01;02;16 - Português Revisão de 7 Ano, Texto a ÚLTIMA CRÔNICA

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  • 7/25/2019 01;02;16 - Portugus Reviso de 7 Ano, Texto a LTIMA CRNICA

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    A LTIMA CRNICA

    Fernando Sabino

    A caminho de casa, entro num botequim da Gvea para tomar um caf junto aobalco. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me

    assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com !ito mais um ano nesta busca dopitoresco ou do irris"rio no cotidiano de cada um. #u pretendia apenas recolher davida diria al$o de seu disperso conte%do humano, fruto da convivncia, que a fa&mais di$na de ser vivida. 'isava ao circunstancial, ao epis"dico. Nesta perse$ui(o doacidental, quer num )a$rante de esquina, quer nas palavras de uma crian(a ou numacidente domstico, torno*me simples espectador e perco a no(o do essencial. Semmais nada para contar, curvo a cabe(a e tomo meu caf, enquanto o verso do poetase repete na lembran(a+ assim eu quereria o meu %ltimo poema. No sou poeta eestou sem assunto. -an(o ento um %ltimo olhar fora de mim, onde vivem osassuntos que merecem uma crnica.

    Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar*se, numa das %ltimasmesas de mrmore ao lon$o da parede de espelhos. A compostura da humildade, naconten(o de $estos e palavras, dei!a*se acrescentar pela presen(a de uma ne$rinhade seus trs anos, la(o na cabe(a, toda arrumadinha no vestido pobre, que seinstalou tambm / mesa+ mal ousa balan(ar as perninhas curtas ou correr os olhos$randes de curiosidade ao redor. 0rs seres esquivos que comp1em em torno / mesaa institui(o tradicional da fam2lia, clula da sociedade. 'ejo, porm, que se preparampara al$o mais que matar a fome.

    3asso a observ*los. 4 pai, depois de contar o dinheiro que discretamente

    retirou do bolso, aborda o $ar(om, inclinando*se para trs na cadeira, e aponta nobalco um peda(o de bolo sob a redoma. A me limita*se a 5car olhando im"vel,va$amente ansiosa, como se a$uardasse a aprova(o do $ar(om. #ste ouve,concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atend*lo. A mulher suspira,olhando para os lados, a reasse$urar*se da naturalidade de sua presen(a ali. A meulado o $ar(om encaminha a ordem do fre$us. 4 homem atrs do balco apanha apor(o do bolo com a mo, lar$a*o no pratinho * um bolo simples, amarelo*escuro,apenas uma pequena fatia trian$ular. A ne$rinha, contida na sua e!pectativa, olha a$arrafa de 6oca*6ola e o pratinho que o $ar(om dei!ou / sua frente. 3or que nocome(a a comer7 'ejo que os trs, pai, me e 5lha, obedecem em torno / mesa umdiscreto ritual. A me reme!e na bolsa de plstico preto e brilhante, retira qualquer

    coisa. 4 pai se mune de uma cai!a de f"sforos, e espera. A 5lha a$uarda tambm,atenta como um animal&inho. Nin$um mais os observa alm de mim.

    So trs velinhas brancas, min%sculas, que a me espeta caprichosamente nafatia do bolo. # enquanto ela serve a 6oca*6ola, o pai risca o f"sforo e acende asvelas. 6omo a um $esto ensaiado, a menininha repousa o quei!o no mrmore e sopracom for(a, apa$ando as chamas. 8mediatamente p1e*se a bater palmas, muitocompenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos+ 3arabnspra voc, parabns pra voc... 9epois a me recolhe as velas, torna a $uard*las nabolsa. A ne$rinha a$arra 5nalmente o bolo com as duas mos sfre$as e p1e*se acom*lo. A mulher est olhando para ela com ternura * ajeita*lhe a 5tinha no cabelocrespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. 4 pai corre os olhos pelo botequim,satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebra(o. 9 comi$o des%bito, a observ*lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constran$ido *

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    vacila, amea(a abai!ar a cabe(a, mas acaba sustentando o olhar e en5m se abrenum sorriso.

    Assim eu quereria minha %ltima crnica+ que fosse pura como esse sorriso.

    6rnica publicada no livro A 6ompanheira de via$em :#ditora ;ecord, ?@

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    Morfossintaxe:

    Morfossintaxe a anlise morfolgica (as 10 classes gramaticais) e sinttica (funes

    desempenhadas pelas palavras dentro da orao) realiadas simultaneamente!

    "xemplo de anlise#

    Os alunos foram vencedores.

    Anlise morfolgica (quais so as classes gramaticais de cada palavra na orao?:

    $s % artigo definido

    alunos# su&stantivo simples

    foram % ver&o ser'

    vencedores % um adetivo (nesta orao mas pode ser um su&stantivo tam&m)

    Anlise sinttica:

    $s alunos % sueito simples'

    *oram vencedores % predicado nominal pois o ver&o de ligao logo o complemento do ver&o

    nominal (refere+se ao sueito)!

    ,encedores % predicativo do sueito!

    ! importante diferenciar as fun"es sintticas das classes gramaticais# pois as palavras podem

    assumir diferentes classes dependendo do contexto. $or exemplo# um su%stantivo pode atuar comoad&etivo ou um ver%o como su%stantivo. 'xemplo:

    - alegriade .o&erta foi passageira! (su&stantivo)

    .o&erta uma mulher alegre. (adetivo)

    Anlise inttica: /omo as palavras se relacionam numa orao!

    )rase: "nunciado ue esta&elece comunicao de sentido completo! $u sea ualuer palavra ouconunto de palavras ue so capaes de transmitirem comunicao!

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    *aracter+stica:2o possui ver&o em sua estrutura!

    "x!# 3il4ncio5

    6ndepend4ncia ou Morte5

    Orao: 7m enunciado ue pode ou no ter sentido completo mas ue *O,-!M '/0O. $u

    sea o ver&o pode necessitar ou no de complemento (transitivos e intransitivos)!

    $er+odo: *rase formada por uma ou mais oraes!

    "xistem o per8odo simples e o per8odo composto! $ simples formado por uma s orao e o

    composto por duas ou mais!

    'x.: - temperatura continua&aixa! (1 ver&o)

    $s ganhadores podem retiraro pr4mio! (9 ver&os)

    u&eito e $redicado

    u&eito: $ ser de uem se declara alguma coisa! uando sua posio for anterior ao predicado di+

    se ue o sueito est na ordem direta porm uando posterior ou intercalado o sueito encontra+se na

    ordem inversa!

    $&s!# $ sueito concorda em n:mero e pessoa com seu ver&o!

    - orao com sueito capa de ser determinado possui um n:cleo ou sea a palavra em torno da

    ual se forma o sueito! "xemplo#

    $s ganhadores podem retirar o pr4mio!

    3ueito simples# os ganhadores

    2:cleo do sueito# ganhadores

    -ipos de u&eito:

    3ueito 3imples# -uele ue apresenta um s n:cleo e pode ser identificado na frase!

    "x#

    - turma foi em&ora!

    $s alunos gostaram da professora!

    3ueito /omposto# -uele ue apresenta mais de um n:cleo!

    "x!#

    Mariana e ;ia sa8ram cedo!

    Meu tio e so&rinho foram pescar!

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    3ueito $culto (ou desinencial)# -uele ue pode ser identificado pela desin4ncia ou terminao

    ver&al em&ora estea impl8cito! 3o as pessoas do discurso referentes < 1= e 9= pessoas!

    "x#

    "stamos chocados com esta situao!

    3ueito oculto >ns? ue indicado pela desin4ncia n:mero pessoal (ou >marca? de singular ou

    plural e a pessoa do ver&o % neste caso 9= pessoa do plural) % >mos?!

    O%s:2o caso acima podemos identificar o sueito >ns? (eu e tu ue aponta uem claramente o

    ser uem pratica a ao)! $7 sea na orao# >*alaram so&re voc4? o ver&o ue est na terceira pessoa do

    plural (eles) no identifica ao certo uem praticou a ao ver&al sa&emos apenas ue algum a praticou!

    3ueito 6ndeterminado# -uele ue no est expresso na orao porue no se pode ou no se uer

    identificar claramente como o exemplo mencionado acima >falaram so&re voc4?!

    "x9!# (@) *alaram muito mal de voc4 na reunio!

    $&s!# uando na orao aparecer pronome indefinido na posio de sueito ,1O se deve classificar

    como su&eito indeterminado# mas como sueito simples!

    Aor exemplo#

    Algoaconteceu ontem a noite!

    $&s# na orao acima um >algo? aconteceu'

    3ituaes nas uais podemos identificar o sueito indeterminado#

    1! ,er&o na terceira pessoa do plural e no h sueito expresso na frase nem mesmo um

    contexto anterior ao enunciado (ou sea frase solta sem relao ualuer com algum tipo de orao

    anterior)!

    "x!# "scutaram um som horr8vel ontem pela manh!

    9! &) /om ver&o ativo na B= pessoa do singular seguido do pronome se#

    $ ver&o vem acompanhado do pronome se ue atua como 8ndice de indeterminao do sueito! "ssa

    construo ocorre com ver&os ue no apresentam complemento direto (ver&os intransitivos transitivos

    indiretos e de ligao)! $ ver&o o&rigatoriamente fica na terceira pessoa do singular! (ser explicado mais

    para frente)!

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    "xemplos#

    ,ive+se melhor no campo! (,er&o 6ntransitivo)

    Arecisa+se de tcnicos em informtica! (,er&o Cransitivo 6ndireto)

    2o casamento sempre se fica nervoso! (,er&o de Digao)

    $rao sem sueito# $rao ue se forma apenas pelo predicado cua declarao no se refere a

    nenhum ser!

    2ormalmente encontramos os ver&os impessoais na constituio das oraes sem sueito!

    $&s# 2mpessoais# so os ver&os ue no t4m sueito! 2ormalmente so usados na terceira pessoa do

    singular! $s principais ver&os impessoais so# Eaver (uando sinFnimo de existir acontecer realiar+se ou

    faer com sentido temporal)' e os ver&os faer ser e estar (sentido temporal tam&m)!,er&os ue indiuem fenFmenos da naturea como# choveu e ventou por exemplo! 3empre

    indicando fenFmeno meteorolgico! Aorm se estes ver&os forem empregados em seu sentido figurado

    passam a ser impessoais! "x!# -manheci doente! (sueito desinencial ou oculto# "u)

    "xemplos#

    ,entava forte nauela tarde!

    "sfriou muito nesta noite!

    E &ons cinemas neste shopping!

    *a muito tempo ue no a veo!

    "ra um per8odo de inverno muito rigoroso!

    #!erc2cios+

    1! -ssinale as alternativasue tem orao sem sueito!

    a) "xiste um povo ue a &andeira empresta!

    &) "m&ora com atraso haviam chegado!c) "xistem flores ue devoram insetos!

    d) -lguns de ns ainda tinham esperana de encontr+lo!

    e) E de haver recurso desta sentena!

    f) "speranas haver sempre!

    g) 2ingum troveou de tanta raiva uanto eu!

    h) Eaveria deseado ele tudo isso@

    i) -lgum havia a&erto a porta!

    ) /hoveu papel picado nas ruas de 3o Aaulo!

    9!-ssinale a alternativa correta! "m G.etira+te criatura vida de vingana!G o sueito #

    a)te!

    &)inexistente!

    c)oculto determinado!

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    d)criatura!

    e)nenhuma das alternativas!

    B! (7niversidade do "stado de 3A) 2a orao# G.eprovam alguns autores esta histriaG ual o n:cleo do

    sueito#

    a) histria' &) alguns autores' c) reprovam' d) autores e) alguns!

    H! (7niversidade do "stado de 3A) 3ueito composto est em#

    a) Ieus Ieus ue farei@

    &) $s livros contemplei os uadros e as outras o&ras de arte!

    c) 2s os homens de futuro venceremos!

    d) *oram Joo e Maria!

    e) $ntem foi Joo e Jos hoe!

    K! (7ni+.io+.J) "m G2a mocidade muitas coisas lhe haviam acontecidoG temos orao#

    a) sem sueito' &) com sueito simples e claros'

    c) com sueito oculto' d) com sueito composto'

    e) com sueito indeterminado!

    L! (/oncurso de -dmisso ao /olgio 2aval) 2o texto#

    G;atem leve levemente

    /omo uem chama por mim!!!

    3er chuva@ 3er gente@

    ente no certamente

    " a chuva no &ate assim!G (-ugusto il)

    ual o sueito de G;atem leve levementeG@

    a) sem sueito' &) sueito indeterminado'

    c) sueito oculto' d) sueito composto'

    e) sueito simples!

    N! (/sper D8&ero+3A) Eavia alunos no parue! $ sueito #

    a) oculto' &) simples' c) no existe sueito' d) composto!

    O! (7niversidade do "stado de 3A) 3ueito indeterminado est em#

    a) ,ivo feli! &) ,ive+se feli! c) /hove muito! d) *ui < "uropa! e) *a calor

    P! ("scola Ccnica de 6nd:stria u8mica e t4xtil+.J) Mostre a orao ue no possui sueito#

    a) - noite caiu repentinamente so&re a cidade!

    &) 2esse m4s vai faer um ano ano de sua partida!

    c) /hoveram tomates so&re o orador!

    d) $ dia amanheceu &astante l8mpido!e) 2o havia existido ningum com tantas ualidades!

    10! (*-*6;E) "m ual das oraes a&aixo o termo em itlico no sueito@

    a) GIeus sa&e como os presos l dentro viviam e comiam!!!G

    &) G(!!!) e a professora traava no uadro+negro nomes de pa8ses distantes!G

    c) G+ /ontinue Juuita! ,oc4 ainda ser um grande escritor!G

    d) G,oc4s esto rindo do Juuita!G

    e) G" a escola nove de uatro ou cinco anos era o lugar menos estimado de todos!G

    11!$ recurso da indeterminao do sueito conforme preconia a gramtica normativa pode ser encontrado

    ema) >Eavia as &elas casas os ardins?

    &) >3 entravam no condom8nio os proprietriosQ?

    c) >Iecidiram eletriR car os murosQ?

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    d) >uem tocasse no R o de alta tensoQ?

    e) >2ingum precisa temer pelo seu patrimFnioQ?

    a&arito#

    1! e) $ ver&o haver no sentido de existir impessoal'

    f) $ item a apresenta o ver&o haver no sentido de existir portanto a orao est sem sueito!

    9! &) $ sueito da orao est determinado pelo ver&o sendo oculto ou el8ptico (tu)!

    B+ I % autores o n:cleo do sueito

    H+ I % Joo e Maria foram ( sueito composto Joo Maria)

    K+ ; % Muitas coisas (3ueito simples e claro)

    L+ ; % sueito indeterminado( no se sa&e uem &ate)

    N+ / % $ ver&o haver impessoal( sem sueito) uando pode ser su&stitu8do pelo existir)

    O+ ;+ no se sa&e exatamente uem vive ( sueito indeterminado pela palavra se)

    P+ ; % faer ver&o impessoal( sem sueito)10+ / % Juuita vocativo o sueito voc4 ( oculto no ver&o continue)

    11+ / % o ue define o sueito indeterminado o ver&o na B=! Aessoa do plural( no se sa&e exatamente

    uem decidiu eletrificar os muros)