040 - GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

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 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA  DCC/SEGRAC GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS Ana Carolina Brandão H. de Souza Érica Lemos Campos 2006 

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA DCC/SEGRAC 

GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

Ana Carolina Brandão H. de SouzaÉrica Lemos Campos

2006 

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GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS

Ana Carolina Brandão H. de Souza

Érica Lemos Campos

Monog ra f ia ap resen tada no Cu rso de

Pós -Graduação em Gerenc iamen to de

Pro je tos , da Esco la Po l i t écn ica , da

Un ive rs idade Fede ra l do R io de

Jane i ro .  

Orientador:

Peter José Shweizer

Rio de JaneiroJulho, 2006

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GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

Ana Carolina Brandão H. de Souza

Érica Lemos Campos

Orientador:

Peter José Schweizer 

Monografia submetida ao Curso de Pós-graduação Gerenciamento de Projetos, da

Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Gerenciamento de

Projetos. 

Aprovado por:

______________________________________

Prof. Eduardo Linhares Qualharini

______________________________________

Prof. Lysio Séllos da Costa Filho

______________________________________

Prof. Peter José SchweizerOrientador

Rio de JaneiroJulho, 2006

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SOUZA, Ana Carolina Brandão H. ; CAMPOS, Érica Lemos

Guia Para Implementação de Projetos Sociais / SOUZA, A. C. B. H. de. , CAMPOS, E. L. Rio de Janeiro:UFRJ/EP, 2006.

vi , 32f.: il.; 29,7cm.Orientadores: Peter José Schweizer .Monografia (especialização) – UFRJ/ Escola

Politécnica/ Curso de Especialização em Engenharia,SEGRAC, 2006.

Referências Bibliográficas: f.31-321.Responsabilidade Social. 2. Desenvolvimento

Social 3. Gerenciamento de Projetos I. SCHWEIZER, P.J. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Pós-graduação. III. Especialista.

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RESUMO

GUIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

Ana Carolina Brandão H. de Souza e

Érica Lemos Campos

Resumo da Monografia submetida ao corpo docente do curso de Pós-Graduação em

Gerenciamento de Projetos – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em

Gerenciamento de Projetos. 

Este trabalho tem como objetivo elaborar uma metodologia que possa auxiliar

qualquer empresa com interesse em criar e pôr em prática um ou mais projetos de

interesse social. Será apresentado um roteiro de como implementar um projeto

seguindo os padrões e conceitos do PMI – Project Management Institute . Para um

melhor entendimento dos conceitos, será adotada como exemplo a construção de uma

escola para uma comunidade carente.

Palavras-chaves: Responsabilidade Social, Desenvolvimento Social, Gerenciamentode Projetos 

Rio de JaneiroJulho, 2006

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SUMÁRIO

1. Introdução ...........................................................................................................1

2. A Responsabilidade Social ................................................................................2

2.1 Histórico ........................................................................................................ 2

2.2 Ética e Responsabilidade Social ................................................................... 4

3. Responsabilidade Social Empresarial ...............................................................5

3.1 Ações Filantrópicas x Responsabilidade Social............................................ 8

3.2 Por que investir em Projetos Sociais? .......................................................... 9

3.3 Exemplos de Projetos Sociais ..................................................................... 11

4. Proposta de Roteiro para a Elaboração de Projetos Sociais .........................13

4.1 Gerenciamento de Projetos......................................................................... 13

4.2 Fases do Projeto ......................................................................................... 14

4.3 Roteiro para Elaboração de Projetos Sociais ..............................................15

Referências Bibliográficas.........................................................................................31

Referências Eletrônicas..............................................................................................31

ANEXO..........................................................................................................................01

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Baseado em Luxus, Jogos de Projetos, Lucidez educação e 

entretenimento , 2005...................................................................................16

Tabela 2 – Campos, Érica & Souza, Anna . Cronograma ABC da Comunidade,

2006.............................................................................................................20

Tabela 3 – Baseado em Luxus, Jogos de Projetos, Lucidez educação e 

entretenimento , 2005. .................................................................................21

Tabela 4 – Baseado em Slack, Administração da Produção , 1997.............................22

Tabela 5 – Baseado em Slack, Administração da Produção , 1997 .............................22

Tabela 6 – Baseado em Luxus, Jogos de Projetos, Lucidez educação e 

entretenimento , 2005...................................................................................27

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Campos, Érica & Souza, Anna . Cronograma ABC da Comunidade,

2006..........................................................................................................19

Gráfico 2 – Baseado em Slack, Administração da Produção , 1997 .............................23

Gráfico 3 – Baseado em Possi, Capacitação em gerenciamento de projetos ,2004..........................................................................................................23

Gráfico 4 - Fonte: Slack, Administração da Produção , 1997.........................................25

Gráfico 5 – Baseado em Slack, Administração da Produção , 1997..............................26

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1. INTRODUÇÃO

Esta monografia de final de curso tem como objetivo elaborar uma metodologia

que possa ser seguida por qualquer empresa que tenha interesse em criar e pôr em

prática um ou mais projetos de interesse social.

O tema foi escolhido por acreditar que muitas empresas não conseguem elaborar

e realizar bons projetos sociais por não terem claramente definido o foco a ser dado ao

projeto e os benefícios sociais que estão perseguindo.

Inicialmente, será apresentado o tema Responsabilidade Social e como as

empresas trabalham com este assunto, incluindo exemplos de projetos sociais realizados

por grandes empresas.

Após a apresentação do tema Responsabilidade Social, será apresentado um

roteiro de como implementar um projeto seguindo os padrões e conceitos do PMI –

Project Management Institute. Para um melhor entendimento dos conceitos, ao longo de

todo o capítulo 4, será adotada como exemplo a construção de uma escola para uma

comunidade carente.

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2. RESPONSABILIDADE SOCIAL

De uma forma geral, pode-se dizer que responsabilidade social é a contribuição

direta para o desenvolvimento social, por meio da condução correta dos negócios ou das

ações pessoais. Sob o ponto de vista empresarial, responsabilidade social é a imagemque as empresas querem ter perante o mercado, isto é, como as empresas se relacionam

com a comunidade a sua volta.

A mudança no comportamento das empresas em relação à responsabilidade

social é relativamente recente e isto se deve ao fato de que é cada vez maior a pressão

por uma maior transparência nos negócios. Sendo assim, as empresas se vêem forçadas

a adotar uma postura cada vez mais responsável em suas ações.

A empresa que é socialmente responsável conhece os interesses de seus

funcionários, dos seus acionistas, de seus fornecedores, assim como dos consumidores

de seus produtos e da comunidade em que está presente e incorpora-os ao planejamento

de suas atividades, preocupando-se com todos os envolvidos e não apenas com os

acionistas ou proprietários. Treinamento de funcionários, o apoio às escolas públicas

locais, a não-utilização de mão-de-obra infantil ou escrava, o respeito ao meio ambiente

e a reciclagem de resíduos são exemplos de medidas de responsabilidade social.

Mas não são apenas as empresas que têm como obrigação serem socialmente

responsáveis. Um exemplo simples de como um cidadão comum pode ser socialmente

responsável é através do consumo consciente. O consumidor consciente escolhe

eletrodomésticos com consumo eficiente de energia, rejeita artigos de empresas que

exploram a mão-de-obra infantil, diminui a produção de lixo e o recicla ao máximo

possível, entre outras ações.

2.1 Histórico

O setor da economia hoje conhecido como Terceiro Setor é formado por

organizações sem fins lucrativos e não-governamentais como ONG, instituições,

associações comunitárias e de voluntários e que têm como objetivo desenvolver ações

orientadas aos interesses sociais. Através dessas ações é possível promover o

desenvolvimento da sociedade e diminuir as desigualdades existentes na sociedade.

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Segundo Tanya Linda Rothgiesser, consultora do terceiro setor em projetos

sociais,  em reportagem ao site  RH.com.br  a jornalista Patrícia Bispo,  afirma que  na

década de 70, a partir do fortalecimento da sociedade civil brasileira, os empresários,

que durante muito tempo guardaram certo distanciamento em relação à questão de

responsabilidade social, adquiriram um novo perfil. Ficou claro que os bens e riquezas

que eles buscam trazer para o país não significam muito se o objetivo for apenas o lucro

dos acionistas. Os empresários mudaram a maneira de pensar, assumindo um

compromisso maior com a busca por mudanças sociais. Com isso, entenderam que é

preciso, antes de tudo, criar condições para a formação de cidadãos.

Mas somente a partir dos anos 90, segundo Patrícia Bispo, jornalista da

comunidade virtual RH.com.br, que o assunto relativo à responsabilidade social vemganhando ênfase devido a uma maior pressão da sociedade, da mídia e de ONG voltadas

para o meio organizacional. Por tudo isso, as empresas sentiram uma maior necessidade

de se engajarem nesse tipo de projeto com o intuito de criar para elas uma imagem

positiva.

Entretanto, muitas empresas só perceberam a importância de ações sociais a

partir do momento que tiveram rejeição da sociedade e de seus clientes, quando se

depararam com o dilema entre mudança ou falência. Um exemplo de como umaempresa precisou mudar suas ações é citado mais à frente.

Hoje a sociedade vem se conscientizando e muitos já percebem os projetos

sociais como sendo iniciativas que visam promover o desenvolvimento da população e

não mais realizar ações espasmódicas apenas por obrigação.

Segundo dados do site “www.filantropia.org.br” o terceiro setor possui 12

milhões de pessoas, entre gestores, voluntários, doadores e beneficiários de entidades

beneficentes, além dos 45 milhões de jovens que se disponibilizam a ajudar o terceiro

setor.

As organizações sem fins lucrativos estão crescendo e aumentando o número de

profissionais de seu corpo, diferentemente das empresas privadas e competitivas que a

cada dia diminuem seu efetivo de funcionários. E essa diferença ocorre justamente por

não haver a competição tão acirrada entre os funcionários e colaboradores, mas sim a

vontade de realizar, cada vez mais, novos projetos sociais com o intuito de desenvolver

a população.

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2.2 Ética e Responsabilidade Social

Como já foi antes abordado, as pessoas estão se conscientizando de seus direitos

e principalmente se importando com suas vidas e com as vidas as alheias. Contudo,

pode-se dizer que esse comportamento está ligado aos valores éticos de cada um e comos valores e comportamentos existentes na sociedade à qual pertencem.

O consumo ético é um dos grandes pontos que tem feito as empresas refletirem a

respeito de suas atitudes. Os novos consumidores com atitudes éticas estão obrigando as

empresas a pensarem em responsabilidade social na hora de traçar suas respectivas

estratégias de crescimento. Afinal, é cada vez maior o número de pessoas que não

consomem determinados produtos por verem empresas explorarem crianças, devastarem

florestas, não tratarem de seus resíduos, não pensarem em sustentabilidade ambientalentre outras atitudes. As pessoas estão cada vez mais atentas aos selos nos produtos,

  justamente para terem certeza de que ao consumir um determinado produto não estão

ferindo a sua ética.

Segundo reportagem “A Ética no Consumo” de  Márcia Cezimbra, da Revista –

O Globo, publicado em 26/03/2006 , o movimento pela ética no consumo é

internacional. Na Grã-bretanha, uma pesquisa do Instituto Mori mostra que 52% dos

britânicos já boicotaram alguma marca ou uma grande corporação. No Brasil, segundodados do Instituto Akatu, estima-se entre 16% e 17% da população de consumidores

conscientes, e surpreendentemente, 52% desses consumidores são das classes C e D

sendo que em sua maioria são pessoas que somente tiveram acesso ao ensino

fundamental. E isso é um reflexo de necessidade e, conseqüentemente, aprendizado de

economizar água e energia. Porém, segundo pesquisas publicadas pelo Instituto

Superior de Estudos da Religião (Iser) a intenção de consumo consciente é alta, mas

falta dinheiro para colocá-la em prática, pois alimentos orgânicos e sem agrotóxicos sãomais caros que o os normais.

Portanto, pode-se dizer que a sociedade global exige responsabilidade e quer a

existência de um comércio mais justo.

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3. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

Segundo o site Responsabilidadesocial.com, as transformações sócio-

econômicas dos últimos 20 anos têm afetado profundamente o comportamento de

empresas até então acostumadas à pura e exclusiva maximização do lucro. Se, por um

lado, o setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza, por

outro lado, é bem sabido que com o aumento do poder, também cresce a

responsabilidade. Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos

financeiros e humanos já disponíveis, as empresas têm uma intrínseca responsabilidade

social.

Ainda segundo o site Responsabilidadesocial.com, pode-se dizer que a idéia de

responsabilidade social incorporada aos negócios é, portanto, relativamente recente. As

empresas passaram a ser forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações,

por causa do surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos

negócios.

Outrora, oferecer bons produtos ou serviços e tratar de forma ética seus

fornecedores e parceiros eram ingredientes suficientes para obter uma boa imagem

perante o mercado. Mas, com o passar do tempo, foi aumentando a necessidade de

possuir uma política de recursos humanos para dar atenção adequada aos funcionários.

Com isso, as empresas passaram a ter que criar estruturas internas e formalizar ações

que atendessem a essas necessidades identificadas.

Atualmente, as empresas não podem se preocupar apenas com seus funcionários.

A maneira que as empresas se relacionam com a comunidade a sua volta passou a ser de

extrema importância. Não basta simplesmente respeitar a comunidade, mas é preciso

atuar de forma ativa para ajudá-la a se desenvolver e isto se chama de responsabilidade

social. E não pára por aí, as empresas estão aprendendo o que é responsabilidade social

por um conjunto de ações que envolvem a conscientização das pessoas, exigências dos

consumidores, legislações de proteção social e ambiental e pressões de grupos como as

ONG.

As empresas que possuem princípios de transparência e responsabilidade social,

que buscam um comprometimento com a ética e a qualidade de vida dos empregados,

da comunidade e da sociedade como um todo, se relacionam com as diferentes partes da

seguinte maneira: (www.responsabilidadesocial.com)

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- Com a Comunidade:

- Recruta funcionários em comunidades carentes;

- Estimula o trabalho voluntário;

- Apóia ações sociais;

- Usa serviços de organizações comunitárias.

- Com os Funcionários:

- Contrata pessoas com experiências e perspectivas diferentes;

- Cria um programa de participação nos lucros e resultados;

- Evita demissões;- É flexível e oferece ajuda para a solução de problemas;

- Ajuda a pôr os filhos dos funcionários na escola.

- Com o Meio Ambiente:

- Faz uma auditoria verde;

- Cria um código de reciclagem;

- Usa iluminação inteligente e instala acessórios para economia

de água;

- Promove o uso de transporte alternativo.

- Com os Consumidores:

- Respeita a privacidade dos clientes;

- Utiliza anúncios que transmitam modelos positivos e hábitos

saudáveis;

- Disponibiliza o maior número de informações possíveis para o

consumidor.

- Com os Fornecedores:

- Evita negociar com empresas que não são éticas;

- Estimule seus parceiros a contribuírem com causas sociais.

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Nesse sentido, a sociedade também tem um papel importante enviando sinais

para a empresa informando se está ou não atendendo suas expectativas. E uma das

principais formas de perceber a possível satisfação dos clientes é através da receita

obtida por ela. Essa receita indica, na maioria das vezes, a resposta positiva dos

consumidores em relação às ações e produtos da empresa.

Portanto, quanto mais racional cada iniciativa e quanto mais sustentável e

consciente é o trabalho da empresa maior será o consumo e conseqüentemente o lucro

que a mesma irá obter.

Ter responsabilidade social pode ser mais oneroso de imediato, porém a médio e

longo prazo se torna bem mais lucrativa a iniciativa de uma empresa. Todavia é o custo

o fator que se transforma no grande empecilho das empresas, porém deve haver grandesincentivos para que se façam análises de retorno dos projetos e acabar com esse mito de

que atuar eticamente não traz lucros.

Assim se os executivos gostam de números e hoje já é possível mostrar que

responsabilidade social e lucro podem andar juntos. Aliás, isso não pode ser ignorado

porque uma empresa também precisa se sustentar e crescer para atender cada vez mais a

vontade consciente do ser humano frente às opções de consumo.

Além disso, quantificar os resultados econômicos dos projetos sociais é uma

tarefa difícil, mas de suma importância para a empresa, segundo diretor executivo do

Banco Itaú Sergio Werlang. Em seu artigo “A avaliação econômica de projetos sociais”,

apresentado no Apêndice I, nos informa que já existem técnicas bem estabelecidas para

determinar o retorno econômico de um programa social. Caracteriza que o benefício

econômico gerado pelo projeto pode ser identificado através da soma dos benefícios

causados em todas as pessoas afetadas por ele. Porém, nem sempre é possível medir em

valores monetários essa soma. Uma das formas citadas de avaliar é analisar diretamente

o público-alvo separando grupos que receberão o projeto e os que não receberão e, com

isso, verificar a diferença que apresentaram e o sucesso que obtiveram. Em seguida,

parte-se para uma avaliação de retorno econômico, ou seja, tentar mensurar o quanto em

reais cada indivíduo cresceu, e isso é feito verificando a chance de se tornar empregado

e logo o nível de salário que pode alcançar como resultado dos projetos sociais que

participou.

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Empresas de diversos países na atualidade só aceitam ou financiam projetos

sociais que sejam adequadamente avaliados e que tenham um retorno estabelecido e

estimados para tal.

Uma forma para o acompanhamento, controle e verificação de desempenho dosprojetos pode ser vista através do Balanço Social de cada empresa. (demonstrativo

  publicado pela empresa anualmente que reúne um conjunto de informações sobre

investimentos, projetos, benefícios e ações sociais dirigidos aos funcionários,

investidores, acionistas, analistas de mercado e à comunidade). 

O Balanço Social, além de divulgar informação que ajuda a reforçar a imagem

da empresa, também dá transparência para os stakeholders, para todas as partes

envolvidas, ficando evidentes os impactos ocorridos no desempenho financeiro, naqualidade de vida e no meio ambiente. O Sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, dizia

que "Realizar o Balanço Social significa uma grande contribuição para consolidação de

uma sociedade verdadeiramente democrática". 1 

3.1 Ações Filantrópicas x Responsabilidade Social

A Grande Enciclopédia Larousse Cultural define Filantropia da seguinte

maneira: s.f. “1 - Sentimento que leva os homens a auxiliar os outros. 2 - Amor à

humanidade. 3 – Caridade”.

De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social -

entidade não-governamental, a diferença ocorre porque a filantropia é basicamente uma

ação social externa da empresa, que tem como beneficiária principal a comunidade em

suas diversas formas e organizações. Enquanto isso, a responsabilidade social é

integrada à cadeia de negócios da empresa e engloba um conjunto de preocupações comum público maior, com a sociedade.

Enquanto filantropia está voltada para ajudas gratuitas e doações a pessoas

carentes, a responsabilidade social é algo que se assume para desenvolver um grande

número de pessoas necessitadas a fim de melhorar a sociedade existente e a empresa.

1 Retirado da página virtual: http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm em 03/05/06.

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Responsabilidade Social, que é o tema aqui tratado, não é apenas filantropia. Ela

busca um efetivo engajamento em projetos que visam o crescimento de funcionários em

uma empresa, a alfabetização de crianças, a não poluição e outras ações que não

prejudiquem o meio ambiente. Trata-se, enfim, de realizar, isto é, por a “mão na massa”

fazendo a transformação e não somente dando a farinha.

Depara-se todos os dias com crianças nas ruas e pode-se concluir que elas

deveriam estar estudando. Todavia, sabe-se que não basta dar dinheiro ou comprar

material e entregar à criança, pois é preciso toda uma infra-estrutura que dê suporte e

incentive essas crianças a estudar e mantê-las na escola, para que assim elas possam ter

um futuro digno desejável para qualquer ser humano.

Assim, toda ajuda é bem-vinda, seja como filantropia ou no desenvolvimento detrabalhos sociais, porém o que se pretende tratar aqui está relacionado aos projetos que

visam:

- aperfeiçoar a sociedade como um todo, e

- fazer com que as empresas se preocupem em destinar verbas direcionadas

a implementar programas e projetos sociais, em vez de simplesmente

direcioná-la a alguma instituição de caridade.

Além disso, o fato de estarem envolvidas com um projeto social faz com que as

corporações fiquem ligadas a esta problemática durante todo o momento e não somente

pontualmente, como acontece com muitas que somente destinam um pequeno

orçamento para uma determinada  doação. Isso é que torna uma empresa cidadã,

responsável e vista como tal.

Por isso, é importante enfatizar que o intuito aqui é o de servir esta proposta

como uma guia para a elaboração e a realização de empreendimentos sociais, ou seja,programas e projetos que busquem o desenvolvimento da sociedade como um todo e de

forma sustentável.

3.2 Por que investir em Projetos Sociais?

É importante investir em projetos sociais, em primeiro lugar, por tudo o que já

foi acima abordado, ou seja, pelo desenvolvimento dos cidadãos e a melhoria do meio

ambiente. Mas como tudo tem por finalidade conseguir um determinado retorno é

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preciso focar que tipo de retorno uma empresa deseja obter ao implementar tais

projetos.

Os valores e objetivos empresariais estão mudando nesta dinâmica era das

megatendências sendo que os produtos hoje vendidos estão geralmente atrelados a umagama de atributos tais como: garantia, imagem e a responsabilidade.

A opinião dos consumidores sobre quais são os melhores produtos pode mudar

diariamente, mas a imagem e a reputação que a empresa constrói dia após dia, não. Se a

empresa for boa, sempre será lembrada, mas se não for, de nada adiantará ter o melhor

produto tecnologicamente se é avaliada negativamente.

Com isso, outra parte da pergunta já pode ser aqui respondida: investir em

projetos sociais ajuda as empresas a reforçarem sua imagem e permite a elas melhorar

cada vez mais a reputação que conseguiram construir ao longo do tempo.

A partir da percepção dos clientes, obviamente, as vendas da empresa podem

aumentar, o market-share crescer e, conseqüentemente, o lucro também. Isso será bom

para todas as partes, dentre elas os funcionários, os acionistas, os clientes e,

logicamente, os beneficiários dos projetos sociais, pois em breve poderão surgir outros

projetos de igual natureza. Para que isto ocorra, a participação de todos os interessados

se torna fundamental para o alcance de metas e dos objetivos sociais enfocados.

Portanto, é importante saber o que se pretende primordialmente, além do bem

comum, quando se pensa em fazer um projeto social. Isto para não ocorra um

distanciamento dos objetivos traçados. Se o intuito for melhorar a imagem da empresa

será o esforço organizacional direcionado para um projeto de marketing de causa social

(ferramenta que utiliza técnicas de marketing tradicional associado a questões sociais,

ou seja, marketing destinado a apoiar eventos de interesse da comunidade e utilizado

 para construir ou melhorar uma imagem positiva junto ao público). Por outro lado, se o

objetivo for o de incrementar o lucro terá o projeto um outro direcionamento e assim

por diante. O fundamental é conseguir atingir o que se deseja da forma mais efetiva

possível. Para isso, nos próximos tópicos, serão sugeridos alguns passos essenciais que

ajudarão a implementar um determinado projeto social.

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3.3 Exemplos de Projetos Sociais

Neste item serão apresentados alguns exemplos de projetos sociais de empresas

éticas e que se preocupam fundamentalmente com a responsabilidade social.

O primeiro exemplo a ser citado é o da empresa Samarco Mineração2, uma dasmaiores exportadoras de minério de ferro do Brasil. Em 1999 um engenheiro da

Samarco viajou para uma pequena cidade no oeste da Índia e tinha sob sua

responsabilidade a de preparar o embarque de 11.000 toneladas de insumo comprado

pela Samarco. Ao chegar à cidade o engenheiro se deparou com algumas condições de

trabalho inaceitáveis: os mineiros trabalhavam com ácidos perigosos sem nenhuma

proteção e as peles de seus antebraços estavam despigmentadas. A partir deste episódio,

a companhia decidiu nunca mais negociar com essa empresa indiana. Tal atitude daSamarco fez com que a empresa indiana implantasse normas de segurança que vieram a

beneficiar a todos os trabalhadores nas minas.

O exemplo acima citado mostra claramente como as empresas éticas, ou seja, as

empresas que se preocupam com seus funcionários, com as comunidades e com o meio

ambiente, devem agir. A Samarco, ao adotar uma postura ética, não aceitou mais

negociar com empresas que não tivessem a mesma postura e, com isso, conseguiu abrir

mais e maiores portas para os seus negócios.

Outra empresa que se preocupa com a responsabilidade social é a Perdigão, que

é uma empresa brasileira e uma das maiores companhias de alimentos da América

Latina. A responsabilidade social faz parte dos valores corporativos da empresa e exerce

a cidadania corporativa baseada na valorização dos funcionários, no respeito ao meio

ambiente e na contribuição para o desenvolvimento das comunidades com as quais atua.

A Perdigão contribui para o desenvolvimento do país e para a melhoria da qualidade de

vida dos cidadãos através de seus projetos sociais voltados para a melhoria do bem estar

social, como são a saúde, a educação, a cultura e o esporte.

Pode-se citar dois projetos sociais relevantes de iniciativa da Perdigão: o

“Programa Atende” e o “Programa Cidadão do Futuro”. Através do “Programa Atende”,

2 Este exemplo encontra-se no site http://www.portal-p.com.br e o texto completo é apresentado no

Apêndice II.

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  12

com o apoio do BNDES e da Prefeitura de Rio Verde, no Estado de Goiás, nove centros

de saúde conjugados a postos policiais em pontos estratégicos da cidade foram

construídos, descentralizando o serviço de atendimento à população. A Perdigão

investiu cerca de R$ 3 milhões na implantação deste programa específico. O “Programa

Cidadão do Futuro”, que atende 700 estudantes, tem como objetivo principal despertar o

interesse dos jovens para a leitura de jornais, capacitando-os a escrever melhor,

interpretar fatos e desenvolver o senso crítico, para um melhor exercício da cidadania. A

Perdigão contribui com a assinatura do jornal, em nome dos alunos inscritos no

programa e que recebem as edições na escola. Após a aula, levam os jornais para casa, e

ficam à disposição das famílias.

Um terceiro exemplo que é citado é o da Esso, uma das maiores empresas depetróleo e petroquímico e que exerce seu papel social através do apoio à educação,

patrocinando programas e entidades; do suporte ao meio ambiente, com programas que

enfocam a preservação de nossos recursos naturais; e, no âmbito interno, a Esso se

compromete a ser um empregador responsável, enfatizando aspectos relacionados com a

saúde e a segurança no trabalho.

Atualmente, a Esso Brasileira de Petróleo apóia o “Programa Esso-Mamirauá”

de educação ambiental na Amazônia Central e contribui com a Fundação OndAzul,voltada para a conservação e preservação de ecossistemas aquáticos. O Programa Esso-

Mamirauá destina-se à conscientização de crianças e jovens para a necessidade de

preservação dos imensos recursos ambientais de que são herdeiros. O programa abrange

as comunidades das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã e as

sedes dos Municípios de Tefé, Alvarães e Uarini, localizados no Estado do Amazonas,

na região do Médio Solimões. São várias as atividades deste programa, mas podemos

citar uma delas, que é o de buscar a melhoria da qualidade de vida das populaçõesribeirinhas e dos usuários dos recursos naturais dessas reservas.

Poderia-se citar inúmeros exemplos de outros projetos sociais relevantes

realizados por várias empresas. Mas o objetivo deste item é de apenas mostrar que

existem empresas que se preocupam com a ética e buscam ter uma relação transparente

com os seus públicos, desde os seus funcionários e acionistas até as comunidades e o

meio ambiente em que a empresa está inserida.

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  13

4. PROPOSTA DE ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS

SOCIAIS

Esta guia tem como objetivo primordial o de buscar orientar as empresas a

determinarem seus objetivos e estabelecerem um determinado foco na hora de formulare implementar um determinado projeto social.

O guia será todo baseado nos padrões e conceitos do PMI – Project Management 

 Institute (Instituto de Gerenciamento de Projetos), que é uma organização que tem como

objetivo compilar as melhores práticas e técnicas para conduzir e controlar os projetos e

desenvolver profissionais em Gerenciamento de Projetos. Essas melhores práticas e

técnicas foram reunidas em um guia denominado de PMBoK – Project Management 

 Body of Knowledge.

Antes de começar esta guia propriamente dita, serão apresentados no item a

seguir os conceitos de projetos e de gerenciamento de projetos para um melhor

entendimento do roteiro aqui elaborado.

4.1 Gerenciamento de Projetos

Projeto é um empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto ouserviço único (PMI, 2000), ou seja, trata-se de uma iniciativa que possui início e fim

definidos e que cria produtos ou serviços únicos porque não existem projetos iguais.

Já Gerenciamento de Projetos é “a aplicação de conhecimentos, habilidades,

ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus

requisitos”.(PMI, 2004).

Existem vários motivos para que o Gerenciamento de Projetos seja aplicado de

forma séria, entre eles:

- Evitar alguma surpresa durante a execução dos projetos, podendo, assim,

antecipar os riscos envolvidos no projeto e saber administrá-lo;

- Otimizar a alocação das pessoas no projeto; e,

- Documentar ações e principalmente os erros para facilitar futuros projetos.

O não estabelecimento de metas e objetivos ainda na fase de planejamento do

projeto, a existência de informações insuficientes ou inadequadas, a falta de tempo para

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o planejamento detalhado do projeto, a falta de habilidade da equipe para elaboração ou

a execução do projeto e o fato de não levar em consideração as questões políticas e

culturais existentes, são alguns exemplos de fatores que podem levar um projeto ao

fracasso.

4.2 Fases do Projeto

Antes de iniciar este roteiro é preciso esclarecer aqui quais são as fases de um

projeto:

- Fase de Iniciação

Tem como objetivo formalizar a autorização do início do projeto através docomprometimento da organização dele encarregada. Em algumas empresas, os objetivos

de negócios, incluindo os Projetos Sociais, que dão base para as decisões sobre o início

de um projeto, são tratados fora do escopo do projeto, pelo gerenciamento estratégico da

organização. Os documentos gerados no planejamento estratégico são muito

importantes sob vários aspectos, dentre eles, a possibilidade de poder verificar se a

empresa destinou uma verba específica para a execução de seus projetos sociais.

Entretanto, pode ocorrer das empresas não possuirem em seu orçamento umaverba destinada especificamente para esse tipo de projeto e, por isso, é importante

verificar a disponibilidade financeira da empresa. Contudo, é relevante fazer um

anteprojeto com seu respectivo custo para apresentar a empresa e esta analisar se está

condições de liberar a verba. Afinal, por não existir uma área de responsabilidade social

na maioria das empresas brasileiras fica difícil para elas aceitar os projetos sem ter

muita especificação, principalmente de orçamento. Pois caso tivessem essa área de

grande importância, teriam orçamentos anuais pré-determinados para investir nessesprojetos.

- Fase de Planejamento

Nesta fase ocorre o refinamento e o detalhamento dos objetivos do projeto, além

de se identificar e selecionar as ações que visam atingir esses objetivos. Nesta fase

ocorre (1) o detalhamento dos trabalhos a serem realizados; (2) a estimativa de duração

e sequenciamento lógico; (3) a identificação dos recursos necessários à realização dos

trabalhos; (4) e, finalmente, a elaboração do cronograma e o respectivo orçamento.

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  15

- Fase de Execução

A fase de execução requer um conjunto de processos para que o trabalho

necessário para a produção do projeto seja realizado e concluído. É nesta fase que

ocorre a coordenação das pessoas que realizam as atividades previstas, no prazoprevisto e de acordo com o orçamento previsto.

- Fase de Monitoramento e Controle

Esta fase caminha junto com a fase de execução. O desempenho do projeto deve

ser constantemente monitorado e medido e os desvios identificados devem ser

ajustados, evitando que os objetivos do projeto sejam colocados em risco.

- Fase de Encerramento

É nesta fase que se formaliza o encerramento do projeto e transferem-se as

responsabilidades sobre o produto resultante do projeto para a rotina operacional da

empresa.

4.3 Roteiro para Elaboração de Projetos Sociais

Os passos que serão citados abaixo têm como objetivos os de orientar, de forma

sucinta, o planejamento e a execução de um projeto social. Foi adotado, como exemplo

de um projeto social, a construção de uma escola. Dessa forma, alguns itens estarão

baseados neste exemplo para um melhor entendimento do roteiro ora apresentado.

1º passo: Escolher o objetivo ou o foco do projeto.

2º passo: Verificar disponibilidade financeira para o projeto.

3º passo: Apurar expectativa do cliente.

4º passo: Iniciar a elaboração do projeto.

É nesta fase que é preparado o Termo de Abertura do Projeto (Project Charter ),

que está ligado à formalização do projeto dentro da empresa e a autorização do seu

início. A Tabela 1 é um exemplo de Termo de Abertura do Projeto.

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Tabela 1

Termo de Abertura do Projeto

XYZ Ltda.

(Nome da Empresa)

Termo de Abertura do Projeto (Project Charter)Nome do Projeto ABC da ComunidadeJustificativa do Projeto Desenvolver a comunidade local e melhorar a imagem da empresa.Produto do Projeto Construção de uma escola para a comunidade local.Descrição do Projeto A escola deverá possuir 10 salas, dentre elas uma sala de computaç

equipamentos. Pátio recreativo com uma quadra poliesportiva. Refeitório comde aulas de culinária. Galpão para aulas técnicas incluindo os equipamentos. 

Sponsor do Projeto(Patrocinador)  XYZ Ltda.Cliente do Projeto Comunidade

Gerente do Projeto(Nome da pessoa de maior 

responsabilidade pelo

 projeto)

Sr. Fulano

* Os itens em azul devem ser preenchidos pela empresa.

Tabela 1 – Baseado em Luxus, Jogos de Projetos, Lucidez educação e entretenimento, 2005.

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XYZ Ltda.

(Nome da Empresa)

Termo de Abertura do Projeto (Project Charter)

Outros Stakeholders

(Nome de todas as partesinteressadas e envolvidas no

 projeto) Área de Marketing / Prefeitura / Fornecedores dos equipamentos / Equipe do p

Restrições(Fatores limitadores de

ações do projeto) 

-  A construção da escola não pode exceder a área do terreno.-  Uma das salas deve ser para aulas de computação.-  O projeto não deve ultrapassar o valor orçado.-  Construção do galpão e fornecimento dos equipamentos técnicos.-  Construção da quadra poliesportiva.-  Construção em oito meses.

Premissas(Hipóteses assumidas como

verdade, mas que podemocorrer diferente do

 planejado) 

-  Mão-de-obra local.

-  Prefeitura será responsável pela contratação de professores.

Principais produtos eprazos

-  Escola: pronta em 6 meses;-  Quadra: 1 mês após a escola;-  Equipamentos de computação e técnicos: comprados e entregues até 1 s

escola.* Os itens em azul devem ser preenchidos pela empresa.

Tabela 1 – Baseado em Luxus, Jogos de Projetos, Lucidez educação e entretenimento, 2005.

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5º passo: Planejamento do Projeto

- Elaboração da Declaração de Escopo.

Para a elaboração da Declaração de Escopo são necessários os seguintes dados:

- Descrição do produto,

- Termo de abertura do projeto,

- Restrições; e

- as premissas.

A declaração de escopo descreve as principais entregas do projeto e tem como objetivo

principal formalizar todos os trabalhos a serem desenvolvidos no projeto. No decorrer

do projeto, a declaração de escopo pode sofrer revisões e deve conter, pelo menos, os

seguintes itens:

- Justificativa do projeto;

- Produto(s) do projeto;

- Resultados principais;

- Produtos ou subprodutos explicitamente excluídos (explicitar que determinados

produtos não fazem parte do escopo);

- Requisitos do projeto;

- Objetivos do projeto;

- Plano de Entregas e Marcos;

- Registro de alterações do documento.

- Definição do EscopoDefinir o escopo significa detalhar o escopo com o objetivo de facilitar o

gerenciamento do projeto. Esse detalhamento é feito subdividindo as principais entregas

do projeto, definidas anteriormente na declaração de escopo. Para detalhar o escopo são

necessárias as seguintes informações: declaração de escopo, restrições, premissas e

informações históricas (informações de projetos anteriores).

Uma das técnicas utilizadas para definição do escopo constitui-se na

decomposição, que consiste em subdividir os subprodutos do projeto em componentes

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menores até que seja possível o desenvolvimento das atividades do projeto e disso

resulta a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) ou Work Breakdown Structure (WBS).

Exemplo de decomposição:

a) Representação Hierárquica:

1.  Projeto ABC da Comunidade

1.1. Salas

1.1.1.  Salas de Aula

1.1.2.  Sala de Computação

1.2. Quadra Poliesportiva

1.3. Refeitório

1.4. Galpão

b) Representação Gráfica

Após a elaboração da estrutura EAP, pode ser necessário que a declaração de

escopo sofra modificações, já que podem surgir questões que não foram abordadas e

com maiores detalhes.

Gráfico 1 – Campos, Érica & Souza, Anna. Cronograma ABC da Comunidade, 2006.

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- Elaboração do Cronograma

Para elaborar o cronograma do projeto em questão é preciso, inicialmente:

- Definir as atividades;

- Estabelecer a seqüência das atividades;

- Estimar a duração das atividades.

O cronograma consiste em determinar as datas iniciais e finais de cada atividade,

além de definir quais são as atividades que são necessárias para a realização ou entrega

de um produto ou serviço.

Exemplo de um cronograma:

AtividadesMês

1Mês

2Mês

3Mês

4Mês

5Mês

6Mês

7

Projeto ABC da Comunidade

1.1. Salas

1.1.1. Salas de Aula

1.1.1.1. Construir

1.1.1.2. Comprar mobiliário

1.1.1.3. Montar

1.1.2. Sala de Computação

1.1.2.1. Construir

1.1.2.2. Comprar mobiliário

1.1.2.3. Comprar computadores

1.1.2.4. Instalar computadores

1.2. Refeitório

1.2.1. Construir

1.2.2. Comprar equipamentos

1.3. Galpão

1.3.1. Construir

1.3.2. Comprar equipamentos

1.4. Quadra Poliesportiva

1.4.1. Construir

1.5 Inauguração

É importante salientar que é na hora de estimar a duração das atividades um dos

dados requeridos para isso são os recursos necessários. Esses recursos incluem pessoas,

materiais ou equipamentos que serão utilizados para a realização de cada atividade. No

caso de recursos humanos, a habilidade de cada indivíduo na realização de uma

determinada atividade pode interferir significativamente na duração da atividade.

Tabela 2 – Campos, Érica & Souza, Anna. Cronograma ABC da Comunidade, 2006.

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- Elaboração do Orçamento dos Custos

Para elaborar o orçamento do projeto é preciso fazer o planejamento dos

recursos e a estimativa de custos, além da EAP e do cronograma do projeto. O

planejamento dos recursos consiste em determinar quais os recursos e qual a quantidadede cada recurso será necessário para a realização das atividades. A estimativa de custos

nada mais é do que estimar da forma mais precisa possível o custo dos recursos.

O quadro abaixo é um exemplo bem simples de como elaborar um orçamento.

Recursos (R$)Atividades

Humanos Material Equipamentos Serviços TOTAL

1. Planejamento do Projeto $ $2. Construção da Escola $ $ $ $ $3. Instalação dosEquipamentos

$ $ $ $

4. Acompanhamento/Controle $ $5. Licença $ $ $6. Encerramento $ $Total $Reserva de Contingência $

Orçamento Final(Total + reserva de contingência) $

Uma ferramenta utilizada para o planejamento dos recursos é a Curva ABC. A

Curva ABC é uma curva que classifica os itens/recursos de maior a menor importância

ordenando-os por categorias:

A – itens mais relevantes para o andamento do projeto,

B – itens de importância mediana, eC – itens de menor importância.

Essa classificação auxilia no planejamento de um projeto pelo fato de mostrar os

recursos com os quais se deve ter mais cautela e que necessitam de acompanhamento

constante porque, provavelmente, serão essas as bases para realização do projeto.

Para traçar a curva geralmente se baseia na relação 80 – 20 de custos de

recursos, ou seja, através de uma listagem de custos de todos os recursos envolvidos é

inserido na categoria A os 20% que equivalem a aproximadamente 80% do custo total.

Tabela 3 – Baseado em Luxus, Jogos de Projetos, Lucidez educação e entretenimento, 2005.

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  22

E é por isso que se deve fornecer tanta atenção, pois qualquer problema ou mudança

nessa categoria afeta o desempenho de todo o projeto. Porém é mais comum encontrar

na categoria A o equivalente 60% dos custos. Já para a categoria B são os 30%

equivalentes a 25% de todo o custo e por fim para a categoria C 50% equivalentes a  

15% dos custos. Contudo são dados aproximados que variam em torno dessa relação,

cabe a empresa estipular as porcentagens que pretende seguir.

Como exemplo, pode-se mostrar a aparência deste gráfico baseado em recursos

do “ABC da Comunidade”:

material/recurso unitário consumo valor total

rec.1 530,00 43 22790,00

rec.2 2400,00 2 4800,00

rec.3 40,00 107 4280,00

rec.4 27,00 100 2700,00

rec.5 3,20 500 1600,00

rec.6 320,00 1 320,00

rec.7 5,50 56 308,00

rec.8 108,80 5 544,00

rec.9 600,00 20 12000,00

rec.10 80,00 38 3040,00

Passo 1 – Planilha de Consumo

Tabela 4 – Baseado em Slack, Administração da Produção, 1997

material/recurso valor total acumulado acumulado % classificação

rec.1 22790,00 22790,00 44% 1

rec.9 12000,00 34790,00 66% 2

rec.2 4800,00 39590,00 76% 3

rec.3 4280,00 43870,00 84% 4

rec.10 3040,00 46910,00 90% 5

rec.4 2700,00 49610,00 95% 6rec.5 1600,00 51210,00 98% 7

rec.8 544,00 51754,00 99% 8

rec.6 320,00 52074,00 99% 9

rec.7 308,00 52382,00 100% 10

Passo 2 – Planilha Acumulada

Tabela 5 – Baseado em Slack, Administração da Produção, 1997

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  23

 

Outra ferramenta utilizada para o planejamento dos custos e que será, também,

constantemente usada para o acompanhamento e controle é a Curva S. A Curva S

representa a estimativa de custo acumulada que deverá ser utilizada em todo o projeto,

ou seja, representa o custo planejado. Juntamente com este também é apresentado o

custo realizado que periodicamente é lançado no gráfico, mostrando o progresso do

custo do projeto no tempo. O fato de reunir o custo planejado com o realizado ajuda

facilmente comparar as duas situações, que se estiverem em grande disparidade servirá

como alerta de um provável problema a ser analisado.

Aparência da Curva S:

Passo 3 - Gráfico

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

 

A

B

C

Gráfico 2 – Baseado em Slack, Administração da Produção, 1997

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

 

Início tempo Fim

   V  a   l  o  r  e  s  a  c  u  m  u   l  a   d  o  s

Planejado

Realizado

Gráfico 3 – Baseado em Possi, Capacitação em gerenciamento de projetos, 2004

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  24

- Planejamento da Qualidade

O planejamento da qualidade está presente em todas as fases do projeto. Na fase

de planejamento quando se definem os padrões que se quer de qualidade baseados,

também, nas expectativas dos clientes. Passando pela execução do projeto e, por fim, naetapa de controle na qual se monitora os resultados comparando com os padrões

previstos utilizando-se ferramentas, que serão vistas mais tarde.

Na fase de planejamento sugere-se uma pesquisa de mercado com os principais

clientes ou beneficiados para identificar os padrões de qualidade por eles considerados.

Além disso, devem ser levados em consideração os critérios considerados como

modelos no mercado atual.

Uma ferramenta de grande ajuda para ter início na fase de planejamento e que

deve se perpetuar por todas as outras fases de implementação do projeto é o ciclo

PDCA ou  Roda de Deming. Segundo o livro  Administração da Produção, Slack , esta

ferramenta é uma seqüência de atividades que são percorridas de maneira cíclica para

melhorar o processo.

O Ciclo PDCA é definido da seguinte forma:

P – Plan / Planejar – coletar informações, analisar dados e formular um plano de ação;D – Do / Executar – implementar o plano de melhoramento;

C – Check / Checar – verificar tudo o que foi feito, se está de acordo ou não com o que

foi planejado;

A – Act / Agir – agir corretivamente, lições aprendidas.

Aceitando a filosofia de melhoramento contínuo pode-se dizer que o PDCA

nunca pára. O melhoramento contínuo implica em um processo sem fim onde o PDCA éa base.

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  25

 

Outra ferramenta que deve ser elaborada na fase de planejamento e utilizada na

fase de controle é o Diagrama Polar ou Radar, que são gráficos que servem como

medidas de desempenho para avaliar a situação da empresa podendo compará-la com

seus objetivos e/ou requisitos do mercado.

Os objetivos de desempenho agem como apoiadores da estratégia global,

direcionando-as. A escolha desses objetivos deve ser feita pela empresa de acordo com

suas atividades e interesses. Entretanto, segundo Slack (Administração da Produção,1997) existem alguns desempenhos que podem ser avaliados por vários tipos de

empresas. São eles:

- Qualidade – significa fazer certo as coisas, mas o certo variará de acordo com o

cliente, a atividade, os beneficiados etc.

- Rapidez / Prazo – avaliação do tempo de finalização de cada atividade.

- Duração dos ciclos, comparando os prometidos com os realizados.

- Confiabilidade – fazer as coisas em tempo e de acordo com o planejado,

evitando surpresas e custos extras.

- Flexibilidade - capacidade de se adequar as mudanças, agilizando respostas,

otimizando o tempo e mantendo a confiabilidade.

- Custo – análises para verificar a eficiência da empresa. Os custos bem

utilizados ajudam na obtenção de recursos e de serviços com alto valor agregado.

P D

CA

tempo

   d  e  s  e  m

  e  n   h  o

Gráfico 4 - Fonte: Slack, Administração da Produção, 1997 

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  26

 

O gráfico acima retrata o início do projeto “ABC da Comunidade” que a

empresa em questão está desenvolvendo, porém, como se pode perceber, está um pouco

aquém de seus objetivos, necessitando revisão de atividades para melhorias.

Contudo para uma revisão é necessário saber a causa do problema, e neste caso

foi devido às fortes chuvas durante um longo tempo acarretando um atraso na obra do

projeto. Sendo assim, se torna simples interpretar o porquê de o objetivo “prazo” no

gráfico estar abaixo do planejado. Além disso, por não prever uma situação como esta

não foram traçadas muitas alternativas de atividades para o caso de chuvas como a

ocorrida que resultou praticamente na parada do projeto, logo durante esse problema

não houve flexibilidade para seguir um plano de contingência, e com isso esse objetivo

“flexibilidade” se apresentou bem abaixo do que foi traçado. Ao mesmo tempo, pela

necessidade de mudança teve o custo um pouco aumentado para esse período. Em

conseqüência a esses problemas, teve a qualidade e a confiabilidade do projeto afetada,

podendo ser, também, verificadas por se encontrarem abaixo do objetivo estipulado.

Com isso, é importante denotar a importância desta ferramenta no planejamento

e acompanhamento do projeto por ser de fácil verificação de distorções dos objetivos.

Vale ressaltar que os passos de planejamento não terminam para dar início a um

novo passo, na verdade eles atuam em todo o tempo que o projeto existir, assim como

muitos outros passos podem e devem ser trabalhos concomitantemente.

EXEMPLO DE REPRESENTAÇÃO - GRÁFICO POLAR

0

20

40

60

80

100

QUALIDADE

RAPIDEZ/PRAZO

CONFIABILIDADEFLEXIBILIDADE

BAIXO CUSTO

EMPRESA OBJETIVOS

Gráfico 5 – Baseado em Slack, Administração da Produção, 1997

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  27

Nem sempre são planejados todos os passos primeiro para depois executá-los em

seguida, muitos são por etapas. Além disso, muitas vezes, pode haver replanejamento

após o início da execução. Assim como as etapas de controle devem ser realizadas

durante toda a execução para que seja possível a correção quando necessária e não tudo

ao final podendo atrasar a entrega.

- Planejamento dos Recursos Humanos

Planejamento Organizacional e Formação de Equipe fazem parte do

Gerenciamento dos Recursos Humanos na fase de planejamento.

O Planejamento Organizacional consiste em identificar e designar as

responsabilidades e os papéis de cada recurso envolvido no projeto. A formação da

equipe nada mais é do que conseguir com que os recursos humanos necessários ao

desenvolvimento do projeto sejam alocados, seguindo o que foi planejado.

- Planejamento das Comunicações do Projeto

É importante que se tenha um plano de comunicação porque através desse plano

a empresa consegue passar a idéia do projeto para todos os envolvidos e verificar o

andamento do projeto através de documentos, relatórios e reuniões. O quadro abaixo é

um exemplo de como pode ser feito um plano de comunicação.

Ação deComunicação

Canal Objetivo Responsável Público-Alvo Periodicidade

Relatórios de

progressoRelatóriosadministrativosRelatórios de liçõesaprendidasRelatório dolicenciamentoReunião deabertura (kick-off)Reunião deacompanhamento

Reunião deencerramento

Tabela 6 – Baseado em Luxus, Jogos de Projetos, Lucidez educação e entretenimento, 2005.

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  28

6º passo: Execução

- Desenvolvimento dos Recursos Humanos

Nessa fase também é avaliado o desempenho da equipe através de constantes

 feedback s e, caso necessário, podem ser aplicados treinamentos para desenvolvimento e

melhoria ou realocação de pessoal.

- Gerenciamento da qualidade – Garantia da Qualidade

Na etapa de execução temos a Garantia da Qualidade, que busca garantir que o

processo está satisfazendo os padrões de qualidade estabelecidos. Além disso procura

fornecer melhorias ao projeto através de auditorias e a utilização de fluxogramas deprocesso, tendo em vista se preparar para identificar e realizar ações preventivas e

corretivas.

7º passo: Acompanhamento e Controle

Como já citado anteriormente, o acompanhamento e controle devem ser

realizados também durante toda a execução e não somente quando tudo for finalizado.

Essa ação poupa custos e esforços além de trazer maior confiança para o projeto.

Também é importante atentar para o fato de quanto mais planejado for o projeto

menor será o tempo e custo gasto no controle.

- Controle do Escopo

Se um problema no escopo for identificado, este deve ser analisado para que as

propostas de alterações do escopo também possam ser analisadas. Após esta análise,

fica fácil de identificar quais os itens do projeto que serão afetados pelas alterações,

sejam eles custos ou prazos.

Como resultado do controle do escopo, podemos citar a base de referência

ajustada ( Baseline), ou seja, a base de referência do projeto é revisada em função das

alterações ocorridas.

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  29

- Gerenciamento da Qualidade – Controle

Na etapa de controle da qualidade, procura-se garantir o acompanhamento dos

resultados para verificar se está de acordo com o previsto.

Por mais que existam premissas, nem tudo sai como o planejado e por isso é

importante saber administrar mudanças e, principalmente, reconhecer o que está

ocasionando os problemas. Para tal, existe uma ferramenta muito eficaz que garante a

continuidade da qualidade do projeto quando bem utilizada. Esta ferramenta é

conhecida como “Diagrama Ishikawa” ou Espinha de Peixe, que ajuda a pesquisar as

raízes dos problemas, levantando questões como: o que, onde, como e por que.

- Controle de Custos

Para controlar os custos do projeto será necessário, em geral, utilizar as mesmas

ferramentas propostas na fase de planejamento, como é o caso da Curva S, que é traçada

a curva de custos planejados e, durante a execução, a de custos realizados e é a partir daí 

que se acompanha e verifica as distorções para as possíveis correções, ou seja, o

controle é responsável por comparar planejado com realizado.

Além disso, existem outras maneiras, como softwares que podem ser utilizadospara acompanhar os custos de cada empresa na realização de seus projetos. Mas o

importante é lembrar que cada mudança de planejamento e execução, incluindo

cronograma e qualidade, irá impactar nos custos a ponto de replanejá-los ou

simplesmente fazer um planejamento adicional.

- Controle do cronograma

Após o cronograma em mãos e início das atividades, o controle é feito

coordenando responsáveis pela execução das atividades planejadas, fazendo relatórios

de desempenho freqüentes, fornecendo marcos alcançados e datas de execução em dia

conforme planejado e analisando desvios, podendo ser solicitado uma alteração formal

ou informal em seguida. Por fim, para cada mudança o cronograma deve ser atualizado.

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8º passo: Encerramento

O encerramento do projeto significa confirmar que o projeto atendeu todos os

requisitos estabelecidos na fase de planejamento, ou seja, é a ceitação formal do projeto

e de seus produtos.

É importante ressaltar aqui que o encerramento administrativo não deve ser feito

apenas na conlusão do projeto. Em cada fase do projeto, quando forem alcançados os

seus objetivos, esta fase deve ser encerrada para que não se percam as informações

importantes e úteis.

É nesta fase que deve ser feito o arquivamento dos registros do projeto e a

atualização dos bancos de dados que foram utilizados pelo projeto.

Com a conclusão do projeto, aconselha-se fazer uma reunião com todos os

envolvidos no projeto para discutir sobre seu andamento. Nessa reunião vale discutir,

por exemplo, as causas de desvios ocorridos e o porquê de certas ações terem sidos

tomadas. Após isto elabora-se um relatório de lições aprendidas, que poderá ser

utilizado no futuro, em outros projetos.

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Anexo

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TUDO PELO SOCIAL? 

Equipe PLUG 

Um engenheiro da Samarco Mineração, uma das maiores exportadoras brasileiras

de minério de ferro, foi despachado, em meados de 1999, para uma pequena cidade no

oeste da Índia. Ali fica a mina de um dos fornecedores de bentonita, uma matéria-prima

usada no processo de fabricação do aço. Sua missão era preparar o embarque de 11.000

toneladas do insumo comprado pela Samarco. Sucede que o negócio gorou já na

primeira visita do brasileiro à mina. Ele teve uma visão assustadora do local: mineirosmanuseavam ácidos perigosos sem nenhuma proteção. A pele de seus antebraços

estava despigmentada, como se acometidos de vitiligo. "As condições de trabalho eram

inaceitáveis", diz Luciano Penido, presidente da Samarco. 

Desde então, a companhia nunca mais negociou com a empresa indiana. Essa

decisão teve um efeito positivo: recentemente, a Mitsubishi, trading da empresa indiana,

procurou a Samarco para mostrar que normas de segurança haviam sido tomadas. 

A maneira transparente com que a Samarco lidou com um fornecedor sem o

mínimo senso de seus deveres com os funcionários é ilustrativa de um conjunto de

práticas éticas que, nos últimos tempos, vêm ganhando a força um movimento no

mundo dos negócios. "Uma empresa responsável cria valor para os seus acionistas ao

demonstrar respeito pelos princípios éticos, pelas pessoas, pelas comunidades e pelo

ambiente", diz Robert Dunn, presidente da Business for Social Responsability. Também

conhecida pela sigla BSR, a entidade reúne 1.400 empresas americanas que assumem

ter compromissos sociais. A maioria é de multinacionais do porte da Ford, Johnson &

Johnson e AT&T. Juntas, as associadas da BSR somam um faturamento anual acima de

1 trilhão de dólares. Nos Estados Unidos, doar fundos para a comunidade e patrocinar museus e

escolas não é exatamente uma novidade entre as dinastias endinheiradas. O conceito da

responsabilidade social vai além da mera filantropia. Passou a ser considerado, no

mundo corporativo, como um daqueles investimentos estratégicos tão importantes

quanto os aplicados para garantir produtos de qualidade. É o que os americanos já

batizaram de strategic giving , ou doação estratégica. Nessa versão um pouco mais

calculista, o altruísmo e as boas relações com os funcionários e com as comunidade

servem como uma vantagem competitiva. À medida que um número crescente de

empresas engrossa essa onda, o que resulta é um efeito dominó. 

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Veja a Samarco: de um lado, repeliu um fornecedor relapso, arcando com o custo

de buscar outra fonte de matéria-prima. De outro, Penido, o presidente, acredita que, por

adotar uma postura ética, a mineradora vem encontrando cada vez mais portas abertas.

Tempos atrás, a Samarco precisava de dinheiro para adquirir equipamentos de controle

ambiental e construir uma hidrelétrica. A compra foi financiada com recursos doInternational Financial Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial. No ano

passado, a ação social da Samarco foi um dos temas discutidos em um seminário

promovido pelo IFC no Rio de Janeiro. 

VANTAGENS 

Há no Brasil cada vez mais empresas que, a exemplo da Samarco, descobrem os

benefícios de ser socialmente responsável. Basta ver uma pesquisa conduzida em 1999

pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife). Mais da metade das 273

companhias que responderam ao questionário afirmou apoiar algum tipo de atividade de

cunho social ou comunitário, principalmente programas educacionais que beneficiam

crianças e adolescentes. 

É interessante observar que as empresas que estão aderindo ao movimento não

vêem os valores sociais como um fim em si mesmo. Os princípios da responsabilidade

social vêm sendo integrados à gestão estratégica, em vez de tratados como um

apêndice. "As empresas responsáveis já experimentaram uma vasta gama de

benefícios", diz Dunn. Prova disso é um estudo recente feito pela Universidade Harvard.

O levantamento conclui que existe uma relação direta entre comportamento ético e

desempenho financeiro. Uma corporação responsável apresenta uma taxa de

crescimento que chega a ser quatro vezes superior à da que presta contas apenas aos

acionistas. 

Uma das vantagens a que Dunn, da BSR, se refere é o acesso mais fácil ao capital.

Segundo o Social Investiment Forum, mais de 1 trilhão de dólares de ações são

administradas por fundos que só aplicam em empresas com uma gestão comprometida

com princípios éticos. 

Na bolsa de valores de Nova York, um índice criado pela Dow Jones está

monitorando a movimentação das ações de um grupo de 200 empresas que adotam

práticas de responsabilidade social e fazem parte de uma lista de 3.000 companhias

mundiais. Segundo o desempenho avaliado entre janeiro de 1994 e novembro de 1999,

as empresas éticas tiveram uma valorização de 170.6%, bem superior à média de 112,2%

obtida pelas 3.000 empresas. Num mercado globalizado como o de hoje, adotar ou não

práticas responsáveis pode fazer a diferença entre ganhar ou deixar de embolsar alguns

milhões de dólares. 

"Se o investidor puder optar entre duas empresas com a mesma rentabilidade,

qual você acha que vai ser a escolhida?", pergunta Valdemar Pereira Neto,

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superintendente do Instituto Ethos de Responsabilidade Social, a entidade espelho da

BSR, no Brasil. Fundado em 1998, o Ethos reúne 214 empresas brasileiras, que

empregam 470000 funcionários. Seu faturamento anual eqüivale a 14% do PIB brasileiro. 

Outra vantagem decorrente do comportamento ético diz respeito à imagem. Em

1992, a Acesita, única fabricante de aços especiais inoxidáveis na América do Sul, foi

privatizada e teve seu quadro reduzido de 7.800 para 3.200 funcionários. É fácil deduzir o

impacto negativo causado pelo desemprego entre os 70.000 habitantes de Timóteo (MG),

onde fica o parque industrial da empresa. "Ninguém passa por isso impunemente", diz

João Manoel de Carvalho Neto, diretor administrativo e de recursos humanos da Acesita.

Na tentativa de amenizar esse choque, a companhia passou a patrocinar programas

comunitários. Em 1995, montou um centro cultural e criou a sua fundação. Hoje, é

responsável por levar a Timóteo e a outros quinze municípios espetáculos nacionais e

internacionais, além de promover talentos regionais. A fundação também atua nas áreas

de educação, comunitária e de meio ambiente. "Esse trabalho melhorou nossas relações

com a prefeitura, com a Associação Comercial, enfim, com toda a cidade", afirma João

Manoel. 

É preciso, porém, ser cauteloso. Quando uma corporação assume publicamente

um compromisso com a sociedade, sua palavra passa a ser cobrada a todo o momento.

Um movimento em falso pode ser suficiente para cair do pedestal. E pode ser difícil

voltar a subir. Que o digam impérios como a Nike, acusada de negociar com

fornecedores asiáticos que utilizam o trabalho infantil. A fabricante de produtos

esportivos viu, em 1995, a cotação de suas ações despencarem quase 50%. Segundo a

University of Southwestern Louisiana, a má publicidade pode mesmo diminuir o valor

das ações durante um período mínimo de seis meses. Com o avanço da Internet, o risco

aumenta. As boas notícias e as escorregadelas das empresas chegam velozmente à

opinião pública. É o efeito holofote. 

É claro que a imagem institucional é importante, mas não é tudo. O preço e a

qualidade continuam decisivos na compra. A consultoria americana Walker Research

descobriu que, quando esses fatores são idênticos, 76% dos consumidores trocariam a

marca se uma das empresas estivesse relacionada com uma boa causa.

RESPEITO AO CONSUMIDOR 

Agenda da responsabilidade social não se esgota nas questões sociais ou nas

relações com os consumidores. Zelar pelo meio ambiente também se tornou uma

prioridade emergente. Considere o caso da Plantar. Em 1998, a empresa mineira, que

produz carvão vegetal de eucalipto, conquistou o direito de usar o selo verde do

Conselho de Manejo Florestal. Criado pelo Forest Stewardship Council (FSC), uma

organização internacional independente que incentiva o manejo correto de florestas, o

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selo fez a Plantar aumentar as exportações para empresas européias que dão

preferência a produtos ambientalmente apropriados, socialmente benéficos e

economicamente viáveis. 

A partir de 2001, o Buyer’s Group britânico (associação de cerca de 300 empresas,

entre elas a cadeia inglesa de supermercados Sansburry ) passará a adquirir somente

produtos que estampam selos verdes nas embalagens. A Plantar, que vai exportar, neste

ano, 8.000 toneladas de carvão vegetal, projeta aumentar suas vendas para 13.000

toneladas na esteira desse movimento. "A partir de 2001, a demanda vai aumentar muito

e empresas certificadas, como a Plantar, vão vender mais’, diz Roberto Smeraldi, da

ONG Amigos da Terra, responsável pela implantação de um Buyer’s Group, semelhante

ao já existente na Inglaterra, no Brasil. 

Os selos verdes não são os únicos que facilitam o trânsito de produtos brasileiros

no exterior. O selo do Programa Empresa Amiga da Criança, da Fundação Abrinq, é uma

espécie de alvará para empresas que não empregam mão-de-obra infantil. Traduzido

para o inglês e o espanhol, o selo colabora com as vendas de produtos brasileiros nos

países com uma legislação social avançada. 

Não apenas os clientes tendem a ser mais leais às empresas responsáveis. Nas

empresas em que os funcionários são bem tratados, há ganhos de produtividade e

qualidade. Uma pesquisa feita pelo Medstar Group e pelo American Produtivity e Quality

Center revelou que programas de saúde, por exemplo, podem aumentar a produtividade

e diminuir em 30% o custo relativo a faltas, rotatividade e baixas médicas. 

Se para algumas empresas os resultados aparecem no longo prazo, outras se

vêem compelidas a apostar no credo da responsabilidade social movidas pelo

pragmatismo. Para a Plastipar, fabricante paranaense de acessórios e ferragens, investir

na educação dos funcionários não foi propriamente uma opção. Em 1996, a empresa foi

incorporada ao grupo alemão Hettich, que trouxe para o Brasil uma avalanche de novas

tecnologias. "Como aumentar a produtividade com novos equipamentos e processos se

40% de nosso pessoal não tinha o primeiro grau?", indaga Daniel Winocur, direto geralda Hettich Plastipar. Nos últimos três anos, 120 funcionários concluíram o ensino

fundamental ou médio depois de freqüentar aulas em salas construídas pela empresa. "É

claro que isso é bonito, mas estamos falando de negócios", diz Winocur. "Agimos assim

para garantir o êxito do processo de mudança". 

Tão importante quanto formar bons funcionários é atrair e reter novos talentos.

Não faltam exemplos de empresas que conseguem sair na frente nesse quesito. A C&A,

uma rede de lojas de departamentos espalhadas pelo país, ajuda a educar dezenas de

milhares de crianças brasileiras por meio de seu instituto. Funcionários sãoincentivados a trabalhar como voluntários e, para isso, são liberados do expediente uma

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vez por semana. Depois que a ação social da C&A foi tema de uma reportagem de capa

da EXAME, em abril de 1998, o departamento de recursos humanos da empresa viu

dobrar o número de candidatos à vaga de trainess. 

CUIDADOS Outra forma de aplicar as lições da responsabilidade social dentro de casa é

promover a diversidade no local de trabalho. A regra básica é não discriminar

funcionários por raça, sexo, idade ou religião. O grupo Pão de Açúcar deu um passo

adiante: implantou uma iniciativa inédita no setor de supermercados. Passou a recrutar

idosos aposentados como empacotadores. A experiência, iniciada há dois anos numa

loja do bairro paulistano de Pinheiros, revelou-se vantajosa para a empresa. Os novos

funcionários tendem a ser mais atenciosos com os clientes e cuidadosos com as

compras. Hoje o Pão de Açúcar emprega mais de 800 pessoas na faixa superior a 60

anos em suas lojas. 

Outro caso em que a ação social também resultou em experiências positivas para

dentro dos muros da empresa é o do Grupo Orsa, quarto maior produtor de papelão

ondulado do país. Seus programas, que priorizam educação e saúde, atendem

anualmente cerca de 40.000 crianças e adolescentes por meio da Fundação Orsa. O

empresário Sérgio Amoroso, fundador da empresa, trata a filantropia como um foco de

negócio. A instituição que se candidata a receber subsídios da fundação deve

apresentar um projeto detalhado. Amoroso faz exigências empresariais: ingerência na

gestão, discussão dos métodos, avaliações periódicas e, o mais importante, busca de

resultados. "As instituições devem ter bons administradores e uma gestão competente

para ar certo", diz Amoroso. Ele destina pelo menos 1% do seu faturamento anual à

fundação. Em 1999, a receita do grupo foi de 300 milhões de reais. 

Qual a vantagem para a Orsa? Segundo Amoroso, ao incentivar o trabalho

voluntário de funcionários, o empresário diz que identifica mais facilmente líderes entre

os colaboradores. Como trabalham em um campo com muitas possibilidades de ação e

pouco dinheiro, os funcionários aprendem a potencializar os recursos. O trabalho em

equipe sai fortalecido. Com a experiência acumulada no voluntariado, foram criadosnúcleos de trabalho que trocam figurinhas sobre como reduzir custos e aumentar

resultados. "A geração de caixa será uma conseqüência", diz Amoroso. 

A responsabilidade social nem sempre é sinônimo de sucesso. Pode, se não for

enfocada como estratégia empresarial, até trazer prejuízos. A prova disso foi estampada

numa reportagem de capa da revista americana Fortune, em abril de 1999. O assunto em

pauta era Levi’s e como ela "havia jogado no lixo uma das grandes marcas da América".

A notícia chocou os expoentes do movimento da responsabilidade social. Afinal, a

gigante dos jeans era vista como um emblema dessa corrente. 

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Robert Haas, o presidente da Levi’s, tinha um plano: mostrar que uma empresa fiel

aos valores sociais poderia ter um desempenho financeiro melhor do que aquela que

apenas ambiciona o lucro. Mas Haas cumpriu apenas parte do prometido. A Levi’s

realmente passou a ter uma administração participativa. Mas e o melhor desempenho

financeiro? Desde 1997, a empresa fechou 29 fábricas nos Estados Unidos e eliminou16.310 postos de trabalho. 

"A Levi’s Strauss é uma experiência fracassada de uma gestão utópica", escreveu

a Fortune. Haas acreditava que na sua empresa a voz de um operário deveria Ter tanta

oportunidade de ser ouvida quanto a do CEO. Em 1987, Haas criou o Levi Strauss

Mission and Aspirations Statement, um documento que promovia religiosamente os

mais nobres valores – trabalho em equipe, confiança, diversidade e empowerment ,

reforçados por cursos de treinamento e um novo plano de benefícios aos funcionários.

Essas iniciativas, porém, não se refletiam positivamente no negócio. No processo

decisório, por exemplo, a menos que todos concordassem, nem mesmo o presidente

tinha autoridade para levar uma decisão para frente. E, como se sabe, inércia, na vida

corporativa, é sinônimo de estagnação. 

De costas para o mercado, a Levi’s esqueceu que o seu negócio não era a

caridade. Com isso, deixou passar valiosas oportunidades. Mas recentemente, a Levi

Strauss sofreu uma reestruturação. Voltou a se preocupar propriamente com a

administração dos negócios e de sua marca. 

O episódio da Levi’s mostra como é delicado manter o equilíbrio entre gerenciarum negócio lucrativo e ser socialmente responsável. Segundo Robert Dunn, da BSR, no

futuro o comportamento ético vai deixar de ser uma opção. "Agir de forma socialmente

responsável não vai ser mais um diferencial", diz Pereira Neto, do Instituto Ethos. "Quem

quiser se manter no mercado vai ter de se mexer." Num cenário provável em que

consumidores, ao escolher um detergente, penderão para a marca da fabricante que se

aplicou em respeito à natureza e aos funcionários, não haverá espaços para

amadorismos ou negligências. "Historicamente as sociedades ocidentais tendem a

ceder mais direitos do que responsabilidades às empresas", afirma Deborah Leipziger,

autora de Corporate Citizenship. Isso está mudando. "No passado, nenhuma sociedadeteve tantos centros de poder como a de hoje", afirma Peter Drucker. O guru da

administração moderna deixa uma questão pertinente em aberto: "Quem é que vai tomar

conta do bem comum?" É bem provável que a resposta esteja no papel social cada vez

mais decisivo das empresas. 

O QUE FAZ UMA EMPRESA ÉTICA 

Como uma empresa socialmente responsável deve se relacionar com seus

diferentes públicos.

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Comunidade 

o  Recrute funcionários em comunidades carentes;

o  Estimule o trabalho voluntário;

o  Apóie ações sociais;

o  Use serviços de organizações comunitárias.

Funcionários 

o  Contrate pessoas com experiências e perspectivas diferentes;

o  Crie um programa de participação nos lucros e resultados;

o  Evite demissões;

o  Seja flexível e ofereça ajuda para a solução de problemas;

o  Ajude a pôr os filhos dos funcionários na escola.

Meio Ambiente 

o  Faça uma auditoria verde;

o  Crie um código de reciclagem;

o  Use iluminação inteligente e instala acessórios para economia de água;

o  Promova o uso de transporte alternativo.

Consumidores 

o  Respeite a privacidade dos clientes;

o  Utilize anúncios que transmitam modelos positivos e hábitos saudáveis;

o  Disponibilize o maior número de informações possíveis para o

consumidor.

Fornecedores 

o  Evite negociar com empresas que não são éticas;

o  Estimule seus parceiros a contribuírem com causas sociais

Originalmente publicado no órgão laboratorial do Curso Abril de Jornalismo em Revista,

revista PLUG 2000 , v. 17, p. 36-41, [julho] 2000. 

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Avaliação responsável aproxima projetos sociais dos resultados e impactosesperados

23/08/04

CARLOS FRAGACoordenador de pesquisa e avaliação do Canal Futura

O Brasil vive um boom de projetos sociais. ONGs, fundações e institutos dasmais variadas correntes políticas, ideológicas e religiosas realizam trabalhosem praticamente todas as áreas essenciais da atividade humana. E num paíscom tantos problemas como o Brasil, com altíssimos índices de desemprego,fome e miséria, habita o inconsciente coletivo a certeza de que qualquer tipo

de intervenção social bem intencionada gera excelentes resultados. É comose o projeto já viesse acompanhado dos benefícios aos quais ele se propõe,independentemente de sua eficácia, eficiência e efetividade.

Essa postura era compreensível até o final dos anos 80, dado o grande déficitde ações sociais provocado pelo longo período de regime militar querepresou boa parte das energias da população brasileira. Com a volta dademocracia no plano político, o importante era concentrar todos os esforçosno fazer social. Não estava colocada para a sociedade civil naquele momentoa necessidade de avaliar o que era feito. Mas a situação agora é diferente. Ademanda por resultados concretos e mensuráveis é cada vez maior e vem detodos os segmentos, desde as fontes financiadoras dos projetos até ossupostos beneficiados.

É importante garantir, através de avaliações científicas, que os projetospermitam aos agentes financiadores saber até que ponto as suas metas sociaisestão sendo atingidas; e possibilitem aos grupos contemplados umaparticipação efetiva na concepção, elaboração e acompanhamento das ações,dando-lhes condições de nelas interferir e de saber se o esforço empregado eas esperanças depositadas estão valendo a pena.

Apesar de diversas instituições já revelarem preocupação com a avaliação deseus projetos, o tema ainda é um tabu em nosso país. São muitos os motivospara que não se dê a devida importância à avaliação. Mas o principal deles éum grande paradoxo: temos, ao mesmo tempo, excesso de confiança e deinsegurança em relação ao que fazemos.

A confiança vem de longos anos de desamparo avaliativo que permitiram odesenvolvimento de grande sensibilidade, por parte dos realizadores deprojetos sociais, para enxergar problemas, corrigir rotas e estimar resultadose impactos. Na falta de instrumentos científicos, apurou-se a intuição. Masessa intuição, de grande valor gerencial, nunca está sozinha. Vem sempreacompanhada de boa dose de prepotência, que faz os agentes sociais se

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considerarem aptos o suficiente para julgar, sem bases científicas, o própriotrabalho, e conhecedores, ou até mesmo porta-vozes, dos interesses dosgrupos que pretendem contemplar.

A insegurança vem da presença no Brasil de uma cultura de avaliaçãoassociada aos valores cristãos mais conservadores, que veneram a culpa eforam rapidamente disseminados na vida escolar e no mundo do trabalho. Osfins são, na maioria das vezes, persecutórios e sustentam um movimentopendular entre a punição e a premiação. Historicamente, a avaliação temservido para identificar culpados e quase sempre recai sobre indivíduos e nãosobre processos, princípios, concepções, métodos. O medo da punição,traduzida na descontinuidade dos projetos ou na troca de seus gestores, temgerado grandes resistências ao trabalho de avaliação.

Mas se, por um lado, os executores de projetos sociais precisam desmistificara avaliação, por outro, aqueles que avaliam precisam fazer um intensotrabalho de esclarecimento, desanuviando o ambiente e tranqüilizando osinterlocutores. É necessário mostrar que a avaliação, mesmo em basescientíficas, não pode e não deve prescindir da intuição produzida pelaexperiência. Ela tem que dialogar permanentemente com os agentes sociais ocom os grupos contemplados, desde a sua concepção até a interpretação dosdados que fornece, passando pela definição de indicadores e de instrumentosavaliativos. É fundamental deixar claro que uma avaliação responsável não éfeita para punir ninguém, mas para aproximar o projeto de seus objetivos edos resultados e impactos esperados.

A experiência do terceiro setor, que tem prestado inestimável contribuiçãopara a expansão e descentralização das ações sociais, precisa agora dar umsalto de qualidade e voltar-se para dentro. A avaliação científica deve servista como parte essencial dos projetos e mecanismo para o estabelecimentode uma relação ética com os parceiros - fontes financiadoras e públicoparticipante - e com a sociedade em geral.

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Artigos Especiais 

"Os 11 Mandamentos da

Responsabilidade Social" Por Stephen Kanitz 1. Antes de implantar um projeto social pergunte para umas vinte entidadesdo Terceiro Setor para saber o que elas realmente precisam. A maioria das empresas começa seu projeto social procurando uma "boa idéia"internamente. Contrariando os preceitos da administração que exige pesquisar primeiro o mercadoantes de sair criando novos, na área social estes princípios são jogados fora. A maioriados projetos começa nos departamentos de marketing das empresas sem consultar asentidades que são do ramo. O espírito do Terceiro Setor é "servir o outro", e isto significa perguntar primeiro: "Oque vocês precisam?". Parte deste trabalho já foi feito, e você poderá encontrá-lo no www.filantropia.orgonde anualmente perguntamos para as 400 maiores entidades o que elas maisprecisam. 2. O que as entidades precisam normalmente não é o que sua empresa faz,nem o que a sua empresa quer fazer. O conceito de "sinergia" é muito atraente e poderoso para a maioria dos executivos,mas lembra um pouco aquele escoteiro que atravessa um cego para o outro lado darua sem perguntar se é isso que o cego queria.

Dar aula de inglês para moradores de favelas só porque você é uma cadeia de escolasde inglês, não é resolver o problema do Terceiro Setor. Pode ser uma forma deresolver o seu problema na área social, com o menor esforço. Se toda empresa pensarassim, quem vai resolver o problema da prostituição infantil, abuso sexual, violência,dos órfãos? Ninguém. Por isto, muitas entidades estão começando a ver este movimento de empresas"socialmente responsáveis" com maus olhos. "Onde estavam estas empresas nestesúltimos 400 anos, quando fizemos tudo sozinhos?", é a primeira pergunta que fazem.

"Por que muitas estão iniciando projetos iguais ao que fazemos, ao invés de nosajudar?"

Se um concorrente entrasse na sua atividade, qual seria a sua reação? É exatamente oque pensam nossas entidades. A idéia certa é unir esforços com os que já fazem o quevocê pretende fazer. 

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3. Toda empresa que assumir uma responsabilidade será mais dia menos diaresponsabilizada. 

Da mesma forma que sua empresa será responsabilizada pelos péssimos produtos quevenha a produzir, seu insucesso em reduzir a pobreza ou uma criança que formaltratada no seu projeto social, também será responsabilidade da sua empresa. Já existem Ongs que avaliam a "responsabilidade social" de cada empresa do mundoatribuindo um Selo Social, baseado nos critérios que elas previamente definiram.

Já existem 167 sites que divulgam as empresas socialmente irresponsáveis. Um diavocê poderá estar na lista. Muitos ativistas descobriram que podem colocar umaempresa de joelhos se atacarem a sua marca (vide Nike).

Por isto, seu projeto terá de ter um duplo controle de qualidade e dedicação ao que

você normalmente devota para sua empresa. 4. Assumir uma responsabilidade social é coisa séria. Creches não mandamembora órfãos porque a diretoria mudou de idéia. 

Muitas empresas "socialmente responsáveis" não estão assumindo responsabilidadessociais propriamente ditas.

Nenhuma empresa está disposta a adotar um órfão, um compromisso de 18 anos. Amaioria das empresas "socialmente responsável" está no máximo disposta a bancarum projeto por um único ano.

E não poderia ser o contrário. Empresas não podem assumir este tipo deresponsabilidade, não foram constituídas para tal. As entidades foram instituídas paraexatamente prestar serviços sociais, e é triste ver que estão perdendo espaço.

Se o projeto não ganhar um destes prêmios de Responsabilidade Social, troca-se deprojeto. Hoje a tendência das empresas é trocar de projeto a cada dois anos se ela nãofor premiada, por outro que tenha mais chance de vencer no ano seguinte.

Compare esta atitude com a internacional Associação dos Cavaleiros da SoberanaOrdem Militar de Malta, que existe desde 1798, uma das mais antigas instituiçõeshumanitárias em atividade no mundo, com a missão "obsequium pauperium", servir ospobres. Os verdadeiros socialmente responsáveis têm sido as entidades, as empresas

não chegam nem perto de merecer esta designação.

Na minha opinião, a postura socialmente responsável é apoiar as entidadessocialmente responsáveis de fato, com doações e ponto final. Você pode fazer istohoje, através do doações on line no site www.filantropia.org. 5. Todo o dinheiro gasto em anúncios tipo "Minha Empresa É MaisResponsável do que o Concorrente", poderia ser gasto duplicando as doaçõesde sua empresa. 

Os líderes sociais do país, que cuidam de 28 milhões de pessoas carentes, e não têmrecursos para comprar anúncios caríssimos na imprensa. Depois desta onda de

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responsabilidade social das empresas com os anúncios que as empresas estãopublicando, o "Share of Mind" do Terceiro Setor tem caído de 100% para 15%. Cincoanos atrás, o recall espontâneo de instituições responsáveis na mente do público em

geral, eram a AACD, as APAES e a Abrinq. Hoje, os nomes mais citados são deempresas. Bom para as empresas e seus produtos, péssimo para a AACD e seusdeficientes. Pior, nestes últimos cinco anos as empresas diminuíram em 30% seus donativos paraas entidades, para poderem criar os seus institutos próprios. Ainda pior, as empresas em vez de treinarem gestores sociais estão contratando apreços de ouro, gestores sociais destas entidades já treinados, desestruturando osetor, e insuflando os salários, tanto é que as entidades tiveram um aumento decustos de 35% nestes últimos anos.

Se sua empresa desejar inverter esta triste situação pague um anúncio de uma Ong,como sendo apoio da sua empresa. Será muito mais elegante do que publicar umanúncio dizendo "Minha Empresa é Responsável". Lembre-se também, que todas as religiões, sem exceção, recomendam não alardear osatos de responsabilidade social, que deveriam ser discretos e anônimos. Quemalardear sua bondade sofrerá a ira do povo, uma sabedoria milenar em todas ascrenças do mundo. Algo para se pensar 6. Entidades têm no social seu "core business", dedicam 100% do seu tempo,100% do seu orçamento para o social. Sua empresa pretende ter o mesmonível de dedicação? Irmã Lina é a nossa Madre Tereza de Calcutá. Ela veio da Itália cuidar de 300portadores de hanseníase confinados em Guarulhos, e sabia com certeza que iriamorrer da doença, o que não a impediu de cumprir a sua missão. Sua empresa estaria disposta a morrer pela sua causa social? A maioria das empresasao primeiro sinal de recessão corta 30% da propaganda, 50% do treinamento e 90%dos projetos sociais. Justamente quando os problemas sociais tendem a aumentar. As empresas brasileiras estão dedicando em média 1% do lucro ao social, o quecorresponde a 0,1% das receitas. As entidades sociais dedicam 100% de suas receitase 100% do seu tempo.

Se sua empresa socialmente responsável acredita que poderá competir com as "IrmãsLinas" do país, e que terá coragem de subir num palco e receber um Prêmio deCidadania Corporativa é acreditar que nossos consumidores são um bando de idiotas.

Se você é um executivo de marketing, por acaso você esteve presente quando a IrmãLina recebeu o seu Prêmio Bem Eficiente? Mas ela notou a sua ausência, e viu oanúncio de sua empresa dizendo como ela se preocupa com o social. 7. O consumidor não é bobo. 

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O consumidor sabe que o projeto social alardeado pela empresa está embutido nopreço do produto. Ninguém dá nada de graça. Isto, todo consumidor sabe de cor. Equem disse que o consumidor comunga com a mesma causa que sua empresa

apadrinhou?

Sua empresa pode ser "Amiga das Crianças", mas seu consumidor pode sentir que osvelhos são os verdadeiros excluídos.

Afirmar que o projeto social é custeado pelo lucro da empresa, e não entra comodespesa, não convence ninguém. O lucro pertence aos acionistas não aos executivosda empresa. Na maioria dos países, filantropia é feita na pessoa física não na jurídica.Não existe Fundação Microsoft, e sim Fundação Bill Gates. Da Microsoft queremos bonssoftwares, não bons projetos sociais. 8. Antes de querer criar um Instituto com o nome da sua empresa ou da sua

marca favorita, lembre-se que a maioria dos problemas sociais é impalatável.

Empresas que criaram institutos com a marca da empresa fogem de problemas sociaiscomplicados como o diabo foge da cruz.

Nenhuma delas quer ajudar a resolver problemas como hanseníase, abuso sexual,prostituição infantil, deficiência mental, autismo, Aids, discriminação racial, velhice ealzheimer, doenças terminais, alcoolismo, dependência química, drogados, mãessolteiras, pais abusivos, pois são projetos que não se adequam bem à imagem quevocê quer imprimir para a sua marca. Marcas são penosamente construídas e não dá para discordar desta relutância em

apoiar projetos "mercadologicamente incorretos." Você terá que decidir o que vem emprimeiro lugar, se sua marca ou a sua responsabilidade social, decisão ética deprimeira importância.

Empresas que criaram institutos ou fundações com a marca da empresa, preferemprojetos como educação, adolescentes, esportes ou ecologia. 9. Irresponsável é a empresa que faz produtos caros sem qualidade,destruindo o meio ambiente, sendo incorreta com seus inúmeros parceiros esonegando impostos. 

Se você não definir o que é uma empresa socialmente irresponsável, as Ongs definirão

por você. Hoje a forma de se atacar empresas não é através de sindicatos, passeatasou ideologia. Ativistas descobriram que empresários ficam de joelhos se você atacar amarca. Leiam NO LOGO, bíblia do ativismo social. Quem paga 48% de impostos para o governo já está sendo mais do que responsável.E, não será o 1% a mais que resolverá o problema, razão pela qual acredito que todasas empresas fracassarão neste novo papel que querem assumir.

Socialmente Responsáveis são as empresas que fazem produtos baratos comqualidade, sem destruir o meio ambiente, sendo corretos com seus inúmeros parceirose pagando todos os impostos. Se todas as empresas fizessem isto, e o governo fizessesua parte, o consumidor e o contribuinte se dariam por satisfeitos. 

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Curiosamente, nenhuma destas Ongs que denunciam e avaliam empresas socialmenteresponsáveis mencionam nem avaliam a enorme irresponsabilidade governamentalque não devolve os impostos pagos em benefícios sociais. 10. Evite usar critérios empresariais ao escolher seus projetos sociais, como"retorno sobre investimento" ou "ensinar a pescar". Esta área é regida porcritérios humanitários, não científicos ou econômicos. Empresários tendem a usar critérios empresariais para definir quais projetos apoiar,embora este seja um setor de critérios humanitários.

Um dos "mantras" das empresas socialmente responsáveis é que elas ensinam apescar em vez de fazer "mero assistencialismo".

Só que, quando as entidades fazem "mero assistencialismo", deficiente visual sai com

óculos, crianças com câncer saem curadas, órfãos são cuidados, paraplégicos saemcom cadeiras de rodas. Nos projetos que "ensinam a pescar", 90% dos recursos acabam nas mãos dosprofessores, e 10% ao consultor social idealizador do projeto. Outro "mantra" das empresas socialmente responsáveis é somente apoiar projetos quetenham "retorno sobre investimento", um importante ponto de referência dosexecutivos.Nesta visão, os velhos, portadores de mal de Hansen, doentes terminais e aidéticos,não são mais considerados interessantes.

O que dá retorno é criança, adolescente, projetos educacionais que hoje compõem76% dos projetos liderados por empresas "socialmente responsáveis". 11. A responsabilidade social é no final das contas, sempre do indivíduo, dovoluntário, do funcionário, do dono, do acionista, do cliente, porque requeramor, afeto e compaixão. 

Na literatura encontramos duas posições bem claras. Uma que a responsabilidadesocial é do governo, por isto estamos pagando quase 50% da nossa renda emimpostos. Sem muito resultado. A segunda posição é que a responsabilidade social édo indivíduo, da comunidade, da congregação, das Ongs organizadas para tal. No Brasil, surgiu uma terceira visão dentro da onda neoliberal que tomou conta dopaís. Que a responsabilidade social é das empresas e dos empresários, que a agendasocial deve ser estabelecida por executivos e empresários, sob critérios empresariaisde retorno de investimento, ensinando a pescar.

Empresas, como o governo, são impessoais. E, ainda corremos o perigo dos poucosindivíduos que achavam que a responsabilidade é do indivíduo acabem lavando asmãos achando que a responsabilidade é do governo e das empresas. Por que então seenvolver? 

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E agora, o que fazer ?

Portanto, não existe espaço para as empresas nesta área?

Não é o que defendemos. O que tem que ser lembrado é que a área social é um campominado para quem não entende profundamente do assunto. Existem enormes armadilhas. Nem todas as entidades vêem com bons olhos umaconcorrência das empresas, que elas vêem com razão, como sendo predatórias. As empresas deveriam ajudar aqueles que realmente entendem do assunto em vez defazer concorrência.

As empresas deveriam ouvir primeiro, antes de oferecer milhões para as entidadestocarem projetos concebidos pelo seu departamento de marketing. Poucas entidades

resistem a tentação de uma parceria, mesmo quando invariavelmente signifique quetenham de mudar de rumo. Nem por sermos empresários e administradores significa que nossa expertise seja amesma que as entidades necessitam. Se a sua empresa também adotar estesmandamentos, tenho certeza que a longo prazo estará contribuindo de uma formamuito mais responsável do quem vem ocorrendo até agora. Nossa missão não é criar projetos, e sim alavancar, potencializar, tornar as entidadesque já existem mais eficientes, maiores, com mais recursos e escala de operação.

Não precisamos reinventar a roda, só precisamos acelerar o passo.