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QUÍMICA VERDE E SEUS PRINCÍPIOS
Rafaelly Simionatto Pinheiro– e-mail
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR
Via do Conhecimento – Km 01
Pato Branco - Paraná
Tamires Lando – e-mail
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR
Pato Branco – Paraná
Dra. Solange Teresinha Carpes – email:
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR
Pato Branco – Paraná
Resumo: A química por muitos anos foi vista como vilã pela sociedade e por meios de
estudos e desenvolvimentos científicos, começou-se a observar que a química também
poderia ser utilizada para salvar o meio ambiente principalmente dos desastres que vinham
acontecendo, fazendo a utilização de produtos e processos químicos para reduzir ou eliminar
o envio de substâncias perigosas ao meio ambiente, e então se denominou química verde, e a
aplicação de seus doze princípios, portanto este artigo foi desenvolvido encima de
referencias bibliográficas para nos ajudar a discutir e mostrar quais são as importâncias, os
princípios e os caminhos que poderão ser seguidos para melhorar o meio ambiente, e usar a
química a favor do ser humano.
.
Palavras-chave: química verde, química sustentável, química ambiental.
1 INTRODUÇÃO
A Química Verde é definida pela IUPAC como:
“A invenção, desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos para reduzir ou
eliminar o uso e a geração de substâncias perigosas”. (GREEN,2008, p. 1)
Segundo a revista química nova no dia 28 de março, aconteceu um novo desastre
ecológico, descrito como o pior já testemunhado no Brasil. Um reservatório de uma indústria
de papel, situada na cidade de Cataguazes, Minas Gerais, rompeu e liberou cerca 1,4 bilhão de
litros de água contaminada por produtos tóxicos, como soda cáustica, chumbo e outros
produtos utilizados na fabricação de papel, no rio Pomba, que corta o norte e o noroeste do
Estado do Rio e deságua no rio Paraíba do Sul (QUÍMICA NOVA, 2008, p. 20).
Novamente, a química assume o papel de vilão do meio ambiente, a grande devastadora
da natureza. Reforça-se a ideia, tão difundida na mídia, de que o que contém química faz mal
ou é capaz de causar destruições diversas.
Refletindo sobre sua ação e responsabilidade social, vários cientistas, industriais e
instituições governamentais e não governamentais da área de química estão investindo na
Química Verde, termo em português usado para denominar a química sustentável, ou química
limpa, ou ainda química benigna ao ambiente. É a expressão química de desenvolvimento
sustentável (LISBOA,2002, p. 105).
A química verde pode ser compreendida como a atividade química que se utiliza de
técnicas e metodologias que diminuem ou eliminam o uso de matérias-primas ou produtos e
subprodutos tóxicos, que agridem o ambiente ou são nocivos à saúde humana.
A química relacionada ao desenvolvimento sustentável está em consonância com os
ideais da cidadania contemporânea, conforme atestado por iniciativas como a Eco-92, o
Protocolo de Kyoto, a Rio+10 que foi uma assembleia feita em 2000 com o intuito de discutir
sobre o manejo e consumo dos recursos naturais, desenvolvimento sustentável, dentre outros,
porém ao ter chego 2010 e não ter se concretizado tudo o que foi discutido nesta assembleia
se foi necessário fazer uma conferencia para estabelecer um novo prazo, que seria 20 anos
após a eco 92 denominado Rio+20.
2 CONCEITO DE QUÍMICA VERDE
A lista de avanços científicos já obtidos no campo da química é extensa, mas problemas
industriais como a emissão de efluentes tóxicos ainda são muito frequentes nos últimos
tempos. Para que esse e outros efeitos colaterais sejam minimizados, começa a se espalhar
pelo o Brasil uma filosofia científica chamada de química verde. Todo o conceito dessa linha
de pensamento, assim como os 12 princípios que a sustentam, pode ser verificado no artigo.
Química Verde pode ser definida como o desenho, desenvolvimento e implementação de
produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso ou geração de substância nociva
à saúde humana e ao meio ambiente. (COSTA NETO, 2000, p. – 23)
Este conceito o qual também pode ser atribuído à tecnologia limpa que é o controle
rigoroso na emissão de poluentes.
O que hoje está sendo chamado de química verde, na verdade, não apresenta nada de
novo, uma vez que a busca de um desenvolvimento autossustentável há anos está incorporada
nos ideais do homem moderno.
A ECO-92 (que foi uma conferência a qual discutia o ambiente e o desenvolvimento, e
suas bases foram lançadas em 1972), o Protocolo de Kyoto (estabelece metas na redução de
gases-estufa na atmosfera, foi criada em 1997 - Japão) e a Rio+10 ou Conferência das nações
unidas sobre ambiente e desenvolvimento sustentável, discute sobre o uso de produtos
naturais sem ferir o meio ambiente, criado em 2000) e a Rio+20 (iniciativa criada para
prolongar o prazo e discutir alguns tópicos a mais do Rio+10) são exemplos de iniciativas
que mostram a crescente preocupação mundial com as questões ambientais. A química verde
pode ser encarada como a associação do desenvolvimento da química na busca da auto-
sustentabilidade.
Os produtos ou processos da química verde podem ser divididos em três grandes
categorias (DANTAS, 1996):
- O uso de fontes renováveis ou recicladas de matérias primas;
- O aumento da eficiência de energia, ou a utilização de menos energia para produzir a
mesma ou maior quantidade de produto;
- A não utilização de substâncias persistentes, bioacumulativas e tóxicas.
A produção química é a fonte de muitos produtos úteis. Incluem antibióticos e outros
medicamentos, plásticos, gasolina e outros combustíveis, produtos químicos agrícolas, como
fertilizantes e pesticidas, e tecidos sintéticos como náilon, raiom e poliéster. Embora esses
produtos sejam importantes, algumas substâncias químicas e processos usados em sua
fabricação prejudicam o meio ambiente e a saúde humana. A química verde tem como
objetivo reduzir a poluição, procurando impedir antes de tudo a sua própria criação.
Ao projetar uma reação química segundo os princípios dessa disciplina, os químicos
prestam especial atenção ao que se sabe sobre os possíveis riscos que um produto químico
pode causar à saúde e ao meio ambiente antes de usar a substância química em uma reação ou
transformá-la em produto. Em outras palavras, eles tratam o perigo oferecido por uma
substância como uma propriedade que deve ser analisada junto com outras propriedades
químicas e físicas, para então selecionar substâncias que minimizem os danos.
Existem doze tópicos que precisam ser perseguidos, quando se pretende implantar a
química verde em uma indústria ou instituição de ensino e pesquisa na área de química. (
GREEN,2008, p. - 1 ):
- Prevenção: evitar a produção do resíduo é melhor do que tratá-lo ou limpá-lo após sua
geração. É a maneira mais eficiente de minimizar o impacto ambiental da atividade industrial,
se gasta atualmente muito dinheiro no tratamento de resíduos sólidos e líquidos,
especialmente devido à legislação rigorosa que exige baixos níveis de emissão em atividades
da indústria. A partir do momento em que se investe em tecnologias mais limpas de produção,
não há necessidade de investimentos pesados no tratamento de resíduos, que nem sempre
resolvem satisfatoriamente o problema.
- Economia de Átomos: Deve-se procurar desenhar metodologias sintéticas que possam
maximizar a incorporação de todos os materiais de partida no produto final. Este principio
projete reações nas quais a maioria ou todos os átomos de partida façam parte do produto final
e não se transformem em produtos derivados descartáveis. Barry Trost, químico da
Universidade de Stanford, desenvolveu esse conceito, o qual chamou de economia de átomos.
Um exemplo desse princípio é um processo melhorado desenvolvido em 1991, para
fabricação do analgésico ibuprofeno, o ingrediente ativo dos medicamentos Motrin, Advil,
Nuprin e Medipren. No processo original de seis etapas desenvolvido na década de 1960,
apenas 40% dos átomos reagentes acabavam como parte do produto (ibuprofeno) e 60% eram
transformadas em produtos derivados não desejados ou descartáveis. O novo processo de
Trost tem se fazendo parte do ibuprofeno. Esse processo verde elimina centenas de milhares
de quilos de subprodutos químicos a cada ano e reduz em centenas de milhares de quilos a
quantidade de reagentes necessária para a fabricação do ibuprofeno. A observância desses
princípios ajuda o meio ambiente e pode fazer as empresas economizarem no longo prazo,
diminuindo o custo de controle da poluição e usando menos energia. Métodos sintéticos
devem ser projetados para maximizar a incorporação de toda a massa dos reagentes no
produto. Essa ideia introduzida por Trost é conhecida como “Economia Atômica”, pois
segundo Trost, o processo ideal seria aquele em que toda a matéria prima poderia ser
encontrada no produto, que é um conceito muito importante para a indústria já que é ela a
causadora da maioria dos resíduos encontrados, e descartados para o meio ambiente. (SILVA,
2005, p- 103)
- Síntese de produtos menos perigosos: Sempre que praticável, a síntese de um produto
químico deve utilizar e gerar substâncias que possuam pouca ou nenhuma toxidade à saúde
humana e ao ambiente. A concepção de sínteses menos perigosas graças à utilização de
condições suaves e a preparação de produtos pouco ou não tóxicos para o homem e o meio
ambiente.
- Desenho de produtos seguros: Os produtos químicos devem ser desenhados de tal modo
que realizem a função desejada e ao mesmo tempo não sejam tóxicos. A concepção de
produtos químicos menos tóxicos com o desenvolvimento de moléculas mais seletivas e não
tóxicas, resultando em progresso nos domínios da formulação e da vetorização dos princípios
ativos e dos estudos toxicológicos em escala celular e ao nível do organismo. É utilizado para
reações que utilizam grande quantidade de solventes orgânicos, que são tóxicos e nem sempre
sua reutilização é viável economicamente.
- Solventes e auxiliares mais seguros: O uso de substâncias auxiliares (solventes, agentes
de separação, secantes, etc.) precisa, sempre que possível, tornar-se desnecessário e, quando
utilizadas, essas substâncias devem ser inócuas. Elimina o uso de solventes tóxicos para
dissolver materiais reagentes. Os solventes são produtos químicos que podem dissolver outra
substância. Muitos solventes usados em grandes quantidades na indústria são perigosos para a
saúde ou podem criar outros riscos como explosões ou fogo. Solventes amplamente usados e
que apresentam riscos à saúde incluem tetracloreto de carbono, clorofórmio e percloroetileno.
Algumas vezes é possível substituir esses solventes por outros mais seguros como água ou
dióxido de carbono líquido. Por exemplo, novos processos de lavagem de roupa a seco,
desenvolvidos recentemente, são capazes de dissolver gordura e sujeira por meio do uso de
dióxido de carbono ao invés de um produto químico tóxico como percloroetileno.
- Eficiência de energia: A utilização de energia pelos processos químicos precisa ser
reconhecida pelos seus impactos ambientais e econômicos e deve ser minimizada. Com o
avanço de novas tecnologias em química orgânica, como reações em água, em estado sólido
(entre outros), torna-se necessário abordar formas de transferência de energia novas e mais
eficientes. Não necessariamente o aquecimento convencional será o mais eficiente.
Se possível os processos químicos devem ser conduzidos à temperatura e pressão
ambientes.
1º exemplo: Micro-ondas
O uso de energia de micro-ondas é uma técnica que tem sido muito usada para efetuar
transformações químicas rapidamente e, frequentemente, reações que classicamente são
realizadas em solução, podem ser feitas sem solvente. Apesar de um grande número de
reações sem solventes ser conhecido, o uso da energia de micro-ondas vem para estender o
escopo deste tipo de metodologia, além de diminuir os tempos reacionais. A reação de Alder-
Bong é um exemplo interessante, pois pode ser otimizada a 82% utilizando micro-ondas.
Apesar de o produto poder ser isolado em condições convencionais, os baixos tempos de
reação utilizando micro-ondas tornam a técnica bastante atrativa. As reações em micro-ondas
podem ser realizadas com ou sem suporte. As reações suportadas são de dois tipos: a) com
suporte inativo ou pouco ativo como sílica e alumina, sendo que, neste caso, pelo menos um
dos reagentes precisa ser ativo às micro-ondas; b) com suportes ativos como sais metálicos e
ácidos de Lewis, onde os reagentes não necessitam absorver a energia do micro-ondas, já que
o suporte cumpre este objetivo. Um suporte que vem sendo muito utilizado é a
montmorilonita. Por exemplo, o rearranjo de pinacol-pinacolona pode ser efetuado neste
suporte, sobre ação de micro-ondas em 15 minutos para levar ao produto desejado em 99% de
rendimento. A energia de micro-ondas pode também ser utilizada para promover reações em
água superaquecida. Por exemplo, a reação de isomerização da S-(+)-carvona em água
originou carvacrol em ótimo rendimento, sendo melhor que outros métodos pela alta
conversão e pelo fato de não necessitar de um emulsificante ou de um ácido.
2º exemplo: Ultrassom
Ultrassom é outro tipo de transferência de energia a ser abordada. O efeito de ultrassom é
importante principalmente em reações em meio aquoso e bifásico, pois há aumento do
rendimento e das velocidades das reações. Um exemplo é a reação de Mukayiama que pode
ser realizada em meio aquoso. A seletividade e o rendimento destas reações são extremamente
dependentes do meio reacional, e o uso do ultrassom mostrou-se importante para aumentar o
rendimento quando o meio é aquoso. Luche e colaboradores demonstraram que haletos de
alquila reagem com aldeídos e cetonas ,-insaturados, levando aos produtos de adição
quando na presença de zinco-cobre em água ou solventes duplos sobre ação de ultrassom.
Recentemente, Suárez e colaboradores reportaram alguns exemplos de adições
conjugadas estereosseletivas de iodetos induzidas por zinco-cobre a sistemas carbonílicos
,-insaturados quirais.
- Uso de fontes renováveis de matéria prima: Sempre que a técnica é economicamente
viável, a utilização de matérias primas renováveis deve ser escolhida em detrimento de fontes
não renováveis. Da mais ênfase aos materiais de partida renováveis, como substâncias
derivadas de plantas, ao invés de materiais insubstituíveis, como suprimentos de petróleo e
gás natural.
1º exemplo: A glicose mencionada no exemplo acima como material de partida pode ser
derivada do amido de milho ou da celulose encontrada em materiais vegetais. Mesmo espigas
de milho, caules e folhas caídas produzem glicose. Em outro exemplo, espigas de milho são
usadas para produzir as pequenas bolinhas infladas que protegem materiais despachados em
contêineres. Essas bolinhas podem substituir os materiais plásticos das embalagens
produzidos com produtos químicos derivados de petróleo.
2º exemplo: Um dos princípios da Química Verde fala sobre processos que usem
matérias-primas de fontes renováveis, um exemplo importante neste sentido em termos
nacionais, está na utilização de cana de açúcar. A sua fermentação para a produção de álcool,
que pode ser usado como combustível em substituição a combustíveis fósseis tem sido motivo
de discussão no país desde a década de 70 com o Proálcool, levando a muitos progressos.
Após uma estagnação por algum tempo, hoje se constata uma retomada ainda tímida com o
desenvolvimento de motores de carros bicombustível (álcool/gasolina), se comparado com o
número de veículos que circula as ruas no dia a dia. Além disto, alguns benefícios
permaneceram até hoje, tendo o Brasil o pioneirismo na total eliminação de chumbo tetraetila
da gasolina, que foi substituído pela adição de álcool73. Hoje, este tema volta à discussão na
sociedade em todas as suas instâncias e a maior prova disto é que o enredo de uma escola de
samba do Rio de Janeiro em 2004 foi “A cana que aqui se planta tudo dá. Até energia...
Álcool – o combustível do futuro”.
O milho também é uma matéria-prima interessante, visto que é fonte de amido que pode
ser hidrolisado a glucose. Podemos comparar a produção de ácido dipíco a partir de benzeno,
de origem não renovável (rota tradicional) com a rota sintética a partir da glucose (rota
biossintética).
- Evitar a formação de derivados: A derivatização desnecessária deve ser minimizada ou,
se possível, evitada, porque essas etapas requerem reagentes adicionais e podem gerar
resíduos.
- Catálise: Reagentes catalíticos são melhores que reagentes estequiométricos. O
desenvolvimento, nos últimos anos, de catalisadores altamente seletivos e efetivos em
transformações complexas e difíceis de serem previstas até então, nos proximou um pouco
mais da chamada “síntese ideal”. Os trabalhos de K.Barry Sharpless, Ryoji Noyori e William
S. Knowles, agraciados com o Prêmio Nobel de Química em 2001 são excelentes exemplos
deste avanço. Na literatura, atualmente, há muitos exemplos descrevendo as vantagens em
substituir metodologias clássicas de obtenção de fármacos, ou outras matérias-primas para
indústria química, por técnicas catalíticas. Em geral, reações que utilizam catalisadores
heterogêneos são mais limpas, mais seletivas e, como há possibilidade de reciclar e reutilizar
o catalisador por várias vezes, há, invariavelmente, vantagens econômicas. Além disso,
grandes quantidades de resíduos são evitadas, pois há redução na formação de sais
inorgânicos. Além do uso da catálise, a biocatálise, a fotoquímica e a síntese biomimética
também se enquadram na tecnologia limpa de processos químicos. O ácido adípico é um
produto químico importante, utilizado na fabricação do nylon-6,6, presente em fibras de
carpete, tapeçaria, reforço de pneus, partes de automóveis, etc. A produção mundial de ácido
adípico gira em torno de 2,2 milhões de toneladas e utiliza, em geral, ácido nítrico como
agente oxidante em uma de suas etapas. Estes processos industriais são responsáveis pelo
lançamento na atmosfera de 5 a 8% de todo NO2 antropogênico, considerado um dos
principais contribuintes para o efeito estufa e a destruição da camada de ozônio. Atuando em
duas frentes diferentes, porém com o mesmo objetivo (desenvolver um procedimento verde
para a oxidação de hidrocarbonetos), Thomas e Noyori eliminaram a utilização de ácido
nítrico na produção do ácido adípico. Mais importante, tornaram o processo de produção mais
eficiente e economicamente mais atraente. Thomas utilizou a catálise heterogênea e ar como
agente oxidante, enquanto que Noyori empregou condições de catálise de transferência de
fase (CTF) e água oxigenada aquosa como agente oxidante. Em ambos os casos, a
necessidade de solventes e a produção de resíduos tóxicos foi eliminada.
A síntese verde do ácido adípico pode ser considerada como um excelente exemplo onde
os princípios da química verde foram alcançados, quase integralmente. Exceto pelo fato de
que a matéria-prima utilizada (cicloexano e cicloexeno) não é de fonte renovável, os ganhos
ambientais com as novas metodologias são enormes. Tanto do ponto de vista energético como
da eficiência atômica (ou fator E) há um ganho bastante importante em relação aos métodos
industriais atualmente em uso para a obtenção do ácido adípico. Um método alternativo,
inspirado no trabalho de Noyori, foi desenvolvido para aplicação em um curso de química
orgânica experimental em nível de graduação na Universidade de Oregon (EUA). Esta
iniciativa pode ser considerada um marco na inserção de tópicos de química verde no
currículo de cursos de química.
- Desenho para degradação: Os produtos químicos precisam ser desenhados de tal modo
que, ao final da sua função, se fragmentem em produtos de degradação inócuos e não
persistam no ambiente.
- Análise em tempo real para a prevenção da poluição: Será necessário o
desenvolvimento futuro de metodologias analíticas que viabilizem um monitoramento e
controle dentro do processo, em tempo real, antes da formação de substâncias nocivas. O
desenvolvimento das metodologias de análise em tempo real para prevenir a poluição,
controlando o transcorrer das reações químicas. A manutenção da qualidade do meio
ambiente implica em uma capacidade de detecção e se possível medida da presença de
agentes químicos e biológicos considerados tóxicos em nível de traços (amostragem,
tratamento e separação, detecção, medida).
- Química intrinsecamente segura para a prevenção de acidentes: As substâncias, bem
como a maneira pela qual uma substância é utilizada em um processo químico, devem ser
escolhidas a fim de minimizar o potencial para acidentes químicos, incluindo vazamentos,
explosões e incêndios. Para a prevenção de acidentes: identifique reações que usem materiais
de partida não perigosos na composição do produto desejado. Isso minimiza os riscos para os
funcionários de fábricas que lidam com substâncias químicas e impedem a liberação acidental
de produtos químicos perigosos por vazamento ou explosão. O ácido adípico, por exemplo,
ilustra bem esse novo princípio de fabricação de um produto químico industrial importante.
Quase 2 bilhões de quilos de ácido adípico são necessários a cada ano para a fabricação de
náilon, poliuretano, lubrificantes e plastificantes. Como material de partida para fabricação de
ácido adípico em geral se usa benzina, que pode causar câncer. Em um processo recém
desenvolvido, que utiliza bactérias geneticamente modificadas, as chamadas biocatalisadoras,
a benzina dá lugar à simples glicose de açúcar. A utilização de uma substância segura como a
glicose na fabricação de ácido adípico significa que o uso de grandes quantidades de um
produto químico perigoso pode ser evitado se novos processos como esse passarem a ser
usados amplamente.
3 CONCLUSÃO
Química verde tem a ver com desenvolvimento de novos produtos e processos que
cumpram o conceito do tríplice balanço em uma empresa, isto é, medir os resultados em
termos econômicos, ambientais e sociais.
Um dos principais problemas ambientais é a geração de grandes volumes de efluentes
líquidos, atmosféricos e resíduos sólidos cujas características são potencialmente poluidoras.
E passado pouco tempo do surgimento da química verde, muito pouco tem sido discutido
sobre o assunto no Brasil.
É inquestionável a necessidade da continuação do desenvolvimento da sociedade,
entretanto, mais nítido fica registrado o quanto é importante, e urgente, a adoção de medidas
que reduzam os danos causados ao meio ambiente. Estes fatos exigem uma nova postura da
química, representada por seus profissionais, que deverão participar, ativa e conscientemente,
para o desenvolvimento de processos técnicos e científicos de forma a compatibilizá-los com
a necessária sustentabilidade ambiental.
Aplicar os princípios da química verde pode parecer algo muito distante da realidade
atual. Entretanto procurou-se mostrar aqui que há alternativas verdes viáveis e que, com
investimento em pesquisa, é possível, eliminar o estigma que a química possui de estar
relacionada à poluição e degradação ambiental, esquecendo-se todas as contribuições para a
melhoria da qualidade de vida humana conseguidas pela química.
Várias indústrias já perceberam que quando seus químicos possuem conhecimento sobre
prevenção à poluição, eles são capazes de desenvolver e implementar técnicas de redução de
poluição e, consequentemente, de custos. Desta forma, a inserção de tópicos de química verde
no currículo dos cursos de química e engenharia química está relacionada diretamente com a
formação de profissionais químicos mais adequados às exigências do setor industrial.
Tendo em vista o quadro de diminuição das reservas globais de petróleo, gás natural e
carvão, bem como o efeito nocivo dos gases provenientes dessas fontes para o meio ambiente
(efeito estufa e chuva ácida), a Química Verde propõe a busca por fontes renováveis, tanto
para gerar energia quanto para servir de matéria-prima industrial. Neste último caso, basta
lembrar que, hoje, a maioria de produtos, dos plásticos aos fármacos de uso comum, é obtida
a partir de derivados do petróleo, uma fonte fóssil não renovável.
Esses caminhos podem trazer resultados, se o objetivo for manter e melhorar a qualidade
de vida das pessoas também a partir da química.
Esses métodos devem ser seguidos pelos profissionais da química, que está relacionado
com o primeiro princípio da química verde: Prevenir é melhor do que remediar.
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WORLD commission Environment and Developed, Our Common Future, Oxford university
Press: New york,1987.
Agradecimentos Agradecemos primeiramente a Deus que nos proporcionou estarmos unidas para a realização
deste trabalho, a CNPQ e Fundação Araucária pelo incentivo e por final a nossa faculdade por
nos proporcionar esta oportunidade.
CHEMISTRY GREEN AND THE PRINCIPLES
Abstract: The chemistry for many years was seen as a villain by the society and ways of
studies and scientific developments, started to observe that the chemical could also be used to
save the environment mainly from the disasters that were happening, making the use of
products and chemical processes to reduce or eliminate the transmission of hazardous
substances to the environment, and then denominated green chemistry, and applying his
twelve principles, so this article was developed on top of bibliographical references to help us
discuss and show which are the sums, the principles and pathways that may be followed to
improve the environment, and use the chemical for the human being.
Key-words: green chemistry, sustainable chemistry, environmental chemistry.