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ESPAÇOS PROJETADOS A PARTIR DA EXTENSÃO AS EXPERIÊNCIAS DO NÚCLEO DE PROJETOS ARQUITETÔNICOS E URBANOS EVANDRO FIORIN (COORD.)

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ESPAÇOS PROJETADOS A PARTIR DA EXTENSÃOAS EXPERIÊNCIAS DO NÚCLEO DE PROJETOS ARQUITETÔNICOS E URBANOSEVANDRO FIORIN

(COORD.)

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ESPAÇOS PROJETADOS A PARTIR DA EXTENSÃO

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Conselho Editorial Acadêmico

Responsável pela publicação desta obra

Prof. Dr. Marcelo Messias (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Eliane Ferrari Chagas (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Célia Aparecida Stellutti Pacchioni (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Susimary Aparecida Trevizan Padulla (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Claudemira Azevedo Ito (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Neide Barroca Faccio (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Eliane Ferrari Chagas (FCT/Presidente Prudente)

Prof. Dr. Paulo Roberto Brancatti (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Maria Cristina Risk (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Maria Rita Masselli (FCT/Presidente Prudente)

Prof. Dr. Renilton José Pizzol (FCT/Presidente Prudente)

Profa Dra Lúcia Martins Barbatto (FCT/Presidente Prudente)

Sra Sandra Regina Albuquerque (FCT/Presidente Prudente)

Sra Regina Aparecida Espigarolli Silva (FCT/Presidente Prudente)

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evandro fiorin(coord.)

ESPAÇOS PROJETADOS A PARTIR DA EXTENSÃO

aS eXPeriÊnciaS do nÚcLeo de ProJeToS

arQUiTeTÔnicoS e UrBanoS

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© 2014 Editora UNESPCultura AcadêmicaPraça da Sé, 10801001-900 – São Paulo – SPTel.: (0xx11) 3242-7171Fax: (0xx11) [email protected]

CIP – Brasil. Catalogação na PublicaçãoSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

E73

Espaços projetados a partir da extensão [recurso eletrônico] : as experiências do Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos – Unesp / Presidente Prudente / organização Evandro Fiorin. – 1. ed. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2014. recurso digital

Formato: ePDFRequisitos do sistema: Adobe Acrobat ReaderModo de acesso: World Wide WebISBN 978-85-7983-529-2

1. Urbanismo. 2. Arquitetura. 3. Livros eletrônicos. I. Fiorin, Evandro.

14-13139 CDD: 711.4 CDU: 711.4

Este livro é publicado pelo Programa de Publicações da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)

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AGRADECIMENTOS

À Pró-reitoria de extensão Universitária da UneSP, pelo apoio incondi-cional para o funcionamento do núcleo de Projetos arquitetônicos e Urbanos (naU) da UneSP/campus Presidente Prudente (SP) e pela publicação deste e-book. ao presidente da comissão Permanente de extensão Universitária da faculdade de ciências e Tecnologia prof. dr. Marcelo Messias, à profa dra neide Barrocá faccio, parecerista no envio da proposta para o edital deste e-book, a regina aparecida espigarolli Silva, com quem sempre podemos contar na Seção Técnica acadêmica, aos responsáveis pela idealização do naU, aos colegas do-centes que participaram dos projetos aqui apresentados, aos alunos do curso de arquitetura e Urbanismo da UneSP/campus Presidente Prudente (SP) que integraram o naU como bolsistas ou voluntários, especialmente a alex daniel ribeiro Pátaro, pelo tratamento das imagens, e a Bruno vinícius da Palma novaes, responsável pelo projeto gráfico do original apresentado.

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SUMÁRIO

Prefácio 11

apresentação do núcleo de Projetos arquitetônicos e Urbanos (naU) da UneSP e as inter-relações entre o ensino, a pesquisa e a extensão em arquitetura e Urbanismo 13

Evandro Fiorin

Parte I – Projetos habItacIonaIs 25

1. casa de Borracha de Pneu 27

Evandro FiorinFernando Sérgio OkimotoCarlos Eduardo Soares de SousaHiwersen Angelo Gnocchi GodoyMarina Mello VasconcelosPaula Aparecida Santini de AlmeidaSuellen Ferreira da CostaVictor Martins de Aguiar

2. Habitar o viaduto: intervenção em área urbana da cidade de Bauru (SP) 35

Elizabeth Mie ArakakiEvandro Fiorin

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8 EvANDRo FIoRIN

Ana Carolina Álvares CapelozzaLuciana Akie SasakiSuellen Ferreira da CostaVictor Martins Aguiar

3. 30th century House – Habitação pré-fabricada em concreto armado 45

Evandro FiorinDiego Marangoni dos Santos

4. vila das Bananeiras 51

Evandro FiorinMarcelo Gonçalves HasimotoArtur Felipe da Costa RosaEmanuela Mayumi de Campos Komatsu Leite de Souza

Parte II – Projetos InstItucIonaIs 59

5. Um anteprojeto com ideias de sustentabilidade: o edifício dos ateliês do curso de arquitetura e Urbanismo da UneSP/campus Presidente Prudente (SP) 61

Evandro FiorinFernando Sérgio OkimotoHélio HiraoCristina Maria Perissinotto BaronDiego Marangoni dos SantosEvidio Lucas MinzoneGustavo Favaretto MartinezMarcella Silva FratantônioMariana Garcia JunqueiraNathália Maule BrigidoVictor Martins de Aguiar

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ESPAçoS PRoJEtADoS A PARtIR DA ExtENSão 9

6. anteprojeto arquitetônico do centro de visitantes do Parque estadual Morro do diabo em Teodoro Sampaio (SP) 73

Evandro FiorinDiego Marangoni dos Santos

7. anteprojeto arquitetônico do Salão das almas, capela e claustro para a congregação das irmãs da copiosa redenção de Presidente Prudente (SP) 81

Evandro FiorinIsadora Campos de OliveiraPedro Henrique Benatti

8. Biblioteca Mediateca Pública em Presidente Prudente 89

Evandro FiorinAlex Daniel Ribeiro PátaroPedro Henrique BenattiFabrizio Lucas RosatiIsadora Campos de Oliveira

Parte III – outros Projetos 99

9. frestas urbanas: estrutura arquitetônica/ escultura urbana 101

Evandro FiorinGustavo Favaretto MartinezBruno Celso Gobette RodriguesDeivis Augusto Nachif FernandesMarcelo Batista PigioniCésar Fabiano Fioriti (Colaborador)

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10. Prêmio alcoa de inovação em alumínio: cobertura retrátil multifuncional 105

Evandro FiorinAlex Daniel Ribeiro PátaroLuiz Gustavo da Silva ChagasPedro Henrique Benatti

11. Projeto de Programação visual da carreta cultural UneSP 113

Evandro FiorinBruno Vinícius da Palma NovaesPedro Henrique BenattiVictor Martins Aguiar

12. Projetos de Mobiliário 119

Evandro FiorinBruno Vinícius da Palma NovaesPedro Henrique Benatti

Sobre o organizador 127

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PREfÁCIO

neste livro buscamos apresentar as experiências que estão sendo realizadas no núcleo de Projetos arquitetônicos e Urbanos (naU) da UneSP, o qual desen-volve trabalhos voltados à comunidade em geral, na área de espaços construídos, junto à universidade pública. o naU é um projeto de extensão cadastrado na Pró-reitoria de extensão da UneSP desde 2007 e está sob nossa coordenação a partir de 2011. Uma responsabilidade social que fez vingar muitos frutos, tendo como consequência diversos prêmios e distinções.

os projetos sobre os quais nos temos detido no naU compõem um impor-tante compêndio, que gostaríamos de dividir com o leitor. nele buscamos dis-cutir, inicialmente, as inter-relações entre o ensino, a pesquisa e a extensão em Arquitetura e Urbanismo, a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo NAU, nos úl-timos anos, para, posteriormente, elencar e apresentar, em três partes distintas, as ramificações da atuação do naU, a saber: projetos habitacionais, projetos ins-titucionais e outros projetos, montando um portfólio de alguns dos trabalhos mais emblemáticos desenvolvidos.

nesse sentido, palavras, imagens e projetos se compõem como um único texto a ser lido pelos diversos entrelaçamentos que estão presentes nas inúmeras possibilidades e processos criativos que tangem o pensar e o fazer um projeto de arquitetura e Urbanismo, aqui pautados pelas experiências realizadas na ex-tensão universitária. Um convite à leitura para os estudantes de arquitetura e Urbanismo, os docentes e arquitetos e os leitores em geral, preocupados com a construção do espaço em que vivemos, a nossa cultura e sociedade.

Prof. dr. Evandro FiorinProfessor assistente doutor da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP/campus Presidente Prudente (SP)

coordenador do naU

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APRESENTAÇÃO DO NÚCLEO DE PROJETOS

ARQUITETÔNICOS E URBANOS (NAU) DA UNESP E AS INTER-RELAÇÕES ENTRE

O ENSINO, A PESQUISA E A EXTENSÃO EM

ARQUITETURA E URBANISMO

Prof. dr. Evandro Fiorin1

Introdução

o núcleo de Projetos arquitetônicos e Urbanos (naU) da faculdade de ciências e Tecnologia (fcT) – UneSP/campus Presidente Prudente colabora para consolidar o curso de arquitetura e Urbanismo reforçando sua inserção social e comunitária, uma vez que sua produção se orienta para a realização de projetos voltados a instituições municipais, estaduais, entidades civis e reli-giosas, autarquias, fundações, organizações sem fins lucrativos, comunidades e prefeituras municipais da região do oeste Paulista, com a finalidade de apri-morar a qualidade de vida da população.

com seu viés extensionista, o aluno da graduação tem a possibilidade de exercitar a futura profissão em um espaço que permite aos docentes e discentes, bolsistas e voluntários, serem sobretudo parceiros no desenvolvimento de pes-quisas e da concepção projetual. desse modo, busca desmistificar a aprendi-zagem de projeto de arquitetura e Urbanismo, diante da dicotomia existente entre o que ensina e o que aprende, pois estimula e tem como pressuposto uma maior troca de experiências, já que o aluno da graduação que participa de quais-quer das atividades projetuais deixa de ser um mero aprendiz para se tornar um agente importante, pois adquire responsabilidades.

ao desenvolver um projeto de arquitetura e Urbanismo que tem como fina-lidade colaborar com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, esse aluno

1. Professor assistente doutor da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP/campus Presi-dente Prudente (SP) e coordenador do naU.

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pode ter contato com quem irá habitar o espaço do seu projeto e participa de al-gumas das suas mazelas sociais, em determinados casos – o que torna a atividade de ensino-aprendizagem mais politizada; assim, é cobrado a buscar alternativas que sejam de baixo custo, o que motiva uma pesquisa mais acurada do que será desenvolvido, podendo chegar a criticar modelos convencionados. o mais im-portante é que esse aluno vai fazendo da prática de projeto uma atividade que suplanta o desenho hipotético da sala de aula-ateliê, ao assumir as responsabili-dades sobre as decisões que o arquiteto toma nessa nova prancheta em contato com a coletividade.

devemos destacar que esse processo de trabalho considera o perfil do pro-fessor de projeto de arquitetura não mais como o projetista de escritório, que faz da sala de aula um braço de sua prática profissional; nem daquele perfil de docen te politicamente engajado que sobrepõe o tempo da pesquisa ao do projeto, mas cujo resultado nunca sai do papel. o “novo professor” é, sobretudo, um pesquisador-educador e seu local de trabalho é junto dos laboratórios, dos grupos de pesquisa, dos escritórios-modelo e dos núcleos de extensão, o que possibilita garantir um retorno à comunidade do conhecimento que se produz na univer-sidade (veloso & elali, 2003, p.100).

no caso do naU, o atendimento às diferentes entidades da sociedade civil é efetivado por meio de parcerias, convênios e termos de compromisso; no en-tanto, buscamos também a participação em concursos nacionais e internacionais de ideias de arquitetura e Urbanismo, tendo em vista a possibilidade de estender a um número cada vez maior de pessoas a oportunidade de ter acesso à melhoria da qualidade de vida, através do fomento de projetos de arquitetura e Urba-nismo experimentais e que primem pela postura político-crítica em relação às nossas cidades.

da mesma forma, também buscamos participar de exposições e congressos científicos, com a publicação dos trabalhos de acordo com as políticas editoriais, de modo a difundir um pensamento de pesquisa voltado à prática do projeto de arquitetura e Urbanismo. Mediante os resultados obtidos até o momento, tais como menções honrosas, premiações e divulgações na mídia especializada impres sa e digital dos trabalhos, acreditamos estar construindo algumas inter--relações entre o ensino, a pesquisa e a extensão em arquitetura e Urbanismo e contribuindo para a geração de novas ideias.

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Objetivos

o naU tem por objetivo desenvolver projetos de edificações ou de inter-venções urbanas para segmentos sociais diversos e busca, a partir de suas elabora-ções, articular e integrar docentes (responsáveis pelo referido projeto de extensão e colaboradores) e discentes (bolsistas e voluntários), de maneira que seu espaço se transforme em uma espécie de ateliê-experimental, voltado ao ensino-apren-dizagem de projeto de arquitetura e Urbanismo, à pesquisa de novas tecnologias e soluções, ao necessário engajamento da universidade em atividades voltadas à comunidade, com ideais sempre articulados à prática da atuação profissional do arquiteto urbanista.

Metodologia

além da manutenção, organização e funcionamento do espaço físico, cinco dias por semana, as atividades do naU giram em torno da feitura de projetos de arquitetura e Urbanismo em fluxo contínuo. apesar de as atividades de elabo-ração de projetos de arquitetura e Urbanismo terem cronogramas variáveis, dependendo da demanda, temos como prerrogativa o desenvolvimento de um máximo de projetos por bimestre, para que não haja atraso nos prazos de entrega.

estabelecidas as demandas, os docentes se engajam como articuladores de cada projeto de arquitetura e Urbanismo, sem que detenham o controle sobre os mesmos. nesse caso, a participação dos alunos que recebem bolsa da universidade passa a ser colaborativa, em uma série de ações. em alguns casos, eles podem desenvolver projetos complexos debatendo questões conjuntamente, fazendo surgir soluções experimentais. amparado na concepção de pesquisa-ação (Thiol-lent, 1986, p.16), o método empírico é bastante utilizado, mas não prescinde da verificação de sua validade diante das referências arquitetônicas e urbanísticas consolidadas. nessa proposição, primamos sempre pelas respostas criativas e críticas ao statu quo, desde que bem fundamentadas, principalmente aquelas alter-nativas projetivas passíveis de reduzir as desigualdades sociais (dagnino, 2007).

assim, os bolsistas do naU desenvolvem as atividades projetuais em con-junto com os seus docentes, tornando a prática do ensino-aprendizagem em arqui tetura e Urbanismo não hierarquizada, realizando levantamentos e pes-quisas necessárias à elaboração de cada proposta, atendendo a comunidade em geral e organizando os grupos de trabalho envolvendo discentes voluntários. os alunos contemplados com bolsa da Pró-reitoria de extensão da UneSP/fun-dação para o desenvolvimento da UneSP (fundunesp) são também respon-

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sáveis pelo funcionamento permanente do espaço físico, abrindo-o ao público, recebendo e respondendo a mensagens e telefonemas, organizando pastas, mate-rial de desenho e as entradas e saídas de projetos de arquitetura e Urbanismo.

Resultados

na qualidade de projeto de extensão financiado pela Pró-reitoria de ex-tensão da UneSP, o naU é atuante desde a sua criação, em 2007. vale ressaltar, desde esse período, a participação do curso de arquitetura e Urbanismo, por intermédio das ações do naU, nas categorias estudantis das Bienais internacio-nais de arquitetura de São Paulo realizadas em 2007, 2009, 2011.2

no entanto, o processo de inter-relação entre ensino, a pesquisa e a extensão que destacaremos aqui, se refere ao início do segundo semestre de 2010. desde então, algumas das práticas mais importantes dos últimos anos também resul-taram em menções honrosas, exposições, catálogos, publicações de artigos cientí-ficos e contribuições significativas aos campi da UneSP. assim, aqui, relatamos as ações em seu conjunto e, as que julgamos mais relevantes, serão tratadas indi-vidualmente nos capítulos seguintes.

2. no trabalho enviado para a vii Bienal internacional de arquitetura participaram os docentes profa dra cristina M. P. Baron, profa msc. alessandra Martins navarro e os discentes adriana L. Junquer, anna Marina alonso, délcio Marques, diego verri e Juliana ruffato. em 2009 foram enviados dois trabalhos para a viii Bienal internacional de arquitetura, no que, destacamos aqui participaram a profa dra cristina M. P. Baron (orientadora) e os discentes Luciana raunaimer, adriano Marcel Sekine e Lucas Baganha caritá. no trabalho enviado para a iX Bienal interna-cional de arquitetura participaram os docentes profa dra cristina M. P. Baron, prof. dr. evandro fiorin e profa dra arlete Maria francisco e os discentes artur felipe da costa rosa, danilo da Silva Barbosa, felipe Paulino dubiela, Marcos Paulo Bento de freitas e Pétilin assis de Souza.

figura 1 – Parque das Águas (Bienal de 2007)Fonte: arquivos do naU, 2007.

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em 2010, a pedido dos dirigentes da Saúde integral do Trabalhador (Sitra) da UneSP, sob a coordenação do prof. evandro fiorin, foi desenvolvido o logo-tipo da entidade pelo bolsista Gustavo favaretto Martinez; também foi realizado um estudo preliminar para expansão do centro de convivência infantil (cci) da UneSP/campus Presidente Prudente, com participação de vários alunos do curso de graduação em arquitetura e Urbanismo. além disso, foram realizados: o anteprojeto para o Museu da cartografia da UneSP/campus Presidente Pru-dente; o anteprojeto arquitetônico, urbanístico e paisagístico para o novo bloco de salas de aulas do discente vii do curso de arquitetura e Urbanismo da UneSP/campus Presidente Prudente, que contou com a colaboração de vários docentes e discentes do referido curso de graduação;3 e o envio do projeto da casa de Borracha de Pneu para o concurso de Tipologias Sustentáveis de Habi-

3. esse projeto contou com a participação dos docentes: profa dra cristina M. P. Baron, prof. dr. Hélio Hirao, prof. dr. evandro fiorin e prof. dr. fernando Sérgio okimoto e dos alunos de graduação em arquitetura e Urbanismo evidio Lucas Minzone, Gustavo favaretto Martinez, Mariana Garcia Junqueira, Marcella Silva fratantônio, nathália Maule Brigido e victor Mar-tins de aguiar. Posteriormente, esse projeto foi publicado e apresentado no vi encontro nacio nal e iv Latino-americano sobre edificações e comunidades Sustentáveis em vitória, espírito Santo, e, na mesma oportunidade, na Bienal de Sustentabilidade.

figura 2 – carton (Bienal de 2009) Fonte: arquivos do naU, 2009.

figura 3 – Uma língua, vários sotaques (Bienal de 2011)Fonte: arquivos do naU, 2011.

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tação, promovido pela companhia de desenvolvimento Habitacional e Urbano do estado de São Paulo (cdHU) e instituto de arquitetos do Brasil (iaB), depar tamento São Paulo, recebendo uma menção honrosa.4

no ano de 2011 foi encaminhado um projeto para o 6o Prêmio de Pré-fabri-cados de concreto, promovido pela associação Brasileira de cimento Portland (aBcP) e iaB e realizado o desenvolvimento do projeto do Bloco de Salas de aulas do discente vii, ver figura 4. além disso, houve a participação no con-curso de esculturas Urbanas da Tetra Pak e a proposta enviada foi selecionada, construída e exposta na praça victor civita, em São Paulo.5 importante ressaltar aqui que a concepção inicial da proposta enviada surgiu de um trabalho desen-volvido em uma disciplina da graduação, que, posteriormente, foi mais bem de-senvolvido no naU. Pela sociedade civil, a ordem dos advogados do Brasil (oaB) de Presidente Prudente solicitou o desenvolvimento, para o fórum de Presidente Prudente, de um estudo preliminar para ampliação do estaciona-mento.6 no campus da fcT-UneSP foram realizados estudos preliminares para

4. esse projeto contou com a participação dos docentes prof. dr. evandro fiorin e prof. dr. fer-nando Sérgio okimoto e dos discentes Suellen ferreira da costa, Paula aparecida Santini de almeida, Marina Mello vasconcellos, carlos eduardo Soares de Sousa, Hiwersen angelo Gnocchi Godoy e victor Martins de aguiar.

5. na proposta enviada para o concurso esculturas Urbanas da Tetra Pak, os autores do trabalho foram Gustavo favaretto Martinez, Bruno celso Gobette rodrigues, deivis augusto nachif fernandes, Marcelo Batista Pigioni, sob a orientação do prof. dr. evandro fiorin e colaboração do prof. dr. césar fabiano fioriti.

6. nesse anteprojeto para ampliação do estacionamento do fórum de Presidente Prudente traba-lharam os discentes Gustavo favaretto Martinez, Bruno celso Gobette rodrigues, deivis au-gusto nachif fernandes, Marcelo Batista Pigioni, sob a supervisão do prof. dr. evandro fiorin e da profa dra arlete Maria francisco.

figura 4 – novo projeto do Bloco de Salas de aula do discente vii da fcT-UneSPFonte: arquivos do naU, 2011.

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figura 5 – academia da Terceira idade (aTi) da fcT-UneSPFonte: arquivos do naU, 2011.

figura 6 – Laboratório interdisciplinar do curso de Pedagogia do ibilce-UneSPFonte: arquivos do naU, 2011.

o circuito de caminhada e a academia da Terceira idade (aTi) (construída) (fi-gura 5) solicitados pela Sitra; readequação e novo layout do espaço físico das salas das seções técnicas de referência e aquisição da biblioteca e dos laboratórios do curso de física da UneSP/campus Presidente Prudente; o projeto da refuncio-nalização da antiga Sede da associação dos Servidores administrativos (aSa) da UneSP/campus Presidente Prudente; e, em complementação ao projeto do Museu da cartografia, foi projetada uma cobertura para acesso lateral e uma esca da-rampa de união do prédio docente iii com a central de Laboratórios do

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departamento de cartografia. Para o campus da UneSP de São José do rio Preto apresentamos um anteprojeto para o Laboratório interdisciplinar do curso de Pedagogia do instituto de Biociências, Letras e ciências exatas (ibilce) (figura 6).7

no ano de 2012 podemos ressaltar a participação em um concurso de ideias para o Museu de arte contemporânea de Buenos aires (figura 7), com a fina-lidade de promover e estimular a inspiração e inovação para as artes na capital argentina.8 além disso, buscamos trabalhar em parceria com algumas entidades sem fins lucrativos, para as quais foram desenvolvidos projetos arquitetônicos importantes: o da cobertura da quadra poliesportiva para a casa da Sopa fran-cisco de assis – associação assistencial e educacional espírita (casofa), em Presidente Prudente; e para a fundação florestal do estado de São Paulo, com o centro de visitantes do Parque estadual Morro do diabo, em Teodoro Sampaio (SP).9

em 2013 estudamos propostas para o Projeto de Programação visual da carreta cultural UneSP, espécie de protótipo móvel que poderia levar ações culturais aos diversos campi da nossa universidade espalhados pelo estado de São Paulo. Uma ideia foi encaminhada à Pró-reitoria de extensão da UneSP. além dessa proposta trabalhamos coletivamente no projeto para uma nova sede da congregação das irmãs da copiosa redenção (figura 8), incluindo salão, capela e claustro, próximo ao instituto Brasileiro do café, em Presidente Prudente (SP).10 cabe ainda ressaltar o recebimento do primeiro lugar no Prêmio alcoa de inovação em alumínio desse ano, com o protótipo cobertura retrátil Multifun-cional (figura 9), o mais importante reconhecimento do trabalho dos bolsistas e voluntários do naU até o momento.

7. Todos esses projetos para os campi citados da UneSP foram supervisionados pelo prof. dr. evandro fiorin, tendo como bolsistas o aluno diego Marangoni dos Santos e, posteriormente, os alunos alex daniel ribeiro Pátaro e Luiz Gustavo da Silva chagas. o projeto para o ibilce foi solicitado pelo prof. dr. fábio fernandes villela.

8. esse projeto foi elaborado pelos discentes artur felipe da costa rosa, danilo da Silva Barbosa, Marcelo Gonçalves Hasimoto e felipe Paulino dubiela, sob a orientação do prof. dr. evandro fiorin e do prof. dr. Hélio Hirao.

9. o desenvolvimento desse projeto foi realizado mediante recursos oriundos de outro projeto de extensão, devido a sua complexidade. Teve como coordenador o prof. dr. evandro fiorin e como bolsista o aluno diego Marangoni dos Santos. o anteprojeto foi publicado em revistas especializadas em arquitetura e Urbanismo e apresentado em congressos ligados à questão da sustentabilidade ambiental.

10. esses projetos desenvolvidos em 2013 contaram com a participação dos alunos Pedro Henrique Benatti, Bruno vinicius da Palma novaes, isabela campos de oliveira e victor Martins de aguiar, sob a coordenação do prof. dr. evandro fiorin.

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figura 7 – vertigo, concurso de ideias para o Mac-Buenos airesFonte: arquivos do naU, 2012.

figura 8 – reunião com as irmãs da copiosa redenção em 2013Fonte: arquivos do naU, 2013.

figura 9 – Protótipo da cobertura retrátil Multifuncional do Prêmio alcoa de inovação em alumínioFonte: arquivos do naU, 2013.

departamento de cartografia. Para o campus da UneSP de São José do rio Preto apresentamos um anteprojeto para o Laboratório interdisciplinar do curso de Pedagogia do instituto de Biociências, Letras e ciências exatas (ibilce) (figura 6).7

no ano de 2012 podemos ressaltar a participação em um concurso de ideias para o Museu de arte contemporânea de Buenos aires (figura 7), com a fina-lidade de promover e estimular a inspiração e inovação para as artes na capital argentina.8 além disso, buscamos trabalhar em parceria com algumas entidades sem fins lucrativos, para as quais foram desenvolvidos projetos arquitetônicos importantes: o da cobertura da quadra poliesportiva para a casa da Sopa fran-cisco de assis – associação assistencial e educacional espírita (casofa), em Presidente Prudente; e para a fundação florestal do estado de São Paulo, com o centro de visitantes do Parque estadual Morro do diabo, em Teodoro Sampaio (SP).9

em 2013 estudamos propostas para o Projeto de Programação visual da carreta cultural UneSP, espécie de protótipo móvel que poderia levar ações culturais aos diversos campi da nossa universidade espalhados pelo estado de São Paulo. Uma ideia foi encaminhada à Pró-reitoria de extensão da UneSP. além dessa proposta trabalhamos coletivamente no projeto para uma nova sede da congregação das irmãs da copiosa redenção (figura 8), incluindo salão, capela e claustro, próximo ao instituto Brasileiro do café, em Presidente Prudente (SP).10 cabe ainda ressaltar o recebimento do primeiro lugar no Prêmio alcoa de inovação em alumínio desse ano, com o protótipo cobertura retrátil Multifun-cional (figura 9), o mais importante reconhecimento do trabalho dos bolsistas e voluntários do naU até o momento.

7. Todos esses projetos para os campi citados da UneSP foram supervisionados pelo prof. dr. evandro fiorin, tendo como bolsistas o aluno diego Marangoni dos Santos e, posteriormente, os alunos alex daniel ribeiro Pátaro e Luiz Gustavo da Silva chagas. o projeto para o ibilce foi solicitado pelo prof. dr. fábio fernandes villela.

8. esse projeto foi elaborado pelos discentes artur felipe da costa rosa, danilo da Silva Barbosa, Marcelo Gonçalves Hasimoto e felipe Paulino dubiela, sob a orientação do prof. dr. evandro fiorin e do prof. dr. Hélio Hirao.

9. o desenvolvimento desse projeto foi realizado mediante recursos oriundos de outro projeto de extensão, devido a sua complexidade. Teve como coordenador o prof. dr. evandro fiorin e como bolsista o aluno diego Marangoni dos Santos. o anteprojeto foi publicado em revistas especializadas em arquitetura e Urbanismo e apresentado em congressos ligados à questão da sustentabilidade ambiental.

10. esses projetos desenvolvidos em 2013 contaram com a participação dos alunos Pedro Henrique Benatti, Bruno vinicius da Palma novaes, isabela campos de oliveira e victor Martins de aguiar, sob a coordenação do prof. dr. evandro fiorin.

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Considerações finais

no primeiro semestre de 2013 buscamos elaborar um projeto para a nova sede do naU com a intenção de que este possa se localizar próximo do bloco novo de salas de aulas do curso de arquitetura e Urbanismo da UneSP/campus Presidente Prudente. com uma proposta arquitetônica que busca aga-salhar a ideia de inter-relação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, esse espa ço, imaginado em um exercício projetual, é constituído por áreas coletivas de tra-balho entreabertas para as esplanadas do campus de Presidente Prudente, de maneira a acolher não apenas os alunos da universidade, mas também a comu-nidade em geral. com essa proposição esperamos que esse novo local de tra-balho seja um lugar onde os alunos possam fazer suas pesquisas em periódicos especializados e no acervo de projetos do próprio naU, trocar informações com bolsistas, tomar contato com a comunidade atendida e, principalmente, dimen-sionar uma nova atmosfera para o ensino de arquitetura e Urbanismo, asso-ciando a pesquisa e a extensão.

a possibilidade de existência de um espaço de “pesquisa-ação” para a elabo-ração de projetos de arquitetura e Urbanismo em uma universidade pública é uma oportunidade única para que docentes arquitetos e urbanistas, em regime de trabalho de tempo integral e dedicação exclusiva, possam exercitar o seu ofício junto com os futuros profissionais. além disso, a tarefa do arquiteto urbanista traz, como instrumentação ética, o compromisso de trabalhar em prol da comu-nidade, exaltando o papel social que está presente em sua profissão, na cons-trução do ambiente humano e de uma sociedade menos “desigual” nas cidades que nos cercam (Baron et al., 2012a; 2012b). nesse sentido, a oportunidade de buscar novas metodologias de ensino-aprendizagem em projeto de arquitetura e Urbanismo passa, justamente, pelo exercício de um fazer projeto que seja cole-tivo, em todos os sentidos da palavra. aliar essa dimensão prática a uma ação que traga benefícios sociais reais para a sociedade civil é um anseio que pode ser possível quando as inter-relações entre o ensino e a extensão coexistem. Uma condição que, quando imbuída pela motivação de se fazer novas descobertas, açambarcadas pelo espírito da pesquisa, pode reverter em ganhos cada vez maiores.

Referências bibliográficas

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ESPAçoS PRoJEtADoS A PARtIR DA ExtENSão 23

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Parte I PROJETOS HABITACIONAIS

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1 CASA DE BORRACHA DE PNEU1

Prof. dr. Evandro Fiorin2

Prof. dr. Fernando Sérgio Okimoto3

Carlos Eduardo Soares de Sousa4

Hiwersen Angelo Gnocchi Godoy4

Marina Mello Vasconcelos4

Paula Aparecida Santini de Almeida4

Suellen Ferreira da Costa4

Victor Martins de Aguiar4

neste trabalho apresentamos as concepções arquitetônicas de uma tipologia de habitação de interesse social sustentável que julgamos ser passível de cons-trução e adaptação em diversas condições geográficas do estado de São Paulo. optamos, diante da necessidade iminente da reutilização de pneus, em conceber uma proposta estético-construtiva como alternativa possível para o problema. assim, partimos da ideia de adotar a borracha de pneu em quatro condições espe cíficas: como argamassa na mistura de cimento, areia, água com adição de borracha de pneu granulado; como revestimento externo em algumas paredes da edificação na forma de laminados de borracha de pneu para servir como iso-lante térmico; como tarjas de borracha de pneu entrecruzadas e armadas em pai-néis para compor um brise-soleil protegendo as aberturas e paredes da edificação; como composição de um jardim vertical: pneus cortados pela metade, funcio-

1. Projeto premiado em 20 de setembro de 2010 em São Paulo, com menção honrosa no con-curso Público nacional de arquitetura para Tipologias de Habitações de interesse Social Sus-tentável promovido pela companhia de desenvolvimento Habitacional e Urbano do estado de São Paulo (cdHU) e instituto de arquitetos do Brasil – departamento São Paulo (iaB-SP).

2. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e coordenador do naU.

3. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

4. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

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28 EvANDRo FIoRIN

nando como bolsas ou vasos fixados na parede. essas múltiplas formas de apli-cação da borracha de pneu na habitação definiram ações sustentáveis pensadas numa ordem estrutural, estético-construtiva, de conforto térmico, acústico, lumi noso e no paisagismo. nesse sentido, a planta esguia e o gabarito longilíneo remetem, por analogia, à banda de rodagem do pneu. Portanto, proposital-mente, nos terrenos sugeridos pelo edital do concurso Público nacional de arqui tetura Habitação para Todos, a saber, em ribeirão Preto, atibaia e Santos, optamos por configurar implantações retilíneas e delgadas. nesse caso, a laje de cobertura, em vez do tradicional telhado, é adotada no projeto como reserva dispo nível de um quintal a céu aberto, protegida pela argamassa com agregado de borracha. dessa tipologia habitacional que projetamos, conjecturamos ou-tras diversas, derivadas do tipo, podendo este ser disposto em lote individual ou coletivo, geminado ou separado.

Objetivos

a proposta arquitetônica partiu da ideia de utilizar materiais geralmente descartados, tais como pneus, para a construção de uma tipologia habitacional que contemplasse uma disposição espacial com dois ou três dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. assim, nesse projeto podem ser utilizados tanto os “tijolos feitos com cimento e pedaços de pneu como agregado”, ou blocos estruturais, também encontrados no mercado da construção civil, além de telhas ecológicas (nas tonalidades verde, azul e vinho) para vedação lateral e um sistema de brise-soleil para amenizar o calor, estruturados em uma trama feita de borracha de pneu.

Metodologia

adotamos a possibilidade de reuso dos pneus inservíveis como agregado ao concreto na confecção da estrutura da habitação de interesse social e, também, como isolante térmico na constituição de um brise-soleil em algumas das paredes da edificação. Testamos as possibilidades de implantação em algumas áreas de diferentes cidades do estado de São Paulo.

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Resultados

inicialmente definimos a borracha de pneu como material a ser trabalhado em âmbito construtivo e estético. nesse sentido, optamos por utilizar os pe-daços de borracha de pneu como um agregado que substitui a brita na confecção dos tijolos e também como vedação externa de algumas partes da construção de um projeto de habitação de interesse social. de outra forma, a borracha de pneu também serviu para configurar lâminas que, entrecruzadas, puderam se consti-tuir como malha que formata um grande brise-soleil, ou seja, proteção contra incisão direta de raios solares na edificação. dessa tipologia habitacional que projetamos (figura 10), conjecturamos outras diversas, podendo estas ser dis-postas em lote individual ou coletivo, geminadas ou separadas. adotamos como cobertura, a laje plana impermeabilizada. nessa ideia vemos uma maneira de maximizar o uso do terreno, prevendo a cobertura como um quintal suspenso. Sendo assim, na cidade de ribeirão Preto (SP), essa laje plana poderia servir como uma área de lazer; em atibaia (SP), como solário; e, em Santos (SP), como um grande pátio. É importante ressaltar que a proposta seguiu as normas e as determinações de metragem quadrada mínima requeridas pela companhia de desenvolvimento Habitacional e Urbano do estado de São Paulo.

Considerações finais

apresentamos neste trabalho as concepções arquitetônicas de uma tipologia de habitação de interesse social sustentável que julgamos passível de construção e adaptação em diversas condições geográficas do estado de São Paulo. em se tratando da necessidade iminente de reutilização de pneus, concebemos uma proposta estético-construtiva como alternativa possível para o problema. este trabalho é fruto de um concurso nacional de ideias e dispõe de um vasto material gráfico. este projeto foi premiado com menção honrosa, na categoria casas tér-reas, no concurso Público nacional de arquitetura Habitação para Todos pro-movido pela cdHU e iaB-SP.

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figura 10 – Perspectiva explodida da casa de Borracha de PneuFonte: autores, 2010.

figura 11 – elevações da casa de Borracha de PneuFonte: autores, 2010.

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figura 12 – Planta da casa de Borracha de PneuFonte: autores, 2010.

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figura 13 – cortes longitudinais da casa de Borracha de PneuFonte: autores, 2010.

figura 14 – Perspectiva renderizada da casa de Borracha de PneuFonte: autores, 2010.

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2 HABITAR O VIADUTO:

INTERVENÇÃO EM ÁREA URBANA

DA CIDADE DE BAURU (SP)1

Profa dra Elizabeth Mie Arakaki2

Prof. dr. Evandro Fiorin3

Ana Carolina Álvares Capelozza4

Luciana Akie Sasaki4

Suellen Ferreira da Costa4

Victor Martins Aguiar4

cada vez mais a cidade se expande. a urbe se espraia e novas áreas são incor poradas à malha urbana. É um processo que parece não ter fim, sempre para além das linhas que delimitam o mapa urbano. os centros áureos de ou-trora, com “belas lojas, hotéis chiques, bares requintados foram cedendo lugar a pontos sombrios, pensões suspeitas, locais de bêbados e prostitutas”, como afirma archimedes raia (2008) sobre o caso bauruense. a dinâmica espacial de segregação criada pelas elites que se moveram no espaço urbano suscita a in-versão das áreas de maior status dentro da cidade: a periferia torna-se agora mais aprazível, com suas residências de alto padrão, enquanto o centro perde impor-tância e se deteriora.

os programas de renovação urbana financiados pelo estado e pelo capital imobiliário buscam novas soluções para áreas degradadas, muitas vezes sem con-siderar o passado. o investimento nessas regiões “revitalizadas” acaba por ex-pulsar moradores de menor renda que ali constituíram suas vidas, resultando

1. concurso nacional de ideias – reforma Urbana/fenea.2. docente substituta do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecno-

logia – UneSP.3. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP e coordenador do naU.4. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP.

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36 EvANDRo FIoRIN

num processo de gentrificação, que Paul Singer (1979) explica da seguinte manei ra:

não tendo poder aquisitivo para continuar na zona renovada, são obrigados a se mudar, o que significa o mais das vezes maior distanciamento do trabalho, quando não perda do mesmo, pagamento de aluguel mais elevado (porque a reno vação urbana reduz a oferta de alojamentos baratos) e a perda de relações de vizinhança, o que, para pessoas pobres e desamparadas, pode ser o prejuízo mais trágico. em última análise, a cidade capitalista não tem lugar para os pobres. (Singer, 1979, p.33)

na verdade, é como se a história desses locais não mais importasse. Talvez a definição que rem Koolhaas (1995) faz de cidade Genérica venha a calhar aqui:

a cidade Genérica é a cidade liberada da escravidão do centro, da camisa de força da identidade. a cidade Genérica despreza este círculo vicioso de depen-dência: é nada mais que uma reflexão das necessidades de hoje e da capacidade de hoje. É a cidade sem história. É bastante grande para todos. É cômoda. não requer manutenção. Se ela torna-se muito pequena, ela somente se expande. Se ela fica velha, somente se autodestrói e se renova. (Koolhaas, 1995, p.1.249-50)

a questão principal deste projeto gira em torno da seguinte indagação: qual cidade estamos criando ao ratificar a deterioração de áreas dentro da própria urbe, principalmente zonas centrais que, sem qualquer redesenho urbanístico, estão se tornando “lugares fantasmas”?

Pensando nessa problemática fazemos uma reflexão projetual sobre o centro da cidade de Bauru, município localizado no centro-oeste paulista.

assim como todas as cidades que tiveram seu crescimento populacional e econômico advindo da ferrovia (Ghirardello, 2008), em Bauru, quando o auto-móvel passou a ser o principal meio de locomoção na década de 1950, a região ferroviária, que ocupava grande parte do centro da cidade, começou a perder impor tância e significado.

Tentando evitar a degradação da área central, na década de 1990 houve a abertura do calçadão da rua Batista de carvalho, sendo proposta a primeira revi-talização da área central. Porém, as áreas ao redor da estação ferroviária conti-nuaram se desvalorizando. com o aumento populacional, a cidade se expandiu, foi implantado um shopping center, que colaborou na promoção e valorização do eixo norte-Sul da cidade, ao longo da avenida das nações, incluindo aí o parque vitória régia, um dos seus cartões-postais.

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nas últimas décadas, várias foram as tentativas de repensar o centro da cida de de Bauru, através de projetos arquitetônicos e urbanos, alguns deles elabo rados por importantes arquitetos (Gomes, 2005) e outros pelos próprios ór-gãos municipais. Houve também a experiência do poder público de tentar a sobreposição dos trilhos construindo um grande viaduto.

nesse sentido, o projeto que propomos pretende intervir nesse viaduto par-cialmente construído, de aproximadamente 720 metros de comprimento, que deveria ligar a área central da cidade a vila falcão, vila Quaggio e Jardim Bela vista, mas que, até o momento da elaboração deste projeto, não havia sido termi-nado. nos últimos anos, o viaduto inacabado tinha sido alvo constante de pro-testos na cidade, principalmente dos moradores e estudantes, pois a população estava inconformada com o descaso da obra inconclusa.

Objetivos

apresentamos um projeto que busca a apropriação do espaço físico da parte superior desse viaduto inacabado, pois, como ainda há passagem de trens no local, não haveria possibilidade de intervenção no nível da ferrovia. Sugerimos então, a construção de habitações coletivas sobre o grande pontilhão inconcluso. assim, o trabalho pretende rediscutir o paradigma dos antigos projetos corbu-sierianos, pensados para a cidade do automóvel, pondo-os em xeque. alude-se, então, à possibilidade de “habitar o viaduto”, como um lugar do tempo lento, da moradia e da permanência.

Metodologia

Para que o projeto pudesse ser elaborado, o primeiro passo foi o levanta-mento da área em questão. nesse sentido, realizamos uma visita de campo, ti-rando fotografias, coletando mapas, fazendo croquis, além de produzir algumas entrevistas. com esse material, pudemos apreender melhor o lugar e sua relação com o entorno. o principal sentimento ao observar a grandiosa obra de enge-nharia que se constitui de quatro pedaços inacabados desse viaduto é o de incô-modo. ou seja, o que faríamos nele? como poderíamos tirar partido dessa grande massa de concreto embrutecida, que leva nada a lugar nenhum? deci-dimos, então, que iríamos torná-lo habitável, tomar posse desse espaço dando condições para que essa infraestrutura urbana se transformasse em um desenho de cidade.

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as referências arquitetônicas utilizadas para a elaboração do projeto foram: desde a Ponte vecchio de 13455 (século Xiv), passando pelas propostas urbanís-ticas de Le corbusier para São Paulo e rio de Janeiro,6 até os projetos habita-cionais de escritórios de arquitetura contemporâneos como Mvrdv e BiG.7

Resultados

as habitações foram dispostas ao longo do pontilhão de maneira que sua função de passagem não se perdesse, porém, agora, o pedestre é quem dita o passo desse percurso. o projeto limita-se ao viaduto para que a sua estrutura não seja perdida, pois a ideia é apropriar-se dele sem escondê-lo, mantendo a hori-zontalidade do conjunto, descortinando, do alto, a bela vista da cidade.

figura 15 – Proposta projetual das habitações coletivas sobre o viaduto inacabadoFonte: autores, 2011.

as tipologias são diferenciadas para cada tipo de grupo doméstico: solteiros, casais, monoparentais, idosos e deficientes físicos (figura 16); baseando-se nas

5. data referente à sua reconstrução após destruição pelas cheias de 1333.6. Projetos de 1929. cf. Le corbusier, 2004.7. Mvrdv: escritório com sede em roterdã, na Holanda, fundado em 1991; BiG (Bjarke ingels

Group): escritório dinamarquês fundado em 2006. ambos premiados por projetos na área de habitação coletiva. o estudo dos exemplos citados foram de grande importância para as discus-sões acerca do projeto, pois pudemos perceber as mudanças das necessidades da sociedade ao longo do tempo, comprovando novos paradigmas de uma cidade dinamicamente mutável, que precisa ser pensada nos moldes atuais de comportamento e tecnologia e não mais apenas se-guindo a tríade vitruviana, ou mesmo o pensamento corbusieriano.

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necessidades de cada um desses grupos emergentes, tendo como referência os estudos realizados pelo grupo núcleo de estudos de Habitares interativos (nomads) do instituto de arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (iaU-USP).

a estrutura da edificação é feita no sistema de construção seca steel frame (figura 17), com a colocação de placas cimentícias para revestimento. a edifi-cação segue a modulação das dimensões das placas já existentes no mercado, pois, dessa forma, estaríamos otimizando os prazos e custos totais com a edifi-cação. no total, foram propostas 55 habitações, divididas em:

a) Solteiro/divorciado = 22, com 28,80 m² cada.b) deficiente físico = 6, com 34,60 m² cada.c) casal sem filhos = 14, com 34,80 m² cada.d) república/casal com filhos/idoso = 7, com 57,60 m² cada.e) Monoparental/casal com filhos = 6, com 60 m² cada.

figura 16 – disposição interna sugerida para cada uma das tipologias apresentadasFonte: autores, 2011.

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figura 17 – esquema do sistema construtivo em steel frame com a adição das placas cimen tíciasFonte: autores, 2011.

figura 18 – Proposta projetual das habitações coletivas sobre o viaduto inacabado e ciclo viaFonte: autores, 2011.

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a ligação entre os “pedaços” construídos do viaduto foi pensada através de passarelas de viga vierendeel, que teriam como piso e teto uma grelha metálica que permite a passagem tanto pelo interior da estrutura quanto por cima da mesma, onde também seriam criados espaços de contemplação e vertigem. a es-colha foi por causa da transparência permitida pela estrutura, já que o projeto deseja marcar os vazios estruturais. ao longo de todo o viaduto, exceto nas pas-sarelas, propomos uma ampliação da pista com a mesma grelha metálica utili-zada nas passarelas, para a implantação de uma ciclofaixa – de um dos lados – e de uma via para pedestres do outro lado, fortalecendo assim o conceito da len-tidão do tempo, de permanência, de observação.

Propusemos também dois parques, um em cada extremidade do pontilhão. Por possuir certa declividade, o parque seria implantado de modo escalonado, através de deques de madeira (figura 19), com bancos e vegetação, criando es-paços de convívio e de lazer, tentando resgatar as relações de vizinhança, de ami-zade, de coletividade. no cume de cada um desses parques, a proposta é a implantação de pequenos estabelecimentos comerciais (no total sete) para marcar a transição entre o espaço de lazer e as habitações. além, é claro, de fazer alusão à principal atividade econômica da cidade de Bauru.

figura 19 – Proposta projetual do parque sobre o viaduto inacabadoFonte: autores, 2011.

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Considerações finais

este projeto foi inicialmente pensado em sala de aula e, posteriormente, reela borado no naU para o concurso nacional de ideias para a reforma Ur-bana sobre o tema “a reforma urbana, o ordenamento territorial no Brasil e seus conflitos nos municípios de pequeno e médio porte” organizado por federação nacional dos estudantes de arquitetura (fenea)/encontro nacional de estu-dantes de arquitetura (enea) em 2011, é apenas uma proposição de infinitas ou-tras possibilidades que poderiam ser elaboradas para o local. Também foi apresentado no ii Seminário de História e Tecnologia da Habitação (Sehthab) – “Habitação no século XXi: sustentabilidade, experiências e tendências”, em Poços de caldas (MG), na Pontifícia Universidade católica de Minas Gerais (PUc-Minas). Sendo assim, o que vale ressaltar é a discussão acerca da cidade contemporânea, bem como o rumo das nossas cidades e de seus territórios dete-riorados. a mesma velocidade de informações e acontecimentos que conecta tudo, também pode destruir a singularidade dos indivíduos com os novos pre-textos da modernização. a história é necessária para que não se cometam os erros passados, portanto não deve ser apagada. nosso trabalho é o de olhar para dentro da cidade e para todas as suas “feridas” que ficaram expostas durante o processo de urbanização e crescimento, devendo estas ser parte das soluções nas propostas que o arquiteto e urbanista busca para a nossa realidade urbana, uma procura por alternativas possíveis, em uma constante ressignificação dos preceitos moder-nistas, e por possibilidades de intervir em áreas urbanas de modo diverso, sem criar uma “arquitetura do espetáculo”.

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3 30th CENTURY HOUSE –

HABITAÇÃO PRÉ-fABRICADA

EM CONCRETO ARMADO1

Prof. dr. Evandro Fiorin2

Diego Marangoni dos Santos3

o projeto para essa casa pré-fabricada pretende ser um pequeno fragmento do que poderá ser o mundo do terceiro milênio. Uma casa que deve ser compa-tível com o ser humano do futuro: consciente de suas ações e de suas implicações. o meio ambiente, qualquer que seja a escala observada, define quem somos, como agimos e como pensamos. É um fato e, portanto, imune a qualquer opinião sustentada por pontos de vista que não sejam científicos. É a epigenética.4

a casa pode ser, talvez, a menor escala em termos de meio ambiente e por si só desempenha enorme papel no comportamento humano, seja de maneira

1. 6o Prêmio nacional de Pré-fabricados de concreto – associação Brasileira de cimento Por-tland (aBcP).

2. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e coordenador do naU.

3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

4. “Um dos primeiros cientistas a sugerir que os hábitos de vida e o ambiente social em que uma pessoa está inserida poderiam modular o funcionamento de seus genes foi Moshe Szyf, pro-fessor de farmacologia e Terapêutica da Universidade McGill, no canadá. Szyf também foi pioneiro ao afirmar que essa programação do genoma – que ocorre por meio de processos bio-químicos batizados de mecanismos epigenéticos – seria um processo fisiológico, uma espécie de resposta adaptativa ao ambiente que começa ainda na vida uterina” (Toledo, 2013). disponível em <http://agencia.fapesp.br/16965>. acesso em 15/5/2013. os mecanismos epigenéticos envolvem modificações químicas do próprio dna e podem ser responsáveis por: permutação, bookmarking, imprinting genômico, silenciamento de genes, inativação do cromossomo X, posi-tion effect, reprogramação, transvecção, o progresso de carcinogênese, muitos efeitos de terató-genos, regulação das modificações de histona e heterocromatina, e limitações técnicas afetando partenogênese e clonagem.

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nega tiva, através da dificuldade de acessos e de organização dos espaços, do des-conforto térmico e acústico, que contribuem substancialmente para o aumento do estresse diário, ou de maneira positiva, facilitando os acessos e a organização dos espaços, proporcionando conforto térmico, gerando economia, através do uso de energia limpa, boa alimentação e garantindo o reuso de bens tão preciosos como a água. Também deve ser apta a se reorganizar para as nossas atividades mais diversas e em constante troca e adaptação com o seu entorno imediato.

Um ambiente livre das influências negativas, não importa em qual escala o observemos, contribui massivamente para esculpir e moldar nosso “reservatório gênico” da melhor maneira possível. Portanto, a nossa casa é também uma enti-dade educadora, que demanda determinadas atividades diárias que devem ser desempenhadas por nós e que, pouco a pouco, nos ensina a usar racionalmente os recursos naturais da Terra.

essa consciência e a tecnologia são os nossos meios para garantir que as pró-ximas gerações continuem a usufruir dos recursos naturais que ainda possuímos em abundância, para que consigam ter uma vida com ganhos de qualidade signi-ficativos.

Objetivos

o objetivo deste trabalho foi realizar um projeto composto por elementos pré-moldados de concreto para uma casa que fosse sustentável, especialmente para participar de um concurso nacional de arquitetura, o 6o Prêmio nacional de Pré-fabricados de concreto para estudantes de arquitetura promovido pelo iaB-SP e pela associação Brasileira de cimento Portland (aBcP).

Metodologia

Para a realização deste projeto foram estudados os sistemas estruturais em concreto armado especificados pelas bases do referido concurso e conceitos rela-tivos à sustentabilidade ambiental, ao meio social e à epigenética (Szif et al., 2008). como pressupostos, não imaginávamos a estrutura de concreto armado, sempre predeterminada em seus módulos, como um fator limitador da possibi-lidade de adaptabilidade dessa nova casa à vida das pessoas e às preocupações ambientais. assim, a estrutura passava a ser para o projeto uma espécie de “ca-deia” de “dna” onde deveríamos propor situações em aberto, passíveis de mu-dança, adaptabilidade e interação. espaços capazes de sofrer, também, os “efeitos

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colaterais” (campos et al., 2008) da ação humana. a elevação frontal conta com aberturas articuláveis que captam energia solar (figuras 20 e 25), as laterais da casa podem se abrir por completo no piso inferior, uma horta pode ser feita nos fundos da casa e, também, a laje superior servir como espaço para uma pequena plantação como meio de prover a subsistência humana, além de contar com cap-tação de água pluvial para reuso, coleta seletiva e uso de bicicleta como meio de transporte.

Resultados

a 30th century House foi pensada para ser inserida em lotes estreitos, neste caso 7,5 m × 22,5 m. Uma construção limpa. a residência foi projetada para abrigar uma pessoa solteira ou um casal, conta com espaços amplos e racional-mente integrados e contém os seguintes ambientes: espaços para plantar, comer, viver, higienizar, dormir, descansar e trabalhar, contabilizando 100,45 m². Há a possibilidade de uma tipologia acessível, onde a escada pode ser substituída por um elevador. os demais espaços da residência são amplos o bastante para atender as necessidades de um cadeirante.

figura 20 – elevação frontal 30th century HouseFonte: autores, 2011.

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figura 21 – elevação lateral 30th century HouseFonte: autores, 2011.

figura 22 – Plantas da 30th century HouseFonte: autores, 2011.

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figura 23 – corte longitudinal da 30th century HouseFonte: autores, 2011.

figura 24 – corte transversal da 30th century HouseFonte: autores, 2011.

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figura 25 – Perspectiva explodida da 30th century HouseFonte: autores, 2011.

Considerações finais

a realização do projeto desta residência foi uma oportunidade importante para desenvolver conceitos ligados à sustentabilidade ambiental, aliado a con-ceitos de uma nova vertente da Biologia, a epigenética, em um programa deter-minado por um sistema estrutural bastante fechado. apesar de o projeto enviado ao referido concurso não ter sido premiado, pudemos ter a oportunidade de desenvolver dispositivos de captação de energia limpa e subsistência familiar para um maior desempenho energético, que ainda não havíamos pensado ante-riormente.

Referências bibliográficas

caMPoS, a. et al. (org.). Espaços colaterais. Belo Horizonte: icc, 2008.SZif, M., McGoan, P., Meanei, M. J. The Social environment and the epige-

nome. Environ Mol Mutagen, 49(1), p.46-60, jan. 2008.ToLedo, K. Pioneiro da epigenética fala sobre relação entre ambiente e genoma.

Agência Fapesp. 2013. disponível em <http://agencia.fapesp.br/16965>. acesso em 15/5/2013.

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4 VILA DAS BANANEIRAS1

Prof. dr. Evandro Fiorin2

Marcelo Gonçalves Hasimoto3

Artur Felipe da Costa Rosa3

Emanuela Mayumi de Campos Komatsu Leite de Souza3

neste projeto vislumbramos a oportunidade da crítica ao modelo habita-cional de baixo custo no país. a maioria das experiências ligadas à habitação de interesse social no Brasil é resultado de um padrão que já deveria ter sido exau-rido, pois ignora as reais necessidades sociais, não levando em conta aspectos culturais e climáticos, caracterizando-se por uma tipologia monótona e segre-gacionista. além disso, a implantação dos conjuntos habitacionais em áreas periféricas das cidades gera problemas relacionados ao transporte público, aces-sibilidade urbana e abre caminho para a especulação imobiliária (Maricato, 1997a; 1997b). na proposta projetual que apresentamos propomos unidades habi tacionais dispostas em pequenas vilas, no centro da cidade, onde os mora-dores possam criar uma íntima relação de vizinhança e sejam interconectados por um pátio central que se abre para a rua. nessa disposição espacial buscamos proporcionar um lugar de encontro numa clara ligação com o contexto urbano existente. as casas não possuem um fechamento total, não existem muros, assim podem tornar o fluxo interior de cada módulo habitacional parte da vida do bairro. nesse âmbito, o coletivo e o privado se mesclam nesse projeto, criando um modo de viver dotado de experimentações não convencionais que se abrem à pluralidade.

1. Participação no Prêmio Bim.bon.2. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP e coordenador do naU.3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP.

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Objetivos

a preocupação com as relações socioespaciais é algo primordial nesta pro-posta. relações entre os usuários da vila e destes com a cidade. em um contexto onde os conjuntos habitacionais são marginalizados em função da distância dos centros urbanos e os muros se fazem cada vez mais presentes e imponentes em nossa sociedade (caldeira, 2000), entendemos a importância de diluir algumas dessas barreiras socioespaciais nesse projeto. nossa proposta não contempla cerca mentos e consideramos a possibilidade de lotes diferentes para a implan-tação da vila tendo em vista terrenos localizados em um centro urbano já conso-lidado. as áreas de vivência do conjunto trabalham como um elo entre a vila e a cidade, uma vez que a circulação é livre. a própria vila é altamente integrada, visto que os módulos residenciais são dispostos um de frente para o outro e entre eles há um pátio interno. imaginamos relações de vizinhança que fugiriam aos padrões, pois não se resumiriam a uma troca de olhares por entre um muro ou guarda-corpo (Hertzberger, 1999), ou numa conversa nas calçadas. esse pátio coletivo (figuras 26 e 27), para o qual as habitações são voltadas, poderia aguçar também as relações táteis, olfativas, visuais e auditivas, que ficariam mais agu-çadas, já que os usuários podem se “encontrar” a todo instante. incentivamos esses encontros e choques, pois entendemos que estes são de vital importância para a vida urbana.

Metodologia

Tendo em vista a necessidade de redução das dimensões dos espaços de mo-radia para o barateamento dos custos determinados pelo Prêmio Bim.bon, ao qual submetemos esse projeto no ano de 2013, criamos grandes áreas de convi-vência externa, estimulando encontros e trocas de informações. a cobertura das casas superiores e parte das inferiores também se torna área para convivência, estabelecida a partir de platôs vegetais e pisoteáveis (figura 30), que, além do caráter humano ligado à vivência desses espaços, ainda pode proporcionar al-gumas soluções para redução da temperatura interna das casas. a proposta foi pensada a partir de um lote em Presidente Prudente, cidade no interior do estado de São Paulo, porém, com a possibilidade de difusão de seus princípios pelo ter-ritório brasileiro.

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Resultados

Buscamos aliar as questões sustentáveis a sistemas construtivos não muito habituais. estruturas simples de pórticos de aço sustentam toda a residência de forma racional e garantem uma construção mais rápida pela industrialização de seu feitio. o sistema estrutural ampara os fechamentos leves (figuras 26 e 27), que promovem certa privacidade à habitação.

figura 26 – Pátio e espaços internos integrados, vila das BananeirasFonte: autores, 2013.

figura 27 – espaços comuns da habitação, vila das BananeirasFonte: autores, 2013.

Um aspecto pouco considerado nos conjuntos habitacionais para habitação de interesse social é a ampliação do núcleo familiar. no projeto proposto, essas áreas de expansão podem comportar mais cômodos extras, módulos que seguem

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o padrão estabelecido pela residência já existente – podendo variar no compri-mento conforme a necessidade da família em questão. essas alterações na resi-dência se darão sem uma forma de controle, variando desde o material até o layout (com uma única imposição em relação à largura). entendemos essa con-dição como algo positivo, um configurador de identidade dessa comunidade.

com o intuito de relacionar o projeto com o entorno urbano consolidado, nossa proposta é passível de instalar-se em grande parte dos lotes que confi-guram a malha urbana. a ideia é que os módulos possam ser dispostos das mais diversas maneiras, conforme o lote escolhido exija. esse processo é, também, possibilitado pela estrutura de aço, que trabalha como um exoesqueleto dos mó-dulos residenciais. no instante em que a estrutura se instala no terreno, o módu lo pode encaixar-se de uma maneira harmoniosa. a inexistência de muros demanda uma relação aberta com o entorno e pode garantir uma espacialização que se adapta às condições do lugar.

nesse projeto, uma questão a ser discutida são os sistemas de captação e tra-ta mento de esgoto existentes nas nossas cidades, os quais promovem o desequilí-brio no bom desenvolvimento urbano, além de graves problemas socioambientais. diante dessa problemática, que nos aflige, decidimos utilizar alguns dispositivos oriundos da permacultura, os quais podem ser bastante úteis: as bacias de evapo-transpiração e os círculos de bananeira (figuras 28 e 29), para tratar as águas cinza (pias, tanques e chuveiros).

figura 28 – espaços de inter-relação entre as edificações, círculo de bananeiras, vila das BananeirasFonte: autores, 2013.

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figura 29 – esquema do sistema de permacultura para o tratamento das águas cinza, vila das BananeirasFonte: autores, 2013.

além de ser funcional, esse tipo de sistema criará uma área verde de convi-vência entre os moradores com um eficiente índice de conforto térmico, já que se forma uma área bastante úmida devido à transpiração da vegetação. assim, o seu baixo custo de instalação e manutenção proporcionará a aplicação comunitária desses sistemas e a não utilização de produtos químicos.

figura 30 – Platôs vegetais e pisoteáveis, vila das BananeirasFonte: autores, 2013.

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figura 31 – cobertura, vila das Bananeiras, detalhe da passarelaFonte: autores, 2013.

figura 32 – Perspectiva explodida, vila das BananeirasFonte: autores, 2013.

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figura 33 – esquema construtivo, vila das BananeirasFonte: autores, 2013.

Considerações finais

com o projeto desenvolvido, tentamos apontar possibilidades de criar uni-dades habitacionais inseridas no meio urbano com qualidades socioambientais, com sistemas construtivos racionais e meios técnicos mais acessíveis, principal-mente no intuito de tentar melhorar o modo de viver e ocupar a cidade. nessa proposta não há um público-alvo específico, já que foi enviada para um concurso de arquitetura com demandas próprias, no sentido de fomentar novas ideias para uma possível futura aplicação à sociedade. o referido projeto não foi pre-miado e segue sendo uma tentativa de esboçar algumas possibilidades espaciais para uma área ainda tão carente de efetivas transformações que é o da habitação de interesse social no Brasil.

Referências bibliográficas

caLdeira, T. P. r. Cidade dos muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: editora 34, 2000.

cÍrcULo de Bananeiras. SeteLombas. disponível em <http://www.setelombas.com.br/2006/10/circulo-de-bananeiras/>. acesso em 17/2/2013.

HerTZBerGer, H. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins fontes, 1999.MaricaTo, e. Brasil 2000: qual planejamento urbano? Cadernos IPPUR (Rio de

Janeiro), ano Xi, n.1 e 2, p.113-30, 1997a._____. Habitação e cidade. 3.ed. São Paulo: atual, 1997b.

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PARTE II PROJETOS INSTITUCIONAIS

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5 UM ANTEPROJETO COM IDEIAS DE

SUSTENTABILIDADE:

O EDIfÍCIO DOS ATELIÊS DO CURSO DE

ARQUITETURA E URBANISMO DA UNESP/

CAMPUS PRESIDENTE PRUDENTE (SP)

Prof. dr. Evandro Fiorin1

Prof. dr. Fernando Sérgio Okimoto2

Prof. dr. Hélio Hirao2

Profa dra Cristina Maria Perissinotto Baron2

Diego Marangoni dos Santos3

Evidio Lucas Minzone3

Gustavo Favaretto Martinez3

Marcella Silva Fratantônio3

Mariana Garcia Junqueira3

Nathália Maule Brigido3

Victor Martins de Aguiar3

o anteprojeto para a central de Salas de aulas vii que abriga os ateliês do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP/campus de Presidente Prudente foi elaborado por uma equipe inter-disciplinar, formada por arquitetos, engenheiros e discentes do curso de arquitetura e Urbanismo, junto ao núcleo de Projetos arquitetônicos e Ur-banos da mesma unidade. o projeto consistiu em um exercício projetual de cará ter extensivo, mas que pleiteia para si, também, um teor de pesquisa, sobre-

1. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e coordenador do naU.

2. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

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tudo pela busca de ideias de sustentabilidade a serem trabalhadas na construção da universidade. o seu desenvolvimento se deu em duas etapas. a primeira aconteceu em 2010 e será apresentada aqui, explicitando os objetivos e metodo-logia adotada. a segunda parte deste trabalho projetual foi realizada no ano de 2011 e consistiu na lapidação do anteprojeto ora apresentado, também desen-volvido pelo naU, com a finalidade de encaminhamento para licitação de pro-jeto executivo, que foi contratado e será construído nos próximos anos, com modificações.

Objetivos

o objetivo da realização desse anteprojeto arquitetônico, urbanístico e pai-sagístico para um novo bloco de salas de aula do discente vii era o de colaborar com novas ideias no âmbito do edifício, da ocupação do entorno e da paisagem da UneSP/campus Presidente Prudente e, nesse sentido, o público-alvo seria a própria comunidade acadêmica. Também buscávamos contribuir com algumas alternativas construtivas em variadas escalas de intervenção, as quais pudessem informar novos projetos desenvolvidos pela UneSP como um todo.

Metodologia

Implantação, história, memória e imaginário

a escolha do local para a central de Salas de aulas vii busca suas diretrizes de implantação no primeiro Plano diretor de ocupação Territorial da unidade. a edificação abrigará, além dos ateliês do curso de arquitetura e Urbanismo, salas de aulas para os demais cursos – doze ao todo –, e um espaço de apoio às edifi-cações discentes do entorno, proporcionando o encontro entre os graduandos dos diversos cursos, bem como aos visitantes do centro de Museologia e arqueologia (cemaarq).

a existência de um eixo estruturador, a partir da edificação da diretoria da faculdade, cruza a gleba principal do campus e serve como ponto de partida da proposta do grupo de professores e alunos. apesar das transformações es-paciais da unidade, ao longo dos anos, com a anexação de terrenos do entorno, construção de uma série de edificações e equipamentos para atender o cresci-mento da faculdade de ciências e Tecnologia, a proeminência histórica desse eixo marcante é reconhecida. dessa maneira, a sua função de caminho de

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pedestres é valorizada, bem como outras preexistências do lugar, que servem como referências para a ação projetual.

nesse sentido, consideramos o Zoneamento funcional do campus levando em conta o agrupamento dos blocos de salas de aulas iv, v e vi, conformando um sistema que tenta articular todos esses edifícios através de praças de convívio. a proximidade com o centro de Museologia e arqueologia (cemaarq) favorece a diversidade de usos compatíveis pelos inúmeros visitantes que recebe todos os meses e busca estabelecer um vínculo com a memória da cidade e da região, em virtude desse acervo. Sobre o referido museu, uma caixa d’água, ainda por ter-minar, a qual deveria ter servido como mirante, contém um potencial de refe-rencial formal dentro do campus Presidente Prudente, especialmente pela sua verticalidade; por esse motivo, é respeitada, na opção pela horizontalidade do projeto.

os caminhos e as linhas do desejo existentes no sítio também foram conside-rados no “desenho” da central de Salas de aula vii. nesse caso, todos foram mantidos tangenciando e cruzando o edifício, buscando dar qualidades espaciais para a implantação ao respeitar os valores afetivos das pessoas que percorrem o lugar, numa maneira de revelar não apenas uma “imagem” dessa paisagem, mas, fundamentalmente, seu “imaginário”.

assim, a concepção projetual trabalha tanto os espaços construídos como os não construídos, levando em conta o uso e a apropriação socioespacial existente, como a proposição de novas perspectivas de vivências e sensações a serem absor-vidas pelos seus usuários. considera, portanto, a história, a memória e o imagi-nário social para definir os novos “desígnios” desse espaço (figura 34).

nesse sentido, ao pensarmos o projeto de integração de uma praça já exis-tente às outras duas projetadas, além da grande praça parcialmente coberta no térreo do edifício proposto, fortalecemos a relação entre os espaços naturais e construídos configurando ambientes que visam ao melhor aproveitamento das áreas disponíveis, para que estas possam ser facilitadoras de sociabilidade. Por-tanto, reforçamos os usos habituais e as apropriações socioespaciais desse campus multidisciplinar, fazendo com que novos ambientes surjam e, então, estudantes de diversos cursos possam utilizar os mesmos espaços garantindo a riqueza dos encontros, a diversidade e o acaso.

assim, os percursos e a permanência nesse lugar favorecem a percepção da heterogeneidade da Paisagem natural e construída (cullen, 1987; ashihara, 1982; Prinz, 1984), proporcionando visuais ao usuário, em função de ambientes específicos, carregados de expressão, lembranças e significados.

de tal modo, na proposta concebida, os vários tempos estão registrados nas intervenções espaciais que caracterizam e reforçam as identidades (Lynch, 2006)

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locais. da mesma forma, as forças do lugar (Baker, 1998), com sua sutil topo-grafia, insolação e paisagem natural passam a ser consideradas no processo das tomadas de decisões projetuais, podendo levar as pessoas, de simples usuários a protagonistas desse contexto.

figura 34 – Campus da UneSP – Presidente Prudente: o eixo (vermelho), as praças de convívio (azul), a central de Salas de aula vii (verde) e o cemaarq (amarelo)Fonte: autores, 2010.

diante disso, as ideias do projeto paisagístico (figura 35) aproveitam os ele-mentos naturais existentes, acrescentando outros com o objetivo de identificar espaços abertos e garantir ambiências que favoreçam o convívio de todas as pes-soas. os caminhos possuem vegetações características que marcam o trajeto com agrupamento de plantas frutíferas e arbustos com determinada coloração.

nessa proposta, a grande praça parcialmente coberta da central de Salas de aula vii (figura 36), funciona como polo articulador dos vários percursos; inter conecta os possíveis caminhos – o eixo estruturador –, além dos outros edi-fícios construídos em várias épocas. assim, as palmeiras, as árvores, os arbustos e as forrações são estrategicamente pensados para valorizar a diversidade: no uso de diferentes espécies, cores e aromas. Trajetos multifacetados, entrelaçados pela paisagem natural e construída.

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figura 35 – os caminhos interligando as praças, identidades com plantas frutíferas e arbus tosFonte: autores, 2010.

figura 36 – a praça da central de Salas de aula vii, o edifício, os espaços abertos e de encontro e o paisagismoFonte: autores, 2010.

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O edifício: heranças arquitetônicas e a construção do lugar

o projeto da grande praça parcialmente coberta da central de Salas de aula vii deve ser entendido como marco zero da proposta projetual que se esboça. Um polo articulador dos vários percursos da comunidade acadêmica ou da-queles estudantes de escolas da cidade e região que visitam mensalmente o museu. nesse sentido, busca conformar uma grande cobertura para abrigar os alunos e visitantes como continuidade dos espaços externos. o espelho d’água que a inter penetra reforça esse sentido. Parte da praça está sob o edifício e a outra recebe sol. nesse caso, projetamos um espaço sombreado/ensolarado, configurado também por uma escadaria-rampa em uma de suas laterais, onde os alunos e visitantes podem se sentar, conversar, ou assistir a um acontecimento inesperado. Tal proposição abre caminho para que a rampa não seja apenas um lugar de passagem e o grande vão livre ganhe um sentido contemporâneo que, em vez de um espaço ocioso, proporcione possibilidades, permitindo, assim, a “imprevisibilidade dos usos” (ferrara, 2000; Hertzberger, 1999); ver figura 37.

figura 37 – o edifício e a grande praça parcialmente coberta, vista da escadaria-rampaFonte: autores, 2010.

assim, a grande praça parcialmente coberta deve ser lida como um espaço de encontros, onde podem acontecer vários dos eventos do campus. nesse caso, buscamos construir a praça aberta e parcialmente coberta, como um projeto ten-tacular que impele a uma convivência espacial nova, mais solta e menos condi-cionada aos “limites da arquitetura”, justamente por se interconectar com os diversos passeios, pensando nas possibilidades de mediação e integração com a paisagem natural e construída da universidade do interior de São Paulo.

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na parte superior da central de Salas de aula vii, os ventos predominantes, vindos do sudeste em Presidente Prudente, preconizaram a disposição espacial do novo edifício em paralelo ao eixo estruturador do campus. nesse sentido, grandes panos de vidro se abrem para essa face, enquanto na elevação noroeste é projetada uma grande varanda protegida por brises (figura 38). esse dispositivo de controle da incidência de raios solares reticula a fachada sob a vontade de constituir um enorme muxarabi contemporâneo que faz referência à história da arquitetura colonial e moderna brasileira e à tradição do emprego de brises no primeiro bloco de salas de aula construído na unidade. além disso, também abre possibilidades para que, em virtude do uso desse sistema estrutural, o edifício não seja visto como uma grande massa de concreto. essa preocupação tenta reler o paradigma da chamada arquitetura paulista: de caixa opaca que repele a ci-dade à proposta de uma estrutura que se pretende porosa, assimilando as carac-terísticas climáticas da região.

dessa maneira, a grande varanda suspensa na elevação noroeste, tal como a grande praça, se projeta como espaço de encontros, ponto de parada e exposição de trabalhos. Levando em conta as lições dos mestres paulistas, recebe um grande banco longilíneo rente ao parapeito dos brises. nele, os passantes podem se sentar, conversar ou apreciar as pranchas de projetos realizados nas disciplinas do curso de arquitetura e Urbanismo a serem expostas nas paredes externas das salas de aula. Uma promenade que pode ser capaz de mostrar uma parte da pro-dução da escola, enquanto enquadra a paisagem exterior pelos rasgos proposital-mente abertos nos painéis de brises.

figura 38 – a varanda do pavimento superior e os brisesFonte: autores, 2010.

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diante disso, o privilégio dos espaços aerados e a proteção do edifício pelos “painéis leves” dos brises são parte do empenho de uma interpretação da nossa realidade social, econômica e ambiental.

desse ponto de vista, são fontes de nosso interesse algumas soluções encon-tradas em projetos do Grupo arquitetura nova, a maior adaptação do projeto à realidade que nos cerca, a exemplo dos trabalhos de Zanine caldas e Severiano Porto, e o aprendizado com as obras do arquiteto João filgueiras Lima, já que se mostraram muito criativas, levando em conta as nossas atuais possibilidades ma-teriais e construtivas. contudo, sem que todas estas se transformem em modelos a serem reproduzidos.

Resultados

nesse processo projetual primamos pela responsabilidade na concepção do ambiente construído. Todas as propostas foram discutidas no contexto global e não apenas per si, crítica comum às buscas, quase frenéticas, por itens de redução do consumo energético, por pontos para certificações que, por vezes, não trazem reais benefícios. desse ponto de vista foram analisadas e consideradas as dimen-sões culturais, sociais, políticas, econômicas e ambientais para a viabilidade da execução do projeto (edwards, 2004).

além dos elementos já mencionados anteriormente – que demonstram a preocupação com as questões do lugar e com os valores locais já estabelecidos –, buscou-se resgatar o uso integral e intenso do espaço universitário. Uma di-mensão em que os usuários possam buscar a informação e a formação através da convivência, da vizinhança, das manifestações e da participação. Suas praças, caminhos e espaços internos serão utilizados por toda a comunidade acadêmica e visitantes, visto que, atualmente, existe tal carência. do ponto de vista do espaço interno, o projeto propõe salas de estudos coletivos abertas e ocupadas 24 horas por dia. admite as questões contemporâneas relativas à segurança dos usuários ou ao patrimônio público, porém não reduz as potencialidades do projeto em vir-tude disso.

o edifício segue o plano político da unidade ao se aproximar dos demais blocos de salas de aulas, organizando os usos destes e do restaurante universi-tário, atualmente em construção nas cercanias. além disso, não se distancia dos espaços de pesquisa e extensão universitária, tão presentes nas universidades pú-blicas e tão necessárias no processo da formação. entretanto, apesar de con-templar alguns parâmetros para o melhor desempenho de uma edificação, a experiência projetual não supõe a obtenção de uma certificação, mas, sobretudo,

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uma postura político-crítica sobre a questão, nas tomadas de decisão responsá-veis pela concepção do ambiente construído.

É importante compreender as limitações econômicas que a universidade tem. a faculdade de ciências e Tecnologia de Presidente Prudente, com 52 anos de existência, passou, em 2003, de cinco cursos para doze e essa ampliação acon-teceu em toda a instituição. esse fato promoveu demandas por infraestrutura humana e física para além dos limites dos cofres da instituição, fazendo com que as limitações econômicas sejam ainda mais proeminentes. assim, optou-se por uma materialidade e técnicas construtivas simples e correntes, desde que não promovessem deficiências ou baixa qualidade arquitetônica (figura 39).

figura 39 – elevação noroeste, sistema estrutural, brisesFonte: autores, 2010.

o sistema estrutural convencional em pilares, vigas e lajes de concreto ar-mado facilita a contratação do serviço no mercado da construção civil que tem atuado na unidade. o mesmo pode ser dito do fechamento em blocos de concreto celular, cada vez mais difundido, ao mesmo tempo em que promove vedações de elevado isolamento térmico e acústico, mesmo com a proposta de revestimento tradicional de cimento e areia. a orientação da implantação, os ventos predomi-nantes, as aberturas propostas, a cobertura, os brises e a circulação a noroeste promovem um invólucro para esse sistema estrutural e de vedação que acondi-ciona as ambiências internas.

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de acordo com o instituto nacional de Meteorologia, o município de Presi-dente Prudente registrou a maior média de temperatura em São Paulo no verão de 2011: 31 graus. Por mais eficiente que o sistema de ventilação e isolamento térmico seja, seria difícil não planejar o uso de um sistema predial de condiciona-mento de ar para os dias quentes. assim, a proposta prevê a utilização de um sistema de condicionamento térmico regulado pela geotermia; isto é, uma venti-lação forçada por um sistema de serpentina a 3 metros de profundidade resfriará o ar injetado nos ambientes internos da edificação, sabendo-se que a tempera-tura do solo nessa profundidade varia de 14°c a 18°c. a praça principal pro-posta como articuladora dos edifícios e espaço de convivência terá, ao longo dos caminhos, nichos de estar com espelhos d’água que servirão tanto como regula-dores do microclima local quanto como dissipadores de calor nas tomadas de ar para a ventilação geotérmica (figura 40).

figura 40 – espelhos d’água/geotermia: captação e traçadoFonte: autores, 2010.

a cobertura, com aproximadamente 2 mil metros quadrados, poderá ser uti-lizada para a captação e drenagem das águas pluviais e direcionada para o arma-zenamento e posterior reaproveitamento em demandas da própria edificação e das praças lindeiras. Uma parte dessa área foi destinada para a instalação de pai-néis fotovoltaicos para a geração de energia elétrica suficiente para os usos de iluminação noturna, de emergência e de segurança.

em relação à circulação, para a pavimentação necessária foi proposto o uso de pisos intertravados de alta permeabilidade e, nos bolsões, pisos vazados, como os concregramas. estão previstos os pisos direcionais e de alerta para portadores

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de deficiências visuais, bem como elementos para a promoção de acessibilidade e mobilidade universais, como o elevador acessível, as dimensões dos ambientes e as texturas de pisos adequadas.

as redes físicas e lógicas da edificação deverão ser projetadas segundo os mais atuais padrões de eficiência, por exemplo, as instalações elétricas eficientes que separam iluminação de circulação geral e de trabalhos individuais e não aquelas que ficam totalmente ligadas, mesmo com poucos usuários. nesses termos, prevê-se uma eficiência energética que minimizará o impacto da edifi-cação no microclima local e custeio geral da unidade no que se refere ao consumo de energia elétrica.

Considerações finais

a presente proposta projetual foi apresentada em 2010 à diretoria da uni-dade de Presidente Prudente e encaminhada aos órgãos competentes da univer-sidade em 2011. nesse mesmo ano, foi cadastrada como atividade de extensão para análise do mérito. dessa forma, buscamos fomentar o debate para que as futuras edificações das 24 unidades da Universidade estadual Paulista “Júlio de Mesquita filho” sejam pautadas pelas condições climáticas e tradições locais de cada um dos campi espalhados por cidades do estado de São Paulo.

em se tratando de um anteprojeto, essa proposta projetual ainda carece da mensuração de sua real contribuição à comunidade acadêmica, a ser avaliada em pesquisa de pós-ocupação do edifício construído. entretanto, os resultados con-seguidos na formalização de um anteprojeto puderam ser finalizados, foram apresentados na iii Bienal de Sustentabilidade José Lutzemberger, em vitória (eS), nas dependências da Universidade federal do espírito Santo (Ufes), e, em uma etapa posterior, desenvolvidos, licitados e contratados na forma de um pro-jeto executivo, dentro de um cronograma que diz respeito ao programa de novos edifícios da instituição.

Referências bibliográficas

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72 EvANDRo FIoRIN

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6 ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO

DO CENTRO DE VISITANTES DO

PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO EM

TEODORO SAMPAIO (SP)

Prof. dr. Evandro Fiorin1

Diego Marangoni dos Santos2

a realização deste trabalho se propôs a pensar um anteprojeto arquitetônico de caráter sustentável e inovador destinado à sede do Parque estadual Morro do diabo, na cidade de Teodoro Sampaio, no extremo oeste do interior do estado de São Paulo. o departamento de Planejamento, Urbanismo e ambiente da fa-culdade de ciências e Tecnologia da UneSP/campus Presidente Prudente foi contatado pelo Ministério Público estadual para elaborar uma proposta proje-tual para a construção desse novo edifício, a ser financiado pela receita de multas ambientais aplicadas. dessa forma, o núcleo de Projetos arquitetônicos e Ur-banos da UneSP/campus Presidente Prudente foi incumbido de tal tarefa.

Objetivos

realização de um anteprojeto arquitetônico de caráter sustentável e ino-vador, cujo programa contemplasse: auditório com capacidade para 250 pes-soas; galerias para um museu natural interativo; sala de projeção 3d; sala para práticas de ciências aplicadas e didáticas especiais; biblioteca; hall de expo sições; copa/cozinha; sanitários; almoxarifado e administração, para o Parque estadual

1. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e coordenador do naU.

2. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

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Morro do diabo, na cidade de Teodoro Sampaio. este anteprojeto é uma res-posta projetual a uma demanda requerida pela administração do referido parque, de modo a acomodar e receber seus visitantes de forma mais adequada.

Metodologia

nesse sentido, foi cadastrado um projeto de extensão na Pró-reitoria de exten são da UneSP, de maneira que pudéssemos dar cabo de toda a sua reali-zação. aprovada a proposta pela universidade, visitamos o local, quando ti-vemos a oportunidade, nos levantamentos de campo, de sermos apresentados à beleza natural da região, com suas exuberantes fauna e flora. experimentamos a caminhada em trilhas educativas existentes no parque e conhecemos a clareira onde seria erguido o novo centro de visitantes. na ocasião, pudemos perceber um grupo de escolares visitando o parque. imaginamos que esse seja um dos públicos-alvo na proposição desse projeto e, dessa forma, um caráter educativo deveria ser explicitado desde os elementos construtivos até o que fosse exposto. Por isso, primamos pela “honestidade” dos materiais construtivos, de tal sorte que estes ficassem à mostra, bem como pela adoção de sistemas de aproveita-mento dos recursos naturais existentes na região, e que estes tivessem seu funcio-namento facilmente desvendado e, assim, pudessem demonstrar o uso extensivo da ventilação cruzada, a iluminação natural, o aproveitamento da água da chuva, a geração de energia a partir da captação da luz solar, dentre outras questões. diante dessas preocupações, elaboramos um anteprojeto que tivesse como fina-lidade educar e pudesse se integrar à paisagem, em sua estética “aberta” (figura 41) e em suas tecnologias sustentáveis de construção.

Resultados

o resultado foi um anteprojeto em sintonia com o sítio, visto que: pode se manter como uma arquitetura porosa, em virtude da permeabilidade conse-guida por painéis móveis em suas elevações; visa recuperar em alguns espaços internos a vegetação do local como um continuum espacial; tende a se assentar em uma grande clareira do parque, que pode ser recomposta, em sua cobertura, como nova espacialidade dessa grande esplanada a céu aberto. nesse sentido, externamente, o anteprojeto prima em se constituir como uma continuidade do terreno em sua cobertura, internamente, pela presença do verde, e, lateralmente, pela busca de uma ligação com o exterior, através do uso de lâminas pivotantes,

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ESPAçoS PRoJEtADoS A PARtIR DA ExtENSão 75

que controlam a entrada de ventilação e luminosidade em toda a sua extensão. o anteprojeto também foi dotado de uma grande praça coberta por uma pérgola de placas fotovoltaicas e de alguns sistemas de captação da água da chuva, além de outras preocupações, tais como o emprego dos tijolos oriundos das olarias da região oeste do estado de São Paulo. Todas essas questões estão ligadas a uma ideia mais ampla de sustentabilidade, mediada pela simbiose do edifício com o lugar.

figura 41 – espelhos d’água da praça interna do centro de visitantesFonte: autores, 2012.

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Considerações finais

este anteprojeto arquitetônico para um centro de visitantes, apesar de ter sido desenvolvido mediante um projeto de extensão específico para sua reali-zação, utilizou as dependências do naU. foi uma experiência bastante rica, tendo em vista as visitas realizadas ao Parque estadual Morro do diabo e a reper cussão do referido projeto, publicado em um importante periódico especia-lizado on-line. o referido anteprojeto foi encaminhado à fundação florestal do estado de São Paulo, administradora do parque, para que apenas fizesse parte dos seus arquivos, já que a mesma declinou, durante o processo da assinatura do aditivo ao convênio que mantinha com a UneSP, o prosseguimento da reali-zação do anteprojeto que apresentamos aqui. nesse sentido, a finalização dessa proposta nos pareceu necessária para que pudéssemos, ao menos, terminar uma rica experiência de pesquisa projetual aplicada a uma futura possibilidade de ex-tensão à comunidade dessa arquitetura voltada à educação ambiental.

figura 43a – cortes transversais do centro de visitantesFonte: autores, 2012.

figura 42 – Plantas e cortes longitudinais do centro de visitantesFonte: autores, 2012.

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Considerações finais

este anteprojeto arquitetônico para um centro de visitantes, apesar de ter sido desenvolvido mediante um projeto de extensão específico para sua reali-zação, utilizou as dependências do naU. foi uma experiência bastante rica, tendo em vista as visitas realizadas ao Parque estadual Morro do diabo e a reper cussão do referido projeto, publicado em um importante periódico especia-lizado on-line. o referido anteprojeto foi encaminhado à fundação florestal do estado de São Paulo, administradora do parque, para que apenas fizesse parte dos seus arquivos, já que a mesma declinou, durante o processo da assinatura do aditivo ao convênio que mantinha com a UneSP, o prosseguimento da reali-zação do anteprojeto que apresentamos aqui. nesse sentido, a finalização dessa proposta nos pareceu necessária para que pudéssemos, ao menos, terminar uma rica experiência de pesquisa projetual aplicada a uma futura possibilidade de ex-tensão à comunidade dessa arquitetura voltada à educação ambiental.

figura 43a – cortes transversais do centro de visitantesFonte: autores, 2012.

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figura 43b – elevação Leste do centro de visitantesFonte: autores, 2012.

figura 44 – elevação oeste do centro de visitantesFonte: autores, 2012.

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ESPAçoS PRoJEtADoS A PARtIR DA ExtENSão 79

Referências bibliográficas

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7 ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DO SALÃO

DAS ALMAS, CAPELA E CLAUSTRO PARA A

CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS DA COPIOSA

REDENÇÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE (SP)

Prof. dr. Evandro Fiorin1

Isadora Campos de Oliveira2

Pedro Henrique Benatti2

a oportunidade de projetar uma instituição religiosa é uma tarefa ímpar para os profissionais arquitetos. desde a antiguidade, a concepção arquitetônica sempre esteve ligada à projetação do templo e do túmulo. as grandes catedrais são testemunhos desse período, também ícones do ressurgimento das cidades europeias e de uma revolução tecnológica na arquitetura, tal como os arcobo-tantes que possibilitaram as torres e grandes vitrais no período gótico e a lanterna e cúpula de Brunellesqui no renascimento (Gombrich, 1999, p.225; caramella, 1998). Também no Brasil, a arquitetura sacra barroca teve seu papel emble-mático na organização do espaço urbano de muitas cidades, especialmente as minei ras, sendo considerada patrimônio cultural da humanidade, por sua exube-rância e inventividade. no entanto, com o advento da modernidade, surgem novas demandas atreladas ao processo de industrialização. no pós-guerra eu-ropeu, a habitação de interesse social, “máquina de morar”, passa a ser um dos principais objetos de discussão para os saltos tecnológicos e as mudanças ur-gentes requeridas pelas cidades (Le corbusier, 2000; 2004). Mesmo assim, os grandes nomes da arquitetura moderna desse período não deixaram de dar sua contribuição para a arquitetura religiosa. Le corbusier, na capela de ron-

1. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e coordenador do naU.

2. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

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champ, concebe uma obra paradigmática de concreto, pontilhada por vitrais colo ridos, uma “máquina de emocionar” (Müller, 2005). Também oscar nie-meyer, na catedral de Brasília (niemeyer, 1993), consegue conciliar moderni-dade e tradição em um edifício magnífico de concreto armado e luz (ferrara, 2002, p.111). Uma combinação arquitetônica agudizada em muitos outros tra-balhos, como nos exemplos das capelas projetadas pelo arquiteto japonês Tadao ando (ando, 2003). essas são lições que servem de incentivo aos discentes e docentes envolvidos na concepção do anteprojeto para o Salão das almas, capela e claustro da congregação das irmãs da copiosa redenção em Presidente Pru-dente. no salão, um espaço religioso, de oração, principalmente, lugar de reu-nião do homem, na escala do “caminho humano” (Zevi, 1996, p.71). a luz descortina esse espaço de encontros que se abre quase por inteiro para uma grande esplanada, de onde é possível contemplar a cidade. a grande praça aberta é pontuada pela capela, lugar semipúblico, protegido pela marquise-passarela que delineia o processo de transição para o ambiente de reclusão das irmãs, o claustro iluminado pelo pátio central. em uma tradição secular dos antigos con-ventos brasileiros, essa abertura zenital agora distribui ambientes comunicantes nesse interior, onde as atuantes irmãs podem realizar suas atividades diárias de modo prático, assistir a filmes religiosos e enviar suas preces pela internet.

Objetivos

realização de um anteprojeto arquitetônico para um salão de celebrações, uma capela e o claustro para a congregação das irmãs da copiosa redenção em Presidente Prudente. este trabalho foi desenvolvido mediante demanda, pelo fato de a referida congregação ter recebido, como doação da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (SP), uma área próxima ao antigo instituto Brasileiro do café. o naU foi procurado pela congregação para realizar um anteprojeto para que fosse enviado e aprovado pela câmara Municipal de Presidente Prudente (SP). as irmãs da copiosa redenção vivem em uma casa tradicional na cidade e recebem, semanalmente, dezenas de pessoas da comunidade prudentina nas cele-brações que promovem.

Metodologia

o partido do projeto para a construção pavilhonar, destinada ao Salão das almas (figura 47), lugar de oração e de culto, se orienta no eixo leste-oeste.

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assim, a entrada é marcada pelo sol poente e o altar é demarcado por um pano de vidro que descortina o sol nascente. nesse sentido, a luz inunda o conjunto ritua-lizando uma arquitetura de linhas simples e que tem como preconização a eco-nomia de meios e o barateamento da construção. Uma passarela metálica une a construção pavilhonar, pontilhada nas laterais por 14 pequenas aberturas que representam a via crucis; a capela, que recebe luz zenital; e o claustro, espaço intros pectivo e de reclusão, inundado de luz por um pátio central. a concepção levou em conta as lições dos grandes mestres da arquitetura anteriormente ci-tados, tendo em vista o caráter comunitário da futura construção. nesse sentido, além de ritualizar algumas percepções dessa arquitetura, preocupamos-nos com os custos e a capacidade da referida congregação de angariar os recursos necessá-rios para que o projeto saia, de fato, do papel, já que o futuro edifício será concre-tizado por meio de doações.

Resultados

Tendo em vista a elaboração de um anteprojeto arquitetônico, acreditamos que o naU cumpre com sua destinação extensionista. Sem que o referido pro-jeto existisse, não seria possível conseguir doações para sua construção, nem a aprovação da construção pelos órgãos competentes. ao ter um anteprojeto nas mãos, a congregação das irmãs pode, efetivamente, pleitear recursos, advindos das mais variadas fontes, fiéis e admiradores da sua obra religiosa, que colabora para a recuperação social e familiar de dependentes químicos, atendendo a vários outros chamados como: cuidado de meninas em situação de risco, idosos, creche, pastoral, casa de retiros e evangelização através da pregação de retiros.

figura 45 – Plantas do 1o e 2o pavimentos/implantação da congregação das irmãs da copiosa redençãoFonte: autores, 2013.

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figura 46 – implantação da congregação das irmãs da copiosa redençãoFonte: autores, 2013.

figura 47 – Salão das almasFonte: autores, 2013.

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figura 48 – cortes e elevações da congregação das irmãs da copiosa redençãoFonte: autores, 2013.

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figura 49 – elevações da congregação das irmãs da copiosa redençãoFonte: autores, 2013.

Considerações finais

a experiência da pesquisa projetual se torna uma oportunidade de revisitar a luz na arquitetura, bem como a própria história de concepção de edifícios de cunho religioso. no âmbito da extensão universitária, a elaboração deste ante-projeto para uma organização sem fins lucrativos se apresenta como tentativa de dar conta das demandas reais que estão envolvidas no feitio de uma arquitetura que precisa ter custo reduzido, ser eficiente energeticamente no uso da luz, mas, ao mesmo tempo, de grande importância simbólica nas experiências do espaço construído para uma comunidade. ao que tudo indica, esse anteprojeto está ser-vindo ao fim que o originou. esperamos que possa ser construído e que traga benefícios tanto para as irmãs da congregação e fiéis como para a comunidade prudentina que é beneficiada pelas ações filantrópicas da copiosa redenção.

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Referências bibliográficas

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8 BIBLIOTECA MEDIATECA PÚBLICA EM

PRESIDENTE PRUDENTE1

Prof. dr. Evandro Fiorin2

Alex Daniel Ribeiro Pátaro3

Pedro Henrique Benatti3

Fabrizio Lucas Rosati3

Isadora Campos de Oliveira3

a estrada de ferro Sorocabana foi um dos principais elementos responsá-veis pela ocupação do oeste paulista, o que impulsionou o surgimento da cidade de Presidente Prudente (abreu, 1972). o núcleo original da cidade se desenhou ao redor da estação ferroviária, com suas praças, igrejas e edifícios represen-tativos, onde hoje é o centro principal. desse modo, a ocupação das terras privi-legiadas, do ponto de vista topográfico, poupou as áreas de fundo de vale e as várzeas alagáveis (arakaki, 2010). na década de 1970, ao mesmo tempo em que se observa a decadência do transporte ferroviário e, consequentemente, a obso-lescência do setor, assistimos a um intenso processo de expansão urbana e a adequa ção da cidade às necessidades de infraestrutura, somadas às ideias de moder nização e progresso que norteavam as ações do poder público das cidades médias do interior (Baron, 2011). nessa época, foram idealizados planos ur-banos, o que incluía a criação de um grande parque linear em uma dessas áreas de fundo de vale, ao longo do córrego do veado. Uma ação de melhoramento que originou o chamado Parque do Povo de Presidente Prudente – uma extensa área verde que permanece no coração da cidade, com quase três quilômetros de ex-tensão. notoriamente é o espaço público mais popular do município. numa cla-reira desse lugar utilizado como área de lazer por grande parte dos moradores

1. 6o concurso centro Brasileiro da construção em aço para estudantes de arquitetura (cBca).2. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP e coordenador do naU.3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP.

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90 EvANDRo FIoRIN

dessa cidade com aproximadamente 200 mil habitantes, escolhemos projetar a Biblioteca Mediateca Pública. Um edifício que se constrói como extensão ver-tical do parque e em uma espécie de simbiose entre o programa proposto e a pai-sagem prudentina. dessa maneira, a membrana arquitetônica que constitui todo o projeto é um componente estrutural que permite as trocas entre o interior e o exterior, mas também a construção de um sistema arquitetural biomimético, que assimila da natureza um aprendizado. este anteprojeto foi enviado ao 6o con-curso centro Brasileiro da construção em aço para estudantes de arquitetura (cBca).

Objetivos

o objetivo da realização deste anteprojeto de uma biblioteca mediateca no Parque do Povo, em Presidente Prudente, foi a participação no 6o concurso cBca de estudantes de arquitetura. o trabalho não foi premiado, mas se mos-trou um rico exercício projetual para os alunos bolsistas e voluntários envolvidos no naU.

Metodologia

a superestrutura de lâminas de aço entrecruzadas que projetamos é dotada de um átrio que permite criar várias aberturas e passagens de ar, podendo conse-guir uma diminuição do uso do ar-condicionado, através do fomento à venti-lação cruzada, propiciando um “efeito chaminé”. assim, a “ideia de conforto” (Schmid, 2005) permeia as reflexões sobre o ambiente construído que propu-semos. nesse sentido, as disposições espaciais buscam se estruturar de maneira solta no espaço interno, facilitando os acessos e a condução do vento, através dessa membrana ora entreaberta, ora protegida por chapas de aço corten. com esse intuito, o projeto dessa biblioteca mediateca tem como objetivos se produzir como um sistema arquitetônico (Montaner, 2009), um ecossistema arquitetural que, ao mesmo tempo, pode abrigar funções programáticas, bem características a um projeto edificado, e se construir como uma espécie de extensão da cidade na escala da paisagem – um espaço agradável, dotado de jardins internos e ex-ternos, microclima propício às atividades de leitura e de contemplação das áreas verdes, dentre outras possibilidades, a partir do parque suspenso presente em sua cobertura; uma espécie de compensação pela utilização do espaço da clareira existente que o edifício ocupa no Parque do Povo. Por esse motivo, a sua arqui-

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tetura busca como partido ser análoga a uma estrutura viva, um porífero. nesse caso, as lâminas de aço entrecruzadas, soldadas e/ou parafusadas, projetadas e construídas a partir de cortes precisos, apenas possíveis através dos novos sis-temas de fabricação digital (celani, 2008), conseguem criar aberturas sempre diversas e variáveis, permitindo, controlando e garantindo a porosidade do es-paço, para fazer com que o edifício “respire” e receba o máximo de iluminação natural. ao mesmo tempo, as células de captação da luz solar presas à mem-brana estrutural podem funcionar como pequenas estruturas mitocondriais para produzir energia. nessa proposição, alguns fundamentos arquitetônicos podem ser repensados à luz das novas tecnologias disponíveis, tanto do ponto de vista da otimização que está presente nos novos processos de elaboração de um pro-jeto como da construção de uma arquitetura paramétrica. nesse caso, o sistema estrutural não é pensado de maneira tradicional, já que não existem vigas e pi-lares, mas uma única malha de quadros rígidos – uma colmeia de aço, mais es-pessa junto aos nós para enrijecer a estrutura. Uma construção pré-fabricada, sem perdas; precisa, porque será produzida com medidas exatas e construída sob um esquema de montagem a seco, mais conciso.

Resultados

como se tratou de um concurso de ideias de arquitetura, não temos um pú-blico preciso a ser atingido. imaginávamos um projeto que pudesse servir como experiência. nos resultados obtidos, damos enfoque aqui ao volume do edifício e às possibilidades de modificação do mesmo, por decorrência do dia e da noite, (figuras 50 e 51).

figura 50 – Perspectiva noturna da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

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figura 51 – Perspectiva diurna da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

figura 52 – Planta térrea da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

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ESPAçoS PRoJEtADoS A PARtIR DA ExtENSão 93

figura 53 – Plantas do primeiro e segundo pavimentos da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

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figura 54 – Planta do terceiro pavimento, o Jardim, da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

figura 55 – corte radial da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

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ESPAçoS PRoJEtADoS A PARtIR DA ExtENSão 95

figura 56 – corte radial da Biblioteca Mediateca, com detalhe da rampa de acessoFonte: autores, 2013.

figura 57 – elevação leste da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

figura 58 – elevação norte da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

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figura 59 – elevação oeste da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

figura 60 – elevação sul da Biblioteca MediatecaFonte: autores, 2013.

Considerações finais

nessa proposta arquitetônica buscamos antever novas possibilidades para a arquitetura produzida no país: respeitando o contexto e o entorno, configurando um ambiente urbano que fosse mais agradável, sustentável e eficiente do ponto de vista energético, mas, principalmente, baseado na ideia de uma construção limpa, capaz de traduzir os anseios estético-construtivos do nosso tempo.

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Referências bibliográficas

aBreU, dióres Santos. Formação histórica de uma cidade pioneira paulista: Pre-sidente Prudente. faculdade de filosofia, ciências e Letras de Presidente Pru-dente, 1972.

araKaKi, elizabeth Mie. A paisagem e os trilhos no Oeste Paulista: o caso de Pre-sidente Prudente. São Paulo, 2010. Tese (doutorado) – faculdade de arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Baron, cristina Maria P. Habitação e cidade em Presidente Prudente. São carlos, 2011. 221f. Tese (doutorado em arquitetura) – escola de engenharia de São carlos – Universidade de São Paulo.

ceLani, G. Prototipagem rápida e fabricação digital para arquitetura e cons-trução: definições do estado da arte no Brasil. Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2008. disponível em <http://www.mackenzie.br/dhtm/seer/index.php/cpgau /article/viewfile/244/103>. acesso em 18/7/2013.

MonTaner, J. M. Sistemas arquitectónicos contemporáneos. Barcelona: G. Gili, 2009.

ScHMid, a. L. A ideia de conforto. curitiba: Pacto ambiental, 2005.

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PARTE III OUTROS PROJETOS

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9 FRESTAS URBANAS:

ESTRUTURA ARQUITETÔNICA/

ESCULTURA URBANA1

Prof. dr. Evandro Fiorin2

Gustavo Favaretto Martinez3

Bruno Celso Gobette Rodrigues3

Deivis Augusto Nachif Fernandes3

Marcelo Batista Pigioni3

Prof. dr. César Fabiano Fioriti4

este projeto foi previamente desenvolvido na disciplina introdução ao Pro-jeto do curso de arquitetura e Urbanismo da UneSP/campus Presidente Pruden te. o objetivo era o de conceituar as ideias de cheio/vazio, por meio da elaboração de uma estrutura arquitetônica a céu aberto. depois de pronta, a pro-posta se mostrou bastante adequada para participação no concurso esculturas Urbanas promovido pela Tetra Pak/Ministério da cultura, no ano de 2011. nesse sentido, o projeto foi reelaborado junto ao naU especialmente para parti-cipação no referido concurso.

Objetivo

desenvolvimento de um protótipo (inicialmente concebido com tapumes de madeira e erguido na UneSP/campus Presidente Prudente) a partir dos requi-

1. concurso esculturas Urbanas Tetra Pak – projeto selecionado e construído.2. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP e coordenador do naU.3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP.4. colaborador deste projeto e docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de

ciências e Tecnologia – UneSP.

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102 EvANDRo FIoRIN

sitos do edital do concurso esculturas Urbanas da Tetra Pak e criar uma escul-tura urbana usando placas de plástico e alumínio oriundas do processo de reciclagem das caixas longa vida que pudesse concorrer no referido concurso e pleitear ser construída na praça victor civita em São Paulo. nesse sentido, havia uma demanda pedagógica que foi incentivada a se transformar em um projeto de pesquisa passível de ser aplicado à realidade, uma escultura/estrutura que pu-desse ser exposta ao ar livre.

Metodologia

neste projeto, a produção oriunda da graduação migra para a pesquisa e na prática de trabalho do naU pôde se transformar em objeto que se estende à comu nidade. este projeto é resultado de uma inter-relação entre o ensino da gra-duação, a pesquisa e a extensão universitária em arquitetura e Urbanismo. no ensino de fundamentos de projetos, colabora para compreender as questões tec-tônicas, da arquitetura como estrutura (figura 61). na pesquisa, pleiteia por so-luções que possam operacionalizar aspectos estético-construtivos de um material reciclado, de aparência rude, mas com grande poder de minimizar os impactos ambientais quando passível de reutilização. e, na extensão, como escultura, que, independente de sua utilização, pode despertar a fruição do espectador no espaço de uma praça, por exemplo.

figura 61 – alunos com o protótipo da disciplina terminadoFonte: autores, 2010.

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Resultados

o projeto foi pré-selecionado entre os 15 classificados pela comissão organi-zadora da Tetra Pak, dentre 51 trabalhos recebidos de todo o país. o projeto exe-cutivo recebeu apoio de r$ 1.000,00 para ser viabilizado. o mesmo foi enviado e aguardou parecer final do júri. no dia 13 de junho, a premiação de Frestas ur-banas foi confirmada, os discentes autores do trabalho receberam r$ 3.000,00 e o projeto dos alunos foi construído e exposto na praça victor civita, em São Paulo, junto com outros 14 premiados.

Considerações finais

o desenvolvimento deste projeto em uma disciplina da graduação do curso de arquitetura e Urbanismo e, posteriormente, sua viabilização pela partici-pação e premiação em um concurso nacional pôde revelar uma experiência única, de entrelaçamento entre ensino, pesquisa e extensão. Um projeto que rendeu frutos e foi construído.

figura 62 – alunos e escultura construída na praça victor civitaFonte: autores, 2011.

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figura 63 – escultura urbana na praça victor civitaFonte: autores, 2011.

Referências bibliográficas

cindY, B., fiorin, e., MarTineZ, G. f. alunos terão projeto exposto em SP. O Imparcial. Presidente Prudente, p.6B, 29/4/2011.

MarTineZ, G. f., GoBeTTe, B., fernandeS, d., PiGioni, M. frestas urbanas. Folder da Exposição do Concurso Esculturas Urbanas. São Paulo: Minis-tério da cultura; Tetra Pak, 2011.

_____, GoBeTTe, B., fernandeS, d., PiGioni, M. frestas urbanas. Escul-turas Urbanas. exposição na praça victor civita em São Paulo, 4/8-2/10/2011. São Paulo: Ministério da cultura; Tetra Pak.

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PRÊMIO ALCOA

DE INOVAÇÃO EM ALUMÍNIO:

COBERTURA RETRÁTIL MULTIfUNCIONAL1

Prof. dr. Evandro Fiorin2

Alex Daniel Ribeiro Pátaro3

Luiz Gustavo da Silva Chagas3

Pedro Henrique Benatti3

este projeto foi realizado para participação no 11o Prêmio alcoa de inovação em alumínio, no ano de 2013. está preocupado com a melhoria do transporte e proteção das cargas nas rodovias, ferrovias e hidrovias do país, além da opção de garantir maior segurança aos materiais empregados na construção civil, dentre outras possibilidades. a cobertura retrátil multifuncional que propomos pode auxiliar na tarefa de um melhor acondicionamento de matérias-primas, da pro-dução agrícola e dos bens manufaturados a serem deslocados de um lugar para outro ou simplesmente estocados em local determinado. Uma estrutura articu-lada, feita de perfis de alumínio, aliada a um sistema móvel que se desloca em cima de trilhos, que poderão ser fixados nas laterais de caminhões, vagões de trem, balsas hidroviárias, canteiros de obras ou mesmo no solo, para atividades que necessitem de cobertura ou abrigo.

Um país de dimensões continentais como o Brasil ainda não desenvolveu de forma eficiente a logística do transporte de cargas pelos diversos tipos de modais. e também não dispõe de muitas alternativas de proteção para os inúmeros can-teiros de obras da construção civil, diante das novas construções para a copa do Mundo e para as olimpíadas, por exemplo. a proteção de cargas de diferentes

1. 1o lugar na categoria estudantes.2. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP e coordenador do naU.3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia –

UneSP.

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modais demanda muito tempo e esforço de múltiplas pessoas para acontecer, o que acarreta um incremento no valor final do produto. Materiais estocados sem devida cobertura nos compartimentos de carga de carrocerias de veículos, vagões de trem, balsas hidroviárias ou canteiros de obras ficam sujeitos a intempéries, ou seja, suscetíveis a danos.

Objetivos

Pensando nos casos emblemáticos citados anteriormente e diante da neces-sidade e das problemáticas existentes buscamos desenvolver o projeto de uma “cobertura retrátil multifuncional” como alternativa para uma maior segurança no transporte de mercadorias pelas rodovias, ferrovias e hidrovias, acoplando-a à carroceria de caminhões, vagões de carga e barcaças, bem como funcionando para proteger das intempéries os materiais de construção e a mão de obra do setor de engenharia e arquitetura brasileiros.

Metodologia

Uma nova resolução de no 441 do contran, que veio a complementar o artigo no 102 do cTB, determina que as cargas transportadas em rodovias no país sejam cuidadosamente protegidas. a cobertura retrátil multifuncional que projetamos pode vir a solucionar esse problema de forma prática, por ser leve, esteticamente bonita e funcionalmente adequada para o fim a que se destina, evitando que cada frete tenha que ser cuidadosamente embalado, já que o projeto que desenvol-vemos opera como se fosse uma capota conversível. além disso, os trabalhadores da construção civil estão sempre à mercê do tempo, sem ter um abrigo para se proteger da chuva. essa cobertura é portátil, servindo em muitos casos para ou-tros fins de proteção em diversas atividades ao ar livre.

a maior parte do projeto pode ser construída com peças já disponíveis no mercado, basicamente de perfis extrudados em alumínio, porcas, parafusos, ro-dinhas em poliuretano rolamentadas (figura 64). São sistemas já conhecidos, passíveis de produção em escala industrial e de funcionamento simples, por isso, o gasto com matéria-prima, mão de obra e investimento necessário tanto para pesquisa e desenvolvimento como para futura comercialização do produto pode ser considerado baixo. além disso, o produto, por simplificar a tarefa e otimizar o tempo de seus consumidores, traz lucro, aumenta a produção (por encurtar o tempo da tarefa) e reduz os possíveis riscos físicos para o trabalhador e os

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prejuízos causados por intempéries e perdas de mercadorias, tais como grãos, por exemplo.

Resultados

algumas aplicações dessa cobertura retrátil multifuncional podem ser aco-pladas em caminhões no transporte rodoviário, balsas no transporte hidroviário, vagões de trem no transporte ferroviário, proteção de materiais de construção em canteiros de obras, coberturas retráteis portáteis para diversos fins, como cam-panhas de vacinação ao ar livre. o projeto não foi efetivamente construído, mas apresenta um grande potencial de aplicação.

Considerações finais

o Projeto cobertura retrátil Multifuncional dos alunos alex daniel ri-beiro Pátaro, Luiz Gustavo da Silva chagas e Pedro Henrique Benatti, orien-tados pelo prof. dr. evandro fiorin do curso de arquitetura e Urbanismo da (UneSP/campus Presidente Prudente, venceu o 11o Prêmio alcoa de inovação em alumínio na categoria estudantes.

o evento de premiação aconteceu em São Paulo no innova convention center, no dia 23 de outubro de 2013 e contou com a presença do presidente da alcoa para américa Latina e caribe, franklin L. feder. entre os estudantes concorrentes estavam 17 estados participantes, 49 instituições de ensino, 22 cursos, entre eles, arquitetura e Urbanismo, Design, engenharia ambiental, engenharia de Produção, engenharia de Materiais, engenharia Mecânica, en-genharia Química e Pós-Graduação em Design.

o projeto vencedor do curso de arquitetura e Urbanismo da UneSP/campus Presidente Prudente concorreu com 221 estudantes e 88 projetos de todo o país. a equipe vencedora de Presidente Prudente recebeu um prêmio de r$ 15.000,00 para os estudantes e r$ 5.000,00 para o professor orientador, além de r$ 8.000,00 em materiais didáticos. esse prêmio, mais do que estímulo, de-monstra o empenho dos bolsistas e voluntários do naU pelos diversos projetos de que participamos ao longo dos últimos anos.

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figura 64 – vista explodida do sistema construtivo e vista lateral do sistema de rolamento da cobertura retrátil multifuncionalFonte: autores, 2013.

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figura 65 – as várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura retrátil sendo utilizada em canteiro de obrasFonte: autores, 2013.

figura 66 – as várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: utilidade em transportes ferroviáriosFonte: autores, 2013.

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figura 67 – as várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura sendo empregada em transportes hídricosFonte: autores, 2013.

figura 68 – as várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura retrátil multifuncional seria útil também em situações emergenciaisFonte: autores, 2013.

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figura 69 – as várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura retrátil sendo manipulada por carregador de caminhõesFonte: autores, 2013.

Referências bibliográficas

fiorin, e. et al. 11o Catálogo do Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio. São Paulo: alcoa, 2013.

_____. Projeto da UneSP vence Prêmio alcoa de inovação. Portal do Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de desenvolvimento econômico, ciência e Tec-nologia. São Paulo: Governo do estado de São Paulo, 2013.

_____. Projeto da UneSP vence Prêmio alcoa de inovação em alumínio. Portal UNESP. São Paulo: UneSP, 2013.

_____. Minuto Unesp217. Projeto da UneSP vence Prêmio alcoa de inovação em alumínio. São Paulo: UneSP, 2013.

MUrad, M. P. et al. Projetos para produção de água em regiões áridas e cobertura retrátil multifuncional são os campeões do 11o Prêmio alcoa de inovação em alumínio. Portal Alcoa. São Paulo: alcoa, 2013.

oLiveira, e. et al. cobertura retrátil multifuncional. Techne: Revista de Tecno-logia da Construção (São Paulo), v.200, p.1, 2013.

PaSTorini, a. et al. alunos da UneSP conquistam prêmio por projeto inovador. O Imparcial. Presidente Prudente, p.2b, 27/10/2013.

PaTire, d. et al. Projeto de cobertura leva Prêmio alcoa. Jornal UNESP. São Paulo, p.14, 1o/12/2013.

SiLveira, B. et al. cobertura retrátil multifuncional. O Imparcial. Presidente Pru-dente, p.6c, 30/10/2013.

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11 PROJETO DE PROGRAMAÇÃO VISUAL DA

CARRETA CULTURAL UNESP

Prof. dr. Evandro Fiorin1

Bruno Vinícius da Palma Novaes2

Pedro Henrique Benatti3

Victor Martins Aguiar3

durante a primeira metade de 2013 estivemos desenvolvendo uma proposta de programação visual para a carreta cultural UneSP para ser utilizada pela Pró-reitoria de extensão da Universidade e pelo instituto de artes da UneSP/campus São Paulo. esse veículo é um módulo difusor de diversas expressões artís ticas estruturado nos princípios da mobilidade e multifuncionalidade.

Objetivos

em um primeiro momento, o projeto de programação visual da carreta foi pensado para atender iniciativas culturais promovidas pela Pró-reitoria de ex-tensão Universitária da UneSP, o que seria de considerável repercussão, já que a instituição de ensino tem presença em 24 cidades do estado de São Paulo. Pos-teriormente, imaginamos que o veículo também pudesse atender as demandas artístico-culturais do instituto de artes da UneSP, de maneira que apresen-tações diferenciadas pudessem ser difundidas nesse caminhão itinerante, sem necessitar de acoplamentos.

1. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e coordenador do naU.

2. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e bolsista do naU.

3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

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Metodologia

inicialmente buscamos demarcar a identidade visual da UneSP na carreta de um caminhão já existente, de modo que os tradicionais triângulos da sua logo ganhassem cores diferentes, explorando as variações e combinações possíveis a partir do desenho original (Montenegro, 2004). outra possibilidade foi a de agregar imagens que fossem convencionais do mundo das artes à logomarca da UneSP (figuras 70 e 71). nas propostas de programação visual, ora o caminhão é imaginado na cor azul, fazendo alusão à própria cor da universidade, ora na cor branca, dando mais destaque ao desenho criado para a carreta (Pedrosa, 1982), ver figuras 72 e 73. diante da oportunidade de desenvolver o projeto de progra-mação visual do exterior do caminhão, também imaginamos como seria o inte-rior da carreta cultural lastreados na experiência de outro projeto já desenvolvido (Sousa, 2010). nesse sentido, pensamos que o interior deveria ser o mais bem aproveitado possível e que o baú do caminhão se abrisse. ideia que foi também entendida como uma maneira de aumentar a área útil que a carroceria poderia oferecer – algo de grande valia em caso de exposições –, também como uma forma de criar uma espécie de palco capaz de dar suporte às atividades teatrais, musicais ou cinematográficas (figura 74).

figura 70 – os triângulos coloridos da carreta cultural UneSPFonte: autores, 2013.

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figura 71 – imagens do mundo das artes da carreta cultural UneSPFonte: autores, 2013.

figura 72 – o caminhão azul e os triângulos coloridos na carreta cultural UneSPFonte: autores, 2013.

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figura 73 – o caminhão branco e os triângulos coloridos na carreta cultural UneSPFonte: autores, 2013.

figura 74 – Palco da carreta cultural UneSP abertaFonte: autores, 2013.

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ESPAçoS PRoJEtADoS A PARtIR DA ExtENSão 117

Resultados

os resultados contemplaram uma série de imagens em proposições que va-riam em tonalidades de cor e temáticas abordadas, levando em consideração princípios do design gráfico brasileiro (Melo, 2006; aguiar, 2006). o projeto de programação visual não foi executado, nem a ideia da carreta cultural. espe-ramos que tais propostas possam colaborar com a universidade no sentido de dar respostas a um público-alvo bastante diversificado nas várias cidades do in-terior paulista em que a UneSP se faz presente. nossa intenção foi a de contri-buir para atualizar a identidade visual da UneSP, partindo de uma leitura semiótica (ferrara, 1982) da logomarca da universidade, em proposições que fossem mais lúdicas, por se tratar de um projeto que pode agasalhar esse caráter.

Considerações finais

o projeto de programação visual da carreta cultural UneSP buscou con-templar outra vertente de trabalho do naU. Levando em conta, também, uma experiência adquirida em outros trabalhos de orientação na graduação, como o projeto que recebeu menção honrosa no 23o concurso nacional de Trabalhos finais de Graduação em arquitetura e Urbanismo opera Prima 2011, de auto ria do aluno carlos eduardo Soares de Sousa, com orientação do prof. dr. evandro fiorin, a proposta avançou no sentido da compreensão dos espaços do veículo automotivo.

Referências bibliográficas

aGUiar, J. B. c. da. Desenho gráfico. São Paulo: Senac, 2006. ferrara, L. d. Estratégia dos signos. São Paulo: Perspectiva, 1982.MeLo, c. H. de. (org.). O design gráfico brasileiro: anos 60. São Paulo: cosac naify,

2006. MonTeneGro, G. a. A invenção do projeto. São Paulo: edgard Blucher, 2004.PedroSa, i. Da cor à cor inexistente. Brasília: editora Universidade de Brasília,

1982.SoUSa, c. e. S. de. Arquitetura itinerante. Presidente Prudente, 2010. Trabalho de

conclusão (graduação em arquitetura e Urbanismo) – faculdade de ciência e Tecnologia – UneSP.

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12 PROJETOS DE MOBILIÁRIO

Prof. dr. Evandro Fiorin1

Bruno Vinícius da Palma Novaes2

Pedro Henrique Benatti3

ao longo de sua atividade, o naU não tem se preocupado somente com as escalas do edifício ou da cidade, mas também com os usuários dos espaços e seus desenhos interiores. nascem, assim, alguns projetos para mobiliário, como a participação no concurso para o Salão de design 2009 em Bento Gonçalves, no rio Grande do Sul. nessa oportunidade, participaram quatro equipes com pro-jetos de iluminação (prof. orientadores: alessandra Martins navarro, claude-milson dos Santos e cristina Maria P. Baron), e o projeto de um móvel de autoria da discente Luciana raunaimer foi selecionado entre os dez finalistas.

retomando essa tradição, no período que destacamos neste livro, vale res-saltar alguns desenhos de mobiliário feitos para o departamento de Planeja-mento, Urbanismo e ambiente da UneSP/campus Presidente Prudente e um móvel para o Salão das almas no anteprojeto arquitetônico para a sede da con-gregação das irmãs da copiosa redenção em Presidente Prudente (SP).

Objetivo

desenhos de mobiliário para o departamento de Planejamento, Urbanismo e ambiente da UneSP/campus Presidente Prudente e desenvolvimento de um

1. docente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e coordenador do naU.

2. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP e bolsista do naU.

3. discente do curso de arquitetura e Urbanismo da faculdade de ciências e Tecnologia – UneSP.

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móvel para o Salão das almas no anteprojeto arquitetônico para a sede da con-gregação das irmãs da copiosa redenção em Presidente Prudente. ambos os projetos foram solicitados, tanto por parte da unidade universitária quanto pela entidade filantrópica, e são fruto de uma demanda existente.

Metodologia

nosso processo de concepção das peças de mobiliário tende a levar em con-sideração, a princípio, os ensinamentos dos grandes mestres modernos do fun-cionalismo (Gropius, 1972), mas, também, uma pesquisa histórica sobre o design no século XX (fiel, 2001). essa retrospectiva crítica nos coloca diante da possibi-lidade de “mesclar” os preceitos do passado moderno com a nossa realidade (Moraes, 2006), em um processo de concepção que vai ganhando, aos poucos, a sua própria identidade. nesse âmbito, partimos de algumas indagações descritas no livro de Bruno Munari (1982) para iniciar o desenho de mobiliário para a nova sala de reuniões do departamento de Planejamento, Urbanismo e am-biente da UneSP/campus Presidente Prudente e para o Salão das almas da congregação das irmãs da copiosa redenção em Presidente Prudente.

o desenho da mesa da sala de reuniões foi composto por um conjunto de peças móveis concebidas de modo que pudessem ser arranjadas de diversas manei ras, experimentando novas formas de composição de cada módulo com função determinada e permitindo, assim, que os usuários obtivessem uma mesa multifuncional que atendesse às necessidades de cada ocasião. Basicamente, a mesa poderia ser disposta de nove maneiras diferentes, em um arranjo e rear-ranjo com inúmeras outras possibilidades (figura 75).

o móvel requerido pelas irmãs da copiosa redenção de Presidente Pru-dente busca praticidade e multiplicidade de funções. Seu objetivo principal é comportar livros e servir como estante expositora para venda de exemplares de cunho religioso. o diferencial desse projeto são as aberturas laterais, que, na ver-dade são banquetas retráteis, engenhosamente planejadas para não entrar em conflito com as prateleiras internas do móvel e para servir, também, como um local de leitura. o objeto foi pensado com o intuito de causar surpresa ao espec-tador/usuário, pois se trata de um volume monolítico (1,00m × 1,00m × 1,00m), todo branco. Tal serenidade é quebrada no momento em que o móvel se abre re-velando, então, um interior de cor vermelho vibrante (figura 78).

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Resultados

Tivemos como resultado do desenho de mobiliário para a sala de reuniões do departamento de Planejamento, Urbanismo e ambiente a proposta que apre-sentamos a seguir:

figura 75 – desenho de mobiliário para o departamento de Planejamento, Urbanismo e ambiente e suas várias configuraçõesFonte: autores, 2013.

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figura 76 – detalhamento (1) de mobiliário para o departamento de Planejamento, Urba nismo e ambienteFonte: autores, 2013.

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figura 77 – detalhamento (2) de mobiliário para o departamento de Planejamento, Urba nismo e ambienteFonte: autores, 2013.

nas figuras seguintes mostramos o projeto móvel para o Salão das almas da congregação das irmãs da copiosa redenção.

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figura 78 – Móvel para o Salão das almas da congregação das irmãs da copiosa re-denção de Presidente PrudenteFonte: autores, 2013.

figura 79 – configuração do móvel para o Salão das almas da congregação das irmãs da copiosa redenção de Presidente PrudenteFonte: autores, 2013.

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figura 80 – detalhamento do móvel (1) para o Salão das almas da congregação das irmãs da copiosa redenção de Presidente PrudenteFonte: autores, 2013.

figura 81 – detalhamento (2) do móvel para o Salão das almas da congregação das irmãs da copiosa redenção de Presidente PrudenteFonte: autores, 2013.

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figura 82 – o volume do móvel para o Salão das almas da congregação das irmãs da copiosa redenção de Presidente PrudenteFonte: autores, 2013.

Considerações finais

os projetos de mobiliário desenvolvidos pelo naU tiveram como pressu-postos a preocupação com a flexibilidade dos espaços. nos dois casos apresen-tados, essa tendência é bastante clara, no modo como os módulos podem se intercambiar e formar novas espacializações. essa preocupação tenta refutar al-gumas imposições do desenho do passado moderno mesclando-o com a nossa realidade, podendo trazer uma maior liberdade ao usuário. até agora, os projetos de mobiliário desenvolvidos não foram realizados.

Referências bibliográficas

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SOBRE O ORGANIZADOR

Possui graduação em arquitetura e Urbanismo pela faculdade de arquite-tura, artes e comunicação da Universidade estadual Paulista “Júlio de Mes-quita filho”/campus Bauru (SP) (1998), com bolsa de iniciação científica Pibic-cnPq em Semiótica da arte e arquitetura (1997-1999), mestrado em arqui tetura e Urbanismo – área: Tecnologia do ambiente construído pela es-cola de engenharia de São carlos da Universidade de São Paulo (2003) e douto-rado em arquitetura e Urbanismo – área: Projeto, espaço e cultura pela faculdade de arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2009) e estágio de pós-doutorado em curso na faculdade de arquitetura da Univer-sidade do Porto (2014). atualmente é professor assistente doutor em regime de dedicação integral da Universidade estadual Paulista “Júlio de Mesquita filho” junto à faculdade de ciências e Tecnologia – campus Presidente Prudente (SP), locado no departamento de Planejamento, Urbanismo e ambiente e coorde-nador do curso de arquitetura e Urbanismo, onde leciona disciplinas de Pro-jeto. Também é coordenador do núcleo de Projetos arquitetônicos e Urbanos da UneSP/campus Presidente Prudente (SP) e é líder do Grupo de Pesquisa: Projeto, arquitetura e cidade. Tem experiência na elaboração de projetos em diversas escalas de intervenção, além de edificações para entidades comunitá-rias, filantrópicas, assistenciais, religiosas, fundações, governos estaduais e muni cipais e habitação de interesse social, tendo recebido premiações, menções honrosas e distinções em concursos nacionais de arquitetura e urbanismo, ino-vação e sustentabilidade. atua nos seguintes temas: arquitetura e cidade con-temporâneas; percepção, usos e representações de novas espacialidades; projetos experimentais em arquitetura e urbanismo

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SOBRE O LIVRO

Formato: 16 x 23 cmMancha: 28,3 x 47,9 paicas

Tipologia: Horley Old Style 10,5/142014

EQUIPE DE REALIZAÇÃO

Coordenação Geral

Tulio Kawata

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