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Ciências Sociais - UNIP 1 Conteúdo EMENTA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .................................................................... 2 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ..................................................................................... 2 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 3 Aula 01 ................................................................................................................................. 15 Questões aula 01 ............................................................................................................... 17 Aula 02 ................................................................................................................................. 19 Questões aula 02 ............................................................................................................... 32 Aula 03 ................................................................................................................................. 34 Questões aula 03 ............................................................................................................... 47 Aula 04 ................................................................................................................................. 49 Questões aula 04 ............................................................................................................... 51 Aula 05 ................................................................................................................................. 54 Questões aula 05 ............................................................................................................... 57 Aula 06 ................................................................................................................................. 60 Questões aula 06 ............................................................................................................... 62 Aula 07 ................................................................................................................................. 64 Questões aula 07 ............................................................................................................... 66 Aula 08 ................................................................................................................................. 69 Questões aula 08 ............................................................................................................... 70 Aula 09 ................................................................................................................................. 72 Questões aula 09 ............................................................................................................... 74 Respostas .............................................................................................................................. 75 Todos os textos e questões foram fornecidos pela UNIP

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Ciências Sociais - UNIP 1

Conteúdo EMENTA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .................................................................... 2 

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ..................................................................................... 2 

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 3 

Aula 01 ................................................................................................................................. 15 

Questões aula 01 ............................................................................................................... 17 

Aula 02 ................................................................................................................................. 19 

Questões aula 02 ............................................................................................................... 32 

Aula 03 ................................................................................................................................. 34 

Questões aula 03 ............................................................................................................... 47 

Aula 04 ................................................................................................................................. 49 

Questões aula 04 ............................................................................................................... 51 

Aula 05 ................................................................................................................................. 54 

Questões aula 05 ............................................................................................................... 57 

Aula 06 ................................................................................................................................. 60 

Questões aula 06 ............................................................................................................... 62 

Aula 07 ................................................................................................................................. 64 

Questões aula 07 ............................................................................................................... 66 

Aula 08 ................................................................................................................................. 69 

Questões aula 08 ............................................................................................................... 70 

Aula 09 ................................................................................................................................. 72 

Questões aula 09 ............................................................................................................... 74 

Respostas .............................................................................................................................. 75 

 

 Todos os textos e questões foram fornecidos pela UNIP

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EMENTA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO  CURSO: Engenharia SÉRIE: 2º semestre TURNO: Diurno e Noturno DISCIPLINA: Ciências Sociais CARGA HORÁRIA SEMANAL: 2 h/a semanais EMENTA Introdução ao pensamento científico sobre o social. Organização social do trabalho na sociedade industrial. As principais contribuições teóricas. Formação capitalista no Brasil. Diferenças e desigualdades sociais. Processos de inclusão e exclusão social. A globalização e suas conseqüências. A inserção do Brasil no contexto global. Os processos de comunicação de massa e a sociedade contemporânea. Política e relações de poder. Participação política e direitos do cidadão. OBJETIVOS GERAIS A disciplina Ciências Sociais contribui para o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades requeridas dos profissionais formados pela UNIP: Senso crítico e capacidade de contextualização1 Visão estratégica1 Visão sistêmica2 Orientação para processos3 Consciência ética e social1 Trabalho em equipe3 Desenvolvimento pessoal 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS A disciplina Ciências Sociais insere-se na formação profissional como um importante instrumento de análise sociológico e crítico da realidade social, principalmente em relação à formação capitalista atual, possibilitando-o aplicar o instrumental teórico-conceitual das Ciências Sociais à compreensão de diversos aspectos da vida cotidiana. Consideradas as premissas que norteiam a razão de ser da disciplina, são seus objetivos: . Contribuir para que o objetivo maior dos cursos da UNIP, que é o de formas melhores profissionais e melhores cidadãos, seja atingido; . Contribuir para que os alunos possam desenvolver o conjunto de habilidades que deles será exigido, enquanto profissionais; . Facilitar a compreensão da realidade sócio-econômico e política que circunda as organizações.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. Introdução ao pensamento científico sobre o social. 2. Transformações do capitalismo no século XVIII: Revolução Industrial Organização do trabalho

na sociedade industrial 3. As principais contribuições teóricas: Comte, Durkheim, Max Weber e Karl Marx 4. Formação capitalista no Brasil 5. Diferenças e desigualdades sociais: classes, grupos étnicos e gênero

5.1. Processos de inclusão e exclusão social. 6. A globalização e suas conseqüências

6.1 Flexibilização, precarização e desemprego estrutural

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Ciências Sociais - UNIP 3

6.2 A inserção do Brasil no contexto global. 6.3 Questões urbanas: crescimento “desordenado” das cidades, qualidade de vida e violência

7. Os processos de comunicação social na sociedade contemporânea 7.1. Ideologia e indústria cultural 7.2 Propaganda e sociedade de consumo

8. Política e relações de poder 8.1. Participação política e direitos do cidadão

BIBLIOGRAFIA 

BÁSICA BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado: Política, sociedade e economia. 2.ed.- São

Paulo: Contexto, 2003 FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: Dos Clássicos à Sociedade de Informação. São Paulo:

Atlas, 2001. COMPLEMENTAR ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho?. São Paulo: Cortez, 1996 BRAVERMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista. Rio de Janeiro: ed. Guanabara, 1987. COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2a. ed. São Paulo: Moderna, 2000. HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992. IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. Rio de Janeiro: Civ. Brasileira, 1996. MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1992. POCHMAN, Márcio. O Emprego na Globalização. São Paulo: Boitempo Editorial, 2001. SINGER, Paul. Globalização e Desemprego: Diagnósticos e Alternativas. São Paulo: Ed. Contexto,

1999 TAVARES, Maria Augusta. Os fios (in)visíveis da produção capitalista: informalidade e

precarização do trabalho. São Paulo: Cortez, 2004 VIEIRA, Liszt. Os argonautas da cidadania – a sociedade civil na globalização. Rio de Janeiro:

Record, 2001. VITA, Álvaro de. Sociologia da Sociedade Brasileira. 7a ed. São Paulo: Ática, 1998

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CIÊNCIAS SOCIAIS E SOCIOLOGIA  Este tópico permitirá ao aluno: 1. Compreender o conceito de ciência; 2. Entender o enfoque específico utilizado pelas ciências sociais na análise de seu

objeto de estudo; 3. Definir a Sociologia e descrever as áreas gerais da preocupação sociológica,

comparando-as àquelas das outras Ciências Sociais; 4. Reconhecer as áreas básicas em que se subdivide o campo de estudo da Sociologia.

CONCEITUAÇÃO 

Ao conceituar Ciências Sociais, primeiramente estabelecemos noções básicas sobre

ciência e, a seguir diferenciar as Ciências Sociais das outras. "A ciência é todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido 'a verificação."

Podemos dizer que as Ciências Sociais é o estudo sistemático do comportamento social do homem e suas várias formas de organização. Portanto, o objeto de estudo das Ciências Sociais é o comportamento social humano.

CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS Com o avanço do conhecimento, as Ciências Sociais precisou de uma divisão em várias

disciplinas, para facilitar o estudo e as pesquisas. As disciplinas são: ANTROPOLOGIA – estuda as semelhanças e diferenças culturais entre os vários

grupamentos humanos, assim como a origem e evolução das culturas. E também os tipos de organização familiar, as religiões, a magia, os ritos de passagem e iniciações de jovens, seja nos povos pré-letrados, como também nas sociedades industriais.

CIÊNCIA POLÍTICA – estuda a distribuição de poder na sociedade, além da

formação e desenvolvimento das diversas formas de governo (p. ex. os partidos políticos, os mecanismos eleitorais).

ECONOMIA – estuda as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Fenômenos estudados: a distribuição de renda, a política salarial, a produtividade de uma empresa, etc. 

SOCIOLOGIA – estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando

as interações que ocorrem na vida em sociedade. Abrange o estudo dos grupos sociais, da estratificação da sociedade em camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito na sociedade, etc.

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CAMPO DA SOCIOLOGIA A Sociologia, sem perder seu caráter de Ciência que estuda todos os aspectos do

comportamento humano em sociedade, pode ser subdividida em áreas especializadas de pesquisa. Algumas áreas básicas são:

SOCIOLOGIA SISTEMÁTICA – procura explicar a ordem existente nas relações dos fenômenos sociais através de condições, efeitos e fatores que operam em um campo a-histórico.

Subdivide-se em: Estática – lida com os requisitos funcionais e estruturais de ordem social. Dinâmica – lida com processos sociais envolvendo a operação das condições estruturais

e funcionais estáveis ou instáveis da ordem social

Ex: ação e interação social, processos sociais de grupos sociais, de instituições. 

SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO – examina o campo, a estrutura e o funcionamento da escola como instituição social, e analisa os processos sociológicos envolvidos na instituição de ensino. 

Ex: problemas da educação rural e urbana, a escola como agente de socialização e de controle social.

SOCIOLOGIA RURAL E URBANA – estudam, respectivamente, no contexto rural e urbano, a organização, os problemas sociais das comunidades e a diferenciação do espaço sócio-ecológico; os modos de vida e a natureza das diferenças; as alterações sócio-culturais que ocorrem no contínuo rural-urbano, origem e evolução das cidades e o urbanismo; mudanças sócio-econômico-culturais em grandes concentrações populacionais.

Ex: vizinhança, migrações, desumanização do homem na grande cidade.

SOCIOLOGIA DA CULTURA – estuda a influência da cultura sobre as relações e inter-relações dos componentes de um determinado grupo social; a influência dos grupos sociais sobre o pensamento e o conhecimento; as influências recíprocas entre linguagem e vida grupal.

Ex: a ascenção da burguesia e o Iluminismo.

SOCIOLOGIA DA COMUNICAÇÃO – estuda a comunicação entre os seres humanos. Analisa os comportamentos sociais com relação aos meios de comunicação, como o estudo da cultura de massa.

Ex: o papel dos meios de comunicação de massa na formação da opinião pública; o poder da imprensa e televisão.

HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA  Este tópico sintetiza a origem e o desenvolvimento da Sociologia.

OS PENSADORES HELÊNICOS 

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Durante milhares de anos os homens vêm refletindo sobre os grupos e as sociedades em que vivem, procurando compreendê-los.

Os gregos por exemplo, recorriam aos deuses e heróis para explicar certos fenômenos sociais.

As primeiras tentativas de estudo sistemático sobre a sociedade humana começaram com os filósofos gregos. Platão (429-341 a.C.), A República, e Aristóteles (384-322 a.C.), com a obra A Política, é de Aristóteles a frase " o homem nasce para viver em sociedade ". Eles foram os primeiros a tratar de tais problemas de maneira sistemática e separada da religião, mas não independentes dos regimes políticos e econômicos. A influência desses pensadores se faz sentir até nossos dias. Posteriormente, Santo Agostinho (345-430), A Cidade de Deus, apresentou idéias e análises básicas para concepções jurídicas e até sociológicas. Ele acreditava que os homens viviam na cidade cheia de pecados.

A IDADE MÉDIA Os filósofos continuaram a descrever a sociedade em que viviam e a propor normas para

que o homem vivesse numa sociedade ideal. Sofrendo grande influência da religião. São Tomás de Aquino (1226-1274), Summa Teológica. O Cristianismo, então dominante, traçava normas que deveriam ser obedecidas, não constavam critérios científicos. O mesmo ocorreu com o Islamismo com uma legislação minuciosa adotada até hoje.

A RENASCENÇA Nesse período apareceram obras vigorosas com normas entrosadas de política e

economia. Com o desenvolvimento do capitalismo comercial aumentavam os tratados de economia abordando problemas sociais.

Os autores dessa época que trataram os fenômenos sociais num nível mais realista: • Maquiavel (1469-1527), O Príncipe • Tomás Hobbes (1588-1679), Leviatã • Locke (1632-1704), Ensaios sobre o Entendimento Humano, autor que contribuiu à

Filosofia, Psicologia e Educação. Autores cujas inovações foram importantes para o desenvolvimento do pensamento

científico: • Francis Bacon (1561-1626), Nova Atlântida • Renné Descartes (1596-1650), Discurso sobre o Método, falando sobre o método

cartesiano Século XVIII Apareceram obras de grande valor nas áreas de política, economia e sociologia:

• Montesquieu (1689-1755), O Espírito das Leis, analisa leis e poderes políticos.

• Adam Smith (1723-1790), A Riqueza das Nações, análise na área econômica.

• Jean Jacques Rousseau (1712-1778) Contrato Social, "o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe".

• San Simon (1760-1825) o verdadeiro fundador do socialismo.

• Ricardo (1772-1823) Princípios de Economia e Política, primeiro teórico da economia política clássica.

• Malthus (1766-1834) Ensaios sobre o Princípio de População.

• Hegel (1770-1831) promove o entrosamento entre os princípios filosóficos e as ciências sociais. A dialética de Hegel explica as mudanças ocorridas no Universo, mediante um processo em três tempos: tese, antítese e síntese.

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Século XIX – Surge a Sociologia Foi neste século que as investigações dos fenômenos sociais ganha um caráter

verdadeiramente científico. Surgiu então o que se pode chamar de "reação positivista" e o criador da doutrina positivista foi Augusto Comte (1798-1857), considerado o pai da Sociologia. Foi ele que usou este termo pela primeira vez.

Ele lutou para que todos os ramos de estudos se preocupassem com a objetividade, com

o verdadeiro espírito científico, seguindo a orientação da famosa fórmula positivista "saber para prever, a fim de prover".

Karl Marx (1818-1883), O Capital – foi o fundador do materialismo histórico. Para ele

o homem é tão maleável quanto a história é interminável. Um filósofo social e economista alemão, contribuiu para o desenvolvimento da Sociologia, ressaltando que as relações sociais decorrem dos modos de produção (fator de transformação da sociedade).

O postulado básico do Marxismo é o "determinismo econômico", segundo o qual o fator

econômico é determinante da estrutura do desenvolvimento da sociedade. O homem para satisfazer suas necessidades, atua sobre a natureza criando "relações de

produção".

• Homem com outros homens relação de produção

• Conjunto destas relações modo de produção

• Força humana e ferramentas forças produtivas

• Distribuição, circulação e consumo de mercadorias sistema de produção que provoca uma divisão de trabalho (os proprietários e os não proprietários das ferramentas ou dos meios de produção). O choque entre as forças produtivas e os proprietários dos meios de produção determina a mudança social.

Émile Durkheim (1858-1917), sua obra A Divisão do Trabalho Social. Formulou as

primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. E esses podem ser estudados objetivamente como "coisas".

Max Weber (1864-1920), A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Para ele a

Sociologia é o estudo das interações significativas de indivíduos que formam uma teia de ralações sociais, sendo seu objetivo a compreensão da conduta social. Assim, definiu ação social como a conduta humana, pública ou não.

A contribuição de Weber à metodologia foi a distinção entre o metido científico de

abordar os dados sociológicos e o método do valor-julgamento. Para ele, a validade dos valores é um problema de fé, não de conhecimento, então as

Ciências Sociais devem libertar-se dos valores, pois o objetivo da análise sociológica é a formulação de regras sociológicas.

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Sugestões para Leitura: Curvallier, Armand. Introdução à Sociologia. São Paulo: Nacional, 1966. Weber, Max. Ensaios de Sociologia, 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

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OBJETO DA SOCIOLOGIA  Uma ciência caracteriza-se pelo seu objeto e pelos seus métodos. Quanto à Sociologia, o

seu objeto se encontra no exame dos coletivos, através de teorias e métodos próprios. À medida que reconhecemos a categoria de Ciência à Sociologia, há uma exigência maior na objetividade da análise desses fenômenos. Alguns autores discordam com relação ao objeto da Sociologia, havendo uma diversificação teórica. Destacamos algumas conceituações nas teorias de Durkheim e Weber.

Esse tópico abrange:

• A análise do conceito de fato social proposto por Durkheim, que possibilita a compreensão da sociedade com suas relações, através do enfoque objetivo, característico deste autor.

• O exame do conceito de ação social enunciado por Weber, permitindo a compreensão da conduta humana em sociedade e fornecendo a explicação causal de sua origem e de seus resultados.

FATO SOCIAL – ÉMILE DURKHEIM 

Durkheim contribuiu no estudo científico da sociedade no séc. XX. Formulando com

firmeza e convicção uma assertiva que repercutiu nas interpretações sociológicas. Qualificou, com efeito, o fato social como uma "coisa", e preconizou que, para estudá-lo fossem aplicados os métodos e processos científicos exatos.

Para a explicação do fato social havia necessidade de investigação de causas sociais.

Sua definição é: "É fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior que é igual na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter". (Durkheim, 1966).

Dessa definição podemos tirar as características específicas do fato social: • Exterioridade – existe independentemente de sua vontade. Ex: deveres de cidadão com o Estado, adeptos de uma religião. • Coercitividade – os indivíduos vêem-se obrigados a seguir o comportamento

estabelecido. Ex: serviço militar, dever de votar, portar-se adequadamente. • Generalidade – comum os membros de um grupo. Ex: consciência coletiva, diferença entre um brasileiro e um boliviano. AÇÃO SOCIAL – MAX WEBER Weber baseia-se em critérios internos dos indivíduos, conceituando de modo subjetivo a

ação social. Ele considerava a possibilidade de uma espécie de compreensão baseada no fato de que os seres humanos são diretamente conscientes de suas ações. A ação social seria a conduta humana, pública ou não, a que o agente atribui significado subjetivo; acentua a importância de ser social uma espécie de conduta que envolve significado para o próprio agente.

A Sociologia, na interpretação de Weber, é uma ciência que tem por objeto compreender

claramente a conduta humana e fornecer explicação causal de sua origem e resultados. A ação

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humana, para Weber, "é social à medida que, em função da significação subjetiva que o indivíduo ou os indivíduos que agem lhe atribuem, toma em consideração o comportamento dos outros e é por ele afetada no seu curso."

Para Weber, a ação social, como toda ação, pode ser: a) racional – determinada pelo comportamento racional das conseqüências envolvidas. b) racional, visando valores – determinada pelas convicções (éticas, estéticas,

religiosas). c) afetiva – determinada por afetos e estados sentimentais. d) tradicional – determinada por um costume arraigado. Sugestões para Leitura: Cohen, Percy S. Teoria Social Moderna. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

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A SOCIOLOGIA PRÉ‐CIENTÍFICA  A RENASCENÇA Nesse período apareceram obras vigorosas com normas entrosadas de política e

economia. Alguns filósofos contribuíram para a compreensão das transformações sociais que culminaram no desenvolvimento do capitalismo. Com esse desenvolvimento, aumentavam os tratados de economia abordando problemas sociais.

A partir do século XV grandes e importantes mudanças ocorrem na Europa, inicia-se uma nova era. O trabalho apresenta uma organização social, o conhecimento humano também sofre modificações. O ser humano deixa de apenas explicar ou questionar racionalmente a natureza, para se preocupar com a questão de como utilizá-la melhor. Essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais, aparece neste momento, representada pelo pensamento de autores que trataram os fenômenos sociais num nível mais realista:

• Maquiavel (1469-1527), O Príncipe. Leia texto complementar.

• Thomas Morus (1478-1535) em A Utopia defende a igualdade e a concórdia. Concebe um modelo de sociedade no qual todos têm as mesmas condições de vida.

• Tomás Hobbes (1588-1679), Leviatã

• John Locke (1632-1704), Ensaios sobre o Entendimento Humano. Locke defende o conhecimento como resultado da experiência, da percepção e da sensibilidade. O autor contribuiu para a Filosofia, Psicologia e Educação.

Autores cujas inovações foram importantes para o desenvolvimento do pensamento

científico:

• Francis Bacon (1561-1626), Nova Atlântida. Busca mostrar que enquanto alguma ciência se perde em devaneios, as técnicas avançam sob o domínio do método experimental.

• Renné Descartes (1596-1650), Discurso sobre o Método, falando sobre o método cartesiano

O pensamento social do Renascimento se expressa na criação imaginária de mundos

ideais que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo, entretanto, que tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou pela fé.

SÉCULO XVIII Neste século as teorias sociais expressam o início do pensamento sobre a sociedade.

Tiveram o poder de orientar as ações políticas e econômicas, servindo como base do que seria o Estado capitalista. Apareceram obras de grande valor nas áreas de política, economia e sociologia:

• Montesquieu (1689-1755), O Espírito das Leis, analisa leis e poderes políticos

• Adam Smith (1723-1790), A Riqueza das Nações. É considerado o fundador da ciência econômica; seu principal estudo foi a investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, era defensor do liberalismo econômico.

• Jean Jacques Rousseau (1712-1778) "o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe"

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Contrato Social; Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Rousseau foi alvo de críticas e perseguições, mas na época da Revolução Francesa suas idéias foram intensamente divulgadas.

• San Simon (1760-1825) o verdadeiro fundador do socialismo

• Ricardo (1772-1823) Princípios de Economia e Política, primeiro teórico da economia política clássica

• Malthus (1766-1834) Ensaios sobre o Princípio de População

• Hegel (1770-1831) promove o entrosamento entre os princípios filosóficos e as ciências sociais. A dialética de Hegel explica as mudanças ocorridas no Universo, mediante um processo em três tempos: tese, antítese e síntese.

Percebemos que a sociologia pré-científica caracteriza-se pelos estudos sobre a vida

social que não se preocupa tanto em conhecer a realidade como ela era, e sim propor formas ideais de organização social. O pensamento filosófico de então, já concebia diferenças entre indivíduo e coletividade.

Referências Bibliográficas: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna,

2005

Sugestões para Leitura: Revista Brasileira de História

Dicas de vídeo: Shakespeare apaixonado (EUA, 1998. Direção de John Madden G. Montaldo. Duração: 123 min.) – O filme mostra o Renascimento na Inglaterra enfocando, o ressurgimento da vida urbana e os problemas que os homens enfrentavam, como a peste. Aborda também, o surgimento do individualismo, expresso no sentimento romântico dos personagens.

Texto complementar - QUEM FOI NICOLAU MAQUAIVEL?

Nicolau Maquiavel foi diplomata e conselheiro dos governantes de Florença, Itália. Viu

as lutas européias de centralização monárquica, o ressurgimento da vida urbana européia, a ascensão da burguesia comercial das grandes cidades e, sobretudo, viu a fragmentação da Itália, dividida em reinos, ducados, repúblicas e igreja. A compreensão dessas experiências históricas e a interpretação do sentido delas o conduziram à idéia de que as concepções políticas antigas e medievais não eram capazes de compreender verdadeiramente o que é o poder e que um novo conceito da sociedade e da política torna-se necessário, sobretudo para a Itália e para Florença. Em 1513, escreveu a obra inaugural da filosofia política moderna, O príncipe, a qual funda o pensamento político.

Diferentemente dos teólogos medievais, que partiam da Bíblia e dos contemporâneos renascentistas, que partiam das obras dos filósofos greco-romanos para construir suas políticas, Maquiavel parte da experiência real de seu tempo; observação direta dos acontecimentos que ocorriam diante de seus olhos.

Segundo O príncipe, toda cidade está dividida em dois desejos opostos: o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de não ser oprimido nem comandado. Essa divisão evidencia que a cidade não é uma comunidade homogênea nascida da vontade divina, da ordem natural ou da razão humana, mas é tecida por lutas internas que a obrigam a instituir

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um pólo superior que possa unifica-la e dar-lhe identidade. Esse pólo é o poder político. Assim, a política nasce das lutas sociais e é obra da própria sociedade para dar a si mesma unidade e identidade.

Para Maquiavel, a política não é a lógica racional da justiça e da ética, mas a lógica da força transformada em lógica do poder e da lei.

Maquiavel recusa a figura do bom governo encarnada no princípio virtuoso, portador das virtudes cristãs, das virtudes morais e das virtudes principescas. O príncipe precisa ter virtú, mas esta é propriamente política, referindo-se às qualidades do dirigente para tomar e manter o poder, mesmo que para isso deva usar a violência, a mentira, a astúcia e a força. Maquiavel afirma que o príncipe não pode ser odiado. Isso significa que deve ser respeitado e temido e que não precisa ser amado, por isto, o faria um pai para a sociedade e, sabemos, um pai conhece apenas um tipo de poder, o despótico.

Para Maquiavel, legitimidade e ilegitimidade dependem do modo como as lutas sociais encontram respostas políticas capazes de garantir o único princípio que rege a política: o poder do príncipe de ser superior ao dos grandes e estar a serviço do povo. O príncipe pode ser monarca hereditário ou por conquista; pode ser todo um povo que conquista, pela força, o poder e o exerce democraticamente. Qualquer desses regimes políticos será legítimo ser for uma república e não despotismo ou tirania, isto é, só é legítimo o regime no qual o poder não está a serviço dos desejos e interesses de um particular ou de um grupo de particulares.

Com sua obra, Maquiavel demole as idéias da tradição grega que tornara ética e política inseparáveis; a tradição romana colocara essa identidade da ética e da política na pessoa virtuosa do governante; a tradição cristã transformara a pessoa política num corpo sacralizado que encarnava a vontade de Deus e a comunidade humana com hereditariedade e virtude formavam o centro da política, orientada pela idéia de justiça e bem comum.

Para a Ética, a questão sempre foi “o que está e o que não está em nosso poder”, e que “estar em nosso poder” significava a ação voluntária racional e livre, própria da virtude, e “não estar em nosso poder” significava o conjunto de circunstâncias externas que agem sobre nós e determinam nossa vontade e ação.

Maquiavel retoma a oposição virtude-fortuna, mas lhe imprime um sentido inteiramente novo. A virtú do príncipe não consiste num conjunto fixo de qualidades morais que ele oporá à fortuna, lutando contra ela, ou seja, um príncipe que agir sempre da mesma maneira e de acordo com os mesmos princípios em todas as circunstâncias fracassará e não terá nenhuma virtú Para ser senhor da sorte ou das circunstâncias deve mudar com elas e, como elas, ser volúvel e inconstante, pois somente assim saberá agarrá-las e vencê-las. Em certas circunstâncias, deverá ser cruel, em outras, generoso; em certas ocasiões deverá mentir, em outras, ser honrado; em certos momentos, deverá ceder à vontade dos outros, em alguns, ser inflexível. O ethos ou caráter do príncipe deve variar com as circunstâncias para que sempre seja senhor delas.

Dizer que a lógica política nada tem a ver com as virtudes éticas dos indivíduos em sua vida privada significa que o que poderia ser moral na vida privada pode ser fraqueza na vida pública e vice-versa; o que poderia ser imoral do ponto de vista da ética privada pode ser virtú política. Com tais formulações, Maquiavel inaugura a idéia de valores políticos medidos pela eficácia prática e pela utilidade social, afastada dos padrões que regulam a moralidade privada dos indivíduos. As circunstâncias podem exigir que ele seja astuto e dissimulador, ou, pelo contrário, que ele seja leal e sincero. Sua virtude é media pelos efeitos benéficos de sua ação para a república.

Maquiavel foi visto como “maquiavélico”, no sentido que hoje comumente emprestamos a essa palavra por te inaugurado a teoria moderna da lógica do poder como independente da religião, da ética e da ordem natural. As palavras maquiavélico e maquiavelismo, criadas no séc. XVI e conservadas até hoje, exprimem o medo que se tem da política quando esta é simplesmente política, isto é, sem as máscaras da religião, da moral, da razão e da natureza.

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Na tradição, “soberano” designa a pessoa física do governante e se refere ao rei ou ao imperador. A batalha da dupla investidura referia-se justamente à questão de saber quem era a pessoa soberana, o imperador ou o papa. Sua obra voltou-se para a idéia de Principado (que poderia ser um monárquico, aristocrático ou democrático). Essa idéia indicava que estava em curso a questão da soberania e que estava à distância de dois grandes rivais, a igreja ou o papa e os Grandes, ou a nobreza e a burguesia urbana com suas corporações de ofícios e monopólios comerciais. Assim, a obra de Maquiavel começa a indicar que o soberano não é uma pessoa e sim o poder político independente do poder religioso e do poder econômico.

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Aula 01  O objetivo deste conteúdo é contribuir para a compreensão das bases do desenvolvimento do capitalismo. 1. O Renascimento 2. A Ilustração e a sociedade contratual 3. A crise das explicações religiosas e o triunfo da ciência Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a. ed. São Paulo: Moderna, 2005

1. Introdução ao pensamento científico sobre o social 1.1 – O renascimento

Nesta unidade, vamos citar a contribuição de alguns filósofos para a compreensão das transformações sociais que culminaram o desenvolvimento do capitalismo, que para relembrá-los, é o que pretendemos analisar no decorrer deste curso.

A partir do século XV significativas mudanças ocorrem na Europa, começa uma nova era não só para a organização do trabalho, o conhecimento humano também sofre modificações. O ser humano deixa de apenas explicar ou questionar racionalmente a natureza, para se preocupar com a questão de como utilizá-la melhor. Essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais, aparece neste momento, representada pelo pensamento de Maquiavel (1469-1527), Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650).

O pensamento social do Renascimento se expressa na criação imaginária de mundos ideais que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo, entretanto, que tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou pela fé.

Thomas Morus (1478-1535) em A Utopia defende a igualdade e a concórdia. Concebe um modelo de sociedade no qual todos têm as mesmas condições de vida e executam em rodízio os mesmos trabalhos.

Maquiavel em sua obra O Príncipe afirma que o destino da sociedade depende da ação dos governantes. Analisa as condições de fazer conquistas, reinar e manter o poder. A importância dessa obra reside no tratamento dado ao poder, que passa a ser visto a partir da razão e da habilidade do governante para se manter no poder, separando a análise do exercício do poder da ética.

Segundo (COSTA: 2005,p.35) as idéias de Thomas Morus e Maquiavel expressam os valores de uma sociedade em mudança, portadora de uma visão laica* da sociedade e do poder. 1.2. A ilustração e a sociedade contratual

Com a Ilustração, as idéias de racionalidade e liberdade se convertem em valores supremos. A racionalidade aqui é compreendida como a capacidade humana de pensar e escolher. Liberdade significa que as relações entre os homens deveriam ser pautadas na liberdade contratual, no plano político isto significa a livre escolha dos governantes, colocando em xeque o poder dos monarcas. Os filósofos iluministas concebiam a política

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como uma coletividade organizada e contratual. O poder surge como uma construção lógica e jurídica.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em sua obra O contrato social, afirma que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades em favor de toda a comunidade (COSTA: 2005, p. 48). Rousseau identificou na propriedade privada a fonte das injustiças sociais e defendeu um modelo de sociedade pautada em princípios de igualdade.

Diferentemente de Rousseau, John Locke (1632-1704) reconhecia entre os direitos individuais e o respeito à propriedade. Defendia que os princípios de organização social fossem codificados em torna de uma Constituição.

Concluímos que a sociologia pré-científica é caracterizada por estudos sobre a vida social que não tinham como preocupação central conhecer a realidade como ela era, e sim propor formas ideais de organização social. O pensamento filosófico de então, já concebia diferenças entre indivíduo e coletividade, e como afirma (COSTA:2005, p.49) “Mas, presos ainda ao princípio da individualidade, esses filósofos entendiam a vida coletiva como a fusão de sujeitos, possibilitada pela manifestação explícita das suas vontades”. 1.3 – O pensamento científico sobre o Social

A preocupação em conhecer e explicar os fenômenos sociais sempre foi uma preocupação da humanidade. Porém a explicação com base científica,é fruto da sociedade moderna, industrial e capitalista. A formação da Sociologia no século XIX significou que o pensamento sobre o social se desvinculou das tradições morais e religiosas. Como afirma (COSTA: 2005, p.18).

“Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de um pensamento que permitisse a observação, o controle e a formulação de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo pautado pelo racionalismo”.

Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu pela primeira vez, reflexões

sobre o mundo social sob bases científicas. Em sua análise sobre o mundo social, compreendia a sociedade como um grande organismo, no qual cada parte possui uma função específica. O bom funcionamento do corpo social depende da atuação de cada órgão.

Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a teológica, a metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que os homens recorriam à vontade de deus para explicar os fenômenos da natureza. A segunda fase, o homem já seria capaz de utilizar conceitos abstratos, mas é somente na terceira base, que corresponde à sociedade industrial, que o conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas que determinam os fenômenos.

Comte procurou estudar o que já havia sido acumulado em termos de conhecimentos e métodos por outras ciências como a matemática, biologia, física, para saber quais deles poderiam ser utilizados na sociologia.

O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o todo social. Isso faz da sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si.

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Questões aula 01 

1) Em relação ao conhecimento científico é errôneo afirmar: A ) é um conhecimento racional, metódico, sistemático, capaz de ser submetido à verificação. B ) é um esforço racional e sistemático para elucidar problemas que os homens se colocaram ao longo da história. C ) A ciência dá origem a uma linguagem objetiva, que tenta evitar ao máximo as idéias e conclusões ambíguas. D ) o conhecimento científico é acrítico, não necessita de bases sólidas e suas justificativas dependem da interpretação de cada um. E ) O conhecimento científico é objetivo, tem um método baseado na observação, medição e comparação que possibilita a verificação empírica de suas formulações. 2) Qual das alternativas abaixo se refere ao contexto histórico que influenciou no surgimento da Sociologia: A ) o pensamento grego e as guerras púnicas influenciaram decisivamente na constituição da sociologia; B ) as revoluções burguesas inglesas foram fundamentais para que a sociologia se fundamentasse como ciência; C ) a revolução francesa não constituiu um fator importante para o pensamento ocidental e o surgimento da sociologia; D ) a revolução industrial e a revolução francesa foram fundamentais para a instalação da sociedade capitalista e o surgimento da sociologia; E ) o movimento sindical foi influenciado pela sociologia assim como os sociólogos atuam nesse movimento no século XIX. 3) O renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do Ocidente, entendido como momento da ruptura entre o mundo medieval, com características de sociedade agrária, estamental, teocrática e fundiária e o mundo moderno, urbano, burguês e comercial. Neste período emerge um novo pensamento social que tem por base: A ) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento religioso e valorização da razão. B ) Estímulo à atividade agrária, rejeição ao pensamento racional e valorização do pensamento religioso. C ) Estímulo à vida coletiva, rejeição ao pensamento religioso e valorização das práticas consideradas mágicas. D ) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento racional e valorização da igreja. E ) Estímulo à atividade manufatureira, rejeição ao pensamento científico e valorização do pensamento mágico.

4) Para ADAM SMITH, a grande fonte de riqueza encontrada na sociedade, é: A ) a matéria prima B ) a ciência econômica C ) a indústria D ) o trabalho E ) a ferramenta de trabalho 5) O renascimento é caracterizado como o momento histórico em que floresce um novo pensamento social marcado pelo laicismo e pelo aparecimento de novas instituições políticas e sociais, como as nações, os estados, as legislações e os exércitos. Neste contexto, as atividades econômicas ligadas ao comércio se desenvolvem favorecendo que classe social ? A ) a burguesia comercial B ) a aristocracia rural C ) o campesinato D ) a classe operária E ) a classe operária 6) A formação do Estado Moderno na Europa a partir do século XVI foi resultante da: A ) Necessidade de manutenção da estrutura político-social do feudalismo. B ) Da união da nobreza com o clero para combater o comércio desenvolvido pela burguesia. C ) Necessidade de descentralização das decisões políticas para implementação do regime democrático. D ) Das necessidades de desenvolvimento do comércio, que necessitava da unificação do sistema de pesos e medidas e das moedas. E ) Resultado de disputas pelo controle dos bens da igreja. 7) O despontar da Sociologia no século XIX significou o aparecimento da preocupação do homem com o seu mundo e a sua vida em grupo, numa nova expectativa, livre das tradições morais e religiosas provocando assim, uma preocupação com as regras que organizavam a vida social que, se observadas e apreendidas, poderiam dar a este homem explicações razoáveis que tornassem possível prever e controlar os fenômenos sociais. Resultando assim: A) na possibilidade de se poder intervir conscientemente nos processos, tanto para reforçá-los como para negá-los, dependendo dos interesses em jogo; B) no tratamento das questões relativas à vida social, como temas do senso comum e não de interesse do cientista; C) na definição do objeto de estudo da Sociologia D) na criação de um vocabulário próprio com conceitos que designam aspectos precisos da vida social; E) numa indagação a respeito de como as sociedades devem se organizar para serem tão perfeitas quanto possível;

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8) É no Renascimento que o homem retoma a crença no pensamento especulativo concebendo o seu papel na história dos acontecimentos como agente. O pensamento social renascentista expressa-se nas obras de pensadores como Nicolau Maquiavel e Thomas Morus. Nestas duas obras observa-se: A) uma análise clara das bases em que se assenta o poder política da época; B) a expressão dos ideais de vida moderada, laboriosa e igualitária; C) a vida dos homens já aparecendo como resultado das condições econômicas e políticas e não de sua fé ou de sua consciência individual; D) o modelo de monarca ideal para reinar e manter seu poder; E) uma apurada crítica da ordem social;

9) "O bem estar da sociedade está ligado ao indivíduo. Dê a todos a maior liberdade, diga-lhes para ganharem o mais que puderem, apele para o seu interesse pessoal, e veja, toda a sociedade melhorou! Trabalhe para si mesmo, e estará servindo ao bem geral". (Adam Smith in A riqueza das Nações) A frase acima expressa que visão sobre o pensamento político ? A) socialismo B) anarquismo C) liberalismo D) comunismo E) anarco-sindicalismo 10) Pode-se dizer que a partir do Renascimento ocorreram transformações profundas na Europa. Entre elas destacam-se: A) A formação de uma mentalidade laica e a negação do individualismo B) A formação de uma postura crítica em relação ao conhecimento científico C) A formação de uma mentalidade laica e a defesa do emprego de métodos científicos D) A consolidação da mentalidade religiosa já que o teocentrismo foi adquirindo maior credibilidade. E) A formação de uma mentalidade laica, embora os filósofos e pintores deste período tenham valorizado os princípios religiosos.

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Aula 02 Transformações do capitalismo no século XVIII O objetivo deste conteúdo é compreender o processo de formação do mundo moderno a partir do estudo das revoluções Francesa e Industrial. Texto base: MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia.São Paulo: Brasiliense, 1992. Recomenda-se para esta unidade assistir ao filme: Tempos Modernos (EUA, 1931). Direção de Charles Chaplin. Trata-se de um clássico do cinema mudo que retrata as condições de vida da classe trabalhadora.

1. – Transformações sociais do século XVIII 1.2. – Revoluções burguesas

Por revoluções burguesas entende-se um conjunto de movimentos que ocorreram no século XVIII na Europa e nos Estados Unidos. O que caracterizou estes movimentos foi sua capacidade de suplantar as formas de organização social feudais.

A importância dessas revoluções é que estimularam o desenvolvimento do capitalismo, pondo fim às monarquias absolutistas e contribuiram para a eliminação de barreiras que impediam o livre desenvolvimento econômico. 1.2.1. Revolução Francesa

No final do século XVIII a monarquia francesa procurava garantir os privilégios da nobreza em um contexto no qual crescia a miserabilidade do povo. A burguesia também se opunha ao regime monárquico, pois este, não permitia a livre constituição de empresas, impedindo a burguesia de realizar seus interesses econômicos.

Em 1789, com a mobilização das massas em torno da defesa da igualdade e da liberdade, a burguesia toma o poder e passou a atuar contra os fundamentos da sociedade feudal. Procura organizar o Estado de forma independente do poder religiosa e promovem profundas inovações na área econômica ao criarem medidas para favorecer o desenvolvimento de empresas capitalistas.

As massas que participaram da revolução, logo foram surpreendidas pelas medidas da burguesia, que proibiram as manifestações populares e os movimentos contestatórios passam a ser reprimidos com violência. 1.2.2. Revolução Industrial

A revolução industrial eclodiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Ela significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor, e aperfeiçoamento dos métodos produtivos. A revolução nasceu sob a égide da liberdade: permitir aos empresários industriais que desenvolvessem e criassem novas formas de produzir e enriquecer.

Desde modo, a revolução industrial constitui uma autêntica revolução social que se manifestou por transformações profundas na estrutura institucional, cultural, política e social.

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O desenvolvimento de técnicas leva os empresários a incrementar o processo produtivo e aumentar as taxas de lucro. Isto leva os empresários a se interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir mais com menos gente. A relação de classes que passa a existir entre a burguesia e os trabalhadores é orientada pelo contrato – o que permite inferir que a liberdade econômica e a democracia política – temos o trabalhador livre para escolher um emprego qualquer e o empresário livre para empregar quem desejar.(MEKSENAS:1991, p. 47) , ela significou uma profunda transformação na maneira dos homens se relacionarem.

Aspectos importantes da Revolução Industrial 1. A produção passa a ser organizada em grandes unidades fabris, onde

predomina uma intensa divisão do trabalho. 2. Aumento sem precedentes na produção de mercadorias. 3. Concentração da produção industrial em centros urbanos. 4. Surgimento de um novo tipo de trabalhador: o operário

A revolução industrial desencadeou uma maciça migração do campo para cidade, tornando as áreas urbanas o palco de grandes transformações sociais. Formam-se as multidões que revelam nas ruas uma nova face do desenvolvimento do capitalismo: a miserabilidade.

No interior das fábricas as condições de trabalho eram ruins. As fábricas não possuíam ventilação, iluminação e os trabalhadores eram submetidos à jornadas de trabalho de até 16 horas por dia. Era usual nas fábricas a presença de mulheres e crianças a partir de 5 anos atuando na linha de produção. Quanto aos homens, amargavam a condição de desemprego.

Os problemas sociais inerentes à Revolução Industrial foram inúmeros: aumento da prostituição, suicídio, infanticídio, alcoolismo, criminalidade, violência, doenças epidêmicas, favelas, poluição, migração desordenada ...

Por fim, é preciso esclarecer que os problemas acima expostos são típicos da sociedade capitalista. Tornando a vida em sociedade altamente complexa, por isso precisamos de uma ciência para compreender os nexos que ligam a realidade.

Obs: As revoluções burguesas foram: Revolução Gloriosa (1680) na Inglaterra, a Revolução Francesa (1789), a Independência Americana (1776) e a Revolução Industrial inglesa a partir de 1750. Enfocaremos em nosso curso somente as Revoluções Francesa e Industrial por constituírem as duas faces de um mesmo processo: a consolidação do regime capitalista moderno.

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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL História da Revolução Industrial, pioneirismo inglês, invenções de máquinas,

passagem da manufatura para a maquinofatura, a vida nas fábricas, origem dos sindicatos. A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização

dos sistemas de produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de produzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A burguesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a produção de mercadorias. Também podemos apontar o crescimento populacional, que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias.

Pioneirismo Inglês Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século

XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor. Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra disponível em abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras), também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.

I n d u s t r i a l i z a ç ã o n a I n g l a t e r r a

A primeira fase da revolução industrial (1757-1860) acontece na Inglaterra. O pioneirismo se deve a vários fatores, como o acúmulo de capitais e grandes reservas de carvão. Com seu poderio naval, abre mercados na África, Índia e nas Américas para exportar produtos industrializados e importar matérias-primas.

Acúmulo de Capital Depois da Revolução Gloriosa a burguesia inglesa se fortalece e permite que o país

tenha a mais importante zona livre de comércio da Europa. O sistema financeiro é dos mais avançados. Esses fatores favorecem o acúmulo de capitais e a expansão do comércio em escala mundial.

Controle do Campo Cada vez mais fortalecida, a burguesia passa a investir também no campo e cria os

cercamentos (grandes propriedades rurais). Novos métodos agrícolas permitem o aumento da produtividade e racionalização do trabalho. Assim, muitos camponeses deixam de ter trabalho no campo ou são expulsos de suas terras. Vão buscar trabalho nas cidades e são incorporados pela indústria nascente.

Crescimento Populacional Os avanços da medicina preventiva e sanitária e o controle das epidemias favorecem o

crescimento demográfico. Aumenta assim a oferta de trabalhadores para a indústria. Reservas de Carvão Além de possuir grandes reservas de carvão, as jazidas inglesas estão situadas perto de

portos importantes, o que facilita o transporte e a instalação de indústrias baseadas em carvão. Nessa época a maioria dos países europeus usa madeira e carvão vegetal como combustíveis. As comunicações e comércio internos são facilitados pela instalação de redes de estradas e de canais navegáveis. Em 1848 a Inglaterra possui 8 mil km de ferrovias.

Situação Geográfica

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A localização da Inglaterra, na parte ocidental da Europa, facilita o acesso às mais importantes rotas de comércio internacional e permite conquistar mercados ultramarinos. O país possui muitos portos e intenso comércio costeiro.

Avanços da Tecnologia O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas.

As máquinas à vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.

Na área de transportes, podemos destacar a invenção das locomotivas à vapor (maria fumaça) e os trens à vapor. Com estes meios de transportes, foi possível transportar mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com custos mais baixos.

Progresso Tecnológico A invenção de máquinas e mecanismos como a lançadeira móvel, a produção de ferro

com carvão de coque, a máquina a vapor, a fiandeira mecânica e o tear mecânico causam uma revolução produtiva. Com a aplicação da força motriz às máquinas fabris, a mecanização se difunde na indústria têxtil e na mineração. As fábricas passam a produzir em série e surge a indústria pesada (aço e máquinas). A invenção dos navios e locomotivas a vapor acelera a circulação das mercadorias.

A Fábrica As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes

de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.

Empresários e Proletários O novo sistema industrial transforma as relações sociais e cria duas novas classes

sociais, fundamentais para a operação do sistema. Os empresários (capitalistas) são os proprietários dos capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e bens produzidos pelo trabalho. Os operários, proletários ou trabalhadores assalariados, possuem apenas sua força de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias em troca de salários.

Exploração do Trabalho No início da revolução os empresários impõem duras condições de trabalho aos

operários sem aumentar os salários para assim aumentar a produção e garantir uma margem de lucro crescente. A disciplina é rigorosa mas as condições de trabalho nem sempre oferecem segurança. Em algumas fábricas a jornada ultrapassa 15 horas, os descansos e férias não são cumpridos e mulheres e crianças não têm tratamento diferenciado.

Conseqüências do Processo de Industrialização As principais são a divisão do trabalho, a produção em série e a urbanização. Para

maximizar o desempenho dos operários as fábricas subdividem a produção em várias operações e cada trabalhador executa uma única parte, sempre da mesma maneira (linha de montagem). Enquanto na manufatura o trabalhador produzia uma unidade completa e conhecia assim todo o processo, agora passa a fazer apenas parte dela, limitando seu domínio técnico sobre o próprio trabalho.

Reação dos trabalhadores

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Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa forma de protesto e revolta com relação à vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores.

E x p a n s ã o i n d u s t r i a l A segunda fase da revolução (de 1860 a 1900) é caracterizada pela difusão dos

princípios de industrialização na França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. Cresce a concorrência e a indústria de bens de produção. Nessa fase as principais mudanças no processo produtivo são a utilização de novas formas de energia (elétrica e derivada de petróleo), o aparecimento de novos produtos químicos e a substituição do ferro pelo aço.

A u t o m a t i z a ç ã o e r o b ó t i c a A terceira fase da revolução industrial é a que vai de 1900 até os dias de hoje.

Caracteriza-se pelo surgimento de grandes complexos industriais e empresas multinacionais e pela automação da produção. Desenvolvem-se a indústria química e a eletrônica. Os avanços da robótica e da engenharia genética também são incorporados ao processo produtivo, que depende cada vez menos de mão-de-obra e mais de alta tecnologia. Nos países de economia mais desenvolvida surge o desemprego estrutural. O mercado se globaliza apoiado na expansão dos meios de comunicação e de transporte.

TRUSTE: Grupo de empresas dotadas de autonomia jurídica, mas controladas por

uma única sociedade matriz. O truste também pode ser entendido como uma empresa poderosa, que controla parte significativa ou todo um setor econômico.

CARTEL: Tipo de truste constituído por um grupo de empresas juridicamente distintas, que procuram estabelecer, em comum, os preços de determinados produtos, em detrimento das leis de mercado e do consumidor. É também conhecido como pool.

HOLDING: Sociedade financeira, sem atividade produtiva, que controla ou dirige, por intermédio de participações, empresas com personalidade jurídica própria.

Conclusão A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a

ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos tem faltado empregos para a população.

Tendências Contemporâneas Os últimos 25 anos são marcados por uma rápida e intensa reordenação da política e da

economia em todo o mundo. Na política, o principal fator de mudança é o fim da polarização Estados Unidos-União Soviética. A perestroika de Gorbatchov e a queda do muro de Berlim precipitam o desmonte da União Soviética. Emergem conflitos localizados, antes abafados pela

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polarização. Muitos deles têm caráter étnico ou religioso. O racismo e o extremismo de direita ganham novo fôlego. E o crescimento do fundamentalismo islâmico assusta o Ocidente. Na economia, novos blocos são formados. Os Tigres Asiáticos aceleram seu desenvolvimento, os Estados Unidos enfrentam dura concorrência do Japão em seu próprio território e a velha idéia da unificação da Europa é mais uma vez retomada com a criação da Comunidade Econômica Européia – hoje, União Européia.

Nova Organização do Trabalho Até os anos 70 predominava na indústria mundial a organização fordista ou taylorista do

trabalho, caracterizada pela linha de montagem e funções específicas para cada operador do processo produtivo. A partir de então, a revolução tecnológica na informática, microeletrônica, biotecno, novos tipos de materiais e outros campos produtivos têm imposto ao trabalho humano novas modalidades de organização.

Informatização Por um lado, avança rapidamente numa nova divisão entre aqueles que criam os sistemas

informáticos com base em conhecimentos científicos e aqueles que operam tais sistemas, necessitando conhecimentos básicos. Nessa nova divisão do trabalho, os trabalhadores manuais têm cada vez menos espaço. Por outro lado, tanto os cientistas quanto os operadores dos sistemas informatizados precisam possuir habilidades e conhecimentos múltiplos que permitam facilidade no intercâmbio de funções, em função da velocidade das mudanças no processo produtivo. Finalmente, essas mudanças tecnológicas e na qualificação profissional exigem mais autonomia e participação dos trabalhadores: a programação das máquinas passa das chefias para os operadores. O fordismo é substituído pelos novos padrões de organização do trabalho criados pela Toyota, japonesa.

Taylorismo Sistema de organização do trabalho baseado no controle de tempo de execução de cada

tarefa, descrição minuciosa do trabalho e economia de gestos e movimentos. É desenvolvido no fim do século XIX pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor.

Fordismo Teoria de administração industrial concebida pelo norte-americano Henry Ford. Visa

aumentar a produtividade pela estandartização dos produtos, redução de custos e maximização da produtividade com trabalho altamente especializado.

Produtividade e Desemprego Tecnológico A introdução dos novos sistemas tecnológicos e dos padrões de organização do trabalho

que os acompanham tem elevado substancialmente a produtividade do trabalho. As máquinas produzem muito mais com muito menos trabalhadores. Essa crescente produtividade imposta pela revolução tecnológica tem elevado, por outro lado, o chamado desemprego estrutural ou tecnológico. Na década de 60 o desemprego estrutural reconhecido como normal é de 2% a 3% da população economicamente ativa. Na década de 70 esse percentual sobe para 4% e nos anos 80 para 6%, havendo uma tendência para um crescimento acelerado desse tipo de desemprego. O desemprego estrutural ou tecnológico atinge primeiro os trabalhadores manuais ou de baixa qualificação. Mas a partir do anos 80 tem atingido também trabalhadores qualificados e técnicos, cujos ramos produtivos são substituídos por outros novos.

Concentração de Renda e Aumento da Miséria A combinação de revolução tecnológica, elevação da produtividade e aumento das taxas

de desemprego estrutural tem criado tendências bipolares na maioria dos países, mesmo naqueles industrialmente desenvolvidos. Por um lado, há uma crescente concentração de renda num dos pólos da população, enquanto os sinais de pobreza e miséria aumentam no pólo oposto. Nos Estados Unidos a faixa dos 20% mais ricos tem uma renda 11 vezes maior do que a dos 20% mais pobres. No Japão, Suécia, Coréia do Sul, Finlândia e Alemanha essa relação é de 5 vezes. No Brasil, Venezuela, México, Nigéria e outros países da América Latina, África e

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Ásia essa relação é de 30 vezes ou mais. Tem aumentado em todo o mundo o número de pessoas sem moradia e sem acesso aos equipamentos de saúde e educação.

Multipolaridade O fim da Guerra Fria, o declínio econômico relativo dos Estados Unidos e da União

Soviética, a unificação econômica e política da Europa, o crescimento econômico do Japão, o surgimento dos tigres asiáticos e o rápido desenvolvimento das reformas chinesas liquidaram com a bipolaridade que opunha Estados Unidos e União Soviética. Embora os Estados Unidos se mantenham como uma superpotência militar, o mundo tende para uma multipolaridade econômica e política que pode evoluir também para uma multipolaridade militar.

Neonacionalismo A desagregação da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas do Leste

Europeu fazem ressurgir fortes tendências e movimentos nacionalistas, de fundo étnico e religioso, tanto no Leste Europeu quanto na Europa Ocidental.

Neonazismo Manifesta-se principalmente na Alemanha e na Áustria, onde os grupos de extrema

direita mais antigos, formados por saudosistas do regime de Adolf Hitler, ganham novo alento com a adesão de grupos de jovens conhecidos como cabeças-peladas (skinheads). Na Alemanha esses grupos desencadeiam no início da década de 90 uma onda de ataques racistas contra comunidades estrangeiras, em particular contra os imigrantes turcos, africanos e vietnamitas, causando várias mortes. Grupos racistas também cometem atos de violência na Itália, na França e na Inglaterra. Na França, a extrema direita racista emerge, na década de 80, como uma poderosa força eleitoral, com a ascensão da Frente Nacional, liderada por Jean-Marie Le Pen. O ultranacionalismo russo também ganha espaço, com a expressiva votação obtida pelos partidários de Vladimir Jirinovski nas eleições parlamentares de dezembro de 1993. Na Áustria, a extrema direita avança com o Partido da Liberdade, de Jorg Hauser.

Fundamentalismo Religioso Uma das principais causas dos conflitos atuais, o fundamentalismo ganha força

principalmente a partir da vitória da revolução iraniana e da transformação do islamismo xiita em religião de Estado. A onda de intolerância religiosa que tem produzido conflitos, de diferentes graus de intensidade, em quase todos os países de maioria islâmica, em particular a Argélia, o Egito e os territórios de Gaza e Cisjordânia ocupados por Israel e atualmente em processo de transição para uma autonomia palestina sob a liderança da OLP, também é impulsionada pela ação de radicais sionistas.

Liberalismo e Neoliberalismo O liberalismo como doutrina econômica e política do capitalismo se enfraquece após a

crise mundial dos anos 30, sendo substituído pelo dirigismo econômico de Keynes e, em parte, pelas doutrinas fascista e nazista. Durante a Segunda Guerra Mundial o dirigismo econômico é reforçado, mas a democracia é retomada como o grande símbolo de luta contra o nazismo. Essa combinação de democracia política liberal e dirigismo estatal na economia torna-se responsável, entre os anos 50 e 80, pela afluência das sociedades de consumo e bem-estar social (welfare States). Nos anos 80, porém, a crise econômica e os novos parâmetros de produtividade e rentabilidade estabelecidos pela revolução tecnológica colocam em questão o Estado de bem-estar e as políticas de benefício social nos Estados Unidos e na Inglaterra. Reagan e Thatcher lideram a implantação de uma nova política econômica, baseada em conceitos liberais extremados: Estado mínimo, desregulamentação do trabalho, privatizações, funcionamento do mercado sem interferência estatal, cortes nos benefícios sociais.

Socialismo e Social-Democracia A desagregação da União Soviética e o fracasso das experiências socialistas no Leste

Europeu, assim como as reformas de mercado na China, disseminam a idéia de que a doutrina socialista está morta. A solução para alcançar a justiça econômica e social passa a ser a social-

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democracia, que desde a década de 50 administra o sistema capitalista em bem-sucedidas sociedades européias, ou o próprio liberalismo ou neoliberalismo, que pretende deixar o capitalismo funcionar sem qualquer amarra. Entretanto, a social-democracia e o neoliberalismo também entram em crise no início da década de 90, por sua incapacidade em dar solução aos problemas sociais postos pelos novos parâmetros da revolução tecnológica.

Novo Mapa-Múndi A década de 90, sob a ação das tendências à multipolaridade, formação de blocos

regionais, desenvolvimento mais rápido de alguns países, ressurgimento do nacionalismo e da xenofobia religiosa e reformulações doutrinárias, configura uma nova divisão mundial de nações ricas, ao norte do Equador, e pobres, ao sul, e tendências contraditórias de crescimento da democracia em algumas regiões, manifestações autoritárias em outras, agravamentos dos conflitos em certas áreas e distensão em outras.

Crescimento da Democracia O regime democrático de governo torna-se paulatinamente o tipo de governo universal.

Embora com restrições e diferentes interpretações sobre seu funcionamento e grau de participação cívica, faz parte do sistema político de todos os países da Europa e América do Norte, de todos os países da América Latina com exceção de Cuba e de parcela considerável dos países da África e Ásia.

Divisão Norte-Sul Divisão simbólica para caracterizar as diferenças de riqueza e renda entre os países do

chamado Primeiro Mundo, a maioria situada ao norte do equador, e os países pobres do Terceiro Mundo, a maior parte deles ao sul.

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FUNDAMENTOS ECONÔMICOS DA SOCIEDADE

PROCESSO DE PRODUÇÃO Quando vamos ao supermercado e compramos alimentos, bebidas,

material de limpeza, etc., estamos comprando bens. Da mesma forma, quando pagamos a passagem de ônibus, a consulta médica, a entrega do jornal, etc., estamos pagando um serviço.

Portanto, bens são todas as coisas palpáveis, concretas, e que são

produzidas para satisfazer as necessidades do homem. Os serviços não são palpáveis, mas têm a mesma finalidade. Podemos dizer, então que o homem, com seu trabalho, pode produzir bens e serviços.

Ao viverem em sociedade, as pessoas participam diretamente da

produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços, ou seja, participam da vida econômica da sociedade.

Quando os operários estão trabalhando, estão ajudando na produção,

quando compram bens e serviços com o salário recebido, estão ajudando na distribuição e quando consomem estes bens e serviços, estão ajudando no consumo.

Considerando esses 3 elementos, percebemos que, para que haja

distribuição e consumo de um bem ou serviço, é necessário que tenha ocorrido a produção desse bem ou serviço. Assim, a atividade de produção é a atividade econômica mais importante.

Exemplo: o processo produtivo de uma indústria de móveis: a árvore

(meteria bruta) é derrubada; as toras de madeira (matéria prima) vêm para a indústria de móveis. Então, sofre a ação transformadora das máquinas e equipamentos e do trabalho dos operários, resultando desse processo, um novo bem – uma cama, uma mesa, uma cadeira – que será colocado à venda.

Produção é a transformação da natureza da qual resultam

bens que vão satisfazer as necessidades do homem

Resumindo, o processo de produção compõe-se de 3 elementos

associados:

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Trabalho – é toda atividade desenvolvida pelo homem, seja ela física ou mental.

Matéria-prima – são os recursos naturais que no processo de produção são transformados para constituírem o bem final.

Instrumentos de produção – são todas as coisas que permitem direta ou indiretamente transformar a matéria-prima num bem final.

MEIOS DE PRODUÇÃO E FORÇAS PRODUTIVAS Percebemos que sem matéria-prima e sem instrumentos de produção

não se pode produzir nada. Eles são necessários para se produzir qualquer coisa. Por isso, são chamados de meios de produção. Portanto, são meios de produção todos os objetos materiais que intervêm no processo produtivo.

Toda empresa combina no seu processo produtivo (cada um a seu modo)

o trabalho e os meios de produção. Sem o trabalho humano nada pode ser produzido; sem os meios de produção, o homem não pode trabalhar. Ao conjunto dos meios de produção mais o trabalho humano chamamos de forças produtivas.

As forças produtivas alteram-se ao longo da História. Até meados do séc.

XVIII, a produção era feita com o uso de instrumentos simples, acionados por uma força humana, por tração animal e pela energia da água ou vento. Com a Revolução Industrial, foram inventadas as máquinas e passou-se a usar o vapor e a eletricidade como fontes de energia. Alteram-se, então, os meios de produção e técnicas de trabalho.

No moderno processo de produção, a ciência e a tecnologia tornaram-se

forças produtivas, deixando de ser suporte do capital para se converteram em

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agentes de sua acumulação. Conseqüentemente, mudou o modo de entrada dos cientistas e técnicos na sociedade (tornando-se agentes econômicos diretos), e a força capitalista encontra-se no monopólio dos conhecimentos e da informação.

RELAÇÕES DE PRODUÇÃO Para produzir bens e serviços de que necessitam, os homens estabelecem

relações uns com os outros. No processo produtivo, eles dependem uns dos outros. O trabalho é um ato social no sentido de que é realizado na sociedade.

Pode-se afirmar que o elemento que determina a organização e o

funcionamento da sociedade e que caracteriza cada um dos diferentes tipos de sociedade são as relações de produção.

MODOS DE PRODUÇÃO O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens

e serviços, como os utiliza e como os distribui. Numa determinada época histórica, uma sociedade tem uma certa maneira de se organizar para produzir e distribuir sua produção.

Modo de produção = forças produtivas + relações de produção

Portanto, o conceito de modo de produção resume claramente o fato das

relações de produção serem o centro organizador de todos os aspectos da sociedade.

Ao longo da História, os homens têm produzido aquilo de que necessitam

de vários modos. Podemos dizer que a História da humanidade é a história da transformação humana pelos diversos modos de produção.

Cada sociedade tem uma forma histórica de produção que lhe é própria; e

sua História é a história do desenvolvimento do seu processo de produção. Esse processo de desenvolvimento fez surgiu os principais modos de

produção: Modo de Produção Primitivo – esse modo designa uma formação

econômica e social que abrange um período muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu durante centenas a

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milhares de anos. Os homens trabalhavam em conjunto; os meios de produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva. Não existia o Estado.

Ainda hoje, encontramos tribos com esse tipo de organização. Na África,

Austrália, Nova Zelândia e Brasil. Vivem da pesca, a caça e da coleta. Modo de Produção Escravista – predominou na antiguidade (Grécia e

Império Romano), mas também existiu no Brasil durante a Colônia e o Império. Neste modo de produção, os meios de produção e os escravos eram

propriedade do senhor. Já existia o Estado, pois alguns homens começaram a dominar os outros. O Estado surgiu então como um instrumento de organização social e dominação, garantindo o interesse do senhor.

Modo de Produção Feudal – predominou na Europa Ocidental durante

toda Idade Média. A sociedade feudal era estruturada basicamente em senhores servos,

baseava-se na propriedade do senhor sobre a terra e um grande poder sobre o servo. O servo tinha o usufruto da terra, mas pagava impostos, rendas e ainda trabalhavam em parte do tempo na terra para o senhor. Os senhores feudais tinham o poder econômico e o poder político.

Num determinado momento, as relações de produção feudais começaram

a dificultar as forças produtivas. As relações feudais já não serviam mais. Já dentro da sociedade feudal, começaram a aparecer as relações capitalistas de produção.

Modo de Produção Capitalista – as origens do capitalismo tiveram

como principais causas: o crescimento da população na Europa, do desenvolvimento de técnicas agrícolas de produção e o renascimento comercial urbano.

O que caracteriza o modo de produção capitalista são as relações

assalariadas. As relações de produção capitalista baseiam-se na propriedade privada dos meios de produção pela burguesia.

Há duas classes principais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.

O desenvolvimento da produção do capitalismo é movido pelo desejo de lucro. O Capitalismo compreende 4 etapas: • Pré-capitalismo - séculos XII a XV • Capitalismo Comercial – séculos XV a XVIII • Capitalismo Industrial – séculos XVIII a XX • Capitalismo Financeiro – século XX

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Modo de Produção Socialista – sua base econômica é a propriedade social dos meios de produção, não existem empresas privadas. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação completa das necessidades materiais e culturais da população. Não visa lucro.

Para os teóricos do socialismo, o comunismo é a etapa posterior do

socialismo, na qual o Estado deixaria de existir e acabariam as diferenças sociais entre as pessoas.

O modo de produção socialista atualmente ainda existe com alterações de

caráter político e econômico na China, Coréia do Norte e Cuba. O marxismo falhou em suas previsões. Observou-se que o

desenvolvimento social não pode deixar de lado o sistema de economia de mercado (aspecto econômico) nem a liberdade política da democracia (aspecto político).

Referências Bibliográficas:

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 1999.

FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: Dos Clássicos à Sociedade de Informação. São Paulo:

Atlas, 2001.

Sugestões para Leitura: A formação da classe operária. Paul Singer. Editora Atual - (col. Discutindo a História) São Paulo, 1985.

Dicas de vídeo:

Os miseráveis (EUA, 1978. Direção de Glenn Jordan. Duração: 123 min.) – Baseado no romance homônimo de V. Hugo, o filme, ambientado na França do século XIX, retrata a história de um trabalhador desempregado que é preso após roubar um pedaço de pão, para alimentar a família.

...E o vento levou (EUA, 1939. Direção de Victor Fleming. Duração: 222

min.) – O filme retrata a história da filha de um rico fazendeiro sulista, durante a Guerra da Secessão. Apesar, do filme maquiar, boa parte de uma sociedade complexa, onde só aparecem escravos felizes e obedientes, consegue-se ter uma idéia da sociedade escravagista e/ou abolicionista da época.

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Questões aula 02 11) A Sociologia, enquanto uma ciência social básica, surgiu num específico momento histórico, relacionada aos efeitos de importantes fatos e processos históricos que colaboraram para o seu aparecimento. Assinale a alternativa correta, que diz respeito àquele momento histórico: A ) A Sociologia foi fruto da Revolução Científica que caracterizou o racionalismo no século XVII. B ) A sociologia surgiu devido a Reforma Protestante e da influência das Igrejas luteranas e calvinistas, no século XVI. C ) A Sociologia foi fruto de grandes transformações decorrentes das Revoluções Industrial e Francesa, que caracterizaram a afirmação do modo de produção capitalista, no início do século XIX. D ) Esta ciência foi fruto das Grandes Navegações e Descobertas, que no século XVI colocaram os europeus diante de nova realidade, devido ao contato com o Novo Mundo. E ) A Sociologia nasceu no século XI, juntamente com as Universidades na Europa feudal e em função da ação esclarecedora da Igreja. 12) O desenvolvimento do capitalismo a partir do século XVII impôs as seguintes transformações na organização do trabalho:

I. Transformação de camponeses, pequenos produtores, artesãos em trabalhadores assalariados;

II. O processo de organização do trabalho individual tirou do trabalhador o “conhecimento” do ofício, tornando-o uma mera extensão da própria máquina;

III. Tornou o trabalho fabril uma atividade tão prazerosa que passou a ser exercido somente pelos membros da nobreza.

A ) Todas as afirmativas estão corretas B ) Nenhuma alternativa está correta C ) Somente I está errada D ) Somente II está errada E ) Somente III está errada 13) No início da Revolução Industrial o trabalho infantil foi utilizado com grande intensidade pelo capitalista por quê: A ) apelava para o ideal de homem ativo e poupador B ) apelava para o dever do trabalho e o repúdio a ociosidade C ) orientava a criança para a disciplina, o esforço físico e o bem estar social D ) supunha, na criança, maior docilidade e obediência em virtude de sua fragilidade. E ) exigia da criança a subsistência e a liberdade de ocupar o tempo livre.

14) Entre as conseqüências da revolução industrial inglesa destaca-se:

I. A transformação da atividade manufatureira em atividade fabril. II. Maciça emigração do campo para as cidades. III. Engajamento de mulheres e crianças em extensas jornadas de trabalho.

A ) Nenhuma alternativa está correta B ) Somente a afirmativa I está correta C ) Somente a afirmativa II está correta D ) Somente a afirmativa III está correta E ) Todas as afirmativas estão corretas 15) Podemos apontar como consequência da Revolução Industrial: A) O decréscimo da população urbana, que era explorada no penoso trabalho da indústria B) A humanização imediata das relações de trabalho, principalmente no que se refere a salários, condições de higiene e jornada de trabalho. C) O crescente controle por parte do operário do conjunto do processo produtivo, impedindo a fragmentação do saber e a alienação. D) O desenvolvimento da urbanização, dos transportes, das comunicações e da produção em série E) Fim da exploração dos operários urbanos e o nascimento das idéias socialistas. 16) Não podems mencionar como transformação significativa da Revolução Industrial: A) A substituição do trabalho artesanal, em que o artesão detinha controle sobre todo o processo produtivo, pelo trabalho assalariado, no qual o trabalho operário foi subdividido em múltiplas operações, na linha de montagem. B) O crescimento da produtividade, tendo em vista não apenas o aperfeiçoamento da organização produtiva, mas, sobretudo, o avanço tecnológico. C) A progressiva substituição da ferramenta pela máquina, isto é, por aparelhos acionados por qualquer força motora, menos a força humana. D) A crescente exigência, por parte dos empresários industriais, da intervenção do Estado no controle do processo produtivo. E) O crescente controle da produção por parte do empresário, conduzindo os trabalhadores a condição de alienação.

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17) ENADE 2004 "O homem se tornou lobo para o homem, porque a meta do desenvolvimento industrial está concentrada num objeto e não no ser humano. A tecnologia e a própria ciência não respeitam valores éticos e, por isso, não tiveram respeito algum com o humanismo, para a convivência e para o sentido mesmo da existência. Na própria política, o que contou no pós-guerra foi o êxito econômico e, muito pouco, a justiça social e o cultivo da verdadeira imagem do homem. Fomos vítimas da ganância e da máquina. Das cifras. E, assim, perdemos o sentido autêntico da confiança, da fé, do amor. As

máquinas andaram por cima da plantinha sempre tenra da esperança. E foi o caos." ARNS, Paulo Evaristo. Em favor do homem. Rio de Janeiro: Avenir, s\d, p. 10. De acordo com o texto, pode-se afirmar que: A) A industrialização, embora respeite os valores éticos, não visa o homem. B) A confiança, a fé, a ganância e o amor se impõem para uma convivência possível. C) A política do pós-guerra eliminou totalmente a esperança entre os homens. D) O sentido da existência encontra-se instalado no êxito econômico e no conforto. E) O desenvolvimento tecnológico e científico não respeitou o humanismo.

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Aula 03 O objetivo desta unidade é compreender as diferentes contribuições teóricas que explicam a sociedade moderna. 1. Émile Durkheim: Os fatos sociais 1.2. Consciência coletiva 1.3. A questão da solidariedade 2. Karl Marx e o materialismo histórico e dialético 2.1. A idéia de alienação 2.2. O conceito marxista de sociedade 2.3. A ideologia 2.4. A luta de classes 3. Max Weber e a sociologia compreensiva 3.1. A ação social 3.2. A ética protestante e o espírito do capitalismo 3.3. Os tipos de dominação Nesta unidade é importante compreender como estes conceitos permanecem atuais e podem ser aplicados para estudar os fenômenos contemporâneos. Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a.ed. São Paulo: Moderna, 2005 e FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à Sociedade da Informação. São Paulo: Atlas, 2001.

As principais contribuições teóricas

Os três teóricos clássicos da sociologia: Durkheim, Weber e Marx criaram concepções norteadoras para a observação social e seguramente pode-se afirmar que qualquer estudo sociológico vai, invariavelmente, ter uma filiação clara a um destes modelos teóricos ou a aspectos combinados destes modelos.

Émile Durkheim (1858-1917) foi o criador do organicismo ou funcionalismo, pois comparou a sociedade a um organismo vivo. Para ele, assim como no organismo, em que cada órgão tem que cumprir a sua função para que o todo se mantenha saudável, na vida social cada indivíduo deve cumprir a sua função, do contrário a sociedade ficará doente, ou seja, entrará num estado patológico.

Seguem as definições e os exemplo dos conceitos de Durkheim: Fato social: “Os fatos sociais devem ser tratados como coisa”, essa é a frase criada

por Durkheim para definir a relação do sociólogo com os fenômenos sociais investigados. Segundo Durkheim o fato social tem algumas características: generalidade, representa o consenso social e a vontade coletiva; exterioridade, possui existência exterior às consciências individuais e coerção, pressão exercida pelo grupo social sobre o indivíduo.

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Coerção social: todo indivíduo ao viver em sociedade sofre pressão do grupo, todas as ações que praticamos são julgadas pelos outros. Podemos sofrer desde reprovações leves até sanções legais, como prisão, dependendo do tipo praticado.

Normalidade e anomalia social: para Durkheim todo fato social é considerado normal, ele passa a ser considerado patológico ou uma anomalia se ameaça a sobrevivência da sociedade. Por exemplo: para Durkheim o crime é um fato social normal, em todos os tempos e em qualquer tipo de sociedade ele existe e segundo ele, o crime faz bem para a sociedade, desde que controlado, pois quando é punido adequadamente, reforça os valores do grupo. Porém, quando o crime foge ao controle social e passa a ser regra, ou mais forte que as instituições sociais, está configurada a anomalia social ou a patologia. EX: ações de facções criminosas, terrorismo, massacres, genocídios.

Alguns conceitos de Durkheim que continuam atuais e se prestam para analisar a sociedade atual são o de solidariedade. Para o sociólogo francês solidariedade é o cimento social, é o que faz o ser humano viver em grupo, em sociedade.

Segundo Durkheim a solidariedade pode ser mecânica e orgânica. A solidariedade mecânica era aquela que predominava nas sociedade pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social, já a solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas, em que, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas, como ocorre na sociedade contemporânea.

Segundo Marx, as sociedades, assim como tudo o que vide traz em si o gérmen da

sua própria destruição. A história dos sistemas e modos de produção é uma constante superação do velho pelo novo, segundo ele o declínio dos sistemas sociais se dá no seu próprio interior, quando os indivíduos ao repetir suas formas vão recriando e transformando seu funcionamento.

Karl Marx demonstra que nos diferentes períodos históricos esse processo produtivo sempre foi organizado com base na exploração de uma classe sobre a outra. Por esse motivo Marx vai cunhar a frase que se tornou famosa: “A história da humanidade é a história da luta de classes”.

O processo de extração da mais-valia que foi descrito por Marx no princípio do capitalismo se dá da mesma maneira atualmente. O trabalho do proletário (mão-de-obra assalariada) engrossa o lucro da burguesia (industriais que investem na produção) a medida que o trabalhador nunca ganha o salário condizente com a sua produtividade, os salários são sempre mantidos o mais baixos possível. Uma forma de manter os salários baixos é a existência do desemprego e a tecnologia que gradativamente vai tomando conta dos processos produtivos, desta maneira há sempre mais profissionais procurando emprego do que cargos à disposição.

Para Max Weber (1864-1920) as instituições produzidas pelo capitalismo, como a

grande empresa, constituíam clara organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo lhe parecia a expressão da modernização e de racionalização do homem ocidental, porém ele alertou para os perigos dessa racionalização crescente que leva a excessiva especialização a um mundo cada vez mais tecnicista e artificial e a deterioração das relações humanas e dos aspectos existenciais

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do indivíduo. Para Weber esse sistema cria a burocracia, que é um dos principais problemas gerados pelo capitalismo.

Weber escreveu A ética protestante e o espírito do capitalismo onde constata que o protestantismo foi a religião que mais se adequou a lógica do sistema capitalista, pois: o catolicismo levava a uma postura mais contemplativa da vida e o protestantismo ao contrário era mais pragmático, identificado com a economia de mercado.

Os principais conceitos de Weber são: Ação social: designa de maneira geral toda a ação humana que é influenciada pela

consciência da situação concreta na qual se realiza e da existência dos agentes sociais entre os quais a ação acontece.

O conceito de ação social foi eleito o conceito primordial na teoria de Max Weber. Para ele a ação humana sempre tem um sentido, ou seja, uma intenção e um motivo. Esses sentidos da ação seriam basicamente quatro:

tradicional – ação que se baseia nos usos e costumes sociais. afetiva – ação motivada pela emotividade de quem a pratica. orientada por valores – ação que é um fim em si mesma. racional – ação orientada para um fim determinado. Tipo ideal: Uma abstração criada para entender a ação dos sujeitos. Weber entende que para

interpretar as ações dos indivíduos é necessário classificá-los em perfis que caracterizam o grupo ao qual pertencem. Por exemplo: adolescente, dona de casa, universitário e etc, nenhum desses tipos ideais existem, o que existe de fato são pessoa que se enquadram nesses conceitos e pautam suas ações e compartilham um universo de valores com aqueles que estão nas mesmas condições sócio-econômicas, culturais, faixa etária.

Weber defende que as relações entre chefes e subalternos, políticos profissionais e povo podem ser resumidas a três tipos ideais, ou seja, modelos de liderança, a saber: líder carismático, líder racional-legal e líder tradicional.

As organizações, como todo grupo social, acabam se organizando a partir de uma hierarquia, de papéis e cargos relacionados a funções e as tensões começam a aparecer quando os atores sociais que deveriam exercer liderança não conseguem exerce-la de fato e também porque os interesses dos indivíduos são diferentes.

Para Max Weber (1864-1920) as instituições produzidas pelo capitalismo, como a grande empresa, constituíam clara organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo lhe parecia a expressão da modernização e de racionalização do homem ocidental, porém ele alertou para os perigos dessa racionalização crescente que leva a excessiva especialização a um mundo cada vez mais tecnicista e artificial e a deterioração das relações humanas e dos aspectos existenciais do indivíduo. Para Weber esse sistema cria a burocracia, que é um dos principais problemas gerados pelo capitalismo.

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CONTE A sociologia pode ser considerada uma ciência? Celina Fernandes Gonçalves Bruniera* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Nos últimos anos, inúmeras têm sido as críticas à elaboração do conhecimento próprio das

ciências humanas dentro da própria universidade. Também a imprensa - que veicula informações transmitidas pelas pesquisas de avaliação da produção acadêmica -, aponta o tempo demasiadamente longo que se leva para produzir resultados nos trabalhos realizados no campo das humanidades.

Todas essas críticas, que tomam como base os critérios de produção do conhecimento das ciências naturais, têm contribuído para que permaneça a questão sobre se as ciências sociais pertencem de fato ao ramo científico.

Parâmetros diferentes O saber produzido pelas ciências humanas não corresponde a um saber científico, pois não

atende aos requisitos delineados por uma específica visão de ciência, difundida a partir do século 19, feita sobre as características do conhecimento produzido pelas ciências naturais.

Todo o conhecimento que não atenda ao rigor do cálculo, à previsibilidade, à demonstração, aos métodos e técnicas de pesquisa baseados em processos quantitativos e de observação não são considerados científicos.

A definição de Comte Subjaz a essa concepção, a idéia de ciência social que Augusto Comte defendia no século 19, de

que a ciência da sociedade "apresente resultados indubitáveis e exprima verdades tão incontestáveis como as da matemática e da astronomia. É preciso também que a natureza dessas verdades seja de um certo tipo, (....) que partindo de leis mais gerais, das leis fundamentais da evolução humana, descubra um determinismo global."

Para Comte, "só há sociedade à medida que seus membros têm as mesmas crenças". Em Comte há, portanto, um determinismo global que deve ser buscado pela Sociologia, um determinismo que tem raízes na leis da evolução humana.

Vale ressaltar que a elaboração do conhecimento nas ciências humanas tem sua forma própria de constituir esse saber científico, baseada nas características dos seus objetos de estudo. É, portanto, um método muito diferente daquele praticado pelas ciências naturais.

Utilidade imediata A discussão mais recente no mundo universitário diz respeito a uma produção acadêmica que

atenda às demandas do mercado. A idéia é que a produção científica tenha utilidade imediata e que seja determinada externamente.

Com isso, questiona-se para que servem as ciências humanas, em especial as sociais, nesse contexto. Quando indagamos sobre a utilizade de um campo do conhecimento, já se incorporou a noção de que todo saber deve ter uma utilidade prática e de aplicação imediata.

Democratização das competências Além da difusão de uma determinada concepção de ciência mediada pela lógica do mercado,

conta o fato de que vivemos um tempo da banalização do conhecimento científico na área das humanidades, principalmente das ciências sociais. Todos sabem opinar sobre os objetos de estudo das diferentes áreas que compõem as ciências sociais.

Essa vulgarização foi alimentada pela "democratização das competências". Trata-se de uma discussão de que todos têm competência para discutir sobre política e sobre problemas sociais, pois esses temas fazem parte da realidade em que todos vivem.

Tais opiniões acerca dos problemas sociais e políticos trazem à tona um conhecimento superficial dessa realidade, em geral veiculado pela imprensa sem qualquer cuidado e reproduzido pelo imaginário social.

O que faz o cientista social Todos podem falar dos problemas sociais que vivenciam. E devem fazê-lo, porque o

aprofundamento dessas questões cresce com a discussão. Isso é necessário, mas não suficiente. É preciso ter conhecimento teórico para formular análises das relações sociais, para analisar os

discursos acerca da realidade social, compreendê-los e interpretá-los à luz de todo conhecimento já produzido a esse respeito. É exatamente isso que faz o cientista social.

*Celina Fernandes Gonçalves Bruniera é mestre em sociologia da educação pela Universidade de São Paulo e assessora educacional.

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http://educacao.uol.com.br/sociologia/ult4264u6.jhtm

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MARX Marxismo faz crítica ao capitalismo Renato Cancian* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação No transcurso da Revolução Francesa (1789) também surgiram alguns movimentos que

defenderam idéias comunistas. Entre os mais importantes está o babuvista, que recebeu essa denominação porque seu líder foi o revolucionário François-Noêl Babeuf (1760-1797).

O comunismo de inspiração babuvista é essencialmente distributivo e prevê a instauração de uma administração que se encarregará de fiscalizar o trabalho, a produção e a divisão da riqueza. Babeuf defende que o Estado deve assumir o controle de toda a propriedade privada e dos bens, distribuindo-os igualitariamente.

No período imediatamente posterior à Revolução Francesa, surgiram outros movimentos que defendiam alguns ideais comunistas, mas todos eles tinham em comum a construção de uma nova ordem social comunista que deveria ser alcançada pacificamente. Entre os líderes mais importantes desses movimentos figuram Charles Fourier (1772-1837), Robert Owen (1771-1858) e Etienne Cabet (1788-1856).

Karl Marx As concepções e os ideais comunistas formulados por Karl Marx representam, sem dúvida, o

ponto culminante da mais contundente crítica da sociedade burguesa e do modo de produção capitalista. Marx se interessou pelo estudo minucioso do funcionamento do modo de produção capitalista e concebeu uma maneira de superá-lo a fim de estabelecer as bases de uma futura sociedade comunista.

No "Manifesto do Partido Comunista" (1848), Marx não apresenta nenhuma condenação moralista ou ética da burguesia. Ao contrário, ele se refere à burguesia como uma classe que desempenhou um importante papel na história ao suprimir o antigo modo de produção e dominação feudal.

A burguesia estabeleceu um mercado mundial, sob a égide das relações comerciais capitalistas, que acarretou a progressiva unificação dos povos. O capitalismo, por outro lado, permitiu o rápido e constante aperfeiçoamento dos instrumentos de produção.

Após exaltar os feitos históricos da classe burguesa, Marx concentra sua crítica nas conseqüências (ou males) das relações de produção capitalista. De acordo com Marx, o proletário não é considerado um escravo, mas sua condição de existência sob o capitalismo o transforma em indigente.

Proletariado, a classe revolucionária Os trabalhadores sofrem a progressiva exclusão dos benefícios da enorme riqueza material que

é produzida por eles mesmos, mas que fica concentrada nas mãos de uma minoria. Marx acreditava que o desenvolvimento cada vez maior das forças produtivas capitalistas geraria infindáveis crises econômicas e, conseqüentemente, conflitos sociais cada vez mais intensos, que levariam inevitavelmente à derrocada da ordem social burguesa.

No capitalismo, o proletariado é considerado por Marx a classe revolucionária. Ela deve desempenhar seu papel histórico de supressão da classe burguesa e a construção de uma ordem social igualitária, baseada no comunismo, isto é, uma sociedade em que inexista a propriedade privada e onde cada indivíduo trabalhe segundo suas capacidades e receba segundo suas necessidades.

O paradoxo da concepção marxista é que, segundo ela, uma sociedade comunista só poderia ser construída quando o modo de produção capitalista amadurecesse o suficiente a ponto de desenvolver ao máximo todas as forças produtivas.

http://educacao.uol.com.br/sociologia/ult4264u46.jhtm

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DURKHEIM A divisão do trabalho social Renato Cancian* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Émile Durkheim (1858-1917) integra o grupo de cientistas sociais considerados fundadores da

sociologia. Em 1893 ele publicou sua tese de doutoramento, intitulada De la Division du Travail Social, estudo em que aborda a interação social entre os indivíduos que integram uma coletividade maior: a sociedade.

Trata-se de um tema central no pensamento sociológico de Durkheim, cujo principal interesse é desvelar os fatores que possibilitam a coesão (unidade, estabilidade) e a permanência (ou continuidade) das relações sociais ao longo do tempo e de gerações. Dentro da perspectiva sociológica durkheimiana, a existência de uma sociedade só é possível a partir de um determinado grau de consenso entre seus membros constituintes: os indivíduos. Segundo Durkheim, esse consenso se assenta em diferentes tipos de solidariedade social.

Solidariedade mecânica Em De la Division du Travail Social, Durkheim esclarece que a existência de uma sociedade,

bem como a própria coesão social, está baseada num grau de consenso entre os indivíduos e que ele designa de solidariedade. De acordo com o autor, há dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.

A solidariedade mecânica prevalece naquelas sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo, essa correspondência de valores assegura a coesão social.

Solidariedade orgânica De modo distinto, existe a solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas

sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada.

A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. Durkheim emprega alguns conceitos das ciências naturais, em particular da biologia (muito em uso na época em que ele começou seus estudos sociológicos) com objetivo de fazer uma comparação entre a diferenciação crescente sobre a qual se assenta a solidariedade orgânica.

Durkheim concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos.

Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o direito.

http://educacao.uol.com.br/sociologia/durkheim1.jhtm A consciência coletiva e fatos sociais Renato Cancian* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Na perspectiva sociológica de Émile Durkheim, a existência de uma sociedade e a coesão

social que assegura sua continuidade só se torna possível quando os indivíduos se adaptam ao processo de socialização, ou seja, quando são capazes de assimilar valores, hábitos e costumes que definem a maneira de ser e de agir característicos do grupo social a qual pertencem.

A consciência coletiva constitui o "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, formando um sistema determinado com vida própria". A consciência coletiva é capaz de coagir ou constranger os indivíduos a se comportarem de acordo com as regras de conduta prevalecentes.

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A consciência coletiva habita as mentes individuais e serve para orientar a conduta de cada um de nós. Mas a consciência coletiva está acima dos indivíduos e é externa a eles. Com base neste pressuposto teórico, Durkheim chama atenção para o fato de que os fenômenos individuais devem ser explicados a partir da coletividade e não o contrário.

Fatos sociais Em 1895, Durkheim publica o estudo denominado "As Regras do Método Sociológico", onde

define o objeto por excelência da sociologia: os fatos sociais. Fato social é tudo o que é coletivo, exterior ao indivíduo e coercitivo.

Durkheim demonstra que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Ele atribui três características que caracterizam os fatos sociais:

� Primeira: coercitividade, que pode ser entendido como a força que exercem sobre os indivíduos obrigando-os através do constrangimento a se conformarem com as regras, normas e valores sociais vigentes;

� Segunda: exterioridade, que pode ser entendida como a existência de um fenômeno social que atua sobre os indivíduos, mas independe das vontades individuais;

� Terceira: generalidade, que pode ser entendida como a manifestação de um fenômeno que permeia toda a sociedade.

O suicídio, por exemplo, a primeira vista pode ser encarado como um fenômeno individual, mas a constatação da sua regularidade ao longo do tempo (de acordo com os dados estatísticos) fez com que Durkheim o concebesse como um fenômeno social, mas propriamente um fato social, que é explicado pelo autor como uma crise moral da sociedade.

http://educacao.uol.com.br/sociologia/durkheim2.jhtm

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Auguste Conte (1798-1857) (1ª Revolução Industrial) Positivismo: Conjunto de doutrinas de Augusto Conte (q. v.)1 que atribuem à

constituição e ao processo da ciência positiva importância capital para o progresso do conhecimento.

(In, Dicionário Aurélio) sistema criado por Auguste Comte (1798-1857), e desenvolvido por inúmeros epígonos2,

que se propõe a ordenar as ciências experimentais, considerando-as o modelo por excelência do conhecimento humano, em detrimento das especulações metafísicas ou teológicas; filosofia positiva, comtismo.

(Disponível em: http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=positivismo&stype=k – acesso em 23/08/06)

Estuda a realidade histórica de seu tempo: ordem feudal X ordem capitalista (industria). - deveria a sociedade capitalista (industrial) passar por mudanças morais importantes

para que seu curso fosse reajustado na direção correta. Lei dos três estados da humanidade: 1º) teológico: Deus como centro de todas as coisas – a medida de tudo – regente da vida

social – alicerçado na fé irracional; 2º) metafísico: questionamento do estado anterior, onde Deus deixa de ser o regente

absoluto da vida d em sociedade; 3º) teoria da história: o positivo a física social, ponto de chegada histórico do espírito

humano, sociedade capitalista moderna (antropocêntrica) = o homem como regente de sua vida social por meio de ciência.

Onde as leis deveriam ser estáveis e coerentes, sendo assim, leis invariáveis (RAZÃO) a) Estática = preservação da ordem social pelas instituições: família, religião,

propriedade, linguagem, direito, etc., por meio do consenso que manteria a unidade social. b) Dinâmica = voltada para o progresso evolutivo, com a formulação das leis sociais

imutáveis para a compreensão da evolução social por meio da investigação social. Economia: Vai contra a concepção liberal do Estado vez que deveria ser impedido o desejo de lucro

egoístico, os rumos econômicos deveriam ser conduzidos pelo Estado (um mal necessário). Política: O governo deveria ser exercido em nome de todos através de poder coercitivo (ditadura)

com a extinção do poder legislativo, e em substituição a esse criar-se-ia um poder fiscalizador do erário público que não admitiria despesa sem receita correspondente.

Aceitava como natural à ordem de dominação burguesa.

Émile Durkheim (1858/1917)

1 Queira ver 2 Aquele que pertence à geração seguinte. 2. Discípulo ou imitador de um grande mestre.

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2ª revolução industrial crise do capitalismo europeu neocolonialismo 1ª guerra Alegava que os problemas vividos na sociedade européia capitalista da época eram de

ordem moral e não econômica. A sociedade predomina sobre o indivíduo vez que ela impõe a esse o conjunto de normas

de conduta social. A sociologia era um instrumento científico para busca de soluções aos desvios da vida

social, além da finalidade de explicar a vida em sociedade (saudável X patogênico). Fato Social: O que é fato social? Antes de procurar saber qual é o método que convém ao estudo dos fatos sociais, é

preciso determinar quais são esses fatos. Se não me submeto às normas da sociedade, se ao vestir-me não levo em conta os

costumes seguidos no meu país e na minha classe, o riso que provoco e o afastamento a que me submeto produzem, embora de forma mais atenuada, os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita. Aliás, apesar de indireta, a coação não deixa de ser eficaz.

Não sou obrigado a falar a língua de meu país, nem a usar as moedas legais, mas é impossível agir de outro modo. Se tentasse escapar a essa necessidade, minha tentativa seria um completo fracasso. Se for industrial, nada me proíbe de utilizar equipamentos e métodos do século passado; mas se fizer isso, com certeza vou arruinar-me.

Mesmo quando posso libertar-me e desobedecer, sempre serei obrigado a lutar contra tais regras. A resistência que elas impõem são uma prova de sua força, mesmo quando as pessoas conseguem finalmente vencê-las. Todos os inovadores, mesmo os bem-sucedidos, tiveram de lutar contra oposições desse tipo.

Aqui está, portanto, um tipo de fatos que apresentam características muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõem como obrigação. Por isso, não poderiam ser confundidos com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ações; nem com os fenômenos psíquicos, pois estes só existem na mente dos indivíduos e devido a ela. Constituem, portanto, uma espécie nova de fatos, que devem ser qualificados como sociais.

Adaptado de: Émile Durkheim, As regras do método sociológico, p. 389-3 90. (In, Introdução a Sociologia – Pérsio Santos Oliveira) Três características: a) coerção social b) subordinação c) exterioridade A Solidariedade: Mecânica = laços familiares, religiosos, de tradição e costumes. Orgânica = interdependência entre os indivíduos.

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Conte = passagens contínuas – teológico ao positivismo

X Durkheim = não mudança do processo histórico, mas sim sofisticação desse (cultura e

organização social).

OBJETO DA SOCIOLOGIA

Uma ciência caracteriza-se pelo seu objeto e pelos seus métodos. Quanto à Sociologia, o

seu objeto se encontra no exame dos coletivos, através de teorias e métodos próprios. À medida que reconhecemos a categoria de Ciência à Sociologia, há uma exigência maior na objetividade da análise desses fenômenos. Alguns autores discordam com relação ao objeto da Sociologia, havendo uma diversificação teórica. Destacamos 3 conceituações nas teorias de Durkheim, Weber e Parsons.

Esse tópico abrange:

• A análise do conceito de fato social proposto por Durkheim, que possibilita a compreensão da sociedade com suas relações, através do enfoque objetivo, característico deste autor.

• O exame do conceito de ação social enunciado por Weber, permitindo a compreensão da conduta humana em sociedade e fornecendo a explicação causal de sua origem e de seus resultados.

• O estudo do conceito de ação social proposto por Parsons, que evidencia os elementos constitutivos da ação social e o reconhecimento de sua importância na orientação do homem em suas relações sociais.

FATO SOCIAL – ÉMILE DURKHEIM

Durkheim contribuiu no estudo científico da sociedade no séc. XX. Formulando com

firmeza e convicção uma assertiva que repercutiu nas interpretações sociológicas. Qualificou, com efeito, o fato social como uma "coisa", e preconizou que, para estudá-lo fossem aplicados os métodos e processos científicos exatos.

Para a explicação do fato social havia necessidade de investigação de causas sociais.

Sua definição é: "É fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior que é igual na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter". (Durkheim, 1966).

Dessa definição podemos tirar as características específicas do fato social: • Exterioridade – existe independentemente de sua vontade. Ex: deveres de cidadão com o Estado, adeptos de uma religião • Coercitividade – os indivídios vêem-se obrigados a seguir o comportamento

estabelecido. Ex: serviço militar, dever de votar, portar-se adequadamente • Generalidade – comum os membros de um grupo. Ex: consciência coletiva, diferença entre um brasileiro e um boliviano AÇÃO SOCIAL – MAX WEBER

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Weber baseia-se em critérios internos dos indivíduos, conceituando de modo subjetivo a ação social. Ele considerava a possibilidade de uma espécie de compreensão baseada no fato de que os seres humanos são diretamente conscientes de suas ações. A ação social seria a conduta humana, pública ou não, a que o agente atribui significado subjetivo; acentua a importância de ser social uma espécie de conduta que envolve significado para o próprio agente.

A Sociologia, na interpretação de Weber, é uma ciência que tem por objeto compreender

claramente a conduta humana e fornecer explicação causal de sua origem e resultados. A ação humana, para Weber, "é social à medida que, em função da significação subjetiva que o indivíduo ou os indivíduos que agem lhe atribuem, toma em consideração o comportamento dos outros e é por ele afetada no seu curso."

Para Weber, a ação social, como toda ação, pode ser: a) racional – determinada pelo comportamento racional das conseqüências envolvidas. b) racional, visando valores – determinada pelas convicções (éticas, estéticas,

religiosas). c) afetiva – determinada por afetos e estados sentimentais. d) tradicional – determinada por um costume arraigado. NOÇÃO DE AÇÃO – T. PARSONS Parsons sofreu forte influência de Weber na definição do objeto de estudo da Sociologia:

a ação social. Ao expor um esquema de referência para o estudo da ação, ele distinguiu 3 elementos imprescindíveis: o agente (ator), a situação e a orientação desse agente em relação à situação.

Analisando a orientação do agente, dividiu-a em 2 componentes: a) orientação motivacional – relação do agente com a gratificação ou a privação das

necessidades. b) observância de normas e padrões sociais, consistindo na submissão do ator às suas

determinações. A situação em que o ator está integrado é composta de: a) objetos físicos, meios e condições da ação b) objetos sociais, outras pessoas c) objetos culturais, elementos simbólicos da tradição cultural Parsons indica que, cada agente, em dada situação social, defronta-se com dilemas, e os

sistemas sociais podem ser caracterizados pelas soluções que fornecem ou pela combinação das soluções.

Para Parsons, a ação social, situa-se simultaneamente em 4 sistemas?: 1º. Cultural – crenças, símbolos e valores 2º. Social – papéis inter-relacionados 3º. Psíquico – motivos, afetos e idéias do indivíduo 4º. Biológico – necessidade e exigências do organismo Os 4 sistemas são complementares e mantêm entre si relações de interdependência, estão

correlacionados segundo uma ordenação hierárquica. Quanto mais elevado o sistema estiver na escala hierárquica, maior será o controle sobre

o outro sistema. Desta maneira, o sistema cultural exerce controle sobre o social, este sobre a personalidade, que, por sua vez, controla o organismo biológico.

Não há confusão ou mistura dos sistemas. O que se deve fazer para qualquer explicação

da ação humana global é uma referência aos 4 sistemas.

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O sistema social só não existe nas comunidades mortas e desaparecidas onde restam apenas peças arqueológicas.

Sugestões para Leitura: Cohen, Percy S. Teoria Social Moderna. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

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Questões aula 03  18) Na teoria de Émile Durkheim há a importante análise dos fatos sociais, considerado pelo autor o objeto de estudo da Sociologia. Segundo o autor, os fatos sociais: A ) Caracterizam-se por sua generalidade, por seu caráter coercitivo sobre os indivíduos, sendo ainda, independentes e exteriores a eles. B ) caracterizam-se por seu aspecto altamente específico, dependem das ações individuais e são somente por elas alterados. C ) São considerados como algo absoluto e não exercem influência sobre cada indivíduo, pois cada pessoa possui o poder de interferir sobre o contexto coletivo. D ) É explicado como dependentes das ações de alguns indivíduos que por terem posição social elevada conseguem determinar o que ocorre no contexto social. E ) Os fatos sociais, para Durkheim, dependem fundamentalmente da soma dos fatos individuais, pois esses é que determinam o contexto social. 19) “A seu ver, a divisão do trabalho concebida pela formação da estrutura de produção industrial capitalista incentivava e levava ao exercício de uma nova forma de solidariedade entre os homens, impelindo-os a uma interdependência e não aos conflitos sociais”. (FERREIRA, D. Manual de Sociologia. Atlas, p. 50), pergunta-se quais são os conceitos de solidariedade enunciados por Durkheim? A ) mecânica e funcional B ) orgânica e real C ) funcional e real D ) mecânica e orgânica E ) inorgânica e orgânica 20) Com o objetivo de entender o capitalismo, Karl Marx, proporcionou à sociologia uma grande contribuição com novos conceitos, que seriam de extrema importância para os estudos da sociedade. Sendo assim, um deles é chamado de ALIENAÇÃO que é: A ) a condição que o ser humano alcança quando vive em razão do dinheiro, condição análoga a de um viciado. B ) a visão utópica da vida em sociedade C ) a implantação do comunismo, como solução para uma sociedade justa e igualitária. D ) um distúrbio mental ocasionado pelos altos índices de produtos nocivos à saúde das pessoas que trabalhavam nas indústrias sustentadas pelo capitalismo. E ) a separação do homem de seus meios de produção, dos frutos de seu trabalho, e também vida política, em razão da imposição do mundo capitalista

21) O conceito de mais-valia desenvolvido por Karl Marx significa: A ) o lucro do empresário advém da venda de mercadorias B ) a mais valia é obtida pela parte da riqueza produzida pelo capitalista, que investe seu lucro no sistema produtivo. C ) a mais valia é obtida pela parte da riqueza produzida pelo trabalhador que fica com o capitalista D ) a mais valia é obtida pelo trabalhador como fruto do seu trabalho, seu empenho e sua dedicação aos interesses da organização. E ) a mais valia significa o lucro do empresário no processo de circulação simples da mercadoria. 22) Max Weber elaborou importante teoria sobre os tipos ou formas de poder e de dominação. Assinale a alternativa que, de acordo com o autor, contém os três tipos de poder e de dominação: A ) Legislativo, executivo e judiciário B ) Legal ou racional, tradicional e carismático C ) Econômico, político e cultural D ) Democrático, liberal e totalitário E ) Laico, religioso e militar 23) Max Weber, em sua obra "A ética protestante e o espírito do capitalismo", relaciona o papel do protestantismo com a formação do comportamento típico do capitalista ocidental moderno, entre suas conclusões é INCORRETO afirmar: A ) Há proeminência de adeptos da Reforma Protestante entre os grandes homens de negócio e empresários bem sucedidos. B ) A motivação protestante para o trabalho, segundo Weber, é que este é considerado um dever e vocação, como um fim absoluto em si mesmo. C ) Buscando sair-se bem na profissão, mostrando sua virtude e vocação, o protestante se adéqua mais facilmente ao mercado de trabalho. D ) Weber constata que não há relação entre religião e afirmação do capitalismo, pois religião e desenvolvimento econômico são temas que não se relacionam. E ) Weber constata que a motivação para o trabalho está ligada à um sentido estabelecido pela religião, por isso existe relação entre desenvolvimento do capitalismo e reforma protestante.

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24) O estudo da sociedade se tornou uma ciência, a sociologia, quando foi aplicado aos fenômenos sociais o método científico. O primeiro método utilizado pela sociologia tinha como modelo o método utilizado nas ciências naturais, baseado na medição, observação e comparação. Um outro método utilizado pela sociologia é o dialético (materialismo), que busca apreender as contradições da realidade social - luta entre classes sociais e com isso apreende o movimento da história. Os métodos descritos acima se baseiam respectivamente (de acordo com a ordem exposta) nas teorias de: A ) Durkheim e Marx B ) Galileu e Marx C ) Comte e Durkheim D ) Newton e Durkheim E ) Durkhiem e Hobbes 25) Baseando-se na dinâmica econômica, Karl Marx (1818-1883) desenvolveu a teoria da alienação do operário pelo trabalho que é: A ) A pena ou servidão do homem à natureza B ) O esforço de sobrevivência do Homem no mercado de trabalho C ) A gratificação em termos existenciais das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores D ) O preparo do trabalhador para o processo produtivo E ) A atividade parcelada, rotineira, despersonalizada que leva o operário a sentir-se distante ou estranho àquilo que produz. 26) Assinale abaixo qual das alternativas corresponde à idéia de Émile Durkheim sobre a divisão do trabalho: A ) Uma das conseqüências da divisão do trabalho é a alienação do operário. B ) Segundo Durkheim a divisão do trabalho conduz a sociedade à pobreza crescente. C ) Para Durkheim a divisão do trabalho gera exclusivamente o aumento da produtividade. D ) Para Durkheim a divisão do trabalho não levava a sociedade a ter conflitos e tornava possível a união e solidariedade entre os homens por se tornarem inter-dependentes. E ) Durkheim concordava com os socialistas que davam importância para o aspecto econômico da divisão do trabalho. 27) Um conhecimento é ideológico, no sentido marxista do termo, quando: A ) Representa o que a realidade é. B ) Oculta a divisão de classes sociais e a exploração, e serve assim, aos interesses da classe dominante. C ) Revela as contradições presentes na sociedade, denunciando a dominação. D ) Liberta o homem da dominação.

E ) Corresponde a consciência da classe e, por isso, serve à classe dominante. 28) A teoria da desigualdade social desenvolvida por Karl Marx parte do pressuposto: A ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são a burguesia e o proletariado B ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são a nobreza e o clero e cabe aos burgueses e trabalhadores sustentar uma elite improdutiva. C ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são os plebeus e os burgueses, mas em virtude da alta mobilidade social que o sistema proporciona, tenha ganhado evidência os trabalhadores. D ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são os burgueses e os ricos. Os trabalhadores perderam importância pois não tem poder aquisitivo para participar da sociedade de consumo. E ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são o proletariado e as classes médias. Estas últimas ampliam a sua importância social devido à sua imensa capacidade de interferir nos rumos políticos do país. 29) Leia com atenção a frase a seguir: "Se não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita (...) Não sou obrigado a falar o mesmo idioma que meus compatriotas, nem empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra maneira (...) Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável". (DURKHEIM: 1985, p.02) A frase acima expressa a relação entre o indivíduo e a sociedade, que podem ser compreendida: A ) A sociedade moderna nasceu sob o princípio da liberdade e da individualidade, por isso é garantido em todas as instâncias da vida, a livre expressão de idéias e ações. B ) Existe uma imposição do social sobre o individual, pois quando nascemos já encontramos uma sociedade pronta com regras e valores que devemos seguir. C ) Existe o domínio do individual sobre o social tendo em vista que a sociedade é constituída de indivíduos livres e soberanos. D ) Existe uma imposição do social sobre o individual porque a democracia ainda não se manifesta como um valor universal. E ) Existe uma imposição do individual sobre o social pois ainda existem ditadores em vários países do mundo.

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Aula 04 O objetivo desta unidade é refletir a maneira como o Brasil foi inserido no mundo capitalista. - A industrialização e formação da sociedade de classes - O capitalismo dependente. A bibliografia para esta unidade é: VITA, Álvaro. Sociologia da Sociedade Brasileira. São Paulo: Ática, 1989 FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia.São Paulo: Atlas, 2001

A sociedade brasileira se constituiu a partir do processo de expansão do capitalismo

europeu a partir do século XV. No início todas as relações comerciais eram voltadas para a metrópole e aqui se mantinha relações sociais baseadas na escravidão.

Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a chegada de um grande

contingente de imigrantes é que se introduziu o trabalho livre. No ciclo do café, outras

atividades econômicas se desenvolveram como: transporte ferroviário, o sistema bancário,

pequenas indústrias de alimentos e têxteis, que dinamizaram a vida nas áreas urbanas

Vários estudos indicam que o processo de industrialização do Brasil esteve ligado ao

desenvolvimento da economia cafeeira no Estado de São Paulo.

Uma das razões da industrialização foi a introdução do trabalho livre com o grande

surto migratório que o país viveu no século XIX, que gerou um mercado consumidor de

produtos industriais.

Segundo (VITA: 1989,p. 137) a forma como se organizou os negócios do café

permitiu a formação de uma ‘consciência burguesa’ entre os fazendeiros. Pois o capital

acumulado no café era utilizado na diversificação das atividades econômicas. Desde modo,

o capital acumulado com a venda do café era investido em outra atividade que

possibilitasse a obtenção de lucro.

Já no início dos anos 20, grandes empresas norte-americanas instalaram filiais no

Brasil. Ford, Firestone, Armour, IBM etc. (NOVAES:1984 p.117). Com a crise mundial do

início dos anos 30, a economia brasileira deixa de ser voltada para a exportação e se apóia

na interiorização e na industrialização. Porém a partir dos anos 50, a chegada de um grande

número de empresas estrangeiras, a economia industrial brasileira se volta novamente para

o mercado externo.

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O grau de dependência que a economia brasileira têm com relação às potências

estrangeiras pode ser compreendido a partir da compreensão do modelo de

desenvolvimento industrial que o país teve, onde se privilegiou a indústria de bens de

consumo em detrimento na indústria de bens de capital.

Outro aspecto que merece ser mencionado à respeito da dependência estrangeira, diz

respeito à ausência de produção de tecnologia no país, que adotou por um modelo de

desenvolvimento industrial marcado tanto pela dependência tecnológica como pela de

capital estrangeiro. [1]

[1] Não é possível pensar no processo de industrialização brasileiro, sem levar em conta o processo de expansão das empresas européias e norte-americanas no pós-guerra.

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Questões aula 04 

30) No início do século XX, contata-se que não havia no Brasil desenvolvimento econômico e industrial comparável aos países da Europa EUA. Esta constatação levou as oligarquias rurais a afirmar que "o Brasil era um país com vocação agrária". Esta afirmativa exprimia os interesses desses grupos que eram contrários ao desenvolvimento da indústria. Assinale a afirmativa que expressa os interesses da oligarquia rural. A) A ascensão econômica da burguesia industrial significaria uma ameaça aos interesses e aos domínios das oligarquias de origem rural. B) A forte convicção de que a industrialização era uma atividade que traria benefícios econômicos e sociais para o país. C) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper a resistência do governo central. D) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper o cerco imposto pelos países de capitalismo avançado. E) Acreditavam que a burguesia industrial deveria investir no setor agrícola pois seria impossível competir com a qualidade dos produtos importados.

31) O padrão clássico de desenvolvimento do capitalismo ocorreu na Europa, a partir do século XVI, com o desenvolvimento das atividades comerciais,acumulo crescente de capital e ascenção da burguesia como classe social. No Brasil, o desenvolvimento do capitalismo ocorreu a partir do século XIX, e teve caracteristicas específicas que o diferenciam do padrão clássico. Assinale a alternativa que indique as características e aspectos da constituição do capitalismo no Brasil. A) Formação de uma indústria de bens de consumo em São Paulo , no início do século XX, que dependeu de recursos e capital acumulados com a exportação do café e da existênca da mão de obra assalariada decorrente, principalmente, dos imigrantes europeus. B) Existência de capitais gerados pelas exportações acumulados ao longo dos ciclos econômicos da cana-de-açucar e ouro. Este acumulo de capitais propiciou a formação da burguesia nacional e o desenvolvimento das atividades industriais. C) O desenvolvimento do capitalismo industrial no Brasil ocorreu em virtude do grande investimento estrangeiro ao longo do século XIX. D) Influência do desenvolvimento da agricultura brasileira, que sempre possuiu características de inovação e modernização capitalista. E) Formação de capital advindo da época da mineração do século XVIII, quando uma sofisticada tecnologia foi introduzida, favorecendo a criação de um parque industrial brasileiro.

32) A idéia de que "o Brasil é um país com vocação agrária" exprimia os interesses das oligarquias rurais que, no início do século XX, criticavam a industrialização por considerá-la: A ) A ascensão econômica da burguesia industrial significaria uma ameaça aos interesses e aos domínios das oligarquias de origem rural. B ) A forte convicção de que a industrialização era uma atividade que traria benefícios econômicos e sociais para o país. C ) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper a resistência do governo central. D ) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper o cerco imposto pelos países de capitalismo avançado. E ) Acreditavam que a burguesia industrial deveria investir no setor agrícola pois seria impossível competir com a qualidade dos produtos importados. 33) A formação da sociedade capitalista no Brasil ocorreu de forma específica e fora dos padrões clássicos. Assinale a alternativa que possui características ou aspectos da constituição da formação da sociedade capitalista brasileira. A ) Formação de uma indústria de bens de consumo, desde o início do século XX, em São Paulo, que dependeu de recursos e capital acumulados com a exportação do café e da existênca da mão de obra assalariada decorreente, principalmente, dos imigrantes europeus. B ) Existência de capitais gerados pelas exportações ocorridas na época da 2a. Guerra Mundial, independente do que ocorreu no setor agrário e contando com uma mão de obra basicamente nacional. C ) Capital estrangeiro investido no Brasil a partir da globalização econômica ocorrida com a industrialização dos anos 1950. D ) Influência do desenvolvimento da agricultura brasileira, que sempre possuiu características de inovação e modernização capitalista. E ) Formação de capital advindo da época da mineração do século XVIII, quando uma sofisticada tecnologia foi introduzida, favorecendo a criação de um parque industrial brasileiro.

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34) A cultura do café no Oeste paulista a partir do século XIX teve consequências relevantes para o país. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a este contexto. A ) A cultura do café provocou a decadência do trabalho escravo e a introdução do trabalho livre. B ) A cultura do café contribuiu para dinamizar outras atividades econômicas como: a criação das primeiras ferrovias e o sistema bancário. C ) A cultura do café contribuiu para o processo de urbanização, pois era nas áreas urbanas que se realizava a comercialização do café e o financiamento da produção. D ) A necessidade de garantir mão-de-obra para a lavoura do café foi responsável pela imigração de 1.400.000 trabalhadores europeus. E ) A cultura do café contribuiu para a preservação do trabalho escravo e para a crise das cidades industriais, que perderam população. 35) O grau de dependência que a economia brasileira têm em relação às potências estrangeiras deve ser analisado a partir da compreensão do modelo de desenvolvimento industrial que o país adotou que privilegiou: A) Indústria de bens de consumo e ausência de pesquisa tecnológica no pais B) Desenvolvimento baseado na produção agrícola C) Desenvolvimento industrial baseado nas empresas de capital aberto D) Desenvolvimento industrial baseado no lucro da especulação financeira E) Desenvolvimento industrial baseado nas empresas estatais 36) Em deterrminados países, como o Brasil, a formação de uma indústria local de bens de consumo dependeu de recursos acumulados com a exportação agrária. A socióloga Cristina Costa , em relação a este processo afirma: "Um caso típico, neste sentido, ocorrido no Brasil, foi a industrialização de São Paulo, que, sem a concorrência dos produtos europeus, pôde se desenvolver com a utilização do capital gerado pela exportação do café". Esta colocação está relacionada: A) Aos momentos iniciais do processo de formação da sociedade capitalista no Brasil, principalmente, a partir do início do século XX. B) Ao processo de globalização da economia brasileira, iniciado após a industrialização da década de 50. C) Ao momento gerado pela 2a. Guerra Mundial, independente do que ocorreu no setor agrário nacional. D) Ao processo de desenvolvimento da agricultura brasileira que sempre possuiu características de desenvolvimento capitalista. E) Ao processo de industrialização atual, incentivado pelas exigências da globalização da economia.

37) ENADE 2004 - Analise as afirmativas que se seguem, referentes às particularidades históricas da sociedade brasileira. I - O desenvolvimento do capitalismo no Brasil se processou sem transformações que erradicassem relações econômico-sociais pré-capitalistas. II - No período de 1930 a 1980, a sociedade brasileira se industrializou e urbanizou, registrando notável mobilidade social. III - Uma das principais características da sociedade brasileira, de 1930 a 1980, foi um expressivo crescimento econômico, acompanhado da redução da desigualdade social. IV - No período posterior a 1980, a economia brasileira, porque não experimentou processos de reestruturação produtiva, vem contribuindo para o agravamento da questão social. V - A análise da história brasileira demonstra que os períodos de crescimento econômico são aqueles em que mais se reduzem as expressões da questão social. Estão corretas apenas as afirmativas A) I e II. B) II e III C) I, II e III. D) I, II e IV E) II, III e IV. 38) ENADE 2004 Analise as afirmativas que se seguem, sobre as particularidades do movimento histórico da sociedade brasileira. I - O processo da revolução burguesa, no Brasil, não se operou segundo o padrão clássico (francês). II - No Brasil, identificam-se conjunturas em que o Estado promoveu direitos sociais como forma de legitimar a restrição de direitos políticos. III - No segundo terço do século XX, o Estado brasileiro implementou a “cidadania regulada”, ou seja, aquela que confere direitos a partir da inserção sócio-ocupacional. IV - No Brasil, o direito constitucional à assistência social foi garantido pelo Estado Novo. V - O período 1964/1984 assinalou, no Brasil, um ciclo de fortes restrições aos direitos sociais. Estão corretas apenas as afirmativas: A) I e III B) I, II e III. C) I, II e IV D) I, IV e V E) I, II, III e V

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39) ENADE 2000 - Após a Segunda Grande Guerra, muitos países em desenvolvimento, sobretudo os da América Latina, adotaram um modelo de desenvolvimento que ficou conhecido como industrialização por substituição de importações. Esse modelo se caracterizava por: A) Incorporar uma estratégia de orientação do desenvolvimento para fora, ou seja, em direção ao mercado internacional. B) Praticar elevado grau de subsídios à exportação de produtos manufaturados com o objetivo de estimular a produção interna destes bens.

C) Conceder elevados incentivos à exportação de insumos e produtos intermediários, como forma de estimular a produção doméstica de bens finais. D) Utilizar barreiras comerciais para dificultar a importação de bens manufaturados e, conseqüentemente, estimular a produção interna destes bens. E) Incentivar as importações de bens de consumo final de alto conteúdo tecnológico, no lugar das importações de produtos de baixo conteúdo tecnológico, com o intuito de modernizar a indústria doméstica

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Aula 05 O objetivo deste conteúdo e refletir sobre o fenômeno da globalização. 1. A globalização econômica e financeira 2. A globalização tecnológica 3. A globalização cultural A bibliografia básica para este conteúdo é: BARBOSA, Alexandre. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. São Paulo: Contexto, 2003.

O que denominamos contemporaneamente por globalização é um processo de

mundialização do capitalismo que envolve uma grande diversidade de aspectos de natureza

cultural, social, econômica e política.

O capitalismo passa por uma série de transformações no final do século XX, por um

processo de liberalização comercial que levou à uma maior abertura das economias nacionais

resultando em mudanças nos processos de trabalho, hábitos de consumo, configurações

geográficas e geopolíticas, poderes e práticas do Estado.

A globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão do capitalismo como modo

de produção e como processo civilizatório de alcance mundial. No cotidiano, a globalização se

manifesta de maneira mais visível, nas das mudanças tecnológicas e nas alterações nos processos

de trabalho e produção.

Neste surto de universalização do capitalismo o desenvolvimento adquire novo impulso, com

base em novas tecnologias, criação de novos produtos e mundialização de mercados. A

globalização é marcada pela transição de um modelo de organização fordista* para um modelo

toyotista, que (HARVEY:1992) denomina passagem para um regime de acumulação flexível.

Eis algumas característica do regime de acumulação flexível:

1. Flexibilidade dos processos de trabalho, dos produtos e dos padrões de consumo.

2. Ampliação do setor de serviços

3. Níveis relativamente altos de desemprego estrutural

4. Rápida destruição e reconstrução de habilidades e ganhos modestos.

5. Retrocesso do poder sindical.

A mundialização dos mercados envolve um amplo processo de redistribuição das empresas

por todo mundo. As empresas passam por processos de reestruturação para adaptar-se as novas

exigências de produtividade, agilidade, capacidade de inovação e competitividade.

A globalização envolve ampla transformação na esfera do trabalho, modificam-se as

técnicas produtivas, as condições jurídicas, políticas e sociais. A busca de mão de obra barata faz

com que as grandes companhias busquem força de trabalho barata em todos os cantos do mundo,

levando o desemprego à escala global.

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As grandes empresas transnacionais operam em todo o planeta. Elas vendem as mesmas

coisas em todos os lugares através da criação de produtos universais.

Para os executivos das grandes companhias há necessidade de distanciamento de suas

culturas particulares e seu comprometimento se volta para a competição global. A busca por

eficiência e produtividade se torna uma obsessão social. (cf. ORTIZ: 1993, p. 153)

O sistema financeiro global passa por um processo de reorganização. O mercado de ações,

mercados futuros, de acordos de compensação recíproca de taxas de juros e moedas, ao lado da

acelerada mobilidade geográfica de fundos, significa a criação de um único mercado mundial de

dinheiro e crédito. (HARVEY: 1992, p. 152).Desde modo, o sistema financeiro mundial fugiu do

controle coletivo, o que levou ao fortalecimento do capital financeiro.

Por ser um processo ainda não concluso, há dificuldade de captar a natureza das mudanças

que estamos vivenciando. Há análises que enfatizam os elementos positivos e outros que se

voltam para os aspectos negativos.

Fordismo:produção padronizada de bens de consumo. O toyotismo refere-se à

produção especializada a ser consumida por um público segmentado.

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Leia "Por uma globalização mais humana", texto do geógrafo Milton Santos da Folha Online

Leia abaixo um texto do livro "O País Distorcido", da Publifolha, que reúne textos publicados pelo geógrafo Milton Santos na Folha de S.Paulo de 1981 até sua morte em 2001.

Por uma globalização mais humana A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio

entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século 19, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural.

Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção.

Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.

Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.

A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro em escala mundial, buscado pelas firmas globais que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica.

Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos -- a competitividade.

Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.

Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.

Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.

A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época. O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está

sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.

Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira, bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.

Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização.

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Questões aula 05  40) O crescente processo de globalização tem conduzido a um aumento da competição entre as empresas. Assim, as empresas passam a ter como referência não mais o mercado interno ou externo, mas o mercado mundial. É INCORRETO afirmar sobre a globalização que: A ) As empresas multinacionais são os principais agentes do processo de globalização. B ) As empresas multinacionais não atuam somente nos limites de um país, seu campo de atuação passa a ser o planeta. C ) As empresas multinacionais procuram atuar dentro dos mercados internos, sem se preocupar com a competição internacional. D ) As decisões nas empresas multinacionais são tomadas levando-se em conta a realidade mundial e não a realidade local. E ) O poder que as grandes empresas adquirem com a globalização, coloca o Estado numa posição de fragilidade, pois este não consegue mais exercer controle sobre todas suas atividades. 41) O processo de globalização impulsionado no final do século XX pela grande expansão de empresas multinacionais pelo planeta teve como decorrência: A) A modificação do quadro de desigualdade social e econômica no mundo, pois fez com que os países pobres, como os africanos, asiáticos e latinos, pudessem participar do comércio mundial. B) Fortalecimento do mercado interno dos países, enfraquecendo o comércio internacional. C) Fortalecimento econômico dos países ocidentais que conduziu ao fim da hegemonia dos EUA. D) Intensificou o comércio entre os países, facilitando os processos de importação e exportação em escala global. E) Possibilitou a instalação de multinacionais em vários países do mundo, possilitando, a curto prazo, o crescimento do PIB mundial. 42) A globalização não significa apenas um processo de expansão de mercados e aceleração de fluxos econômicos entre os países. Existem diversas esferas da globalização como a cultural, a política e econômica. Os argumentos dos críticos do processo de globalização são; A) O excessivo poder das ONG's, a ausência do compromisso das multinacionais com o Estado e ampla liberdade de comércio. B) O excessivo poder das multinacionais, o conteúdo das políticas neoliberais e o excessivo controle das políticas econômicas dos países pobres pelos países mais ricos. C) O excessivo poder dos Estados, que ampliam sua área de atuação com as políticas neoliberais, as oportunidades de novos negócios e a ampliação da liberdade de comércio internacional.

D) O excessivo poder dos movimentos populares que controlam o Estado e consequentemente as políticas econômicas. E) O excessivo poder dos partidos políticos, que direcionam os investimentos das empresas para o terceiro setor. 43) A respeito do processo de globalização é correto afirmar: A ) Modificou o quadro de desigualdade social e econômica no mundo, pois fez com que os países pobres, como os africanos, asiáticos e latinos, pudessem participar do comércio mundial. B ) Fortaleceu o mercado interno dos países, enfraquecendo o comércio internacional. C ) Fortaleceu todos os países do mundo, levando ao fim da hegemonia dos EUA. D ) Intensificou o comércio entre os países, facilitando os processos de importação e exportação E ) Como as multinacionais estão instaladas em vários países do mundo, vislumbra-se, a curto prazo, a solução do problema do desemprego. 44) A globalização não significa apenas um processo de expansão de mercados e aceleração de fluxos econômicos entre os países. Existem diversas esferas da globalização como a cultural, a política e econômica. Os argumentos dos críticos do processo de globalização são; A ) O excessivo poder das ONG's, a ausência do compromisso das multinacionais com o Estado e ampla liberdade de comércio. B ) O excessivo poder das multinacionais, o conteúdo das políticas neoliberais e o excessivo controle das políticas econômicas dos países pobres pelos países mais ricos. C ) O excessivo poder dos Estados, que ampliam sua área de atuação com as políticas neoliberais, as oportunidades de novos negócios e a ampliação da liberdade de comércio internacional. D ) O excessivo poder dos movimentos populares que controlam o Estado e conseqüentemente as políticas econômicas. E ) O excessivo poder dos partidos políticos, que direcionam os investimentos das empresas para o terceiro setor.

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45) Movimentos sociais e culturais como: os franceses barrando o livre comércio dos bens culturais na legislação da OMC, as produções independentes de mídia e cinema que enfrentam as regras e modas do mercado global; a milícia Taleban no Afeganistão que destruiu várias estátuas de budas existentes no seu país, que por seu valor cultural seriam patrimônio da humanidade; as ações terroristas dos grupos Pátria Basca e Liberdade (ETA), dos seguidores de Bin Laden ou mesmo dos skinheads alemães e norte-americanos vem demonstrar que: A ) O mundo globalizado provocou o aumento do terror entre os povos. B ) O mundo globalizado tem-se mostrado capaz de promover com eficácia os valores universais, mas existem grupos radicais que serão eliminados. C ) O mundo globalizado gera situações de conflito por pretender apenas o domínio econômico. D ) O mundo globalizado tem-se mostrado incapaz de promover com eficácia os valores universais. E ) Ao se globalizar o homem se torna violento. 46) O processo de globalização caracteriza-se por profundas mudanças que acarretam nas últimas décadas na economia internacional, ou seja, a rápida expansão mundial da produção e do consumo. Assinale a alternativa que NÃO se refere à globalização. A ) A atividade econômica passou a ser dirigida pelo planejamento estratégico das grandes corporações, que substituíram a planificação estatal. B ) Processo de liberalização comercial, compreendendo uma maior abertura das economias nacionais. C ) No processo de globalização as corporações multinacionais, organizações multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial passam a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento econômico. D ) Os avanços tecnológicos nas áreas de transportes, comunicação e informação, e a correspondente difusão de idéias e conhecimentos pelo mundo, contribuem para a expansão da globalização. E ) O fechamento de mercados, a constituição de barreiras alfandegárias e a necessidade de proteção da indústria nacional são fundamentais para o funcionamento da economia global. 47) O neoliberalismo é uma expressão amplamente utilizada nos meios de comunicação para denominar a ideologia política que predomina no no processo de globalização. Leia as afirmativas abaixo: I. O neoliberalismo se fundamenta numa ética individualista na qual o papel da economia é garantir a liberdade e igualdade entre os indivíduos. II. O neoliberalismo se fundamenta na defesa do intervencionismo do Estado na esfera econômica e política.

III. O neoliberalismo postula o predomínio do mercado, a privatização e o corte de gastos públicos. IV. O neoliberalismo postula o fortalecimento do mercado, a forte presença do Estado na atividade econômica, privatização e ampliação da rede de proteção social aos cidadãos. A ) I, e II estão corretas B ) III e IV estão corretas C ) Somente I está correta D ) Somente III está correta E ) Somente IV está correta 48) A globalização é um fenômeno contemporâneo que permite sua análise sob diversos angulos. Sua característica fundamental é afetar tanto empresas, quanto indivíduos e movimentos sociais. Assinale a afirmativa que define com maior precisão o processo em curso: A) A globalização é um fato presente apenas no plano econômico, através do intercâmbio de mercadorias entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. B) A globalização é um fato presente apenas no plano financeiro, através do intercâmbio de capitais entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. C) A globalização é um fato presente apenas no plano político, através do intercâmbio de informações entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. D) A globalização é um fato presente apenas no plano cultural, através do intercâmbio de idéias entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. E) A globalização é um fato presente nos planos econômico, político e cultural, através do intercâmbio de mercadorias, capitais, informações e idéias entre vários países reduzindo as fronteiras geográficas. 49) São os valores que defendem a menor intromissão do Estado na dinâmica do mercado, devendo o poder público se voltar para um conjunto limitado de tarefas, tais como a defesa nacional, a regulação jurídica da propriedade e a execução de algumas políticas sociais, sería o "Estado Mínimo". Os governantes nas várias esferas passam então a fazer uso das políticas de abertura de mercado, eliminando os subsídios, corte de impostos e privatizações, colocando maior ênfase na busca da eficiência econômica e abrindo espaço para a expansão do setor privado. Escolha a alternativa que apresenta o conceito descrito acima: A) Democracia B) Tecnocracia C) Burocracia D) Neoliberalismo E) Socialismo

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50) ENADE 2004 - “Os determinantes da globalização podem ser agrupados em três conjuntos de fatores: tecnológicos, institucionais e sistêmicos.” GONÇALVES, Reinaldo. Globalização e Desnacionalização. São Paulo: Paz e Terra, 1999. “A ortodoxia neoliberal não se verifica apenas no campo econômico. Infelizmente, no campo social, tanto no âmbito das idéias como no terreno das políticas, o neoliberalismo fez estragos ( ... ).

SOARES, Laura T. O Desastre Social. Rio de Janeiro: Record, 2003.

“Junto com a globalização do grande capital, ocorre a fragmentação do mundo do trabalho, a exclusão de grupos humanos, o abandono de continentes e regiões, a concentração da riqueza em certas empresas e países, a fragilização da maioria dos Estados, e assim por diante ( ... ). O primeiro passo para que o Brasil possa enfrentar esta situação é parar de mistificá-la.”

BENJAMIM, Cesar & outros. A Opção Brasileira. Rio de Janeiro: Contraponto, 1998.

Diante do conteúdo dos textos apresentados acima, algumas questões podem ser levantadas. 1 - A que está relacionado o conjunto de fatores de “ordem tecnológica”? 2 - Considerando que globalização e opção política neoliberal caminharam lado a lado nos últimos tempos, o que defendem os críticos do neoliberalismo? 3 - O que seria necessário fazer para o Brasil enfrentar a situação da globalização no sentido de “parar de mistificá-la”? A alternativa que responde corretamente às três questões, em ordem, é: A) revolução da informática / reforma do Estado moderno com nacionalização de indústrias de bens de consumo / assumir que está em curso um mercado de trabalho globalmente unificado. B) revolução nas telecomunicações / concentração de investimentos no setor público com eliminação gradativa de subsídios nos setores da indústria básica / implementar políticas de desenvolvimento a médio e longo prazos que estimulem a competitividade das atividades negociáveis no mercado global. C) revolução tecnocientífica / reforço de políticas sociais com presença do Estado em setores produtivos estratégicos/ garantir níveis de bem-estar das pessoas considerando que uma parcela de atividades econômicas e de recursos éinegociável no mercado internacional. D) revolução da biotecnologia / fortalecimento da base produtiva com subsídios à pesquisa tecnocientífica nas transnacionais / considerar que o aumento das barreiras ao deslocamento de pessoas, o mundo do trabalho e a questão social estão circunscritos aos espaços regionais. E) Terceira Revolução Industrial / auxílio do FMI com impulso para atração de investimentos estrangeiros / compreender o desempenho de empresas brasileiras que não operam no mercado internacional não é decisivo para definir o graude utilização do potencial produtivo,

o volume de produção a ser alcançado, o nível de emprego e a oferta de produtos essenciais. 51) ENADE 2005 Ao final da década passada, um especialista em assuntos internacionais (Kapstein,1996:16, In: M. A. Santana, op. cit.)escreveu o seguinte acerca dos problemas gerados pela economia global: "A economia global está deixando em seu rastro milhões de trabalhadores insatisfeitos. Desigualdade, desemprego e pobreza endêmica têm sido seus companheiros. A rápida mudança tecnológica e o aumento da competição internacional estão pressionando os mercados de trabalho dos principais países industrializados. Ao mesmo tempo, pressões sistêmicas estão reduzindo a capacidade dos governos de responder com novos gastos. No exato momento em que os trabalhadores precisam dos Estados nacionais como uma proteção na economia mundial, eles os estão abandonando." Com referência ao texto acima, julgue os itens seguintes. I A economia global tem levado os governos nacionais à formulação de políticas públicas que protejam seus trabalhadores contra a perda de seus direitos. II A economia global vem dificultando o atendimento dos direitos dos trabalhadores, como os direitos ao emprego e ao salário. III A grande maioria dos trabalhadores tem sido muito beneficiada pelas transformações tecnológicas do capitalismo contemporâneo. IV A desigualdade, o desemprego e a pobreza vêm gerando a exclusão social no atual processo de desenvolvimento capitalista. Estão certos apenas os itens A) I e II B) I e III C) II e III D) II e IV E) III e IV 52) O que é globalização? A ) A globalização é um fato presente apenas no plano econômico, através do intercâmbio de mercadorias entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. B ) A globalização é um fato presente apenas no plano financeiro, através do intercâmbio de capitais entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. C ) A globalização é um fato presente apenas no plano político, através do intercâmbio de informações entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. D ) A globalização é um fato presente apenas no plano cultural, através do intercâmbio de idéias entre vários países, reduzindo as fronteiras geográficas. E ) A globalização é um fato presente nos planos econômico, político e cultural, através do intercâmbio de mercadorias, capitais, informações e idéias entre vários países reduzindo as fronteiras geográficas.

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Aula 06 O objetivo deste conteúdo e refletir sobre as transformações do trabalho no contexto de globalização e reestruturação do sistema produtivo. 1. O processo de precarização do Trabalho 2. Desemprego estrutural e informalidade O texto base para este conteúdo é: ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? São Paulo: Cortez; Campinas: UNICAMP, 2000.

As mudanças na organização dos processos de trabalho conduziram à flexibilidade

dos processos de trabalho (just in time), nos contratos de trabalho (terceirização) além da descentralização do processo produtivo. As empresas investem em automação, redução de chefias intermediárias resultando em redução de pessoal. Desde modo, o regime de trabalho é marcado pela instabilidade no emprego e pelos baixos níveis salariais e desemprego estrutural, considerado hoje, um dos principais problemas sociais.

Diante deste contexto, as empresas mudam o perfil do trabalhador desejado. O novo quadro do mercado de trabalho vai requerer um perfil de trabalhador polivalente, altamente qualificado, com maior grau de responsabilidade e de autonomia. O trabalhador necessário no mercado deve desenvolver sua criatividade, reciclar-se permanentemente, possuir flexibilidade intelectual nas situações de constante mudança, capacidade de análise e comunicação. Deve ter atitudes de participação, cooperação e multifuncionalidade.

Entre as ocupações não-organizadas, destaca a crescente quantidade de trabalhadores temporários, de meio período, freelancers, autônomos, via correio eletrônico (e-mails), contratados e representantes independentes, além daquelas ocupações com ganhos flutuantes atrelados aos índices de desempenho, enterrando de vez a idéia de um futuro previsível assentado no emprego estável.

Antunes (2002) considera que a precarização do trabalho levou a mutações onde poucos se especializaram e muitos ficaram sem qualificação suficiente para introduzir-se nesse mercado de trabalho, engrossando a fila dos desempregados, gerando uma classe de trabalhadores fragmentada e dividida entre trabalhadores qualificados e desqualificados, do mercado formal e informal, jovens e velhos, homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes e nacionais etc, sem falar nas divisões que decorrem da inserção diferenciada dos países e de seus trabalhadores na nova divisão internacional do trabalho. Este processo conduziu a destruição e/ou precarização, sem paralelos em toda era moderna.

O que caracteriza o setor informal é o trabalho isolado, muitas vezes inventando seu próprio trabalho, com grande mobilidade de atividades e horários flexíveis.

O setor informal, segundo a OIT, já atinge cerca de 40% do mercado de trabalho na América Latina. A taxa de informalidade tem tido um crescimento superior ao setor formal.

Os processos de terceirização e informalidade se expandem sob a forma de trabalho por conta própria em micro-empresas, seja através do trabalho em domicílio e tem obscurecido o desemprego.

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A economia informal é o destino de um grande contingente de trabalhadores que não conseguem inserção na pirâmide do mercado de trabalho formal[1]. Colocando em evidência a tendência geral de hierarquização do trabalho, a fragilização dos vínculos e a crescente desigualdade remuneratória, aprofundando a fratura social, trazendo insegurança, tornando a economia ineficiente, transformando-a num ciclo vicioso de desorganização social.

[1] No topo da pirâmide do mercado de trabalho se coloca o emprego nobre no

setor formal. Na parte intermediária se coloca os trabalhadores que atuam em atividade terceirizadas, mais ou menos instáveis e na base a massa de mão de obra, que cai na economia ilegal ou subterrânea.

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Questões aula 06 

53) A idéia de que “o Brasil é um país com vocação agrária” exprimia os interesses das oligarquias rurais que, no início do século XX, criticavam a industrialização por considerá-la: A ) A ascensão econômica da burguesia industrial significaria uma ameaça aos interesses e aos domínios das oligarquias de origem rural B ) A forte convicção de que a industrialização era uma atividade que traria benefícios econômicos e sociais para o país. C ) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper a resistência do governo central D ) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper o cerco imposto pelos países de capitalismo avançado E ) Acreditavam que a burguesia industrial deveria investir do setor agrícola pois seria impossível competir com a qualidade dos produtos importados. 54) A formação da sociedade capitalista no Brasil ocorreu de forma específica e fora dos padrões clássicos. Assinale a alternativa que possui características ou aspectos da constituição da formação da sociedade capitalista brasileira: A ) formação de uma indústria de bens de consumo, desde o início do século XX, em São Paulo, que dependeu de recursos e capital acumulados com a exportação do café e da existência da mão de obra assalariada decorrente, principalmente, dos imigrantes europeus. B ) Existência de capitais gerados pelas exportações ocorridas na época da 2ª Grande Mundial, independente do que ocorreu no setor agrário e contando com uma mão de obra basicamente nacional. C ) Capital estrangeiro investido no Brasil a partir da globalização econômica ocorrida com a industrialização pós 1950. D ) Influência do desenvolvimento da agricultura brasileira que sempre possuiu características de inovação e modernização capitalista. E ) Formação de capital advindo da época da mineração do século XVIII, quando uma sofisticada tecnologia foi introduzida, favorecendo a criação de um parque industrial brasileiro. 55) A cultura do café no Oeste paulista a partir do século XIX teve conseqüências relevantes para o país, entre elas a excessão é: A ) A cultura do café provocou a decadência do trabalho escravo e a introdução do trabalho livre. B ) A cultura do café contribuiu para dinamizar outras atividades econômicas como: a criação das primeiras ferrovias e o sistema bancário. C ) A cultura do café contribuiu para o processo de urbanização, pois era nas áreas urbanas que se realizava a comercialização do café e o financiamento da produção.

D ) A necessidade de garantir mão-de-obra para a lavoura do café foi responsável pela imigração de 1.400.000 trabalhadores europeus. E ) A cultura do café contribuiu para a preservação do trabalho escravo e para a crise das cidades industriais, que perderam população. 56) É correto afirmar que o denominado desemprego estrutural, bem característico da atual fase de globalização é: A) Forma de desemprego que sempre existiu e que atinge somente trabalhadores desqualificados dos países em desenvolvimento, como o Brasil. B) É provocado pela inclusão da alta tecnologia nos processos produtivos, como a automação, relacionado a uma fraca ou precária reabsorção no mercado de trabalho que atinge diferentes camadas sociais e categorias profissionais, nos mais diversos países. C) Desemprego que é rápidamente eliminado, pois o trabalhador logo é absorvido em outra atividade, pois não está relacionado a questões da modernidade tecnológica. D) Forma de desemprego que atinge qualquer trabalhador das diversas áreas terceirizadas, nos diversos setores e ramos do mercado de trabalho. E) É a denominação de um tipo de desemprego que diz respeito às novas formas de flexibilização das relações e de contratos de trabalho, podendo também ser denominado de desemprego conjuntural. 57) O desenvolvimento científico-tecnológico e seus impactos sobre os meios de produção e o conseqüente aumento da produtividade, estão eliminando postos de trabalho manual e provocando mudanças nos setores sociais, principalmente nos países mais industrializados. Assinale a alternativa correta. A) Tais mudanças diminuirão cada vez mais o peso da classe operária e do sindicato, levando a redução dos direitos individuais e coletivos e a generalização das desigualdades sociais. B) Tais mudanças aumentarão o cada vez mais a importância da classe operária e do sindicato, levando a redução dos direitos individuais e coletivos e a generalização das desigualdades sociais. C) Tais mudanças diminuirão cada vez mais o peso da classe operária e do sindicato, levando a ampliação dos direitos individuais e coletivos e a generalização das desigualdades sociais. D) Tais mudanças diminuirão cada vez mais o peso da classe operária e do sindicato, levando a redução dos direitos individuais e coletivos e diminuição das desigualdades sociais. E) Tais mudanças diminuirão cada vez mais o peso da classe operária e do sindicato, levando a redução dos direitos individuais e coletivando e eliminando definitivamente as desigualdes sociais.

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58) ENADE 2004 - As proposições mais recentes de “flexibilização das relações de trabalho”: A) atendem as demandas da maioria das organizações dos trabalhadores. B) colidem com direitos sociais conquistados historicamente C) são próprias do modelo fordista de controle da força de trabalho. D) encontram fortes resistências nos meios empresariais. E) chocam-se com as exigências do processo da globalização neoliberal. 59) ENADE 2005 Durante muito tempo, foi a partir do trabalho que se difundiram movimentos universalizantes de direitos para toda a sociedade. Há dúvidas sobre a idéia de que a sociedade capitalista seja capaz de formular novos direitos inclusivos, visto que anuncia não precisar tanto dos trabalhadores e, rapidamente, surgem novas desigualdades e aumento da exclusão social. O caso brasileiro expressa grandes dilemas a partir do momento em que o país se viu envolvido no processo de

globalização econômica sem ainda ter resolvido seus problemas sociais básicos, que são potencializados pelo desenvolvimento da economia global. M. A. Santana e J. R. Ramalho (Org.). Além da fábrica.S. Paulo: Boitempo, 2003 (com adaptações). Assinale a opção correta referente ao assunto do texto acima: A) O trabalho deixou de produzir, entre os trabalhadores, relações políticas que levem à conquista de direitos. B) O desenvolvimento do capitalismo tem sido acompanhado pela incorporação de grande contingente de trabalhadores. C) O Brasil manteve-se distanciado das questões ligadas ao desenvolvimento capitalista, por isso, os problemas sociais pouco afetam afetam as classes trabalhadoras e a sociedade brasileira D) A economia capitalista atual gera novas formas de exclusão, eliminando ou enfraquecendo o trabalho, que sempre foi considerado uma forma de construção de identidade das classes trabalhadoras. E) É ilusão pensar que a exclusão social tenha relação com a economia capitalista.

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Aula 07  O objetivo desta unidade é colocar o estudante diante da complexidade do sistema político, discutindo os seus fundamentos. - Política, Poder e Estado - Democracia e cidadania - Participação política.

Para a compreensão desta unidade recomenda-se a leitura da Parte I do livro: VIEIRA, Liszt. Cidadania e Globalização. 5a. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2001

A palavra política entrou para o vocabulário do homem comum designando a

atividade de um grupo social pouco confiável: os políticos profissionais. Porém é preciso

esclarecer que todos nós somos seres políticos e que política diz respeito à uma comunidade

organizada, formada por cidadãos.

Segundo (ARENDT: 2003, 21) “a política trata da convivência entre diferentes.”

Desde modo, todos estão envolvidos na política, mesmo aqueles que não querem saber e

viram as costas para as decisões que interferem nas suas vidas.

O exercício do poder implica em uma relação de mando e obediência e se fundamenta

na imposição de uma vontade sobre as outras vontades. O poder não está circunscrito

somente no âmbito do Estado. As relações de poder estão presentes em todas as relações

sociais. Por exemplo, na família, sempre existe a figura de alguém que exerce o poder. Nas

empresas todas as relações são marcadas por hierarquia.

O Estado é uma instituição criada pelo homem com o intuito de proteger os homens

uns dos outros. O Estado exerce seu poder através do uso das armas e das leis.

Max Weber define o Estado como uma estrutura política que tem o monopólio do uso

legítimo da força física em determinado território. O Estado é visto como uma relação de

homens dominando homens, por meio da violência considerada legítima.

Para que o Estado cumpra suas funções de garantir a ordem, proteger a sociedade

para que ela não se desfaça é necessário não apenas o exercício do poder, mas a

legitimidade, que provém da aceitação da sociedade.

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O conceito de democracia surgiu na Grécia antiga e significa que todo o poder deve

emanar o cidadão. Ou seja, é um tipo de governo que nasce do povo e tem como objetivo

atender aos interesses do povo.

De uma forma mais específica, em nossa sociedade a democracia se manifesta através

de um sistema eleitoral onde o povo escolhe seus representantes. Outro elemento

fundamental do regime democrático é a liberdade de ir e vir, a liberdade de expressão e de

organização.

Por cidadania entende-se o direito de qualquer membro da sociedade de participar da

vida pública. Segundo o artigo 5º. da Constituição Brasileira, somos todos iguais perante a

lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos o direito à vida, à liberdade, a

igualdade, a segurança e a propriedade.

Ninguém escapa da política, quem não se envolve diretamente nos acontecimentos

são envolvidos indiretamente nas suas conseqüências, pois todo ato humano em sociedade é

político, inclusive o ato de omissão.

A participação política não se restringe ao voto em período eleitoral. Existem outras

formas de exercício político como sindicatos e movimentos sociais.

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Questões aula 07 

60) A sociedade de classes é produto das revoluções burguesas e se torna o modelo de estratificação com o advento do capitalismo. A mobilidade social é um traço característico deste tipo de sociedade, que tem seu sistema de estratificação assim estabelecido: A ) No alto, as nobreza, detentora dos títulos de nobreza e do controle do Estado; no meio uma classe de homens livres, constituído pelos comerciantes; e na base, a classe trabalhadora, composta por profissionais liberais, pequenos empresários e demais assalariados. B ) No alto, a burguesia, detentora do capital e dos meios de produção, formada pelos industriais, grandes comerciantes, proprietários de terra e banqueiros; no meio, uma classe médias, que se formou gradativamente em decorrência do desenvolvimento dos serviços pertinentes à vida urbana; e na base, a classe que a teoria marxista denominou de proletariado, formada pelos que viviam unicamente da venda da força de trabalho, que atualmente pode ser caracterizada como classe trabalhadora. C ) No alto, a burguesia, formada por artistas e intelectuais; no meio uma classe média, formada por profissionais liberais e trabalhadores assalariados e na base uma classe pobre constituída por aqueles que não tem acesso ao mercado formal de trabalho, não usufruindo dos direitos sociais. D ) No alto, os grandes produtores rurais e a burocracia estatal; no meio industriais e banqueiros; na base os profissionais liberais e fora da estrutura social, por não usufruírem dos direitos sociais, os demais trabalhadores. E ) No alto, por representar a maior parte da população economicamente ativa, se encontram os trabalhadores formais e informais, no meio se encontram os estudantes e na base se encontram os grandes banqueiros e industriais 61) O liberalismo, uma das concepções que procuram explicar a origem e os fundamentos das desigualdades sociais se baseia na idéia de que o triunfo do homem de negócios deve ser exaltado como uma virtude, fato que justifica a necessidade de dar-lhe todas as credenciais, uma vez que ele realiza a riqueza para o bem de toda a sociedade. Louva-se o homem de negócios como expressão do sucesso, e sua conduta serve de modelo para a sociedade como um todo. Deste modo a pobreza é vista como: A ) os ricos não deveriam atender às necessidades dos pobres, uma vez que a providência divina os havia abandonado. B ) a desigualdade é um fenômeno gerado pela própria sociedade e não uma condição natural C ) as desigualdades são inerentes às próprias condições de existência social D ) a pobreza é vista como fruto do fracasso pessoal e a sociedade não é responsável por sua existência

E ) A pobreza é vista como algo normal e natural – resultado de uma condição naturalmente imposta pelo nascimento nas camadas da base da pirâmide social. 62) Sobre a noção de estrutura social é correto afirmar:

I. A estrutura social forma um complexo guia teórico - revela a configuração interna de uma sociedade. II. O conceito de estrutura social é um recurso analítico que serve para compreender como os homens se comportam socialmente. III. No estudo da estrutura social, a realidade concreta de que cuidamos é o conjunto das relações realmente existentes em dado momento, e que ligam certos seres humanos. IV. Através do tempo, a continuidade da estrutura social não é estática, pois as relações reais de pessoas e grupos se alteram: a vida social renova constantemente a estrutura social.

A ) Somente I e III estão corretas B ) Somente II e IV estão corretas C ) Nenhuma está incorreta D ) Somente I e IV estão corretas E ) Somente I, II e IV estão corretas 63) Os movimentos sociais constituem parte integrante das sociedades, devendo ser vistos e analisados como fenômenos internos aos constantes processos de mudança e conservação social. Sobre os movimentos sociais é correto afirmar: A ) Todo movimento social visa transformar a sociedade. B ) Todo movimento social visa conservar uma situação existente. C ) Os movimentos sociais desaparecem com a globalização, atualmente a sociedade se manifesta exclusivamente pelos meios virtuais, dispensando protestos, greves e passeatas. D ) Os movimentos sociais podem ser de mudança ou conservação social. E ) Uma partida de futebol constitui um movimento social pois possui uma ideologia e uma ação.

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64) A sociedade dividida em classes sociais é fruto do capitalismo. A mobilidade social é um traço característico deste tipo de sociedade por que: A ) No capitalismo não é possível a ascenção social pois os pobres não tem as mesmas condições educacionais e culturais da elite. B ) No capitalismo, assim como no sistema de castas, as condições de existência são dadas no nascimento. C ) No capitalismo a nobreza se impõem como classe dominante, mantendo burgueses e trabalhadores subjugados. D ) O capitalismo é um modo de organização social que se define pela ausência de classes sociais, pois todos são livres. E ) Por ser uma sociedade dividida em classes, é possível que haja mobilidade social, ou seja não é impossível que um indivíduo mude de classe social, embora seja difícil. 65) A teoria da desigualdade social desenvolvida por Karl Marx parte do pressuposto: A ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são a burguesia e o proletariado. B ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são a nobreza e o clero. C ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são os plebeus e os burgueses. D ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são os burgueses e os ricos E ) No capitalismo as classes sociais fundamentais são o proletariado e as classes médias. 66) Segundo o Programa das Nações Unidas oara o Desenvolvimento (PNUD), da ONU, o Brasil é uma das nações que mais evoluiu no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em 26 anos, subiu 16 posições no ranking das nações e ocupa hoje a 65a. posição (em 2002 ocupava a 73a. posição). O avanço deve-se a um ganho expressivo em termos de educação e renda, e um pequeno crescimento na expectativa de vida da população. Segundo esses dados podemos afirmar que, no Brasil, nos últimos anos: A ) Houve mobilidade social coletiva ascendente. B ) Houve mobilidade social individual ascendente, isto é, alguns indivíduos melhoraram devido ao seu próprio esforço. C ) Não houve mobilidade social, pois aqui existe um sistema de castas. D ) Houve mobilidade social descendente, principalmente nas classes mais desfavorecidas, que se tornaram ainda mais pobres. E ) Não houve mobilidade social, pois aqui há um sistema de classe social bem delimitado que impede que a classe dominada melhore seu padrão de vida.

67) No Brasil, 3/4 da riqueza nacional está na mão de 10% da população, enquanto o restante da população, isto é, 90%, usufruem apenas de 1/4 da riqueza. Esses dados mostram que: A ) A riqueza no Brasil é bem distribuída. B ) No Brasil, não há desigualdade social. C ) O Brasil é um país pobre e toda sua população vive na pobreza. D ) No Brasil, há uma enorme desigualdade social. E ) No Brasil, a maior parte da população fica com a maior parte da riqueza, enquanto que a menor parte da população fica com a menor parte da riqueza. 68) Leia as frases abaixo: I. A política pode ser definida como a atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma sociedade. II. A política foi inventada pelos homens como o modo pela qual pudessem expressar suas diferenças e conflitos, sem transformá-los em guerra total. III. A política foi inventada como o modo pelo qual a sociedade, internamente dividida, discute, delibera e decide em comum para aprovar e rejeitar as ações que dizem respeito a todos os seus membros. A ) Nenhuma afirmativa está correta B ) Todas as afirmativas estão corretas C ) Somente a afirmativa I está correta D ) Somente as afirmativas I e II estão corretas E ) Somente as afirmativas II e III estão corretas 69) O ESTADO pode ser compreendido por: I. Um conjunto de instituições pública (leis, recursos, serviços) e sua administração pelos cidadãos. II. De acordo com Aristóteles, a razão do Estado, é assegurar que cada cidadão tenha uma vida digna de ser humano e afirma que o Estado deve se sobrepor ao indivíduo e a família. III. Na Idade Moderna, o Estado passa a atuar como o único representante do poder e pelo uso do monopólio legítimo da força. IV. É concebido como uma entidade cuja legitimidade se baseia na representatividade de um único indivíduo da sociedade. V. Significa avanço em relação à monarquia absoluta. Não é a pessoa que governa, mas uma instituição abstrata com relações precisas com a coletividade. A) Nenhuma alternativa está correta B) Todas as alternativas estão corretas C) Somente as alternativas I, II e IV estão corretas D) Somente as alternativas II, III e IV estão corretas E) Somente a alternativa IV está incorreta

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70) Sobre cidadania e democracia é INCORRETO afirmar: A) Cidadania implica uma relãção de direitos e deveres. Portanto, é contraditório a atitude irresponsável de exigir do poder público direitos sociais e sonegar impostos que tem como finalidade, garantir os serviços sociais. B) Democracia requer multiplicação dos órgãos representativos da sociedade, como associações de bairro, movimento estudantil, grupos feministas, pacifistas, ecológicos e instituições como sindicatos e partidos políticos. C) Cidadania diz respeito ao indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente das questões da sociedade. D) Democracia encontra-se no reconhecimento das coisas públicas, separadas dos interesses particulares. E) A cidadania e a democracia são princípios da política e significam a capacidade de cada um de viver em liberdade, sem se preocupar com o restante da sociedade, pois esto é função do Estado.

71) ENADE 2004 - A clássica concepção de cidadania social considera direito do cidadão e dever do Estado o trabalho, a moradia, a educação, a saúde, a cultura e a segurança social, bem como a garantia pública de condições mínimas de vida para todos. Com base nessa concepção, conclui-se que os direitos sociais: A) são distintos dos direitos individuais, exigindo, à diferença destes, o compromisso social do Estado e a mediação de políticas públicas na satisfação de necessidades coletivas. B) são um desdobramento dos direitos civis, constituindo um reforço à autonomia do cidadão de ir e vir, de pensamento e fé, bem como de firmar contratos e exigir proteção social particular. C) são uma extensão dos direitos políticos, com vista a garantir ao cidadão a participação no poder político, na definição de políticas públicas e na escolha de seus governantes. D) baseiam-se no princípio da liberdade, tendo em vista o fortalecimento da capacidade de escolha e de decisão do cidadão na provisão de seu bem-estar E) baseiam-se no princípio do empoderamento, que requer ausência de coações e, conseqüentemente, inexistência de domínio de uns sobre outros ou de um poder que constranja o cidadão

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Aula 08 O objetivo desta conteúdo é refletir sobre os principais problemas sociais ligados ao espaço urbano. 1. A cidade e seus problemas 2. Violência urbana O texto base para esta unidade é: VITA, Alvaro. Sociologia da Sociedade Brasileira. São Paulo; Ática, 1989

A cidade é considerada um espaço privilegiado para análise da mudança social . A formação

da multidão é um fenômeno das áreas urbanas, gerando a exposição das necessidades das

massas despossuídas.

A concentração de pessoas nas áreas urbanas gera efeitos devastadores: a formação de

bairros periféricos. Mostrando as duas faces do desenvolvimento econômico: a opulência e a

miséria.

Segundo a ONU, em 2007, a população urbana se igualou à população rural no mundo. O

processo de urbanização é visto por especialistas como inevitável e cabe às cidades se preparem

para receber a população rural que cada vez mais tende a deixar o campo.[1]

O processo de urbanização é uma manifestação da modernização da sociedade, que passa

por uma transição do rural para o urbano-industrial. Os migrantes, de um modo geral, buscam

progresso através da mobilidade social oferecida pela urbanização.

Os problemas nas áreas urbanas não inúmeros, desde ausência de um planejamento

urbano que permita receber os contingentes populacionais que leva a formação de bairros

periféricos onde os serviços públicos são ausentes. As condições de moradia são precárias e as

distâncias dos bairros centrais são grandes*.

A violência tem se constituído em um dos principais problemas das áreas urbanas. Assaltos

e crimes, que apontam para condições degradantes da vida urbana matando ou mutilando, têm

sido freqüentes em muitas cidades. Esta situação provoca insegurança social, destruição ou

depredação física e profundos abalos morais, além dos custos elevados com serviços policiais e

equipamentos de segurança.

[1] “População das cidades se iguala à rural no planeta. Folha de São Paulo, 28 de Junho de 2007 pag. A14 * É usual encontrar na cidade de São Paulo, pessoas que gastam em média 6 hs por dia em locomoção para o trabalho.

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Questões aula 08  72) Assinale a afirmativa correta:

I. A política pode ser definida como a atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma sociedade. II. A política foi inventada pelos homens como o modo pelo qual pudessem expressar suas diferenças e conflitos, sem transformá-los em guerra total. III. A política foi inventada como o modo pelo qual a sociedade, internamente dividida, discute, delibera e decide em comum para aprovar e rejeitar as ações que dizem respeito a todos os seus membros.

A ) Nenhuma afirmativa está correta B ) Todas as afirmativas estão corretas C ) Somente a afirmativa I está correta D ) Somente as afirmativas I e II estão corretas E ) Somente as afirmativas II e III estão corretas 73) O poder e a autoridade centralizam-se na figura do Estado, o mais importante agente de controle social de uma sociedade. Sobre o Estado é INCORRETO afirmar: A ) Em qualquer sociedade, apenas o Estado tem o direito de recorrer à coação para obrigar os indivíduos a cumprir suas leis. B ) Segundo do sociólogo Max Weber, o Estado é a instituição social que tem o monopólio exclusivo da violência legítima; e isso acontece porque a lei lhe confere o direito de recorrer a várias formas de pressão, inclusive a violência, para que suas decisões sejam obedecidas. C ) O Estado execeuta suas funções por meio de leis e, em última instância, pelo uso da força legítima, isto é, amparada na lei e legitimada no apoio (consenso) da sociedade. D ) Em virtude de seu monopólio da força legítima, o Estado detém o poder supremo da sociedade. Qualquer outro uso da força ou coerção - por bandidos criminosos, soldados amotinados, grupos rebeldes - é ilegítimo e deve ser coibido pelo Estado. E ) O Estado é uma instituição que não pode utilizar da força das armas pois é regido por princípio de respeito a cidadania. 74) A falta de moradias e de serviços urbanos e a favelização são questões estruturais da sociedade brasileira que se intensificaram com a urbanização ocorrida a partir de 1940, levando a uma forte concentração populacional nas grandes cidades. De acordo com o Censo Demográfico, havia, em 2000, cerca de 1,7 milhão de domicílios localizados em favelas ou assentamentos semelhantes a elas, abarcando uma população de 6,6 milhões de pessoas, 53% das quais nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, nos

quais as regiões metropolitanas concentram a maioria das favelas e favelados. (Radar Social, IPEA, 2005) A situação descrita acima é resultante de: A ) A rápida urbanização não foi seguida de uma correspondente expansão dos serviços necessários à sobrevivência da classe trabalhadora. B ) A rápida urbanização levou o governo a desenvolver um programa intensivo de construção de moradias populares. C ) A rápida urbanização trouxe para as cidades um contingente populacional que não se adequou aos padrões de moradia urbana, optando por viver em comunidades nas favelas. D ) A rápida urbanização atendeu aos interesses do desenvolvimento industrial, o problema da moradia é resultante dos níveis altos de desemprego. E ) A rápida urbanização das grandes cidades brasileiras elevou consideravelmente a qualidade de vida da população. 75) ENADE 2005 A falta de moradias e de serviços urbanos e a favelização são questões estruturais da sociedade brasileira que se intensificaram com a urbanização ocorrida a partir de 1940, levando a uma forte concentração populacional nas grandes cidades. De acordo com o Censo Demográfico, havia, em 2000, cerca de 1,7 milhão de domicílios localizados em favelas ou assentamentos semelhantes a elas, abarcando uma população de 6,6 milhões de pessoas, 53% das quais nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, nos quais as regiões metropolitanas concentram a maioria das favelas e dos favelados. Radar Social, IPEA, 2005 (com adaptações). A respeito dessas informações, que caracterizam alguns aspectos das metrópoles brasileiras, julgue os itens que se seguem. I A favelização, fenômeno sobretudo metropolitano, revela forte demanda reprimida por acesso à terra e à habitação. II A favelização é uma das formas encontradas pela população pobre para solucionar suas necessidades habitacionais. III A urbanização brasileira vem apresentando forte tendência de concentração da população pobre nas metrópoles. Assinale a opção correta. A) Apenas um item está certo B) Apenas os itens I e II estão certos. C) Apenas os itens I e III estão certos D Apenas os itens II e III estão certos E) Todos os itens estão certos

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76) O crescimento econômico desordenado é acompanhado por um processo jamais visto pela humanidade, em que se utilizagrandes quantidades de energia e recursos naturais, que resultam num quadro de degradação contínua do meio ambiente. Este quadro é resultante: A) alta concentração populacional nas áreas urbanas, consumo excessivo de recursos naturais, contaminação do ar, do solo, das águas e desflorestamento. B) queda na taxa de natalidade, processo de desconcentração populacional e uso racional dos recursos não renováveis C) ampliação da ação das políticas públicas de meio ambiente, que tem contribuído para melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas. D) a crise ambiental tem contribuído para diminuir a população das grandes metrópoles num movimento social de busca de interiorização da população. E) não existe uma crise ambiental, o que ocorre na contemporaneidade é uma grande concentração populacional nas áreas urbanas, que é benéfica para o meio-ambiente, pois assim temos mais áreas de proteção ambiental.

77) ENADE 2005 - A urbanização brasileira vem-se caracterizando, nas últimas décadas, por intenso processo de metropolização, ou seja, concentração de população em grandes cidades conurbadas. O conjunto metropolitano reúne atualmente 413 municípios, onde vivem pouco mais de 68 milhões de habitantes, distribuídos em aproximadamente 167 quilômetros quadrados, conformando uma realidade muito diversificada em relação à efetiva conurbação do território. Sobre esse fenômeno da metropolização brasileira, julgue os itens a seguir. I Com o aumento da importância institucional e demográfica, as metrópoles brasileiras estão concentrando, hoje, um conjunto de questões sociais, cujo aspecto mais evidente e dramático é a exacerbação da violência. II Com a metropolização, há efetivo processo civilizador, que traz vantagens a todos os indivíduos e grupos sociais que se instalam em áreas metropolitanas. III A aglomeração de população em metrópoles é o resultado de fatores de expulsão do campo e de fatores da atração que as cidades exercem sobre as correntes migratórias. Assinale a opção correta. A) Apenas um item está certo. B) Apenas os itens I e II estão certos C) Apenas os itens I e III estão certos D) Apenas os itens II e III estão certos E) Todos os itens estão certos.

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Aula 09  O objetivo deste conteúdo é refletir sobre os movimentos da sociedade e suas formas de associação. 1. A sociedade em movimento 2. Movimentos da socidade em rede A bibliografia básica para esta unidade é: FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia. São Paulo: Atlas, 2001 TOMAZZI, Nelson (org.) Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993.

Por movimentos sociais entende-se as “ações de grupos sociais organizados que

buscam determinados fins estabelecidos coletivamente e tem como objetivo mudar ou

manter as relações sociais. (FERREIRA, 2001, p146).

Há uma tendência em nossa sociedade de criminalizar em termos éticos, ou em

termos políticos, os grupos de se organizam em defesa de seus interesses. Porém é preciso

considerar que os movimentos sociais procuram interferir na elaboração das políticas

públicas econômicas, sociais etc, algo que o indivíduo isoladamente não conseguiria.

Há uma diversidade de movimentos que atuam na sociedade, como ecológicos,

feministas, pacifistas, anti-racistas, que surgiram na Europa, e ganham cada vez mais

espaço na América Latina.

Os movimentos sociais podem ser divididos em dois tipos: os movimentos que

buscam a emancipação e os movimentos que buscam a manutenção da ordem existente.

Exercem maior influência na sociedade os movimentos que se organizam em busca

da emancipação. Como exemplo citamos o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-

Terra, Comitê em Defesa dos Direitos Humanos, o Fórum Social Mundial, o movimento

hippie, o movimento estudantil.

SANTOS (2001) chama atenção para o que denomina “os novos movimentos sociais”

que identificam novas formas de opressão que não estão baseadas exclusivamente nas

relações econômicas, como os movimentos contra o machismo, o racismo, pacifismo.

Desde modo, a atuação dos movimentos não está pautada exclusivamente na luta

econômica, na busca do bem-estar material.

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Ciências Sociais - UNIP 73

Os movimentos sociais contemporâneo podem ser divididos em movimentos de

interesses específicos de um grupo social, como o de mulheres, negros etc. Há também os

movimentos de interesses difusos, como a ecologia e o pacifismo. Lutando por causas

subjetivas, buscam emancipação pessoal e não social, por isso um certo distanciamento do

Estado, partidos e sindicatos.

SANTOS (2001) analisa que os novos movimentos sociais atuam em estruturas

descentralizadas, não hierárquicas e fluídas. Daí uma preferência pela ação política não

institucional, dirigida a opinião pública com vigorosa utilização dos meios de comunicação

de massa.

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Questões aula 09  78) Os movimentos sociais são parte integrante das sociedades modernas, e são analisados como fenômenos ligados aos constantes processos de mudança e conservação social. Sobre os movimentos sociais é correto afirmar: A ) Todo movimento social tem como objetivo a transformação da sociedade. B ) Todo movimento social tem como objetivo a conservação de uma situação existente. C ) Os movimentos sociais desapareceram com a globalização, atualmente a sociedade se manifesta exclusivamente por meios virtuais, dispensando protestos, greves e passeatas. D ) Os movimentos sociais podem ser de mudança ou conservação social. E ) Os movimentos sociais são práticas de sociedades onde não há inclusão digital que permita a manifestação virtual. 79) Analise as frases abaixo: I. O conflito é o principal motivador de qualquer movimento social. II. Os movimentos sociais revelam as relações de força e poder que se encontram presentes na sociedade. III. Os movimentos sociais revelam as formas de organização de uma sociedade. A ) Todas as afirmativas estão incorretas B ) Todas as afirmativas estão corretas C ) Somente I e II estão corretas D ) Somente I e III estão corretas E ) somente II e III estão corretas

80) Há uma diversidade de movimentos sociais que atuam na sociedade, como ecológicos, feministas, pacifistas, anti-racistas... Por movimentos sociais, entende-se: A ) Ações de grupos sociais organizados que buscam determinados fins estabelecidos coletivamente. B ) Ações de indivíduos revoltados que buscam determinados fins estabelecidos coletivamente. C ) Ações do governo que visam elevar a qualidade de vida da população nas regiões onde há desmatamento, assassinos de mulheres e gangues organizadas. D ) Ações de grupos delinqüêntes que buscam a desestabilização da ordem democrática. E ) Ações de grupos sociais que tem como objetivo tomar o poder político e instaurar no país um governo que defenda o meio ambiente, as mulheres, os negros e os índios. 81) Nas lutas ambientais uma nova realidade global é introduzida no cenário internacional. São novos atores que desenvolvem ações e campanhas quase sempre pontuais e específicas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Os principais agentes destes movimentos são: A) Banco Mundial B) Organizações não-governamentais C) FMI D) ONU E) União Européia 82) ENADE 2004 - No processo de redemocratização da sociedade brasileira, visível já na segunda metade da década de 70, surgiram ou se revitalizaram movimentos que demandavam desde direitos sociais (como eram os casos das associações de moradores das regiões metropolitanas) até direitos de caráter sociocultural (reivindicados por movimentos de negros e de mulheres). Tais movimentos foram designados,na literatura especializada, predominantemente, pela expressão: A) dessindicalização dos movimentos sociais. B) pós-movimentos sociais C) pré-movimentos sociais D) novos movimentos sociais. E) movimentos sociais reconceituados

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Respostas 

Aula 01

Aula 02

Aula 03

Aula 04

Aula 05

1) D 1) C 1) A 1) A 1) C

2) D 2) E 2) D 2) A 2) D

3) A 3) D 3) E 3) A 3) B

4) D 4) E 4) C 4) A 4) D

5) A 5) D 5) B 5) E 5) B

6) D 6) D 6) D 6) A 6) D

7) A 7) E 7) A 7) A 7) E

8) C 8) E 8) A 8) D

9) C 9) D 9) B 9) E

10) C 10) B 10) E 10) D

11) A 11) C

12) B 12) D

13) E

Aula 06

Aula 07

Aula 08

Aula 09

1) A 1) B 1) B 1) D

2) A 2) D 2) E 2) B

3) E 3) E 3) A 3) A

4) B 4) D 4) E 4) B

5) A 5) E 5) A 5) D

6) B 6) A 6) C

7) D 7) A

8) D

9) B

10) E

11) E

12) A

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SUBDESENVOLVIMENTO Indicadores vitais

São quatro os principais indicadores vitais do subdesenvolvimento: a) Insuficiência alimentar – Os técnicos em alimentação fixam como limite mínimo

necessário à sobrevivência do ser humano o consumo de mil calorias diárias. Contudo, um consumo inferior a 2 240 calorias diárias já caracteriza uma situação de subalimentação. Ora, a população de uma grande parte das nações do mundo contemporâneo – como India, Etiópia, Bolívia etc. – apresenta um consumo médio de calorias inferior a esse mínimo; vive, portanto, num estado de subalimentação crônica ou torne oculta.

Além do consumo de calorias ser insuficiente, há ainda outro problema alimentar grave nos países subdesenvolvidos: de modo geral, a composição de alimentação também é inadequada, pois a população ingere diariamente menos de 30 gramas de proteínas, que é o mínimo recomendável.

b) Grande incidência de doenças – Em razão das deficiências da alimentação e das más condições sanitárias reinantes, proliferani nos países subdesenvolvidos doenças que, embora inofensivas nas nações adiantadas, apresentam aí um caráter fatal. Um exemplo é o sarampo. Por outro lado, doenças de pequena incidência nas nações adiantadas assumem nas nações subdesenvolvidas o caráter de doenças de massa, atingindo amplos segmentos da população. São exemplos disso a tuberculose, as parasitoses intestinais, a malária etc. Tais moléstias, mesmo quando não matam, reduzem de 30 a 60% a capacidade de trabalho das pessoas.

c) Intensa natalidade e altas taxas de crescimento demográfico – As nações subdesenvolvidas apresentam altos coeficientes de natalidade. Em algumas, tais coeficientes são anulados pela elevada mortalidade (conseqüência das péssimas condições sanitárias), de modo que as taxas de crescimento demográfico resultantes são reduzidas. No entanto, nas nações em que se reduziu a mortalidade graças a providências sanitárias, a grande natalidade determina elevadas taxas de crescimento demográfico.

Um dos motivos de altos índices de natalidade nos países subdesenvolvidos é o seguinte: nesses países, as crianças começam a trabalhar niuito cedo (na lavoura ou em pequenos serviços no campo e na cidade), sem que para isso precisem estar alfabetizadas e qualificadas profissionalniente; portanto, o custo da formação profissional do indivíduo ó mínimo ou nulo; o grande número de filhos parece para alguns uma vantagem, já que, em pouco tempo, as crianças passam a contribuir para o orçamento familiar. Além disso, a falta de esclarecimentos sobre os métodos de controle da natalidade – e mesmo de acesso a esses métodos – impede os casais mais pobres de planejarem o número de seus filhos.

Já nos países desenvolvidos, o custo elevado da forniação profissional e a emancipação precoce do meio familiar impedem que a procriação seja considerada vantajosa, o que, aliado às facilidades de acesso à contracepção, contribui para menores coeficientes de natalidade.

Portanto, as altas taxas de crescimento demográfico devem ser consideradas uma conseqüência do subdesenvolvimento e não sua causa. A eliminação do subdesenvolvimento é que permitirá a diminuição dos índices de crescimento da população e não o inverso.

d) Composição etária com predominância de jovens – Em virtude da grande natalidade, a porcentagem de jovens é maior nos países subdesenvolvidos do que nos países desenvolvidos. E, em razão das condições em que vivem amplas camadas da população nas

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áreas subdesenvolvidas, a expectativa média de vida é de cerca de 40 anos, enquanto nos países desenvolvidos é de 70 anos. Indicadores econômicos

Os principais indicadores econômicos do subdesenvolvimento são: a) Baixa renda per capita – A renda per capita é o resultado da divisão da renda

nacional pela população do país (RN/Pop.). Em razão de sua fácil apuração, é um dos indicadores mais comumente usados para

indicar a condição de subdesenvolvimento. As nações apresentam diferentes níveis de renda per capita; é possível, assim, estabelecer uma hierarquia de nações segundo esse critério. (...).

Entretanto, a renda per capita é um indicador muito impreciso para atestar a condição de subdesenvolvimento ou desenvolvimento de um país, principalmente porque não leva em conta a concentração de renda. Como é uma média, aparenta uma situação falsa, pois é como se todos os habitantes de país tivessem a mesma renda. Assim, faz com que sejam considerados desenvolvidos países em que a renda nacional, embora alta, é mal distribuída entre a população, permanecendo concentrada nas mãos de poucos. Alguns países árabes produtores de petróleo, como os Em irados Arabes Unidos, por exemplo – cuja população vive na miséria –, podem, pelo critério da renda per capita, ser considerados desenvolvidos.

b) Predominância do setor primário sobre o secundário – Nas economias subdesenvolvidas, o setor primário (agricultura, pecuária, pesca, extrativismo vegetal) apresenta maior importância que o setor secundário (indústria, atividades extrativas minerais).

c) Problemas na agricultura – São basicamente três: baixa produtividade, subemprego e concentração da propriedade.

A produtividade do trabalho é representada pela relação produto/trabalho, que indica a quantidade de trabalho empregada para gerar um determinado volume de produto. Na agricultura dos países subdesenvolvidos, essa relação é baixa: na obtenção de um determinado volume de produto empregam-se muito mais trabalhadores do que nos países desenvolvidos. A baixa produtividade do trabalho agrícola é explicada pelas próprias características da agricultura nas áreas subdesenvolvidas:

• agricultura pouco mecanizada - a falta de máquinas e equipamentos impede o aumento da eficiência do trabalho humano, fazendo com que a quantidade de produto gerado por cada trabalhador seja baixa.

• agricultura extensiva - para obter um determinado volume de produto é utilizada uma soma de recursos naturais superior à que é necessária numa economia desenvolvida.

O subemprego ou desemprego disfarçado caracteriza-se pela presença de trabalhadores agrícolas com emprego temporário (no Brasil conhecidos como bóias-frias) e apresentando baixa produtividade. Refere-se também à prática de uma agricultura de subsistência, voltada exclusivamente para o autoconsumo e não para a venda no mercado.

Um dos mais graves problemas da agricultura dos países subdesenvolvidos é a concentração da propriedade rural. Nesses países predominam as grandes propriedades, muitas com baixo nível de produtividade ou totalmente inexploradas. Na América Latina como um todo, cerca de 70% dos proprietários possuem apenas 3% da área total das propriedades rurais, enquanto 1,2% dos donos das terras possuem 70% da área total ocupada pelas propriedades rurais.

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d) Problemas na indústria – Como já vimos, o setor secundário tem uma participação reduzida na vida econômica das nações subdesenvolvidas, quer em termos da parcela da população empregada no setor, quer em termos da parcela do Produto Interno Bruto (PIB) gerada pelo setor.

Além disso, predominam as indústrias de bens de consumo não sofisticados, que não exigem uma infra-estrutura industrial complexa. Uma exceção são as indústrias de cimento, encontradas em todas as economias subdesenvolvidas. Outro problema é a baixa utilização de mão-de-obra nas indústrias de bens de consumo e de bens de capital (máquinas e equipamentos) existentes. Assim, em razão de seu reduzido tamanho e da adoção de tecnologias que poupam mão-de-obra, o setor industrial é incapaz de absorver o grande contingente de trabalhadores que ingressam todos os anos no mercado de trabalho urbano.

c) Concentração de renda – A renda é muito mal distribuída nos países subdesenvolvidos, estando concentrada nas mãos de poucas pessoas. Na Colômbia, por exemplo, 2,6% da população possui 40% da renda nacional.

d) Problemas no setor externo – O setor externo é aquele que compreende as duas operações básicas do comércio internacional: a exportação e a importação.

Os países subdesenvolvidos, de modo geral, exportam produtos primários agrícolas e minerais; muitas vezes as exportações são representadas por apenas um tipo de matéria-prima, como é o caso dos países árabes exportadores de petróleo.

Quanto à importação, os países subdesenvolvidos importam bens de consumo industrializados, além de máquinas e equipamentos. Aqueles que não produzem petróleo também gastam quantias consideráveis na importação desse produto essencial.

e) Subemprego ou desemprego disfarçado – Como já vimos anteriormente quando estudamos os problemas da agricultura, o subemprego consiste na existência de trabalhadores que não têm um emprego regular. O subemprego não se verifica apenas na zona rural, mas também na zona urbana. Encontramos nas cidades um grande número de pessoas que, não estando integradas em atividades realmente produtivas, exercem expedientes vários para sobreviver: jornaleiros, engraxates, camelôs, lavadores de carro etc. Essas ocupações exigem apenas uma parcela mínima de sua capacidade de trabalho. Tais pessoas apresentam um baixo nível de renda e de consumo e vivem aglomeradas em favelas e cortiços, constituindo a camada marginal do sistema econômico.

Devido à maneira como as sociedades subdesenvolvidas são estruturadas, essa camada marginal tende a crescer, pois há cada vez mais pessoas que não conseguem participar efetivamente do sistema produtivo e da riqueza gerada. Indicadores sociais e políticos

Indicador social: a tomada de consciência – Um fenômeno totalmente novo nos permite caracterizar os países subdesenvolvidos e distingui-los dos países atrasados de outrora: pela primeira vez na História as populações desses países têm consciência de sua miséria ou pobreza, ou de seu atraso em relação aos países industrializados. Essa consciência coletiva – denominada “o grande despertar” pelo economista sueco Gunnar Myrdal deve-se ao progresso e à difusão, neste século, dos órgãos de comunicação de massa (imprensa, rádio, televisão, cinema). Esses veículos revelam a todo o mundo a existência de povos que apresentam um padrão de vida superior ao de outros povos. Importante para esta tomada de consciência é o funcionamento do mecanismo de efeito-demonstraçao: assim como nos países desenvolvidos as camadas inferiores da população tendem a imitar o estilo de vida das superiores, embora sem ter o mesmo nível de renda, também as populações dos países subdesenvolvidos almejam atingir um padrão de consumo semelhante ao que existe nas grandes nações industrial izadas.

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Indicador político: projetos de desenvolvimento – A tomada de consciência da miséria ou do atraso leva à formulação de planos para superar essa situação. Tais planos são os projetos de desenvolvimento. E possível que toda a comunidade estabeleça um consenso em torno de um modo de eliminar o atraso e, portanto, formule um projeto único de desenvolvimento; mas também é possível que os diferentes grupos da população encarem de modo diverso tais deficiências e defendam maneiras diferentes de removê-las, ou seja, possuam projetos específicos de desenvolvimento.

Não é suficiente, porém, que existam projetos coletivos de desenvolvimento: é necessário também que os grupos formuladores de tais projetos induzam o Estado à realização de seu programa ou procurem fazer-se representar diretamente no Estado. Portanto, os projetos não podem apenas permanecer na consciência dos membros dos diferentes grupos: eles devem assumir uma dimensão política, convertendo-se em programas, nos quais a atuação do Estado é importantíssima, até indispensável. Os indicadores não são absolutos

Os indicadores vitais, econômicos, sociais e políticos de subdesenvolvimento que vimos até agora são os traços mais comumente encontrados nos países subdesenvolvidos. Mas nem todos os países subdesenvolvidos apresentam a totalidade desses traços. São considerados subdesenvolvidos os países que apresentam, senão todas, pelo menos um número considerável dessas características.

Por outro lado, é muito provável que certos países que, a rigor, não podem ser considerados subdesenvolvidos apresentem alguns desses sinais. O Canadá e a Austrália, por exemplo, exportam predominantemente produtos primários e nem por isso são países subdesenvolvidos: sua população apresenta bom nível de vida, a renda é distribuída com equilíbrio, não há miséria ou desnutrição entre seu povo.

PLANEJAMENTO FAMILIAR O que é?

O planejamento familiar visa dar às pessoas controle sobre sua própria reprodução, para que tenham filhos apenas quando desejarem e não em conseqüência da ignorância dos métodos de prevenção. Com a tendência da população mundial atingir 6 bilhões no ano 2000, 80% dos quais nos países em desenvolvimento, trata-se de um conhecimento essencial para evitar o colapso dos recursos de saúde e de existência já escassos naquelas regiões, além da destruição de recursos naturais limitados e irrecuperáveis, como florestas e animais em perigo de extinção. Hoje é uma das prioridades da Organização Mundial da Saúde, pois o planejamento familiar permitiria a muitas mulheres estudar e exercer funções que gerariam riquezas para os seus países.

A gravidez de adolescentes custa anualmente US$ 1 bilhão aos norte-americanos

apenas para construir novas prisões. Ao traduzir em números a relação entre partos e cadeia, os Estados Unidos mostram que estão fabricando um novo inimigo, capaz de produzir violência e torrar o dinheiro do contribuinte: a adolescente solteira que virou mãe.

Divulgada pela Casa Branca, uma pesquisa afirma ser maior a tendência de criminosos saírem da barriga de jovens mães solteiras. Num cálculo cheio de equações

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Ciências Sociais - UNIP 80

matemáticas, imagina-se que, dos 500 mil bebês nascidos de adolescentes (72% solteiras), uma porcentagem cairia inexoravelmente no crime — e, portanto, a cada geração seriam necessárias novas celas.

Segundo o estudo, a conta total tiraria do contribuinte anualmente cerca de US$ 7 bilhões. Aí se inclui, por exemplo, a ajuda à grávida que, por não trabalhar, recebe um salário do governo. Eles contabilizariam dupla perda: de um lado, o benefício social e, de outro, a perda de produtividade na economia, já que ela parou de trabalhar.

Para aumentar mais o rancor contra a adolescente grávida, estudos indicam que alunos fracos, com propensão à repetência e evasão, vêm de famílias desestruturadas.

Desconfio dos raciocínios que culpam o termômetro pela febre e partem da idéia de que a vitima é a culpada. Pergunta óbvia: filhos de solteiras com maior poder aquisitivo caem na delinqüência? Não. Então, o problema básico não é gravidez, mas emprego, renda, capacidade de manter o filho na escola, apoio emocional, perspectiva de progresso individual. Apenas uma mula-sem-cabeça, pois, não consideraria a falta de planejamento familiar como um dos ingredientes que estimulam o círculo da miséria — e nesse ponto está uma das omissões mais criminosas do Brasil.

Qualquer individuo com um mínimo de informações sobre crescimento populacional sabe que um dos melhores investimentos sociais que um país pode. fazer é a educação das meninas, O que significa aulas de prevenção de gravidez, sexualidade, além da distribuição de métodos anticoncepcionais. Mulheres educadas têm menos filhos, sabem prevenir-se contra doenças, estimulam os filhos a ficar nas escolas e geram renda, aumentando a riqueza de um país.

Países que há 30 anos exibiam o mesmo nível de pobreza, mas investiram em educação básica e planejamento familiar, têm hoje mais do que o dobro da riqueza por habitante. ARTIGO DE JORNAL Brasileiras esterilizadas

A esterilização, por meio de cirurgia de ligadura de trompas, já deixou há muito de ser, no Brasil, um recurso para mães de meia-idade que, satisfeitas com os filhos que têm, decidem não mais engravidar.

Pesquisa feita por organizações não-governamentais mostra que já chega a 40,1% o percentual de mulheres brasileiras em idade fértil (15 a 49 anos), casadas ou vivendo com parceiros, que estão esterilizadas. Dez anos atrás, essa parcela era de 26,9%. A pesqúisa ainda revela que a média de idade em que ocorrem as esterilizações é hoje de 28,9 anos, contra 31,4 em 86. Ou seja, as brasileiras estão se esterilizando cada vez mais cedo.

Essa situação é conseqüência da falta de uma política de planejamento familiar no país. Por planejamento familiar, entende-se: oferecer às mulheres o melhor método para evitar filhos, de acordo com sua idade, as características de seu organismo e suas aspirações pessoais.

A ligadura de trompas para mulheres abaixo de 30 anos é criticada por médicos da área, principalmente por seu caráter definitivo. Muitas das que se submetem à cirurgia retornam, anos depois, ao consultório médico para tentar recuperar a fertilidade.

Além de seu caráter irreversível, a ligadura de trompas pode causar, em alguns casos, alteração na menstruação ou antecipação da menopausa. Por essas razões, deveria ser vista como última opção. Para casais estáveis, a vasectomia — esterilização masculina — seria uma melhor alternativa, por ser uma intervenção cirúrgica mais simples.

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O problema é, principalmente, a falta de informação das mulheres sobre os diversos métodos anticoncepcionais hoje disponíveis. Uma política de planejamento familiar séria poderia dar às brasileiras domínio maior sobre sua saúde reprodutiva, oferecendo a opção de decidir quando e como evitar os filhos e quando, se possível, voltar a tê-los. (FSP)

VIOLÉNCIA URBANA O que é?

A concentração da população humana cada vez mais pronunciada nas megacidades — uma tendência iniciada com a Revolução Industrial, que agora se estende aos países em desenvolvimento, os quais, até o início do século XX, ainda eram predominantemente agrários — traz uma série de alterações profundas à cultura, entre elas uma grande facilidade para a expressão da violência. Os cientistas sociais especulam que o contato com exemplos óbvios de grandes diferenças de riqueza, a realidade de uma grande maioria não ter como atender às necessidades mínimas de sobrevivência e a possibilidade do anonimato provoquem, naqueles desfavorecidos impressionáveis com os constantes exemplos de violência à sua volta, o impulso de cometer assaltos’, estupros, atos sádicos e homicídios como um “troco” pela situação em que se encontram. A educação emocional das crianças e a vigilância da comunidade toda, além do policiamento ostensivo, tendem a diminuir este fenômeno ainda não controlado.

Ao visitar a Colômbia, um paulista ou carioca desfrutará uma agradável e insólita

sensação — a de que Rio e São Paulo são seguras. Não exagero. Até em ambientes refinados de Bogotá, clientes são convidados a deixar a arma na

porta junto com o chapéu ou casacos. Moradores trancam com correntes as ruas, vigiadas por guardas privados, muitas vezes confundidos com esquadrões da morte.

Depois da meia-noite, adolescentes que estiverem nas ruas são levados a uma delegacia de polícia: são liberados apenas quando os pais chegam. Se não chegarem, dormem no xadrez. Numa espécie de toque de recolher, bares, restaurantes e boates não podem funcionar depois da 1h e limitam a venda de bebida.

Imagine uma cidade com 20 vezes mais assassinatos por habitante do que Rio ou São Paulo. Impossível? Essa cidade se chama Apartadó, norte da Colômbia, fronteira com o Panamá. Com 900 homicídios por 100 mil habitantes, ganha o título de cidade mais violenta do planeta; em São Paulo, são 44 por 100 mil.

A prefeitura de Bogotá desconfia que boa parte dos assassinatos éprovocada pela própria polícia. Lançaram polêmica proposta: tirar os revólveres da polícia — ficariam só com um cassetete. Estatísticas mostram que o nível de homicídios é maior justamente onde existem mais policiais por habitante.

Analisando os estudos produzidos, vê-se que a Colômbia teve, na década de 80, uma taxa de homicídios semelhante à do Brasil de hoje. O Brasil corre o risco de virar uma grande Colômbia? A resposta é, infelizmente, sim. A Colômbia é, às avessas, uma ótima lição. Encontram-se no Brasil ingredientes semelhantes, alimentando sobretudo o círculo vicioso da violência urbana.

Polícia ineficiente ou corrupta, pobreza, má distribuição de renda, desemprego, alta evasão escolar, aumento do narcotráfico, descrença na Justiça, valorização dos esquadrões

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da morte, vistos nas comunidades pobres como justiceiros. Esses fatores banalizam a morte, tornando as comunidades insensíveis. ARTIGO DE JORNAL Assassinos pedem ajuda à Virgem Maria

A imagem da Virgem Maria ganhou status especial em Cali e Medellín, onde estão os mais poderosos narcotraficantes da Colômbia: protetora dos matadores profissionais.

Católicos e tementes a Deus, os pistoleiros desenvolveram um ritual religioso antes das execuções. Ajoelhados diante da imagem, pedem proteção para que não errem o alvo nem sejam mortos. Além das pistolas, carregam no peito o crucifixo, e, se bem-sucedidos, agradecem a proteção divina pela pontaria. Muitos deles aderem às peregrinações que visitam cidades colombianas onde, imaginam, a Virgem Maria já apareceu.

A devoção religiosa doà matadores mostra como Cali ou Medellín, duas das cidades mais violentas do mundo, são extraordinários laboratórios — ali se ensina como a violência vira rotina.

Questionado sobre como se sentia depois do assassinato, um rapaz de 16 anos, que agora aprende o ofício de mecânico num projeto social patrocinado por Goodyear e Sheli, respondeu: “Depois de pouco tempo, é como se pisássemos numa barata”.

Para atrair os matadores, o coordenador do projeto, Jorge Varela, fez uma conta. Cada encomenda de assassinato custava, em média, US$ 50. Calculou que, por mês, matavam quatro pessoas em Cali. Ofereceu, então, um salário de US$ 200.

A rotina da violência supera qualquer ficção. Os seqüestradores não se limitam apenas aos ricos. Até porque, em Cali, a oferta de seqüestráveis endinheirados é muito menor do que a procura. Seqüestram pessoas pobres e cobram até US$ 50.

A policia está obviamente envolvida. A criminalidade nunca vai tão longe sem que os policiais façam parte da delinqüência. Mas, em Cali, eles exageram. Policiais vendem armas a bandidos e, depois, cobram imposto mensal por seu uso.

Os laboratórios colombianos estão ensinando aos brasileiros que a violência e a criminalidade não prosperam por causa da pobreza; lugares muito mais pobres são infinitamente mais seguros. Basta ver que, na miserável Índia, a violência urbana é comparável à dos países europeus. Prospera quando a impunidade transforma o anormal em normal.

Os paulistas, por exemplo, são um ótimo exemplo de como a delinqüência virou rotina. Pesquisa Datafolha mostra que 46% já foram assaltados, 63% têm medo de ser assassinados, 61% têm medo de andar pela rua e de ser alvejados por uma bala perdida.

Experiências que conheci no Brasil, em Nova York, na Itália (Palermo) e na Colômbia mostram luz no fim do túnel. Projetos bem-sucedidos realizados em Salvador (Axé), no South Bronx (Banana Kelly) ou no Brooklyn (Puente) ensinam que mesmo jovens em grau avançado de delinqüência se recuperam, estudam, começam a trabalhar.

O fundamental é que eles se sintam integrantes de uma nova ordem, na qual sejam estimulados, valorizados e respeitados — e consigam um emprego. (GD)

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CIDADANIA

O homem foi feito à imagem e à semelhança de Deus no que concerne ao seu infinito poder de imaginar.

IMAGINE que você se encontra absolutamente só numa ilha perdida no meio do oceano. Obviamente, sua preocupação será com a própria sobrevivência. Porém, quais serão seus DIREITOS E DEVERES?

Já pensou sobre essa situação?

Agora, imagine que surge um náufrago. Portanto, há mais uma pessoa a dividir a ilha com você.

Ou se inicia uma luta pela posse da ilha, correndo-se o risco de um eliminar o outro, ou se estabelecem normas de convivência, pelas quais as obrigações são definidas.

A definição das obrigações pode decorrer da imposição do mais forte sobre o mais fraco, ou de um ACORDO entre ambos. Se houver acordo, a cada direito corresponderá uma obrigação.

Mas você não vive em uma ilha deserta.

Você tem uma família em que sempre haverá direitos e deveres. A sua família pertence a uma comunidade de vizinhança; esta faz parte de um bairro de uma cidade. As cidades se localizam em determinados Estados, e o Brasil é o resultado da Federação dos Estados. Portanto, você é um cidadão brasileiro, do Estado de São Paulo ou de outro Estado Federado.

Todo CIDADÃO tem DIREITOS E DEVERES. Exija seus Direitos e cumpra seus Deveres.

Assim, você tem direito à Educação em uma boa escola (a melhor possível), mas você tem o DEVER de freqüentar as aulas, de respeitar os professores, de conservar o prédio que é patrimônio de toda a COMUNIDADE.

Quem quer ter o Direito a uma boa escola há de contribuir para que isso aconteça.

O mesmo vale para a Segurança, para a Saúde, para os Transportes, etc...

Agora que você sabe que é um CIDADÃO sujeito a Direitos e Obrigações, continue a leitura para saber quais são os seus DIREITOS e quais são as suas OBRIGAÇÕES.

No momento histórico em que vivemos, quando se respira ares de liberdade de expressão e de democracia, a discussão sobre os direitos e deveres individuais e coletivos é de fundamental importância, porque referem-se à cidadania.

Mas o que é cidadania? O que é ser cidadão? Qual a importância em ser um cidadão?

Cidadão é o indivíduo que está no pleno gozo de seus direitos e deveres civis e políticos.

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Ser cidadão é o direito de as pessoas terem direitos e deveres.

É o direito de ter uma vida digna. É poder ter uma casa para morar, é ter acesso a uma escola de qualidade, é poder contar com bons serviços de saúde, é poder alimentar-se e vestir-se bem, é poder ter acesso à cultura e a alguns bens de consumo que o mundo de hoje oferece.

Mas, para que o brasileiro possa ser um cidadão por inteiro, por completo, é necessário conhecer seus direitos e deveres, que estão contidos no artigo 5º da Constituição Federal.

Antes, é preciso saber que a Constituição é a Lei Maior que regula a vida de um país. Todas as outras leis decorrem da Constituição.

Mas o que é direito e o que é dever?

Direito é poder praticar, ou deixar de praticar algum ato.

Dever é estar obrigado a fazer, ou deixar de fazer alguma coisa.

Pronto, agora fica mais fácil entender o artigo 5º da Constituição, pois lá estão os nossos direitos e deveres, como cidadãos que todos nós somos.

O "caput", ou seja, a cabeça do artigo diz o seguinte:

"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:"

Primeiro, é preciso dizer que essas palavras não saíram da cabeça de uma só pessoa nem foram escritas da noite para o dia.

A humanidade precisou de séculos para reconhecer os direitos fundamentais do ser humano. Ainda hoje, há lugares no mundo em que muitos direitos não são reconhecidos, a começar pelo direito à liberdade.

Vamos agora examinar atentamente os dizeres contidos na cabeça do artigo e tentar explicá-los.

O texto diz inicialmente:

"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza..."

O homem tendo o ideal de que todos nós somos iguais, sem qualquer tipo de distinção, ou seja, sem qualquer diferença; será que sempre foi assim?

Claro que não, basta lembrarmos que num passado recente no Brasil ainda havia escravidão. E, ainda hoje, não é difícil encontrar pessoas que discriminam outras pela cor, pela raça, etc.

Porém, o ideal preconizado na Constituição diz que para vivermos em paz e em harmonia é necessário não haver diferenças entre todos nós, seja do tipo que for.

Aquele que dentre nós for tratado com desigualdade, tem o direito de ver reparada a discriminação, ou seja, pode recorrer à Justiça para corrigir o tratamento discriminatório recebido.

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Desse modo, no Brasil de hoje, ninguém pode sofrer qualquer discriminação, seja pelo sexo, cor, crença, raça, etc. Na segunda parte, o artigo diz:

"...garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:..."

Veja que a Constituição protege não só os brasileiros, mas também as pessoas que nasceram em outros países e que aqui residem.

O texto constitucional fala em "inviolabilidade".

Pois bem: Inviolabilidade, em direito, é aquilo que está protegido contra qualquer tipo de violência.

Assim, não pode haver violência contra a vida, contra a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade.

O final do artigo diz:"...nos termos seguintes:"

Esses termos seguintes são compostos por 77 (setenta e sete) incisos (subdivisões), grafados em algarismos romanos.

Essas subdivisões do artigo servem para detalhar, para especificar os direitos e deveres contidos no caput.

Por exemplo, o inciso I diz:

"homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações...";

Este inciso está simplesmente individualizando, quando a cabeça do artigo diz que todos são iguais perante a lei.

Outro exemplo, o inciso IV diz:

"É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato".

O inciso nada mais está dizendo que o direito de liberdade do cidadão manifestar o seu pensamento, sobre qualquer assunto.

Assim, cada item do artigo vai descrevendo pormenorizadamente os direitos e deveres do cidadão.

A importância de conhecê-los está em que, sabendo corretamente nossos direitos e deveres, seremos, com certeza, bons cidadãos, com capacidade para melhor escolher nossos governantes, cobrar deles o respeito à lei, aos bens públicos e o interesse da população.

Só assim, a condição de vida de todos os brasileiros irá melhorar.

A partir do momento em que conhecermos nossos direitos e deveres, vamos ter capacidade de exigir mais, como, por exemplo, uma justa divisão de rendas.

Desse modo, quando o comerciante e o industrial deixam de recolher os impostos para os cofres do governo, quando o consumidor não pede a Nota Fiscal da compra, todos estão deixando de cumprir um dever.

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Desse modo, quando o comerciante e o industrial deixam de recolher os impostos para os cofres do governo, quando o consumidor não pede a Nota Fiscal da compra, todos estão deixando de cumprir um dever.

Isso implica que muitos dos nossos direitos também não serão cumpridos, com melhores escolas, hospitais, segurança, etc. Certamente, se todos nós soubéssemos e cumpríssemos os nossos direitos e deveres, viveríamos num país bem melhor.