02 a Igreja de Esmirna

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Igreja de Esmirna Esta carta se inicia com a revelação de um dos nomes de Jesus: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver. (Ap 2.8) Em outras palavras: Eu sou a ressurreição e a vida. Por que o Senhor se revela dessa maneira tão linda para a igreja em Esmirna? Porque essa era uma igreja de mártires. A igreja em Esmirna é um quadro profético da Igreja dos segundo e terceiro séculos. Esse foi o período de maior perseguição da história da Igreja. Os romanos tinham uma diversão abominável, gostavam de ver leões comerem cristãos vivos. No Coliseu, colocavam de um lado os leões, que ficavam sem comer nada por até dois meses, e do outro os cristãos. O resultado era um rio de sangue. Houve ocasiões em que morreram tantos cristãos, que o sangue na arena dava até nos tornozelos. Diz a história que, em certas ocasiões, havia tantas pessoas na arena que os leões recuavam com medo. Os próprios cristãos eram obrigados a atiçar os animais para que fossem atacados por eles. A maioria dos cristãos da igreja em Esmirna morreu na arena, lutando contra leões famintos. A História diz que eles entravam na arena cantando hinos ao Senhor. Em Roma ainda existe o Coliseu. Esse terrível anfiteatro, com capacidade para vinte mil pessoas, testemunhou o martírio do maior número de crentes em toda a História. É um lugar amaldiçoado – habitação de demônios, com certeza. Essa foi a era da igreja de Esmirna. Uma época em que se tornar um cristão era simplesmente comprar um bilhete para a eternidade. Era uma época em que se decidir por Jesus era constituir-se um traidor do Estado. Os cristãos teimavam em dizer que “Jesus Cristo é o Senhor”. Isso era um crime uma vez que apenas o imperador poderia ser chamado de senhor. 1. A revelação do Senhor — 2.8

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7 igrejas do Apocalipse

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Igreja de Esmirna

Esta carta se inicia com a revelao de um dos nomes de Jesus:

Estas coisas diz o primeiro e o ltimo, que esteve morto e tornou a viver. (Ap 2.8)

Em outras palavras: Eu sou a ressurreio e a vida. Por que o Senhor se revela dessa maneira to linda para a igreja em Esmirna? Porque essa era uma igreja de mrtires.

A igreja em Esmirna um quadro proftico da Igreja dos segundo e terceiro sculos. Esse foi o perodo de maior perseguio da histria da Igreja.

Os romanos tinham uma diverso abominvel, gostavam de ver lees comerem cristos vivos. No Coliseu, colocavam de um lado os lees, que ficavam sem comer nada por at dois meses, e do outro os cristos. O resultado era um rio de sangue. Houve ocasies em que morreram tantos cristos, que o sangue na arena dava at nos tornozelos. Diz a histria que, em certas ocasies, havia tantas pessoas na arena que os lees recuavam com medo. Os prprios cristos eram obrigados a atiar os animais para que fossem atacados por eles.

A maioria dos cristos da igreja em Esmirna morreu na arena, lutando contra lees famintos. A Histria diz que eles entravam na arena cantando hinos ao Senhor. Em Roma ainda existe o Coliseu. Esse terrvel anfiteatro, com capacidade para vinte mil pessoas, testemunhou o martrio do maior nmero de crentes em toda a Histria. um lugar amaldioado habitao de demnios, com certeza.

Essa foi a era da igreja de Esmirna. Uma poca em que se tornar um cristo era simplesmente comprar um bilhete para a eternidade. Era uma poca em que se decidir por Jesus era constituir-se um traidor do Estado. Os cristos teimavam em dizer que Jesus Cristo o Senhor. Isso era um crime uma vez que apenas o imperador poderia ser chamado de senhor.

1. A revelao do Senhor 2.8

A palavra Esmirna vem de mirra e significa sofrimento. Essa igreja representa as igrejas sob perseguio. para elas que o Senhor diz: Eu sou o primeiro e o ltimo. Eu estou vendo o comeo e tambm estou garantindo o final da histria. Eu estive morto, mas revivi. Vocs esto morrendo e vo reviver tambm. O nome do Senhor supre a nossa f. O Seu nome tudo de que necessitamos.

2. A mensagem igreja 2.9 e 10

No h reprovao para essa igreja, todavia no h elogios tambm. Aqui o Senhor conforta e consola. uma igreja sofredora. No possui muitas obras porque no tem condies de trabalhar, a perseguio grande. O Senhor diz:

Conheo a tua tribulao, a tua pobreza (mas tu s rico). (Ap 2.9)

a. Tribulao e pobreza - v. 9

Revelando-se como aquele que esteve morto e reviveu, o Senhor est falando da Sua ressurreio. A tribulao um meio que Deus usa para que possamos experimentar o poder da ressurreio (Fp 3.10). em meio ao sofrimento que podemos vencer a morte.

Alm de atribulada, a igreja era pobre. Algum pode perguntar: preciso ser pobre para tornar-se um vencedor? Certamente no precisamos ser pobres para sermos vencedores, mas Jesus disse que mais fcil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos cus (Mt 19.24). Ele falou isso com respeito ao reino e no com respeito salvao. Todos concordamos que um rico pode ser salvo, mas a chance de um rico vir a ser um vencedor a mesma de um camelo vir a passar pelo fundo de uma agulha.

O Senhor diz que eles eram naturalmente pobres, mas espiritualmente ricos. Evidentemente pobreza material no resulta automaticamente em riqueza para com Deus. Infelizmente existem pessoas que so pobres de dinheiro, pobres de mente e tambm pobres de experincia com Deus. Pobreza por si s no sinnimo de humildade. possvel ser pobre e, ao mesmo tempo, arrogante e pretensioso, ainda que isso seja mais raro. Mas sobre os ricos no h o que discutir, sua atitude sempre pretensiosa e auto-suficiente. Por pensarem que no precisam de Deus, sua postura de arrogncia.

Apesar disso, no devemos olhar para o exterior, pois o valor do homem no est nos bens que ele possui (Lc 12.15). O que importa o quanto acumulou diante de Deus. O vencedor aquele que rico para com Deus. Ele pode ser pobre financeiramente, mas o que importa o fato de ele ter acumulado tesouros no cu. Essa igreja estava acumulando tesouros no cu, por isso o Senhor disse que ela era pobre aqui, mas ser rica l.

b. Os que se declaram judeus - v. 9

O verso nove diz:

Conheo (...) a blasfmia dos que a si mesmos se declaram judeus e no so, sendo, antes, sinagoga de satans. (Ap 2.9)

possvel existir um judeu falso? Como identificar o verdadeiro judeu? Romanos 2 afirma que o verdadeiro judeu no aquele que nasceu de pai e me judeus, nem aquele que foi circuncidado. O verdadeiro judeu aquele que o interiormente. Paulo diz que:

Judeu aquele que o interiormente, e circunciso, a que do corao, no esprito, no segundo a letra, e cujo louvor no procede dos homens, mas de Deus. (Rm 2.29)

Os judeus que perseguiam a igreja em Esmirna eram judeus na carne, mas eram falsos judeus diante de Deus, porque o verdadeiro judeu aquele que tem o corao circuncidado para amar a Deus. O Senhor os chama de sinagoga de satans, ou seja, habitao de demnios.

Ser um vencedor nessa igreja rejeitar tudo aquilo que vem do judasmo. No devemos tentar transformar-nos a ns mesmos em judeus, nem ousar transformar a igreja em algo judaico porque isso no procede do Senhor. Como podemos identificar conceitos e prticas judaicas na igreja? O judasmo possui quatro caractersticas bsicas.

A primeira delas o templo. O templo era o centro da religio judaica. No Velho Testamento, Deus no habitava em qualquer lugar, Ele habitava em um pas chamado Israel. Mas, mesmo em Israel, Ele no habitava em qualquer lugar, mas em uma cidade chamada Jerusalm e, mesmo em Jerusalm no era em todas as casas que Ele estava, mas somente num prdio chamado templo e, mesmo no templo, s numa parte chamada Santo dos santos. Se um judeu queria adorar a Deus, teria que ir para o templo porque era l que Deus habitava.

Ns somos o templo de Deus hoje. Estritamente falando, o Cristianismo uma religio que no possui edifcios, nem templos. O judasmo tinha um templo, ns no os temos mais. Se voltarmos a estabelecer prdios como templos, incorreremos em um retrocesso ao judasmo.

Ser um vencedor hoje entender que somos o templo de Deus e que Deus no habita em prdios. Ns somos Sua morada. Deus no mora no prdio da igreja. Quando voc vai embora depois do culto, Ele o acompanha. Ele habita com voc, porque sagrado voc, e se voc est cheio de Deus, aonde voc for, torna-se sagrado tambm. Somos o Seu templo e O carregamos dentro de ns. Onde ns pisamos, Deus finca Suas pegadas; aonde ns chegamos, Deus chega junto.

Alguns pastores religiosamente terminam o culto orando: agora despede-nos em paz! Pode-se ouvir o Senhor dizendo: Eu no despeo no. Vou embora junto com vocs! Outros comeam o culto orando solenemente: agora, entrando em tua presena! Fico pensando, onde que estavam antes? Outros pedem que as pessoas venham ao altar se referindo ao tablado do plpito. Acreditar que Deus habita num prdio heresia. Essa viso templista um srio entrave ao mover de Deus.

Mais uma vez, a viso celular o caminho do vencedor. Cada instituio a cara do prdio onde se rene, mas uma igreja em clulas no existe em funo do prdio onde se rene. O prdio para ns apenas um lugar de treinamento e celebrao, a vida normal da igreja acontece em outros lugares em nosso dia-a-dia. Apesar de, no Velho Testamento, Deus habitar num templo, isso j no acontece no Novo Testamento. Hoje ns somos o Seu templo, em ns que Ele habita. Assim, biblicamente falando, a Igreja do Novo Testamento possui um lugar de reunio, mas no possui templos.

Os templos representam uma grande contradio do cristianismo. Na verdade, eles no existiam at o segundo sculo. Se voc procurasse pela igreja no primeiro sculo, seria conduzido a um grupo de pessoas se reunindo numa casa, porque eram em lares que eles se reuniam.

A segunda caracterstica bsica do judasmo a lei. No h judasmo sem a lei. A lei era o centro da vida do povo. Para o autor da Carta aos Hebreus, a lei dos judeus era escrita em tbuas de pedras, mas a lei da nova aliana, o Novo Testamento, escrita nos nossos coraes (Hb 8.10). O Esprito nos ensina a respeito de todas as coisas. A lei do Esprito foi impressa dentro do nosso prprio esprito e no precisamos mais seguir a lei de Moiss. Seguindo a lei do Esprito ns acabamos por cumprir a lei de Moiss, porque a lei do Novo Testamento superior. No se trata de uma questo de decorar normas e regras, mas de ter uma pessoa viva residindo dentro de ns. Ningum pode seguir a lei e cumprir plenamente a vontade de Deus. Para isso precisamos ter a lei do Esprito da vida, uma pessoa dentro de ns falando conosco, orientando-nos e dirigindo-nos.

No temos que seguir nenhuma liturgia ou tradio judaica, como luas novas, festas e coisas semelhantes. Nem devemos mais celebrar a festa dos tabernculos ou a festa de pentecostes. Hoje o nosso pentecostes o Esprito Santo de Deus, o nosso tabernculo o Senhor Jesus que desceu do cu e veio habitar conosco e em ns. Ele o nosso tudo. O cumprimento de tudo e tudo se resume nEle, porque o fim da lei Cristo para justia de todo aquele que nEle cr (Rm 10.4). No devemos mais seguir leis exteriores. O Esprito da Verdade nos conduz a toda verdade.

A terceira caracterstica do judasmo a sua classe sacerdotal. Atualmente, no cristianismo no existe uma classe sacerdotal, todos somos sacerdotes do Senhor, como diz Pedro:

Vs, porm, sois raa eleita, sacerdcio real, nao santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1Pe 2.9)

Os irmos de Esmirna eram perseguidos por esses falsos judeus que queriam transformar a igreja em um pedao de Israel. Tambm hoje temos pessoas que querem transformar a igreja numa sinagoga judaica.

A quarta caracterstica distintiva do judasmo so as promessas de Deus. O Senhor cumprir as promessas feitas aos judeus porque Ele fiel. No entanto, o autor de Hebreus diz que as nossas promessas so superiores, porque so baseadas em uma aliana superior:

Agora, com efeito, obteve Jesus ministrio tanto mais excelente, quanto ele tambm Mediador de superior aliana, instituda com base em superiores promessas. (Hb 8.6)

c. Tribulao de dez dias

Finalmente, o Senhor diz a esta igreja:

No temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo est para lanar em priso alguns dentre vs, para serdes postos prova, e tereis tribulao de dez dias. (Ap 2.10)

Como no ficou na Histria nenhum registro acerca de uma tribulao especfica de dez dias, cremos, mais uma vez, que se trata de algo simblico. Precisamos entender o sentido luz da prpria Palavra. H outras ocasies na Bblia em que um perodo de dez dias mencionado. Duas delas, no Antigo Testamento, falam de um perodo de dez dias. A primeira foi quando Abrao mandou Elizer terra de seus pais, para buscar uma esposa para Isaque. Quando o servo de Abrao chegou ao destino, escolheu Rebeca, a famlia pediu-lhe dez dias para despedir-se da moa (Gn 24.55). O segundo caso se deu quando Daniel, Hananias, Misael e Azarias pediram ao cozinheiro do rei Nabucodonosor para no se alimentarem da comida real, imprpria aos judeus, mas apenas de legumes e gua durante dez dias. Era um tempo de teste. Se, ao fim desses dez dias, eles tivessem uma melhor aparncia do que os demais continuariam alimentando-se conforme o costume judaico (Dn 1.12).

Esses dez dias significam um perodo pequeno, porm completo, de teste e de prova. Tribulao de dez dias uma tribulao completa. O vencedor ser testado em um tempo completo de tribulao determinado por Deus.

A igreja de Esmirna estava sofrendo. Todavia, esse sofrimento era conhecido diante de Deus e determinado em sua soberania. Isso um grande consolo: toda tribulao pela qual temos de passar, tem um tempo determinado e conhecido diante de Deus. Nunca vai alm do que est estabelecido. Tambm jamais excede os limites de nossas prprias foras. No significa, porm, que seja um perodo literal de dez dias, e sim, um espao de tempo, breve, determinado pelo Senhor (1Co 10.13).

3. A recompensa do vencedor 2.11

Ao vencedor o Senhor diz:

S fiel at morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10)

Fiel at ao ponto de morrer e fiel at a morte chegar. A coroa da vida um prmio concedido apenas aos vencedores. Eles tambm de nenhum modo sofrero o dano da Segunda morte, mencionado no verso 11.

Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrer dano da segunda morte. (Ap 2.11)

Este dano refere-se ao prejuzo que alguns crentes tero por ocasio do Tribunal de Cristo. Embora a segunda morte no tenha poder sobre ns, pode-se vir a sofrer algum dano semelhante.

Escrevendo aos corntios, Paulo diz que nossas obras sero testadas diante de Deus pelo fogo:

Manifesta se tornar a obra de cada um; pois o Dia a demonstrar, porque est sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o prprio fogo o provar. (1Co 3.13)

Todavia, sabemos que a obra de alguns se queimar, por serem desqualificadas, mas eles mesmos sero salvos como que atravs do fogo.

Se permanecer a obra de algum que sobre o fundamento edificou, esse receber galardo; se a obra de algum se queimar, sofrer ele dano; mas esse mesmo ser salvo, todavia, como que atravs do fogo. (1Co 3.14,15)

Observe que o crente com obras erradas sofrer um dano por meio do fogo. Ele mesmo ser salvo, mas haver um dano. Esse o dano da segunda morte. O vencedor no sofrer de forma alguma esse dano ou disciplina.