01 Blogjornalistico

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O blog e o jornalismo on-line Jornalismo on- line Professor mestre Artur Araujo ([email protected])

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O blog e o jornalismo on-line

Jornalismo on-lineProfessor mestre Artur Araujo ([email protected])

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Definindo a expressão

A palavra surgiu em 1997. Foi cunhada por Jorn Barger, que faz o site Robot Wisdom Weblog [http://www.robotwisdom.com/]. Com o tempo, a expressão foi abreviada para blog. O termo é a junção dos termos web (rede, teia) e log (diário de bordo)

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A página que Jorn Barger chamou de weblog

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Quais as características deste tipo de software? Baixo custo Permite a produção descentralizada de conteúdo (não existe a

necessidade de uma redação para produzir o material) Facilidade de publicação (o usuário não precisa ter grandes

conhecimentos em linguagem html para publicar) Criação de formato padrão de inserção de material na ordem

cronológica reversa (o mais antigo embaixo, o mais recente em cima) Viabilização da inserção de textos, imagens (fotoblogs), sons

(audioblogs) e vídeos (vblogs) Elaboração de recursos para estimular a interatividade humana

mediada por computador — esta última peculiaridade foi desenvolvida em um segundo momento da criação do programa e não se restringe aos softwares da família weblog

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Uma expressão polissêmica

Weblog, ou blog é uma expressão que comporta quatro significados distintos

1. É uma página na internet organizada cronologicamente (desde 1999, é produzida por meio de de softwares de edição)

2. É uma página que apresenta uma coleção de links

3. É uma home page4. É um diário on line

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As definições tendem a se misturar

Homepage

Diário

Páginaem ordem

cronológica

Coleçãode links

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O blog como tipo de software

Em julho de 1999, a empresa Pitas [http://www.pitas.com] , de Andrew Smales, iniciou um serviço de criação de páginas que qualificava como weblog. A empresa foi a pioneira na web a oferecer ferramentas na Internet para criação de páginas no formato. Se considerarmos blog um software, ele surgiu em 1999.

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O blog e a imprensa

O blog tem sido cada vez mais utilizado pela imprensa on line, inclusive pelos grandes do setor, como o The New York Times, a BBC e o The Guardian, no mundo anglófono. No Brasil, tem sido usado pela versão on line de O Globo e pelo iG.

O weblog tem sido adotado, igualmente, na imprensa alternativa.

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Algumas considerações sobre o blog na imprensa Os softwares de publicação tornam mais simples a

criação projetos jornalísticos individuais, como ocorria nos primórdios do jornalismo impresso (ainda hoje, ressalte-se, existem propostas deste tipo em versão impressa, como o Jornal Pessoal).

A facilidade e os baixos custos do blog, da mesma forma, tornam-no uma versão do Hyde Park londrino na internet.

Os baixos custos de produção permitem criar e manter jornais com pouco investimento.

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Como o blog tem sido usado na imprensa? O weblog tem sido usado de três modos

distintos :1. Como coluna

2. Como digesto

3. Como diário

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As definições tendem a se misturar

Coluna

Diário

Digesto

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Exemplo de blog como coluna[http://oglobo.globo.com/online/blogs/tereza/]

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Exemplo de blog como digesto [http://weblogs.clarin.com/conexiones/]

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Exemplo de blog como diário [http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_depth/2866547.stm]

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Uma investigação no mundo dos blogs Minha dissertação de mestrado, defendida em

2006, abordou a questão dos blogs como gênero jornalístico.

As questões principais eram se o blog poderia ser considerado jornalístico e se ele, de alguma maneira, mudaria o sentido de fazer jornal com a sua chegada.

Escolhi dois blogs para investigar os temas: o blog de no minimo e o blog do observatório de imprensa.

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No Mínimo Weblog e Bloi

A qualidade da produção de No Mínimo Weblog e do Bloi e o fato de ambos refletirem sobre o fazer jornalístico atraíram o foco da pesquisa. Essas características, aliadas à freqüente atualização das páginas e a correspondência com a definição mais usual da palavra blog, influenciaram fortemente a escolha como objeto de reflexão

A pesquisa investigou a totalidade da produção das duas seções no ano de 2003

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Objetivos

A segunda etapa desse trabalho refere-se propriamente aos enunciados: qual o sentido desses discursos? Que idéias eles projetam para a atividade? De que modo o fazer jornalístico era pensado neles?

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Princípios teóricos

Para compreender se o weblog pode ser considerado jornalístico, a pesquisa fundamentou seu constructo principalmente na obra de Otto Groth

Para identificar que idéia de imprensa os weblogs selecionados apresentavam, a pesquisa empregou a metodologia da Análise do Discurso

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Uma definição de jornalismo

A dissertação optou pelas definições cunhadas pelo teórico alemão Otto Groth (1928). Jornais caracterizam-se pela: Periodicidade ou produção contínua, Aparição pública, Diversidade de conteúdo, Interesse geral, Atualidade e Produção profissional (atividade econômica)

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Outras características

Além dos traços pertinentes propostos por Groth, a pesquisa ainda considera como jornalístico um discurso:Expresso no modo de verdade e Caracterizado no propósito de fazer-saber

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Como definir o blog?

“Não podemos adivinhar como uma palavra funciona. Temos de ver seu emprego e aprender com isso”

Ludwig Wittgenstein

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As definições de weblog Coleção de links com comentários Diário on-line Home page pessoal Página na Internet com textos ou arquivos

dispostos em ordem cronológica reversa (a mais difundida atualmente) e

Espaço de discussão

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Como lidar com a polissemia? A acepção de página na Internet

com textos ou arquivos dispostos em ordem cronológica reversa (a mais difundida atualmente) terminou por se tornar o fundamento para lidar com o conceito. Os demais sentidos foram considerados complementares

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Por que o blog se disseminou?

Baixos custos de produção Grande acessibilidade Rapidez de publicação e Facilidade de manuseio, pois o

interessado não mais precisava conhecer a codificação HTML para publicar

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Um Hyde Park no ciberespaço

A gratuidade e acessibilidade do serviço e a facilidade do uso terminaram por fazer do blog uma metáfora, no ciberespaço, do Hyde Park londrino, jardim público especialmente famoso por seu speaker’s corner, tribuna onde anônimos e famosos, dos mais diferentes credos, tomam a palavra e expõem suas idéias

A participatividade é um dos fundamentos do weblog

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O blog e o jornalismo

Um dos desdobramentos da difusão do blog no ciberespaço foi sua utilização para fins jornalísticos. Contudo tal aplicação tem gerado polêmica entre profissionais da área. De um lado, há instituições e indivíduos que criaram blogs e os qualificam como uma forma de jornalismo; de outro, há quem resista à idéia

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Crítica ao blog como jornalismo

AmadorismoO fato de qualquer um poder criar um weblog e

começar imediatamente a publicar sem os compromissos elementares do ofício da imprensa, como a checagem de informações e a obediência aos critérios de redação jornalística são os principais argumentos para se rejeitar a hipótese de o blog ser adotado em redações

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Contrapontos à crítica

Pelo menos duas características do weblog:Coleção de links com comentáriosPágina na Internet com textos ou arquivos

dispostos em ordem cronológica reversa ... não contradizem o constructo proposto de

jornalismo nesta dissertação

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Conclusão sobre a 1ª hipótese

Um weblog pode se enquadrar no constructo de jornalismo

Vários ciberjornais vêm adotando o formato e tratando o espaço como parte editorial

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Jornalismo, blog e mediação

O weblog surgiu em um momento de instabilidade na história da imprensa. A propriedade participativa da rede, da qual essa manifestação é um dos expoentes, apresenta-se como uma nova forma de ocupar o espaço público, no qual o jornalismo procura um novo papel. Para entender esse papel, é preciso compreender o sentido inicial do fazer jornalístico

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Capitalismo e democracia

Segundo Otto Groth, o jornalismo é produto da democracia e do capitalismo. Nesse contexto, a imprensa age como um instrumento do poder público para gerir a sociedade

O discurso jornalístico, ao apresentar-se como uma expressão de “verdade”, conota o esforço de um enunciado empenhado em fazer-se crer

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Fundamento do discurso jornalístico

Como o jornalismo produz seus enunciados “realistas”?

As fontes, os “atores observados ou entrevistados por jornalistas” são o alicerce do trabalho de apuração de notícias

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A seleção de fontes é arbitrária

“Os poderosos, econômica e politicamente, podem obter fácil acesso e são procurados por jornalistas; aqueles que são desprovidos de poder têm dificuldade de chegar aos jornalistas e não são procurados até suas ações gerarem desordens morais ou sociais. Em resumo, o acesso reflete a estrutura social do lado de fora das redações dos jornais”.

Hebert Gans

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Um ‘clero leigo’

“Historicamente, o jornalismo aparece no contexto de um gigantesco esforço das sociedades modernas para se definir sem a voz de Deus, ou seja, a partir delas mesmas. Nesse sentido, é correlativo ao declínio da função religiosa do clero”

Louis Quéré

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Mediação

O jornalismo seria, portanto, um agente mediador entre o público e o establishment

Algo, contudo, mudou. O papel da imprensa vive um momento de transformação, com perda de público e de receitas publicitárias, assim como um esboroamento do discurso político, decorrente de um descrédito no sistema representativo

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Um real ‘tagarela’

“A ideologia do consumo e o funcionamento da mídia nos traz a fórmula: ‘O real doravante tagarela’. Enquanto o regime precedente se fundava sobre seu silêncio, o da sociedade tecnológica não cessa de produzir som”

Louis Quéré

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Uma realidade construída

O prenúncio de uma era mais voltada à produção incessante de discursos trouxe consigo uma perda do status da mídia tradicional

O conceito de blog surge como uma expressão da difusão dos microdiscursos que marca essa condição pós-moderna. O jornalismo, um dos mediadores privilegiados da sociedade democrático-burguesa, vive uma crise

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Dessacralização do discurso

“O homem moderno já não proclama nem declama, fala e fala com restrições (...) Os sujeitos falantes dos gêneros declamatórios nobres – sacerdotes, profetas, pregadores, juízes, chefes, patriarcas etc. – desapareceram da vida (...) Realizou-se uma secularização completa da literatura”

Mikhail Bakhtin

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A palavra banalizada

A cada inovação tecnológica, desde a invenção da imprensa, passando pelas máquinas fotocopiadoras, as condições para qualquer um falar o que quiser para quem quiser tornaram-se cada vez mais propícias, e foi nesse sentido que os inventos se disseminaram

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Mil platôs

“Uma sociedade se define por seus amálgamas e não por suas ferramentas”

Deleuze e Guatarri

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Metodologia

Por isso, o weblog, compreendido principalmente como página de hipertexto pré-moldada, é o produto por excelência dessa palavra dessacralizada do ambiente on-line

Sob esse aspecto, é interessante observar o papel do blog jornalístico: que idéia de imprensa esses projetos expressam? Para responder essa pergunta, a pesquisa apoiou-se nos fundamentos da Análise do Discurso

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“A verdade está na Internet” O principal achado da investigação

hermenêutica é que o discurso de No Mínimo Weblog atribui às empresas jornalísticas, principalmente as grandes, o costume de esconder informações do grande público e que a Internet tem o poder de suplantar esses “filtros” e mostrar a verdade. A coluna dirige sua atenção principalmente aos sites de fala inglesa e praticamente ignora os ciberjornais brasileiros

No Mínimo Weblog

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Reprodução da página

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“A imprensa não sabe e não quer saber” O principal achado da investigação

hermenêutica é que, no discurso do Bloi, as empresas jornalísticas não têm competência para saber e a explicação para isso está no fato de que elas não se interessam em conquistar essa habilidade. A coluna dirige sua atenção para jornais impressos brasileiros e praticamente ignora a Internet, a televisão e o rádio

Blog do Observatório da Imprensa

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Reprodução da página

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De que maneira o weblog se insere como discurso da profissão? Os dois casos pesquisados evidenciaram duas formas de empregá-lo: como seção de ciberjornal – a situação de No Mínimo Weblog – e como parte de publicações especializadas – que é o caso do Bloi. Nesse sentido, a página de Pedro Doria está contida em uma publicação cujas características estão de acordo com o constructo e portanto é jornalística. Já o Blog do Observatório da Imprensa não se enquadra nos parâmetros apenas por um detalhe, que é sua natureza de publicação especializada

1ª Conclusão

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Nos dois casos estudados, a referência dos discursos continua sendo a imprensa. Nesse sentido, há também outras coisas nítidas nesses dois enunciados: o uso de estilos ortodoxos da práxis, como a coluna e o digesto, a ênfase nos valores tradicionais do jornalismo e a própria importância implícita que essas publicações atribuem ao discurso da imprensa

2ª Conclusão

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Ao valorizar a tradição, ao recortar, da miríade de topos, de momentos e de atores do mundo, aqueles que estão relacionados ao jornalismo, os narradores tornam esse o grande objeto de seu discurso

Se a palavra segue um devir dessacralizante, como Bakhtin observa, o tipo de atividade jornalística desenvolvida nos dois blogs estudados sinaliza como que uma contracorrente

O No Mínimo Weblog e o Bloi, ao manterem a profissão como referência de sua atividade, sinalizam um esforço em projetar a importância da enunciação jornalística

3ª Conclusão

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Esse tema é mais complexo, porque as duas publicações têm pontos de vista divergentes

Vamos apresentar aqui as distintas visões que as publicações mostram em seus discursos

4ª Conclusão: a idéia de imprensa

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Em relação à espacialização, o Brasil é praticamente ignorado no noticiário de No Mínimo Weblog, enquanto no Bloi, a imprensa brasileira é continuamente destacada, mas de modo, na maioria das vezes, depreciado, seja porque não sabe fazer, seja porque é fraca e precisa de amparo

Idéia de imprensa – espacialização

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Em relação ao tempo, os enunciados de No Mínimo Weblog prestigiam ora o passado como uma época figurativizada pela competência modal do “saber-fazer”, ora o futuro, projetado como uma expectativa de que a “verdade” triunfará por meio da Internet. Essa imagem positiva pode ser identificada em Pedro Doria, por exemplo, nos momentos em que os personagens do discurso são apresentados e elogiados por serem “veteranos”

Idéia de imprensa – temporalização

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Já no Bloi, os enunciados mostram o presente como um momento com melhores condições para a produção midiática impressa, mas essa vantagem não é assimilada pelas publicações, pois as empresas do setor não sabem fazer e não querem saber. Em vários momentos do discurso isso pode ser notado, mas a frase mais emblemática que ilustra o conceito foi o oximoro cunhado por Dines: “A humanidade nunca foi tão informada e nunca esteve tão desinformada”

Idéia de imprensa – temporalização

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O uso do link teve propósitos distintos O No Mínimo Weblog utiliza-o para remissões

a outros domínios na rede, o que conota valorização de uma alteridade jornalística

Já no Bloi, ele é usado para se acessar o site do Observatório da Imprensa. O link tem, portanto, um papel auto-referencial, que ignora a alteridade, parafraseando a si mesmo

Idéia de imprensa – links

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O No Mínimo Weblog usava as remissões, os links, como “prova de verdade”, escorando o discurso na preeminência dos títulos citados na seção

Já o Bloi reportava-se à mídia impressa, utilizando-a como referente do discurso, exigindo do co-enunciador o hábito de ler jornais. A publicação utiliza também uma auto-invocada competência modal do “saber-fazer” como tática complementar para se “fazer-crer”, construindo um ethos, um tom, de autoridade, de eminência hierárquica

Idéia de imprensa – credibilidade

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Apesar de ambos expressarem uma insatisfação em relação à imprensa, em No Mínimo Weblog as empresas jornalísticas sabem fazer, mas querem também esconder esse saber do público, o que conota um actante competente, mas mal-intencionado

No Bloi, a imprensa não sabe e não quer saber, o que pressupõe uma idéia de ator incompetente, abúlico e preguiçoso, incapaz de tomar decisões

Idéia de imprensa – críticas

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Em No Mínimo Weblog atribui-se à Internet um papel de compromisso com a verdade, impondo a modalidade alética (“dever-ser” verdadeiro) à imprensa, obrigando-a a exercer sua competência no espaço público

No Bloi, a própria instituição seria o agente que impõe a modalidade alética, pois ela se atribui o papel de fiscalizar a imprensa, impedindo-a de ser abúlica, obrigando-a a ser douta. Para o Bloi, a verdade está no Observatório da Imprensa

Idéia de imprensa – soluções

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No Mínimo Weblog tende a privilegiar, na maioria das vezes, efeitos de particularização, mas dirige-se assiduamente à grande imprensa anglófona. Nas duas únicas vezes em que mencionou empresas brasileiras de peso, louvou-as

Já o Bloi opta, preliminarmente, por uma escolha lexical que cria efeitos de sentido de forte generalização, articulando uma trama argumentativa que não abre exceções para apontar os defeitos do actante “imprensa”

Idéia de imprensa – generalização e particularização

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A apropriação pela imprensa do conceito de blog sinaliza um esforço de assegurar, nessa nova era, a manutenção do espaço privilegiado da atividade em um contexto de banalização da palavra

Considerações finais – 1

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O próprio cerne do fazer blogueiro, que consiste na indexação por meio de links, muitas vezes remetendo à imprensa, e a natureza amadorística da ação, que pressupõe exercê-la de modo assistemático, sem meios nem metodologia para produzir informações, tendem a tornar o vozerio dos blogs uma quimera, uma ilusão de poder, quando praticados amadoristicamente

Considerações finais – 2

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Se a miríade de discursos no mundo off-line for reproduzida no ciberespaço, de modo algum isso, por si, mudará as relações de poder

Nas sociedades democráticas, como Tocqueville já alertava no século XIX, o poder não se exerce por meio da censura, mas sim pelo isolamento daqueles que dele divergem

Considerações finais – 3

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Se contudo o acesso aos enunciados é uma tática irrelevante para a subversão do sistema de poder, a hipótese contrária, de que os weblogs são apenas alarido, também peca pela ingenuidade: cada novo suporte é um desafio para o engenho humano, e o livro de Salam Pax indica que o potencial criativo desse recurso de página de hipertexto será ainda mais explorado no futuro

Considerações finais – 4