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02 a 05 setembro 2013 Faculdade de Letras UFRJ Rio de Janeiro - Brasil EIXO TEMÁTICO - Língua e ensino: metodologias e tecnologias

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02 a 05 setembro 2013

Faculdade de Letras UFRJRio de Janeiro - Brasil

EIXO TEMÁTICO - Língua e ensino: metodologias e tecnologias

A experiência do PIBID espanhol/UFPR em aulas de E/LE: o uso de materiais audiovisuais como recurso didático Thiago André Lisarte Bezerra

A construção do significado a partir do texto verbal e não verbal no gênero história em quadrinhos: implicações para o ensino de Alemão como LE Marta de Souza Pereira da Silva Vidal

INDÍCE DE TRABALHOS(em ordem alfabética)

A concepção de autonomia sociocultural como atividade revolucionária Silvia Emilia de Jesus Barbosa da Cunha

Página 08

A gramática e o ensino/aprendizagem de E/LE Monique Alves de Alcantara; Maria Lidiane Araújo Silva

A influência dos sons da fala na escrita de alunos das séries iniciais Robevaldo Correia dos Santos; Camila Fernandes dos Santos

A pedagogia da variação linguística na escola Viviane Alves de Matos

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A didatização dos gêneros textuais no ensino médio Elane de Jesus Santos Página 10

Página 07

Página 09A crônica e o uso da linguagem coloquial Nilva Braga Monteiro

Página 13

A fonologia da Libras: uma análise dos parâmetros fonológicos na realização de nove sinais por um aluno do III semestre do curso Letras/Libras/Língua Estrangeira de AmargosaAdriana Mendes Andrade; Joseni Silva Santos

Página 16A linguagem de Gregório de Mattos: uma abordagem no ensino de gramática Rubens Alves Duarte; Emerson Viana Braga

A promoção da autonomia e as crenças e atitudes em relação à utilização de uma rede social como complementação sala de aula Camila Chaves; KeiseRosa Página 19

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A utilização das Redes sociais no ensino de espanhol Kássia Pereira e Nadir Ágata Almeida

Aspectos sobre a autonomia na aprendizagem de Língua Alemã Ana Carolina Silva Kopezynski; Renan Monteiro Marques

Aplicação dos jogos lúdicos como recurso pedagógico no ensino do português para alunos do 2º ano/9 - Carla Isabela Pampolha Marques;Rosangela Maria Costa Alves

Como lidar com a variação linguística e a norma padrão na escola: o caso do pronome oblíquo átono e das orações adjetivas Jezebel Batista Lopes e Sabrina Casagrande

Copa 2014 FrameNet Brasil: anotação das unidades lexicais evocadoras de frames do Cenário do Turismo Ana Carolina Ramalho Alcântara; Elida Ramos Costa;Isabela Cunha Silva Costa; Juliana Coelho do Carmo; Maucha Andrade Gamonal

Árvores de domínio em confronto: o Sistema Educacional Brasileiro e o Italiano Jéssica Mahyara Chagas Teixeira

Conhecendo o Outro: o desenvolvimento da práxis do estudante da Língua Espanhola Adriana da Gama, Luciene Rocha, Paulo Otávio Miranda Cardoso

Didactic book: an analysis about this important tool in language learning Bárbara Cotta Padula; Fernanda Ignachitti Campos

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Página 25

Colocação pronominal em contexto com pausa Gláucia Castro Aguiar Pio; Rodrigo Alves Silva

Página 30

Considerações sobre o certificado de proficiência em língua portuguesa para es-trangeiros (Celpe-bras), com ênfase no posto aplicador UFRJ Rosane Souza Cachoeira; Tatiana Corrêa da Silva

Página 22

Apresentando o PALEP - Projeto Alemão nas Escolas Públicas Diego Vieira do Nascimento; Lygia de Carvalho Teixeira; Roberto D’ Assumpção Junior

Competência leitora e os gêneros do discurso no ensino de espanhol Adriana da Gama, Egon Magno Azevedo da Silva Bemfica, Juliana dos Santos Peixoto Braz, Karla Josiane Pires Tavares, Milena Porto Bruckner, Paula Pereira, Warllachana Moisés da Silva

Dialogismo no ensino dos gêneros discursivos: um encontro entre vozes, culturas e identidades Raquel Moreira Machado; Joyce Pereira Estani;Ana Paula de Sousa Silva Página 34

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Ensino de espanhol: escola, leitura e transversalidade Adejair do Espírito Santo Siqueira Júnior e Aline Brito de Medeiros, Luana Siqueira Schweizer, Marcia Barci da Silva, Matheus de Oliveira Espírito Santo e Sthéfani Marinho de Carvalho

Discutindo ciência: do senso comum ao conhecimento formal sob o olhar dos alunos no ensino médio da rede pública Débora Aparecida Blanco Gonsales; Helen Vanessa Oliveira RittZanchin

Página 40

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Página 36

Página 38Do não-padrão ao padrão: prática de análise contrastiva na sala de aula Monique Débora Alves de Oliveira

Discussão e registro da língua: cartoneiras como instrumento viabilizador da produção literária indígena Helen Vanessa Oliveira RittZanchin; Wélica Cristina Duarte de Oliveira

Página 41

Intertextualidade e gêneros textuais: um estudo em rosa. “A study in pink” Fernando Angélico Pereira Alfradique; Priscila Pimentel;Ricardo Augusto Gonçalves

Gods in a Week: Os dias da semana e as divindades para um primeiro contato com textos em língua inglesa Leonardo Cardoso; Thais Assis

Leitura em Inglês: ampliando a competência textual através de e-textos Cristiane Veloso Costa; Eduardo Gerdiel B. Graça;Gláucia Coelho Campos

Inclusão digital: o uso do computador na aprendizagem de alunos com defciência visual Ana Carolina dos Anjos de Queiroz

Leitura e Escrita no Contexto Escolar: proposta de atividades em Letramento Digital do PIBID Letras IFPA - Campus Belém Thays Lima e Silva

Letramento digital no processo de aprendizagem de crianças autistas Vilma Mussilene de Araújo Candido

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Página 43

Labirinto da Fala: brincando de achar o caminho da igualdade entre as variedades Caroline Teixeira Medeiros Barbosa Página 49

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Página 50

Página 54

Interdisciplinaridade: uma perspectiva nas redações dissertativo-argumentativas Rafael dos Santos Lemos; Seila Marisa da Cunha Islabão

Leitura e produção de quadrinhos em língua estrangeiraAdriena Casini Da Silva; Adnéa Casini da Silva

Garimpo textual e(m) multiletramentos críticos: a compilação de um corpus de aprendizes como interface alternativa na formação do professor de línguas Cristina ArcuriEluf; Fernanda de Castro Batista Coelho; Ester Maria de Figueiredo Souza; Tainise de Souza Soares de Oliveira

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Letramento Digital: Uma Proposta de Ensino para Integrar Professores e Alunos no Contexto Escolar Ana Paula Santos SarmanhoLevantamento e análise das crenças dos aprendizes sobre seu papel e o do professor na aprendizagem de ALE Raquel Garcia D’Avila Menezes

Novas perspectivas para o ensino de língua portuguesa: o programa de iniciação à docência na UESB campus de Jequié Carla Souza Ferreira; Emerson Viana Braga;Rubens Alves Duarte

Lingua materna e pesquisa: (re)descobrindo ciência com o povo Paresi na Aldeia Indí-gena Formoso Wélica Cristina Duarte de Oliveira; Eduardo Fonseca de Souza

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Página 62

Língua estranha ou estrangeira? Sobre o ensino de alemão em escolas pública eperiféricas do Estado do Rio de Janeiro Paula Vieira Campos e Flora Almeida

O ensino da gramática sob uma nova perspectiva: O rompimento da tradição através das novas tecnologiasPatrícia de Carvalho Andrade

Página 64O Ensino na Educação Básica Frente à Modernização Tecnológica: Uma ReflexãoBruno Gomes Pereira

Página 65O esporte como meio de despertar o interesse pela língua inglesa Maria Joana Machado de Freitas;Tatiane Alves Pereira dos Santos

Página 66

O lúdico na escola: um projeto para o ensino de espanholAna Paula Ferreira Marinho, Carolina Tovar Albuquerque e Livia Puga de Almeida Santos

Página 68O origami na formação de leitoresRicardo Borges Carvalho

Página 70O papel do professor autônomo no ensino de L2Anderson Matos e Vanessa Mota

Página 71

O tratamento dos gêneros textuais nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Contribuições nas aulas de Língua Portuguesa do ensino médioGraciethe da Silva de Souza

Página 72O uso da sintaxe para compreensão leitora de textos acadêmicos em língua inglesaAntonio José Maria CodinaBobia

Página 73

Os gêneros textuais nas provas de língua portuguesa do ENEMAmanda Almeida de Jesus; Andréia Teixera Mota;Paulo Sérgio Cerqueira Nogueira Junior

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Página 74Por uma pedagogia da variação linguística na escolaLuana Conceição Miranda Picoli; Joseli Rezende Thomaz

Página 75

Projeto dicionário de sintaxe do português Caroline de Oliveira Rocha, Catarine Marques Ferreira de Jesus; Robson Martins Ferreira; Simone da Conceição Januário; Stella Alves Baptista

Página 76Reflexões sobre o “estrangeiro” e o “brasileiro” em aulas de leitura de Espanhol-LECamilla Reis dos Santos; Leandra Cristina Machado da Silva

Página 79

Vidas secas e o quadro dramático do não reconhecimento: um olhar via o conceito de educação sentimental de Rorty Adriana de Oliveira Moreira; Bruna Pimentel de Oliveira; Bruno José da Costa

Página 77Ser professor de língua inglesa em cursos livres: representações e práticas docentesMaria Waleska Siga Peil

Página 80

O tratamento dos gêneros textuais nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Contribuições nas aulas de Língua Portuguesa do ensino médio Graciethe da Silva de Souza

Página 81

Garimpo textual e(m) multiletramentos críticos: a compilação de um corpus de aprendizes como interface alternativa na formação do professor de línguas Cristina ArcuriEluf;Fernanda de Castro Batista Coelho; Ester Maria de Figueiredo Souza

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O objetivo deste trabalho é apresentar a autonomia do aprendiz de língua estrangeira como sociocultural,

além de caracterizá-la como possível atividade revolucionária. Para tanto, utilizo a Teoria Sociocultural

de Vygotsky ([1930], 2011) valendo-me da noção de Zona de Desenvolvimento Proximal (doravante

ZDP) proposta por Vygotsky ([1930], 2011) e desenvolvida por Holzman e Newman ([1993] 2002), pois

entendo que na problemática da aprendizagem-e-desenvolvimento explicitada por tais autores neo-

vygotskyanos há lugar para atividade revolucionária.

Também conceituo a autonomia do aprendiz de língua estrangeira sob a ótica sociocultural levando em

consideração Oxford (2003), desmitificando o termo autonomia (DICKINSON, 1994; RAYA, LAMB e

VIEIRA, 2007; OXFORD, 2011) e observando a importância do outro na enunciação a partir da noção

de linguagem como atividade social e enunciação como produto da interação verbal (BAKHTIN/

VOLOSHINOV, [1929] 2006; CLARK, 1996)

Ainda tratando da importância da interação verbal, considerando a questão educacional e os processos

de aprendizagem-e-desenvolvimento, Szundy (2006) traça paralelos entre as noções de gêneros

primário e secundário (BAKHTIN, [1953] 1997) e conceitos espontâneos e científicos (VYGOTSKY,

[1934] 2001), apontando as semelhanças entre eles de forma que se estabelecesse uma melhor

compreensão dos processos de construção de conhecimento em contextos educacionais. Portanto,

Por fim, caracterizo o que entendo como autonomia revolucionária mostrando de que forma tal visão

acerca da autonomia poderá contribuir em futuras investigações sobre o tema.

Mais do que conceituar a autonomia do aprendiz de línguas estrangeiras como sociocultural (OXFORD,

2003), o foco deste trabalho consiste em caracterizar a mesma como atividade revolucionária,

valendo-se, portanto, das ideias apresentadas por Newman e Holzman ([1993]2002) acerca do que é

Zona de Desenvolvimento Proximal e sua relação com aprendizagem-e-desenvolvimento. Apresento

a definição clássica de Vygotsky ([1930], 2011) para Zona de Desenvolvimento Proximal e a expando

ao introduzir como Newman e Holzman ([1993]2002) a conceituam. Ao propor uma autonomia

sociocultural e revolucionária, sugiro que, através da ZDP, sejam possibilitadas ao aprendiz condições

para o desenvolvimento autônomo dos conceitos espontâneos em científicos (VYGOTSKY, [1934]

2001), fazendo com que o aprendiz também conheça os gêneros primários e secundários (BAKHTIN,

[1953] 1997), e assim, estará se proporcionando à sociedade um indivíduo mais crítico, questionador e

consciente do papel transformador que pode exercer em seu meio.

A CONCEPÇÃO DE AUTONOMIA SOCIOCULTURAL COMO ATIVIDADE REVOLUCIONÁRIA

Silvia Emilia de Jesus Barbosa da Cunha

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O gênero textual história em quadrinhos (HQs) pode ser caracterizado como um gênero icônico-

verbal narrativo, cuja progressão temporal se organiza quadro a quadro (MENDONÇA, 2002). Esta

classificação se dá devido à composição do mesmo, marcada por diferentes elementos verbais e não

verbais. São elementos típicos de uma HQ: imagens, quadros, títulos, legendas e balões, nos quais os

textos verbais são inseridos (CRISTÓVÃO e NASCIMENTO, 2004). Em relação ao texto verbal, pode-

se dizer que em grande parte das HQs há uma tentativa explícita de reprodução da fala nos balões,

o que torna a exploração desse gênero extremamente rica para o processo de aprendizagem de uma

Língua Estrangeira (LE).

Por outro lado, a presença de imagens propicia que a análise do contexto nesses textos contribua para

a construção dos significados expressos, a partir justamente da combinação texto e imagem (VAZ

FERREIRA, 2005). Dessa forma, o processo de construção de sentido se desenvolve através da análise e

descrição do contexto apresentado nos quadrinhos. Com relação ao uso de HQs no ensino, Mendonça

(2002) ressalta que reconhecer e utilizar o recurso da quadrinização como ferramenta pedagógica é

essencial numa época em que a imagem e a palavra, cada vez mais, associam-se para a produção de

sentido nos diversos contextos comunicativos.

Os PCNs (BRASIL, 1998) destacam a importância da inserção de toda a diversidade de gêneros

textuais não só no ensino de língua materna como também de LEs. Tendo como base este pressuposto,

esta pesquisa tem por objetivo descrever e analisar alguns exemplares de HQs em Língua Alemã,

observando possíveis particularidades em relação a esse gênero em comparação a quadrinhos em

Língua Portuguesa. Também temos por objetivo analisar o uso de HQs em aulas de alemão como LE,

com especial atenção para o processo de construção de sentido que leva em conta o contexto dado

através dos elementos verbais e não verbais neste gênero.

A CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICADO A PARTIR DO TEXTO VERBAL E NÃO VERBAL NO GÊNERO HISTÓRIA EM QUADRINHOS:

IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE ALEMÃO COMO LE

Marta de Souza Pereira da Silva Vidal

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Trata-se de um artigo quevisa,apresentare relatar,as práticas pedagógicas dos acadêmicos de letras

utilizadas no ensino do gênero literário,crônica. Além de discutir o trato da língua prestígio na

sociedade e a importância da coloquial na escrita deste gênero tão pouco explorado nas escolas. Sendo

assim, o Programa institucional de Bolsa de iniciação à docência (Pibid), projeto este vinculado à

Comissão aperfeiçoamento de pessoal de nível superior, representa muito mais do que uma ligação

entre comunidade acadêmica e escolar, leva os estudantes de graduação a experiência da pesquisa

no âmbito. O trabalho deu-se em uma escola de nível médio participaram alunos do 1ºano do

ensino médio, na cidade de Manaus. A proposta voltou-se pela importânciade inserção do gênero,

portanto, teoria e prática foram priorizadas. Logo, houve a preocupação de um trabalho voltado para

a concepção interacionista da linguagem como pressuposto para o entendimento da língua como

instrumento de interação social. E ainda, os parâmetros curriculares destacam a importânciada

inserção da variação linguística no âmbito escolar, bem como o ensino dos diferentes tipos de gêneros

nas aulas de língua portuguesa. Comometodologia utilizou-se as sequências didáticas, as mesmas

adotadas pelas Olimpíadas de Língua Portuguesa, tal como pensadas por Dolz e Schneuwly (2011). A

prática da escrita resultou emtemáticas como,política,relacionamentos eaté mesmo a própria relação

deste aluno com a escola. Assim, pode-se observar que a consciência da linguagemcomo interação

social, e o entendimento da língua como heterogênea, ideiasessas que ganham destaque pelos autores,

Antunes (2007), Bagno (2007),disponibilizam oportunidades de um aprendizado significante da língua

portuguesa. Para isso as aulas devem ser significantes, não apenas com análises diárias de sentenças

isoladas conformenosapontaOliveira (2010), contudo,devem ser ministradas de uma nova maneira,

ressaltando a necessidade do conhecimento de outros gêneros e dos diferentes níveis de linguagem.

Por final, acredita-seque, todo conhecimento é significante para o alunado, e o seu aprendizado deveria

ser encarado como um processocontínuoao longo de sua vida escolar.

Palavras-chave: Pibid- crônica- variação linguística- sequências didáticas.

A CRÔNICA E O USO DA LINGUAGEM COLOQUIAL

Nilva Braga Monteiro

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A forma como o professor realiza suas atividades em sala de aula é de suma importância para a apreensão

do conhecimento por parte dos alunos, pois sabemos que para o aluno venha ter uma aprendizagem

significativa e necessário que ele tenha professores com praticas didáticas diversificadas e que não

centralize suas atividades em sala de aula em apenas estudar um tipo de gênero. “Considerando que

os gêneros independem de decisões individuais e não são facilmente manipuláveis,” MARCUSCHI (

2007 ), surge a inquietação de investigar como tem sido trabalhado os gêneros textuais na sala de aula.

Para tanto, será feita entrevista com professores do ensino médio, a fim de identificar as dificuldades

dos alunos na produção e no reconhecimento dos gêneros a serem trabalhados, bem como analisar

as metodologias utilizada pelo professor, no momento em que se esta trabalhando os gêneros textuais

em sala de aula, visto que os gêneros não deve ser trabalhado com a finalidade de apenas analisar as

questões gramaticais, deve-se também analisar o contexto social.

“Partindo do pressuposto básico de que é impossível se comunicar verbalmente a não ser por gênero,

assim como é impossível de comunicar verbalmente a não ser por um algum texto,” MARCUSCHI

(2007), fica claro a importância de estudar os gêneros textuais uma vez que fazem parte da nossa vida,

pois o mesmo apresenta características sócio-comunicativas, e assim podemos dizer são modelos

comunicativos.. Dessa forma, ao termino deste trabalho A didátização dos gêneros textuais no ensino

médio, pode-se perceber que a forma como o professor trabalha os gêneros textuais em sala de aula

precisa ser mais dinâmico, algo para alem da sala de aula, pois os discentes sentem a necessidade de

que as atividades realizadas na escola possam estar em consonância com as suas práticas diárias de

comunicação oral e escrita.mudança por parte do professor, em que o mesmo sente dificuldades em

dinamizar sua aulas devido a sua carga horária excessiva.

A DIDATIZAÇÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO MÉDIO

Elane de Jesus Santos

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Pretendo, através da presente comunicação, apresentar uma proposta de atividade elaborada por

bolsistas do projeto espanhol PIBID/UFPR. É importante ressaltar que o projeto centra suas discussões

teóricas, o planejamento de aulas e a elaboração de materiais didáticos tendo em vista as considerações

bakhtinianas (1992) acerca dos gêneros discursivos e as orientações de documentos oficiais para o

ensino como, por exemplo, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Estrangeira

Moderna (2008) e os Parâmetros Curriculares para o ensino de Línguas Estrangeiras (1998). Sob tal

embasamento teórico, o trabalho aqui relatado foi realizado com alunos das séries finais do Ensino

Fundamental da rede pública de ensino, no Colégio Estadual Flávio Ferreira da Luz, em Curitiba –

PR. A partir da convivência regular com o ambiente escolar proporcionada pelo projeto pudemos

observar a atuação docente e as estratégias metodológicas desenvolvidas para garantir aos alunos a

aprendizagem dos conteúdos disciplinares.

Além das observações, também nos baseamos em um material de pesquisa elaborado especificamente

para detectar o conhecimento de mundo dos alunos, os principais elementos que faziam parte de suas

realidades e suas expectativas em relação à aprendizagem da língua espanhola. Desta forma, fazendo

o levantamento das respostas dos estudantes ao questionário diagnóstico, tivemos a possibilidade

de planejar uma atividade tendo em vista a realidade escolar das turmas-alvo. Assim, chegamos à

conclusão que a adoção de recursos multimídias seria uma alternativa interessante para abordar o

conteúdo a ser trabalhado relacionado à aquisição e ampliação do léxico dos alunos.

Portanto, o diferencial de nossa proposta foi o emprego de elementos audiovisuais na aula de espanhol

com o intuito de aproximar os conteúdos sistêmicos abordados em sala de aula da realidade dos

discentes, permitindo-lhes um contato diferenciado com a língua estrangeira alvo ao estimular a

participação ativa durante o processo de aprendizagem por meio do diálogo e da interação interpessoal.

Isto porque foi possível perceber, de forma evidente, o quanto os estudantes se sentiram estimulados a

participar da aula, engajando-se nas discussões propostas. Desta maneira, considerando a renovação

do processo de aprendizagem com vistas a atender as peculiaridades do corpo discente como uma das

premissas para o planejamento de nossas regências (momentos de atuação em classe) e tendo como

perspectiva a necessidade de abordar os conteúdos curriculares relativos à disciplina, selecionamos

para a nossa regência vídeos que apresentassem temáticas com as quais os alunos tinham proximidade

no cotidiano, mas que dificilmente eram aproveitadas durante as aulas de espanhol – como o seriado

A EXPERIÊNCIA DO PIBID ESPANHOL/UFPR EM AULAS DE E/LE: O USO DE MATERIAIS AUDIOVISUAIS COMO RECURSO DIDÁTICO

Thiago André Lisarte Bezerra

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hispânico Chaves, para citar um exemplo. Desta forma, nossa intenção primordial foi integrar as

novas tecnologias ao espaço da sala de aula, utilizando-as como uma ferramenta para o ensino de

conteúdos curriculares preestabelecidos. Empregando materiais audiovisuais como suporte didático-

pedagógico, foi possível trabalhar vários conteúdos sistêmicos (o léxico da cores, expressões idiomáticas

relacionadas à leitura, os adjetivos) de forma menos tradicional e, portanto, mais significativa para

os alunos, pois o contato com as novas tecnologias tornou o processo de ensino-aprendizagem mais

dinâmico, autônomo e diversificado e nos propiciou uma nova experiência pedagógica no contexto de

ensino de E/LE.

Referências:

BAKHTIN, Mikhail M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto

Ciclos do Ensino Fundamental: Língua Estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua

Estrangeira Moderna. Curitiba: SEED, 2008.

Palavras-chave: PIBID Espanhol - ensino de espanhol como língua estrangeira - recursos audiovisuais.

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Partindo do pressuposto de que usuário da Língua Brasileira de Sinais em Amargosa não fazem uso

correto dos Parâmetros Fonológicos da Libras, é que o presente estudo buscara analisar a marcação

desses Parâmetros, a partir da realização de nove sinais (palavras) por um aluno do III semestre

do curso Letras/Libras/Língua Estrangeira de Amargosa.Porque se faz necessário como futuras

docentes de Libras, ter conhecimento da importância da realização correta dos Parâmetros, pois a

marcação inadequada dos sinais muda-se todo o significado da palavra, assim acaba comprometendo

a informação ou a comunicação do sujeito surdo.

Os sinais foram analisados segundo a perspectiva dos estudos realizados por Quadros, 2004.p. 47

quando diz que “a tarefa da fonologia para as línguas de sinais é determinar quais são as unidades

mínimas que formam os sinais, e estabelecer quais são os padrões possíveis de combinação entre

essas unidades”, e também sobre as contribuições deCapovilla, quando ambos propõem um estudo

específico sobre os Parâmetros Fonológicos da Libras, bem como: a configuração de mão, movimento,

orientação de mão, ponto de articulação e expressão não-manual.

A partir disso, alcançaram-se o seguinte resultado: A maioria dos sinais realizados, não contemplam

corretamente todos Parâmetros Fonológicos que compõe a sinalização de certas palavras. Acredita-

se que tal dificuldade se dá pelo fato do discente ter pouco conhecimento da estrutura da Libras,

visto que os estudos na área ainda são recentes e na cidade de Amargosa não existe uma comunidade

grande usuária dessa língua. Além disso, falta nos ambientes escolares á implantação do Componente

Libras como meio de garantir o conhecimento da mesma. O que deixa evidente a grande necessidade

que existe de estudos Linguísticos da Libras como meio de garantir a eficiência no uso dessa língua,

visto que assim como as Línguas orais possuem uma estrutura, a Libras como Língua espaço-visual,

também possui sua estrutura linguística própria, constituindo assim, uma língua auto-suficiente

capaz de transmitir qualquer informação e conhecimento.

A FONOLOGIA DA LIBRAS: UMA ANÁLISE DOS PARÂMETROS FONOLÓGICOS NA REALIZAÇÃO DE NOVE SINAIS POR UM ALUNO DO III SEMESTRE DO

CURSO LETRAS/LIBRAS/LÍNGUA ESTRANGEIRA DE AMARGOSA

Adriana Mendes Andrade; Joseni Silva Santos

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Ensinar uma língua estrangeira é um desafio, tanto para o professor quanto para o aluno, pois, este

representa o conhecimento de uma nova cultura, novos costumes, uma nova língua. Desta forma, a

competência gramatical entra em cena para dar a sua contribuição no ensino de espanhol como língua

estrangeira (E/LE). Muitos professores se prendem ao modelo de gramática normativa e suas regras, já

que esta auxilia as habilidades da compreensão leitora e expressão escrita, pois esse tipo de gramática

valida somente à variedade da norma padrão ou culta, já que seu preceito é o falar e o escrever bem,

não cedendo espaço para as demais variações da língua.

Mas no que tange o ensino/aprendizagem de E/LE sob a ótica da competência comunicativa, a

gramática é um componente importante para a aprendizagem do funcionamento da língua, pois, é

um meio de alcançar a comunicação na LE. Deste modo, a partir dos conhecimentos adquiridos pelos

alunos sobre as regras gramaticais, eles poderão se expressar e interpretar melhor as mensagens na

língua estrangeira, e com isso haverá a comunicação. Em vista disso, o presente trabalho tem como

objetivo identificar de que forma está sendo trabalhada a competência gramatical no processo de

ensino/aprendizagem de E/LE, no livro ‘’Enlaces’’, aprovado pelo PNLD de ensino médio de 2012

até 2014. Analisaremos de cada unidade as seções “Manos a la obra” que referencia os elementos

linguísticos. Verificaremos qual o tipo de gramática está sendo utilizada no livro em questão, e de que

forma esse uso favorecerá no processo comunicativo.

Além disso, averiguaremos se o conteúdo gramatical está contextualizado. Para essa analise usaremos

como base o que está disposto nos documentos de orientações educacionais: PCN, LDB e PNLD.

Portanto, com a análise tentaremos demonstrar as problemáticas e a partir delas refletiremos sobre

uma nova adequação da gramática no material didático.

A GRAMÁTICA E O ENSINO/APRENDIZAGEM DE E/LE

Monique Alves de Alcantara;Maria Lidiane Araújo Silva

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A interferência da fala na escrita de alunos das séries iniciais tem sido um dos grandes entraves no

processo de aprendizagem da escrita, já que, quando entram em contato com o código escrito, as

crianças precisam associar som, distintividade e representação gráfica. Os professores, diante das

ocorrências do português não-padrão na escrita, têm duas possibilidades: a) ignorar os motivos

que levam o aluno ao desvio da norma padrão e taxá-lo arbitrariamente como erro, atitude que não

contribui para o processo de aprendizagem da escrita; b) ao contrário, dispor-se a entender como se dá

a interferência da fala na escrita e, a partir daí, adquirir conhecimento sistemático sobre a influência

de processos fonético-fonológicos em produções escritas.

A adequação da escrita à norma padrão, desde os primeiros anos de escolarização, é uma exigência

imposta ao aluno pela instituição escolar. No entanto, devido o fato de a forma escrita não corresponder

exatamente aos sons da fala, os alunos acabam transcrevendo foneticamente esses sons, o que se

constitui em um erro ortográfico. Este trabalho pretende analisar a interferência de processos fonético-

fonológicos na escrita de alunos do 4º e 5º ano do ensino fundamental.

O objetivo é verificar qual o nível de influência da fala na escrita dos alunos em início de escolarização,

atentando para alguns fenômenos fonéticos frequentes no português do Brasil que interferem na

produção da língua escrita. A hipótese norteadora deste estudo é a de que certos desvios da norma

padrão que ocorrem na língua escrita podem ser explicados devido à influência de alguns processos

fonético-fonológicos. Este trabalho justifica-se por possibilitar aos professores um conhecimento mais

sistemático sobre a escrita dos alunos, na medida em que prevê alguns desvios da norma padrão na

língua escrita. Foram coletados e analisados dez textos, sendo cinco textos de alunos do 4º ano do

ensino fundamental da rede municipal de Iaçu-BA e cinco textos do 5º ano do ensino fundamental da

rede municipal de Amargosa-BA.

Analisamos as produções textuais, observando, como um fator extralinguístico, a série em que se

encontram os alunos. Neste trabalho, realizamos uma revisão bibliográfica a respeito da língua falada

enquanto objeto de estudo científico e sobre a interferência da fala na escrita dos alunos das series

iniciais. Logo após, apresentamos os procedimentos metodológicos e a análise dos dados. Por fim, faz-

se a conclusão geral do trabalho. Cabe salientar que essa proposta tem caráter funcionalista e vincula-

se aos estudos sociolinguísticos e tem como base teórica Mollica (2010), Simões (2006) e Lemle (2005).

A INFLUÊNCIA DOS SONS DA FALA NA ESCRITA DE ALUNOS DAS SÉRIES INICIAIS

Robevaldo Correia dos Santos; Camila Fernandes dos Santos

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O presente trabalho tem o objetivo de analisar o uso da língua, segundo a obra de Gregório de

Mattos e Guerra em algumas gramáticas tradicionais. Atualmente, considerado um poeta clássico,

ao hostilizar a sociedade baiana da sua época, usou em alguns momentos, palavras consideradas de

baixo calão, o que lhe rendeu seu epíteto Boca do Inferno. Devido à sua forma poética de trabalhar a

língua, Mattos foi forçado a deixar os lugares onde morava, pois, sua linguagem não era considerada

adequada. Quando analisamos a escrita gregoriana, podemos fazer analogias com teorias postuladas

por alguns teóricos acerca da língua.

Tomar-se-ão como pressupostos teóricos o conceito de língua como interação (BAKTHIN, 1999)

e, também, como forma de poder (POSSENTI, 2011), para assim, observar os usos que a gramática

tradicional faz da produção literária do autor, considerando que este modelo de gramática utiliza

grandes nomes da literatura para reiterar a importância da norma padrão da língua. Discutir-se-á

também porque motivo algumas de suas obras são utilizadas como exemplo a seguir e outras não.

Cabe ressaltar que Guerra não deixou obra em vida, mas era identificado por meio de manuscritos e

mostras orais. Com o intuito de comparar a língua de Gregório no passado e sua rejeição por parte

da sociedade da época e a sua língua hoje, utilizada como norma padrão, verificaremos, através desta

pesquisa, como a norma muda ao longo do tempo e ao mesmo tempo permanece uma vez que algumas

gramáticas tradicionais postulam como padrão uma variedade excludente e muitas vezes incoerente,

deixando de lado uma língua recheada de variações e descriminada quanto aos usos. Muitos gramáticos

reconhecem a variação linguística, mas esta não é considerada neste tipo de material.

Por isso, teóricos defendem que as modalidades da língua como a fala e a escrita, passam por um processo

de valoração, sendo dita como padrão a escrita literária, contemplado os autores considerados clássicos.

Pode-se concluir que este trabalho contribuirá para a melhor visualização de uma problemática que

está relacionada ao ensino de língua no Brasil. Por meio de analogias entre as obras de Gregório de

Mattos e os teóricos supracitados, tentaremos desmistificar o conceito do que é aceitável ou não no

ensino de gramática.

A LINGUAGEM DE GREGÓRIO DE MATTOS: UMA ABORDAGEM NO ENSINO DE GRAMÁTICA

Rubens Alves Duarte;Emerson Viana Braga

17

Este trabalho apresenta atividades que vêm sendo realizadas no projeto A pedagogia da variação

linguística na escola, patrocinado pela UFJF e desenvolvido no núcleo de pesquisa FALE, da Faculdade

de Educação dessa Universidade. É uma pesquisa-ação que objetiva investigar problemas comuns

da fase escolar do ensino fundamental, relativos à variação linguística e suas consequências no

desenvolvimento de competências dos alunos no uso das variedades cultas da língua, na modalidade

oral e na escrita, dentre eles, a crença equivocada de que só é correta a variedade da língua ensinada

pela escola, devendo os alunos, nesse caso, reconhecerem-se como maus usuários de sua própria língua

e aprenderem o que a escola ensina através de regras e de classificações (FARACO, 2008). Com alunos

de escola pública, usuários de uma variedade linguística desprestigiada, o problema é mais grave,

devendo-se, então, adotar uma pedagogia culturalmente sensível (BORTONI-RICARDO, 2004), que

reconheça a legitimidade dos padrões culturais da comunidade a que pertencem. A metodologia

adotada tem sido a pesquisa-ação, com a participação direta dos pesquisadores envolvidos no campo

de pesquisa, desenvolvendo-se em turmas do 7º. ano de uma escola pública do município de Juiz

de Fora (MG), que recebe alunos com história de sucessivas reprovações e grande defasagem nas

competências de leitura e escrita. São, em geral, jovens moradores de bairros da periferia, com acesso

restrito às práticas de letramento prestigiadas. Vivem, além disso, em quase permanente situação de

risco e recebem, por essa razão, cuidado especial da administração da escola e dos professores. Apesar

disso, ainda apresentam certa rejeição à escola, por causa de seu passado difícil nas instituições de

ensino de onde provieram. O trabalho de inserção nas práticas de letramento tem sido feito através de

gêneros textuais. Nas atividades, os alunos aprendem o porquê do uso da língua, o que ela significa no

espaço em que vivem e como relacioná-la com seus cotidianos, sabendo qual a importância de aprendê-

la e utilizá-la: “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva

ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”

(FREIRE, 1996). Estamos na fase de reconhecimento das ações escolares, auxiliando as professoras

no processo de ensino/aprendizagem. Observou-se que esses alunos, embora no 7º ano, ainda não

dominam as normas do código escrito e, na maioria dos casos, não conseguem ler e escrever pelo

menos razoavelmente. Na escola, têm tido contato com situações reais de uso da língua portuguesa

para se tornarem capazes de fazer reflexões linguísticas necessárias ao seu bom desempenho nas duas

diferentes modalidades, preparando-se para serem, um dia, leitores maduros e escritores competentes

A PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA

Viviane Alves de Matos

18

nas variedades cultas, sem considerarem, no entanto, que falam errado, enquanto não adquiriram

essa competência. Nesse caso, os conceitos de correção e erro serão substituídos pelo de adequação.

Que sejam, ao final do projeto, competentes usuários da sua língua, entendendo-a não como pedra no

caminho, mas como instrumento para o sucesso em suas atividades escolares e também em outros

setores da vida.

19

Segundo o conceito de crenças proposto por Barcelos (2006), as crenças são formas dinâmicas de

pensar, perceber e entender o mundo; não são construídas de forma isolada, e sim em contextos sociais

e individuais através de processos interativos de resignação. Além disso, Barcelos (2004:145) menciona

ainda que “Ter consciência sobre nossas crenças e ser capazes de falar sobre elas é um primeiro passo

para professores e alunos reflexivos”. Sendo assim, este trabalho pretende entender as crenças de

alunos de língua inglesa na utilização de uma rede social como complementação das atividades de

uma sala de aula. Além disso, busca observar se estas crenças e atitudes podem refletir na promoção

da autonomia do aluno. Esta é uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico cujos pressupostos

teóricos terão como base da Teoria Sociocultural elaborados por Vygotsky.

Esta teoria propõe que a mente humana é mediada e que o ser humano se utiliza de artefatos culturais

para interagir com o mundo que o cerca e construir conhecimento (Lantolf, 2000:1). Além de Vygotsky,

também lançaremos mão do modelo de autonomia elaborado por Oxford (2003) separando-o em

quatro perspectivas: Técnica, Psicológica, Político-crítica e Sociocultural (I e II). Segundo a autora,

na versão de autonomia sociocultural I, o foco é o ensino mediado por meio da interação com o par

mais experiente, que pode ser um o professor, um colega de classe ou até mesmo um livro. Já na versão

sociocultural II, o foco é na interação para participação na comunidade de prática.

Os métodos utilizados para a coleta de dados desta pesquisa foram a observação de aulas em uma turma

língua inglesa do projeto CLAC-UFRJ, a observação e registro das interações dos alunos na rede social

em questão, entrevista com os alunos através da própria rede social e uma sessão de visionamento em

que os alunos fizeram comentários sobre sua performance dentro da rede da rede social.

A PROMOÇÃO DA AUTONOMIA E AS CRENÇAS E ATITUDES EM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DE UMA REDE SOCIAL COMO

COMPLEMENTAÇÃO SALA DE AULA

Camila Chaves; KeiseRosa

20

Este trabalho, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/CAPES/UFF

e em diálogo com dois projetos da área de Língua Espanhola voltados para o ensino de línguas a

partir de gêneros e temas transversais, visa a experimentar alternativas de aprendizado de Língua

Estrangeira a partir de ferramentas já utilizadas pelos alunos em seu dia-a-dia: como as redes sociais.

A ideia principal é que os alunos das redes municipais possam desenvolver suas habilidades na língua

estrangeira, dentro das redes sociais, como por exemplo, o facebook, assim além de exercitar práticas

de uso da língua, eles poderão ajudar uns aos outros dentro deste mecanismo.

Considerando que o interesse por esse veículo e pelos gêneros discursivos que o constituem é grande, a

utilização de redes sociais , nossa proposta tem como objetivo: desenvolver nos alunos a habilidade de

leitura em LE a partir gêneros constituintes das redes sociais; motivar os alunos a se interessarem pelo

aprendizado de LE or meio de atividades lúdicas, em que os alunos possam usufruir de ferramentas

da internet para aprender uma Língua Estrangeira.

A metodologia utilizada partirá da introdução da importância do uso da internet no ensino, dentro

de sala de aula, sendo o texto curto e em espanhol, proporcionando aos alunos a inserção no tema,

e a partir disto, pediremos aos alunos que produzam comentários, em espanhol, sobre o tema dado

em sala de aula, e que “postem”, na rede social, para que os colegas possam ver e também comentar

sobre o assunto. Cada semana terá um tema sugerido pelos alunos, previamente discutido em sala de

aula por eles próprios, e eles deverão comentar sobre o tema na rede social. Os resultados esperados

serão que os alunos terão mais desenvoltura em produzir textos (orais e escritos) em espanhol sobre

temas diversos, possibilitando assim que eles aprendam mais e busquem aprender mais, para poder

continuar comentando e compartilhando com os colegas sobre os assuntos dado num processo de

interação.

A UTILIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS NO ENSINO DE ESPANHOL

Kássia Pereira e Nadir Ágata Almeida

21

O presente trabalho objetiva demonstrar que é possível utilizar jogos lúdicos como recurso pedagógico

no ensino do português para os alunos do 2º ano das séries iniciais. Por isso, apresento os resultados das

experiências vivenciadas no Projeto Mais Educação de uma escola pública da Região Metropolitana

de Belém. Tendo como objetivos apresentar as concepções e práticas da utilização dos jogos lúdicos

como recurso pedagógico e contribuir para o letramento dos alunos do 2º ano/9 da escola E.E.E.F. M

José Alves Maia, através da aplicação dos jogos lúdicos como um instrumento de ensino do Português

durante o período da pesquisa-ação. Também ressaltar os possíveis fatores da desmotivação dos alunos

do 2º ano/9, observando as metodologias utilizadas pela professora em conjunto com as condições

estruturais da escola e o apoio pedagógico.

Os aportes teóricos são os estudos de Martins (2000) que fundamentam a proposta metodológica

de pesquisa-ação adotada neste trabalho, bem como os estudos de Piaget (1984), Vygotsky (1994)

e Golemam (1999) que apresentam estudos importantes no campo da pesquisa sobre o lúdico na

educação da criança. Este estudo é de abordagem qualitativa de pesquisa na modalidade de pesquisa-

ação. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado o material produzido pelas crianças bem

como as observações feitas pelo pesquisador a partir dos resultados gerados.

Baseado na abordagem metodológica de pesquisa-ação o projeto de letramento se estruturou da

seguinte forma: as crianças eram expostas ao conteúdo específico de Português para o 2º/9, depois

faziam atividades lúdicas relacionadas a estes conteúdos e por fim realizavam uma produção escrita.

Os resultados da pesquisa revelaram que é possível usar os jogos lúdicos como recurso pedagógico no

letramento de alunos dos anos iniciais do ensino fundamental sem desqualificar o ensino tradicional,

ou seja, estes podem ser conciliados de forma criativa e proveitosa. Também demonstram que é

necessário pensar na inclusão do ensino lúdico como parte integrante do ensino do português para

as séries inicias. Revelam, ainda, que o professor desta série não utilizava jogos lúdicos como material

de apoio pedagógico, demonstrando uma lacuna na formação dos seus conhecimentos sobre os

jogos lúdicos. Espera-se que este trabalho contribua para que os educadores repensem sua prática

docente e percebam a importância do jogo lúdico como recurso didático no processo de alfabetização

e letramento das crianças.

APLICAÇÃO DOS JOGOS LÚDICOS COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO ENSINO DO PORTUGUÊS PARA ALUNOS DO 2º ANO/9

Carla Isabela Pampolha Marques;Rosangela Maria Costa Alves

22

Iniciaremos o resumo de nosso painel com a seguinte pergunta: o ensino de língua estrangeira para

alunos nas escolas públicas, hoje, contempla os aspectos socioculturais e as necessidades comunicativas

desses jovens? Esta é uma questão crucial para o Projeto Alemão nas Escolas Públicas . Dessa forma,

pode-se dizer que o PALEP vai além de “apenas” ensinar alemão para jovens de comunidades mais

empobrecidas e / ou “periféricas” (considerados assim por encontrarem-se afastados dos centros em

que os cursos de idioma, que oferecem a língua alemã, são mais disponíveis): ele busca, através de uma

relação dialógica entre professor e aluno, construir uma formação didática e cidadã do graduando

como professor de língua estrangeira.

Tal formação envolve o universo social no qual o graduando está atuando, o que repercute nas

escolhas lexicais, nas abordagens didático-pedagógicas, nos meios e materiais utilizados nesse

processo, e o faz buscar soluções para obstáculos, tais como: abordagens defasadas, programas de

ensino descompassados e imposições culturais, focando, assim, na necessidade real do público alvo.

Outros fatores cruciais ao Projeto dizem respeito a eventuais conflitos culturais que podem surgir

da interação dos alunos com a nova língua aprendida, além de aspectos relacionados ao interesse

e motivação das instituições de ensino e dos alunos ao integrarem o mesmo. Este painel objetiva,

portanto, a apresentação do Projeto, abordando não só as questões já aqui explicitadas, mas também

outras referentes aos métodos utilizados no curso e aos materiais utilizados, que visam, sobretudo,

não ignorar a realidade sociocultural das comunidades participantes.

APRESENTANDO O PALEP - PROJETO ALEMÃO NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Diego Vieira do Nascimento; Lygia de Carvalho Teixeira; Roberto D’ Assumpção Junior

23

O Cantiere di Parole (Canteiro de Palavras) é uma proposta de elaboração de um dicionário online

pedagógico bilíngüe (português-italiano) de acesso gratuito, que objetiva atender às necessidades

e dificuldades específicas de alunos brasileiros de Língua Italiana na aprendizagem do léxico e na

produção escrita da língua estrangeira. Seu desenvolvimento envolve vários pesquisadores da

lexicografia, cada um responsável por um campo semântico, que deve ser pesquisado e adaptado aos

objetivos do Cantiere di Parole.

Dentro deste projeto nos enquadramos no campo semântico “escola/universidade”. As etapas iniciais

norteadoras do trabalho foram a elaboração de uma árvore de domínio dos Sistemas Educacionais

Brasileiros (SEB) e outra, procurando a equivalência, do Sistema Educacional Italiano (SEI). Obtivemos,

assim, a nomenclatura oficial atual dos Sistemas Educacionais Brasileiros e do Sistema Educacional

Italiano e suas variantes, científicas e empíricas, em (des)uso. Como exemplos desse confronto,

podemos citar “Educação Infantil” e “Istruzione pre-primaria”; “Primeiro Segmento do Ensino

Fundamental” e “Istruzione Primaria”; Segundo Segmento do Ensino Fundamental” e “Istruzione

Secondaria”; “Ensino Médio” e “Liceo”, entre outras a serem apresentadas.

A metodologia consistiu na elaboração das árvores de domínio já citadas e no estudo comparado

das nomenclaturas encontradas. Deste modo, verificamos as relações entre as lexias do sub-

campo semântico “Sistema(s) Educacional(is)” das duas línguas estudadas. Percebemos algumas

particularidades inerentes a cada sistema que não se comutam como as várias mudanças ocorridas na

educação básica brasileira em confronto das várias mudanças ocorridas no ensino superior italiano.

Estas relações serão utilizadas como base na elaboração de verbetes do Cantiere di Parole, a fim

de auxiliar os alunos que produzirão textos em italiano, e até mesmo no trabalho de profissionais

que lidam com tradução juramentada (tradução de títulos de estudo). O intuito é que este projeto

lexicográfico propicie ao estudante e ao tradutor não só uma tradução, mas uma reflexão sobre o

significado de cada palavra na língua em seu contexto linguístico e seus usos na cultura italiana, assim

como seu equivalente na brasileira.

ÁRVORES DE DOMÍNIO EM CONFRONTO: O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO E O ITALIANO

Jéssica Mahyara Chagas Teixeira

24

De acordo com o senso comum, o conceito de autonomia é descrito como a capacidade que

alguém tem de assumir responsabilidade sobre si e, além disso, é frequentemente confundido com

autodidatismo. No entanto, a definição de autonomia, no que diz respeito ao ensino e à aprendizagem

de línguas estrangeiras, não se resume a isso. O tema em questão envolve complexidade e consiste

em um processo gradativo, no qual a participação efetiva de alunos e professores é fundamental.

Dessa forma, considerando a grande importância do tema para a aprendizagem de línguas, sobretudo

línguas estrangeiras, este trabalho visa discuti-lo à luz do conceito de autonomia defendido por Leffa

(2003), segundo o qual só seria possível aprender uma língua estrangeira a partir do desenvolvimento

da autonomia, na medida em que a limitação ao que é apenas abordado em sala de aula, não seria

suficiente para o domínio de uma língua.

A discussão sobre os aspectos relacionados à autonomia terá como ponto de partida observações e

relatos de experiências vivenciadas em turmas de ensino de alemão em escolas públicas no Estado do

Rio de Janeiro no âmbito do Projeto PALEP . Um dos pontos chave em relação ao desenvolvimento da

autonomia por parte dos alunos que integram o projeto é que estes estejam aptos a manterem o contato

com a língua e o hábito de estudo, mesmo após o término do curso. Assim, aspectos como motivação,

a interação aluno-professor em sala de aula e estratégias de autonomia e aprendizagem desenvolvidas

por alunos e professores conjuntamente, também serão apresentados e discutidos no presente painel.

ASPECTOS SOBRE A AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ALEMÃ

Ana Carolina Silva Kopezynski; Renan Monteiro Marques

25

Neste trabalho, procurou-se analisar as ocorrências de pronomes oblíquos (se, me, te, nos, vos, lhe(s),

o(s), a(s), lo(s), la(s), no(s), na(s)) em contexto com pausa (vírgula e ponto e vírgula). A motivação inicial

atrela-se à divergência entre as regras prescritas em gramáticas. Terra (2002), Ferreira (2003) e Rocha

Lima (2012), por exemplo, dizem ser obrigatória a ênclise em contexto com pausa, o que difere da

opinião de Bechara (2001), que diz ser optativo tanto o uso da próclise quanto da ênclise. Isto posto,

se evidencia o caráter pedagógico que se pretende dar a este trabalho, qual seja, o de indicar um

caminho mais seguro, porque baseado em análise de corpus, ao professor quando da necessidade de

ministrar esse conteúdo específico. Para levar a cabo esse intuito pedagógico, se fez o levantamento,

em textos escritos cultos (10 dissertações e 10 teses), das ocorrências de pronomes oblíquos átonos

para averiguar, dado o alto graude monitoramento encontrado nesses textos, qual o comportamento

quanto à disposição pronominal.

Em linhas gerais, o pronome mais ocorrente é o ‘se’, com 754 ocorrências, num total de 925; a segunda

forma mais frequente são os pronomes ‘o(s)’, ‘a(s)’, com 61 ocorrências, num total de 925; a terceira

forma mais frequente é o pronome ‘me’, com 49 ocorrências, num total de 925; a quarta forma mais

frequente é o pronome ‘lhe’, com 28 ocorrências, num total de 925. Buscou-se interpretar essas

ocorrências a partir tanto da frequência dos pronomes quanto do tempo e modo verbal utilizado, o que

autoriza dizer que a ênclise é a colocação pronominal preferida, em qualquer tempo e modo, nesses

textos. Ser preferida não significa, como querem Terra, Ferreira e Rocha Lima, obrigatoriedade, haja

vista a possibilidade de próclise em quase todos os tempos e modos averiguados, não tendo aparecido

somente no Presente do Subjuntivo e no Pretérito-mais-que-Perfeito.

Pela brevidade de espaço, não se farão, aqui, comentários pormenorizados sobre a correlação pronome

e tempo verbal. Tais comentários serão discutidos com mais vagar quando da apresentação. Em suma,

e voltando ao aspecto pedagógico, não parece razoável a regra prescrita indicadora da obrigatoriedade

da ênclise, pois, o que se observou, de fato, foi a ocorrência de próclise e de ênclise, com um percentual

sempre maior desta. Sem apelar para nenhum aporte teórico específico, e, com base tão somente em

uma incipiente abordagem descritiva, pôde-se verificar a inconsistência da regra prescrita em Terra,

Ferreira e Rocha Lima e a adequabilidade daquela proposta por Bechara. Assim sendo, seria oportuna

a atualização de regras, como a aqui descrita, que não encontram respaldo nas ocorrências reais de

língua escrita culta.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM CONTEXTO COM PAUSA

Gláucia Castro Aguiar Pio; Rodrigo Alves Silva

26

Descrever a língua não é algo fácil, porque a língua é algo dinâmico e muda constantemente. Assim,

quando compara-se a língua falada corriqueiramente pelos brasileiros com a norma padrão , percebe-

se o fosso que existe entre elas. É sabido que o clítico acusativo de terceira pessoa (comprei a calça

depois que a experimentei) e o uso dos pronomes relativos em sentenças adjetivas (A moça com quem

falei ontem está aqui), já não fazem parte da gramática do Português Brasileiro.

Isso implica dizer que as crianças que chegam à escola adquiriram uma gramática sem o clítico e

sem as sentenças relativas padrão, e se o papel da escola, no que se refere ao ensino de língua materna,

é fazer com que o aluno tenha domínio sobre a norma que não é adquirida por ele em processo de

aquisição, ela deverá ensinar o uso deste clítico e das sentenças relativas em situações reais de uso

da língua. Duarte (1989) mostra que este clítico só ocorre em contextos formais e, mesmo assim,

em pouquíssimos casos e que, ainda, só aparece com o avanço da escolaridade, mesmo assim, em

apenas 4% dos dados. Já Braga (2009), mostra em seus estudos, que em apenas 35% das vezes ocorre a

utilização da relativa padrão (nos casos de relativas com sintagmas preposicionados).

Assim, pensando no panorama atual do Português Brasileiro, este trabalho tem o objetivo de analisar

como a escola recupera as “perdas linguísticas” (KATO, 1999) provocadas pelas mudanças na língua,

especificamente no que diz respeito às orações relativas e ao emprego do clítico acusativo de terceira

pessoa. Para tanto, primeiramente, realizaremos uma coleta de dados orais e escritos, através de

narrativas de fatos verídicos ou ficcionais. Estes dados serão coletados junto a 28 estudantes do ensino

fundamental e médio. Após, será feita a transcrição e análise dos dados. O que será observado é como

a escola consegue fazer com que a criança passe a empregar uma variedade que não fez parte do

seu input (a qual ela teve contato durante o processo de aquisição de sua língua materna), durante o

processo de aquisição da língua, e que não é empregada na sua comunidade linguística. Após realizadas

essas etapas, serão investigadas e discutidas estratégias de ensino da norma padrão, tendo como base a

discussão das variedades linguísticas (BORTONI-RICARDO (2004); FARACO (2008)).

COMO LIDAR COM A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E A NORMA PADRÃO NA ESCOLA: O CASO DO PRONOME OBLÍQUO ÁTONO E DAS ORAÇÕES ADJETIVAS

Jezebel Batista Lopes e Sabrina Casagrande

27

Este pôster visa a apresentar o subprojeto de Língua Espanhola que acaba de iniciar-se no marco do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/CAPES/UFF. Os documentos vigentes que

orientam o currículo escolar, Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL/SEF, 1998) e Orientações

Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL/SEB, 2006) coincidem na atribuição às línguas estrangeiras

do papel de propiciar ao aluno a ampliação do domínio ativo do discurso em diferentes comunidades e

situações discursivas. Assim, espera-se que o discente aumente a sua autopercepção como ser humano

e seu amplo exercício da cidadania. Segundo esses documentos, a natureza da linguagem é ao mesmo

tempo social e cognitiva. Entendem a linguagem como uma prática social entre sujeitos que ocupam

papéis historicamente marcados.

A partir desse ponto de vista, ensinar línguas é mais do que ampliar a possibilidade de o indivíduo se

comunicar em diferentes veículos e formatos. Sob esse ponto de vista, cabe à escola propiciar ao aluno

um vasto leque de possibilidades de práticas de linguagem, o que nos remete, em uma dada perspectiva,

ao conceito bakhtiniano de gênero do discurso (BAKHTIN, 2003; VOLOSHINOV, 2009). Assim

sendo, o subprojeto tem como foco a competência leitora e os gêneros do discurso, considerando a sua

consonância com os documentos norteadores do ensino de língua estrangeira na Educação Básica e a

sua consequente importância na formação de professores.

Busca-se, entre outras questões, contribuir para a formação de professores de espanhol com ênfase

nas questões teórico-práticas ligadas ao ensino de leitura e aos gêneros discursivos e proporcionar aos

professores e aprimorar a competência leitora dos alunos das escolas públicas parceiras e levá-los a se

reconhecerem como co-construtores de sentido, desenvolvendo sua competência de leitura crítica,

inclusive na língua materna.Tendo em vista a recente implantação do subprojeto, neste momento,

estamos, conforme detalhamento do seu cronograma, realizando reuniões semanais de equipe para a

discussão de textos acerca do ensino de línguas estrangeiras, compreensão leitora e gêneros discursivos,

incluindo os documentos norteadores da Educação Básica (PCNs e OCEM).

COMPETÊNCIA LEITORA E OS GÊNEROS DO DISCURSO NO ENSINO DE ESPANHOL

Adriana da Gama, Egon Magno Azevedo da Silva Bemfica, Juliana dos Santos Peixoto Braz, Karla Josiane Pires Tavares, Milena Porto Bruckner,

Paula Pereira, Warllachana Moisés da Silva

28

O subprojeto apresentado está vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/

CAPES/UF. Trata-se de um desdobramento de observações feitas durante o período de estágio para

a disciplina Pesquisa e Prática de Ensino III, na Universidade Federal Fluminense, tendo como base

de análise as turmas do segundo ano do ensino médio, na disciplina de espanhol durante o primeiro

semestre de 2012. O estágio propiciou a identificação da necessidade de uma maior articulação entre

o processo de ensino da língua estrangeira com os temas transversais conforme proposto pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), tendo em vista a tendência alienante na escolha e no

tratamento dos tópicos temáticos na aula de língua estrangeira. Dentre os referidos temas, destaca-se

na contemporaneidade o mundo da informática.

Nessa sociedade moderna, podemos entender a Internet como a grande responsável por uma revolução

informacional. Através dela nos conectamos com o mundo e nos relacionamos facilmente até

mesmo com pessoas que vivem a quilômetros de nós. Em relação ao meio virtual e o uso da internet,

Marcuschi (2004) afirma que há novas formas textuais emergentes na mídia virtual devido o uso

da escrita eletrônica. Dessa forma, podemos admitir que os meios eletrônicos fazem parte da vida

de todos e sobretudo dos nossos jovens. Por tanto, é notória a necessidade de introduzir na rotina

de aprendizagem dos alunos, a partir das possibilidades de cada escola, atividades e estudos que se

articulem com o suporte eletrônico.

Ademais das considerações sobre as transformações impostas no mundo da linguagem e a necessidade

do ensino acompanhá-la, pesamos no projeto a preocupação a interação entre aluno- aluno e e alunos-

professores, marcada pela violência dentro do ambiente escolar. Nossa proposta traz então o objetivo

de propiciar aos alunos, através da internet, o contato com outros jovens latino-americanos, a fim de

criar um diálogo entre suas diferentes culturas e educações. Nossos jovens brasileiros refletirão assim,

sobre as suas vivências na escola (considerando relevante o ambiente público) através da vivência

desses outros jovens. Esperamos que a troca de informações sobre suas diferentes experiências e

realidades possa ampliar o olhar de cada um sobre si mesmo e sobre a sua escola através da alteridade

(BAKHTIN, 2000) e que nos permita compreender o olhar dos alunos a respeito das dificuldades

encontradas no ambiente educacional. Pretendemos, além disso, estimular o aluno à aprendizagem

da língua espanhola partindo do pressuposto que estar em contato com jovens de outros países

CONHECENDO O OUTRO: O DESENVOLVIMENTO DA PRÁXIS DO ESTUDANTE DA LÍNGUA ESPANHOLA

Adriana da Gama, Luciene Rocha, Paulo Otávio Miranda Cardoso

29

contribuirá para o interesse deles em se conhecerem e conhecerem as suas diferenças. O eixo temático

que problematiza as relações na escola será explorado com o objetivo de introduzi-los a uma reflexão

sobre os aspectos sociais.

30

Este trabalho pretende apresentar à comunidade acadêmica o Certificado de Proficiência em Língua

Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), que é desenvolvido e outorgado pelo Ministério da

Educação (MEC), e aplicado no Brasil e em outros países com o apoio do Ministério das Relações

Exteriores (MRE).

O Celpe-Bras é o único certificado brasileiro de proficiência em português como língua estrangeira

reconhecido oficialmente. No exterior, é aceito em firmas e instituições de ensino como comprovação

de competência na língua portuguesa e, no Brasil, é requisito para ingresso em cursos de graduação

e em programas de pós-graduação. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é um dos pólos

aplicadores do exame, realizado duas vezes ao ano na Faculdade de Letras.

O processo de implementação do Celpe-Bras teve início com a Portaria nº 101/93 (DOU de 11/06/1993),

da Secretaria de Educação Superior (SESu) do MEC, a qual constituiu uma comissão para “desenvolver

as ações necessárias à elaboração de um teste padronizado de português para estrangeiros”. Atualmente,

o certificado é conferido em quatro níveis: intermediário, intermediário superior, avançado e avançado

superior. O interesse por este tema surgiu a partir de alguns questionamentos de estudantes de Letras

da UFRJ, mais especificamente durante o período de aplicação do exame, sobre o que vem a ser o

Celpe-Bras e qual sua finalidade.

Com a crescente procura pelo exame – devido, entre outros fatores, à posição de destaque do Brasil no

cenário mundial e ao consequente aumento do interesse pela aprendizagem do português-, torna-se

necessário haver uma formação específica de professores, que futuramente poderiam aplicar o exame

e/ou preparar os candidatos. Cabe ressaltar que o principal requisito para atuar como aplicador da

prova é a formação em Letras. Temos como principais objetivos informar sobre o exame, sua estrutura

e histórico e aumentar sua visibilidade, despertando, dessa forma, um maior interesse diante do ensino

de português para estrangeiros.

Para atingir nossos objetivos, realizamos uma pesquisa quantitativa a partir de 1998, ano da primeira

aplicação do Celpe-Bras, destacando os dados estatísticos do posto aplicador UFRJ até a mais recente

realização (em abril de 2013). Os resultados, mostrados através de gráficos, indicam o crescimento

do exame no Brasil, não só em relação ao número de candidatos como também de instituições

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CERTIFICADO DE PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS (CELPE-BRAS),

COM ÊNFASE NO POSTO APLICADOR UFRJ

Rosane Souza Cachoeira; Tatiana Corrêa da Silva

31

credenciadas para a aplicação.

Em suma, este trabalho esclarece alguns questionamentos a respeito do Celpe-Bras e aponta sua

relevância como único certificado de proficiência reconhecido oficialmente pelo governo brasileiro,

tanto no que diz respeito à promoção da língua portuguesa quanto à formação de professores da área

de Letras

32

O projeto Copa 2014 FrameNet Brasil se propõe desenvolver, em meio eletrônico, um dicionário

temático trilíngue (Português – Inglês – Espanhol), abordando a Copa do Mundo FIFA de 2014

em seus domínios turístico e esportivo. Assim, o dicionário pretende servir àqueles envolvidos na

organização do evento da Copa, além dos turistas e da imprensa especializada. Em sintonia com

as mudanças correntes na área das Tecnologias da Informação, o dicionário visa a ser um recurso

lexical acessível eletronicamente de qualquer parte do mundo. Trata-se de um dos desdobramentos do

projeto FrameNet Brasil (http://www.framenetbr.ufjf.br), de pesquisa lexicográfica, que se desenvolve

na Universidade Federal de Juiz de Fora desde 2008 e almeja construir para o Português do Brasil a

contraparte linguística da rede semântica conhecida como FrameNet (http://framenet.icsi.berkeley.

edu), criada a partir do Inglês, por um grupo de pesquisadores do ICSI (International Computer

Science Institute), em Berkeley, na Califórnia, sob a liderança do linguista Charles Fillmore.

Nessa rede, os itens lexicais são descritos em relação aos frames que evocam, entendendo-se um

frame como um sistema de conceitos relacionados de tal forma que, para entender um deles, todos

os demais devem ser compreendidos (FILLMORE, 1982). A descrição é sustentada por evidência

em corpora, sendo que sentenças contendo os itens lexicais descritos são anotadas no que tange aos

frames evocados. O trabalho se inicia pela coleta de corpora de sites e blogs relacionados ao turismo

brasileiro, que são processados pelo parser PALAVRAS (BICK, 2000) e compilados na ferramenta

de busca Sketch Engine, programa através do qual faz-se a procura das sentenças a serem anotadas

computacionalmente através do FrameNet Desktop.

A metodologia de anotação utilizada é a bottom-up, de maneira que a análise dos corpora coletados

permitiu saber quais eram os prováveis alvos e frames a serem definidos a partir de suas recorrências.

Desse modo, tendo estabelecido tais unidades de análise, procedeu-se à sua criação no banco de dados

do projeto para, assim, associá-las às sentenças dos corpora. Foram definidos os seguintes frames

até o momento (GAMONAL, 2013): Atração_em_lugar, Atração_turística, Cenário_da_visita,

Cenário_do_turismo, Cenário_do_turismo_chegada, Cenário_do_turismo_estada, Cenário_do_

turismo_partida, Chegada_do_turista_ alojamento, Chegada_do_turista_localidade, Partida_do_

turista_alojamento, Partida_do_turista_localidade, Turismo_de_atração, Turismo_de_evento,

Turismo_por_turista. O processo de anotação é feito em três camadas, de modo que os constituintes

COPA 2014 FRAMENET BRASIL: ANOTAÇÃO DAS UNIDADES LEXICAIS EVOCADORAS DE FRAMES DO CENÁRIO_DO_TURISMO

Ana Carolina Ramalho Alcântara; Elida Ramos Costa; Isabela Cunha Silva Costa; Juliana Coelho do Carmo; Maucha Andrade Gamonal

33

sentenciais são classificados de acordo com os elementos de frame que instanciam, as funções

gramaticais que desempenham e os tipos sintagmáticos em que se manifestam dentro da sentença.

São observados também os padrões de valência, conforme os tipos sintagmáticos que são predicados

pelo alvo.

A partir disso, classificam-se os elementos de frame em nucleares (semanticamente indispensáveis

para a construção semântica sentencial), periféricos (instanciam alguma circunstância contextual,

mas são dispensáveis para a evocação do frame a que se vinculam) e os extratemáticos (que não

pertencem à valência do frame em si). Portanto, o trabalho de descrição lexicográfica dos frames

supramencionados contribui para o objetivo final do dicionário, que é o de fornecer a descrição das

estruturas conceptuais do domínio do Turismo no âmbito do evento Copa do Mundo 2014.

Referências Bibliográficas:

BICK, E. The Parsing System PALAVRAS: Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in a

Constraint Grammar Framework. Arhus, Arhus University, 2000.

FILLMORE, C. J. Frame Semantics. In: THE LINGUISTIC SOCIETY OF KOREA (org.) Linguistics in

The Morning Calm. Seoul: Hanshin, 1982.

GAMONAL, M. A. Copa 2014 FrameNet Brasil: diretrizes para a constituição de um dicionário

eletrônico trilíngue a partir da análise de frames da experiência turística. Dissertação de Mestrado

em Linguística. Juiz de Fora: UFJF/FALE, 2013.

RUPPENHOFER, J.; ELLSWORTH, M.; PETRUCK, M.; JOHNSON, C.; SCHEFFCZYK. FrameNet II:

Extended Theory and Practice. Disponível em: http://framenet.icsi.berkeley.edu. 2010.

34

O ensino de línguas ganhou novos recursos para complementar o conteúdo doslivros didáticos: as novas

tecnologias e os novos gêneros discursivos, que, segundo (Marcuschi, 2002), estão acompanhando as

necessidades e atividades sócio-culturais quevão surgindo no contexto da Globalização.A abordagem

dos gêneros discursivos na sala de aula é essencial para o estudo da língua, visto que a comunicação

ocorre através dos gêneros. (Bakhtin, 1972)

Apresentamos, pois, uma proposta de ensino que valorize o conhecimento prévio do aluno para que

ele seja capaz de identificar gêneros, situações e objetivos discursivos e se reconheça como um sujeito

capaz de se expressar e atuar sobre o mundo. A partir da identificação, o professor poderá partir para

o estudo diacrônico da língua, apresentando relações gramaticais convencionadas através da História

e trabalhar os Clássicos Literários, mostrando que muitas histórias, como as de Machado de Assis,

ainda podem ser bem contemporâneas. Desta forma, o dialogismo passa a ser uma ferramenta de

trabalho para mostrar ao aluno como vozes transpassadas, culturas, ideologias, identidades híbridas e

multifacetadas estão presentes na representação mais significativa da linguagem, a língua.

E diante de tal perspectiva, é correto afirmar que o professor mediante à demanda que compõe o social

atual e, que, exige novos aparatos tecnológicos no âmbito dos recursos didáticos e suas derivadas

categorias, precisa instaurar no seu fazer pedagógico, articulações do conteúdo do currículo escolar

com as ações que imbuem a práxis e a pragmática da língua,não obstante,os gêneros discursivos ; infere-

se,nesse sentido,que o professor poderá atuar de forma dinamizadora e eficaz no ensino estratégico

da leitura ,quer no aspecto cognitivo,quer no aspecto metacognitivo na construção de significados e

interpretação das mais variadas linguagens em diferentes situações do discurso e pistas linguísticas, in

correndo,consequentemente,êxito no processo de ensino-aprendizagem de línguas, formando leitores

proficientes e, sobretudo,cidadãos críticos.

DIALOGISMO NO ENSINO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS: UM ENCONTRO ENTRE VOZES, CULTURAS E IDENTIDADES

Raquel Moreira Machado; Joyce Pereira Estani;Ana Paula de Sousa Silva

35

In the last decades many authors have been calling attention to the importance of searching about

didactic books(DB) (LEFFA 2003; HOLDEN & RODGERS, 1997; MC DONOUGH & SHAW, 1993)

and it has been the topic of studies (CUNNINGSWORTH, 1995; RICHARDS, 2002apud GUERRA

RAMOS; RODRIGUES ROSELLI ), considering that it is necessary to give attention to this important

tool of education since the majority of teachers just have it to work with students, as we can notice in

the reality of the most schools in Brazil that don’t have other instruments like computers, radios and

TVs. When we discuss about analysis of didactic book for children it is possible to know that there

aren’t much researches concerning this topic, but according to GUERRA RAMOS and RODRIGUES

ROSELLI the increasing number of didactic material that has been published for that public is an

evidence that this educational segment is gaining strength in scholar systems, mainly in the private

contexts.As one can see, to search about teaching for children and specifically about DB is very

important considering that they are in beginning of their formation so need to construct this base in

nice and well-structured way.

The aim of this paper is to analyze the way that pictures in English didactic books for children are

used as a way to call and hold students attention topic since according to DANTE (1996) the physical

characteristics of the book should be attractive and inviting in order to facilitate the students’ language

learning. For this, it was selected two didactic books, of different authors and publishing houses, to

be compared. It is analyzed the information that are presented on the cover and which picture is the

more striking considering the colors and images which are used; it is also compared how each author

uses pictures to call children’s attention to the topic and, finally, is identified in which points the books

have similarities and differences. As results that comparison will be presented.

Thus, the aim of this research is to analyze how pictures are used in two books for children in order to

call their attention to the prosed topic since according to DANTE (1996) the physical characteristics of

the book should be attractive and inviting in order to facilitate the students’ language learning.

DIDACTIC BOOK: AN ANALYSIS ABOUT THIS IMPORTANT TOOL IN LANGUAGE LEARNING

Bárbara Cotta Padula; Fernanda Ignachitti Campos

36

Fomentado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o Projeto

Novos Talentos, é desenvolvido na UNEMAT, campus universitário de Tangará da Serra desde 2011,

por meio de quatro subprojetos, sendo um deles o intitulado “Língua Materna: limites e possibilidades

da pesquisa científica” que visa, primordialmente, incentivar a iniciação científica dos alunos do ensino

médio da rede pública de ensino da zona urbana e das aldeias indígenas de Tangará da Serra e região,

bem como estimular a pesquisa entre os professores desse campo da educação.

O subprojeto de Língua Materna adotou como uma de suas metodologias a produção de cartoneiras,

que é uma proposta que se realiza por meio da produção de livros com o uso de papelão e materiais

reciclados. O Cartonerismo é um movimento editorial que surgiu na Argentina no ano de 2001 e que

vem se espalhando pela América Latina. Sua filosofia consiste em facilitar a divulgação da produção

literária de escritores que não conseguiram publicar suas obras pelos veículos tradicionais. É uma

proposta econômica, acessível e de fácil execução, que se torna um excelente instrumento para a

produção textual e literária.

A atividade de produção de cartoneiras foi trabalhada tanto com alunos da rede urbana como também

com os alunos Paresí, moradores da Aldeia Formoso, que têm a Língua Portuguesa como segunda

língua. Na aldeia Formoso, a proposta exerceu uma importante função ao possibilitar o registro de

relatos pessoais, experiências, histórias e lendas do povo Paresí, além do registro de suas impressões

como participantes dos minicursos ofertados pelo projeto. A partir desse trabalho, o projeto pretende

auxiliar no direcionamento desses alunos e professores no caminho da pesquisa científica de sua

língua materna – a língua Paresí, e desta forma, viabilizar a produção literária para a preservação

da cultura da comunidade, além da produção de material didático em sua língua, que ainda hoje é

produzido apenas na Língua Portuguesa.

DISCUSSÃO E REGISTRO DA LÍNGUA: CARTONEIRAS COMO INSTRUMENTO VIABILIZADOR DA PRODUÇÃO LITERÁRIA INDÍGENA

Helen Vanessa Oliveira RittZanchin; Wélica Cristina Duarte de Oliveira

37

O projeto Novos Talentos promovido pela CAPES, é trabalhado na UNEMAT,campus universitário de

Tangará da Serra, Mato Grosso, desde o ano de 2011 e vem sendo desenvolvido em quatro subprojetos,

um deles intitulado “Língua Materna: limites e possibilidades da pesquisa científica”. Estre trabalho

apresentar pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no campus da UNEMAT, na área da Linguística,

especificamente a Língua Materna e o conceito de ciência em escolas públicas estaduais da região e

aldeias indígenas. O Novos Talentos estende suas atividades à cidades próximas tendo a finalidade

de desmistificar conceitos que cercam a ciência e os estereótipos que cada aluno desenvolve sobre a

imagem do cientista.

Uma das regiões escolhidas para desenvolver pesquisa proposta é a cidade de Nova Olímpia que localiza-

se próxima a cidade de Tangará da Serra; o minicurso foi ministrado pelos acadêmicos monitores na

Escola Estadual Wilson de Almeida. Tendo como referenciais teóricos autores pós-estruturalistas, as

atividades se iniciaram junto aos alunos da escola e foram conduzidas pelos monitores que usaram

como recursos para os trabalhos ministradosfilmes e textos interdisciplinares, entre eles, o texto

“Ciência, coisa boa...” de Rubem Alves, que desencadeou diversos pontos nas discussões, enriquecendo

a reflexão sobre o fazer ciência fora dos laboratórios idealizados até então.

Nesta perspectivaos alunos desenvolveram diversas atividades, como apresentação de textos

desenvolvidos e escritos por cada um deles, o que desencadeou em uma discussãomuito pertinente

e construtiva tanto para os alunos quanto para os monitores. Os trabalhos desenvolvidos com os

cursandos de Nova Olímpia se mostraram de grande importância, para o enriquecimento de cada

monitor e cada aluno que tomou para si experiências indescritíveis em um processo de aprendizado

sobre o que é como se dá a ciência aplicada no dia a dia de cada aluno, e assim os alunos acabam por

compreender que a ciência não se limita as paredes de um laboratório.

DISCUTINDO CIÊNCIA: DO SENSO COMUM AO CONHECIMENTO FORMAL SOB O OLHAR DOS ALUNOS NO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA

Débora Aparecida Blanco Gonsales; Helen Vanessa Oliveira RittZanchin

38

A norma não-padrão, caracterizada na fala principalmente pela ausência de concordância, parece

não ter voz no espaço de ensino de língua portuguesa, ou seja, na escola. Isso ocorre porque esse

espaço tem sido utilizado exclusivamente para o ensino da norma padrão. Propostas que procuram

inserir outras normas na escola não têm recebido entrada nesse ambiente. Ainda assim, há estudos

sendo realizados que buscam aproximar a realidade linguística do aluno da apresentada pela escola.

O ensino gramatical pautado na análise contrastiva vem surtindo efeito para o ensino, quando se trata

de variedades de uma mesma língua. Nos Estados Unidos, por exemplo, Wheeler e Swords (2006)

levaram para a sala de aula uma proposta de análise contrastiva.

Alunos de terceiro e quarto anos, falantes de um inglês não-padrão, encontravam dificuldades para

a aprendizagem da língua ensinada na escola. Através da análise contrastiva de estruturas estudadas

em aula, a pesquisadora e a professora puderam vivenciar uma sensível mudança no aprendizado

de inglês padrão por parte desses alunos, ao conduzi-los à alternância de código (code-switching).

De igual modo no Brasil, propostas de ensino com análise contrastiva vêm sendo desenvolvidas, no

português brasileiro, como, por exemplo, a realizada por Cyranka (2010).

Uma teoria sobre code-switching também foi apresentada por Kato (2005), ao apresentar o que

ficou conhecido como gramática do letrado. O presente trabalho desenvolvido também toma por

base um ensino de língua portuguesa, partindo da norma não-padrão para a padrão, por meio da

análise contrastiva entre essas normas, visando à alternância de código. A proposta está baseada

na elaboração de materiais didáticos, para diferentes conteúdos gramaticais, que possam partir da

norma não-padrão para fazer o aluno se conscientizar, primeiramente, que essa norma possui regras

e estruturas próprias, para então, descobrir, por análise contrastiva, as regras e estruturas inerentes à

norma padrão. Podemos tomar como exemplo do material didático a ser apresentado nesse trabalho o

caso da concordância de número entre artigo, substantivo e adjetivo, produzido no ano de 2012.

Na norma não-padrão, a concordância tende a ser marcada no primeiro elemento do sintagma nominal,

enquanto na norma padrão a marcação acontece em todos os elementos do sintagma. A apropriação

das regras por parte dos alunos visou à conscientização de que, por serem normas distintas, possuem

ambientes de utilização distintos. Isso propiciou uma prática de alternância de código, conduzindo o

aluno falante ao domínio das duas variedades linguísticas do português brasileiro. A aplicação desse

DO NÃO-PADRÃO AO PADRÃO: PRÁTICA DE ANÁLISE CONTRASTIVA NA SALA DE AULA

Monique Débora Alves de Oliveira

39

material em parte de uma turma de sexto ano do ensino fundamental da rede municipal do Rio de

Janeiro proporcionou experienciar que, de fato, é possível tornar o ensino de estruturas gramaticais

mais atraente para o aluno. Embora o retorno tenha sido positivo, foi detectado que é necessário que

haja mais tempo para aplicação, para que os resultados sejam mais duradores na vida dos alunos.

40

O presente subprojeto, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/

CAPES/UFF, propõe um trabalho com licenciandos de Letras-Espanhol, em articulação com bolsistas

de língua inglesa, a partir da vivência escolar com alunos e professores em pleno exercício em duas

escolas da rede municipal de Niterói, E. M. Rachide da Glória Salim Saker e na E. M Altivo César. Seu

objetivo é propiciar a qualificação da formação desses profissionais, especialmente, no que concerne

à criação de alternativas didático-pedagógicas para o desenvolvimento da competência leitora com

ênfase em temas transversais.

Consideramos a da seleção criteriosa dos tópicos temáticos como indispensável em uma abordagem

de ensino voltada para o letramento e a formação crítica dos alunos. O trabalho conta com diferentes

subgrupos de alunos bolsistas, em fases de investigação igualmente diversificadas. Uma parte da

equipe encontra-se em fase inicial, privilegiando, a sondagem e a articulação das necessidades da

escola contemplada para a elaboração de subprojetos a serem aplicados em etapa posterior.

Todos os membros da equipe participam de reuniões semanais, juntamente com a equipe de inglês,

para a discussão de textos teóricos sobre o ensino de línguas estrangeiras, a compreensão leitora e os

gêneros discursivos, incluindo os documentos norteadores da Educação Básica (PCNs e OCEM). No

âmbito específico do ensino de línguas estrangeiras, a superação de uma visão de ensino/aprendizagem

de língua como código a ser apropriado pelo aluno tem sido defendida por pesquisas que concebem

o papel do ensino de línguas na formação integral do aluno, sublinhando os valores educativos e

políticos inerentes a essa prática (MOITA LOPES, 1996).

Segundo essa concepção de ensino/aprendizagem de idiomas, o conhecimento de outras línguas e

culturas contribui na consolidação do engajamento discursivo do aluno e, portanto, no seu poder de

agir como cidadão crítico. À luz dessa perspectiva, defende-se a integração do ensino de idiomas ao

processo de letramento do aluno da educação básica, valorizando-se o papel do desenvolvimento da

competência leitora em língua estrangeira na formação crítica do alunado. Apesar de privilegiada nos

documentos nacionais que orientam o currículo escolar (OCEM, 2006; PCN, 1988), dita concepção

de ensino de línguas ainda encontra impasses na sua concretização, justificando-se a necessidade da

criação de ações alternativas para promover possíveis mudanças que viabilizem ampliação da reflexão

crítica sobre fenômenos relativos ao ensino de idiomas no contexto escolar.

ENSINO DE ESPANHOL: ESCOLA, LEITURA E TRANSVERSALIDADE

Adejair do Espírito Santo Siqueira Júnior e Aline Brito de Medeiros, Luana Siqueira Schweizer, Marcia Barci da Silva,

Matheus de Oliveira Espírito Santo e Sthéfani Marinho de Carvalho

41

No esteio de nossas proposições para este trabalho, está a crença de que para a formação do professor

de línguas na pós modernidade, com base nos documentos prescritivos que consideram o discurso

como prática social, destacamos aqueles que circulam em diferentes esferas sociais como propulsores

da aprendizagem e como processo construído e reconstruído por meio de trabalho colaborativo

analisado no interior de uma teia de saberes, práticas, métodos e discursos construídos para que a

docência seja ressignificada como exercício dialógico.

Este trabalho apresenta reflexões sobre a representação discursiva da prática docente de professores

em formação a partir da compilação de um Corpus de Aprendizes (CA) formado por Garimpo textual

baseado nos Multiletramentos Críticos. Por meio das novas tecnologias e mídias como gesto fundador

do trabalho de seleção de textos para objeto de ensino e aprendizagem de línguas portuguesa e inglesa

em salas de aula do ensino fundamental, apresentamos uma interface pedagógica entre a Linguística

de Corpus, a Pedagogia dos Multiletramentos e a intercalação de gêneros tendo em vista a proposição

de sequências didáticas para exploração como enunciados e transposições didáticas em sala de aula.

Pesquisas baseadas em CA abrem novas possibilidades e aplicações para ensino e aprendizagem de

línguas, dentre elas destacam-se a descrição da interlíngua do aprendiz, a preparação de materiais

didáticos, a compilação de dicionários, além de possibilitar três domínios de aplicação e pesquisa:

design de currículo, ferramentas computacionais e ensino da gramática (Berber Sardinha, 2001;

Meunier, 2002; Granger, 2003; Seidlhofer, 2002 e O´Keefe et al 2007).

Para os estudiosos do New London Group (NLG) os estudos sobre Multiletramentos são aqueles que

têm como objeto a relação entre a educação e as linguagens digitais, e estabelecem novos parâmetros

para a construção do conhecimento. O corpus desta pesquisa retrata as experiências de aprendizagem

que integram mais de uma estratégia e ambientes de ensino e reflete a visão de aprendizagem como

processo múltiplo e contínuo a partir das perspectivas dos professores em formação. Os dados que

trazemos configuram investidas metodológicas de trabalho com a categoria gênero como mediação

formativa, daí a proposta do Garimpo textual (COELHO; SOUZA, 2012) à luz da ótica teórico-

conceitual dos Multiletramentos críticos (ELUF, 2010) e da docência como um exercício de dialogia

GARIMPO TEXTUAL E(M) MULTILETRAMENTOS CRÍTICOS: A COMPILAÇÃO DE UM CORPUS DE APRENDIZES COMO INTERFACE ALTERNATIVA NA

FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS

Cristina ArcuriEluf; Fernanda de Castro Batista Coelho; Ester Maria de Figueiredo Souza

42

(COELHO; SOUZA, 2012). O Garimpo textual – atividade que integra a agenda de trabalho semanal

de licenciandos em Letras (bolsistas PIBID, FAPESB, CNPQ e UESB) e professores em exercício

(bolsistas PIBID) da educação básica – consiste na escolha processual, semanal e individual de textos

vinculados a diferentes semioses e socialmente reconhecidos como diferentes gêneros discursivos.

Pretende-se, com a compilação do corpus por Garimpo textual promover reflexões para uma interface

entre práticas e processos discursivos tendo em vista o conceito de docência ressignificada como

exercício dialógico analisado e construído à luz do que reconhecemos hoje como campo de pesquisa

da e para a formação do professor.

43

Este projeto tem por público alvo as turmas de sexto ano do turno da tarde no Colégio Estadual

Almirante Tamandaré no bairro de Piratininga, Niterói, e visa proporcionar um primeiro contato

formal com a leitura em língua inglesa no ambiente escolar a estes alunos. Tal projeto se justifica

pelo interesse e pela curiosidade demonstrada pela turma no assunto, o que deve possibilitar uma

maior aceitação da leitura em língua inglesa pela turma e, também, na possibilidade de realizar um

trabalho em longo prazo visto que por ser uma turma de 6º ano, esta permanecerá, pelo menos, mais

três anos na escola. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a habilidade de leitura deve ser

vista como prioritária no ensino de língua estrangeira no contexto escolar, isto pode ser comprovado

por inúmeros meios, sendo alguns deles: o problema da infra-estrutura, já que boa parte das escolas

públicas brasileiras conta com poucos recursos para aparelhagem das salas de aula, o foco em outras

habilidades como oral/auditiva seria extremamente afetado, se não impossibilitado em muitos casos; o

uso que a maioria dos alunos da rede pública farão da leitura em sua vida pessoal/profissional, ou seja,

salvo raras exceções, boa parte dos alunos não terá contanto com habilidade oral na sua vida futura; e

por fim, o papel da leitura no auxílio a diversas outras disciplinas como também a seu caráter reflexivo

e formador para o exercício da cidadania. Este projeto tem por objetivos gerais as seguintes questões:

1 Proporcionar a estes alunos um contato inicial com os textos em língua inglesa no ambiente

escolar;

2 Possibilitar o reconhecimento de pequenas informações contidas no texto, como também, fazer

inferências sobre este;

3 Aguçar a curiosidade e o interesse dos alunos pela leitura em língua inglesa, a partir da conexão

entre a língua e assuntos de seu interesse.

E os por objetivos específicos:

- apresentar textos curtos, a maior parte deles com conteúdo lúdico, acerca do tema proposto,

utilizando diferentes gêneros;

- utilizar diferentes suportes para a leitura, como histórias em quadrinhos, cartoons, filmes, desenhos

com pequenos textos etc.;

- criar estratégias de leitura que possibilitem a compreensão global do texto bem como a identificação

de informações específicas;

GODS IN A WEEK: OS DIAS DA SEMANA E AS DIVINDADES PARA UM PRIMEIRO CONTATO COM TEXTOS EM LÍNGUA INGLESA

Leonardo Cardoso; Thais Assis

44

- possibilitar a reflexão sobre o papel da leitura na vida social.

Num primeiro momento o suporte utilizado para a inserção do conteúdo serão histórias em

quadrinhos, cartoons e animações, visto que tais suportes são propostos pelo Currículo Mínimo do 6º

ano e, também, se adequam a proposta de ensino de leitura através do lúdico por nós desejada.

45

O presente trabalho consiste na apresentação dos resultados parciais referente a uma pesquisa sobre

a inclusão digital de alunos portadores de deficiência visual, e quais são os tipos de tecnologias

disponíveis, e se há e qual é a mais indicada para os portadores de deficiência visual? E como esse

recurso interfere nas relações sociais, educacionais e na qualidade de vida, desses indivíduos e quais

as mudanças ocorridas no processo de ensino/aprendizagem em sala de aula. Para Castells (1999)

“a vida em sociedade, atualmente, gira em torno da produção, processamento, troca, transmissão

e acesso à informação, e isso em escala planetária através das redes de informação e comunicação”.

Nessa perspectiva, é válido ressaltar que atualmente existem diferentes possibilidades de utilização da

tecnologia da informática, ou seja, softwares de acessibilidade aos ambientes digitais.

Dentre os sistemas para deficientes visuais os mais utilizados atualmente em nosso país são o

Dosvox, o Virtual Vision e o Jaws (TAIOLE, 2002). Analisando como o uso de computadores com

programas específicos podem ser um instrumento gerador de transformações no desenvolvimento da

capacidade cognitiva desses indivíduos e a inclusão de alunos com deficiência visual, no mundo digital.

Demonstrar que a tecnologia se torna um aliado de grande importância no ensino/aprendizagem para

alunos portadores de deficiência visual.

Notamos que a cada dia essas maquinas nos surpreendem com o que elas podem fazer são ações

pautadas sob o comando do ser humano amplamente utilizado para diversos fins entre eles auxiliar

os deficientes visuais em vários seguimentos, tais como de cunho educacional de bens de produção e

na difusão dos valores sociais consigo e os outros provocando e estimulando novos modos de pensar

exigindo que o acesso à tecnologia fique mais fácil e menos restrito aos portadores de necessidades

especiais visuais para esses indivíduos que por meio do sentido sonoro e do tato tentam minimizar as

dificuldades enfrentadas todos os dias.

Na medida em que nossa sociedade vai se transformando em todos os viés a relação com o outro

necessita de adaptações constantes para que todos estejam inclusos independentemente das diferenças

individuais o respeito na forma de apreender o mundo se faz necessário para nortear as relações que

se estabelecem nos vários grupos sociais que participamos ao longo da vida. Para Citelli (2000) “[...]

com o aporte dos novos meios disponibilizados pela informática, sistemas digitais, pelas redes de

computadores, e que orientam uma revolução nos diferentes âmbitos da cultura da história, dos

INCLUSÃO DIGITAL: O USO DO COMPUTADOR NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Ana Carolina dos Anjos de Queiroz

46

fluxos econômicos, das sociabilidades etc.[...]”. Assim olhando por esse prisma a informática veio

para potencializar as possibilidades de acesso aos conhecimentos que passam a ser apresentados de

maneira sistematizada com programas que interagem com os deficientes visuais, pois novas formas

de assimilação de acumulação e de transmissão de conhecimento e ideias se apresentam e com elas

novas tecnologias de cunho mediador e educativo surgem para que a informação e a comunicação

desenvolva seu papel transitório com todos os indivíduos.

Palavras – chave: inclusão, deficiente visual, tecnologia, aprendizagem.

47

O seguinte trabalho foi desenvolvido a partir de uma análise feita em redações dissertativo-

argumentativas de um curso preparatório para o ENEM. Esta análise teve como ponto principal

mostrar a importância da interdisciplinaridadeno processo de elaboração desse tipo de texto. Antes

de falarmos sobre a atuação dos alunos diante ao processo de composição do texto dissertativo-

argumentativo, foi feito um levantamento da procedência deles, pois o contexto em que estes alunos

viviam e, também, onde estas redações foram produzidas, é de extrema importância para os resultados

obtidos. Primeiramente,mostraremos que o curso no qual foram feitas estas redações é destinado

a pessoas de baixa renda, ou seja, pessoas que querem se preparar para ingressar na universidade,

masnão têm condições financeiras de pagar um curso preparatório.

Um outro ponto bastante interessante, que será destacado, éo grande número de alunos que vêm

do ensino EJA – Ensino para Jovens e Adultos – e também casos de pessoas que passaram um longo

tempo afastadas do ensino formal e agora estão tendo uma nova chance de estudar. Entendemos que

estes fatores são de sumaimportância, portanto, deveriam ser levados em consideração para dar início

ao trabalho. Após contextualizar esses textos, o foco da pesquisa foi observar se estes alunos foram

preparados para trabalhar interdisciplinarmente,se eles conheciam os assuntos atuaisda sociedadee,

também, se eles eram capazes de opinar sobre esses assuntos.

Serviram de apoio para esse trabalho os PCNs e também autores ligados a Linguística Aplicada.

Com base nestes estudos veremos que o ensino de língua maternavoltado para o texto é considerado

‘ensino ideal’ pois proporciona ao alunoalém da interação de todas as áreasauxiliando o aluno a

atingir o êxito, tanto ao realizar testes (avaliações), como também atuar na sociedade.Essa interação

– interdisciplinaridade – é tida como base dos PCNs, mas algumas vezes esse trabalho não é

desenvolvido na escola devido à falta de preparação dos profissionais (professores e coordenação da

escola, tanto do ensino regular como do EJA). Através das redações, foi mostrado que o ensino nas

escolas públicas muitas vezes não prepara o aluno para interagir com a sociedade de um modo geral,

mas sim, segue aquele velho modelo de que cada disciplina é responsável única e exclusivamente por

sua área (conteúdo).

INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PERSPECTIVA NAS REDAÇÕES DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVAS

Rafael dos Santos Lemos; Seila Marisa da Cunha Islabão

48

Filmes e séries de televisão são motivos de interesse dos alunos do Ensino Médio. Com isso em mente,

a partir da série de televisão da BBC, dos escritos de Sir Arthur Conan Doyle e de uma resenha crítica

sobre o primeiro episódio da série, foi feito um projeto de ensino com o objetivo de familiarizar os

alunos com a obra canônica de Sherlock Holmes. Esperava-se que os alunos conseguissem identificar

o gênero textual de resenha crítica, a intertextualidade entre a série e trechos do texto original e o mais

importante identificarem o que a adaptação oferece de novo ao texto.

O projeto foi baseado nas ideias expostas por Lobianco Amorim sobre o modelo interacional de leitura

que constam as seguintes etapas: pré-leitura, leitura e pós-leitura e nas reflexões de Moita Lopes sobre

os Parâmetros Curriculares Nacionais. Foram três aulas de uma hora e quarenta minutos. Na primeira

aula, lidamos com as expectativas dos alunos. Para isso, analisamos uma resenha crítica sobre o

primeiro episódio da série de televisão Sherlock da BBC. Apresentamos aos alunos características

da resenha crítica (textos de opinião), analisamoso vocabulário do texto (palavras desconhecidas aos

alunos, além de enfatizarmos o vocabulário sobre tecnologia), perguntamos o grau de formalidade/

informalidade do texto e o grau de subjetividade/objetividade do texto. Por último, qual a expectativa

deles para o episódio propriamente dito.

Na segunda aula, durante a exibição da Série de Televisão, observamos o interesse dos alunos. Pedimos

para que eles façam anotações sobre o que eles acharam interessante ou sobre alguma dúvida que

eles tivessem. Na última aula, começamos a aula, retomando a resenha crítica e discutimos se eles

concordam ou não com o autor da resenha crítica. Quais os pontos que eles concordam? Quais eles

discordam? Depois disso, passamos um pequeno trecho da série de televisão e entregamos um trecho

do romance original para que eles pudessemler analisar e comparar. Quais os artifícios que o roteirista

da série empregou para adaptar o texto original? O texto original perdeu algo nessa adaptação? O

que foi acrescentado para atingir o público dos dias de hoje? O que torna o texto de Sherlock Holmes

atraente para os jovens do século XXI, embora o texto tenha sido escrito há quase 100 anos atrás? Que

outras adaptações os alunos conhecem sobre Sherlock Holmes? No que ela difere da série de televisão

da BBC? A Língua Inglesa de 100 anos atrás é acessível para os alunos? Se existia alguma palavra

muito “estranha” no texto original? Assim, o projeto procurou despertar interesse pela língua inglesa

de uma forma diferente da convencional, por meio de diferentes artifícios e estratégia

INTERTEXTUALIDADE E GÊNEROS TEXTUAIS: UM ESTUDO EM ROSA. “A STUDY IN PINK”

Fernando Angélico Pereira Alfradique; Priscila Pimentel;Ricardo Augusto Gonçalves

49

Muitos linguistas compartilham a preocupação de divulgar conceitos relacionados à Sociolinguística

para a comunidade. Vemos que é grande o número de falantes que possuem a crença de que não

sabem falar sua própria língua materna, de que língua portuguesa é muito difícil, etc. Existem pessoas

que até sofrem preconceito por terem uma norma diferente da norma-padrão. Preocupados com isso,

alguns autores produziram obras que permitiram essa divulgação, como “Preconceito linguístico: o

que é, como se faz” e “A língua de Eulália” de Marcos Bagno. Porém esse assunto ainda é pouco

presente na sala de aula. Tendo em vista a necessidade de se criar práticas pedagógicas que levem ao

universo escolar temas relacionados à Sociolinguística, foram elaboradas atividades com o objetivo de

apresentar aos alunos, de escolas públicas e particulares, assuntos como a Variação Linguística, a fim

de conscientizá-los sobre o Preconceito Linguístico.

Nossa metodologia consiste na elaboração de uma atividade chamada de Labirinto da Fala, em que os

alunos podem participar de atividades lúdicas e interativas. O labirinto é composto por três partes. A

primeira parte trata da noção de regra e traz questões como “o que é regra?”, “regra é importante?”,

“para que serve a regra?”, “a língua tem regra?”. Na segunda parte levamos os alunos a refletirem sobre

o certo e o errado e mostramos, através do exemplo da palavra menas, que até o que é considerado

errado segue uma lógica e possui uma regra. Na última parte, que aborda o Preconceito Linguístico, os

alunos são capazes de perceber que todas as variedades possuem o mesmo valor linguístico, pois todas

seguem regras, mas que é importante conhecermos todas as variedades, principalmente a norma-

padrão, para podermos nos comunicar nas mais diversas situações.

Eles também são levados a refletir que julgar alguém que possui uma variedade diferente da nossa é

preconceito. Com o objetivo de verificarmos a eficácia do trabalho, será realizado um levantamento de

opiniões. Esse levantamento é dividido em duas etapas, uma antes e outra após a realização da atividade.

Dessa maneira, podemos avaliar se houve alguma mudança no pensamento dos alunos em relação ao

preconceito linguístico. O Projeto “Labirinto da Fala” foi iniciado no ano 2012, baseado em um projeto

anterior, o “Labirinto da Língua”, com o intuito já mencionado de divulgar a Sociolinguística nas

escolas. Em 2012, o labirinto foi levado em várias escolas e os resultados obtidos foram satisfatórios.

Atualmente, estamos trabalhando em um novo formato para o Labirinto, e, por isso nosso projeto

ainda está em fase inicial. Foram feitos contatos com as escolas para levarmos esta dinâmica até os

alunos. Isso ocorrerá no primeiro semestre do ano corrente. Acreditamos que com essas atividades

poderemos reduzir a prática do Preconceito Linguístico nas escolas.

LABIRINTO DA FALA: BRINCANDO DE ACHAR O CAMINHO DA IGUALDADE ENTRE AS VARIEDADES

Caroline Teixeira Medeiros Barbosa

50

A utilização novas tecnologias tem provocado profundas mudanças em várias esferas da sociedade.

Essas mudanças também têm sido sentidas no processo de ensino/aprendizagem. Agora, o contexto

sóciohistórico requer formas de aprendizagem mais dinâmicas e participativas, descentralizadas da

figura do professor e pautadas na independência, na autonomia, nas necessidades e nos interesses de

cada um dos alunos que já são usuários frequentes das novas tecnologias. Essa necessidade foi constatada

na Escola E.E.F.M. Temístocles de Araújo, em Belém (PA), parceira do Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação à Docência, PIBID/CAPES-IFPA - Campus Belém.

Este trabalho trata-se de um relato de experiências que descreve o caminho percorrido para desenvolver

as atividades de ensino e pesquisa do Grupo de Trabalho (GT) Letramento de Gêneros Digitais,

vinculado ao projeto “Leitura e Escrita no Contexto Escolar”, coordenado pela Professora Leila Sodré,

nesta escola. Inicialmente, os alunos foram orientados a se apropriarem de leituras acadêmicas que

focassem tanto o letramento escolar, como Magda Soares (2004), Angela Kleiman (2007) e Darcilia

Simões (2006), para depois partir para leituras acadêmicas específicas da área de letramento digital,

como Marchuschi e Antonio Carlos Xavier (2010).

A partir disso, foi aplicado um questionário de leitura e escrita na escola, a fim de diagnosticar a

realidade de leitura e escrita dos alunos. De posse dessas informações, os alunos perceberam a

necessidade de criar um projeto para encaminhar as atividades de ensino, focado no gênero textual do

GT em questão. O projeto “Letramento Digital por meio de Gêneros Midiáticos” foi então desenvolvido

visando atender às necessidades de leitura e escrita dos alunos da escola. Neste projeto, os alunos

destacaram a necessidade de se criar um Plano de Ação para conduzir as atividades, de acordo com os

objetivos do projeto. Cada atividade foi desenvolvida visando atingir os objetivos específicos propostos

no Relatório de Observação, elaborado após as visitas à escola parceira, a saber: Incentivar a prática

de leitura e produção textual com o auxílio da internet; Orientar o uso dos hipertextos; Desenvolver a

capacidade de produção textual por meio dos gêneros virtuais; Desenvolver a capacidade de criação,

atualização e alimentação do gênero virtual blogger, mais conhecido como blog; Desenvolver a

capacidade de criação e o uso do gênero virtual e-mail; Discutir a questão da Identidade do aluno no

mundo virtual e desenvolver a capacidade de criação de avatar; Discutir a questão da Identidade no

mundo virtual e desenvolver a capacidade de interpretação e produção textual. Com as atividades

LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO ESCOLAR: PROPOSTA DE ATIVIDADES EM LETRAMENTO DIGITAL DO PIBID LETRAS IFPA - CAMPUS BELÉM

Ana Paula Santos Sarmanho e Kleiton Luiz Nascimento Reis

51

propostas serão trabalhadas diversas habilidades que precisam ser desenvolvidas com o alunado para

que este passe a ler letrado digitalmente e se insira nesta nova realidade imposta pelo advento das

novas tecnologias. A partir da aplicação deste Plano, os alunos poderão colher resultados, que serão

analisados a posteriori. Com os resultados que serão obtidos, pretende-se verificar a eficácia das ações

propostas e até que ponto elas ajudaram a atingir o objetivo do projeto de Letramento Digital, isto é,

promover o desenvolvimento do processo de constituição das competências de leitura e escrita através

dos gêneros digitais.

52

O Ensino de Língua Estrangeira não deve se resumir a leituras e estudo apenas do livro didático. A

diversidade de gêneros e tipos textuais se faz necessária para desenvolver não apenas o letramento, como

também para que seja facilitado o processo de ensino-aprendizagem, visto que, ao inovar, trazendo

novos recursos para a sala de aula, motivamos o interesse de nossos alunos e exercemos o diálogo, a

leitura e produção críticas. Considerando este fato, nosso trabalho objetiva mostrar como é possível

promover a leitura e a produção de quadrinhos no ensino de línguas estrangeiras, especialmente o a

Língua Inglesa e Espanhola.

Pelo fácil acesso aos quadrinhos e os diferentes recursos linguísticos e extralinguísticos presentes

neste, podemos inseri-los em salas de aula de cursos como uma forma de trabalhar não apenas a

língua, como também a cultura, debatendo semelhanças e diferenças em relação ao nosso contexto

sociocultural, motivando o trabalho da criticidade dos alunos, como leitores e cidadãos do mundo. O

estímulo à produção de quadrinhos em língua estrangeira é o ponto culminante deste trabalho, pois

este é o momento mais interessante, em que os alunos adquirem a tarefa de expressarem-se na língua

estrangeira, tomando-a como forma de manifestar suas crenças, seu humor, seus desejos.

Tomando como partida a pesquisa bibliográfica fundamentada em Ramos (2009), Simões (2009),

Vygotsky (1987), Freire (1996) e Vergueiro (2004), apresentaremos uma breve discussão da importância

de trazer a leitura e produção de HQs para a sala de aula de LE, para posteriormente mostrarmos

atividades e produções possíveis com a participação dos alunos e uma reflexão sobre os resultados do

desenvolvimento destas atividades em sala de aula. Esperamos que este trabalho seja uma inspiração

para que professores de língua estrangeira sempre busquem motivar seus alunos com novos materiais

e atividades didáticas, sem inseguranças, confiantes de que inovando na sua prática pedagógica, se

tornarão formadores de leitores e cidadãos, participativos em sua sociedade, independente da língua

que escolherem para se expressarem.

LEITURA E PRODUÇÃO DE QUADRINHOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

Adriena Casini Da Silva; Adnéa Casini da Silva

53

A presente pesquisa tenciona abordar gêneros textuais da internet no ensino-aprendizagem de inglês

com foco na leitura, no contexto escolar regular. O objetivo do projeto é trabalhar a leitura de e-textos,

cada vez mais relevantes nos meios de comunicação e nas relações sociais atuais, apresentando a

leitura em língua inglesa como ferramenta para diversas experiências comunicativas na língua-alvo.

Tendo em vista uma teoria pragmática da linguagem, que observa a língua enquanto atividade prática

e sociointeracional, observamos que a leitura cumpre um papel tão relevante enquanto experiência

comunicativa quanto qualquer outra que envolva enunciados, intencionalidades, e interpretações

encenados em dado contexto enunciativo.

A escolha dos textos e elaboração das atividades foi guiada por pesquisas de opinião realizadas junto

aos alunos, ao lado de teorias de leitura que valorizassem o trabalho com o texto de uma forma mais

integrada com o contexto do aluno e de uma maneira mais significativa pra ele. Outro fator importante

foi a valorização do conhecimento prévio que o aluno possui dos gêneros a que os textos pertencem.

Uma vez identificado o gênero, várias previsões linguísticas e de conteúdo emergem instantaneamente,

permitindo uma maior integração entre os conhecimentos prévios dos alunos e o universo textual

apresentado. As atividades buscam, ainda, estratégias de leitura em que se privilegie a busca pelos

cognatos, a inferência de sentido através da morfologia, a relação entre os elementos gráficos e os

significados do texto, assim como suas funções, intenções e características contextuais.

Utilizando-se da dinâmica de prática exploratória, desenvolvemos aulas dentro da grade curricular

regular de língua estrangeira de escolas da rede pública, observando o relacionamento dos alunos com

a temática e a abordagem propostas, colhendo dados qualitativos durante o processo, e, eventualmente,

propondo mudanças nas dinâmicas e abordagens utilizadas. Esperamos, assim, fazer do ensino-

aprendizagem de língua inglesa no contexto escolar regular uma atividade relevante e promissora

para os alunos dos ensinos fundamental e médio.

LEITURA EM INGLÊS: AMPLIANDO A COMPETÊNCIA TEXTUAL ATRAVÉS DE E-TEXTOS

Cristiane Veloso Costa; Eduardo Gerdiel B. Graça; Gláucia Coelho Campos

54

Ensinar as habilidades acadêmicas para pessoas com autismo é algo ainda pouco difundido e estudado

no meio acadêmico, talvez porque a prioridade ainda seja para os comprometimentos mais visíveis,

como a interação social, a comunicação e os comportamentos. No entanto, as habilidades acadêmicas

precisam atingir esse público que, com o advento da inclusão escolar, passou a frequentar a escola

regular e, cada vez mais, é exposto a conteúdos acadêmicos. Para tanto, é necessário estratégias de

ensino adequadas às suas necessidades, visando à entrada desses sujeitos na escola, a permanência

nela e seu progresso.

Já se sabe que através do letramento o indivíduo consegue socializar-se com o próximo, pois possibilita

novos tipos de trocas simbólicas e acesso aos bens culturais, ou seja, um maior conhecimento do mundo

ao seu redor, com capacidade para compreender, criticar, interpretar. Nesse quadro, o letramento

digital pode ser um instrumento sobremaneira importante para desenvolver tais habilidades visto

que, grande parte das pessoas com autismo são “pensadores visuais”, ou seja, processam o pensamento

em imagens. Assim é possível dizer que elas podem se beneficiar da aprendizagem com caráter lúdico,

descontraído, como por exemplo, com os softwares educativos, que estimulam a criança/adolescente

a ter um desenvolvimento cognitivo maior e até melhorar seu comportamento na escola.Porém a

principal condição para a apropriação do letramento digital, segundo Xavier (2004) é o domínio do

letramento alfabético pelo indivíduo.

Nessa perspectiva, entendemos que é de fundamental importância o esforço do letramento alfabético

anteriormente a qualquer tentativa de inserção digital, visto que o mesmo é preponderante para

reconhecimento e a interpretação dos padrões de comunicação social por qualquer criança especial

ou neurotípica. Assim, este estudo tenta colocar, através do software “A Fazenda” – Rived- e de

atividades escritas, o autista frente a situações-problemas que estimulem a utilização e compreensão

da ordenação e da inclusão de classes e verificar em quais momentos ele responde melhor, com o

material impresso ou com a ajuda do software. Esses estudos foram realizados no decorrer de sete dias,

com duas sessões diárias. Os resultados demonstraram que a aprendizagem das habilidades ensinadas

foi acontecendo gradativamente, à medida que a intervenção ocorria, e que o software mostrou-se

sobremaneira relevante para a promoção de uma aprendizagem significativa e contextualizada para

essas crianças, uma vez que o aluno conseguiu entender o objetivo das atividades realizadas com o uso

do computador muito mais rápido do que com a tecnologia analógica (papel e lápis).

LETRAMENTO DIGITAL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS AUTISTAS

Vilma Mussilene de Araújo Candido

55

Com base nos resultados obtidos através dessa pesquisa, podemos observar que o aluno evoluiu

significativamente, em relação ao estudo e que, apesar da complexidade de algumas atividades do

software, apresentou um comportamento tranquilo e ficou menos agressivo e menos impaciente. Desse

modo, foi-lhe assegurada uma oportunidade de aprender. Por fim, é preciso reconhecer que o respeito

pela maneira de pensar da criança com autismo é fundamental para o sucesso de uma abordagem

educativa e que computadores são somente parte desse processo educativo e não a solução.

56

Na sociedade da informação, com o grande avanço tecnológico, a sociedade vivencia diversas

experiências nas mais variadas esferas sociais. Dessa forma, o presente artigo apresenta uma proposta

de atividades de ensino para professores das redes, pública e privada, a fim de sensibilizá-los e

motivá-los a buscar um novo processo educativo para atender às expectativas da geração digital e a

partir da utilização de recursos tecnológicos oferecidos pela Web 2.0, haja vista que os gêneros imersos

nela, se constituem como verdadeiras ferramentas, segundo a proposta de Schneuwly (1994), baseado

nas concepções bakhtinianas, nas quais a ferramenta é um fator de desenvolvimento das capacidades

individuais na perspectiva do sociointeracionismo, concebendo a atividade humana como tripolar, ou

seja, o sujeito age sobre os objetos, sua ação é mediada por objetos que são socialmente elaborados e

frutos de experiências passadas.

Vivenciando atividades de ensino na Escola E. E. F. M. Temístocles de Araújo, em Belém (PA), através

do Programa de Iniciação a Docência – PIBID, oferecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior - CAPES, através do Projeto Ciências em Ação II, aos alunos de licenciatura

do Instituto Federal do Pará, percebi uma escola 1.0, com atividades desenvolvidas por professores

2.0 e alunos 3.0 imergidos nas diversas tecnologias, com isto questiono-me: como fazer meus alunos

aprenderem, com uma gama de personalidades e facilidades de aprendizagem?

Objetivo assim, ampliar essa abordagem das atividades educacionais, quebrando dessa forma o

paradigma tradicional e proporcionando uma maior interação entre aluno-conteúdo-professor, para

que se favoreça a colaboração, cooperação e interação, permitindo inclusive, o desenvolvimento de

habilidades e competências importantes no processo de ensino significativo para o professor e o aluno.

E para isto, criou-se um plano de ação para conduzir as atividades a serem desenvolvidas na escola,

com o acompanhamento do professor, em duas turmas do 1º ano regular de educação integral.

A proposta trabalhará os mais variados gêneros digitais, de acordo com os objetivos específicos do

Projeto Letramento Digital e propostos no Plano de Ação, para que promova o desenvolvimento de

competências de leitura e escrita, como também, o letramento digital dos alunos, contribuindo para

as produções orais e escritas, dentro e fora do âmbito escolar.

Partindo de concepções sociointeracionistas, trabalho a proposta de GERALDI (1997) na qual todas

as produções – escritas e orais - são ponto de partida e de chegada para todo o processo de ensino

LETRAMENTO DIGITAL: UMA PROPOSTA DE ENSINO PARA INTEGRAR PROFESSORES E ALUNOS NO CONTEXTO ESCOLAR

Ana Paula Santos Sarmanho

57

aprendizagem de língua e, para tanto, os gêneros digitais são instrumentos valiosos nesse processo de

aquisição da linguagem e de ensino aprendizagem.

Trabalho também o conceito de letramento digital proposta por XAVIER (2002), no qual implica

realizar práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização,

pois ser letrado digital pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever no suporte digital, a

tela.

58

Diversos são os aspectos que circundam as análises de metodologia de ensino de uma língua estrangeira.

Segundo Menezes (2009), temas como letramento, autonomia do aprendiz e gêneros textuais são

bastante recorrentes no âmbito da linguística aplicada, enquanto pesquisas com foco em crenças

parecem ser menos usuais. Estudos na área são, no entanto, de suma importância para entendermos

como se dá o processo de aprendizagem dos alunos, visto que o bom desempenho é frequentemente

determinado por variáveis afetivas (KRASHEN, 1987), com o professor exercendo papel importante

na construção e desconstrução de crenças. Por crenças, entende-se o conjunto de expectativas e

suposições individuais; elas são sociais, pois nascem geralmente baseadas em experiências pessoais e

educacionais anteriores, que podem vir a sofrer resignificação ou não (BARCELOS, 2004).

O objetivo deste trabalho é, portanto, investigar a relação entre as crenças dos aprendizes de Alemão

como Língua Estrangeira (ALE) em relação à interferência do professor no processo de aquisição

da língua-alvo, uma vez que os aprendizes trazem para o contexto de sala de aula expectativas e

pressuposições que interferem em seu comportamento e motivação em relação à aprendizagem de

uma língua estrangeira (WOODS, 2003).

Através do conhecimento dessas expectativas e do papel que o aluno supõe ter em sua própria

aprendizagem, é possível trabalhar questões como autonomia e evasão. A pesquisa se encontra em

andamento e é de natureza mista, com dados quantitativos e qualitativos (BORTONI-RICARDO,

2008), resultantes da aplicação de três questionários e estudos de caso nas turmas de alemão I e V do

Curso de Língua Aberto à Comunidade (CLAC) entre os anos de 2012 e 2013. Os resultados levantados

até o momento nos levam a crer que os aprendizes esperam aprender uma segunda língua em sala de

aula, com a ajuda do professor, a quem é atribuída grande importância e imaginam não exercer papel

importante no processo de aprendizagem da língua-alvo.

LEVANTAMENTO E ANÁLISE DAS CRENÇAS DOS APRENDIZES SOBRE SEU PAPEL E O DO PROFESSOR NA APRENDIZAGEM DE ALE

Raquel Garcia D’Avila Menezes

59

Este painel tem por objetivo discutir aspectos relacionados à prática de graduandos no PALEP –

Projeto Alemão nas Escolas Públicas. Este projeto de Extensão da UFRJ - formalmente: Construção

de uma Prática docente democrática e alternativa em Escola Públicas do Estado do Rio de Janeiro -

atuou no último ano (2012) em duas escolas, uma na região serrana e outra na zona norte carioca. Em

ambas as práticas, um dos aspectos mais instigantes surgido no primeiro semestre de aulas(agosto a

dezembro de 2012) foi o estranhamento demonstrado pelos alunos em relação à nova língua estudada.

Tal estranhamento reverberou inclusive na relação professor-aluno. Observado pelo filólogo e filósofo

Weinrich (1998) “o estranhamento da língua estrangeira é o maior inimigo da didática de LE, e por

isso, deve-se desvendá-lo muito bem para ser possível combatê-lo de forma eficaz”.

Entendemos que tal recepção é, talvez não o maior, mas um obstáculo decisivo nessa aprendizagem,

debruçamo-nos então sobre essa estranheza ao discutirmos e analisarmos nosso cotidiano escolar no

que tange ao ensino de uma língua estrangeira tão desafiadora quanto o alemão. Segundo Rajagopalan

(2003), quem aprende uma nova língua está redefinindo sua própria identidade , e a tensão entre

aprendizagem de uma língua estrangeira e o uso da própria língua materna, mostrou-se logo presente

na atitude insegura dos alunos no que diz respeito ao uso do português.

Conceitos como Lernklima e Bedeutsamkeit (KRAMIS,1990) auxiliaram-nos a lidar, na prática, com

essas questões. Dessa forma, procuraremos apresentar o desenvolvimento de uma prática docente de

LE consciente de ser atravessada por questões de identidade, de crenças de “certo” e “errado”, dos

significados de aprender uma língua.

LÍNGUA ESTRANHA OU ESTRANGEIRA? SOBRE O ENSINO DE ALEMÃO EM ESCOLAS PÚBLICA E PERIFÉRICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Paula Vieira Campos e Flora Almeida

60

O projeto Novos Talentos é executado na UNEMAT campus universitário de Tangará da Serra-MT,

desde o ano de 2011, sendo fomentado pela CAPES e desenvolvido em quatro subprojetos. Um desses

subprojetos é o intitulado “Língua Materna: limites e possibilidades da pesquisa científica”, que tem

por objetivo, entre outras questões, discutir as possibilidades de se fazer ciência no espaço da Educação

Básica, possibilitando um espaço de discussão, tanto com professores quanto com alunos, sobre os

modos de melhor enriquecer as atividades do processo de ensino e aprendizagem. Além de trabalhar

na qualificação dos alunos do ensino médio das escolas públicas urbanas de Tangará da Serra e região,

o projeto desenvolve atividades com a comunidade indígena Paresi na Aldeia Formoso, onde diversas

experiências são vivenciadas a partir das atividades realizadas na escola em que estudam e vivem.

Tendo como referenciais teóricos autores pós-estruturalistas, diversas atividades foram conduzidas na

referida aldeia em forma de minicursos e oficinas.

As atividades junto aos alunos da comunidade foram conduzidas por acadêmicos monitores do projeto,

os quais trabalharam com a apresentação e discussão de filmes e textos, entre eles, o texto “Ciência,

coisa boa...” de Rubem Alves, que desencadeou diversos pontos de discussões, enriquecendo a reflexão

sobre o fazer ciência. Partindo da tradição cultural e do mito de origem do povo Paresi, propomos a

produção de cartoneras, um trabalho de origem argentina o qual utiliza-se materiais reciclados na

produção de capas de livros, para trabalhar a produção de texto como forma de registro. O trabalho na

comunidade Paresi se mostrou relevante na medida em que possibilita um novo olhar sobre o ensino

de Línguas numa condição em que a Língua Portuguesa não é a Língua Materna e sim, segunda língua.

Toda essa experiência resulta no enriquecimento da reflexão sobre o processo de formação docente,

coloborando para o amadurecimento da prática enquanto pesquisadores e acadêmicos de Letras, de

modo a constituir novas metodologias de ensino de línguas a partir da realidade de cada comunidade.

LINGUA MATERNA E PESQUISA: (RE)DESCOBRINDO CIÊNCIA COM O POVO PARESI NA ALDEIA INDÍGENA FORMOSO

Wélica Cristina Duarte de Oliveira; Eduardo Fonseca de Souza

61

Neste trabalho pretendemos apresentar nosso relato, como bolsistas de Iniciação à Docência, sobre as

intervenções feitas no subprojeto de Letras do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência

(PIBID) da Universidade estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Campus de Jequié, especificamente

sobre o ensino de Língua Portuguesa e suas novas perspectivas no médio Rio de Contas, na cidade de

Jequié, situada no interior da Bahia. No segundo semestre letivo do segundo ano de atuação em uma

escola estadual de ensino médio, temos notado que os alunos têm respondido de uma forma mais

satisfatória às atividades propostas. Nosso objetivo maior é pensar metodologias e materiais que levem

efetivamente para sala de aula as teorias linguísticas que dão suporte para o ensinar-aprender do uso

eficaz da nossa língua materna.

Procuramos sempre trabalhar com os textos orais e escritos de forma leve e consciente, sem

monotonia ou o peso que muitas vezes acompanha o ato de escrever. Partindo do conceito de língua

como interação (BAKTIHN, 1999) e propondo desfazer a dicotomia texto x gramática, como propõe

TRAVAGLIA (2004) consideramos satisfatórios os resultados obtidos. Não porque os pibidistas (nome

dado, por nós, aos alunos do ensino médio que participam do projeto) fazem textos corretos mas,

porque participam e correspondem às propostas apresentadas. Além disso, leituras compartilhadas,

dinâmicas são outros procedimentos que tem trazido boas respostas para nossas oficinas, uma vez

que são elaboradas na contextualização social dos alunos. O alinhamento da teoria à prática tem

nos mostrado como o desenvolvimento desses pibidistas deve ser baseado em um processo sócio-

histórico. Enfatizamos também o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, pois

acreditamos que a educação deve ser feita dessa maneira. Com essas intervenções tentamos alcançar,

na prática, o que o nosso subprojeto propõe: um novo caminho para o ensino de Língua na educação

básica.

Palavras-chave: Ensino de Língua. Leitura e Escrita. Iniciação à docência.

NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O PROGRAMA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NA UESB CAMPUS DE JEQUIÉ

Carla Souza Ferreira; Emerson Viana Braga;Rubens Alves Duarte

62

La enseñanza tradicional de la lengua da mucho énfasis a la gramática normativa que se presenta de

forma artificial y mecanizada. Así, en las clases de LE, se trabajan los elementos que forman parte de

la lengua a partir de propuestas de cuestiones que identificamos como fragmentadas y desconectadas

del significado para el uso y funcionamiento en el lenguaje. Esa metodología arcaica, cierra las

posibilidades de utilizar didácticas de enseño que logren el aprendizaje funcional de la lengua meta,

incluso hace con que el profesor se aleje del libro didáctico cuando este trabaja más con la reflexión

del contenido a partir del texto, lo que acurre con el libro didáctico “el arte de leer español”, que causó

dificultades para la mayoría de los profesores de lengua que no están acostumbrados con este tipo

de metodología. La llegada de las nuevas tecnologías han cambiado las formas de comunicación, la

velocidad de transmisión de las informaciones además de cambiaren la postura de instituciones de

enseño, profesores y materiales didácticos.

La educación actual encuentra un desafío de construir un enseño que engloben la utilización de

las nuevas tecnologías. Sabemos que las dificultades van desde la garantía del acceso a las nuevas

tecnologías hasta la formación de profesionales y materiales que hagan el uso correcto de estas

herramientas para un aprendizaje crítico y reflexivo. La utilización de tecnologías surge como una

posibilidad para envolver el alumno a una propuesta de enseñanza que lo motive para desenvolver su

reflexión crítica. De esta forma, nuestro trabajo busca, primero analizar si el manual “El arte de leer

español”,incluye actividades utilizando las TICs (Tecnologías de la Información y Comunicación) y en

seguida plantear una actividad para la inserción de las TICs en colaboración con la propuesta del libro

didáctico “El arte de leer español”, suplementando los posibles huecos en la enseñanza de la gramática.

La escoja del libro es justificada por ser uno de los manuales elegidos por el guía del PNLD (Programa

Nacional do LivroDidático) de 2012, para la enseñanza de la lengua española en las escuelas públicas

brasileñas. Para ofrecer un subsidio didáctico con la inserción de las TICs, nos basamos en los

conceptos de los estudiosos Coscarelli(2002), Marcuschi,Xavier(2007)e Koch e Elias(2007) que tratan

de cuestiones relacionadas al proceso de letramiento digital en la adquisición del lenguaje, sea materno

o extranjero. Buscamos de esta manera auxiliar en el proceso de enseñanza/aprendizaje de LE y a la

vez inserir a los estudiantes en el mundo digital.

O ENSINO DA GRAMÁTICA SOB UMA NOVA PERSPECTIVA: O ROMPIMENTO DA TRADIÇÃO ATRAVÉS DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Patrícia de Carvalho Andrade

63

Se espera que con la inclusión de utilización de las TICs en las clases de E/LE, la visión acerca de la

enseñanza de la gramática tradicional se rompa, superando la frontera del material didáctico impreso,

una vez que va a proporcionar que el proceso de enseñanza/aprendizaje dé continuidad fuera de sala

de clase.

64

Este trabalho encaixa-se no eixo temático “Conhecimento linguístico, aquisição e perda de

categorias funcionais”. Nesta abordagem discutimos a respeito das intervenções da tecnologia

nas práticas metodológicas em sala de aula e maneira com que tais interferências influenciam em

perdas de categorias gramaticais na funcionalidade da escrita dos alunos. Sabemos que a escola é

uma comunidade linguística dotada de características específicas, onde sujeitos de várias culturas se

comunicam constantemente. Logo, a escola é uma instituição multicultural. Esta diversidade é fator

que contribui diretamente para um fluxo dialógico entre escola e o meio social e tecnológico que,

na contemporaneidade, parece servir como pano de fundo para as transformações que acontecem

na base de nossa sociedade. Tais transformações refletem de maneira transversal no papel da escola

no processo de ensino e aprendizagem. Isso implica diretamente na metodologia que o professor

lança mão durante suas aulas. À luz dessa realidade, refletimos, neste trabalho, sobre as contribuições

que essa gama de recursos cybernéticos – como redes sociais, sites, chats e outros - podem oferecer

ao aprimoramento das habilidades de escrita, oralidade, escuta e leitura dos alunos do século XXI.

Investigamos também, nesta instância, como os professores de língua materna concebem essas

modernizações, considerando-as benéficas ou não ao processo de aprendizagem da língua portuguesa.

Dessa forma, é possível fazermos um paralelo entre a evolução da sociedade, do ponto de vista da

tecnologia, bem como as evoluções que ocorrem, como consequência no âmbito escolar. Essa mudança

é totalmente perceptível na prática metodológica do professorado, que divide suas concepções sobre o

papel da era tecnológica no contexto escolar. Como embasamento teórico, utilizamos os pressupostos

da Linguística Aplicada (LA), pela maneira problematizadora com que entende o ensino de língua no

país, além de seu ponto de vista interacional da linguagem; além, também, do auxílio da Linguística

Textual (LT), uma vez que esta vertente da linguística traz concepções valiosíssimas a respeito do

desenvolvimento da prática da escrita do texto, estabelecendo uma relação precípua entre coerência

e coesão na estrutura linguístico-textual de um enunciado. Neste caso, focalizamos na modalidade

escrita da língua, pois acreditamos ser a habilidade que mais demonstra a interferência tecnológica

no espaço escolar. Como metodologia de investigação, adotamos a pesquisa qualitativa de análise dos

dados.

Palavras-Chave: Escola. Tecnologia. Metodologia. Ensino de Língua Materna.

O ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA FRENTE À MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA: UMA REFLEXÃO

Bruno Gomes Pereira

65

A presente pesquisa-ação, realizada no Colégio Estadual Cizinio Soares Pinto, tem como principal

objetivo despertar o interesse pela língua inglesa nos alunos do segundo segmento do Ensino

Fundamental e/ou Ensino Médio. Após algumas observações nas turmas, percebemos uma

desmotivação por parte dos alunos ao estarem em contato com a língua inglesa e pudemos inferir

que tal desinteresse reside na falta de utilização da língua inglesa fora do contexto escolar. Na

tentativa de mudar esse quadro, utilizaremos o esporte como ponto de partida, estando tal conteúdo

contextualizado em um caderno de esportes de um jornal já existente na escola.

O tema “esporte” foi escolhido devido à proximidade de eventos mundiais como a Copa do Mundo

e as Olimpíadas, temas que, certamente, também estarão inseridos nas demais disciplinas. Como

preparação para a atividade principal, exploraremos as preferências dos alunos, assim como o

conhecimento prévio dos mesmos acerca do conteúdo a ser trabalhado, através de pesquisas e

utilização de um caderno esportivo internacional. As atividades serão elaboradas a partir de conceitos

comunicativos de ensino de língua estrangeira, e nortear-se-ão pelos PCNs, que propõem “aumentar

o conhecimento sobre linguagem que o aluno construiu sobre sua língua materna, por meio de

comparações com a língua estrangeira em vários níveis” (PCN, 1998, p. 28). Até o presente momento

não temos resultados significativos visto que, o projeto encontra-se em sua fase inicial, onde estamos

focando da coleta de dados.

O ESPORTE COMO MEIO DE DESPERTAR O INTERESSE PELA LÍNGUA INGLESA

Maria Joana Machado de Freitas;Tatiane Alves Pereira dos Santos

66

O presente projeto foi desenvolvido por um grupo de alunas da graduação do curso de Letras

Português-Espanhol da Universidade Federal Fluminense, bolsistas do Programa Institucional de

Bolsa de iniciação à Docência. Trata-se de jogos em salas de aula, aplicados em turmas dos anos finais

do ensino fundamental, que visam estimular a interação em diferentes situações da vida cotidiana

com a língua estrangeira – espanhol– ou a partir dela, com ênfase nos temas transversais. Tem como

objetivo geralimplementar o uso de jogos em salas de aula de forma dinâmica e lúdica à luz de uma

perspectiva sociointeracionista, de modo que haja uma aprendizagem significativa e não mecânica da

língua estrangeira.O ensino-aprendizado de língua estrangeira mediado por atividades lúdicas pode

ser proveitoso, já que a brincadeira favorece vínculos sociais afetivos e desenvolve o cognitivo em

crianças tal como em adultos.

A partir dos jogos, pode-se tirar das diferenças vantagens e utilizá-las como troca de experiências.

Também é uma forma de despertar interesse pela língua estrangeira por parte dos alunos fazendo-os

encontrar importância em seu aprendizado.Serão trabalhados a linguagem, o contexto cultural e o

papel do professor como mediador externo, isto é, o professor como ser um orientador, um estimulador

para que seus alunos constituam conceitos, valores e atitudes, proporcionando-lhes uma compreensão

racional do mundo que os cerca.O procedimento escolhido para ser trabalhado com os alunos foi o

uso de jogos que simulam processos verdadeiros de uma investigação, no qual os jogadores, seguindo

as pistas, devem encontrar o que é pedido da cartela de acordo com o caso a ser desvendado.Os jogos

deverão ser montados tendo como base tais regras.

A proposta é que seja um jogo de tabuleiro com rolagem de dados, trabalhando com a inferência e

raciocínio lógico e que estimule a capacidade criativa, a escrita e também a leitura.A construção do

conhecimento, a partir da teoria piagetiana, acontece por parte do próprio aprendiz. Considerando que

o desenvolvimento cognitivo apresenta um conjunto de mudanças qualitativas nas estruturas, Piaget

se interessa pelos erros mais do que pelos acertos, pois acredita que eles permitem o desenvolvimento

e o aprendizado fazendo parte deles e servindo como propulsor da busca por respostas.Ele defende a

utilização de jogos por acreditar que, quando as crianças jogam, elas associam a brincadeira à realidade.

No entanto, para Vygotsky, o sujeito no desenvolvimento não é ativo, nem passivo, e sim interativo.

O LÚDICO NA ESCOLA: UM PROJETO PARA O ENSINO DE ESPANHOL

Ana Paula Ferreira Marinho, Carolina Tovar Albuquerque e Livia Puga de Almeida Santos

67

O desenvolvimento acontece na interação entre sujeitos e mediadores. No caso da escola, no primeiro

contato, a mediação é feita a partir do professor e, posteriormente, ao ser construído o conhecimento,

o aluno torna-se independente e voluntário.As brincadeiras podem colaborar para a socialização por

meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e de papéis.

68

O projeto tem como tema o uso do origami como ferramenta de estímulo à leitura e à escrita,

especialmente em língua inglesa. Origami significa, em sua tradução literal do japonês, “dobrar papel”.

A técnica é utilizada para criar modelos novos ou reproduzir pré-existentes a partir de uma folha

de papel, por meio de sucessivas dobras. As instruções, conhecidas como diagramas, constituem-

se do desenho da folha de papel a ser dobrada, com marcação do lugar onde se deve dobrar; no

desenho seguinte, o resultado da dobra feita anteriormente, novas marcações de dobras a fazer e

assim sucessivamente até o desenho do modelo completo ao final das instruções. Alguns diagramas

apresentam pequenas legendas para auxiliar a compreensão do desenho. Justamente essas legendas

que serão utilizadas como estímulo à leitura em língua inglesa.

Como as legendas são simples e, geralmente, não essenciais para que se consiga dobrar o modelo

completo, o aluno pode deduzir, com base no desenho no diagrama, o que a legenda significa. Serão

usados, como referência para que os alunos busquem outros diagramas e outras informações sobre

origami, sites de organizações e sociedades baseadas em países de língua inglesa: British Origami

Society (www.britishorigami.org.uk); Origami USA (www.origamiusa.org); Origami Australia (www.

papercrane.org), dentre outras. Os principais objetivos deste projeto são: estimular a leitura e a escrita

feita pelo aluno de maneira independente. Incentivar a pesquisa, pelo próprio aluno, em sites sobre

assuntos de seu próprio interesse, especialmente em língua inglesa. Introduzir a prática do origami

entre os alunos da escola. Proporcionar o contato com outras culturas.

O projeto justifica-se pelo potencial de autonomia na construção do conhecimento por parte do

próprio aluno. O uso do origami em sala de aula proporciona o contato com culturas diversas,

integração social, desenvolvimento intelectual; aumenta o poder de concentração, capacidade de

criação; desenvolve a autoestima, a disciplina, a visão e a percepção tridimensional. A utilização de

uma técnica de caráter lúdico suaviza e torna prazerosa a busca pelo conhecimento. Inicialmente,

serão fornecidos aos alunos diagramas simples (instruções para a manufatura de objetos por meio

da técnica do origami, dobraduras em papel) cujo conteúdo seja parte escrito, em inglês, e parte em

desenhos para que o aluno, com o papel para origami, faça a dobra constante no diagrama fornecido.

Como a parte escrita das instruções não é totalmente essencial à finalização do modelo em origami,

a sequência de desenhos das instruções apoiam a leitura e vice-versa. A partir das consultas aos sites

indicados, será elaborado um glossário com as palavras que os alunos encontrarem dificuldade e

O ORIGAMI NA FORMAÇÃO DE LEITORES

Ricardo Borges Carvalho

69

alguns termos técnicos relativos ao origami. Os alunos terão contato com livros sobre origami em

língua inglesa. O modelo seguido é o apresentado nos Parâmetros Curriculares Nacionais. A seleção

de outras fontes teóricas encontra-se em andamento. A aplicação do projeto esta em fase inicial, assim,

os resultados serão apresentados no painel.

70

Este trabalho tem como objetivo analisar de que forma um professor é considerado autônomo e como

isso interfere positivamente (ou não) no ensino e aprendizagem de língua estrangeira de uma escola

pública do Rio de Janeiro. Além disso, essa pesquisa faz parte de um estudo maior intitulado “A

autonomia de aprendizes de L2 em escolas públicas do Rio de Janeiro: uma perspectiva sociocultural”.

Como pressupostos teóricos, lançaremos mão de RAYA (2007), que discute sobre a autonomia do

professor para a autonomia do aluno, isto é, o professor é visto como um “consumidor de conhecimento

acadêmico” que estimula a busca da interação dos alunos. Também utilizaremos os conceitos de

OXFORD (2003), que através das teorias Sociocultural I e II, propõe que o desenvolvimento da

autonomia ocorre tanto com um par mais experiente (autonomia sociocultural I), como com a sua

comunidade de prática (autonomia sociocultural II).

A geração de dados deste estudo é feita através de gravações e transcrições de entrevistas com professores

de L2 do PIBID (Programa Interdisciplinar de Bolsa de Iniciação à Docência) em uma escola pública

da rede estadual, Rio de Janeiro. Vale ressaltar que esses professores de língua estrangeira não fazem

parte desse grupo, ou seja, eles possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre autonomia no ensino

e aprendizagem de língua estrangeira. O propósito fundamental dessa pesquisa, além de crescimento

pessoal e profissional dos pesquisadores, é de ampliar a visão de professores de L2 com relação aos

seus papeis sociais em seus locais de trabalho e ajudá-los a se tornarem críticos e reflexivos de acordo

com seus atos, como pares mais experientes em sala de aula.

Sabemos que analisar a autonomia do professor é algo complexo e desafiador, então, levaremos em

conta a noção básica de ser um professor autônomo – entre outras características – como aquele que

reflete acerca de seus atos e se torna uma “ponte” para que seus alunos alcancem o conhecimento, ou

seja, esse profissional deve “colocar numa balança” aquilo que ele acredita que ajudará seus alunos e

aquilo que realmente acontece em sala de aula. Os dados parecem indicar que o professor que possui

uma visão crítica com relação ao seu desempenho é o que mais estimula o raciocínio, a interação e a

realização de tarefas dos seus alunos.

O PAPEL DO PROFESSOR AUTÔNOMO NO ENSINO DE L2

Anderson Matos e Vanessa Mota

71

O TRATAMENTO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: CONTRIBUIÇÕES NAS AULAS DE LÍNGUA

Graciethe da Silva de Souza

O trabalho “O tratamento dos gêneros textuais nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Contribuições nas aulas de Língua Portuguesa do ensino médio “ está com o mesmo texto do trabalho “GARIMPO TEXTUAL E(M) MULTILETRAMENTOS CRÍTI-COS: A COMPILAÇÃO DE UM CORPUS DE APRENDIZES COMO IN-TERFACE ALTERNATIVA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍN-GUAS “

72

Embora o ensino de Inglês com Fins Específicos (IFE) – também chamado de “Inglês Instrumental”

– já seja uma área reconhecida e amplamente difundida no Brasil, não se pode deixar de perceber que

a maioria dos materiais didáticos para compreensão leitora, produzidos no país, quase não abordam a

questão das estruturas sintáticas. Isto, logicamente, se reflete na metodologia usada pelos professores

de IFE, que tendem a focar em aspectos lexicais e abordagens gerais de leitura – bottom-up, top-down,

técnicas de skimming e scanning, entre outros. Esta conjuntura também ocorre na área da leitura de

textos acadêmicos em língua inglesa: Inglês com Fins Acadêmicos (IFA).

Em geral, os estudantes de IFA têm sérias dificuldades para identificar a estrutura frasal, reconhecer o

verbo principal da oração, e os vários sintagmas que a formam, quando lidam com períodos mais longos.

Estes são problemas recorrentes e não podem ser resolvidos somente com análise léxico-morfológica.

O conceito de sintagma é outro aspecto importante que deveria ser levado ao conhecimento dos

estudantes. Saber que a oração é constituída por sintagmas, e não por palavras, é um dos fatores que

ajudam os estudantes a entender a organização frasal e, portanto, a outorgar sentido.

Neste trabalho, enquadrado no marco teórico da Gramática Gerativa chomskiana, e mais

especificamente, da Simpler Sintax Hyphotesis (CULICOVER; JACKENDOFF, 2006) faz-se um

levantamento de alguns materiais didáticos de IFE, no Brasil, para comprovar se neles constam partes

dedicadas ao estudo de sintaxe funcional, e, em caso positivo, qual a importância dessas partes em

relação ao conteúdo geral do livro, módulo, entre outros. Em um segundo momento, se apresenta um

dos poucos estudos que relacionam o conhecimento de sintaxe à compreensão leitora: The Role of

Syntax in Reading Comprehension: A Study of Bilingual Readers (MARTOHARDJONO et al., 2005).

A partir dos resultados desse estudo, e de observações em sala de aula de IFA para alunos de pós-

graduação, propor-se-á uma metodologia de trabalho que inclua, não somente técnicas de skimming,

scanning, etc., mas também formas de ensino-aprendizagem que ajudem o aprendiz a reconhecer

melhor as estruturas frasais em língua inglesa.

Palavras-chave: Sintaxe. Inglês com Fins Acadêmicos. Compreensão leitora.

O USO DA SINTAXE PARA COMPREENSÃO LEITORA DE TEXTOS ACADÊMICOS EM LÍNGUA INGLESA

Antonio José Maria CodinaBobia

73

Os gêneros textuais são de suma relevância para a vida em sociedade, uma vez que estão inseridos em

toda forma de comunicação. Segundo Marcuschi (2002), os gêneros são concebidos como fenômenos

históricos profundamente ligados à vida social e cultural dos sujeitos. Dessa forma, a comunicação

social só se dá por meio dos gêneros. Bakhtin (1979), precussor da base teórica utilizada por Marcuschi,

define gênero textual como um tipo relativamente estável de enunciado e aborda suas esferas de

conteúdo, forma e estilo. Na sala de aula, os gêneros textuais deixam de ser ferramentas que possibilitam

a comunicação, passando a ser objetos de estudo, assumindo assim uma função meramente didática.

Partindo desse princípio, o presente trabalho tem por objetivo identificar os gêneros textuais presentes

na prova de língua portuguesa do ENEM, o Exame Nacional do Ensino Médio, bem como analisar

como esses gêneros são trabalhados em sala de aula, para que assim seja possível traçar um paralelo

entre o que é estudado e o que é cobrado pela prova.

Para tanto, foram analisadas as provas do ENEM dos anos de 2011 e 2012, além de realizar entrevistas

com professores de língua portuguesa do ensino médio. Após esses processos metodológicos, chegou-

se a conclusão de que existe um longo distanciamento entre o que se estuda em sala de aula, e o que é

cobrado na prova do ENEM, uma vez que, os professores da educação básica, ao trabalhar um gênero

textual novo, como a charge por exemplo, costumam deixar de lado todo o seu contexto, observando

apenas a parte gramatical, ou seja, apenas alguns aspectos que interessam naquele momento único.

Dessa forma, faz-se necessário uma reestruturação dos métodos de ensino, para que dessa forma,

consigam utilizar os gêneros de forma contextualizada, trabalhando os gêneros como forma de

comunicação, atendendo assim, as demandas do ENEM.

OS GÊNEROS TEXTUAIS NAS PROVAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENEM

Amanda Almeida de Jesus; Andréia Teixera Mota;Paulo Sérgio Cerqueira Nogueira Junior

74

O presente trabalho está centrado numa investigação sobre o papel do professor na educação linguística

de seus alunos, bem como na importância de se adotar, em sala de aula, uma pedagogia culturalmente

sensível aos saberes dos educandos (BORTONI-RICARDO, 2004). Sendo assim, o professor deve

estar atento às diferenças entre a cultura dos alunos e a cultura escolar, conscientizando-os sobre essa

lacuna. Infelizmente, o que tem se visto em muitas escolas é a negação dessas reflexões linguísticas

e a permanência do ensino focado no conceito de certo e errado. Essa postura se dá, muitas vezes,

pela precária formação dos professores (FARACO, 2008), que provoca, nos alunos, uma postura

inibidora diante dos fatos da língua. Tal formação não passa pela reflexão sobre os fenômenos da

variação presentes no uso da língua e se assenta em práticas seculares, sustentando as aulas de Língua

Portuguesa na exposição da teoria gramatical.

No entanto, hoje é de relevância indiscutível desenvolver, nos educandos, competências de uso na

variedade culta do português brasileiro. Dessa forma, o papel da escola é fazer com que os alunos

tomem consciência sobre a necessidade de adequar sua linguagem ao contexto de produção,

ao interlocutor, ao tema, tomando consciência da variação. A partir da pedagogia proposta por

(BORTONI-RICARDO,2004) de se trabalhar a variação linguística, partindo do dialeto do aluno,

desenvolvemos uma pesquisa-ação com alunos do 7° ano de uma escola da rede privada de ensino,

na cidade de Juiz de Fora (MG), falantes da variedade urbana comum. O trabalho tem como foco

observar, nesses alunos, os resultados de uma educação linguística, visto que a professora de Língua

Portuguesa é adepta da pedagogia proposta acima.

Os resultados do estudo têm nos revelado que o professor que tem consciência sobre a necessidade

e a viabilidade da pedagogia da variação linguística, não como uma simples teoria, mas como

implementação de uma atitude científica frente aos fenômenos da variação e da mudança, leva seus

alunos a construírem crenças positivas sobre o seu e sobre os demais dialetos e os motiva a ampliar

sua competência no uso das modalidades falada e escrita de sua língua. Além disso, os alunos estão

percebendo que essa aprendizagem exige reflexão sobre diferentes usos linguísticos. Portanto, é

importante salientar a necessidade de formação do professor no desenvolvimento da pedagogia da

variação linguística em seus alunos (FARACO, 2008).

POR UMA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA

Luana Conceição Miranda Picoli; Joseli Rezende Thomaz

75

Considerando certa dificuldade em encontrar definições objetivas nas principais gramáticas,

dicionários e compêndios publicados no Brasil a partir da segunda metade do século XX, surgiu o

interesse de criar uma pesquisa que examinasse de forma detalhada termos e conceitos ligados à

sintaxe do português. Trata-se de um esforço investigativo no sentido de examinar convergências e

divergências entre autores que se ocuparam ou se ocupam mais estreitamente desse importante capítulo

da descrição gramatical. Assim, o projeto de um dicionário técnico-gramatical vem na esteira destes

anseios e busca oferecer ao grande público um número satisfatório de verbetes associados diretamente

à sintaxe do português. Planeja-se também discorrer sobre conceitos que ofereçam alguma polêmica,

sem esquecer, todavia, o primeiro objetivo do trabalho: definições concisas, de caráter proposicional,

que deem conta da realidade sintática buscada pelo consulente.

Um fator digno de nota, e que parece justificar este projeto, é a falta de preocupação dos autores de

gramáticas mais recentes com definições precisas e objetivas. Não é exatamente fácil, por exemplo,

encontrar na Gramática de Usos do Português, de Maria Helena de Moura Neves (São Paulo: Unesp,

2000) ou na Gramática Houaiss da Língua Portuguesa, de José Carlos de Azeredo (2.ed. São Paulo:

Publifolha, 2008) – duas gramáticas com larga aceitação em universidades brasileiras –, uma definição

clara e objetiva para a função de sujeito, por exemplo. Em nenhuma das mais de 950 páginas do

compêndio gramatical de Moura Neves aparece uma definição concisa do que seja o sujeito de uma

oração. Da mesma forma, no tópico de sua gramática intitulado o sujeito, José Carlos de Azeredo,

ainda que disserte com habilidade sobre o tema, não oferece uma alternativa para o estudante que

busque uma definição clara e objetiva.

Em vista dessa dificuldade, o Grupo Multidisciplinar de Investigações Linguísticas vem realizando

uma criteriosa pesquisa e atualização bibliográfica a partir das quais se trabalha na redação de verbetes

de entrada e subentrada, examinando, nos principais dicionários, manuais e gramáticas disponíveis

no Brasil, como se constroem acepções e conceitos na área de sintaxe do português. Espera-se,

deste modo, que a pesquisa dê origem a uma obra destinada a estudantes de Letras e professores de

Português, com acepções objetivas, sem abrir mão, porém, do rigor científico que deve caracterizar

um material desta natureza.

PROJETO DICIONÁRIO DE SINTAXE DO PORTUGUÊS

Caroline de Oliveira Rocha, Catarine Marques Ferreira de Jesus; Robson Martins Ferreira; Simone da Conceição Januário;Stella Alves Baptista

76

Este subprojeto, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/CAPES/UFF,

dialoga com dois projetos da área de Língua Espanhola voltados para o ensino de línguas a partir de

gêneros e temas transversais, tem como objetivo levar para a sala de aula de escolas da rede pública

de Niterói, sob a orientação de professores em pleno exercício nessas instituições, discussão sobre a

valorização do estrangeiro e a desvalorização do nacional em diferentes práticas discursivas. O tema

será abordado através de gêneros discursivos, como tiras cômicas, quadros, músicas, poemas, blogs da

internet e outros que possam surgir no decorrer do projeto, com o objetivo de provocar a reflexão nos

alunos para que eles possam refletir criticamente sobre o tema proposto.

Serão levantadas questões referentes à idealização do produto norte-americano, como músicas, filmes,

séries, assim como a desvalorização desses mesmos produtos no âmbito nacional ou em outras partes

da América do sul, entre outras questões que possam fomentar a discussão. Para fundamentar esse

projeto foram utilizados textos dos seguintes autores: Maingueneau (2002), Bakhtin (2000), Coracini

(2007) e os PCN de língua-estrangeira (BRASIL, 1998). Entendemos que a competência comunicativa

(MAINGUENEAU, 2002) está atrelada a diversos saberes, que vão além do conhecimento linguístico,

ou seja, a respeito da língua que está sendo usado.

São indispensáveis nesse processo o conhecimento tipológico, que trata da organização dos textos,

o conhecimento genérico, que implica o reconhecimento das características estruturais dos diversos

gêneros e de suas funções sociais e, por fim, o conhecimento de mundo, que no caso deste projeto é de

extrema importância, pois, além lançar mão do conhecimento prévio dos alunos, propõe-se ampliar

o leque de tópicos temáticos que, tradicionalmente, fazem parte da aulas de línguas estrangeiras

e que, muitas vezes, exercem o papel de ilustrar determinadas categorias e estruturais linguísticas

contempladas como eixo do programa curricular.

REFLEXÕES SOBRE O “ESTRANGEIRO” E O “BRASILEIRO” EM AULAS DE LEITURA DE ESPANHOL-LE

Camilla Reis dos Santos; Leandra Cristina Machado da Silva

77

“Adapte-se ou fique para trás” parece ser a ordem do dia na sociedade pós-moderna e estar pronto para

mudanças passa a ser requisito em um mundo relativamente estável. É a partir dessas constatações que

se traz a discussão para o âmbito educacional, mais especificamente, ao campo do ensino de língua

inglesa. Quem é o professor de inglês da pós-modernidade e como este se representa diante das várias

possibilidades entre o ser e o estar?Uma pesquisa sobre identidade voltada para o perfil profissional

dos professores de língua inglesa em cursos livres, centrada em como esses profissionais se relacionam

com sua atividade de ensino da língua, se faz importante devido à crença de que só se aprendem

línguas em cursos livres, sendo esse, portanto, o provável lócus para um bom aprendizado do idioma,

segundo o senso comum. Ao mesmo tempo, como as universidades continuam a formar professores

de língua que por vezes encontram dificuldades na prática, a comparação entre professores de cursos

livres com e sem formação pode servir de dado inicial para uma futura avaliação da situação atual na

cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, em termos do valor do treinamento prático e da formação

acadêmica da perspectiva do desempenho profissional de professores dessa modalidade de cursos.

Uma pesquisa preliminar não revelou estudos que cobrissem o universo pretendido.

Nesse sentido, percebe-se que “ao mesmo tempo em que as línguas estrangeiras foram desvalorizadas

nos currículos das escolas públicas, no setor particular aumentou massivamente, nos últimos anos,

o número de redes de cursos de línguas estrangeiras” (MOITA LOPES, 2006, p. 129). Portanto, é

necessário dar voz a esses diferentes profissionais, para que possam representar-se mediante seus

relatos e experiências vividas na profissão e, assim, revelar o quadro atual de sua atuação. A pesquisa,

que parte de textos específicos acerca de professores de língua (CELANI, 2006; LEFFA, 2006, por

exemplo), está fundada nos principais pressupostos dos estudos culturais e de identidade Bauman

(2005) e Hall (2012), com ênfase na de professor, pretendendo verificar as representações que esses

professores de inglês fazem do valor do treinamento prático e da formação específica e se e como

essas representações de sua capacidade profissional influenciam sua atividade de ensino da língua.

Com base nos elementos já expostos, apresenta-se o seguinte problema: de que forma os professores

de língua inglesa, com e sem formação específica, se autoidentificam e avaliam seu perfil profissional

e que benefícios e dificuldades encontram no exercício do ensino da língua a partir de sua formação

teórica e de seu treinamento prático? O corpus será constituído por relatos de professores de cursos

livres, com e sem formação específica, sobre suas observações referentes à profissão de professor de

SER PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA EM CURSOS LIVRES: REPRESENTAÇÕES E PRÁTICAS DOCENTES

Maria Waleska Siga Peil

78

inglês e sobre como o ensino da língua é, ao ver deles, afetado ou não por suas representações no que

diz respeito a seus respectivos perfis profissionais.

79

O presente trabalho tem como base a análise do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, o qual

retrata uma família nordestina marcada pela seca, fome, miséria, componentes marcantes da injustiça

social ainda existentes na sociedade brasileira. O uso de fontes literárias e filmográficas na pesquisa

corresponde a uma abordagem da sociedade utilizando os seus meios de comunicação, pelo relato

da história do homem como ser inserido em determinado contexto político-social. Trabalhar a

interdisciplinariedade entre o Direito e tais disciplinas é imprescíndivel para uma melhor compreensão

da relação entre os fenômenos jurídicos e a sociedade. O Direito não pode ficar preso às suas cátedras,

deve procurar associar-se a outras áreas do conhecimento para que a compreensão do jurídico e da

justiça melhor se estabeleça.

A questão dos direitos humanos permeia todo o romance e o filme em estudo, pois a caracterização

das personagens por uma “dramaticidade fria”, segundo Affonso Romano de Sant’Ana, conduz

à ideia de homem animalizado (nível de zoomorfização) que vive em condições sub-humanas, em

ambiente hostil ao pleno desenvolvimento do indivíduo. Observados a ausência de cidadania e de

autorreconhecimento mediante a estruturação da narrativa dita por assimétrica, propõe-se, a seguir,

uma reflexão sobre o capítulo “Direitos humanos, racionalidade e sentimentalidade”, do livro

Verdade e progresso, de Richard Rorty, como caminho para a compreensão de uma cultura dos

Direitos Humanos e de educação sentimental. Nessa perspectiva, Rorty avalia que os pressupostos

fundacionalistas dos Direitos Humanos não contribuem para a própria prática, tampouco para a

sensibilização do indivíduo perante o sofrimento alheio.

Ressalta que é pela constatação de grandes violações aos direitos do homem que se pode alcançar

uma solução, compondo um repertório de antídotos para frear a disseminação de práticas odiosas.

Afirma que a educação sentimental representa um meio hábil para a formação de um novo modelo de

ser humano: o sentimento como fio condutor para a promoção dos direitos humanos e a construção

de uma sociedade justa e fraterna. A partir dos conceitos de cultura de Direitos Humanos e de

educação sentimental, formulados por Rorty, o olhar teórico entrelaça-se com o olhar literário

para acompanhar a pungente trajetória dos protagonistas de Vidas secas e sensibilizar-se com a

representação de personagens mudas, subalternas, marginalizadas de quaisquer direitos. A privação

de direitos elementares - sendo a linguagem essencial nesse aspecto - faz com que as personagens

VIDAS SECAS E O QUADRO DRAMÁTICO DO NÃO RECONHECIMENTO: UM OLHAR VIA O CONCEITO DE EDUCAÇÃO SENTIMENTAL DE RORTY

Adriana de Oliveira Moreira; Bruna Pimentel de Oliveira; Bruno José da Costa

80

não se constituam em sujeitos de pleno direito e, sobretudo, não desenvolvam a intersubjetividade.

O não reconhecimento como sujeitos de direito - as personagens e os homens reais - transforma-os

em cidadãos fragilizados, alvo de depreciações e discriminações sociais. A resposta de Rorty pela

afirmação de uma educação sentimental constitui uma ferramenta importante para a superação das

injustiças e consolidação dos direitos humanos. Interligar cinema e literatura a partir dos aportes

teóricos da presente pesquisa tem como objetivo a transformação da sociedade, fazendo com que

grupos marginalizados saiam de um ambiente hostil, em que não se veem como sujeitos históricos,

e reconheçam-se como sujeitos pró-ativos, levando a discussão sobre questões sociais ao mundo

acadêmico.

81

O ensino de língua portuguesa, tradicionalmente, esteve pautado em aspectos internos à linguagem,

através de uma orientação estritamente gramatical. Desde a década de setenta, as ciências linguísticas

têm buscado uma nova perspectiva para o estudo da língua materna, considerando para isso não

só as estruturas internas da língua, mas uma gama de fatores externos a ela, como os aspectos

sociais e culturais que estão intimamente ligados à linguagem que o falante utiliza em suas práticas

comunicativas diárias. Diante disso, alguns avanços já foram conquistados, como a publicação dos

Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa na década de 1990. Este documento, que foi distribuído

para todas as escolas públicas pelo Ministério da Educação, constitui-se em um referencial para a

prática pedagógica do professor de língua portuguesa, enfatizando o trabalho com os gêneros textuais

como a base do ensino de língua materna. Os gêneros são entendidos como “modelos correspondentes a

formas sociais reconhecíveis nas situações de comunicação em que ocorrem” (Marcuschi, 2008, p. 84).

Além de existirem em número relativamente amplo, os gêneros, como “práticas sociocomunicativas”,

são dinâmicos e sofrem variações na sua constituição, que resultam, muitas vezes, em “novos gêneros”

(Koch, 2010, p. 101). Ressalte-se, ainda, que geralmente as escolas priorizam o trabalho com os gêneros

escritos apenas, e atribui seu uso somente para pensar as questões gramaticais e não problematiza

a formação e função da diversidade de gêneros textuais nas práticas comunicativas cotidianas. Os

objetivos da pesquisa são, portanto, analisar de que modo os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN) abordam a teoria dos gêneros textuais e como o tratamento didático dos gêneros é recomendado

no referido documento, analisando-se, dessa forma, a contribuição dos parâmetros para o ensino de

língua portuguesa, em especial, no ensino médio. Para tanto, tem-se como material da pesquisa os

parâmetros curriculares nacionais de língua portuguesa do ensino médio que será norteado pelas

discussões acerca da conceituação de gêneros textuais, conforme apresenta Marcuschi (2008),

Koch (2010) e Travaglia (2007). As questões são postas, uma vez que, apesar de os PCN’s de língua

portuguesa defenderem o trabalho com os gêneros textuais, na prática da sala de aula, os professores

ainda possuem muitas dificuldades para concretizar este intento, já que o documento não oferece

propostas de sequências didáticas para serem aplicadas em sala de aula. Sendo assim, o estudo em

pauta destaca a necessidade de se pensarem em ações mais concretas para efetivar o trabalho com os

gêneros textuais na sala de aula.

Palavras chaves: PCN’s. Gêneros textuais. Ensino.

O TRATAMENTO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NOS PARÂMETROS CURICULARES NACIONAIS: CONTRIBUIÇÕES NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

DO ENSINO MÉDIOGraciethe da Silva de Souza

82

No esteio de nossas proposições para este trabalho, está a crença de que para a formação do professor

de línguas na pós modernidade, com base nos documentos prescritivos que consideram o discurso

como prática social, destacamos aqueles que circulam em diferentes esferas sociais como propulsores

da aprendizagem e como processo construído e reconstruído por meio de trabalho colaborativo

analisado no interior de uma teia de saberes, práticas, métodos e discursos construídos para que

a docência seja ressignificada como exercício dialógico. Este trabalho apresenta reflexões sobre a

representação discursiva da prática docente de professores em formação a partir da compilação de um

Corpus de Aprendizes (CA) formado por Garimpo textual baseado nos Multiletramentos Críticos.

Por meio das novas tecnologias e mídias como gesto fundador do trabalho de seleção de textos

para objeto de ensino e aprendizagem de línguas portuguesa e inglesa em salas de aula do ensino

fundamental, apresentamos uma interface pedagógica entre a Linguística de Corpus, a Pedagogia dos

Multiletramentos e a intercalação de gêneros tendo em vista a proposição de sequências didáticas

para exploração como enunciados e transposições didáticas em sala de aula. Pesquisas baseadas

em CA abrem novas possibilidades e aplicações para ensino e aprendizagem de línguas, dentre elas

destacam-se a descrição da interlíngua do aprendiz, a preparação de materiais didáticos, a compilação

de dicionários, além de possibilitar três domínios de aplicação e pesquisa: design de currículo,

ferramentas computacionais e ensino da gramática (Berber Sardinha, 2001; Meunier, 2002; Granger,

2003; Seidlhofer, 2002 e O´Keefe et al 2007). Para os estudiosos do New London Group (NLG) os estudos

sobre Multiletramentos são aqueles que têm como objeto a relação entre a educação e as linguagens

digitais, e estabelecem novos parâmetros para a construção do conhecimento. O corpus desta pesquisa

retrata as experiências de aprendizagem que integram mais de uma estratégia e ambientes de ensino

e reflete a visão de aprendizagem como processo múltiplo e contínuo a partir das perspectivas dos

professores em formação. Os dados que trazemos configuram investidas metodológicas de trabalho

com a categoria gênero como mediação formativa, daí a proposta do Garimpo textual (COELHO;

SOUZA, 2012) à luz da ótica teórico-conceitual dos Multiletramentos críticos (ELUF, 2010) e da

docência como um exercício de dialogia (COELHO; SOUZA, 2012). O Garimpo textual – atividade

GARIMPO TEXTUAL E(M) MULTILETRAMENTOS CRÍTICOS: A COMPILAÇÃO DE UM CORPUS DE APRENDIZES COMO INTERFACE ALTERNATIVA NA

FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS

Cristina ArcuriEluf;Fernanda de Castro Batista Coelho; Ester Maria de Figueiredo Souza

83

que integra a agenda de trabalho semanal de licenciandos em Letras (bolsistas PIBID, FAPESB,

CNPQ e UESB) e professores em exercício (bolsistas PIBID) da educação básica – consiste na escolha

processual, semanal e individual de textos vinculados a diferentes semioses e socialmente reconhecidos

como diferentes gêneros discursivos. Pretende-se, com a compilação do corpus por Garimpo textual

promover reflexões para uma interface entre práticas e processos discursivos tendo em vista o conceito

de docência ressignificada como exercício dialógico analisado e construído à luz do que reconhecemos

hoje como campo de pesquisa da e para a formação do professor.