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CASE DE SUCESSO Coamo, vanguarda em moagem de trigo OLHAR TÉCNICO Micotoxinas, como identificar e eliminar LANÇAMENTO Cenomic, moinho de esferas fabricado no Brasil Tecnologia e Inovação OURO ANDINO Quinoa, presente dos Andes para o mundo, agora com processamento inovador #03 /2015

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CASE DE SUCESSOCoamo, vanguarda em moagem de trigo OLHAR TÉCNICOMicotoxinas, como identificar e eliminar

LANÇAMENTOCenomic, moinho de esferas fabricado no Brasil

Tecnologia e Inovação

OURO ANDINOQuinoa, presente dos Andes para o mundo, agora com processamento inovador

#03/2015

3Bühler • Sudameric News

Edição nº 3, novembro 2015Sudameric News é uma publicação do Grupo Bühler direcionada aos clientes da América do Sul. É publicada três vezes ao ano em português e espanhol. Coordenação e produção: Mônica Pacheco. Edição e jornalista responsável: Malu Salgueiro. Diagramação: Brainbox Branding 360. Tradução para língua espanhola: Marcela Sánchez Montero. Colaboradores desta edição: Henrique Oliveira, Ana Paula Bento Pelissari, Beat Weilenmann, Christophe Parrot, Edi Boller, Enrique Niño, Ilivaldo Duarte de Campos, Javier Fernandez, Jonny Rebello, Marcela Jiménez Suaréz, Ramón Cuéllar, Raul Pastor Laso, Tadeu Baamonde. Capa: Quinoa - Shutterstock - Ref.: 187158251.

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Expediente

Índice04

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Case de sucessoCoamo, uma revolução verde

Olhar técnicoMatthias Graeber - Micotoxinas e segurança alimentar

Ponto de vistaHamid Kefayati - Pronto para um novo desafio

LançamentoMoinho de esferas Cenomic

Tecnologia e inovaçãoGrãos de ouro

CultSalar de Uyuni - Berço da quinoa real

ServiçosRoll detect: o fim do “achômetro”

Em focoGiro de talentos

3Bühler • Sudameric News

Caros clientes, parceiros e amigos Há quase cinco anos, quando cheguei da Suíça para ajudar a incrementar a operação sul-americana a partir da nova fábrica brasileira, eu já imaginava que iria me deparar com uma região com uma economia volátil, dinâmica e um povo criativo. Assim, minha experiência liderando a Bühler na América do Sul foi uma das mais significativas da minha carreira. Um mercado e um continente com recursos incríveis e muitas surpresas no dia a dia. Uma cultura muito forte, na qual resultados são mais importantes que estruturas e soluções são mais importantes do que prestaratenção aos problemas. Ano a ano conseguimos crescer em várias áreas de negócios da empresa, buscando atender desde a pequena até a grande indústria de processamento de commodities. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, nossas equipes sempre se superaram na região como um todo e acabamos fechando 2014 como o melhor ano da história da Bühler na América do Sul. Tive a alegria de viver esse período de expansão e agora me preparo para desfrutar de uma nova fase da minha vida: a merecida aposentadoria após 25 anos só de Bühler. O positivo do passado prossegue com o time, que agora passa a avançar ainda mais no desenvolvimento de competências para novas áreas de mercado, sendoeste o desafio do meu sucessor, Hamid Kefayati, a quem temos o prazer de apresentar nas próximas páginas. Desejando boa sorte e muito sucesso a todos, espero que as matérias desta edição ajudem a inspirar, por exemplo, pela lição de superação que a quinoa nos traz: uma planta que floresce em meio à escassez total de recursos e, mesmo assim, oferece ao mundo um dos grãos mais valiosos em nutrientes do planeta.

Boa leitura!

Editorial

Edi BollerPresidente Bühler América do Sul

COAMO,UMA REVOLUÇÃO VERDECooperativa agrícola que transformou uma

região e se tornou benchmarking brasileiro,

a Coamo acaba de colocar em operação

um completo moinho de última geração.

Com versatilidade de produção e pronta

para cumprir os mais rigorosos requisitos

de qualidade e segurança alimentar, agora

seu trigo tem potencial para desfilar nas

prateleiras mais exigentes do mundo.

Uma verdadeira revolução verde. Foi o que aconteceu quando um grupo de agricultores liderados por um jovem visionário engenheiro agrônomo resolveu combater a erosão e corrigir os solos arenosos da região centro-oeste do estado do Paraná. Era o início dos anos 70 e o desafio parecia ser do tipo missão impossível, pois até aquele momento os solos ácidos do sertão paranaense ainda eram considerados impróprios para

CASE DE SUCESSO

a agricultura. Esgotado o ciclo da madeira, o município de Campo Mourão ensaiava uma exploração agrícola de baixo nível técnico, baseada no uso intensivo da enxada e da tração animal, com um número de tratores que dava para contar nos dedos de uma só mão. Esses eram os recursos dos pequenos agricultores da região, pioneiros vindos de várias partes do Brasil que lutavam para produzir arroz, feijão, café, algodão, milho, batata

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José Aroldo Gallassini, preside a Coamo há 40 anos

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CASE DE SUCESSO

e mandioca. Além da precariedade do solo e infraestrutura, o cenário econômico não era menos desanimador. Apenas 25% dos produtores conseguiam obter empréstimo bancário para custeio da safra.

A salvação da lavoura começou com a chegada de um agrônomo recém-formado que atuava como extensionista em um órgão governamental, fornecendo apoio técnico. José Aroldo Gallassini resolveu se instalar na cidade trazendo na bagagem muita coragem e disposição, mas principalmente conhecimento e vontade de experimentar, de aprender. Afinal, ali ninguém conhecia as técnicas de correção dos solos, como aplicação de calcário ou cultivo de leguminosas. E ele arregaçou as mangas literalmente. Para enfrentar o desafio de produzir e vender nessas condições, só tinha

uma saída: criar uma cooperativa.

Em 28 de novembro de 1970, animados com a promessa da prefeitura de dar um terreno para a futura sede, 79 agricultores criaram a Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), que em 2004 teve sua razão social alterada para Coamo Agroindustrial Cooperativa. José Aroldo, idealizador da cooperativa, coordenou as primeiras reuniões e foi indicado para a gerência geral. Assumindo um grande risco profissional, o extensionista trocou a segurança do emprego público pelo cargo de gerente na cooperativa nascente. Nos primeiros anos, por não possuir terras, era apenas um funcionário, mas graças a seu rigor técnico e profissionalismo, acabou tornando-se referência no agronegócio e cooperativismo. Eleito na maioria absoluta das vezes presidente da

cooperativa a partir de 1975, José Aroldo continua ativo na função, aos 74 anos.

TORNANDO-SE A MAIOR

DA AMÉRICA LATINA

E 45 anos depois, retratando um caso exemplar de saga no agronegócio, a Coamo é considerada a maior cooperativa agrícola da América Latina – segundo várias publicações especializadas em economia e negócios. Conta atualmente com mais de 27 mil cooperados e apresenta uma rede de 120 armazéns em 67 municípios, com capacidade para estocar quase cinco milhões de toneladas de grãos (correspondente a mais de 3% da produção brasileira) e produzindo praticamente sete milhões de toneladas de grãos. O salto da infraestrutura alcançou também as áreas de transporte, beneficiamento,

Divaldo (esq.) e Beat acreditam que o novo moinho tem

tudo para elevar a farinha de trigo ao topo do portfólio

de produtos da Coamo

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exportação, industrialização e varejo de alimentos processados pela própria cooperativa. A primeira agroindústria foi um moinho de trigo, implantado em 1975, quando muitas cooperativas afundaram durante a crise de balanço de pagamentos do Brasil. E assim a Coamo sobreviveu e cresceu em meio às quedas das cooperativas agrícolas e às diversas crises da economia brasileira, tornando-se a maior referência nacional no setor. Em mais de quatro décadas de história, a Coamo nunca fechou um ano no vermelho. “Por conta da nossa reconhecida disciplina financeira, temos um índice de inadimplência inferior a 1%, melhor do que banco”, orgulha-se o presidente. Sua filosofia cooperativista pode ser resumida a uma vida devotada em como manter a solidez, a transparência, a liquidez e a estabilidade.

Seguindo uma política de perseguir a excelência na gestão, diversificar culturas, adquirir sempre os melhores equipamentos e montar projetos planejados para agregar valor à produção dos associados, a Coamo chega em 2015 com o mesmo perfil de pequenos proprietários de sítios de até 50 hectares em sua maioria, mas ostentando uma musculatura invejável (veja quadro), na qual se destacam nove indústrias, sendo duas moageiras de soja, uma refinadora de óleo vegetal, uma fábrica de margarina e outra de gordura vegetal hidrogenada, uma torrefadora de café, duas fiações de algodão e um novo moinho de trigo que acaba de ser construído este ano, na qual foram investidos R$ 100 milhões para produção de 500 toneladas/dia – sinal de que a triticultura segue firme na agenda da cooperativa.

Representando até o momento 10% do movimento total da Coamo, o trigo a partir de agora tem tudo para se tornar um dos destaques do portfólio de produtos. O novo moinho conta com oito silos, cada um com capacidade para armazenar 1.250 toneladas. “Enxergamos na produção de farinha de trigo de alto padrão de qualidade e misturas especiais sob demanda uma grande oportunidade; estamos prontos para atender às mais diversas necessidades do mercado”, aponta o superintendente industrial Divaldo Corrêa, engenheiro químico com 29 anos de atuação na cooperativa.

6 Bühler • Sudameric News 7Bühler • Sudameric News6 Bühler • Sudameric News

27.398 cooperados entre os estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul

6.727 funcionários (número que dobra em período de safra)

120 mil pessoas ao todo são beneficiadas direta e indiretamente (cooperados, funcionários, familiares e terceirizados)

270 engenheiros agrônomos e veterinários respondem pela assistência técnica

7 outras cooperativas adquiridas total ou parcialmente pelo processo de fusão

4 milhões de hectares de base agrária

R$ 8,68 bilhões de receita

R$ 767,4 milhões de faturamento no Brasil só com produtos de marcas próprias

R$ 647,7 milhões de lucro

115 unidades de recebimento de produtos em 67 cidades

1,8 milhão de toneladas de grãos exportados, correspondendo a US$ 1,3 bilhão

37ª maior empresa exportadora do país e 1ª do Estado do Paraná, exportando para 17 países

3,6% de toda a produção nacional de grãos e fibras

1,5 milhão de toneladas de soja; 59,68 mil toneladas de trigo; 3,25 mil toneladas de café beneficiado e 9,54 mil toneladas de algodão em pluma são industrializados anualmente

A FORÇA DA COAMO

Números de 2014:

CASE DE SUCESSO

EQUIPAMENTOS DE ÚLTIMA GERAÇÃO

GARANTEM HIGIENE

E VERSATILIDADE DE PRODUÇÃO

A escolha da Bühler para ser a fornecedora da nova indústria de processamento de trigo, faz juz à tradição de cautela e foco na garantia do resultado que guia as decisões da cooperativa. “Começamos a conversar no final dos anos 90”, atesta Beat Weilenmann, diretor da área de moagem de grãos para a América do Sul da fabricante suíça. Segundo Beat, um dos principais articuladores da venda do projeto de uma nova linha completa de moinho e consultor estratégico dessetipo de indústria, o diagrama adquirido pelacooperativa representa “o estado da arte em moinhos, desde a recepção da matéria-prima, armazenagem, limpeza, moagem, silos de farinha, misturas de farinha, envase, ensacamento e paletização. É o resultado de um desenvolvimento que privilegia a segurança alimentar em todas as etapas e a versatilidade

da produção para trabalhar com inúmeras possibilidades de misturas a seco e com gorduras”.

Com área total construída de 18 mil m²,entre os equipamentos destacam-se bancos de cilindro MDDR Antares, plansifters modelo MPAK Sirius e modelo MPAS Seginus (lançamento recente da Bühler, sendo o primeiro do gênero a ser instalado na América do Sul); sassores MQRG Polaris; máquina de limpeza TAS com capacidade para 200 toneladas/hora; selecionadora óptica SORTEX A com sistema de redução de micotoxinas; misturador MRMA Sanimix para a mais alta higiene nas misturas prontas e o sistema de ensacamento/paletização automatizado. Já o sistema de automação WinCos® traz como novidade o controle programável redundante, o que significa na prática ter total disponibilidade e integridade da operação sem interrupções em caso de alguma eventual falha do sistema, além de poder ser operado remotamente.

Primeiro diagrama em terceira dimensão desenvolvido pela engenharia da Bühler na América do Sul. Foram treinadas três pessoas na Suíça para adaptar e executar o projeto 3D para a Coamo.

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PROCESSO HERMÉTICO É CHAVE

Pelo fato de ser um projeto greenfield (que parte do zero, sendo todas as instalações novas), a parte civil iniciada em 2013 foi planejada com um mínimo de aberturas e esquinas internas. Enquadra-se no critério de prédio higiênico, fácil de manter limpo e sem áreas escondidas que costumam acumular pó. O prédio não tem janelas, é 100% hermético. Possui um sistema de ventilação que pressuriza o ambiente, injetando ar filtrado. Assim, quando se abre alguma porta, o fluxo de ar sai e não entra, minimizando entrada de pó e insetos.

O startup aconteceu no primeiro trimestre deste ano e o gerente de produção, André Gonçalves, contratado

para coordenar a operação já há três anos, resume a evolução da industrialização do trigo na Coamo: “Saímos de um portfólio de 22 SKU’s (diferentes itens de embalagens) para 69 SKU’s de farinhas e misturas especiais. Com isso já estamos abastecendo os exigentes clientes industriais e de varejo”.

A grande meta da Coamo é fornecer 100% dos insumos consumidos pelos seus cooperados e receber 100% da produção deles. “É quase impossível, mas é a meta”, diz o presidente, convicto de que a chave do sucesso da cooperativa é a otimização destes dois fatores para honrar o slogan “forte como o homem do campo”.

Processo de ensacamento e paletização automatizado

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OLHAR TÉCNICO

O que são micotoxinas?São compostos químicos tóxicos (prejudiciais para seres humanos e animais) que são produzidos por fungos de mofo e ocorrem em várias produções agrícolas, tais como amendoim, milho, trigo etc. Enquanto uma pequena fração do produto é afetada (por vezes tão pouco como 0,1% dos grãos ou sementes), um lote inteiro pode ser perigoso para posterior uso como alimento humano ou ração animal.

Os fungos de mofo são capazes de produzir micotoxinas: moléculas de compostos orgânicos que não estão diretamente envolvidos no processo de crescimento e reprodução dos vegetais, os quais podem ser caracterizados como metabólicos secundários.

Os grãos podem tornar-se infestados durante o cultivo ou no período pós-collheita. Temperatura e umidade altas favorecem o crescimento de fungos. Os tipos mais comuns de micotoxinas encontradas nos cereais são: Aflatoxina, Deoxinivalenol (DON), Zearalenona (ZEA) e Fumonisina Ocratoxina (OTA).

Grãos de milho infectados por fungos de mofo

A FAO estima que 25%

das colheitas globais são

afetadas por micotoxinas.”

10 Bühler • Sudameric News 11Bühler • Sudameric News10 Bühler • Sudameric News

MATTHIAS GRAEBER MICOTOXINAS E SEGURANÇA ALIMENTAR

Palestrante da Conferência Latino-Americana de Cereais, a LACC3 realizada no Brasil este ano, o alemão Matthias Graeber veio diretamente de Londres para debater como reduzir efetivamente toxinas naturais nos grãos. Dirigindo a inovadora unidade satélite de Tecnologia Corporativa da Bühler Sortex, na Inglaterra, um dos seus papéis principais é conduzir uma plataforma especializada no estudo das micotoxinas, sua redução e controle na alimentação humana e animal.

Aflatoxina Deoxinivalenol(DON)

Zearalenona(ZEA)

Fumonisina Ocratoxina (OTA)

Milho X X X X

Trigo X X X

Cevada X X

FungosAspergillus

flavus, A. parasiticus

Fusarium graminearum

(Gibberella zeae),F. culmorum

Fusarium verticillioides,F. proliferatum

A. ochraceus, A. carbonarius,

A. niger,P. verrucosum

TIPOS DE MICOTOXINAS EM CEREAIS

OLHAR TÉCNICO

O que fazer para combater ou controlar as micotoxinas?Gestão de risco de micotoxinas é uma tarefa complexa em toda a cadeia agroalimentar. Detectar os contaminantes em alimentos é como achar uma agulha no palheiro e abrange muito mais do que somente um método analítico. Para reduzir o risco é indispensável gerir toda a cadeia de produção dos alimentos e assegurar que os produtores de grãos sigam os princípios das boas práticas. Portanto, as boas práticas agrícolas são fundamentais para reduzir o risco de infestação já no campo. Após a colheita, a secagem e a armazenagem adequadas são igualmente essenciais para evitar o crescimento de fungos.

Além da gestão agrícola, as tecnologias de limpeza de grãos são instrumentos eficazes para limpar lotes contaminados e reduzir o nível de micotoxinas. Isto é possível através da utilização de indicadores físicos de contaminação por fungos, tais como tamanho, densidade, defeitos de cor, ou com a avançada tecnologia de resposta óptica ao raio infravermelho próximo (InGaAs). Em um determinado lote de grãos com níveis elevados de contaminação, uma combinação das tecnologias de limpeza, tais como separador de tamanho, sistema de aspiração do ar e a classificação óptica, tem provado ser o que há de mais efetivo e consistente para reduzir os diferentes tipos de micotoxinas, mesmo quando múltiplas toxinas estão presentes simultaneamente.

O que se recomenda aos clientes especificamente como ponto de atenção mais crítico? Como a gestão de risco de micotoxinas é um trabalho muito amplo, abrangendo a checagem de todos os processos envolvidos – desde o produtor de sementes até o consumo nos mercados, uma análise específica de perigo e um planejamento dos pontos críticos de controle (HACCP) são fundamentais em toda a cadeia. Entretanto, apesar da aplicação das melhores práticas em todas as etapas de produção e venda, um dos fatores decisivos permanece sempre sendo a condição climática no campo. Por exemplo, um clima com condições extremas pode causar estresse na planta, fazendo a colheita mais suscetível a infestações de fungos. Ou seja, os problemas podem ainda ocorrer, apesar de seguir as melhores práticas. Recomenda-se também atenção total ao incremento do rigor da legislação por parte dos órgãos governamentais em todo o mundo, com relação aos níveis máximos legais tolerados para micotoxinas, como ocorreu recentemente no Brasil, colocando uma pressão extra sobre os produtores, processadores e comerciantes.

Resumindo

• Tecnologias modernas de limpeza de grãos podem efetivamente reduzir os níveis de micotoxinas por meio de combinações particulares de limpeza mecânica e seleção óptica.

• A Bühler oferece soluções específicas para combater micotoxinas e dispõe de extensos estudos de caso para demonstrar essa redução.

• Existem certas limitações para a redução de micotoxinas, dependendo do tipo de contaminação.

• Uma boa compreensão do perfil de contaminação e dos indicadores é fundamental para alcançar uma excelente performance de redução.

Intervenção precoce

é a melhor prática de

prevenção e redução

dos riscos alimentares.”

12 Bühler • Sudameric News 13Bühler • Sudameric News

CONTROLE DE MICOTOXINAS AO LONGO DA CADEIA DE VALOR

PARA SABER MAIS:[email protected]

PONTO DE VISTA

de passar alguns anos gerenciando pessoalmente uma das regiões. Foi quando aconteceu do Edi Boller (presidente da América do Sul) anunciar sua aposentadoria para o final de 2015 e Stefan sugeriu que ele poderia me recomendar para o CEO, de modo a substituí-lo na operação sul-americana do grupo, e eu prontamente concordei. Acredito que a alta administração tenha suficiente confiança em mim para prosseguir com o trabalho do Edi no suporte ao desenvolvimento e crescimento do grupo no mundo, sobretudo pela minha experiência bem-sucedida na Ásia.

SN: O senhor está chegando num momento considerado turbulento em função dos grandes desafios da economia mundial, incluindo os altos e baixos das economias latinas. Como imagina que a Bühler poderá continuar crescendo nesse cenário adverso? Quais são os principais desafios e oportunidades da região?No meu ponto de vista, o maior desafio certamente é trabalhar em meio à instabilidade política e à desvalorização monetária que vários países-

Sudameric News (SN): Como foi sua trajetóriaaté aqui?Comecei minha carreira profissional em 1983, quando entrei na General Eletric como engenheiro na área de pesquisa e desenvolvimento de produtos (P&D) para o setor de sistemas médicos. Na sequência fui promovido a gerente de projeto, responsável por design e desenvolvimento de equipamentos, como scanners de corpo humano. Em 1994, ingressei na empresa Tadpole Technology, com sede no Reino Unido, na mesma área de P&D, desta vez como gerente de projeto responsável pelo desenvolvimento de sistemas computadorizados para várias aplicações industriais.

Em 1997 entrei na Bühler Sortex (unidade de negócio especializada em maquinários de seleção óptica), como gerente de engenharia de produto. Em 2003 fiquei responsável pela diretoria de manufatura de toda a unidade de seleção óptica, especializada em arroz. Em 2005 fui convidado a assumir a diretoria técnica e já em 2007 respondia por toda a unidade de negócio de arroz, desenvolvendo negócios na China e na Índia, implementando estratégias de otimizaçãode recursos, aumento da produtividade e da lucratividade, além de garantir crescimento sustentável em longo prazo. Desde 2011 até agora, vinha respondendo pela direção geral da divisão Sortex, especializada na seleção de grãos. Foi aí que aprofundei a atuação estratégica nos chamados mercados emergentes, passando a contribuir fortemente para desenvolver o negócio em nível mundial e a ajustar o foco dos empreendimentos principais na Ásia e na América do Sul.

SN: Por que foi escolhido para substituir Edi Boller na América do Sul? Esta é uma boa questão... Eu estava conversando com Stefan Scheiber, nosso diretor mundial da divisão de grãos e alimentos, no final do ano passado, quando fui indagado sobre o que gostaria de fazer no futuro e mencionei que, se tivesse oportunidade, ainda gostaria

Meu estilo de gestão

valoriza a convivência entre

as pessoas, rapidez

de decisão e objetividade

no que deve ser feito.”

14 Bühler • Sudameric News 15Bühler • Sudameric News

Aportando no Brasil, Hamid Kefayati, o novo presidente da Bühler na América do Sul, assume oficialmente a função no final de janeiro de 2016. Nascido no Irã, graduou-se em engenharia elétrica e fez carreira na Europa. Aos 59 anos, vem de Londres trazendo na bagagem a paixão pela culinária e uma história de sucesso em 18 anos de empresa. Conheça um pouco do seu perfil executivo nesta entrevista exclusiva.

PRONTO PARA UM NOVO DESAFIO

Hamid Kefayati, novo presidente da Bühler América do Sul

chave estão vivendo. Ao mesmo tempo, este é o tipo de desafio que todos os competidores enfrentam no mundo atual. Como diz um provérbio chinês: crise representa oportunidade. Como sempre, nosso sucesso no futuro vai depender muito da nossa flexibilidade e capacidade de organização como time unidopara responder aos presentes desafios da região.

SN: Qual a importância do Brasil para o crescimento da Bühler na região e quais são as principais estratégias que deverão ser implementadas ou reforçadas daqui para frente?Todos nós sabemos que a América do Sul tem um grande potencial a ser preenchido. Nas recentes conversas com a alta administração do grupo, temos discutido o desenvolvimento de novas aplicações que são especialmente relevantes para os mercados. Para atingir esse objetivo, nós teremos que fazer novos investimentos na expansão de aplicações laboratoriais especializadas. Além disso, temos que desenvolver nossos canais de vendas de máquinas individuais e os produtos de serviço ao cliente, em paralelo a otimizar oportunidades de mercado. Eu acredito que há muito mais potencial aí. Para atingir este objetivo, temos que nos organizar de outra forma, uma vez que a venda de máquinas individuais e serviços ao cliente é muito diferente de vender projetos de plantas industriais.

SN: Que mensagem-chave gostaria de reforçar em poucas linhas aos clientes e parceiros de negócio da região?Anseio por trabalhar muito próximo à nossa equipe na América do Sul, visitar canais de distribuição e clientes locais. Estou a postos para ouvir os nossos clientes e colegas de trabalho e espero que juntos possamos tomar as decisões corretas para o negócio. Nos últimos anos, tenho tido a sorte de passar mais tempo com nossos colegas no campo, no próprio mercado desenvolvendo tecnologias conjuntas com a Bühler Sanmak e eu tenho ficado sempre impressionado com o nível de paixão

Nosso sucesso no futuro

vai depender muito da

flexibilidade e capacidade

de organização como time

unido para responder aos

presentes desafios

da região.”

e energia da organização. Tenho certeza de que verei o mesmo nível de comprometimento e energia com todos aí.

SN: Como definiria seu estilo de gestão em poucas palavras?Eu gosto de trabalhar de forma muito próxima a quem se reporta diretamente a mim e sempre acredito que as pessoas vão tomar a melhor decisão para a companhia. Não gosto de gastar tempo demais na tomada de decisão e, quando decidido, temos que garantir o alinhamento para entregar o resultado desejado.

PONTO DE VISTA LANÇAMENTO

Líder de mercado na Europa e nos EUA, o CenomicTM 3, moinho de esferas da Bühler para moagem de pigmentos, a partir deste ano também é fabricado no Brasil. O equipamento acaba de ser lançado para a América do Sul na feira e congresso internacional da Abrafati, promovida pela Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas, em São Paulo, de 13 a 15 de outubro.

Extremamente versátil, o equipamento é renomado por sua robustez e flexibilidade de uso, podendo ser utilizado em inúmeras aplicações: indústria de impressão, automotiva, marítima, de fertilizante, química, cosmética, mineral e cerâmica.

O modelo brasileiro, CenomicTM 3, tem capacidade para 30 litros. É o primeiro equipamento deste segmento fabricado

na unidade brasileira, sendo de grande precisão na moagem de pigmentos por oferecer uma distribuição de partículas altamente homogênea.

“Para avançar na tecnologia de moagem úmida, a Bühler desenvolveu um moinho com um novo design construtivo que evita as paradas de produção para limpeza, em função do corriqueiro entupimento das peneiras, principalmente quando se trata de esferas muito pequenas”, explica o gerente de vendas, Tadeu Baamonde.

Entre os diferenciais, Tadeu cita também o resfriamento de alta intensidade e peças intercambiáveis que facilitam a manutenção. Outro destaque é o fato do equipamento proporcionar uma moagem livre de metais. É que

as minúsculas esferas, de 0,3 a 2 milímetros (que podem ser de metal ou de cerâmica) acabam se rompendo muitas vezes ao longo do tempo. Como solução, foi desenvolvido um sistema que usa a força centrífuga para jogar as esferas para a parede do equipamento (portando, para fora da mistura), além de impedir que a tela seja bloqueada, proporcionando mais eficiência.

Por tudo isso, testes comprovam que o CenomicTM 3 gera uma relação de incremento de qualidade e economia nos custos operacionais da ordem de 20% a 30% em vários itens que impactam diretamente na produtividade: maior rapidez e homogeneização da mistura, menor consumo de energia com relação aos produtos convencionalmente encontrados no mercado e maior rendimento.

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Letong Chemical Co. Ltd., China. Planta de tintas de impressão composta por oito linhas de produção, incluindo oito moinhos de esferas Cenomic™3.

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CENOMIC

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Eles são naturais, nutritivos, ajudam a prevenir e combater

doenças. Ainda por cima são versáteis como acompanhamento ou

base de muitas receitas e dietas de emagrecimento.

A nova gastronomia internacional valoriza cada vez mais os

chamados grãos de ouro, sobretudo os originários da América

Latina, cuja riqueza revela verdadeiros presentes para o mundo.

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Destaques do momento entre os chamados alimentos funcionais, por reunir qualidades nutritivas e terapêuticas, a quinoa, a linhaça, a chia e o amaranto estão encabeçando a lista dos alimentos preferidos de astronautas, atletas, artistas e de milhões de pessoas espalhadas pelo mundo que buscam uma alimentação cada vez mais balanceada e saudável.

Reconhecida como uma das maiores fontes vegetais de proteína, a quinoa é – segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) – o grão mais completo em nutrientes, além de não ter colesterol, glúten e nem causar alergias. É tão nutritiva que a NASA, após pesquisas concluídas nos anos 90, a incluiu na dieta dos tripulantes de missões espaciais de maior duração. É denominada como um pseudocereal porque não pertence às famílias das gramíneas, que engloba os cereais tradicionais, mas devido ao alto conteúdo de amido seu usona alimentação é similar ao de um cereal.

Porém só recentemente o valioso grão de cultivo milenar entrou no hall da fama atingindo o grande público, quando se tornou símbolo de uma campanha da ONU contra a fome, em 2013. Foi o Ano Internacional da Quinoa, por sua importância no combate à fome. A FAO é o órgão da ONU que tem o compromisso de acabar com a fome e a desnutrição no planeta. Segundo o brasileiro José Graziano, diretor geral da FAO até 2019, a entidade prossegue promovendo o grão em todo o mundo porque “a quinoa é o único alimento de origem vegetal que tem todos os aminoácidos essenciais, oligoelementos e vitaminas para uma dieta rica em nutrientes e, além disso tem a capacidade de adaptar-se a diferentes ambientes ecológicos e climáticos”.

Resistente à seca, aos solos pobres e de salinidade elevada (como o deserto boliviano Salar de Uyuni de onde se origina a variedade denominada quinoa real), pode ser cultivada desde o nível do mar até uma altitude de quatro mil metros. A planta é considerada quase miraculosa por sobreviver mesmo em temperaturas tão díspares como as encontradas

GRÃOS DE OURO

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Plantação de quinoa na Bolívia

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nos Andes, variando entre – 8ºC e + 38ºC. Seu teor de proteínas (entre 14% e 18%) ultrapassa o do trigo, arroz, milho e aveia, podendo ser um substituto para a proteína animal. Seu valor calórico é maior do que o de ovos e leite e só comparável ao da carne. Por isso, é considerada um alimento completo, sendo o que existe de mais próximo ao leite materno em termos nutricionais.

Atualmente a produção de quinoa encontra-se em processo de expansão. Por sua versatilidade de adaptação a diferentes tipos de solo e condições climáticas, plantações experimentais já estão sendo feitas há vários anos em todos os continentes. Já está sendo cultivada na África e nos EUA, além de diversos países do Cone Sul e a ONU quer estimular seu desenvolvimento também no Himalaia, nas planícies do Norte da Índia, no Sahel, no Iêmen e em outras regiões áridas do

Bolívia Peru Equador

2009 2010 2011 2012 2013 2014e 2015e

100.000 t

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60.000 t

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34.1

5639

.398

800

36.1

06 41.0

9389

7

38.2

5741

.182

816

50.5

6644

.207

1.27

0

61.1

8263

.130

1.80

2

83.6

03 92.2

537.

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92.0

00* 13

0.00

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Produção do cereal,por país (em toneladas)

e: estimativa

TABELA COMPARATIVA DE NUTRIENTESO verdadeiro tesouro do mundo vale uma vida equilibrada em nutrientes essenciais para a saúde. Confira!

PRODUÇÃO DE QUINOA NA BOLÍVIA, NO PERU E NO EQUADOREm 2014, o volume de quinoa produzida pelo Peru superou em 10,34% a produção boliviana.

Tabela Nutricional em 100g de peso seco de produtos selecionados

148,7Cálcio (mg) 17,1 50,3 5,9 54 38 211 361 160Quinoa ¹ Milho ¹ Trigo ¹ Arroz ¹ Centeio ² Cevada ² Linhaça ² Chia ² Amaranto ³

383,7Fósforo (mg) 292,6 467,7 292,6 323 376 615 860 558249,6Magnésio (mg) 137,1 169,4 73,5 0 0 374 335 249926,7Potássio (mg) 377,1 578,3 118,3 0 0 869 407 50913,2Ferro (mg) 2,1 3,8 0,7 5,8 3,7 4,7 7,72 7,516,5Proteínas (g) 10,2 14,3 10,2 10,5 9,5 14,1 16,54 13,56,3Gordura (g) 4,7 2,3 4,7 1 1,6 32,3 30,74 6,8969Carboidrato (g) 81,1 78,4 81,1 69 76 43,3 42,12 64399Energia (kcal) 408 392 408 320 300 495 485 373

Fonte: 1 Koizol (1992); 2 FAO; 3 Andean Walley

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

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mundo. Ela pode sobreviver em condições muito difíceis sem necessidade de fertilizante, como solos semiáridos, em altitudes elevadas ou em nível do mar. “É uma cultura incrível em termos de adaptabilidade a ambientes estressantes”, afirma o dirigente da FAO, que é agrônomo, professor e escritor. “A intenção das Nações Unidas é popularizar o grão para promover a segurança alimentar e a erradicação da pobreza. O uso em larga escala pode acabar com a desnutrição e estimular a biodiversidade em apoio à realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.”

A Bolívia e o Peru são os países de origem milenar do grão (estima-se que seu cultivo possa ultrapassar os cinco mil anos). O maior produtor/exportador de quinoa historicamente é a Bolívia, mas nos últimos tempos o Peru vem superando a produção boliviana. A quinoa é cultivada também, em menor escala, em outros países andinos, como Equador e Chile. Na última década – segundo as publicações Dinheiro Rural e The Guardian – as exportações do grão somente na Bolívia aumentaram mais de 20 vezes, de US$ 2,5 milhões para US$ 65 milhões. Com a alta da demanda internacional, o preço do produto triplicou desde 2006.

O diretor de desenvolvimento de mercados para as Américas da Bühler Sortex, Christophe Parrot, situa que basicamente as sementes de quinoa são classificadas em duas grandes famílias não oficiais: a quinoa doce (mais comum no Peru, na Colômbia e no Equador) e a quinoa amarga (típica da Bolívia, cuja variedade principal é conhecida como “real”, possuindo em seu estado natural grande quantidade de uma substância de revestimento exterior chamada “saponina”, toxina responsável pelo amargor). Marcela Jiménez Suaréz, gerente comercial da empresa Boltec, que representa a Bühler na Bolívia, detalha que “existem dezenas de variedades de quinoa, sendo a ‘real’ a mais procurada em função do tamanho dos grãos, cor, sabor e da quantidade mais elevada de nutrientes”. Ela citaque os EUA são os maiores consumidores, seguidos de Europa, Canadá, Israel, Brasil e Reino Unido.

A Andean Valley é a empresa líder mundial no processamento e exportação da quinoa real. Seu diretor geral, Javier Fernandez, conta que desde

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1986 presta assessoria no manejo e oferece subsídios para o plantio, trabalho que agora já alcança uma parceria com 370 famílias de pequenos produtores da Bolívia que possuem as terras e dominam a arte do cultivo. “A quinoa real é orgânica, sem necessidade de agrotóxicos. Isto ocorre devido às temperaturas dos Andes e também porque não existe a possibilidade de nenhum tipo de contaminação cruzada por produtos químicos, já que não há outras áreas de cultivo de grãos próximos”, diz. Ele assegura que o mercado de alimentos orgânicos e saudáveis ainda tem muito para crescer. “A população está questionando cada vez mais

o uso de pesticidas no cultivoe até mesmo a maneira como o produto é processado, sem adição de colorantes etc. Não se trata de um modismo. A busca por um consumo mais consciente e um modo de vida saudável é uma tendência irreversível, com um público fiel.”

Outras estrelas da vez em termos de alimentos funcionais são amaranto, chia e linhaça, sendo os dois primeiros também originários da América Latina e o último da Ásia. Confira o quadro comparativo de nutrientes (pág. 20) desses superpoderosos grãos e abra-se para um novo mundo de receitas com os sabores exóticos.

TECNOLOGIA A SECO REVOLUCIONA MERCADO A maior parte da quinoa é beneficiada ainda hoje utilizando tecnologias tradicionais que consomem muita água para limpeza do grão, alto consumo de energia e resultam em baixos rendimentos. “Um hectare normalmente resulta em aproximadamente apenas 600 kg de produto processado. A ONU pretende fomentar a produtividade para uma tonelada de quinoa por hectare. Isso ajudaria a aumentar a produção global atual na faixa de 70 mil para 200 mil toneladas/ano até 2018, através de tecnologias melhoradas e engajamento com empresas que já processam quinoa, incluindo grandes importadores e exportadores”, sinaliza o diretor da FAO.

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

APLICAÇÕES DA QUINOA

CONSUMO HUMANO: entre todos os grãos, a quinoa é uma das mais versáteis para o consumo. Crua, cozida ou torrada, em farinha ou flocos, em pó instantâneo ou pipoca, pode ser preparada de várias maneiras: adicionada a sopas e massas, usada como cereal, em substituição ao arroz e mesmo fermentada para produzir cerveja.

ALIMENTAÇÃO ANIMAL: toda a planta é usada como forragem verde. Resíduos de culturas também são ideais para alimentar bovinos, ovinos, suínos, equinos e aves.

OUTRAS APLICAÇÕES INDUSTRIAIS: cosmética, farmacêutica etc.

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O processo de beneficiamento tradicionalmente usado começa com a pré-limpeza para retirar pedras, pedaços de pau, material estranho e grãos quebrados. Normalmente não é muito eficiente e libera muito pó no ar. Na sequência, é feita a remoção da saponina, por ser considerada tóxica para o consumo humano. “Este processo de lavagem normalmente consome muita água e depois ainda requer um sistema de secagem que gasta bastante energia, além de todo o processo tradicional demandar muita mão de obra. E tudo isso ainda muitas vezes acontece sem cuidados com o meio ambiente, onde a água suja é descartada sem o tratamento adequado”, comenta Christophe.

Como líder em processamento otimizado e completo de sementes, abrangendo know-how específico de aplicação para grãos pequenos (como quinoa, chia e gergelim), o Grupo Bühler oferece um amplo portfólio de máquinas com alta capacidade para fazer a diferença quando se trata de buscar um processo mais eficiente, econômico em longo prazo, higiênico e ambientalmente mais sustentável.

DRÁSTICA REDUÇÃO DE CUSTOSRecentemente a empresa desenvolveu com sucesso um novo padrão de processamento de grãos utilizando tecnologia a seco – uma solução que combina abrasão com fricção (o que substitui a lavagem e secagem convencionais). “Mais do que uma inovação, esta nova tecnologia revoluciona a produção por combinar alta qualidade e rendimento com forte redução de custos”, destaca o engenheiro eletromecânico Enrique Niño, que trabalha há mais de 20 anos na Bühler e atualmente responde pela área de vendas de arroz e café na Colômbia, Venezuela, Equador e Peru. Há cerca de três anos Enrique começou a atuar com foco também em quinoa e atesta que o índice de limpeza no processo a seco é muito mais eficaz que a convencional tecnologia úmida, além de proporcionar uma redução de consumo energético da ordem de 60%.

“É um processo totalmente novo. Primeiramente, todos os equipamentos, desde a pré-limpeza até a remoção da saponina, são completamente fechados e conectados a um sistema de extração segura do pó. O resultado é um ambiente limpo e todas as impurezas são retidas em filtros para depois receberem o destino adequado, sendo que a saponina poderá até mesmo ser vendida à parte para a indústria de detergente”, afirma Jonny Rebello, gerente de vendas da linha de selecionadoras ópticas Bühler Sanmak na América do Sul. Ele explica que, quando molhada, a saponina cria uma espuma branca, muito apropriada para a fabricação de sabão.

90% de economia de água² – tradicionalmente são utilizados em média cerca de 3 litros por segundo; o novo sistema utiliza apenas 10 a 15 litros por hora. Contribuindo com a preservação do meio ambiente, além de não desperdiçar água, o pouco que se usa no novo processo já pode ser diretamente acoplado à estação de tratamento.

60% de redução de consumo de energia² – para secar a quinoa molhada e trazê-la para um nível baixo de cerca de 10% de umidade, costuma ser empregado um elevado consumo de energia (gás/combustível); o novo sistema dispensa secagem e as máquinas Bühler são as mais eficientes do mercado.

sistema automatizado – sem necessidade de mão de obra intensiva.

máquinas com alta capacidade de processamento – aproximadamente 2 t/h, podendo chegar até o dobro.

excelente aspecto final do produto (mais brilhante / mais macia).

alta higiene e segurança alimentar – total controle das emissões de poeira e resíduos nas fábricas de beneficiamento do grão.

¹ Testes comprovados com quinoa doce.

² Valor pode variar dependendo do tipo de quinoa.

BENEFÍCIOS DO SISTEMA A SECO DA BÜHLER¹

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Christophe e Jonny ressaltam ainda que a retirada da saponina por meio de usinagem por abrasão (brunição mecânica) permite manter a integralidade do grão, ao mesmo tempo em que economiza mais que 90% de água, além de poder dispensar a etapa de secagem. Por fim, o número de operadores para a nova linha é uma pequena fração do que seria necessário para

uma linha comum. No final das contas, trata-se de uma redução drástica de custos para o processador. “O cliente também pode optar por classificar os grãos por tamanho e depois separá-los por meio de uma seleção eletrônica para garantir um produto de excelente qualidade, com condição de atender aos mercados mais exigentes do mundo”, concluem.

Considerando o portfólio completo, ao todo são mais de 15 equipamentos disponíveis como solução para o processamento de sementes, abrangendo máquinas de limpeza, clareamento/polimento, seleção ópticas e sistemas de aspiração. O maquinário é fabricado em diferentes países, incluindo Alemanha, China, Índia e Brasil – neste último com fábricas em Joinville e Blumenau.

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

PROCESSAMENTO DE SEMENTES DE QUINOA, CHIA E GERGELIM Designs higiênicos e confiáveis garantem produtividade máxima em todas as etapas

A EXPERIÊNCIA DA ALISUR Referência mundial no processamento da quinoa, a Alisur é uma das principais beneficiadoras e exportadoras de legumes e grãos do Peru, oferecendo dezenas de variedades de produtos alimentícios naturais. Criada em 2000, atende ao mercado local e também a mais de 100 clientes em 21 países.

Na unidade da cidade de Lima, a Bühler instalou há um ano sua primeira linha completa no mundo dedicada ao processamento do poderoso grão. Segundo Raul Pastor Laso, um dos sócios-fundadores e gerente geral da empresa, a escolha da marca como fornecedora teve como critérios principais a busca por maior eficiência

e durabilidade do maquinário. “Já conhecíamos de perto o trabalho da equipe Bühler em moinhos de arroz e grãos secos, em nossa própria empresa e em outras onde trabalhei por mais de 25 anos. O mais importante nesse tipo de fornecimento é a confiabilidade, a garantia de conseguir sempre os mesmos e melhores resultados em cada parte do processo, com o mínimo de interferência humana.”

Raul comprova que o investimento já valeu a pena porque “gerou uma melhor condição para os nossos trabalhadores e está facilitando a gestão de certificações de qualidade, como por exemplo, a conquista da certificação BRC (uma norma global de segurança alimentar) em menos de seis meses com uma qualificação de nível A.”

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A nova tecnologia

revoluciona a produção por

combinar alta qualidade

e rendimento com forte

redução de custos.”

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CULT

Lugar único do mundo, o deserto Salar de Uyuni, na Bolívia, é a maior planície de sal da Terra, com mais de 12 mil quilômetros quadrados. Isto equivale a 1,2 milhão de campos de futebol no tamanho oficial ou a oito cidades do tamanho de São Paulo, a maior metrópole brasileira e a maior cidade da América do Sul.

O Salar serve como a principal via de transporte em todo o altiplano boliviano

SALAR DE UYUNIBERÇO DA QUINOA REAL

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Fica localizado no altiplano boliviano, a cerca de 4 mil metros acima do nível do mar, nos departamentos de Potosí e Oruro, no sudoeste da Bolívia, perto da borda da Cordilheira dos Andes. Lá é o berço original da chamada “quinoa real” que floresce sob as bênçãos de ventos gelados chegando a 30 graus negativos e sob uma radiação solar intensa.

Seu horizonte é tão nítido, que a curvatura terrestre pode ser observada claramente no céu azul. Neste ambiente singular, os ventos carregados de partículas de sal ajudam a desenvolver as plantações de quinoa cultivadas há milhares de anos pelos povos indígenas da região, especialmente nos municípios de Uyuni e Potosí.

O Salar formou-se como resultado de transformações entre diversos lagos pré-históricos, sendo coberto atualmente por várias crostas de sal, algumas chegando a alcançar 10 metros de espessura. Estima-se que o Salar de Uyuni contenha 10 bilhões de toneladas de sal, das quais menos de 25 mil toneladas são extraídas anualmente.

TURISMO DE AVENTURA EXTREMAA área imensa, o céu claro e o nivelamento excepcional da superfície fazem do Salar um objeto ideal para calibrar os altímetros de satélites de observação da Terra e uma rota turística excepcional para quem curte expedições rústicas em meios selvagens e inóspitos.

Dono de uma beleza surreal e estonteante, o deserto é um importante destino turístico da Bolívia. Os principais destaques de visitação são a Ilha Incahuasi (com seus cactos gigantes e encravada bem no meio da planície salina), lagoas coloridas, lagoas de águas termais com temperaturas próximas ao do corpo humano e gêiseres que exalam vapor a uma temperatura de 38ºC. Diversas agências locais oferecem pacotes com guias especializados.

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SERVIÇOS

A assistência técnica da Bühler começou a oferecer a partir deste ano um inédito serviço para medição de perfil de cilindros raiados, feita pelo rollDetect, um equipamento que faz a aferição precisa do estado dos cilindros dos moinhos. O aparelho é uma inovação lançada na Europa em 2014 e agora chega também ao mercado sul-americano.

Com a medição, o cliente recebe um relatório contendo um gráfico claro da situação atual do cilindro e assim consegue planejar o momento ideal da troca ou manutenção dos rolos. “Isso hoje é feito com base na experiência e na sensibilidade do moleiro, mas o risco de comprometer a qualidade e a produtividade é grande, pois se a raiação não estiver milimetricamente dentro das especificações necessárias para a moagem, afeta o desempenho

do moinho, aumentando o consumo de energia e comprometendo a granulometria desejada da farinha”, explica Wagner Alexandre da Silva, gerente regional de assistência técnica para a região Nordeste do Brasil.

Para garantir a vida útil de um cilindro raiado entre dois a quatro anos, a raiação deve ser refeita anualmente. O ideal é fazer a revisão preventiva três vezes ao ano, utilizando o sistema rollDetect, o que permite avaliar com precisão o momento correto para raiação ou até mesmo a substituição do cilindro. O que a Bühler recomenda, com base em estudos prévios, é que uma nova raiação do cilindro seja feita a partir de 12% de

desgaste, quando já indica uma situação crítica.

ROLL DETECT: O FIM DO “ACHÔMETRO”Quando se trata de cilindros raiados, cujas raias se

desgastam normalmente com o uso, o olho e o feeling

do moleiro não são suficientes para avaliar o período

certo de manutenção, o que pode comprometer

a produção. Aí entra em campo um aparelho de

aferição recém-lançado, que só a Bühler dispõe.

rollDetect em operação

“Outra vantagem do serviço oferecido

em toda a América do Sul é que a

medição pode ser feita para bancos

de cilindro de qualquer marca,

não só da Bühler, e ainda pelo

custo de hora local de assistência

técnica”, ressalta Wagner.

Considerando que o cilindro

é o “coração” da moagem, ou seja,

um componente estratégico

do moinho de trigo, então, todo

cuidado é pouco. Uma visita técnica

para aferição da raiação previne

contra o comprometimento

do cilindro, além de assegurar

o resultado operacional do moinho.

Detalhe da medição de alta precisão das raias

EM FOCO

GIRO DE TALENTOS

1. TRIO RENOVADO Completando 19 anos de

empresa, sendo 14 apenas no Brasil, o gerente da área de serviços ao cliente (Customer Service) para toda a América do Sul, Damien Chapelier, está partindo para assumir a direção geral do escritório de vendas da Bühler na Indonésia, cuja operação inclui um posto avançado de engenharia e automação, uma estação de serviço e um centro de treinamento especializado em chocolate, café e arroz. A empresa possui também na Indonésia uma fábrica na cidade de Surabaia, que produz tubulação de conduto, aspiração e silos. O recente crescimento operacional indonésio demandava alguém com grande experiência na empresa, liderança e dinamismo. Eis que Damien, francês de nascimento e naturalizado brasileiro, se despede

do país e começa a ampliar seu repertório linguístico para o indonésio também, além do inglês, francês, espanhol, alemão e português. Quando perguntado sobre seu principal aprendizado em todos esses anos de Brasil, Damien não tem dúvida: “Aqui aprendi a liderar em um cenário incerto. É sempre necessário ter um plano de longo prazo, mas também flexibilidade para se adaptar a muitas mudanças”.

E quem assume a gerência do Customer Service na América do Sul é Frederico Goulart. Natural de São Paulo, com formação em economia e contabilidade, Fred está se especializando em gestão de negócios, além de trazer na bagagem 17 anos de experiência em cargos estratégicos nas áreas comercial, financeira e contábil. Atuante na Bühler Brasil desde 2007, a partir de 2011

e até o momento atua como gerente comercial para todos os segmentos de negócio da marca na América do Sul, dando suporte à equipe de vendas nas questões contratuais dos projetos e complexidades de financiamentos, bem como estudos de viabilidade econômica. Contando com forte liderança, otimismo e visão ampla do negócio, ele reforça o compromisso de atender às expectativas dos clientes nas 13 estações de serviço e vendas espalhadas na região, continuandoa trajetória de agregar benefícios e valor máximo nas soluções oferecidas.“Um dos nossos principais desafios é entregar as peças de reposição rapidamente. Estamos tomando medidas com este objetivo, como o desenvolvimento e homologação de novos fornecedores, o aumento do estoque de peças de reposição

e a otimização dos vários processos internos. Afinal, oferecer um serviço de excelência em pós-vendas aos nossos clientes sempre será nossa meta e motivação”.

Por sua vez, quem assume o lugar de Fred na gerência comercial é a joinvilense Pâmela Novodvorski. Advogada, com pós-graduação em direito do trabalho e MBA em Gestão de Comércio Exterior e Negócios Internacionais, Pâmela está há quase 10 anos na Bühler, tendo crescido rapidamente ao longo dos anos. Após ter iniciado sua carreira na empresa como estagiária na matriz, em Joinville, trabalhou com assistência em vendas, comércio exterior, comercial e jurídica e atualmente como gerente

comercial júnior desde 2010. Nos seus desafios, agora como líder da gestão comercial, ela ressalta que a missão da área em tempos de crise econômica é ainda mais estratégica: “Buscamos soluções comerciais sob medida para os nossos clientes, a fim de viabilizar os negócios e a decisão de comprar a melhor tecnologia, qualidade e eficiência, que fazem a marca Bühler ser reconhecida no mundo”.

2.JORGE ESQUIVEL RETORNA À ARGENTINA

Especialista em moagem de grãos com formação na Suíça, Jorge Esquivel retorna à terra natal depois de uma última temporada de quatro anos na sede da Bühler em Uzwil, atuando na unidade de Grain Milling e no Customer

Service. Argentino naturalizado suíço, Jorge é funcionário da Bühler há quase 20 anos, tendo desenvolvido uma forte carreira técnica em moinhos. E a partir de julho deste ano, ele passou a responder pela gerência de Grain Milling para toda a Argentina, abrangendo uma área de cobertura que inclui também o atendimento a clientes do Chile, Paraguai e Uruguai. “Estou muito feliz de voltar para a Argentina, ainda mais atuando na área de vendas, que me permite explorar toda a minha experiência técnica e conhecimento do mercado a serviço de uma grande carteira de clientes. Nosso desafio é sempre buscar uma solução sob medida para a demanda de cada negócio nas mais diversas áreas.”

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Neste fim de ano, a partir de 1º de dezembro,

importantes mudanças organizacionais estarão

ocorrendo na Bühler América do Sul.

Fique por dentro!

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Pâmela, Fred e Damien(da esq. para a dir.)