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Dobre as duas páginas, na linha pontilhada entre os dois retângulos (é mais fácil usando uma régua). Ou você pode dobrar alinhando as pontas da folha. Imprima o PDF. Importante: ajuste o Acrobat (ou equivalente) para não ampliar nem reduzir a folha, nem deslocar a posição para caber no papel (tire “fit to page” e “rotate and align”). Separe a primeira página (esta). 01 02 03 04 05 06 Xeroque frente e verso. Folha A com folha B, folha C com folha D. Tomar cuidado para que os dois lados estejam alinhados e batendo. Para ajudar o alinhamento, use os retângulos arredondados do meio da floha, olhando contra a luz. Dobre as orelhas, na linha tracejada. Alternativamente, dobre levando a borda do papel até a linha pontilhada. Ou ainda, dobre cada orelha de forma aleatória, ou deixe algumas sem dobrar. Monte o caderno, colocando as duas folhas uma dentro da outra. Certifique-se que estejam de cabeça para cima. O jogo da primeira orelha é um tipo de capa. Grampeie. São dois grampos, um em cada um dos retângulos arredondados da lombada. Cuidado para que o grampo fique dentro do retângulo (senão ele comerá o texto das páginas internas). Distribua para seus amigos! http://lessertruth.wordpress.com/ (Ah, e use essa folha como rascunho.)

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Dobre as duas páginas, na linha pontilhada entre os dois

retângulos (é mais fácil usando uma régua). Ou você pode dobrar alinhando as pontas da

folha.

Imprima o PDF. Importante: ajuste o Acrobat (ou equivalente) para

não ampliar nem reduzir a folha, nem deslocar a posição para caber no papel (tire “fit

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Xeroque frente e verso. Folha A com folha B,

folha C com folha D. Tomar cuidado para que os dois lados estejam

alinhados e batendo. Para ajudar o alinhamento, use os retângulos

arredondados do meio da floha, olhando contra a luz.

Dobre as orelhas, na linha tracejada. Alternativamente, dobre levando a borda do papel até a linha pontilhada. Ou ainda, dobre cada orelha de forma

aleatória, ou deixe algumas sem dobrar.

Monte o caderno, colocando as duas folhas uma dentro da outra.

Certifique-se que estejam de cabeça para cima. O jogo da primeira orelha é um tipo de

capa.

Grampeie. São dois grampos, um em cada um dos retângulos

arredondados da lombada. Cuidado para que o grampo fique dentro do retângulo

(senão ele comerá o texto das páginas internas).

Distribua para seus amigos!

http://lessertruth.wordpress.com/(Ah, e use essa folha como rascunho.)

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felicidade superestimada

algumas pessoas tratam a si mesmas como um tamagochi

Às vezes se diz que a busca da felicidade é o objetivo da vida do ser humano.

E, a princípio, isso faz sentido. Todo mundo evita ser in-feliz quando pode. Mas por outro lado, é extremamente comum que as pessoas façam coisas que não maximizam sua felicidade. A garota que aceita ser usada pelo garoto que com certeza vai deixar ela da pior maneira possível, uma vez atrás da outra. A pessoa que pega o emprego que vai ser insuportável 90% do tempo para ganhar 20% a

mais.

Claro, você pode falar que felicidade é tudo aquilo que as pessoas querem, mas se fosse assim felicidade pra algumas

pessoas seria cutucar as próprias feridas.

Ou você pode simplesmente assumir que tudo o que não condiz com a maximização da felicidade é simplesmente um erro, uma bobeira por parte de uma pessoa menos ca-paz que você. Mas muitos desses erros estão no centro da

nossa vida e sociedade.

Digamos assim, as pessoas são vasilhas contendo cére-bros, que tomam todas as decisões e fazem as sensações. Quando um cérebro percebe que o seu vaso está em bom estado e que os seus objetivos estão encaminhados ele gera a sensação de felicidade. Então existe alguma re-lação entre a felicidade e o que as pessoas querem, mas essa relação não é simples. Ela é tão complicada

quanto nós seres humanos somos complicados.

Na nossa cultura comprista, é fácil imaginar que a felicidade é um fato, uma coisa estável e delimitada, mas a felicidade se parece mais com uma forma de interpretar as ex-

periências.

A razão óbvia é que a noção de “melhor” e “pior” pertence ao mundo. Mudando o mundo, você invalida a comparação.

Mas há uma razão mais visceral: Ser carinhoso é uma forma de controlar as ações do outro. Ser amável é um contraste para fazer a dor mais vívida. São coisas agradá-veis, mas são também formas mais refinadas de violência.

Quanto mais sociável o animal, mais cruel.

Finalmente, para mudar o mundo, é preciso mais do que criar um outro mundo que fosse preferível quando com-parado ao outro. Não pode ser a mesma coisa mas sem os problemas. Se você empatar será esmagado pelo hábito que é vantagem para o como sempre foi. É preciso criar um mundo que esmague o anterior. O seu mundo

novo tem que ser foda pra caralho.

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orientação para quem quer mudar o mundo

esse papo de mundo melhor é bem mais complicado do que parece

Você quer mudar o mundo? Tente entender algumas coisas antes.

Você se torna inimigo das pessoas que ama. Você quer fazer do mundo um Lugar Melhor, supostamente para as pessoas que ama. Isso quer dizer que você quer que o mundo seja uma coisa diferente. E isso significa mudança. Mas as pessoas não gostam de mudanças. Elas pura e simplesmente odeiam mudanças. É bom lembrar disso.

Outra: A consciência das pessoas não é ferramenta confiável. Até dá pra convencê-las de que a Revolução é

Boa-Pra-Elas, mas isso costuma sair pela culatra. As pesso-as evitam responsabilidade pela mes-ma razão que você apaga as luzes ao sair da sala (com a diferença, claro, de que elas se lembram de apagar a consciência porque ela gasta MAIS

energia).

Não é de se admirar, por exem-plo, que a Revolução Francesa desboque no Terror. Já era ruim o suficiente sugerir que se tomas-se responsabilidade pela própria vida, esses Revolucionários que-riam que a população tomasse a responsabilidade pelo mundo in-

teiro ao redor dela.

Considerando que seus esquemas vinguem, você ainda pre-cisa pensar no seguinte: Mesmo que você possa criar um

mundo novo, é impossível criar um mundo melhor.

Quando eu era criança, achava que essa de “felicidade über--alles” funcionava bem o suficiente, e que portanto todo mundo devia fazer isso o tempo todo. E eu ficava meio irri-tado com quem não fazia. Mas há muitas situações em que só maximizar a felicidade é ingênuo, e até mesmo er-

rado.

Em congressos e eventos, por exemplo, a comissão orga-nizadora normalmente está preocupada principalmente em deixar os participantes felizes. Mas quase sempre os melhores encontros são aqueles em que existem experi-ências difíceis, como tomar banhos frios ou encarar situ-ações não familiares ou ter que se entender com pessoas

que pensam diferente de você.

Infelizmente, essa ideia simplista de que todos buscam a felicidade é justificativa de um monte de incongruências no mundo de hoje. A tal ideologia do livre mercado, por exemplo, e num nível muito profundo até a democracia es-

conde paradoxos.

A vida não é um cardápio em que você tem que escolher o prato mais gostoso. E nem a felicidade é algo que se possa

medir e comparar.

Crescer é muito mais difícil e muito mais impor-tante do que

simplesmen-te manter-se c o n t e n t e a maior par-te do tempo. E parando de seguir a felici-dade como um cão atrás do osso podemos ter a chance de libertar a nós

mesmos.

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Nada mais que a Circunstância

as ideologias são tão reais quanto a sua experiência

Todos nós somos afetados por coisas como Injustiça, Verdade, Lealdade, Egoísmo, Moral, Amor, Desentendimento. Mas, falando claro, nenhuma dessas coisas exis-te. Elas simplesmente não existem.

Não existem leis, não existem conceitos, não existem valores.

Só existem circunstâncias.

O que quero dizer é: A realidade não tem camadas, a existência não se di-

vide em níveis. Por exemplo, eu tenho esse mau hábito de ficar conversan-do com as vozes na minha cabeça. Você acha que existe um “reino” das ideias (onde vivem as vozes da minha cabeça) e um outro “reino” das coisas que realmente acontecem comigo? Não.

A realidade é uma só.

Humanamente falando (por mais que existam outras for-mas), o que isso indica é que você nunca está lidando com nada menos real (palpável, que se pode tocar)

do que uma maçã ou o sol ou o seu casaco.

Imagine-se morrendo de fome, num jardim. À sua direita você vê uma macieira recheada de frutos bem vermelhos. Essa é uma situação, uma circunstância. Você se move den-tro dessa circunstância, mas você não faz isso para obede-cer leis (ou A Lei), nem para “buscar felicidade”, nem por causa do Bem™ (ou Mal™) que há no coração. Ou por qual-quer outra coisa irreal. Você se move dentro da circunstância

e é só.

cia, de um deus, de um sentimento ou de um ideal, que o Ci-úmes é o que é, e que ainda faz o mesmo estrago — el@ não

quer passar a noite com você.

E em parte eu aceito o argumento. Afinal, se alguém não quer negociar o Ciúme, ou o Amor, ou a Verdade, ou seja lá o quê, ela não vai nego-ciar. Não importa mesmo se é um deus ou uma situação. Esse não é um problema de filosofia, mas um problema político, um problema de poder interpessoal. Decidir negociar talvez aconteça antes mesmo da pessoa aprender a falar! E vamos deixar claro: A maioria não negocia nenhuma

dessas coisas.

No entanto, assim que existe a vontade de negociar, ajuda muito saber que não existe nada que não seja exatamente tão real quanto a circunstância que você está vivendo di-

retamente.

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forma, existem normas sociais que estipulam quais respostas são acei-táveis quando alguém te pergunta

sobre o governo.

O coração do problema é que essas normas sociais não são nada abs-trato e independente da circuns-tância vivida, e sim uma parte real, palpável dela. As normas sociais só existem enquanto as pessoas agem de acordo com elas. Em outras palavras, a careta do interlocutor quando eu falo de algum assunto tabu (tipo circuncisão, ateísmo, ou que a corrupção é uma coisa boa) não é um sintoma das normas sociais — pelo contrário, as “normas sociais” é que são uma forma indireta de falar

sobre essa careta.

A segunda crítica é o contra-exemplo de larga escala. Di-gamos o Sistema Jurídico (supostamente consequência da Justiça) ou o mundo acadêmico (supostamente gerado pela Ciência). A crítica parece difícil, mas não é. Todos esses são conjuntos burocráticos de pessoas, dotados de normas de comportamento que não são dita-das por conceitos abstratos como Justiça ou Verdade, mas sim pelos colegas. Na melhor das hipóteses o efeito geral do conjunto é parecido com o que a hipotética entidade de fora-da-circunstância teria se exis-tisse, mas não passa de uma apro-

ximação.

Por fim, há a crítica que diz que isso é só uma outra forma de falar a mes-ma coisa. Que não importa que eu chame o Ciúmes de uma circunstân-

Exemplo: Suponha que você saiu com uma garot@, mas aca-ba falando sobre algo que um ex fez ou disse, e el@ tem um acesso de ciúmes. Você vai ter que lidar com o escândalo, mas não vai ser uma disputa com o Ciúme. É só uma cir-

cunstância, que inclui uma pessoa meio insana.

A circunstância é tudo o que há.

Espero três críticas à essa ideia.

A primeira e mais difícil é o contra-exemplo de pequena escala. Assim, duas pessoas falando sobre o Governo.

Esse problema é grande para meu argumento porque as duas pessoas agem / falam de tal forma que não faz sen-tido sem considerar coisas que não estão lá. O metiê da conversação — primeiro um fala, depois o outro, com pausas respeitosas ou não, e assim por diante — é previsí-vel, mas o “conteúdo” do qual se fala não. A própria noção de que existe um “conteúdo” já parece um nível de experi-

ência além da circunstância vivenciada diretamente.

A resposta é que não há limites para as circunstâncias. Ela não consiste exclusivamente daquilo que um sujeito pode ver ou ouvir, mas sim de tudo o que está “pre-sente” pra ele. Por isso, não se pode confiar muito nas tentativas de isolar o que é ou não parte da cir-

cunstância.

O que podemos fazer é usar mecanismos que aumentem nosso alcance dessa circuns-tância (o que pode ou não mudar a circunstância em si). Então, falando do tempo, o conhecimento de que

um certo inseto zumbe quando a pressão atmosférica cai nos ajuda a lidar com uma chuva que provavelmente está próxima, mesmo que ela não esteja aqui ainda. Da mesma

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