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    MATERIAL DIDTICO

    TPICOS DE FILOSOFIA

    U N I V E R S I D A D E

    CANDIDO MENDES

    CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELAPORTARIA N 1.282 DO DIA 26/10/2010

    Impressoe

    Editorao

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    SUMRIO

    INTRODUO ....................................................... ................................................................. ............................. 3

    UNIDADE 1 - A IMPORTNCIA DO ESTUDO DA FILOSOFIA .......................................................... ....... 5

    UNIDADE 2 - SITUANDO A FILOSOFIA NAS DIVERSAS POCAS ....................................................... 15

    UNIDADE 3 - AS CONCEPES E OS MTODOS DA FILOSOFIA ........................................................ 18

    UNIDADE 4 - OBJETOS DE ESTUDO OS GRANDES TEMAS ............................................................... 24

    UNIDADE 5 - OS RAMOS DA FILOSOFIA ........................................................................ ........................... 44

    REFERNCIAS .................................................................................................................................................. 53

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    INTRODUO

    Vrios so os motivos que justificam a importncia do estudo e entendimento

    da filosofia, quer seja nos cursos de graduao, no Ensino Mdio ou como leitura de

    lazer pessoal.

    No meu entendimento (e que, evidentemente, pode e deve variar de acordo

    com a viso que cada um tem da vida), o que mais motiva no estudo da Filosofia a

    possibilidade de desenvolver uma viso generalista e, ao mesmo tempo, crtico-

    reflexiva acerca dos problemas do cotidiano.

    Aos alunos do Ensino Mdio, o estudo da Filosofia possibilita a formao de

    cidados crticos, disciplinados, autnomos e cultos como recomenda a Lei de

    Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBEN n. 9394/96).

    O artigo 36, 1o, inciso III, justifica os conhecimentos de Filosofia como

    necessrios ao exerccio da cidadania, contribuindo para o aprimoramento como

    pessoa humana, incluindo a formao tica e o desenvolvimento da autonomia

    intelectual e do pensamento crtico (art. 35, inciso II, da LDB). E devem, ainda, maisespecialmente, seguir a diretriz de difuso de valores fundamentais ao interesse

    social, aos direitos e deveres dos cidados, de respeito ao bem comum e ordem

    democrtica (art. 27, inciso I, daLDB) (BRASIL, 2006).

    No raro observarmos nos cursos de graduao, principalmente nas reas

    de Cincias Exatas, a Filosofia ser encarada como algo de intelectuais, que no

    leva a nada, mas temos duas explicaes! Primeiro, a forte influncia do modelo

    universitrio norte-americano com seu pragmatismo1

    e segundo, porque aqui noBrasil, ao contrrio da Europa, os meios de comunicao no se preocupam em

    divulgar textos filosficos (dentre outras lacunas que no nos interessa aprofundar

    no momento). Desse modo, aos alunos dos cursos de graduao, a Filosofia em

    1As doutrinas de C. S. Peirce (v. peirciano), W. James (v.jamesiano1), J. Dewey (v. deweyano) e doliterato alemo Friedrich J. C. Schiller (1759-1805), cuja tese fundamental que a verdade de uma

    doutrina consiste no fato de que ela seja til e propicie alguma espcie de xito ou satisfao(FERREIRA, 2004)

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    muito tem a contribuir na formao cultural, crtica e tica das geraes atuais e

    futuras do pas.

    Juntamente com as apostilas tica e Filosofia, Histria da Filosofia e Tpicos

    de tica, esta apostila denominada Tpicos de Filosofia vem colaborar no sentido de

    apresentar, conceituar, discutir e analisar os temas filosficos de maior importncia,

    os seus ramos, sua importncia, seu campo de conhecimento, enfim.

    Concordando com Sponville (2002, p. 11) filosofar pensar por conta prpria;

    mas s se consegue fazer isso de um modo vlido, apoiando-se primeiro no

    pensamento dos outros, em especial dos grandes filsofos do passado. A filosofia

    no apenas uma aventura; tambm, um trabalho, que requer esforos, leituras,

    ferramentas.

    Esperamos que esta especializao capacite-os para a discusso

    interdisciplinar, proporcionando a formao de cidados crticos que possam fazer

    com que a filosofia ocupe seu lugar no contexto local, regional e nacional, mas

    ressaltamos que o assunto no se esgota e tanto por isso, ao final da apostila so

    oferecidas bibliografias complementares para sanar dvidas que, por ventura

    venham surgir no decorrer do estudo, possveis lacunas e para aprofundamento dossenhores.

    Desejamos a todos uma boa leitura e um estudo proveitoso!

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    UNIDADE 1 - A IMPORTNCIA DO ESTUDO DA FILOSOFIA

    Origem, nascimento, definies

    Oficialmente a Filosofia nasceu com Tales de Mileto marcando uma nova

    forma de pensar o mundo atravs da observao e a tentativa sistemtica de uma

    explicao natural para a realidade.

    No comeo o homem acreditava nos mitos, mas algo aconteceu que o fez

    mudar seu modo de pensar. Ele deixou de recorrer aos mitos para explicar ouniverso e inaugurou um sistema de pensamento que permeia toda a civilizao

    ocidental at os dias de hoje.

    Ao longo desta apostila encontraremos os motivos, as razes e as

    caractersticas desde o comeo, passando pelas ideias pr-socrticas.

    A palavra filosofia tem sua origem no idioma grego e resulta da unio de

    outras duas palavras: philia que significa amizade, amor fraterno (no no sentido

    ertico) e respeito entre os iguais e Sophia, que significa sabedoria, conhecimento.

    Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.

    Assim, o filsofo seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo

    saber, deseja saber. A tradio atribui ao filsofo Pitgoras de Samos (que viveu no

    sculo V antes de Cristo) a criao da palavra. Filosofia indica um estado de

    esprito, o da pessoa que ama, isto , deseja o conhecimento, o estima, o procura e

    o respeita (RUSSELL, 1977).

    Segundo Russell (1977) a filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de

    atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum,

    padece de trs defeitos: convencido, incertoe, em si mesmo, contraditrio. O

    primeiro passo rumo filosofia consiste em nos tornarmos conscientes de tais

    defeitos, no a fim de repousar, satisfeitos, no ceticismo indolente, mas para

    substitu-lo por uma aperfeioada espcie de conhecimento que ser experimental,

    precisa e autoconsistente. Naturalmente, desejamos atribuir outra qualidade ao

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    nosso conhecimento: a compreenso. Desejamos que a rea de nosso

    conhecimento seja a mais ampla possvel. Isto, no entanto, mais da competncia

    da cincia que da filosofia. Um homem no vem a ser necessariamente melhor

    filsofo graas ao conhecimento de maior nmero de fatos cientficos; so os

    princpios e mtodos, e as concepes gerais, que ele deva apreender da cincia,

    caso a filosofia seja matria de seu interesse. A misso do filsofo , a bem dizer, a

    segunda natureza do fato bruto. A cincia tenta agrupar fatos por meio de leis

    cientficas; estas leis, mais que os fatos originais, so a matria-prima da filosofia. A

    filosofia envolve uma crtica, do conhecimento cientfico, no de um ponto de vista

    em tudo diferente do da cincia, mas de um ponto de vista menos preocupado com

    detalhes e mais comprometido com a harmonia do corpo genrico das cinciasespeciais.

    A Filosofia um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de trs

    modos: seja pelos contedosou temas tratados, seja pela funoque exerce na

    cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relao aos contedos,

    contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justia,

    verdade. Mas, nem sempre ela tratou de tais temas. No comeo, na Grcia, a

    Filosofia tratava de todos os temas, j que at o sc. XIX no havia uma separao

    entre cincia e filosofia. Assim, na Grcia, a Filosofia incorporava todo o saber. No

    entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa

    a se dedicar, determinando uma mudana na forma de conhecimento do mundo at

    ento vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma anlise da assim considerada

    primeira proposio filosfica (DUTRA 2005).

    Quanto ao seu valor, a filosofia deve ser estudada, no por causa de

    quaisquer respostas exatas s suas questes, uma vez que, em regra, no

    possvel saber que alguma resposta exata verdadeira, mas antes por causa das

    prprias questes; porque estas questes alargam a nossa concepo do que

    possvel, enriquecem a nossa imaginao intelectual e diminuem a certeza

    dogmtica que fecha a mente especulao; mas acima de tudo porque, devido

    grandeza do universo que a filosofia contempla, a mente tambm se eleva e se torna

    capaz da unio com o universo que constitui o seu mais alto bem (RUSSELL, 2001).

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    Para Prado Jr (1981) a Filosofia seria isso mesmo: uma especulao infinita e

    desregrada em torno de qualquer assunto ou questo, ao sabor de cada autor, de

    suas preferncias e mesmo de seus humores. Na verdade, existem pensadores ou

    especuladores que afirmam caber Filosofia simplesmente sugerir questes e

    propor problemas, fazer perguntas cujas respostas no tm maior interesse, e com o

    fim nico de estimular a reflexo, aguar a curiosidade.

    Apesar, contudo, de boa parte da especulao filosfica, particularmente em

    nossos dias, parecer confirmar tal ponto de vista, ele certamente no verdadeiro.

    H sem dvida um terreno comum onde a Filosofia, ou aquilo que se tem entendido

    como tal, se confunde com a literatura e no objetiva realmente concluso alguma,

    destinando-se to somente, como toda literatura, a par do entretenimento que

    proporciona, levar aos leitores ou ouvintes, a partir destes centros condensadores da

    conscincia coletiva que so os profissionais do pensamento, levar-lhes impresses

    e estados de esprito, emoes e estmulos, dvidas e indagaes. Mas esse

    terreno no toda a Filosofia (PRADO JR, 1981).

    Mas vamos s definies colhidas para o termo Filosofia.

    Para Plato, filosofia o uso do saberem proveito do homem, o que implicaem, 1, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais vlido possvel,

    e, 2, o uso desse conhecimento em benefcio do homem.

    Rene Descartes simplifica como o estudo da sabedoria.

    Em Thomas Hobbes encontramos o conhecimento causal e a utilizao

    desse em benefcio do homem.

    Para Kant, a cincia da relao do conhecimento finalidade essencial darazo humana, que a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo com

    a sabedoria, mas atravs da cincia, e para Auguste Comte, a cincia universal

    que deve unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos

    pelas cincias particulares (COLLINSON, 2006).

    Para o filsofo cristo alemo Johannes Hessen, como quer que se entenda e

    defina o que Filosofia, no pode ser negado que nesta se realiza sempre um auto-

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    exame do Esprito.

    O esprito humano cultiva cincia e arte; pratica atos de moralidade e de

    religio. Mas s na filosofia ele medita sobre o sentido e o alcance dessas suas

    atividades. Reflete ainda sobre as suas funes e atividades no-teorticas, sobre a

    sua atitude em face dos valores e pretende indagar qual a essncia dos valores

    ticos, estticos e religiosos (HESSEN, 1980, p.50).

    Ou ainda como o escritor russo Fidor Dostoivski (1821-1881): o segredo

    da existncia humana consiste no somente em viver, mas ainda em encontrar um

    motivo de viver. No ser a cincia, com sua postura essencialmente no-

    valorativa, que ir fornecer este sentido de totalidade, o conhecimento unificado e

    universal.

    Numa comparao com as cincias, estas, de forma simplificada, tendem a

    uma descrio analtica dos fatos ou situaes, enquanto a Filosofia acaba sendo

    uma interpretao sinttica. Como diz Durant (1996, p.26) A cincia quer decompor

    o todo em partes, o organismo em rgos, o obscuro em conhecido. Ela no procura

    conhecer os valores e as possibilidades ideais das coisas, nem o seu significado

    total e final; contenta-se em mostrar a sua realidade e sua operao atuais, reduzresolutamente o seu foco, concentrando-se na natureza e no processo das coisas

    tais como so.Com a Filosofia acontece o oposto. O filsofo no se contenta com a

    simples descrio dos fatos; quer averiguar a relao do fato com a experincia em

    geral, tenta compor o que havia sido decomposto pelos cientistas combinando as

    coisas em uma grande sntese interpretativa.

    A cincia nos ensina a curar e a matar; reduz a taxa de mortalidade no varejo

    e depois nos mata por atacado na guerra; mas s a sabedoria - o desejocoordenado luz de toda a experincia - pode nos dizer quando curar e quando

    matar. Observar processos e construir meios cincia; criticar e coordenar fins

    filosofia; e porque hoje os nossos meios e instrumentos se multiplicaram alm da

    nossa interpretao e da nossa interpretao e da nossa sntese de ideais e fins,

    nossa vida est cheia de som e fria, no significando coisa alguma. Porque um fato

    nada exceto em relao ao desejo; no completo, exceto em relao a um

    propsito e a um todo. A cincia nos d conhecimento , mas s a filosofia pode nos

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    dar a sabedoria (DURANT, 1996, p. 27).

    Enfim, as contradies, as incoerncias, as ambiguidades, as

    incompatibilidades levam o homem em direo Filosofia. Esse o momento em

    que ela nasce, ou seja, quando ele comea a exigir provas e justificativas racionais

    que validam ou invalidam as crenas cotidianas. O surgimento dos momentos

    crticos e quando sistemas religiosos, ticos, polticos, cientficos e artsticos

    estabelecidos se envolvem em contradies internas ou contradizem-se uns aos

    outros e buscam transformaes e mudanas, tambm entra em cena o filosofar.

    A matria e o esprito

    Quando os filsofos tentaram explicar o mundo, a natureza, o homem, tudo o

    que nos rodeia, enfim, foram levados a fazer distines. Ns prprios constatamos

    que h coisas, objetos que so materiais, que vemos e tocamos. Depois, outras

    realidades que na vemos e no podemos tocar, nem medir, como as nossas ideias

    (POLITZER, 2001).

    Classificamos, portanto, assim as coisas: por um lado, as que so materiais;

    por outro lado, as que no o so, e pertencem ao domnio do esprito, do

    pensamento das ideias.

    Foi assim que os filsofos se encontraram em presena da matria e do

    esprito.

    Mas, o que vem a ser cada um deles?

    Ns no costumamos falar do esprito, mas do pensamento, das nossas

    ideias, da nossa conscincia, da alma; assim como, falamos da natureza, do mundo,

    da terra, do ser, estamos falando da matria.

    O pensamento a ideia que fazemos das coisas; algumas dessas ideias vm-

    nos ordinariamente das nossas sensaes e correspondem a objetos materiais;

    outras, como as de Deus, filosofia, infinito, do prprio pensamento no

    correspondem a objetos materiais. Temos ideias, pensamentos, sentimentos, porque

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    vemos e sentimos.

    J a matria tudo aquilo que nos rodeia, que chamamos de mundo

    exterior.

    Campos de investigao

    Os grandes temas ou os campos de investigao da Filosofia sempre sero o

    homem, o universo, a sociedade, o conhecimentoe uma auto-crticaconstante.

    Sempre foi sob estes temas que a Filosofia existiu e existir, sendo semprenecessria e prazerosa.

    Segundo Chau (2003) no perodo socrtico, a filosofia se voltou para as

    questes humanas no plano da ao, dos comportamentos, das ideias, das crenas,

    dos valores e, portanto, se preocupando com as questes morais e polticas.

    Seu ponto de partida a confiana no pensamento ou no homem como um

    ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexo.

    Reflexo a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se; aconscincia conhecendo-se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas,

    alcanando o conceito ou a essncia delas (GILES, 2006).

    Como se trata de conhecer a capacidade de conhecimento do homem, a

    preocupao se volta para estabelecer procedimentos que nos garantam que

    encontramos a verdade, isto , o pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos

    prprios, critrios prprios e meios prprios para saber o que o verdadeiro e como

    alcan-lo em tudo o que investiguemos (GILES, 2006).

    Ela tambm est voltada para a definio das virtudes morais e das virtudes

    polticas, tendo como objeto central de suas investigaes a moral e a poltica, isto

    , as ideias e prticas que norteiam os comportamentos dos seres humanos tanto

    como indivduos quanto como cidados.

    Cabe Filosofia, portanto, encontrar a definio, o conceito ou a essncia

    dessas virtudes, para alm da variedade das opinies, para alm da multiplicidade

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    das opinies contrrias e diferentes. As perguntas filosficas se referem, assim, a

    valores como a justia, a coragem, a amizade, a piedade, o amor, a beleza, a

    temperana, a prudncia, etc., que constituem os ideais do sbio e do verdadeiro

    cidado (GILES, 2006).

    feita, pela primeira vez, uma separao radical entre, de um lado a opinio

    e as imagens das coisas, trazidas pelos nossos rgos dos sentidos, nossos

    hbitos, pelas tradies, pelos interesses, e, de outro lado, as ideias. As ideias se

    referem essncia ntima, invisvel, verdadeira das coisas e s podem ser

    alcanadas pelo pensamento puro, que afasta os dados sensoriais, os hbitos

    recebidos, os preconceitos, as opinies (GILES, 2006).

    A reflexo e o trabalho do pensamento so tomados como uma purificao

    intelectual, que permite ao esprito humano conhecer a verdade invisvel, imutvel,

    universal e necessria (GILES, 2006).

    A opinio, as percepes e imagens sensoriais so consideradas falsas,

    mentirosas, mutveis, inconsistentes, contraditrias, devendo ser abandonadas para

    que o pensamento siga seu caminho prprio no conhecimento verdadeiro (GILES,

    2006).Em ltima anlise, a filosofia nada mais do que um instrumento, um maneira

    que o homem encontrou para entender melhor a si prprio, ao outro e ao mundo, o

    que vai, complementarmente com as demais cincias, proporcionar benefcios ao

    prprio homem, o qual no deixa de ser um animal curioso que investiga, que deseja

    saber o porqu de toda existncia, inclusiva a sua (GILES, 2006).

    Isso nos leva a inferir que o homem o tema mais privilegiado da Filosofia, e

    do seu entorno fazem parte o universo e a sociedade onde vive.

    Quanto ao conhecimento, outro campo de atuao da filosofia,

    conceitualmente:

    1.Conhecer, em sentido lato, recolher e organizar informaes sobre o meio

    envolvente de modo a permitir a constante adaptao do organismo ao meio,

    possibilitando assim a sua sobrevivncia.

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    2.Conhecer, em sentido restrito, apenas aplicvel aos seres humanos, pode

    ser entendido como a construo de representaes mentais que o sujeito organiza

    ao longo da vida na sua relao com os objetos. Nesta perspectiva restrita,

    encontramos conceitos como:

    1. Sujeito (aquele que conhece);

    2. Objeto (o que conhecido);

    3. Sensao (apreenso imediata do objeto, que se realiza pela ao de

    um estmulo especfico);

    4. Percepo (configurao ou construo individual dos dados

    sensoriais, em funo dos mecanismos receptores, experincias anteriores,

    interesses, etc.). A palavra percepo deriva do latimperceptioque significa ao de

    recolher, e por extenso conhecimento como apreenso. O que caracteriza a

    percepo a apreenso da realidade, no como impresses sensoriais isoladas,

    mas um conjunto organizado, ou uma totalidade portadora de sentido.

    5. Razo (elaborao de representaes mentais abstratas, conceitos,

    discursos), relaes lgicas e teorias interpretativas sobre a realidade (FONTE,

    2008).

    Enfim, as teorias explicativas sobre o conhecimento foram sempre um tema

    central na histria da filosofia, e mais recentemente, tambm na cincia. As

    perspectivas da cincia no so, como obvio, coincidentes com as da filosofia

    (FONTES, 2008).

    Entre as teorias cientficas do conhecimento, Fontes (2008) destaca as

    filogenticas, as ontogenticas, a sociologia do conhecimento e a psicologia dapercepo.

    A filognese estuda a histria da evoluo humana, nomeadamente a

    constituio dos seres humanos como sujeitos cognitivos. A paleontologia humana,

    baseada em inmeras investigaes, afirma que os homens nem sempre tiveram a

    mesma constituio e capacidades. A explicao mais consensual que a evoluo

    da nossa constituio morfolgica e funcional, foi feita em simultneo com o

    desenvolvimento das nossas capacidades cognitivas (memria, linguagem

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    e pensamento) e esta de forma articulada com o desenvolvimento das nossas

    realizaes e capacidades tcnicas. Todos estes fatores de forma inter-relacionada

    contriburam para gerarem a espcie que hoje somos (FONTES, 2008).

    Na ontognese, o conhecimento encarado como um processo de

    modificaes e adaptaes ao meio que desde o nascimento ocorre em todos os

    seres vivos. Segundo diversos autores, a ontognese repete a filognese, isto , o

    desenvolvimento da humanidade como que repetido no desenvolvimento de cada

    ser (FONTES, 2008).

    Sobre outro grande campo de estudo da Filosofia, a autocrtica, Marx e

    Freud descobriram aspectos decisivos da ao das foras que atuam

    subterraneamente em ns e mostraram que, sob uma capa de racionalidade, elas

    impem limites aos movimentos da nossa conscincia. Mostraram como esquemas

    explicativos so elaborados e reelaborados em nossas cabeas com a finalidade de

    nos proporcionar a boa conscincia, com o objetivo de amenizar nossas dvidas,

    atenuar nossas inquietaes e evitar a vertigem das nossas inseguranas

    (KONDER, 2008).

    No pensamento de Konder (2008) forjamos para ns imagens que nosajudem a viver; e nos apegamos a elas. O autoritrio se apresenta como enrgico

    e corajoso; o oportunista como prudente ou realista; o covarde com sensato; o

    irresponsvel como livre. No existe nenhuma tomada de posio no plano poltico

    ou filosfico que, por si mesma, imunize a conscincia contra a ao desses

    mecanismos. Somos todos divididos, contraditrios. Por isso mesmo, precisamos

    promover discusses, examinar e reexaminar a funo interna das nossas

    racionalizaes. Quer dizer: precisamos realizar permanentemente um vigoroso

    esforo crtico e autocrtico.

    Nesse contexto, a autocrtica de uma importncia decisiva. por ela que

    passa o teste da superao do conservadorismo dentro de ns. Um conservador

    claro pode fazer autocrtica; mas, se a autocrtica for feita mesmo para valer, ele

    seguramente no estar sendo conservador no momento em que a fizer.

    Desde que consiga se instalar solidamente na conscincia de algum, o

    conservadorismo pode administrar uma grande flexibilidade: pode suportar

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    com tolerncia liberal as opinies divergentes, at as provocaes e irreverncias

    alheias. Mas no pode se permitir o autoquestionamento radical (KONDER, 2008).

    Este campo basicamente permeia ao mesmo tempo, o comeo e o final do processo

    de filosofia de qualquer ser humano, sendo de extrema importncia para lanar mo

    de novos questionamentos e reiniciar sua caminhada na busca de novas respostas.

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    UNIDADE 2 - SITUANDO A FILOSOFIA NAS DIVERSAS

    POCAS

    Antiga (do sc. VI a.C. ao sc. III d.C)

    A filosofia ocidental surgiu na Grcia antiga, no sc. VI a.C. sendo

    considerados Pitgoras (c. 580-500 a.C.) e Tales de Mileto (c. 624-546 a.C.), os

    fundadores e primeiros filsofos. Eles dedicavam-se com especial ateno

    cosmologia (que hoje uma disciplina cientfica), isto , ao estudo da origem enatureza ltima do universo. Scrates e Plato dedicaram-se depois a problemas

    ticos e polticos, assim como a alguns aspectos mais conceituais da filosofia.

    Fizeram da procura de definies explcitas de conceitos bsicos como beleza,

    justia e conhecimento a sua atividade principal. Aristteles desenvolveu

    praticamente todas as reas da filosofia e da cincia, e estabeleceu firmemente o

    estudo sistemtico de problemas filosficos e cientficos. Fundaram-se vrias

    escolas dedicadas ao estudo da filosofia e surgiram vrios filsofos importantes(CHAU, 2003; WARBURTON, 2006).

    Medieval (scs. III-XV)

    No perodo medieval a filosofia foi estudada num contexto, sobretudo

    religioso. Muitos filsofos deste perodo foram extraordinariamente perspicazes,tendo desenvolvido algumas ideias e argumentos hoje considerados centrais em

    filosofia, no s na filosofia da religio e na metafsica, mas tambm na tica,

    filosofia da linguagem e lgica. Alguns dos debates mais importantes da poca

    incluem o problema dos universais, as provas da existncia de Deus e a

    compatibilidade entre a prescincia divina e o livre-arbtrio humano (a prescincia

    a capacidade para saber de antemo o que vai acontecer). Alguns dos mais

    destacados filsofos ocidentais do perodo medieval foram Santo Agostinho, Santo

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    Anselmo (1033-1109), Abelardo (1079-1142), Toms de Aquino e Guilherme de

    Ockham (CHAU, 2003; WARBURTON, 2006).

    Moderna (scs. XVI-XVIII)

    No perodo moderno, a epistemologia foi considerada por muitos filsofos o

    ponto de partida da filosofia. Descartes tornou-se um dos mais influentes filsofos de

    sempre. Neste perodo, a oposio entre empirismo e racionalismo tornou-se

    central. Do lado racionalista, juntamente com Descartes, esto filsofos como

    Espinosa (1632-77) e Leibniz. Do lado empirista, filsofos como Hobbes, Locke,

    Berkeley e Hume. Hobbes, Locke, Hume e Espinosa deram uma ateno especial

    tica e filosofia poltica, que tinham sido negligenciadas por Descartes. Outros

    filsofos importantes deste perodo foram Voltaire (1694-1778) e Jean Jacques

    Rousseau (1712-78). Kant prossegue o trabalho dos filsofos racionalistas e

    empiristas, ocupando-se, sobretudo, de tica, epistemologia e metafsica (CHAU,

    2003; WARBURTON, 2006).

    Contempornea (do sc. XIX aos dias de hoje)

    No sc. XIX, principalmente a partir do sc. XX, a filosofia conhece uma

    vitalidade e diversidade que ultrapassa de longe qualquer perodo histrico anterior.

    Alguns filsofos alemes e franceses fundam correntes como o existencialismo, a

    fenomenologia e a hermenutica; que sero definidos em tpico mais adiante.

    Depois da segunda guerra mundial, florescem disciplinas antes negligenciadas,

    como a metafsica, a filosofia da religio, a filosofia da arte, a tica, incluindo a tica

    aplicada) e a filosofia poltica. A filosofia da cincia e a epistemologia atingem

    resultados de grande importncia, assim como a filosofia da linguagem e a lgica,

    que em grande parte se autonomiza relativamente filosofia. A filosofia, tal como as

    artes e as cincias, entra no sc. XXI com um grau de sofisticao, pertinncia e

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    alcance nunca antes atingido (CHAU, 2003; WARBURTON, 2006).

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    UNIDADE 3 - AS CONCEPES E OS MTODOS DA

    FILOSOFIA

    Segundo Chau (2003), Politzer (2001) e outros autores, existem trs formas

    de concebermos a filosofia, sendo elas: a forma metafsica, a positivista e a crtica.

    A forma metafsicaprevaleceu na Antiguidade e na Idade Mdia, tendo como

    caracterstica principal, a negao de que qualquer investigao autnoma fora da

    Filosofia tivesse validade.

    Naqueles tempos, um conhecimento era filosfico ou no era conhecimento.As demais cincias eram apenas parte da Filosofia, sendo esta, o saber nico

    possvel.

    Para Politzer (2001) a metafsica s tem importncia na filosofia burguesa,

    uma vez que se ocupa de Deus e da alma.

    Tudo a eterno. Deus eterno, no mudando, permanecendo igual a si

    mesmo; a alma tambm. O mesmo acontece com o bem, o mal, etc., estando tudo

    isso nitidamente definido, definitivo e eterno. Nessa parte da filosofia que se

    chama metafsica, vem-se, pois, as coisas como um conjunto congelado, e

    procede-se, no raciocnio, por oposio: ope-se esprito matria, o bem ao mal,

    etc., isto , raciocina-se por oposio das contrrias entre elas (POLITZER, 2001, p.

    99-100).

    Ainda segundo Politzer, chama-se metafsica a essa maneira de raciocinar,

    de pensar, porque trata das coisas e das ideias que se encontram fora da fsica,

    como Deus, a bondade, a alma, o mal, etc. Metafsica vem do grego meta, que quer

    dizer alm, e de fsica, cincia dos fenmenos do mundo. Portanto, metafsica

    ocupa-se de coisas situadas alm do mundo.

    Na segunda forma, Positivista, o conhecimento cabe s cincias e Filosofia

    cabe coordenar e unificar os resultados.

    Os positivistas abandonaram a busca pela explicao de fenmenos

    externos, como a criao do homem, por o conhecimento cabe s cincias e

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    Filosofia cabe coordenar e unificar os resultados exemplo, para buscar explicar

    coisas mais prticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das

    relaes sociais e da tica.

    A filosofia positivista de Comte, surgida no sculo XIX, nega que a explicao

    dos fenmenos naturais, assim como sociais, provenha de um s princpio. Tem

    como base terica os trs pontos seguintes:

    1) Todo conhecimento do mundo material decorre dos dados "positivos"

    da experincia, e somente a eles que o investigador deve ater-se;

    2) Existe um mbito puramente formal, no qual se relacionam as ideias,

    que o da lgica pura e da matemtica; e,

    3) Todo conhecimento dito transcendente - metafsica, teologia e

    especulao acrtica - que se situa alm de qualquer possibilidade de verificao

    prtica, deve ser descartado (CHAU, 2003).

    Na terceira forma, a crtica, a Filosofia juzo sobre a cincia e no

    conhecimento de objetos. Sua tarefa verificar a validade do saber, determinando

    seus limites, condies e possibilidades efetivas. Segundo essa concepo, a

    Filosofia no aumenta a quantidade do saber, portanto, no pode ser chamada

    propriamente de conhecimento (CHAU, 2003).

    Segundo Ewing (2008), recentemente, a filosofia crtica tem sido

    frequentemente contraposta metafsica (que nesse caso s vezes denominada

    filosofia especulativa). A filosofia crtica analisa e critica os conceitos pertencentes

    ao senso comum e s cincias. As cincias pressupem certos conceitos que no

    so suscetveis de investigao por meio de mtodos cientficos, de modo que

    passam a integrar o mbito da filosofia. Nesse sentido, todas as cincias, com

    exceo da matemtica, pressupem de alguma forma a concepo de lei natural;

    cabe filosofia, e no a qualquer das cincias particulares, examinar tal concepo.

    Enfim, a parte da filosofia crtica que trata da investigao da natureza e dos

    critrios de verdade, assim como da maneira pela qual obtemos conhecimento,

    chamada de epistemologia (teoria do conhecimento).

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    Sobre os mtodos, a cincia moderna, caracterizada pelo mtodo

    experimental, foi tornando-se independente da Filosofia, dividindo-se em vrios

    ramos de conhecimento, tendo em comum o mtodo experimental. Esse fenmeno,

    tpico da modernidade, restringiu os temas tratados pela Filosofia. Restaram aqueles

    cujo tratamento no poderia ser dado pela empiria, ao menos no com a pretenso

    de esclarecimento que a Filosofia pretenderia (POLITZER, 2001).

    A caracterstica destes temas que vai determinar o modo adequado de

    trat-los, j que eles no tm uma significao emprica. Em razo disso, o

    tratamento emprico de tais questes no atinge o conhecimento prprio da

    Filosofia, ficando, em assim procedendo, adstrita ao domnio das cincias

    (POLITZER, 2001).

    MACEDO E SANTOS (1994) deixa claro que o tratamento dos assuntos

    filosficos no se pode dar de maneira emprica, porque, desta forma, confundir-se-

    ia com o tratamento cientfico da questo. Por isso, no dizer de Kant o

    conhecimento filosfico o conhecimento racional a partir de conceitos. Ou seja,

    as definies filosficas so unicamente exposies de conceitos dados [...] obtidas

    analiticamente atravs de um trabalho de desmembramento. Portanto, a Filosofia

    um conhecimento racional mediante conceitos, ela constitui-se num esclarecimento

    de conceitos, cuja significao no pode ser ofertada de forma emprica, tais como o

    conceito de justia, beleza, bem, verdade, etc.

    Vrios so os mtodos que foram utilizados pela Filosofia, cada um a seu

    tempo. Abaixo temos alguns exemplos, os quais sero explicados em tpicos

    adiante.

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    MTODO HERMENUTICO

    SUJEITO OBJETO FINALIDADE

    INTERPRETAO

    TEXTO

    VERDADE/

    SIGNIFICADO

    SISTEMA DE INTERPRETAO DAHERMENUTICA

    FONTE: (MACEDO E SANTOS, 1994)

    MTODO CARTESIANO

    EVIDNCIA

    ANLISE

    SNTESE

    ENUMERAO

    FONTE: (MACEDO E SANTOS, 1994)

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    MTODO FENOMENOLGICO

    INTERPRETAO

    TEXTO

    COISA-EM-SI

    SISTEMA DE INTERPRETAO FENOMENOLGICA

    FONTE: (MACEDO E SANTOS, 1994)

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    MTODO SOCRTICO

    FONTE: MACEDO E SANTOS, 1994

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    UNIDADE 4 - OBJETOS DE ESTUDO OS GRANDES

    TEMAS

    Metafsica

    Metafsica (alm do fsico) um ramo da filosofia que estuda a essncia do

    mundo, as inter-relaes entre mente e matria, buscando responder perguntas tais

    como: O que real? O que natural? O que sobrenatural?

    Tem na ontologia o seu ramo central que investiga em quais categorias as

    coisas esto no mundo e quais as relaes dessas coisas entre si. Ela tambm tenta

    esclarecer as noes de como as pessoas entendem o mundo, incluindo a

    existncia e a natureza do relacionamento entre objetos e suas propriedades,

    espao, tempo, causalidade, e possibilidade.

    De acordo com o sentido usado por Aristteles e Andrnico de Rodes, ou

    seja, algo que vinha depois da fsica, se torna algo intocvel, que s existe no

    mundo das ideias, como a tica e a poltica que no tratam de seres fsicos, mas de

    seres no-fsicos existentes apesar de sua imaterialidade.

    Como uma especulao em torno das causas primeiras do ser, podemos

    chegar a confundi-la com a prpria filosofia.

    Epistemologia

    O primeiro conceito de epistemologia creditado a Plato: conformidade ou

    adequao entre o pensamento e a realidade.

    A partir do sculo XVII quando comea a crescer a importncia do

    conhecimento cientfico, predominando nos debates sobre a verdade as questes

    sobre a objetividade e validade universal desse conhecimento cientfico, a

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    epistemologia toma novo impulso (FONTES, 2008).

    Positivistas como Comte consideram que somente so verdadeiros os

    conhecimentos baseados em fatos que podem ser observados. A possibilidade da

    verificao das provas torna-se uma exigncia bsica do conhecimento cientfico.

    Na sequncia, os empiristas lgicos, tambm conhecidos como

    neopositivistas colocam a questo da adequao, enquanto garantia da verdade do

    conhecimento, na prpria linguagem. Ao considerarem que a linguagem cientfica se

    exprime atravs de proposies, defendem que a principal tarefa para atingir a

    verdade expurgar da linguagem, os termos ambguos susceptveis de provocarem

    o erro.

    A nica forma da linguagem cientifica permitir o acesso verdade, tornar-se

    unvoco, isto , cada termo possuir apenas um nico sentido ou significado. Para

    isso ter de usar signos lgicos ou matemticos, ou expresses que tenham

    conceitos cuja aplicao se possa decidir com auxilio da observao (FONTE,

    2008).

    Entretanto, o nico critrio para saber se um conhecimento verdadeiro ou

    falso, continua, contudo, a ser o da sua verificabilidade. S se conhece o significadode uma proposio se conhece como a mesma pode ser verificada (FONTE, 2008).

    Para Silveira (2005) toda epistemologia histrica ou no epistemologia.

    Histrica porque se constri a partir da histria do conhecimento humano e porque

    se altera com as descobertas cientficas e com as mudanas de valores e

    interesses.

    Dada a histria das cincias desde o final do sculo XIX, epistemologia

    atual no interessa discutir a verdade da cincia, conceito que perdeu o sentido,

    mas a gnese, a formao e a estruturao de cada cincia e os processos

    histricos de validao que a aparecem (SILVEIRA, 2005).

    Para Grayling (1996) epistemologia interessa a investigao da natureza,

    das fontes e da validade do conhecimento.

    O mesmo autor acima infere que na era moderna, a partir do sculo XVII em

    diante - como resultado do trabalho de Descartes (1596-1650) e Locke

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    (1632-1704) em associao com a emergncia da cincia moderna - que a

    epistemologia tem ocupado um plano central na filosofia.

    tica e Moral

    Embora este curso tenha uma apostila voltada para os Tpicos de tica,

    nunca demais deixar algumas palavras sobre ela.

    A tica alm de ser um dos grandes temas da Filosofia onde a investigao

    da conduta humana central, determinando as origens, conceitos, universalidades,relatividades e constituio da dimenso tica individual e social, completamente

    um tema atual.

    O termo tica deriva de uma palavra grega que significa costume e, por isso,

    a tica foi definida com frequncia como a doutrina dos costumes, principalmente no

    pensamento de orientao mais empirista.

    Para os antigos gregos, principalmente para Aristteles, o termo tica

    tomado primitivamente s num sentido adjetivo: trata-se de saber se uma ao,uma qualidade, uma virtude ou um modo de ser so ou no ticos (MORA, 1998).

    Para Aristteles, as virtudes ticas so aquelas que se desenvolvem na

    prtica e que esto orientadas para a consecuo de um fim, servem para a

    realizao da ordem na vida do Estado como a justia, a amizade, o valor, etc. e que

    tm a sua origem direta nos costumes e no hbito, pelos quais se pode cham-las

    de virtudes de hbito ou tendncia.

    Na evoluo do termo, Vazquz (1999, p.23) fala que o tico identificou-se

    cada vez mais com o moral, e a tica chegou a significar propriamente a teoria ou

    cincia do comportamento moral dos homens em sociedade.

    Ainda segundo Vasquz (1999), tica diz respeito diretamente ao Homem, a

    relao consigo mesmo, com os outros e com a natureza. Alm de ser um tema que

    remonta s mais antigas especulaes filosficas, tem trazido na atualidade grandes

    questes para a ps-modernidade, especificamente no que concerne biotica e

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    questes ambientais.

    Muitas vezes confundimos o objeto em estudo (o comportamento moral) com

    a cincia (tica), mas as explicaes abaixo ajudaro a compreender o sentido de

    ambos.

    A moral tem por objeto as formas histricas de conhecimento e conduta

    moral, ao passo que a tica trata dos contedos do conhecimento moral, formulando

    juzos sobre o que dado sobre este conhecimento moral.

    A tica tem um carter absoluto, enquanto a moral essencialmente relativa

    a uma realidade histrica, cultural e mesmo individual, atuando como

    regulamentao do comportamento dos indivduos entre si e destes com acomunidade, ajustando o comportamento individual ao coletivo com a finalidade de

    estabelecer e manter a estabilidade social da comunidade bem como proporcionar

    as condies para a sua prpria sobrevivncia.

    Vrias so as origens da moral, dentre elas, a concepes baseada no

    comportamento histrico do homem em sociedade; ou, a que coloca Deus como sua

    origem ou fonte.

    Nesse sentido Vasquz (1999, p. 38) nos ensina que as normas morais

    derivam de um poder sobre-humano, cujos mandamentos constituem os princpios e

    as normas morais fundamentais.

    Outra hiptese sobre a origem da moral considera a Natureza como origem

    ou fonte da moral. Considera que a conduta moral seria apenas um aspecto da

    conduta natural, biolgica, tendo sua origem nos instintos.

    Se observarmos, essas correntes no consideram o carter histrico, mas,em cada poca, cada sociedade cria seus cdigos morais visando, com a

    subordinao do individual ao coletivo, sua prpria sobrevivncia. Esse cdigo

    persiste no tempo enquanto existem condies sociais capazes de sustent-la.

    Quando estas condies no so mais suficientes, surgem novas morais mais

    adaptadas a estas novas condies que so de natureza sociais, econmicas e

    polticas (ABBAGNANO, 2007).

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    As filosofias de Plato, Aristteles, Santo Toms de Aquino, Hegel, Marx e

    outros, consideram a tica como a cincia do fim para o qual a conduta dos homens

    deve ser orientada e dos meios para atingir este fim. Essa a tica que fala a lngua

    do ideal para o qual o homem se dirige por sua natureza, essncia ou substncia do

    homem (ABBAGNANO, 2007).

    Abbagnano continua seu pensamento expondo a outra concepo

    (compartilhada por autores como Kant, Spinoza, Schopenhauer, Hobbes, Hume,

    Locke e Leibniz) que considera a tica como cincia do mvel da conduta humana e

    procura determinar este mvel, o que faz o homem ir de tal maneira e no de outra

    nas diversas situaes de sua vida, visando dirigir ou disciplinar esta conduta. a

    tica que fala dos motivos ou causas da conduta humana, ou das foras que a

    determinam, pretendendo ater-se aos fatos.

    Na segunda metade do sculo XX, aps a segunda guerra mundial

    desenvolveu-se na Frana (com Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Merleau-

    Ponty) e na Alemanha (com Heidegger), a chamada tica Existencialista que, em

    linhas gerais uma espcie de no-tica, uma negao de que possa haver uma

    tica, pois, segundo os pensadores desta corrente, no parece haver possibilidade

    de se formular normas morais objetivas, fundadas em Deus, sociedade, natureza,

    um suposto reino objetivo de valores ou normas, etc., de modo que o nico

    imperativo tico possvel o de que cada um tem de decidir por si mesmo, em

    vista de sua prpria e intransfervel situao concreta, o que vai fazer e o que vai ser

    (ABBAGNANO, 2007).

    Analisando-se a histria da tica como uma disciplina da Filosofia no

    devemos esquecer que esta histria mais limitada no tempo e no material tratado

    do que as ideias morais da humanidade que compreendem, segundo MORA (1998),

    o estudo de todas as normas que regularam a conduta humana desde os tempos

    pr-histricos at os nossos dias.

    Este estudo da Moral no s filosfico ou histrico-filosfico, mas tambm,

    essencialmente social. Por este motivo a descrio dos diversos grupos de ideias

    morais um tema de que se ocupam disciplinas como a sociologia e a antropologia.

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    Enfim, a existncia de ideias morais e de atitudes morais no implicam a

    presena de uma disciplina filosfica particular.

    Esttica e Arte

    Conhecida como Filosofia da Arte, a esttica o estudo da forma ideal ou da

    beleza!

    Esttica (percepo, sensao) um ramo da filosofia que tem por objeto o

    estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda:

    O julgamento e a percepo do que considerado belo;

    A produo das emoes pelos fenmenos estticos,

    As diferentes formas de arte e do trabalho artstico;

    A ideia de obra de arte e de criao;

    A relao entre matrias e formas nas artes.

    Por outro lado, a esttica tambm pode ocupar-se da privao da beleza, ou

    seja, o que pode ser considerado feio, ou at mesmo ridculo.

    A publicao da obra Aestheticado filsofo alemo Baumgarten, por volta de

    1750 levou a esttica a adquirir autonomia como cincia, destacando-se da

    metafsica, lgica e da tica. A nova abordagem da autor permitia aos artistas

    alterarem a natureza, adicionando sentimentos realidade percebida,

    compreendendo, ento, de outra forma, o prvio entendimento grego clssico queentendia a arte principalmente como mimesisda realidade.

    Na Antiguidade - especialmente com Plato, Aristteles e Plotino - a esttica

    era estudada fundida com a lgica e a tica. O belo, o bom e o verdadeiro formavam

    uma unidade com a obra. A essncia do belo seria alcanada identificando-o com o

    bom, tendo em conta os valores morais.

    Na Idade Mdia surgiu a inteno de estudar a esttica independente de

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    outros ramos filosficos como ficou claro quando falamos da obra de Baumgarten.

    Pauli (1997) nos coloca que no mbito do Belo, dois aspectos fundamentais

    podem ser particularmente destacados:

    A esttica iniciou-se como teoria que se tornava cincia normativa s

    custas da lgica e da moral - os valores humanos fundamentais: o verdadeiro, o

    bom, o belo. Centrava em certo tipo de julgamento de valor que enunciaria as

    normas gerais do belo (ver cnone esttico);

    A esttica assumiu caractersticas tambm de uma metafsica do belo,

    que se esforava para desvendar a fonte original de todas as belezas sensveis:

    reflexo do inteligvel na matria (Plato), manifestao sensvel da ideia (Hegel), obelo natural e o belo arbitrrio (humano), etc.

    Mas este carter metafsico e consequentemente dogmtico da esttica

    transformou-se posteriormente em uma filosofia da arte, onde se procura descobrir

    as regras da arte na prpria ao criadora (Potica) e em sua recepo, sob o risco

    de impor construes a priorisobre o que o belo. Neste caso a filosofia da arte se

    tornou uma reflexo sobre os procedimentos tcnicos elaborados pelo homem, e

    sobre as condies sociais que fazem um certo tipo de ao ser considerada

    artstica (PAULI, 1997).

    A esttica tambm possui, - conforme j se adiantou, - um sentido amplo, ou

    acepo ampla, em que estuda, alm do sentimento esttico, ainda o belo e a arte,

    que so os principais causadores desse aprecivel sentimento. A denominao

    tomada neste sentido amplo rene trs assuntos com peculiaridades semelhantes,

    sem, contudo, se unirem numa s disciplina de saber.

    Separados os trs planos ou trs reas inconfundveis, eles ficam, conforme a

    seguir:

    O sentimento esttico se mantm como captulo da psicologia;

    O belo, quando entendido como a perfeio em destaque, um

    capitulo da ontologia;

    Da arte se ocupam as cincias formais, a saber, a filosofia da arte e a

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    tecnologia da arte (PAULI, 1997).

    Simplificando, a esttica estuda o sentimento esttico e os objetos que o

    produzem, tais como o belo e a arte. Se for reduzido ao estudo de belo, a esttica

    estuda o belo e sua propriedade de produzir o sentimento esttico. E reduzindo ao

    estudo da arte, a esttica investiga a arte e sua propriedade de agrado esttico

    (PAULI, 1997).

    Lgica e Linguagem

    A lgica (do grego clssico logos, que significa palavra, pensamento, ideia,

    argumento, relato, razo ou princpio) uma cincia de ndole matemtica e

    fortemente ligada Filosofia. J que o pensamento a manifestao do

    conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, preciso estabelecer

    algumas regras para que essa meta possa ser atingida. Assim, a lgica o ramo da

    filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto,

    um instrumento do pensar. Desse modo, aprender a lgica no constitui um fim em

    si. Ela s tem sentido enquanto meio de garantir que nosso pensamento proceda

    corretamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Enfim, a lgica trata dos

    argumentos, isto , das concluses a que chegamos atravs da apresentao de

    evidncias que a sustentam. O principal organizador da lgica clssica foi

    Aristteles, com sua obra chamada Organon. Ele divide a lgica em formal e

    material.

    A lgica o estudo do mtodo ideal de pensamento e pesquisa. Observao

    e introspeco, deduo e induo, hiptese e experimento, anlise e sntese

    so as formas da atividade humana que a lgica tenta compreender e orientar.

    Quanto linguagem esta a forma como acontece a manifestao do pensamento.

    Os melhoramentos pelos quais passou ao longo de sua histria que permitiu

    o desenvolvimento dos diversos mtodos de pesquisa cientfica.

    Segundo Chateaubriand (2008) a lgica se apresenta na prtica

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    contempornea como uma multiplicidade de sistemas formais conceitualizados

    lingustica e matematicamente. Uma lgica (e, de modo mais geral, um sistema

    formal) concebida como uma linguagem composta de uma sintaxe e de uma

    semntica. A sintaxe inclui tudo o que pode ser tratado como uma combinatria de

    smbolos, sem considerar quaisquer contedos que esses smbolos possam ter - isto

    , sem considerar o que os smbolos simbolizam.

    A formulao da linguagem (a gramtica) um aspecto central da sintaxe,

    mas esta no se restringe gramtica. Tambm a prova tratada sintaticamente

    como constituda de operaes (isto , regras de inferncia) realizadas sobre

    sequncias de smbolos de certas categorias como frmulas e sentenas.

    Considerando uma totalidade de aplicaes dessas operaes pode-se definir as

    noes de deduo lgica, consistncia lgica e teorema lgico, que juntamente

    com certas noes de definio (definio abreviativa, definio recursiva), so as

    principais noes sintticas da lgica (CHATEAUBRIAND, 2008).

    A semnticade uma linguagem lgica baseada na noo de interpretao

    (ou de estrutura). Esta uma noo que pertence principalmente teoria de

    conjuntos e que envolve um universo de discurso - um conjunto no vazio - e uma

    funo de denotao que atribui a vrios smbolos denotaes relativas ao universo

    de discurso. Pode-se, assim, introduzir as noes de satisfao e verdade relativas

    a uma interpretao. Considerando uma totalidade de interpretaes, pode-se definir

    as noes de consequncia lgica, satisfatibilidade e verdade lgica, bem como uma

    noo semntica de definio como individuao, que so as principais noes

    semnticas da lgica (CHATEAUBRIAND, 2008).

    O estudo sistemtico dessas noes e de suas interconexes pertence

    teoria da prova, teoria de modelos e teoria da recurso, que so as reas

    centrais da lgica e so basicamente ramos da matemtica. A lgica enquanto

    cincia considerada a combinao destas teorias, e no simplesmente lgica

    proposicional e lgica de predicados. Essa foi uma mudana importante na

    concepo de lgica. Para Frege e para Russell, por exemplo, a lgica se restringia

    lgica proposicional e lgica de predicados; e era uma cincia

    (CHATEAUBRIAND, 2008).

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    As principais influncias filosficas na formao da concepo lingustica

    moderna de lgica vieram de Wittgenstein e dos positivistas lgicos, embora

    tambm Russell tenha desempenhado um papel decisivo com a sua teoria

    eliminativista de classes (CHATEAUBRIAND, 2008).

    Temos vrios tipos de lgica. Dentre elas a lgica formal, a material, a

    matemtica, filosfica, a lgica de predicados, de vrios valores e a lgica de

    computadores.

    Evidentemente que nos interessa a lgica filosfica, a qual lida com

    descries formais da linguagem natural, sendo postulado pelos filsofos que a

    maior parte do raciocnio normalpode ser capturada pela lgica, desde que se seja

    capaz de encontrar o mtodo certo para traduzir a linguagem corrente para essa

    lgica.

    A lgica estuda e sistematiza a argumentao vlida. O seu alto grau de

    preciso e tecnicismo permitiu-lhe tornar-se uma disciplina autnoma em relao

    filosofia, tanto que nos dias atuais, ela recorre a mtodos matemticos, e os lgicos

    contemporneos tm em geral formao matemtica. Todavia, a lgica elementar

    que se costuma estudar nos cursos de filosofia to bsica como a aritmticaelementar e no tem elementos matemticos. A lgica elementar usada como

    instrumento pela filosofia, para garantir a validade da argumentao

    (CHATEAUBRIAND, 2008).

    Quando a filosofia tem a lgica como objeto de estudo, entramos na rea da

    filosofia da lgica, que estuda os fundamentos das teorias lgicas e os problemas

    no estritamente tcnicos levantados pelas diferentes lgicas. Hoje em dia h muitas

    lgicas alm da teoria clssica da deduo de Russell e Frege (como as lgicaslivres, modais, temporais, paraconsistentes, difusas, intuicionistas, etc.), o que

    levanta novos problemas filosofia da lgica (CHATEAUBRIAND, 2008).

    Para Warburton (2007) a filosofia da lgica distingue-se da lgica filosfica,

    que no estuda problemas levantados por lgicas particulares, mas problemas

    filosficos gerais, que se situam na interseco da metafsica, da epistemologia e da

    lgica. Em qualquer caso, o importante no pensar que a lgica filosfica um

    gnero de lgica, a par da lgica clssica, mas mais filosfica; pelo

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    contrrio, e algo paradoxalmente, a lgica filosfica, no uma lgica no sentido em

    que a lgica clssica uma lgica, isto , no sentido de uma articulao sistemtica

    das regras da argumentao vlida.

    A lgica informal estuda os aspectos da argumentao vlida que no

    dependem exclusivamente da forma lgica (WARBURTON, 2007)

    Enfim, a Lgica filosfica est muito mais preocupada com a conexo entre a

    Linguagem Natural e a Lgica.

    Ceticismo e outros ismos

    Ceticismo, Cinismo, Dogmatismo, Estoicismo, Epicurismo, Neoplatonismo,

    Humanismo, Iluminismo, Espiritualismo, Pragmatismo, Racionalismo, Subjetivismo,

    Materialismo, Idealismo so alguns dos inmeros ismos das cincias sociais (aqui

    s citamos aqueles que mais tem relao com a filosofia).

    Suas acepes variam conforme a rea ou ramo de conhecimento, ou seja,

    referem-se a posies assumidas ou ideias aceitas sobre a possibilidade doconhecimento (GRAYLING, 1996).

    O Dogmatismo defende que no existe o problema do conhecimento

    enquanto relao entre sujeito e objeto. As coisas existem pura e simplesmente, o

    jeito acreditar. O Ceticismo o extremo do Dogmatismo e afirma que o sujeito no

    pode apreender o objeto, da o conhecimento ser impossvel. J o Subjetivismo e o

    Relativismo limitam a validade do conhecimento ao sujeito. Toda verdade relativa,

    no h verdade absoluta. Para o Pragmatismo, o conhecimento ou a verdadesignificam utilidade, valor, prtica. Numa posio diferente, o Criticismo admite o

    conhecimento, mas sob reserva. No dogmtico nem ctico, mas reflexivo e

    crtico. Para cada um destes ismos houve ilustres filsofos com suas obras

    clssicas. Alm destes ismos h outros, referentes ainda ao conhecimento, sobre

    sua origem e sobre sua essncia (GRAYLING, 1996).

    Vamos explica o que vem a ser o "ismo". uma posio filosfica ou cientfica

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    que sustenta algo sobre uma ideia, um fato, um sistema, uma poltica, um programa,

    uma circunstncia, etc. uma ideia central a nortear o adepto perante o mundo ou

    em face de determinadas coisas. um mtodo ou conjunto de valores, um

    principio ou conjunto de princpios explicativos sobre alguma coisa ou algum fato.

    uma filosofia ou um modo de ver o mundo ou determinado problema. Para Grayling

    (1996) h tantas definies de ismos quase quantos ismosh. Cada um tem seu

    contexto histrico em que surge e se desenvolve. Ocorre, muitas vezes, que, aps

    passar a ser moda ou um sistema de ideias dominante, o ismocai no ostracismo.

    No h dvidas de que a filosofia sempre preconizou grandes cosmovises.

    Com elas, o pensador procurava entender e unificar o entendimento do mundo por

    um prisma especfico, fundando escolas de pensamento, correntes e filosofias

    especficas. Cada poca da histria do pensamento mundial, uma determinada

    cosmoviso predominou, e a maioria das vezes contaminoutodas as reas de uma

    determinada sociedade ou cultura. Formas de pensar, de ver o mundo, de conceber

    o universo, o homem e a sociedade, passaram por uma viso unificada e voltada

    para um determinado conjunto de ideias de uma escola ou corrente filosfica

    especfica (MIRANDA, 2008).

    Tentaremos na sequncia, definir e explicar pormenorizadamente alguns dos

    ismos mais importantes dentro da Filosofia, j adiantando que, como observado

    acima, eles so inmeros. Portanto, sugerimos aprofundamento paralelo, devido a

    importncia do seu conhecimento para o entendimento da trajetria percorrida pela

    filosofia.

    O Ceticismo, estudo e o emprego dos argumentos cticos, frequentemente

    descrito como a tese do no ou do pode ser! Mas segundo Grayling (1996) essa

    uma caracterizao ruim, porque se no conhecemos nada, ento no podemos

    saber que no sabemos nada, e assim tal afirmao trivialmente algo que frustra a

    si mesma. Na realidade, ele um desafio direto contra reivindicaes de

    conhecimento, e a forma e a natureza do desafio variam segundo o campo da

    atividade epistmica em questo.

    O termo ceticismo terminou por designar atualmente, na linguagem comum,

    uma atitude negativa do pensamento. O ctico visto, frequentemente, no somente

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    como um esprito hesitante ou tmido, que no se pronuncia sobre nada, mas como

    aquele que, sobre qualquer coisa que avanada, ou sobre qualquer coisa que

    possa dizer, se refugia na crtica. Da mesma forma, acredita-se ainda que o

    ceticismo a escola da recusa e da negao categrica. Os cticos qualificam a si

    mesmos de zetticos, isto , de pesquisadores; de efticos, que praticam a

    suspenso do juzo; de aporticos, filsofos do obstculo, da perplexidade e dos

    resultados no encontrados (GRAYLING, 1996; MEGALE, 2008).

    O Historicismo, surgido no sculo XIX, mais precisamente em 1881, uma

    viso ou filosofia segundo a qual todos os valores resultam de uma evoluo

    histrica. A historicidade ou a insero cronolgica, causal, condicionante e

    concomitante de eventos na histria constitui posio assumida a priori, isto , ela

    prvia e determina a insero dos fatos na histria. A razo substitui a providncia

    divina na viso historicista, caracterizada pela conscincia histrica, pela

    historicidade do real. A humanidade compreendida por sua histria e a essncia

    do homem no a espcie biolgica, mas sua histria, movida pela razo

    (GRAYLING, 1996; MEGALE, 2008).

    O termo humanismo veio com o objetivo de promover a educao e formao

    global do indivduo atravs do estudo dos clssicos gregos e latinos, em oposio s

    escolas da moderna pedagogia. A prpria natureza e experincia humanas

    constituem os seus fundamentos (GRAYLING, 1996; MEGALE, 2008).

    O Positivismo se constitui no conjunto de ideias e doutrinas de Comte (1798-

    1857) baseado nas obras Curso de filosofia positiva, Sistema de filosofia positivae

    Catecismo positivista. Admite a evoluo da humanidade em trs estados: teolgico,

    metafsico e positivo. Tudo relativo - eis o princpio absoluto nico.No sculo XX

    o positivismo ressurgiu com novo nome e outra preocupao, no Crculo de Viena,

    empirismo lgico ou positivismo lgico (GRAYLING, 1996; MEGALE, 2008).

    Utilitarismo ou Pragmatismo uma teoria tica e social que defende a busca

    do poder como objetivo do homem. uma verso moderna do epicurismo, ou a

    busca da felicidade. Surgiu no final do sculo XIX com J. Bentham e J. Mill. Tem

    certa semelhana com o hedonismo, diferenciando-se deste pelo aspecto moral.

    Segundo Veblen, o homem econmico um emrito calculador de prazeres e de

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    sofrimentos, se se consideram o lucro e o custo como prazer e sofrimento. O direito

    serviu-se das ideias utilitaristas, atravs da jurisprudncia produzida pela obra de

    Beccaria: Dos delitos e das penas, que defendia a pena ou o sofrimento para todos

    os criminosos, de qualquer classe sem distino, desde a nobreza at a classe mais

    baixa. O crime deve ser compensado de seu prejuzo para com a sociedade atravs

    do castigo e a nica medida do crime a extenso do dano: maior crime, maior

    pena (MEGALE, 2008)

    No geral, as teorias filosficas do conhecimento, apesar da sua enorme

    diversidade, polarizam-se em grandes problemas do tipo: (1)Qual a natureza do

    conhecimento? (2)Qual o seu valor ou possibilidade? (3)Qual a sua origem?

    No quadro abaixo temos os grandes problemas e algumas respostas

    filosficas.

    Problema Resposta filosfica

    (1) O que que

    conhecemos?

    Os prprios objetos,ou as representaes,

    em ns, dos

    mesmos?

    Realismo: Conhecer apreender a realidade existente na experincia interna

    (atos da conscincia) ou na experincia externa (objetos do mundo sensvel).

    Os objetos existem independentemente dos sujeitos.

    Idealismo: Nega a existncia do real. A realidade reduzida a ideias: o mundo

    sensvel um mero produto do pensamento. Os objetos s existem enquanto

    representaes, no tm uma existncia independente.

    (2) Pode o sujeito

    apreender o objeto?

    Atingir a verdade, a

    essncia das coisas,

    ou est condenado s

    suas mltiplas

    aparncias?

    O dogmatismo (dogmatiks, em grego significa que se funda em princpios ou

    relativo a uma doutrina) defende a apreenso absoluta da realidade pelo sujeito.

    Esta posio assenta numa total confiana na razo humana.

    O cepticismo (skeptiks, em grego significa que observa, que considera)

    defende a impossibilidade do sujeito apreender a realidade.Esta posio

    desconfia na razo humana.

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    (3) Qual a origem do

    conhecimento: a

    razo ou a

    experincia?

    Racionalismo: a razo a fonte principal do conhecimento. O conhecimento

    sensvel considerado enganador. Por isso, as representaes da razo so as

    mais certas, e as nicas que podem conduzir ao conhecimento logicamente

    necessrio e universalmente vlido.

    Os racionalistas partem do princpio que o sujeito cognoscente ativo e, ao

    criar uma representao de qualquer objeto real, est a submet-lo s suas

    estruturas ideias.

    Entre os filsofos que assumiram uma perspectiva racionalista do

    conhecimento, destacam-se Plato, Ren Descartes (1596-1650) e Leibniz.

    Todos eles partem do princpio que temos que so ideias inatas e que a nossa

    razo que constri a realidade tal como a percebemos.

    Descartes considerado o fundador do racionalismo moderno. Aps ter

    suspendido a validade de todos os conhecimentos, porque susceptveis de

    serem postos em causa, descobre que a nica coisa que resiste prpria

    dvida a razo. Esta seria a primeira verdade absoluta da filosofia. Descobre

    ainda que possumos ideias que se impem razo como verdadeiras mas que

    no derivam da experincia (as ideias inatas). S com base nestas ideias claras

    e distintas, segundo Descartes, se poderia construir por deduo um

    conhecimento universal e necessrio.

    Empirismo: a experincia a fonte de todo o conhecimento. Os empiristas

    negam a existncia de ideias inatas, como defendiam Plato e Descartes. A

    mente est vazia antes de receber qualquer tipo de informao proveniente dos

    sentidos. Todo o conhecimento sobre as coisas, mesmo aquele em que se

    elabora leis universais, provm da experincia, por isso mesmo, s vlido

    dentro dos limites do observvel.

    Os empiristas reservam para a razo a funo de uma mera organizao de

    dados da experincia sensvel, sendo as ideias ou conceitos da razo simples

    cpias ou combinaes de dados provenientes desta experincia.

    FONTE: (GRAYLING, 1996)

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    Retrica e Oratria

    A definio de retrica conhecida: a arte de bem falar, de mostrareloquncia diante de um pblico para ganhar a sua causa. Isto vai da persuaso

    vontade de agradar: tudo depende (...) da causa, do que motiva algum a dirigir-se a

    outrem. O carter argumentativo est presente desde o incio: justificamos uma tese

    com argumentos, mas o adversrio faz o mesmo: neste caso, a retrica no se

    distingue em nada da argumentao (...). Para os antigos, a retrica englobava tanto

    a arte de bem falar - ou eloquncia - como o estudo do discurso ou as tcnicas de

    persuaso at mesmo de manipulao (MEYER, 1997).A origem da Retrica como tcnica oratria de persuaso, remonta

    necessidade grega na nova configurao das relaes sociais com o advento da

    Plise do regime democrtico. H toda uma configurao histrica contextual que

    precisa ser entendida para compreender os desdobramentos e necessidade do

    aprendizado da Oratria nesses tempos remotos, bem como sua aplicao e

    necessidade nos tempos atuais. Juntamente com a Lgica Argumentativa, a

    Filosofia Poltica e a tica, a Retrica e a Oratria constitui um estudo racional dodiscurso, se constituindo um dos grandes temas da filosofia.

    A palavra Retrica (originria do grego rhetorik, arte da retrica,

    subentendendo-se o substantivo tchne) tem sido entendida historicamente em

    acepes muito diversas. Em sentido lato, a retrica se mistura com a potica,

    consistindo na arte da eloquncia em qualquer tipo de discurso. No esse, no

    entanto, o sentido que interessa no estudo em questo, mas a concepo mais

    restrita que identifica a retrica como a faculdade de ver teoricamente o que, emcada caso, pode ser capaz de gerar a persuaso (PACHECO, 2008).

    Como caractersticas bsicas da retrica temos:

    A retrica exerce a persuaso por meio de um discurso. No se recorre

    a um experimento emprico nem violncia, mas procura-se ganhar a adeso

    intelectual do auditrio apenas com o uso da argumentao;

    A retrica se preocupa mais com a adeso do que com a verdade. O

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    objetivo daquele que a exerce obter o assentimento do auditrio tese que

    apresenta. A verdade ou falsidade da mesma uma questo secundria;

    A retrica se utiliza da linguagem comum do dia-a-dia, e no de uma

    linguagem tcnica ou especializada. Isso ocorre porque a retrica dirigida a todos

    os homens, e no a um setor especfico da populao;

    A retrica no se limita a transmitir noes neutras e asspticas, mas

    tem sempre em vista um determinado comportamento concreto resultante da

    persuaso por ela exercida, j que se prope a modificar no s as convices, mas

    tambm as atitudes (PACHECO, 2008).

    Na verdade, para compreender a retrica preciso levar em conta o processohistrico de sua formao e evoluo no mundo grego.

    Suas origens esto relacionadas s novas relaes sociais advindas do

    surgimento da Polis como foi falado acima, consistindo sua essncia na persuaso

    atravs da argumentao, portanto, no h como pensar na retrica sem

    democracia e liberdade de debate, caractersticas da organizao poltica do mundo

    grego. Ligada tambm ao Direito, no aspecto que Aristteles chamou de Gnero

    judicial do discurso retrico (PACHECO, 2008).

    A Retrica s se desenvolveu plenamente, no entanto, aps a consolidao

    da democracia ateniense. Todos os cidados atenienses participavam diretamente

    nas assemblias populares, que possuam funes legislativas, executivas e

    judicirias. Assim todos os assuntos eram submetidos ao voto popular - a

    organizao do estado, a fixao de impostos, a declarao de guerra e at mesmo

    a morte de um cidado, tudo isso era submetido apreciao dos tribunais de

    justia. Nenhum cidado podia escapar sua cota de responsabilidade, que muitas

    vezes inclua a justificativa de sua opinio perante uma platia. O exerccio da

    funo poltica dependia, portanto, da habilidade em raciocinar, falar e argumentar

    corretamente, e era natural que houvesse uma demanda de professores que

    proporcionassem a necessria educao poltica. Esses professores eram os

    sofistas (PACHECO, 2008).

    A maioria dos sofistas desprezava o conhecimento daquilo que discutiam,

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    contentando-se com simples opinies, concentrado a sua ateno nas tcnicas de

    persuaso e, tanto por isso, encontramos oposicionistas como Scrates e Plato,

    que afirmavam ser a retrica, uma negao da prpria filosofia e passaram a impor

    como condio primeira da filosofia, que o discurso fosse dirigido razo e no

    emoo, no sendo necessrio convencer ningum.

    Durante a Idade Mdia, a argumentao adquiriu enorme divulgao,

    nomeadamente entre os clricos, ocupando um lugar central na educao (fazia

    parte do Trivium) (FONTES, 2008).

    Na Idade Moderna, a retrica continuou a desfrutar ainda de algum prestgio

    nos pases catlicos ( s relembrar o orador Padre Antonio Vieira), mas segundo

    Fontes (2008), a tendncia era outra. A Retrica como arte argumentativa comeou

    a ser completamente desacreditada. Descartes reafirma o primado das evidncias

    sobre os argumentos verossmeis. Na mesma linha, se desenvolve o discurso

    cientfico. No se trata de convencer ningum, mas de demonstrar com fatos,

    dados, provasa Verdade (nica e irrefutvel).

    Chegamos ao sculo XX e a verdade dos filsofos no pode mais ser

    admitida como ponto de partida para qualquer discusso, muito por consequnciadas teses relativistas e o descrdito das ideologias. Fontes (2008) nos diz que todas

    as filosofias no passam de opinies plausveis que devem ser continuamente

    demonstradas atravs de argumentos tambm eles meramente plausveis. Neste

    sentido, toda a filosofia um espao sempre em aberto e susceptvel de continuas

    revises.

    Ontologia e Cosmologia

    Respectivamente, Ontologia e Cosmologia so: A Cincia do Sere a Cincia

    do Cosmos.

    A Ontologia parte do princpio que existe algo perene, alm das

    particularidades de cada coisa, alm dos acidentes, estudando, portanto, o SER

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    enquanto SER (SANTOS, 1957).

    A Cosmologia preocupa-se, sobretudo, com uma concepo do Universo,

    seja ele fsico ou metafsico (SANTOS, 1957).

    Ambos os estudos fazem parte da concepo Metafsica da Filosofia (sendo

    objeto desta), no entanto, inseridos nela, revelam apenas aspectos do que a

    Metafsica como um todo: a cincia da realidade ltima das coisas (SANTOS,

    1957).

    Se um cosmos (de Cosmos, em grego, universo organizado em oposio a

    Caos) tem realmente uma ordem, se um e nico, se h vrios, se entre eles h

    pontos de contato ou no, se forma uma unidade ou uma pluralidade, se essaunidade homognea ou o produto de uma pluralidade, heterognea, portanto, que

    se unifica, etc., tais perguntas cabem Metafsica responder (SANTOS, 1957).

    A filosofia no se d fora da vida, ou seja, pertence vida e ao homem, e

    busca, atravs do cosmos, invadir os mais altos terrenos sobre a origem e o destino

    do ser humano, no impedindo, claro, que se torne em cio agradvel de alguns

    espritos.

    De acordo com Fontes (2008) a Cosmologia enquanto disciplina filosfica usa

    mtodos metafsicos para estudar os magnos problemas que surgem da viso do

    nosso cosmos, sendo que entre os gregos, o problema cosmolgico fora colocado

    desde a antiguidade, como encontramos nas origens da filosofia hindu, da filosofia

    chinesa e da egpcia.

    O mesmo autor infere sobre duas vertentes da cosmologia, a cientfica (que

    estuda as diversas hipteses sobre a ordenao do mundo) e a filosfica (que

    examina tais hipteses e estabelece especulaes fundadas apenas em mtodos

    metafsicos), entretanto, o prprio confere a essa classificao uma certa

    arbitrariedade, ou seja, no h tanta distino assim entre elas, se confundindo em

    seus centros

    Para distinguir a Cosmologia cientfica da filosfica, Fontes (2008) prope

    indicar que a primeira, em suas observaes, pode comprov-las, empregando at

    certo ponto os mtodos da cincia, enquanto a metafsica baseia-se nos mtodos

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    filosficos para estudar o cosmos.

    Enfim, a Cosmologia a cincia filosfica que estuda a origem, determinao,

    significao e destino do mundo.

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    UNIDADE 5 - OS RAMOS DA FILOSOFIA

    Social e poltica

    No entendimento de Almeida (2005) a Filosofia Poltica est intimamente

    ligada tica, principalmente por fazer parte da tica da Coletividade. O autor

    ressalta que na antiguidade no houve separao entre a moral das pessoas e suas

    atuaes polticas, sendo a tica responsvel por ambas.

    A melhor definio possvel para a Filosofia Poltica a mais ampla possvel,ou seja, o campo da investigao filosfica que se ocupa das relaes

    humanas consideradas em seu sentido coletivo.

    Voltando Antiguidade grega e romana (principalmente na primeira), discutia-

    se os limites e as possibilidades de uma sociedade justa e ideal (Plato, com sua

    obra A repblica). Mas o que se tornou clebre, por tornar-se a teorizao da prtica

    poltica grega, em particular de Atenas, foi o tema do bem comum (Aristteles),

    representado pelo homem poltico, compreendido como o cidado habitante da

    Polis, o homem politiksque opinando e reunindo-se livremente na gora, junto a

    seus pares, discute e delibera acerca das leis e das estruturas da sociedade. J em

    Roma, Ccero teorizou a Repblica como espao das liberdades cvicas, em que

    ocorre uma complementaridade entre os senadores e a plebe (tese retomada no

    sculo XVI por Maquiavel).

    Segundo Politzer (2001) e Chau (2003), desde fins da Idade Mdia, a

    Filosofia Poltica e os pensadores tratavam das mais variadas questes sobre a

    legitimao e a justificao do Estado e do governo:

    Os limites e a organizao do Estado frente ao indivduo (Thomas

    Hobbes, John Locke, dentre outros);

    As relaes gerais entre sociedade, Estado e moral (Nicolau

    Maquiavel, Augusto Comte, Antonio Gramsci);

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    As relaes entre a economia e poltica (Karl Marx, F. Engels, Max

    Weber);

    O poder como constituidor do indivduo(Michel Foucault);

    As questes sobre a liberdade (Benjamin Constant, John Stuart Mill,

    Hannah Arendt, Raymond Aron, Norberto Bobbio);

    As questes sobre justia e Direito (Kant, Hegel, Habermas) e,

    As questes sobre participao e deliberao (Habermas, Joshua

    Cohen).

    Educao

    tarefa da Filosofia da Educao contribuir para a intencionalizao da

    prtica educacional, a partir de sua prpria construo em ato; como presena

    atuante na sociedade.

    Essa internacionalizao quer dizer, dar condies prtica educacional paraque se realize como prxis, ou seja, como ao pautada num sentido, como ao

    pensada, refletida, apoiada em significaes construdas, explicitadas e assumidas

    pelos sujeitos envolvidos. por isso que se pode definir a Filosofia da Educao

    como o esforo para o desvendamento/construo do sentido da educao no

    contexto do sentido da existncia humana, em sua totalidade (MIRANDA, 2008).

    Para Kohan (2008) pensar, reformular e fundamentar a funo do professor

    como educador, a funo dos alunos enquanto educandos, e a prpria funo daeducao como mtodo de aprendizado e seus prprios mtodos de ensino e tantos

    outros temas e abordagens em relao ao ensino o escopo da Filosofia da

    Educao.

    Como havia falado inicialmente sobre o descaso do ensino de filosofia nos

    pases latino-americanos, mais especificamente no Brasil, realmente ela ocupa um

    lugar de pouco interessante no universo acadmico e no Ensino Mdio, embora

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