01 - Plano aula Homilética

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1 Homilética – Aula 01 (18/03/2009) Assunto: Introdução à Homilética. Turma: Avançado em Teologia – CEEDUC Referências Básicas: REIFLER, Hans Ulrich. Pregação ao Alcance de Todos. SOUZA, Itamir Neves de. Carta aos Romanos. Um Evangelho Singular. I - Definição de Homilética Homilética é a ciência e arte de preparar e pregar mensagens bíblicas. Etimologicamente a palavra homilética tem suas raízes em três palavras gregas (Reifler, p.12): 1. Homilos, que significa “multidão”, “turma” “assembléia do povo” (cf. At 18.17); 2. Homilia, que significa “associação”, ou “companhia” (cf. 1 Co 15.33); 3. Homileo, que significa “falar”, “conversar” (cf. Lc 24.14s; At 20.11; 24.26). Segundo o pastor Elienai Cabral foi de “homileo que adaptou-se o termo homilia. Foi a partir da raiz homiletike que passamos a entender a forma de pregação dos apóstolos no primeiro século da igreja” (1981, p. 15). Reifler nos informa que “O termo homilética surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais disciplinas teológicas receberam nomes gregos como, por exemplo, dogmática, apologética e hermenêutica”. Para concluir sua definição ele nos diz que o termo “homilética firmou-se e foi mundialmente aceito para referir-se à disciplina teológica que estuda a ciência, a arte e a técnica de analisar, estruturar e entregar a mensagem do evangelho” (1993, p. 11). Homilética é, por tanto, a ciência e arte de preparar e pregar mensagens bíblicas. II – A relação entre a homilética e outras disciplinas Dentro da estrutura teológica de disciplinas a homilética pertence à teologia prática. As disciplinas mais próximas da homilética são a hermenêutica e a exegese. A hermenêutica é conhecida como a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente a bíblia. Já a exegese é conhecida como a ciência, arte e técnica de expor as idéias bíblicas. Enquanto isso a homilética se apresenta como a ciência, arte e técnica de comunicar o evangelho.

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Plano de aula 01 do Professor Pb Esdras Carvalho da disciplina Homilética.

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Homilética – Aula 01 (18/03/2009)

Assunto: Introdução à Homilética. Turma: Avançado em Teologia – CEEDUC Referências Básicas:

• REIFLER, Hans Ulrich. Pregação ao Alcance de Todos. • SOUZA, Itamir Neves de. Carta aos Romanos. Um Evangelho Singular.

I - Definição de Homilética Homilética é a ciência e arte de preparar e pregar mensagens bíblicas. Etimologicamente a palavra homilética tem suas raízes em três palavras gregas (Reifler, p.12):

1. Homilos, que significa “multidão”, “turma” “assembléia do povo” (cf. At 18.17);

2. Homilia, que significa “associação”, ou “companhia” (cf. 1 Co 15.33); 3. Homileo, que significa “falar”, “conversar” (cf. Lc 24.14s; At 20.11;

24.26). Segundo o pastor Elienai Cabral foi de “homileo que adaptou-se o termo homilia. Foi a partir da raiz homiletike que passamos a entender a forma de pregação dos apóstolos no primeiro século da igreja” (1981, p. 15). Reifler nos informa que “O termo homilética surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais disciplinas teológicas receberam nomes gregos como, por exemplo, dogmática, apologética e hermenêutica”. Para concluir sua definição ele nos diz que o termo “homilética firmou-se e foi mundialmente aceito para referir-se à disciplina teológica que estuda a ciência, a arte e a técnica de analisar, estruturar e entregar a mensagem do evangelho” (1993, p. 11). Homilética é, por tanto, a ciência e arte de preparar e pregar mensagens bíblicas. II – A relação entre a homilética e outras discipli nas Dentro da estrutura teológica de disciplinas a homilética pertence à teologia prática. As disciplinas mais próximas da homilética são a hermenêutica e a exegese. A hermenêutica é conhecida como a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente a bíblia. Já a exegese é conhecida como a ciência, arte e técnica de expor as idéias bíblicas. Enquanto isso a homilética se apresenta como a ciência, arte e técnica de comunicar o evangelho.

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Nas palavras de Reifler “A hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto, a exegese expõem um texto bíblico á luz da teologia bíblica; e a homilética comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica” (1993, p. 12). A homilética ainda se associa à oratória, a retórica e a eloqüência. A oratória é a arte de falar; a retórica é o estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento natural da palavra. Finalmente temos a eloqüência, que é o uso de recursos persuasivos visando o convencimento do ouvinte. III – Dificuldades comuns à pregação bíblica Que dificuldades enfrentam a pregação e os pregadores na atualidade? Blackwood nos fala sobre o declínio do púlpito. Para este problema ele aponta como causas “o aumento do secularismo, o predomínio da imoralidade e o espírito de distração” (1981, p. 20). Como não se pode esperar que a culpa esteja totalmente sobre fatores externos ao pregador e ao sistema eclesiástico ele aponta ainda outra causa para o declínio do púlpito, “a falta de instrução adequada”. Para ele “Há muitos ministros que nunca aprenderam a pregar, ou então esqueceram tudo quanto sabiam” (1981, p. 20). È fato que a pregação tem caído em descrédito nos nossos dias. John Stott escreve sobre as “objeções contemporâneas contra a pregação” e diz, ao comentar sobre as décadas de 60,70 e 80, que “a maré da pregação entrou em refluxo e continua sendo baixa hoje” (2003, p. 47). Lloyd-Jones também sugere uma relação de razões para o declínio da pregação: uma atitude de desconfiança para com oradores de eloqüência no falar, pregadores profissionais que manipulam seus ouvintes, fazendo deles marionetes em suas mãos (ou, através de sua voz); perda da crença na autoridade das Escrituras; decréscimo de crença na verdade; e a publicação de ensaios literários, que são confundidos e tidos como sermões e pregações (cf. 1984, p. 7-11). O professor Itamir Neves de Souza também pode contribuir com este estudo sobre as objeções contemporâneas à pregação. Ele sugere ainda as seguintes objeções: a objeção causada pelo espírito de época; a objeção causada pelo progresso científico; a objeção causada pela apresentação de Jesus; a objeção causada pela valorização institucional; a objeção causada pela dicotomia entre a ortodoxia e a práxis; a objeção causada pela incoerência de vida; e a objeção causada pela descrença na relevância do evangelho. Esta avaliação do professor Itamir é concluída com um apelo gritante: “Necessitamos com urgência reagir fortemente a essas objeções e valorizarmos a pregação que traz a bíblia, a voz de Deus de volta ao povo” (2004, p.38-49).

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IV – Recuperando a Pregação nos nossos dias O que fazer para recuperar a pregação em nossos dias? Como reconquistar a autoridade da pregação no século XXI? Que passos devem ser dados em direção à recuperação da pregação? Itamir Neves de Souza (2003, p. 48 – 49):

• Convicção e certeza versus presunção e intolerância; • Respostas certas para perguntas atuais; • Compreender e sustentar os pensadores cristãos; • Desenvolver a disciplina da oração em favor da obra do Espírito Santo

de convencer o homem “do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16. 8 ARA);

• Buscar cada vez mais a dependência do Espírito Santo. Três passos que considero fundamentais:

• Retornar à palavra de Deus: devolver à Bíblia a centralidade e o governo do ministério da pregação;

• Voltar à disciplina da oração; • Buscar incansavelmente a coerência entre o estilo de vida apresentado

á sociedade e a pregação proclamada nos púlpitos. V – A natureza da Homilética Na linguagem do Novo Testamento é possível identificar quatro versos que descrevem a natureza da homilética:

1. Kerisso, proclamar, anunciar, tornar conhecido (61 ocorrências no NT). Está relacionado com o arauto (Keryx), “que é comissionado pelo seu soberano... para anunciar em alta voz alguma notícia, para assim torná-la conhecida”.

As quatro características principais da natureza da pregação segundo o Novo Testamento são:

a) Um arauto fala e age em nome de seu Senhor. O arauto é o porta-voz de seu mestre. É isto que dá à sua palavra legitimidade, credibilidade e autenticidade;

b) A proclamação do arauto já é determinada. Ele deve tornar conhecidas a vontade e a palavra de seu Senhor. O não-cumprimento desta missão desclassifica-o de sua função e responsabilidade;

c) O teor principal da mensagem do arauto bíblico é o a núncio do reino de Deus: Mt 4.17 – 23; 9.35; 10.7; 24.14; Lc 8.1; 9.2;

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d) O receptor da mensagem do arauto bíblico é o mundo inteiro: Mt 24.14;26.13; Mc 16.15; Lc 24.47; Cl 1.23; 1 Tm 3.16.

2. Euangelizomai, evangelizar. Quem evangeliza transmite boas novas, uma

mensagem de alegria. Assim se caracteriza a natureza da prédica evangélica.

3. Martyrein, testemunhar, testificar, ser testemunha. O testemunho de Jesus Cristo é outra característica autêntica da prédica evangélica. Jesus convidou seus discípulos para serem suas testemunhas do poder do Espírito Santo (Lc 24.48; At 1.8).

4. Didaskein, ensinar. Encontramos este verbo 95 vezes no NT. Seu significado é sempre ensinar ou instruir. O NT apresenta-nos Jesus como um grande educador (Mt 7.28, 29).

VI – O Alvo da Homilética Qual o alvo da mensagem evangélica? “Em geral, podemos dizer que o objetivo da mensagem evangélica é a conversão, nutrição, comunhão, motivação e santificação para a vida cristã (1993, p. 22). Conversão: (Rm 1.16); Nutrição, comunhão, motivação e santificação: (Cl 1.28, 2.6, 7; Ef 3.17; 4.11). Ação diaconal da membresia: (Ef 4.11; 1 Ts 1.9; Tt 3.8).

Referências REIFLER, Hans Ulrich. Pregação ao Alcance de Todos. São Paulo: Vida Nova, 1993. SOUZA, Itamir Neves de. Carta aos Romanos - Um evangelho Singular. Londrina: Descoberta, 2004. CABRAL, Elienai. O Pregador Eficaz. Rio de janeiro: CPAD, 1981. STOTT, Jonh. Eu Creio na Pregação. São Paulo: Editora Vida, 2001. BLACKWOOD, Andrew Watterson. A Preparação de Sermões. TRD. D. Macedo. 2º Edição. Rio de Janeiro: JUERP.