia e de toda

    sociedade nesta nova etapa da

    Educao. primordial que todas

    as aes e objetivos, apontem paraa Integrao da Pessoa Portadora

    de Deficincia, como o documento

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    assim exige e que sejam bem planejadas e estruturadas, para que seus direitos

    sejam respeitados. preciso desenvolver um trabalho consciente e responsvel

    quando se levanta a bandeira da integrao de pessoas que historicamente forame ainda so excludas da sociedade, praticamente em todos os segmentos. Neste

    sentido fica claro a urgncia dos educadores e pesquisadores ligados

    principalmente educao, juntar esforos para pesquisar e discutir esta temtica,

    em todos os nveis e modalidades de ensino. Embora haja avanos na esfera

    conceitual, as representaes mticas, os preconceitos e esteretipos acerca das

    pessoas com deficincia construda culturalmente determinam e expressam nossas

    atitudes, aes consciente ou inconscientemente no contexto familiar, escolar oucomunitrio. Essas barreiras atitudinais so, por vezes, evidenciadas pelos

    mecanismos de negao das possibilidades dessas pessoas, fortemente firmados

    no conceito de limitao e incapacidade, ainda marcantes em nosso meio. Esse o

    grande desafio que a educao inclusiva se prope a romper.

    Caractersticas e fatos mencionados demonstram que a Educao Especial tem

    se apresentado um "status" secundrio das polticas pblicas e a descontinuidade

    de polticas pblicas, marcam sua trajetria.

    Todavia, destaca-se que a partir da dcada de 90, as discusses referentes

    educao das pessoas com necessidades especiais tomam outro rumo, uma

    dimenso maior, nota-se que existe um novo olhar para a Educao Especial.

    A Educao Especial e a Constituio de 1988

    A nossa Constituio Federal elegeu como fundamentos da Repblica, a

    cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1, inc. II e III), como um dos seus

    objetivos fundamentais a promoo do bem de todos, sem preconceitos de

    origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao (art. 3,

    inc. IV). Garante ainda expressamente o direito igualdade (art. 5), e trata, nos

    artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS educao. Esse direito deve visar o

    pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua

    qualificao para o trabalho (art. 205). Alm disso, elege como um dos princpios

    para o ensino, a igualdade de condies de acesso e permanncia na escola (art.

    206, inc. I), acrescentando que o dever do Estado com a educao ser efetivado

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    mediante a garantia de acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da

    criao artstica, segundo a capacidade de cada um (art. 208, V). Entende-se,

    portanto, que a Constituio d a garantia a todo cidado brasileiro do direito educao e ao acesso e permanncia na escola. Assim, toda Instituio de ensino,

    assim reconhecida pelos rgos oficiais como tal, deve atender aos princpios

    constitucionais, no podendo excluir nenhuma pessoa em razo de sua origem,

    raa, sexo, cor, idade, deficincia ou ausncia dela. E expressa no artigo208:

    Atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia,

    preferencialmente na rede regular de ensino.

    Verifica-se que palavra preferencialmente constante da Constituio Federal,

    refere-se a atendimento educacional especializado, ou seja, aquilo que

    necessariamente diferente no ensino escolar para melhor atender s

    especificidades dos alunos com deficincia. Isto inclui, principalmente,

    instrumentos necessrios eliminao das barreiras que as pessoas com

    deficincia tm para relacionar-se com o ambiente externo. O atendimento

    educacional especializado deve estar disponvel em todos os nveis de ensino

    escolar, de preferncia nas escolas comuns da rede regular. A escola o ambiente

    mais adequado para se garantir o relacionamento dos alunos com seus pares de

    mesma idade cronolgica, para a estimulao de todo o tipo de interao que

    possa beneficiar seu desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, pois, assim

    percebemos a real e significativa da palavra aprendizagem. Esse atendimento no

    substitui a escola. Diferente de outros cursos livres, o atendimento educacional

    especializado to importante que garantido pela Constituio Federal.

    Ao definir educao, a Constituio, no admite o oferecimento de Ensino

    Fundamental em local que no seja escola (art. 206, inc. I) prevendo requisitos

    bsicos que essa escola deve observar (art. 205 e seguintes) a seguir, este mesmo

    documento, admite que o atendimento educacional especializado seja tambm

    oferecido fora da rede regular de ensino, em outros estabelecimentos, j que,

    como referimos, seria um complemento e no um substitutivo da escolarizao

    ministrada na rede regular para todos os alunos.

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    Documento importante a ser citado nesta unidade em estudo o Estatuto da

    Criana e do Adolescente ECA, Lei n 8.069/90, que estabelece no artigo 2,

    pargrafo 1, A criana e o adolescente portadores de deficincias receberoatendimento especializado. O artigo 5 vai reforar o primeiro afirmando:

    Nenhuma criana ou adolescente ser objeto de qualquer forma de negligncia,

    discriminao, violncia, crueldade e opresso, punido na forma da lei a qualquer

    atentado, por ao ou omisso, aos seus direitos fundamentais. Portanto verifica-

    se na dcada de 90 um grande avano no que se refere ao atendimento

    especializado. O artigo 55 determina que os pais ou responsveis tm a obrigao

    de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Fatoimportantssimo ao reforar que a responsabilidade com a matrcula do

    responsvel, no isentando claro o compromisso do governo com sua

    responsabilidade em oferecer meios adequados para o atendimento especializado.

    Poltica de Incluso: Implicaes e Contradies

    A matriz da poltica educacional de incluso a Declarao Mundial de

    educao para todos, resultado da Conferncia de Educao para Todos, realizadaem Jomtien, na Tailndia,em 1990, e o Plano decenal de educao para todos

    (BRASIL, 1993). A Declarao mundial de educao para todos prope uma

    educao destinada a satisfazer as necessidades bsicas de aprendizagem, o

    desenvolvimento pleno das potencialidades humanas, a melhoria da qualidade de

    vida, do conhecimento e a participao do cidado na transformao cultural de

    sua comunidade (Declarao de Educao para Todos, art. 1).

    Nesse sentido, o Plano decenal de educao para todos (BRASIL, 1993) e asdiretrizes, estratgias e orientaes para a educao de crianas com necessidades

    educacionais especiais em creches e pr-escolas orientam a criao de programas

    de interveno precoce em escolas, instituies especializadas pblicas ou

    privadas. Estabelecendo convnios, parcerias com as reas de sade e assistncia

    social, para avaliao, identificao das necessidades especficas, apoio,

    adaptaes, complementaes ou suplementaes que se fizerem necessrias,

    tendo em vista o desenvolvimento das potencialidades e o processo deaprendizagem dessas crianas. Os focos da poltica pblica integrada devem ser: o

    desenvolvimento humano, a equidade das oportunidades educativas

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    e a participao de todos. Enfatizando o eixo da humanizao, do

    desenvolvimento integral e do processo de aprendizagem, o acesso ao mundo da

    cultura e do conhecimento no pode ser desfocado de uma poltica de educaoinfantil que se diz democrtica.

    Na luta pela construo de um Sistema educacional inclusivo, o Brasil

    acompanha a proposta da Declarao Mundial de Educao para todos, firmada

    em Jomtiem, na Tailndia, em 1990 e ao mostrar consonncia com os postulados

    produzidos em Salamanca, na Espanha em 1994, na Conferncia Mundial sobre

    Necessidades Educacionais Especiais: acesso e Qualidade. Traz importante

    modificao nos objetivos e formas de atendimento na educao especial. A meta

    incluir todas as crianas, inclusive as que tm deficincias graves ou dificuldades

    de aprendizagem, no ensino regular (BRASIL, 1994, pp. 17 e 18).

    Apresentamos um pequeno fragmento da Declarao de Salamanca:

    Declarao de Salamanca

    Sobre Princpios, Poltica e Prticas na rea das Necessidades Educativas

    Especiais.

    A Conferncia Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais,

    representando noventa e dois pases e vinte e cinco organizaes internacionais,

    reunidos em Salamanca, Espanha, de 7 a 10 de Junho de 1994, reafirmam o

    compromisso em prol da Educao para Todos, reconhecendo a necessidade e aurgncia de garantir a educao para as crianas, jovens e adultos com

    necessidades educativas especiais no quadro do sistema regular de educao.

    Acreditamos e proclamamos que: cada criana tem o direito fundamental

    educao e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um nvel aceitvel de

    aprendizagem; cada criana tem caractersticas, interesses, capacidades e

    necessidades de aprendizagem que lhe so prprias; as crianas e jovens com

    necessidades educativas especiais devem ter acesso s escolas regulares, quedevem se adequar elas atravs de uma pedagogia centrada na criana, capaz de ir

    ao encontro destas necessidades,

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    Em 1994, a Declarao de Salamanca proclama que as escolas regulares com

    orientao inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes

    discriminatrias e que alunos com necessidades educacionais especiais devem teracesso escola regular, tendo como princpio orientador que as escolas deveriam

    acomodar todas as crianas independentemente de suas condies fsicas,

    intelectuais, sociais, emocionais, lingsticas ou outras (BRASIL, 2006, p.330).

    O conceito de necessidades educacionais especiais, que passa a ser

    amplamente disseminado a partir dessa Declarao, ressalta a interao das

    caractersticas individuais dos alunos com o ambiente educacional e social. No

    entanto, mesmo com uma perspectiva conceitual que aponte para a organizao

    de sistemas educacionais inclusivos, que garanta o acesso de todos os alunos e os

    apoios necessrios para sua participao e aprendizagem, as polticas implantadas

    pelos sistemas e ensino no alcanaram esse objetivo.

    Na perspectiva da educao inclusiva, a educao especial passa a integrar a

    proposta pedaggica da escola regular, promovendo o atendimento s

    necessidades educacionais especiais de alunos com deficincia, transtornos globaisde desenvolvimento e altas habilidades/superdotao. Nestes casos e outros, que

    implicam em transtornos funcionais especficos, a educao especial atua de forma

    articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento s necessidades

    educacionais especiais desses alunos.

    Em 1994, publicada a Poltica Nacional de Educao Especial, orientando o

    processo de integrao instrucional que condiciona o acesso s classes comuns

    do ensino regular queles que (...) possuem condies de acompanhar edesenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo

    ritmo que os alunos ditos normais (p.19). Ao reafirmar os pressupostos

    construdos a partir de padres homogneos de participao e aprendizagem, a

    Poltica no provoca uma reformulao das prticas educacionais de maneira que

    sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum,

    mas mantendo a responsabilidade da educao desses alunos exclusivamente no

    mbito da educao especial. Todavia, destaca-se que, as discusses referentes educao das pessoas com necessidades especiais tomam outro rumo, uma

    dimenso maior, nota-se que existe um novo olhar para a Educao especial. Esta

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    questo se torna mais clara quando surge a Lei Darcy Ribeiro (LDB 9.394/96) onde

    podemos evidenciar atravs desta, que a educao dos portadores de

    necessidades especiais deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino, oque significa uma nova forma de entender a educao e a integrao de pessoas

    com deficincia ou com Necessidades Especiais. Porm foi somente em 1999, com

    o Decreto n 3.298, que ao regulamentar a Lei n 7.853/89, ao dispor sobre a

    Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia, define a

    educao especial como uma modalidade transversal a todos os nveis e

    modalidades de ensino, enfatizando a atuao complementar da educao

    especial ao ensino regular. (MEC/09). E assim, caro aluno, torna-se esclarecedor, asituao da criana com deficincia. Pois, a partir deste decreto entende-se que a

    educao especial dever ser transversal a todos os nveis da Educao Bsica.

    Como modalidade da educao, entende-se conjunto de recursos educacionais e

    estratgias de apoio que estejam disposio de todos os alunos, oferecendo

    diferentes alternativas de atendimento (BRASIL/SEESP/MEC, 1996). Alm de

    mtodos e estratgias de um currculo flexvel para a diversidade, para atender as

    necessidades, favorecendo maior acesso ao conhecimento. Conforme Portaria 555de 05/06/07, verifica-se um reconhecimento de que as dificuldades enfrentadas

    nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as prticas

    discriminatrias e criar alternativas para super-las. Se entendermos que a escola

    o espao para o convvio social e construo de cidadania, torna se fundamental

    que a educao inclusiva assuma espao central no debate acerca da sociedade

    contempornea e do papel da escola na superao da lgica da excluso. A partir

    dos referenciais para a construo de sistemas educacionais inclusivos, aorganizao de escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma

    mudana estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas

    especificidades atendidas.

    Seguindo as ideias at ento propostas, pode-se citar a Conveno da

    Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto n 3.956/2001. O qual afirma

    que: as pessoas com deficincia tm os mesmos direitos humanos e liberdades

    fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminao com base nadeficincia toda diferenciao ou excluso que possa impedir ou anular o exerccio

    dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Este Decreto tem

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    importante repercusso na educao, exigindo uma reinterpretao da educao

    especial, compreendida no contexto da diferenciao, adotado para promover a

    eliminao das barreiras que impeam o acesso escolarizao, reafirmando aquesto do direito do cidado o acesso escola.

    Qual o conceito de normalidade? normal ser diferente ou diferente ser

    normal? Reflita sobre esta questo.

    Em pleno sculo XXI, preciso pedir licena para ser quem sou? preciso

    perceber que a deficincia como fenmeno humano individual e social

    determinada em parte pelas representaes socioculturais de cada comunidade,por diferentes geraes e pelo nvel de desenvolvimento cientfico, poltico, tico e

    econmico dessa sociedade. tica, vontade poltica, igualdade de direitos,

    valorizao do ser humano, humildade.

    E a caro aluno, que vale a pena perguntar: O que ser Normal? Quem o

    diferente? Como ser igual numa sociedade marcada pelas diferenas desde o incio

    de sua histria?

    A temtica da integrao constituiu-se num grande avano, contudo, poucos

    benefcios trouxeram para o desenvolvimento da criana com deficincia. Muitos

    docentes e por que no dizer a escolas ,seja ela pblica ou particular, tratavam a

    criana com nfase no problema, esperando- se que a mesma se enquadrasse aos

    moldes da escola, do convvio social, quando na verdade o ideal seria a escola

    adequando-se a especificidade da criana.

    Nesse sentido, a integrao vai cedendo espao para a incluso. Nobasta acolher. A ordem do dia garantir que os estudantes com deficincia

    avancem nos contedos. E a boa notcia que isso est acontecendo graas ao

    trabalho de professores regentes e especialistas, as escolas com equipes bem

    organizadas e at redes de ensino que j a oferecem a estrutura necessria.

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    DICA

    Selecione alguns textos sobre Incluso, nos quais voc como

    professor poder debater com seus colegas de sala para atualizao

    profissional! Pesquise, analise e troque ideias. Ser muito enriquecedor.

    A abordagem realizada nesta unidade apresenta um papel fundamental para a

    formao docente, pois, nos d uma ideia geral de todo percurso do direito

    educacional da pessoa deficiente ao longo de nossa histria.

    LEITURA COMPLEMENTAR

    Aprofunde seus conhecimentos, leia:

    JANNUZZI, Gilberta de Martino. A Educao do deficiente no Brasil: dos

    primrdios ao incio do sculo XXI. So Paulo, Autores associados, 2004.

    Na prxima unidade, iremos estudar aspectos legais e normativos, as

    implicaes e contradies na Poltica de Incluso.

    HORA DE SE AVALIAR!

    Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas iro

    ajud-lo a fixar o contedo, alm de proporcionar sua autonomia no

    processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno edepois s envie atravs do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja

    conosco

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    Exerccios da Unidade 1

    1) Qual a ao poltica, cultural, social e pedaggica, desencadeada em defesa do

    direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem

    nenhum tipo de discriminao:

    a) movimento mundial pela educao inclusiva.

    b) movimento mundial pela paz.

    c) movimento mundial pela educao integrada.

    d) movimento mundial pela educao segregada.

    e) movimento mundial pela educao includa.

    2) A educao inclusiva constitui um paradigma educacional:

    a) fundamentado na educao infantil.

    b) fundamentado na concepo de direitos humanos.

    c) fundamentado na concepo da construo do conhecimento.

    d) fundamentado no projeto de humanizao.

    e) fundamentado na concepo dos direitos iguais.

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    3) Qual movimento surgiu na Frana, no sculo XVII, em defesa do domnio da

    razo confrontando ideias religiosas e msticas, cuja filosofia incorporava doutrinas

    de igualdade, bondade natural, do ilimitado aperfeioamento da humanidade?

    a) Positivismo.

    b) Socialismo.

    c) Marxismo.

    d) Construtivismo.

    e) Iluminismo.

    4) A educao especial se organizou tradicionalmente como atendimento

    educacional especializado substitutivo ao ensino comum, o que levou criao de

    instituies especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organizao

    foi fundamentada:

    a) no conceito de igualdade/desigualdade.

    b) no conceito de moralidade/imoralidade.

    c) no conceito de normalidade / anormalidade.

    d) no conceito de incluso / integrao.

    e) no conceito de normalidade/incluso.

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    5) O que a declarao dos Direitos Humanos, em 1948, assegurar a pessoa com

    deficincia?

    a) O direito a educao em classe especial.

    b) O direito a educao pblica inclusiva.

    c) O direito de todos a ter uma educao pblica gratuita.

    d) O direito a um professor exclusivo.

    e) O direito ao atendimento educacional especializado.

    Leia atentamente as afirmativas a seguir:

    I) em 1834, Louis Braille criou o sistema de leitura e escrita por caracteres em

    relevo, denominado sistema Braile;

    II) foram fundadas em Paris as primeiras instituies especializadas naeducao de pessoas com deficincias: a educao de surdos;

    III) as primeiras iniciativas para a educao de pessoas com deficincias

    surgiram no Brasil em 1620;

    IV) em 1834, Maria Montessori criou o sistema de leitura e escrita por

    caracteres em relevo, denominado sistema braile;

    So verdadeiras:

    a) I e II.

    b) Somente III.

    c) I e III.

    d) II e IV.

    e) I, II e III.

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    7) Complete as lacunas abaixo e assinale a alternativa correta:

    No (a) ______________, o atendimento s pessoas com deficincia teve incio

    na poca do Imprio, com a criao de duas instituies: o

    _______________________, em 1854, atual __________________ IBC e o Instituto

    dos Surdos Mudos.

    a) EUA - Imperial Instituto dos Meninos cegos Instituto Benjamin Constant.

    b) Chile - Imperial Instituto dos Meninos cegos Instituto Benjamin Constant.

    c) Frana - Imperial Instituto dos Meninos cegos Instituto Benjamin Constant.

    d) Brasil- Imperial Instituto dos Meninos cegos Instituto Benjamim Constant.

    e) Japo - Imperial Instituto dos Meninos cegos Instituto Benjamin Constant.

    8) Assinale a alternativa correta: Em 1926, temos a fundao do Instituto Pestalozzi,

    instituio especializada no atendimento s pessoas com deficincia mental; em

    1954, fundada a primeira Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais APAE; e

    em 1945, criado o primeiro atendimento educacional especializado s pessoas

    com:

    Assinale a alternativa correta:

    a) deficincia visual.

    b) deficincia mltipla.

    c) deficincia auditiva.

    d) Superdotao.

    e) deficincia mental.

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    9- A educao especial surgiu sob o enfoque mdico e clnico, com o mtodo de

    ensino para crianas com deficincia mental, criado pela mdica italiana Maria

    Montessori, no incio do sculo XX.

    Escreva sobre a importncia deste mtodo para o atendimento as crianas

    com necessidades Educacionais Especiais.

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    _____________________________________________________________________

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    10- LDB 4024/61, Art. 88. Da Educao de Excepcionais:

    A educao dos excepcionais deve no que for possvel, enquadrar-se no

    sistema geral de educao, a fim de integr-los na comunidade.

    Baseando-se pela LDB 4024/61, comente como na rotina escolar seria a

    participao da criana na escola.

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    A Caminho da Incluso

    Artigos Especficos da LDB 9394/96, na Questo da Educao

    Especial;

    Documentos mais Atualizados no que se refere Educao Inclusiva;

    Papel da Escola e da Importncia do Professor para a Qualidade do

    Trabalho Inclusivo.

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    Nesta 2 unidade apresentaremos aspectos legais, normativos e a educao

    inclusiva na perspectiva da incluso.

    Objetivos da Unidade:

    Identificar aspectos legais e normativos da educao especial desde a

    elaborao da LDB 4024/61 at os dias atuais.

    Destacar, refletir sobre a lei e a portaria que determinam normas parautilizao dos sistemas libras e braile.

    Perceber a importncia da proposta pedaggica participativa na dinmica

    escolar.

    Interpretar artigos da lei de diretrizes e bases em vigor 9394/96.

    Plano da Unidade:

    Artigos Especficos da LDB 9394/96, na Questo da Educao Especial;

    Documentos mais Atualizados no que se refere Educao Inclusiva;

    Papel da Escola e da Importncia do Professor para a Qualidade do Trabalho

    Inclusivo.

    Bons estudos!

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    Artigos especficos da LDB 9394/96, na questo daeducao especial

    A construo do conhecimento na perspectiva da

    incluso requer uma mudana de paradigmas e

    esteritipos construdos e fortalecidos na relao

    social estabelecida na rotina diria das escolas. Ao

    reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos

    sistemas de ensino evidenciam a necessidade de

    confrontar as prticas discriminatrias e criar

    alternativas para super-las, a educao inclusiva

    assume o espao central no debate acerca da

    sociedade contempornea e do papel da escola na

    superao da lgica da excluso. A partir dos

    referenciais para a construo de sistemas educacionais inclusivos, a organizao

    de escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudana

    estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas

    especificidades atendidas. (Portaria Ministerial n. 555 - 05 /06/07)

    Paradigmas - Do grego pardeigm

    literalmente modelo, a representao

    de um padro a ser seguido.

    Esteretipos - a imagem preconcebida

    de determinada pessoa, coisa ou

    situao. So usados principalmente para

    definir e limitar pessoas ou grupo de

    pessoas na sociedade. Sua aceitao ampla e culturalmente difundida no

    ocidente[carece de fontes], sendo um

    grande motivador de preconceito e

    discriminao.

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    Dimenso sociocultural e poltica

    O conceito de incluso como vimos em sua evoluo scio-histrica aponta

    para a necessidade de um aprofundamento no debate sobre a diversidade. Isso

    implicaria em buscar compreender a heterogeneidade, as diferenas individuais e

    coletivas, as especificidades do humano e, sobretudo, as diferentes situaes

    vividas na realidade social e no cotidiano escolar.

    Essa discusso passa necessariamente pela reflexo sobre os conceitos

    historicamente construdos acerca dos alunos com deficincias, cristalizados no

    imaginrio social e expressos na prtica pedaggica centrada na limitao, nosobstculos e nas dificuldades, as quais se encontram muitas vezes presentes na

    escola.

    A incluso est fundamentada na dimenso humana e scio-cultural que

    procura enfatizar formas de interao positivas, apoio s dificuldades e

    acolhimento das necessidades dessas pessoas, tendo como ponto de partida a

    escuta dos alunos, pais e a comunidade escolar.

    Essas duas dimenses fazem nosso olhar convergir para o interior da escola,

    fazendo ento surgir necessidade de se compreender quais seriam as reais

    dificuldades que os alunos com necessidades educacionais especiais encontram na

    classe comum.

    O que significa realmente educao para todos? Em que implicaria, na

    realidade, a igualdade de oportunidades? Quais as demandas e as necessidades

    que emergem no processo de aprendizagem? Como a escola tem se organizadopara responder a essas demandas e necessidades? Como se d a prtica

    pedaggica para a diversidade? Qual o nvel de participao dos alunos, pais e

    comunidade na elaborao de projetos poltico-pedaggicos e na tomada de

    decises?

    Certamente essas so algumas das inquietaes e dvidas que os professores

    tm manifestado. Com o estudo desta unidade pretendemos responder a essas e

    outras questes. Porm, de nosso conhecimento que todo processo educacionalest relacionado questo do fazer, da ao, que depende de um conjunto de

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    fatores que vai desde leis at as pessoas diretamente ligadas criana como

    famlia, escola e sociedade. Quem sabe, juntos, possamos encontrar alguns

    caminhos para aes, prticas e aplicao de um projeto de educaoverdadeiramente inclusivo.

    A histria deixa marcas fortes e profundas, com a educao no diferente.

    Escola privilgio de um grupo seletivo. Esta marca, com certeza, descreve um

    pouco da nossa realidade educacional brasileira. Uma viso educacional que

    delimita o direito de estudar como privilgio de poucos, de pequenos grupos, por

    sua vez, tambm exclui a mulher, o idoso, o analfabeto e a criana especial se

    legitimado nas polticas e prticas educacionais reprodutoras da ordem social.

    Incluso ou integrao? H uma nova tendncia na educao, no processo

    pedaggico, onde as escolas mudam seu perfil elitista para atender a

    diversidade. A partir do processo de democratizao da escola,evidencia-se o

    paradoxo incluso/excluso quando os sistemas de ensino universalizam o acesso,

    porm observa-se que continuam excluindo indivduos e grupos considerados fora

    dos padres homogeneizados da escola. Assim, sob formas distintas, a excluso

    tem apresentado caractersticas comuns nos processos de segregao e

    integrao, que pressupem a seleo, naturalizando o fracasso escolar.

    Escola: Espao Para a Diversidade

    comum na escola encontrarmos grupos que so formados por suas

    caractersticas comuns, segregando os diferentes. Uma das caractersticas da escola

    inclusiva a diversidade, eliminando a possibilidade de agrupar alunos por suas

    deficincias.

    Nesse sentido, a educao inclusiva concebe a escola como um espao de

    todos, no qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas

    capacidades, expressam suas ideias livremente, participam ativamente das

    tarefas de ensino e se desenvolvem como cidados, nas suas diferenas .

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    Nas escolas inclusivas, ningum se conforma com os padres que identificam

    os alunos como especiais e normais, comuns. Todos se igualam pelas suas

    diferenas! A incluso escolar impe uma escola em que todos os alunos estoinseridos sem qualquer condio pelas quais possam ser limitados em seu direito

    de participar ativamente do processo escolar, segundo suas capacidades e sem que

    nenhuma delas possa ser motivo para uma diferenciao que os excluir das suas

    turmas. (RAPOLI, UFC, 2010)

    Em muitas escolas, os alunos so identificados por sua deficincia. O

    ceguinho, o mudinho, o maluquinho... Esses alunos so na maioria das escolas

    segregadoras, vistos como problemas ou doentes, quando na perspectiva da

    incluso devem ser vistos como possibilidade de mudana.

    Questiona-se por que razo, em meio a tantas pesquisas realizadas no

    ambiente escolar, as prticas de ensino continuam sendo as mesmas do sculo

    passado, excluindo o aluno que por uma razo ou outra, necessita de um olhar

    mais atento do docente. Faz-se urgente entender, quais so os benefcios das

    classes e escolas especiais, que isolam os alunos com diferenas especiais dosdemais considerados normais.

    Com base em estudos realizados em Educao Inclusiva na perspectiva da

    Incluso, (MEC, Braslia, 2010) Os currculos adaptados, o ensino diferenciado, a

    terminal idade especfica dos nveis de ensino e outras solues precisam ser

    indagados em suas razes de adoo, interrogados em seus benefcios discutidos

    em seus fins, e eliminados por completo e com urgncia. So essas medidas

    excludentes que criam a necessidade de existirem escolas para atender aos alunosque se igualam por uma falsa normalidade - as escolas comuns - e que instituem as

    escolas para os alunos que no cabem nesse grupo - as escolas especiais. Ambas

    so escolas dos diferentes, que no se alinham aos propsitos de uma escola para

    todos.

    Torna-se necessrio cada vez mais, refletirmos essas questes presentes em

    toda a histria da educao. preciso entender que cada ser nico, no existe

    homogeneidade em sala de aula. Todos aprendero no seu tempo e a sua

    maneira. Quando entendemos esses processos de diferenciao pela deficincia,

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    percebemos o que nos fazia defender as escolas dos diferentes como soluo

    privilegiada para atender s necessidades dos alunos. Acordamos, ento, para o

    sentido inclusivo nas escolas das diferenas. Na perspectiva da educao inclusiva,no h espao para o tratamento diferenciado em nome de um direito disfarado,

    que exclui a pessoa com deficincia do meio educacional e social.

    O Ensino Regular Na Perspectiva Da Educao Inclusiva - Projeto Poltico-

    Pedaggico

    A escola das diferenas a escola na perspectiva inclusiva e sua pedagogia

    centrada nas possibilidades que o aluno tem para aprender. Nesta perspectiva, aescola desenvolve projetos, realiza adaptaes curriculares para que o aluno tenha

    possibilidade de expressar seus sentimentos e se torne uma pessoa mais

    questionadora, construindo e organizando seu pensamento.

    Ao analisar a proposta pedaggica da escola, percebe-se que ela se torna

    inclusiva quando reconhece as diferenas dos alunos diante do processo educativo

    e busca a participao, o progresso de todos, adotando novas prticas

    pedaggicas. No fcil e imediata a adoo dessas novas prticas que dependementre muitas questes, de mudana de pensamento de toda equipe, busca por

    crescimento pessoal e profissional, atualizao e participao em capacitao,

    assim como a redefinio e a aplicao de alternativas , prticas pedaggicas e

    educacionais compatveis com a incluso. A busca pela qualidade na educao

    um grande desafio. Um ensino de qualidade provm de iniciativas que envolvem

    professores, gestores, especialistas, pais e alunos, entre outros profissionais, os

    quais compem uma rede educacional em torno de uma proposta comum a todasas escolas e que, ao mesmo tempo, construda por cada uma delas, segundo as

    suas peculiaridades.

    Sabe-se que a escola atual precisa encontrar meios para a mudana. Esta

    uma tarefa rdua que envolve no s o diretor da escola, que sozinho no faz nada,

    mas, toda a equipe tcnico-pedaggica, frente proposta da escola. Cada escola

    dever buscar meios que se tornem eficazes perante as dificuldades prprias da

    instituio.

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    Quem nunca ouviu falar em vontade poltica?

    Pois bem, caro aluno, neste momento estamos falando em vontade poltica do

    coletivo da escola, que dever ser expressa no Projeto Poltico Pedaggico (PPP)

    dela e vividas a partir de uma gesto escolar democrtica.

    Mas que gesto democrtica esta? Para que a gesto democrtica seja real,

    preciso partir do PPP. Que, segundo Baff (2002): Falar da construo do projeto

    pedaggico falar de planejamento no contexto de um processo participativo,

    onde o passo inicial a elaborao do marco referencial, sendo este a luz que

    dever iluminar o fazer das demais etapas.Estamos diante de uma questo fundamental para as escolas neste mundo

    cada vez mais tecnolgico, onde os alunos esto muito mais prximos do

    conhecimento de uma forma geral. Ento a escola precisa se atualizar

    constantemente para estar mais prxima de seus alunos e, o PPP nos d essa

    oportunidade, pois ele o verdadeiro retrato da escola. Falando em PPP, Baff cita

    Celso Vasconcellos (1995),

    um instrumento terico-metodolgico que visa ajudar a enfrentar os

    desafios do cotidiano da escola, s que de uma forma refletida, consciente,

    sistematizada, orgnica e, o que essencial, participativa. uma metodologia de

    trabalho que possibilita re-significar a ao de todos os agentes da

    instituio (p.143).

    Portanto, entende-se que o Projeto Poltico Pedaggico o instrumento por

    excelncia para melhor desenvolver o plano de trabalho eleito e definido porum coletivo escolar; ele reflete a singularidade do grupo que o produziu, suas

    escolhas e especificidades. Desse modo, a gesto democrtica e participativa

    tem como objetivo principal envolver todos os segmentos interessados na

    construo de uma proposta coletiva com projetos a serem desenvolvidos

    pela escola. Seguindo as ideias j apresentadas, Gadotti afirma que, o Projeto

    tambm um documento produto do planejamento porque nele so registradas as

    decises mais concretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendncia naturale intencional do ser humano. Como o prprio nome indica, projetar lanar para

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    frente, dando sempre a ideia de mudana, de movimento. Projeto significa a

    passagem do presente para o futuro. Assim, significa dizer que a gesto

    democrtica supe correr riscos, e alcanar altos voos.

    Destaca-se que a incluso no se limita insero de crianas na escola,

    representa o lao entre o presente e o futuro, sendo ele a marca da passagem de

    crianas e jovens com deficincia, nas escolas regulares, mas de todos

    indistintamente. No significa apenas garantir que a criana esteja matriculada na

    escola, faz- se necessrio uma prtica pedaggica que atenda as necessidades e

    uma escola aberta s possibilidades do aluno. Segundo Mittler, (2003 p.16) a

    incluso no diz respeito a colocar as crianas nas escolas regulares, mas a mudar

    as escolas para torn-las mais aplicadas s necessidades de todas as crianas; diz

    respeito a ajudar a todos os professores a aceitarem a responsabilidade quanto

    aprendizagem de todas as crianas nas suas escolas, prepar-los para ensinarem

    aquelas crianas que esto atual e correntemente excludas

    das escolas por qualquer razo. Isto se refere a todas as

    crianas que no esto beneficiando-se com a escolarizao

    e no apenas quelas que so rotuladas com o termo

    necessidades educativas especiais.

    A educao especial direciona suas aes para o

    atendimento s especificidades desses alunos no processo

    educacional e no mbito de uma atuao mais ampla na

    escola, orienta a organizao de redes de apoio, a formao

    continuada, a identificao de recursos, servios e o

    desenvolvimento de prticas colaborativas.

    Nessa linha de ao, que se refere a todas as crianas

    ou jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade

    ou de suas dificuldades de aprendizagem e tm, portanto,

    necessidades educativas Especiais em algum momento de

    sua escolaridade. Assim, o desafio que enfrentam as escolas

    o desenvolvimento de uma pedagogia centrada nacriana (BRASIL, 1994, pp. 17-18). O aluno com necessidades

    educativas especiais tem reconhecido seu direito

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    integrao no ambiente escolar, com respeito s diferenas, a diversidade,

    buscando meios efetivos para o desenvolvimento das habilidades, respeitando as

    limitaes. Esse conceito bastante abrangente, tornando-se importante que aescola esteja alerta para que no sejam projetadas nas crianas as limitaes e as

    inadequaes metodolgicas que se configuram, muitas vezes, como dificuldades

    de aprendizagem ou deficincias do aluno. A escola deve buscar refletir sobre sua

    prtica, questionar seu projeto pedaggico e verificar se ele est voltado para

    diversidade. Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas

    aplicados de modo que tenha em vista toda gama dessas diferentes caractersticas

    e necessidades

    O movimento da incluso considera necessria uma poltica pblica que tenha

    como objetivo a modificao do sistema, a organizao e estrutura do

    funcionamento educativo e a diversidade como eixo central do processo de

    aprendizagem na classe comum. Essa mudana de concepo baseia-se na crena

    de que as mudanas estruturais, organizacionais e metodolgicas podero

    responder s necessidades educativas e beneficiar todas as crianas,

    independentemente de apresentarem qualquer tipo de deficincia. Neste sentido,

    verifica-se o ganho que houve para a Educao Especial com a Declarao de

    Salamanca, representando um grande marco para as aes, ao reafirmar o direito

    de todos educao, sem discriminao.

    Documentos mais Atualizados no que se refere Educao

    Inclusiva

    LEGISLAO E NORMAS

    LDB, Educao Especial e Atendimento Educacional Especializado.

    Tendo por base a Declarao Mundial de Educao para todos (1990) e a

    Declarao de Salamanca (1994), destaca-se a diferenciao de integrao e

    incluso, fato importante para a poltica pblica para a educao Especial.

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    Entende-se que na viso de integrao do aluno com deficincia, este s poderia

    ficar na escola regular se o mesmo acompanhasse o ritmo da turma, j a incluso

    defende que a escola regular faa adaptaes e adequaes necessrias ao ritmo envel de aprendizagem desse aluno, busque meios de desenvolv-lo. Em 1990, um

    movimento decorrente da Declarao Mundial sobre Educao para Todos e a

    Declarao de Salamanca desencadeiam a necessidade do surgimento de uma

    nova Lei de Diretrizes e Bases, para regulamentar a escola que esses documentos

    passam a exigir. Em 1996, o Senador Darcy Ribeiro apresenta a nova Lei n 9394/96,

    tendo, como caractersticas bsicas, a sua flexibilidade, abertura e inovaes

    importantes para a educao. No que tange Educao Especial, essa elabora umcaptulo para regulament-la, atravs de trs artigo