007 B - Burnout Em Fisioterapeutas - DISSERTA%C7%C3O

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CAMPUS UNIVERSITÁRIO - TRINDADE - CAIXA POSTAL 476 CEP 88.040-900 - FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA BURNOUT EM FISIOTERAPEUTAS: INFLUÊNCIA SOBRE A ATIVIDADE DE TRABALHO E BEM-ESTAR FÍSICO E PSICOLÓGICO. Florianópolis 2003

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esgotamento profissional

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO - TRINDADE - CAIXA POSTAL 476 CEP 88.040-900 - FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA

BURNOUT EM FISIOTERAPEUTAS:

INFLUÊNCIA SOBRE A ATIVIDADE DE

TRABALHO E BEM-ESTAR FÍSICO E

PSICOLÓGICO.

Florianópolis

2003

ii

Valana Justina Formighieri

BURNOUT EM FISIOTERAPEUTAS:

INFLUÊNCIA SOBRE A ATIVIDADE DE

TRABALHO E BEM-ESTAR FÍSICO E

PSICOLÓGICO.

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção da

Universidade Federal de Santa Catarina

como requisito parcial para obtenção

do grau de Mestre em

Engenharia de Produção.

Orientador: Roberto Moraes Cruz

Florianópolis

2003

Formighieri, Valana Justina Burnout em fisioterapeutas: influência sobre a atividade de trabalho e

bem-estar físico e psicológico../ Valana Justina Formighieri; orientador Roberto Moraes Cruz.

- Florianópolis, 2003. 92 f. : il.; gráfs. ; tabs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 2003. Inclui bibliografia.

1. Síndrome de burnout. 2. estresse laboral. 3. fisioterapeutas 4. Maslach Burnout Inventory I. Cruz, Roberto M.

II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduaçãoem Engenharia de Produção.

III. Título.

iii

Valana Justina Formighieri

BURNOUT EM FISIOTERAPEUTAS: INFLUÊNCIA SOBRE A ATIVIDADE DE TRABALHO E BEM-ESTAR FÍSICO E

PSICOLÓGICO.

Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do Título de Mestre em

Engenharia de Produção, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis,11 de julho de 2003.

_______________________________

Prof. Edson Pacheco Paladini

Coordenador do PPGEP

BANCA EXAMINADORA:

______________________________ __________________________

Prof. Kleber Prado Filho, Dr. Prof. Roberto Moraes Cruz, Dr.

PPGEP – UFSC Orientador – PPGEP – UFSC

________________________________

Prof. Neri dos santos, Dr.

PPGEP – UFSC

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus, que em todos os momentos se faz presente

em minha vida me direcionando e me auxiliando.

A minha mãe que não economizou esforços para

me acompanhar nesta caminhada...

A minha irmã Rakel e ao Fábio pelos momentos

de distração e força.

Aos queridos Teugene, Nestor e Charles

Pelo acompanhamento competente e solidário

nas etapas deste trabalho.

A minha amiga Helenara companheira

de todas as horas.

Ao meu primo Luis Alberto Formighieri, grande

incentivador da realização deste trabalho.

Ao meu orientador, Roberto, pelas valiosas idéias e atenção dispensada

em todos os momentos e pelo Incentivo demonstrado no início da realização deste

estudo.

Ao Professor Osmar Possamai pelo estímulo, originalidade e paciência.

A todos colegas de turma e aos demais com quem tive

contato durante todo o mestrado.

v

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

1.1. Problema e contexto de estudo ....................................................................1

1.2. Objetivos .......................................................................................................4

1.2.1. Objetivos Específicos.............................................................................4

1.3. Justificativas..................................................................................................4

1.4. Limitações do Estudo....................................................................................5

1.5. Questões de Pesquisa ..................................................................................6

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................7

2.1. Saúde e desgaste profissional ......................................................................7

2.1.1. Estresse: fatores pessoais, sociais e ocupacionais .............................12

2.2. Caracterização da atividade de fisioterapia ................................................18

2.3. A síndrome de burnout – Aspectos gerais ..................................................21

2.4. Estresse e burnout em fisioterapeutas........................................................33

3. MATERIAIS E MÉTODO....................................................................................38

3.1. Desenho do Estudo.....................................................................................38

3.2. Procedimentos metodológicos ....................................................................39

4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS........41

4.1. Dados sócio-demográficos..........................................................................41

4.2. Resultados do MBI......................................................................................51

4.3. Resultados do Inventário de Sintomas de Estresse....................................58

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................62

vi

Índice de Tabelas

Tabela 1– Distribuição de Fisioterapeutas participantes da pesquisa.......................41

Tabela 2: Distribuição do perfil sócio-demográfico da população (N=80) .................42

Tabela 3: Distribuição da população por tempo de atuação .....................................44

Tabela 4: Distribuição da ocorrência das pontuações obtidas nas questões do M.B.I.

que aferem EE (N=80) ..............................................................................................52

Tabela 5: Distribuição da ocorrência das pontuações obtidas nas questões do M.B.I.

que aferem DE (N=80) ..............................................................................................54

Tabela 6: Distribuição da ocorrência das pontuações obtidas nas questões do M.B.I.

que aferem a dimensão EP (N=80) ...........................................................................55

Tabela 7: Distribuição dos resultados do inventário de estresse...............................59

Tabela 8: Distribuição dos resultados do inventário de estresse...............................59

Tabela 9: Distribuição dos resultados do inventário de estresse relacionados aos

sintomas comportamentais (N=80)............................................................................60

Tabela 10: Distribuição dos resultados do inventário de estresse relacionados aos

sintomas defensivos (N=80)......................................................................................60

vii

Índice de Quadros

Quadro 1– Resumo esquemático da sintomatologia de burnout...............................26

Quadro 2– Estado da arte de pesquisas realizadas no Brasil sobre a síndrome de

burnout segundo autores, título, fonte, ano e local (2002-2001) ...............................30

Quadro 3: Estado da arte de pesquisas realizadas no Brasil sobre a síndrome de

burnout segundo autores, título, fonte, ano e local (2000 -1999-1998). ....................32

Quadro 4: Movimentos e Posturas Descritas na Literatura Especializada Relacionada

a Fisioterapeutas.......................................................................................................37

Quadro 5: Apresentação e comparação de médias obtidas no M.B.I. pelos docentes

psicólogos, da área de saúde e em diferentes populações.......................................56

viii

Índice de figuras

Figura 1 – Distribuição da freqüência nos principais locais de trabalho ......................................45

Figura 2– Distribuição quanto às áreas de atuação profissional................................................46

Figura 3 – Distribuição do número de pacientes atendidos por dia ............................................48

Figura 4– Distribuição percentual do tempo livre dedicado a outras atividades ............................50

ix

Resumo

FORMIGHIERI, V. J. Burnout em Fisioterapeutas: influencia sobre a atividade de trabalho e bem-estar físico e psicológico. Cascavel, 2003. Dissertação

(Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção. 2003.

Este trabalho aborda a síndrome de burnout como uma conseqüência do estresse

laboral crônico. Objetivou verificar a incidência e os graus manifestos das dimensões

esgotamento emocional (EE) despersonalização (DE) e envolvimento pessoal no

trabalho (EP) em Fisioterapeutas. Participaram da pesquisa 80 fisioterapeutas

efetivamente. Logo, os resultados apresentados referem-se a parte da população,

sendo que os níveis de burnout podem ser ainda maiores, pois, como indicam

autores, a não participação pode ser interpretada inclusive como traço de burnout.

Buscou-se também determinar algumas características do perfil sócio-demográfico,

ocupacional e pessoal e sintomas de estresse que possam estar associados a

burnout. Trata-se de pesquisa aplicada, quantitativa e descritiva. Os instrumentos

de investigação utilizados foram: Maslach Burnout Inventory (MBI), questionário de

perfil sócio-demográfico e, de valores pessoais relacionados ao trabalho. A

organização e tratamento dos dados foram organizados pelo Excel. A população

pesquisada caracterizou-se, pelo predomínio do sexo feminino, faixa etária entre 21

e 35 anos, estado civil solteiro (a) e de profissionais sem filhos. Quanto às

características ocupacionais, houve predomínio de atendimento de 20 a 30

pacientes por dia, graduação a menos de 05 anos (65%), seguida por 6 a 10 anos

(22,5%), sendo que (50%) trabalham em instituições de saúde especificas e que

(20%) desenvolvem atividade na docência universitária. Quanto as variáveis

pessoais, os fisioterapeutas utilizam (14%) do seu tempo livre para realização de

atividade física e (12%) para o lazer. Os resultados obtidos no Maslach Burnout

Inventory (MBI) indicaram grau alto para a dimensão EE, médio para DE e EP, o

que, segundo alguns autores, representa a fase inicial da síndrome.

Palavras chaves: Síndrome de burnout, estresse laboral, fisioterapeutas,

Maslach Burnout Inventory.

x

Abstract

FORMIGHIERI, V. J. Burnout in Physiotherapists: It influences on the activity of work and physical and psychological well-being. Cascavel, 2003. Dissertação

(Mestrado em Engenharia da Produção) – Programa de Pós-graduação em

Engenharia da Produção. 2003

This work (research) approaches the syndrome of burnout as a consequence of

chronic labor stress. It objectified to verify the incidence and the manifest degrees of

the emotional exhaustion (EE), depersonalization (DE) and personal envolvement in

the work (EP) in Physiotherapists. 80 physiotherapists had participated effectively of

the research. Soon, the presented results mention the part of the population, the

Burnout’s level might be even higher as some authors mention about the no

participation in this kind of research could be interpreted as a trace of the Burnout. As

well were search some characteristics of the partner-demographic, occupational and

personal profile and stress symptoms that they can be associates burnout. It is about

applied quantitative and descriptive research. The used instruments of investigation

had been: Maslach Burnout Inventory (MBI), a profile questionary of partner-

demographic and related personal values to the work. The data had been analyzed

by the Excel program. The searched population characterized itself, for the

predominance of the feminine sex between 21 and 35 years, single status and

professionals without children. About to the occupational characteristics, it had

predominance of 20 to 30 attendance patients per day, graduation to less than 05

years (65%), followed by 6 to 10 years (22,5%), being that (50%) they work in specify

health institution that (20%) they develop activities exclusively to teaching. About the

other people, the physiotherapists use (14%) their free time to practice physical

activity e (12%) for the leisure. The results gotten in Maslach Burnout Inventory (MBI)

had indicated high degree for the dimension (EE) and medium degree to (DE) and

(EP). According to some authors, it represents the initial phase of the syndrome.

Words keys: Syndrome of burnout, stress labor, physiotherapists, Maslach Burnout

Inventory.

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Problema e contexto de estudo

O mundo social do trabalho passa por transformações rápidas e

extremamente significativas. Evolução tecnológica, globalização, alterações na

legislação, mercado cada vez mais competitivo, mudanças na ética, nos valores

pessoais e sociais, na economia e política, deixam marcas indeléveis na vida do

indivíduo. Inserido em um sistema onde os meios de trabalho e as informações se

transformam muito rapidamente, o homem se esforça para desenvolver capacidades

de enfrentamento, ora criando, ora adaptando-se, no intuito de manter sua saúde

física, emocional e social.

As situações de trabalho se caracterizam por um complexo de exigências de

natureza ambiental, fisiológica, psicológica e social. O processo de adoecimento

relacionado ao trabalho é uma dimensão importante de investigação na

compreensão da natureza da organização e do conteúdo da atividade humana de

produção de bens e serviços.

Uma ampla mudança no interior das organizações tem sido uma constante,

sendo considerada geradora de disfunções entre o processo de trabalho e o homem,

podendo desencadear questões de importância crítica, como a elevação dos índices

de estresse de seus trabalhadores. Isto pode traduzir-se num decréscimo na

performance das tarefas, elevação dos custos com os variados problemas de saúde,

deteriorando o índice de qualidade e produtividade no trabalho.

Observando o comportamento humano na situação de trabalho e buscando

identificar as interfaces entre os fatores referentes ao funcionamento do organismo e

o ambiente de trabalho, percebe-se o desenvolvimento de um conjunto de sinais e

sintomas, causas e conseqüências, reações individuais e organizacionais próprios

2

da emergência de distúrbios ou síndromes associadas à redução da qualidade de

vida e bem-estar subjetivo.

Conforme Messias (1999), a articulação entre trabalho, a saúde e a doença

dos trabalhadores tem sido objeto de reflexão dos homens há séculos, por isso

quando se trata de saúde do trabalhador, os questionamentos devem ser sérios e

meticulosos. Não é difícil concluirmos que o trabalhador abrirá mão de hábitos

pessoais e de perspectivas particulares de sua vida para garantir a vitória nessa

batalha pela sobrevivência.

A persistência e intensidade dos agentes estressores inerentes ao sistema

sócio-organizacional, bem como as características e funções de cada indivíduo,

associadas aos vários esforços e falhas de lidar adequadamente com o estresse e

suas conseqüências, propicia aos trabalhadores desenvolver uma reação de

esgotamento laboral crônico, caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas

específicos denominados de síndrome da desistência ou Burnout, de incidência mais

visível entre em profissionais que desempenham função assistencial, a qual exige

elevado investimento na relação interpessoal, marcada pelo cuidado e a dedicação.

Com o passar do tempo, o profissional acentua o desgaste emocional e

surge o estresse. As manifestações dessa desistência são a queda da auto-estima,

o surgimento de comportamentos inadequados frente a sua clientela (irritação,

descaso, distanciamento), a diminuição da produtividade e da realização pessoal no

trabalho, a instalação de problemas psicossomáticos e o absenteísmo.

Freudenberger (1974) considera Burnout um estado de esgotamento ou

exaustão resultante de grande dedicação e esforço no trabalho, onde o indivíduo

afasta ou deixa de lado as suas próprias necessidades. Inicialmente, pensava-se a

síndrome, afetando apenas profissionais que são considerados “cuidadores”

(médicos, psicólogos, agentes penitenciários, professores e similares), mas hoje se

percebe que outros profissionais são acometidos por ela. O estudo da incidência ou

prevalência dos sintomas de burnout nas profissões pode nos ajudar a compreender

a natureza da etiologia ou nexo do adoecimento. As ocupações assistenciais são as

mais afetadas, pois estão fundamentadas na filosofia humanística e a discrepância

entre expectativas e a realidade contribui para o nível de estresse que tais

profissionais experimentam (Alvarez & Fernandez, 1991). Outro fator que contribui

3

para a alta incidência da síndrome é o longo tempo dedicado aos clientes que

freqüentemente se encontram em situações dramáticas gerando, com isso, uma

relação interpessoal provida de frustração, medo e tensão emocional.

Os profissionais de saúde freqüentemente são expostos à carga física e

mental durante seu trabalho. Os equipamentos, móveis e ambientes de clínicas e

hospitais freqüentemente não respeitam preceitos ergonômicos, situações de

emergência impõem tarefas que sobrecarregam o indivíduo, a jornada

freqüentemente é extensa, duplicada e acompanhada de plantões. O trabalho com a

doença e o sofrimento rotineiramente são causas de estresse físico e psicológico.

Como profissional da área da saúde, o fisioterapeuta atua na reabilitação do

indivíduo, sendo seu objetivo promover o restabelecimento das funções sensório-

motoras afetadas por lesões e/ou patologias. Exerce sua atividade terapêutica em

várias especialidades da área médica, dentre as quais podemos destacar: a

ortopedia, neurologia, pneumologia, cardiologia, geriatria e pediatria. Encontra-se

inserido no mercado de trabalho exercendo suas funções em estabelecimentos

hospitalares, clínicas, consultórios, instituições filantrópicas, centros de reabilitação

profissional, ambulatórios, creches, asilos, academias, entre outros, além poder

exercer a função docente em Universidades, desde que seja em área de sua

especialidade. É importante ressaltar que muitos dos tratamentos fisioterapêuticos

são bastante prolongados, e os resultados de melhora do quadro clínico são lentos,

o que exige um alto grau de paciência e perseverança por parte do paciente, e

também do fisioterapeuta.

Realizar esta pesquisa significa caracterizar no contexto brasileiro a

incidência da Síndrome de Burnout, que vem sendo estudada em diferentes

categorias profissionais no mundo inteiro, inclusive a categoria profissional dos

fisioterapeutas, onde se pergunta quais as características de atividade do trabalho

do fisioterapeuta podem estar associadas a incidência de sintomas de estresse e

Burnout?

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1.2. Objetivos

Caracterizar a ocorrência da Síndrome de Burnout em Fisioterapeutas

e a sua repercussão sobre a atividade de trabalho e bem-estar físico e psicológico

desses profissionais.

1.2.1. Objetivos Específicos

Analisar a relação entre tempo de atuação profissional, jornada de

trabalho, número de pacientes atendidos diariamente e a área de atuação

com a ocorrência da Síndrome de Burnout;

Avaliar, segundo o inventário de Maslach Burnout (MBI), a incidência da

síndrome em suas três dimensões (exaustão emocional,

despersonalização e falta de envolvimento pessoal no trabalho) em uma

amostra representativa de fisioterapeutas que atuam na região oeste do

Paraná.

Obter um quadro dos principais sintomas fisiológicos e psicológicos

referidos pelos fisioterapeutas;

1.3. Justificativas

Necessidade de avançar na produção de conhecimentos sobre as relações

recíprocas entre trabalho e bem-estar psicológico entre fisioterapeutas.

Demonstrar a necessidade de diagnóstico e intervenção nos problemas de

saúde enfrentados no cotidiano de trabalho dos fisioterapeutas.

Necessidade de avaliar de forma mais precisa a relação entre sobrecarga de

trabalho dos fisioterapeutas, os aspectos ergonômicos da atividade e sofrimento

psicológico.

5

Sendo a saúde um estado de bem-estar que irá depender do funcionamento

do organismo, a saúde sob a concepção do fisioterapeuta, envolve um equilíbrio

fisiológico entre os sistemas do organismo e sua interação com a saúde mental e

somática, onde será possível a realização da atividade profissional de uma maneira

eficaz e prazerosa, influenciando ainda o contexto sócio-cultural e o cotidiano do

profissional fisioterapeuta trazendo diferentes graus de motivação e satisfação.

Raridade de estudos sobre o tema escolhido, aliado ao interesse científico

pelas áreas de trabalho e saúde, também justifica esta escolha. Além disso, pode-se

observar no dia-a-dia de trabalho indícios da existência de risco, para o

desenvolvimento da Síndrome de Burnout em profissionais fisioterapeutas.

1.4. Limitações do Estudo

Por este ser um estudo sem financiamento institucional, não foi possível

atingir diretamente uma população mais numerosa de profissionais, pois o custo com

mala-direta e despesas de resposta via correio tornou inviável essa expectativa.

Em referência aos aspectos metodológicos do estudo, há a limitação quanto

ao tratamento estatístico dos dados, pelo universo de participantes escolhido ter sido

criado de forma intencional, segundo o critério da acessibilidade fornecido pelos

procedimentos metodológicos. Não foi possível validar a escala de valores pessoais

relacionados ao trabalho, por não ser o objetivo deste trabalho. Ressaltando ainda,

que o uso de questionários de auto- avaliação, apesar de serem instrumentos de

fácil aplicação, não possuem forma de controle por parte do pesquisador, ficando a

cargo dos pesquisados o fator sinceridade em suas respostas. A limitação gerada

por esse tipo de coleta de dados, poderia ser suprida, utilizando-se de entrevistas

individuais, semi-estruturadas, o que não foi possível, por escassez de tempo para a

realização destas e por ser elevado o número da amostra.

A escassez de dados sobre a Síndrome de Burnout em fisioterapeutas em

nosso país constituiu um fator limitante pela dificuldade de comparação de

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resultados com nossa pesquisa, o que nos impele a realizar comparações literais

com pesquisas internacionais.

1.5. Questões de Pesquisa

Para que os objetivos propostos sejam atingidos, responderemos as

seguintes questões de pesquisa:

Questão Central:

Qual a incidência da Síndrome de Burnout em fisioterapeutas?

Questões Complementares:

1. Quais as características da atividade de trabalho do fisioterapeuta que podem

estar associadas à incidência de sintomas de estresse e burnout?

2. Qual a relação entre as variáveis: tempo de profissão, jornada de trabalho,

número de pacientes atendidos por dia, local de trabalho e especialidade, e

ocorrência da Síndrome de Burnout em fisioterapeutas?

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Saúde e desgaste profissional

A organização do trabalho é relevante na questão da análise do sofrimento

psíquico e carga mental, considerando que, em nossas sociedades o índice e a

qualidade da produtividade logo se transformam em normas de produção, tendo

como prioridade à expansão econômica do sistema, visando a melhora dos

resultados.

Para Wisner (1994) a forma organizacional é complexa e precisa; a jornada

de trabalho se estende, exigindo maior poder de concentração; os postos de

trabalho adquirem caráter artificial; a população de trabalhadores disponíveis difere

aos dos jovens que supostamente representam a sua classe, enfatizando que essas

características possam desencadear algumas dificuldades, como operacionalização

das variáveis organizacionais. Adicionalmente verifica-se a inadaptação e a distância

entre a tarefa prescrita e como realmente a atividade é realizada.

Para Bridi (1997) estes fatores estão relacionados com o processo e com a

organização do trabalho, envolvendo métodos, meios técnicos, arranjos físicos, as

normas, as jornadas de trabalho, o ritmo, a remuneração e o esforço cognitivo. É

possível supor que tanto as sociedades como as condições de trabalho, não

contribuem integralmente com a saúde do trabalhador, pois absorvendo a cultura do

sistema das organizações, ele internaliza conceitos, por vezes estereotipados, de

desempenho, produção e reconhecimento de nível complexo, dando início ao

estresse laboral (FERENHOF & FERENHOF, 2002). Neste sentido, Coutinho (1996)

salienta que existem hoje importantes estudos evidenciando, que o avanço

tecnológico e a modernização têm cada vez mais contribuído para o crescimento dos

distúrbios mentais e psicossomáticos dos trabalhadores.

Na organização do trabalho a interação humana com os meios técnicos,

aponta para o controle e nível do desempenho do indivíduo para atingir os objetivos

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de validade interna e externa, levando-nos a refletir sobre o papel psíquico-

econômico “crucial” do trabalho (CARVALHO, 1995).

De acordo com França e Rodrigues (1996), a forma com a qual o indivíduo

acostuma-se com os sintomas do estresse, levando-o a cronicidade e ao

esgotamento, são seguramente relevantes dentro do contexto do trabalho.

Sendo a carga de trabalho caracterizada sob três aspectos: físico, cognitivo e

psíquico, cada um pode determinar uma sobrecarga mental (Bisi, 1990). A definição

de sobrecarga física e cognitiva é mais evidente, quando tentamos dimensionar a

sobrecarga psíquica. Porque esta última envolve conflitos interiores de

representação consciente ou inconsciente das relações entre o indivíduo e a

organização do trabalho (WISNER, 1994).

Para compreender este contexto e a prescrição adequada da tarefa, Wisner

salienta que é necessária a realização da Análise Ergonômica do Trabalho,

realizando um estudo do comportamento da ação, observação e comunicação do

trabalhador, seguida da análise do conteúdo cognitivo e afetivo, utilizando a

semiótica para identificar as formas de linguagem corporal formal e informal.

Esta forma de intervenção deve levar também a investigação de fenômenos

psicológicos que possam estimular o aumento da criatividade, comunicação,

relacionamentos, satisfações e motivações dentro da organização do trabalho,

caracterizando o papel da Psicologia Ergonômica, que é o de compreender o

trabalho para depois “transformá-lo”.

Para Aubert (1996), as condições de trabalho parecem influir no maior ou

menor grau de resistência do trabalhador às condições desfavoráveis, alertando

para a importância da subjetividade no processo de avaliação dos objetivos a serem

alcançados e a sua relação com a reação do trabalhador.

Devemos analisar como o ser humano é afetado, para desempenhar a

atividade que executa. Os conflitos entre o regime da organização de trabalho e a

necessidade de atingir as metas determinadas pelo sistema, somada a exigência

pessoal, desempenho, ritmo, produção e rendimento que o trabalhador acaba

desenvolvendo por causa da própria exigência da organização (MASLOW, 2000).

9

Os trabalhadores sociais que fazem corretamente seu trabalho são exemplos

de classes que apresentam alta carga de trabalho em razão das dificuldades de

compreensão que apresentam frente a reclamações do público e execução da tarefa

ao mesmo tempo; as quais geralmente são “ignorantes” as categorias

administrativas. A psicodinâmica do trabalho (Dejours, 1994) destaca a importância

representada pelo papel da organização do trabalho, podendo-se afirmar que quanto

menor a autonomia do trabalhador na organização da suas atividades, maiores as

possibilidades de que a atividade gere transtornos à saúde mental.

Assim, para proteger os trabalhadores da pressão dos usuários, as

organizações, como via de “satisfação” criaram barreiras que foram sendo

construídas progressivamente, podendo ser físicas, emocionais ou simbólicas;

ficando evidente na literatura que essa atitude, subestima as capacidades dos

trabalhadores. Declara ainda com clareza, que a relação tarefa prescrita e a atenção

que deve ser atribuída às dificuldades perceptivas, esforços mentais e ansiedades

causadas pela incerteza da compreensão não devem ser otimizadas, pois aumenta

a carga mental e diminui a realização pessoal no trabalho.

Para Carlotto e Gobbi (1999), a Síndrome de Burnout apresenta-se hoje,

como um dos grandes problemas psicossociais no Brasil, e tem sido definido como

um fenômeno multidimensional, formado por três dimensões: exaustão emocional,

despersonalização e diminuição do sentimento de realização profissional no

trabalho. A variável mais crítica é a relação entre o ocupante do cargo e a sua

clientela. As características do papel consistem em sobrecarga, ambigüidade e

conflito.

Essas atitudes quebram o vínculo de motivação e interesse do indivíduo com

o trabalho, podendo alterar o ritmo e seu estado biológico, Cañete (2001). Quando

não é mais possível de se estabelecer à compatibilidade do indivíduo com o

trabalho, nasce o sofrimento, ocasionando sentimentos de desprazer, tensão,

estresse laboral, frustração, dentre outros.

Silva (2000) relaciona o meio organizacional com a saúde do indivíduo e a

produtividade da empresa. Pode-se perceber que o ajuste do mesmo, nem sempre é

adequado; considerando que a sociedade, o local e o momento conduzem para

10

diferentes pontos de observações e percepções. A essa questão atribui-se que a

transmissão da mensagem para o trabalhador pode levar a uma compreensão

deformada ou parcialmente encoberta, interferindo na iniciativa da tomada de

decisão e na escolha da conduta a ser adotada. Poderia ser essa uma das variáveis

ligadas à falta de motivação e engajamento pessoal?

As dificuldades perceptivas e questões de identificação e reconhecimento

estão ligadas diretamente à memória, seja ela imediata ou de longa duração.

Colocando esse componente como crítico, podemos associar a memória com

atividades mentais, que por sua vez são constituídas por símbolos. Como relata

Cruz (2001) em estudos relacionados à psicologia do trabalho, é sobre eles que

reagimos. Sendo assim a interpretação dos indivíduos frente aos símbolos,

caracterizam diversas situações de trabalho, pois nossas ações e reações são

produtos da nossa percepção simbólica, podendo provocar modificações específicas

dentro deste processo.

Para Cruz (2001), a “noção” de memória do trabalho tem estocagem limitada,

na realização de uma atividade de auto-repetição que permite conservar as

informações, sendo assim devemos renovar ou aperfeiçoar sempre a nossa

memória; citando ainda a memória operacional, que tem duração de vida transitória

ligada à duração de uma tarefa; quando ela termina é esquecida. Contudo, o autor

enfatiza que o elemento mais crítico, provavelmente seja a memória de curta ou

longa duração. Nos indivíduos que estão cansados, as capacidades de

memorização são baixas, intensificando o esforço cognitivo para realização da

tarefa, interferindo no período de repouso, pois produz dificuldades de sono.

O trabalho significa necessidade e razão de vida, envolvendo ainda os ideais,

objetivos, metas e perspectivas pessoais de cada ser humano (Dejours, 1987).

Portanto o autor define que a carga mental de trabalho e o sofrimento psíquico estão

ligados por problemas que nascem das reações adversas entre a história individual

de cada um, sua necessidade de prazer e a história da sociedade e sistemas

organizacionais que tendem a adaptar o homem ao trabalho.

Os fatores subjetivos e psicossociais que vem sendo identificados nas

situações de trabalho estabelecem a integração do indivíduo com o meio

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organizacional. Quando os ideais e metas dos indivíduos são antagônicos as

normas do sistema, o ambiente e condições de trabalho tornam-se ameaçador,

levando a modelos mentais ás vezes nocivos e influenciados pela cultura da

organização. Conseqüências como frustração, insatisfação, desmotivação e

mudança de comportamento, refletem diretamente na organização do trabalho

(CARVALHO, 1995). Para Carvalho:

Ocorre uma dificuldade na adaptação do trabalho ao homem, demonstrando a necessidade de critérios específicos, dentro de um contexto organizacional e do trabalho, englobando o âmbito social e psicológico, que possam identificar a necessidade de se estabelecer situações potencialmente críticas para o desenvolvimento da intervenção apropriada, minimizando as repercussões negativas para o trabalhador, onde este associa os índices de motivação, participação e satisfação como as razões mais expressivas a serem atingidas para sua realização (p.45).

Torna-se clara a necessidade de atitudes, que estabeleçam vias de interação

entre as atividades de saúde mental e as de saúde no trabalho. Considerando a

importância dos homens para todo o sistema, sabemos como são importantes as

tentativas de humanizar o trabalho. O destino dos homens e de seus desejos no

trabalho, perante os novos desafios da humanidade, pode-se justificar numa reflexão

específica, porém, leva-nos a pensar qual é o lugar do desejo e qual é o lugar do ser

humano no trabalho contemporâneo.

Neste contexto, qualidade de vida e trabalho com qualidade é o ponto que

mais se destaca neste início de milênio, pois se sabe, hoje, que não se pode mais

separar o ambiente de trabalho, do ambiente da família e ou ambiente social.

O ser humano é um conjunto complexo cujo desenvolvimento depende de seu

ambiente interno e de seu ambiente externo. Portanto, não há como

compartimentalizar as emoções, as sensações, as percepções. Entender esta

verdade é o passo mais importante para as organizações e para os trabalhadores no

futuro.

Muitas são as reações que os indivíduos apresentam em relação ao seu local

de trabalho. Entre uma infinita variedade de atitudes e emoções podemos

considerar como mais relevantes a satisfação no trabalho e o estresse ocupacional.

12

A primeira reflete um estado emocional agradável que resulta da percepção de que

o trabalho ajuda o sujeito a alcançar resultados valorizados pelos demais sujeitos e

por toda sociedade. Já o segundo reflete um estado emocional desagradável, pois é

decorrente de incertezas sentidas quanto à própria capacidade de atender às

demandas exigidas pelo trabalho.

Em vista dessa última situação chegou-se a apontar a existência de uma

ideologia de culpabilidade que responsabiliza os trabalhadores pelos seus

problemas de saúde – como nos casos ligados à síndrome de Burnout – deslocando

a atenção do verdadeiro produtor: o ambiente, as condições e a organização do

trabalho.

Por isso é importante, também, construir um saber coletivo que sirva como

instrumentalização para o enfrentamento diferenciado da realidade social, baseado

principalmente na capacidade de cada um de valorizar-se.

2.1.1. Estresse: fatores pessoais, sociais e ocupacionais

A epidemia do século XXI, o estresse, pode afetar bebês, crianças e adultos.

Razões pessoais, familiares ou sociais são normalmente invocadas para explicá-lo.

Em 1936, o fisiologista canadense Hans Selye, utilizou o termo pela primeira vez

com a conotação que se conhece atualmente: stress é a maneira como o organismo

responde a qualquer estímulo – bom, ruim, real ou imaginário – que altere seu

estado de equilíbrio.

As preocupações que cada pessoa carrega no seu dia-a-dia pesam em sua

saúde ao provocar tempestades de hormônios e derrubar defesas do organismo

(Miranda, 1998). O ritmo rápido, a poluição sonora, os problemas familiares, os

problemas no trabalho e outras características da alucinante vida moderna,

sobrando pouco tempo para o lazer e o relaxamento, se manifestam em

comportamentos desequilibrados que podem ser representados pelo estresse. No

entanto, algumas sobrecargas são potencialmente capazes de produzir estresse na

maioria das pessoas. Estas sobrecargas denominam-se fatores estressantes. Os

fatores estressantes podem ser psicológicos, físicos e sociais.

13

Todos os seres humanos vivem situações de estresse e os fatores

desencadeantes podem aparecer em qualquer etapa da vida. Uma das formas de o

estresse se manifestar no indivíduo é através da doença. Este fato é condicionado

pela gravidade da doença e pela idade da pessoa, uma vez que a capacidade de

combate às doenças é bastante elevada na infância diminuindo à medida que a

idade avança.

O conceito de doença difere ao longo da vida. As crianças possuem uma

compreensão limitada do que é doença ou morte. Até os cinco anos ela acha que a

pessoa que morreu apenas se ausentou e poderá, um dia, voltar. É somente a partir

dessa idade que ela começa a perceber que a morte é irreversível, que a morte é

uma ausência definitiva. Já as preocupações dos adultos doentes incluem angústia

em relação ao futuro, receio de se verem limitados na sua vida cotidiana ou mesmo

de morrerem (SANTOS, 1994).

Outra forma de estresse é o que resulta de conflitos interiores, gerados pela

preocupação sobre resultados de uma escolha a ser feita, por exemplo, quando uma

pessoa tem que escolher entre dois empregos ou entre dois tipos de tratamento

médico. As causa mais comum de estresse no âmbito familiar são os problemas

financeiros, objetivos opostos, conflitos interpessoais, aparecimento de um novo

membro, doença, incapacidade e morte de um familiar querido.

A doença ou incapacidade na família pode, igualmente, provocar estresse em

seus familiares. Tempo e liberdade são restringidos passando a serem dedicados a

cuidar da pessoa doente. O cotidiano das pessoas é de origem de múltiplas

situações estressantes, estando muitas das preocupações das crianças e dos

adultos associadas às suas ocupações e a um conjunto de fatores ambientais

(SILVA, 1992).

Sabe-se que o excesso de trabalho pode estar associado ao aumento de

acidentes e problemas de saúde, observando-se que há atividades que são mais

estressantes do que outras. O ambiente de trabalho, as relações interpessoais, o

nível de responsabilidade, o não reconhecimento de certas qualidades pessoais, são

situações estressantes que podem provocar alterações psicológicas e fisiológicas

como quebra de auto-estima e hipertensão arterial (SANTOS, 1994).

14

Freqüentemente o estado de equilíbrio dos vários sistemas do organismo

entre si e do organismo como um todo com o meio ambiente, é alterado por agentes

estressantes. Apesar de distintos em muitos aspectos, estes estímulos provocam

respostas orgânicas num padrão similar, com alterações nervosas e bioquímicas que

visam adaptar o organismo a situações de desequilíbrio funcional. O conceito

moderno de stress o considera como um processo bio-psico-social, pela forma como

se manifesta, dependente de características individuais, mas interagindo de forma

significativa com o ambiente social.

Uma vez reconhecido que se está sofrendo respostas a um estresse, a

pessoa tem que ser capaz de identificar e lidar com qualquer outra causa por trás

dele e não apenas com os sintomas. A prolongada exposição do organismo à

estimulação excessiva provocada por situações de estresse continuado ou repetido

vai consumir energias e recursos, levando o organismo à fase de exaustão.

As reações ao estresse quase sempre provocam alterações importantes do

sistema nervoso e do sistema endócrino que podem se refletir de uma maneira geral

em todo organismo, originando várias perturbações e doenças. As tensões

emocionais e físicas que acompanham o estresse são bastante desconfortáveis.

Desta maneira as pessoas sentem que têm de fazer alguma coisa para reduzir o seu

estresse. E “este” algo que as pessoas fazem são denominados de adaptação ao

estresse, que pode produzir modificações na composição química e na estrutura do

corpo. Os mecanismos de adaptação são processos dos quais o organismo tenta

gerar a diferença entre as exigências que a pessoa é submetida e os recursos que

possui em situações de tensão, este estado se manifesta como Síndrome Geral de

Adaptação. Esta síndrome desenvolve-se dentro do quadro alarme – resistência –

exaustão.

Os esforços de combate ao estresse são variados e não levam

necessariamente à solução do problema. Estas formas de adaptação podem ser:

a) Procurar alterar o problema que causa a situação;

b) Regular a resposta emocional ao problema;

Assim a forma de adaptação refere-se à capacidade de reduzir as exigências

da situação de estresse ou de aumentar os meios para lidar com o problema. Fixado

15

nas emoções, a adaptação refere-se ao controle da resposta emocional perante a

situação estressante. A pessoa pode regular suas respostas emocionais através de

abordagens cognitivas e comportamentais tais como negar fatos desagradáveis ou

vê-los de uma perspectiva melhor.

Uma reação psicológica com componentes emocionais, físicos, mentais e

químicos é a forma como Lipp (1984) define estresse. A autora diferencia eustress

de distress – o eustress se identifica quando estímulos estressores e agressores

contribuem para o bom desempenho do indivíduo, contribuindo com novas idéias e

estratégias que somam ao desenvolvimento do ser. O segundo denominado distress

é caracterizado quando as respostas exigidas por determinados tipos de estímulos,

ultrapassam a capacidade de resistência e da adaptação do organismo, podendo

desta forma, ocasionar o desenvolvimento de patologias ligado ao estresse. A ação

interpretativa que o individuo faz dos estímulos somada as características dos

mesmos, são elementos chaves para a determinação do distress ou eustress.

Para Simonton, Matthews e Greighton (1987), as condições emocionais

ligadas a reação do individuo frente às mudanças importantes em sua vida estão

relacionadas ao estresse e acionam mudanças de hábitos e de relação interpessoal

na vida pessoal e no trabalho evidenciando a intensidade dos agentes estressores.

Atualmente vários autores defendem que a causa do estresse é multifatorial; logo

para identificar as variáveis envolvidas em sua etiologia devemos examinar o fato

estressante, a interpretação do individuo ao determinado fato, o domínio da

situação, a predisposição genética individual, etc.

O estresse profissional é caracterizado como uma perturbação para o

individuo decorrente da sua força adaptativa para conseguir enfrentar as demandas

do seu ambiente de trabalho, quando estas exigem alem das suas capacidades

físicas e mentais. Quando uma situação organizacional ou profissional estressante

esta determinada, contribuindo para a instalação do estresse laboral e representa

conflito psicológico, instala-se um estado de desorganização persistente da

personalidade, caracterizando o quadro de neurose profissional (AUBERT 1996).

A cada dia o ser humano enfrenta conflitos, situações que exigem decisões,

responsabilidades e obrigações que não se podem simplesmente ignorar. O

16

estresse pode ser uma ameaça à saúde, mas pode, também, ser o estímulo

necessário para adaptações positivas no organismo. Quando as pessoas atingem

uma situação de estresse, elas entendem que precisam de algum auxílio. O

conselho fundamental para este momento de alarme é descobrir o que realmente se

quer na vida: paz, harmonia, alegria e amor.

O estresse pode ser entendido como um estado de desequilíbrio da pessoa,

que se desenvolve quando esta e submetida a uma serie de tensões

suficientemente persistentes. Para o desenvolvimento do estresse patológico, se

pressupõe que seja necessária uma certa predisposição pessoal, sem a qual os

agentes (estressores) ocasionais não seriam capazes por si só de produzir a reação

de estresse, verificando ainda as características das condições emocionais atuais e

a qualidade psíquica de cada individuo (BALLONE, 2001).

O termo disposição pessoal esta intimamente ligado com as características de

personalidade de cada pessoa, sendo que, sinteticamente podemos compreender

que personalidade e a organização dos traços do eu, formados a partir do código

genético herdado e das percepções singulares que o individuo tem do mundo,

capazes de torná-lo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel

social. Há pessoas que reagem aos estímulos (internos e externos) com mais

ansiedade que outros, podem estar ansiosas devido a insegurança, o temor, a auto-

estima baixa, falta de autoconfiança – esse traço de personalidade que exalta

ansiedade pode ser herdado ou pode ser adquirido com a experiência de cada um,

sendo que a ansiedade e o pedestal para o desencadeamento do estresse.

As condições emocionais atuais, também fazem parte da motivação interna

do estresse, refletindo o momento afetivo atual, caracterizando uma maneira da

pessoa estar e não uma maneira da pessoa ser. E evidente que uma pessoa, ainda

que não tenha traços tão marcantes de ansiedade, terá mais dificuldade de

estressar-se caso esteja passando por uma fase de crise conjugal, econômica ou

profissional – pela mesma razão, nos períodos depressivos da vida a probabilidade

do estresse e enormemente maior que em outras épocas. Devido às condições

emocionais atuais percebemos que em alguns casos os estímulos podem ser

estressores e não estressores em outros. Isso que dizer que os estímulos são

percebidos de acordo com as condições atuais de cada um (BALLONE, 2001).

17

A personalidade tipo A também é descrita como outra característica individual

relacionada ao estresse. Bermúdez (1994) relaciona as três principais características

que definem o padrão de conduta tipo A: competitividade – necessidade de

sobressair e render muito, concentrando-se exaustivamente em aspectos relevantes

para a tarefa a ser realizada, desfocalizando o restante; impaciência – alcançar o

melhor aproveitamento possível do tempo; hostilidade – reações de irritação, ira,

ressentimento e outros sentimentos negativos em relação a fatos do cotidiano,

especialmente quando esses oferecem ameaças ou frustrações a seus objetivos

profissionais. Moreno e Rueda (1987) acrescentam que pessoas do tipo A trabalham

mais, porque apresentam dificuldades de delegar funções, pois acreditam que

realizarão melhor a tarefa prescrita.

Podem ser citadas, ainda, várias características de personalidade

relacionadas ao estresse, porém estas não serão descritas, pois fogem ao objetivo

deste trabalho. A breve descrição realizada apresentou como objetivo fundamentar

as variáveis examinadas nesta pesquisa.

Diferentes investigadores têm enumerado e classificado os estressores

ocupacionais, dividindo-os em dois grupos: os relacionados ao ambiente e os

relacionados à demanda do trabalho.

Em relação às demandas de trabalho, estas referem-se a execução do

trabalho em si – entre os estressores presentes no desempenho da atividade, a

sobrecarga de trabalho, tanto em termos qualitativos como quantitativos, aparece

freqüentemente associada ao estresse. O excesso de horas trabalhadas reduz a

oportunidade de apoio ao individuo, causando insatisfação, tensão e outros

problemas de saúde. Por outro lado, a falta de estímulos e a falta de trabalho podem

causar sensação de tédio e resultar em estresse patológico e doença (LAURELL &

NORIEGA, 1989).

A oportunidade que um ambiente de trabalho permite ao individuo controlar as

atividades que realiza, tanto intrinsecamente, em termos de planificação e

determinação de procedimentos a utilizar, como extrinsecamente, em termos de

salários e horários - caracteriza outra variável responsável por diferentes graus de

estresse. A falta de controle sobre o trabalho, assim como as responsabilidades

18

excessivas, produzem conseqüências psicológicas e somáticas negativas. A

variedade de tarefas também tem relação significativa com a satisfação no trabalho.

Quanto maior o número de estímulos novos, mais estressante a situação. Por outro

lado, a pouca variedade das tarefas pode estar associada a ansiedade e depressão

(PEIRO, 1993).

Outro fator importante no momento de determinar o potencial estressor é a

qualidade das relações interpessoais (Chaves, 1991). A falta de coesão do grupo é

uma das características que pode facilmente causar estresse. O conflito no grupo de

trabalho cumpre funções positivas quando estimula a busca de soluções para o

problema; no entanto caso a situação de conflito seja continua, poderá gerar

frustrações, insatisfação e moléstias somáticas (PEIRO, 1993).

A segurança e a estabilidade correspondem a um percentual nos indivíduos.

A carreira pode gerar preocupações relacionadas a alterações na organização do

trabalho ou falta de promoção profissional. No desenvolvimento da carreira, podem

ocorrer diferentes estressores relacionados a cada etapa. Na fase inicial pode haver

discrepâncias entre expectativas do individuo e a realidade. Na fase de consolidação

pode ocorrer um desequilíbrio entre a carreira, as demandas de trabalho e os

compromissos familiares, e na etapa seguinte há estresse quando existe uma

diferença importante entre o êxito profissional e a frustração de carreira.

As conseqüências do estresse freqüentemente envolvem o ambiente familiar

e o laboral, contribuindo para que os circundantes sintam-se ansiosos devido a

ansiedade do individuo estressado. Isso acontece também em relação a

irritabilidade, depressão e mau humor. O excesso de tensão também pode

comprometer a comunicação, quando as mensagens não são compreendidas de

falta de paciência e tolerância. Ocorre a perda de qualidade no ambiente de trabalho

e a convivência torna-se seriamente comprometida, sendo essa a conseqüência de

quem esgotou sua capacidade de adaptação, bom senso, interesse, determinação,

persistência, atributos conquistados através do árduo aprendizado.

2.2. Caracterização da atividade de fisioterapia

19

O fisioterapeuta é um profissional de saúde, de nível superior, que tem sua

profissão reconhecida e regulamentada pelo DECRETO-LEI nº 938, de 13 de

outubro de 1969, sendo atividade privativa do fisioterapeuta a execução de métodos

e técnicas fisioterápicos e define sua finalidade de trabalho como a de restaurar,

desenvolver e conservar a capacidade física do paciente (COFFITO – CONSELHO

FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL).

O Código de Ética dos fisioterapeutas amplia a atuação profissional também

na área preventiva, no artigo 1o: “o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional prestam

assistência ao homem, participando da promoção, tratamento e recuperação de sua

saúde”.

A resolução COFFITO, de 1975, em seu artigo terceiro, determina:

“constituem atos privativos do fisioterapeuta a prescrição, aplicação e supervisão de

terapia física com o objetivo de preservar, manter, desenvolver ou restaurar a

integridade de órgão, sistema ou função do corpo humano”. Constitui ainda ação

característica e exclusiva do fisioterapeuta o diagnóstico cinesiológico funcional –

designação atual do diagnóstico fisioterapêutico (MOURA 2001).

A fisioterapia busca romper com o paradigma de profissão reabilitadora e

massificada, procurando assumir um espaço social como profissão de primeiro

contato. Se não há clareza no objeto de trabalho do fisioterapeuta, com afirmam

Rebelatto e Botomé (1999), há unanimidade sobre a necessidade redefinição do

objeto de trabalho – centrado na doença - e conseqüentemente das

responsabilidades sociais e éticas do profissional. Atualmente, as definições do

campo profissional orientam-se para a patologia do movimento ou o tratamento de

patologias por meio do movimento.

Os profissionais poderiam estar refletindo sobre a ampliação das

possibilidades de atuação, tal como é percebido por Rebelatto e Botomé (1999).

Uma das razões para isso é que parece haver, ainda, pouco conhecimento sobre o que

caracteriza a atuação em cada um destes níveis e sobre as propriedades dos conceitos

envolvidos na explicitação dessa caracterização. Em Fisioterapia, isso é ainda mais

verdadeiro que para a área da saúde como um todo, na qual, pelo menos, já há um nível de

20

crítica e debate sobre os níveis, as possibilidades e as características de atuação profissional

(p.13).

Para o fisioterapeuta ser habilitado e exercer suas funções no Brasil, devem

diplomar-se em curso de nível superior reconhecido pelo MEC – Ministério de

Educação e Cultura e ser registrado no CREFITO (Conselho Regional de

Fisioterapia e Terapia Ocupacional).

O órgão máximo da classe no Brasil é o COFFITO – Conselho Federal de

Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Cada CREFITO – são nove atualmente - atua

como uma jurisdição regional e o conjunto compõem o Sistema

COFFITO/CREFITOS.

No Brasil, diferentemente de alguns países, como os EUA, não há nenhum

outro profissional de qualquer nível acadêmico que execute técnicas de fisioterapia

ou auxilie o fisioterapeuta. A jornada de trabalho do fisioterapeuta, como dos demais

profissionais de saúde brasileiros é de 30 horas semanais, fixada pela lei federal

8856, de 1o de março de 1994.

O fisioterapeuta insere-se no mercado de trabalho exercendo suas atividades

em hospitais, clínicas, centros de reabilitação, consultórios, entidades filantrópicas,

clubes, academias, universidades, instituições especializadas de cuidado a saúde e

consultoria e assessoria a empresas privadas, dentre outros. Tanto o fisioterapeuta

pode exercer suas atividades como profissional autônomo como possuir vínculos

empregatícios regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

Para ter êxito em sua finalidade – promover, curar ou reabilitar distúrbios

cinésico funcionais - o fisioterapeuta dispõe e utiliza os agentes físicos como

técnicas fisioterapêuticas. Constituem o instrumental de trabalho do fisioterapeuta:

hiper e hipotermoterapia, hidroterapia, aeroterapia, fototerapia, eletroterapia,

sonidoterapia, cinesioterapia e massoterapia (resolução COFFITO,1975).

Entendemos por técnicas manuais, além da massoterapia, métodos ou técnicas de

mobilização, manipulação ósteo-músculo-articular e aplicação de alongamentos

passivamente.

21

Rotineiramente, o fisioterapeuta realiza atividades que sobrecarregam o

sistema músculo-esquelético, como transferência de pacientes dependentes,

assistência a pacientes durante deambulação, resistências manuais, levantamento

de pesos e equipamentos.

2.3. A síndrome de burnout – Aspectos gerais

O termo burnout faz referencia a um tipo de estresse laboral e institucional

gerado nos profissionais que mantém uma relação constante e direta como outras

pessoas, sendo mais evidente nas profissões assistenciais (médicos, professores,

fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros), e sua origem tem como base como estes

profissionais que interpretam e manifestam seus sentimentos frente as situações

mais difíceis que possam encontrar. O termo burnout foi descrito originalmente por

Freudenberg (1974), antes mesmo dos estudos de Maslach e Jackson (1981),

quando as pesquisas realmente adquiriram verdadeira importância. Surgiu como

uma metáfora para designar o sentimento de profissionais que trabalhavam com

pacientes dependentes de substâncias químicas e que sentiam-se derrotados,

estavam exaustos e não conseguiam alcançar as metas que tinham por objetivo.

Burnout em português, significa “perder a energia” ou “queimar (para fora)

completamente” (Silva, 2000). Este autor considera que o burnout envolve atitudes e

sentimentos que vêm acarretar problemas de ordem social e emocional ao

trabalhador e a organização. Os estudos brasileiros têm se desenvolvido nos últimos

anos com maior ênfase. O quadro 3 mostra trabalhos publicados que foram

catalogados pelo NEPASB (Núcleo de Estudos e Pesquisas Avançadas sobre a

Síndrome de Burnout), atualmente denominado por GEPEP ( Grupo de Estudos e

Pesquisas sobre Estresse e Burnout).

Diversos autores relatam uma série de estudos teóricos, apresentando

definições e modelos explicativos da síndrome de burnout. Não existe consenso

quanto a essas as formas de abordá-la. Freudenberger (1974), reconhece que

burnout trata-se de um estado de exaustão, ocasionado pelo trabalho excessivo que

acarreta inclusive a alienação de necessidades do próprio trabalhador. Associa as

22

causas às características individuais de cada trabalhador. Delimita a síndrome como

um estado apresentado pelo indivíduo e não como um processo gradual a

desenvolver-se.Também concebem desta forma os autores Pines & Aronson (1988)

dentre outros. Christina Maslach e Susan Jackson (1981) consideram o burnout uma

resposta principalmente emocional, e situam os fatores de trabalho e os

institucionais, como condicionantes e antecedentes desta síndrome. Carlotto e Gobbi

(1999) acrescentam que o desenvolvimento da síndrome pode estar originado nas

falhas referentes a organização do trabalho que podem ser encontradas dentro das

instituições. Sendo assim o burnout constitui-se num fenômeno multidimensional

caracterizado pelas seguintes dimensões:

1. Exaustão emocional (EE)– perda progressiva de energia seguida de

esgotamento físico e mental. O indivíduo já utilizou várias estratégias para

lidar com os estressores, e todas falharam. O indivíduo não consegue mais

despender energia, gerando conflito pessoal. A necessidade de

disponibilidade afetiva para a vinculação e o conseqüente desenvolvimento

do trabalho e a impossibilidade de concretizá-las, levam a um desgaste e um

sentimento de exaustão emocional.

2. Despersonalização (DE) – o indivíduo passa a tratar as outras pessoas

com estrema frieza, insensibilidade, irritabilidade, chegando ao cinismo e

atitudes negativas e não se importa mais com as relações pessoais, agindo

como se aquele que estão a sua volta fossem “coisas”, como um objeto e não

um ser humano. Não há comprometimento com os resultados, nem com as

metas.

3. Baixa realização pessoal (EP) – falta de motivação e insatisfação com

o trabalho, ambos ocasionados pela sensação de insuficiência. O indivíduo se

julga incapaz de cumprir demandas de sua função. Torna-se presente uma

sensação de menor rendimento, insatisfação com o seu desenvolvimento

profissional e um sentimento de inadequação no trabalho.A auto-estima e

auto-confiança desaparecem.

Maslach & Jackson (1981), definem a síndrome como um processo de perda

de criatividade acompanhada por uma sensação de tédio e aborrecimento. Observa-

23

se que esta é a concepção mais difundida entre os estudiosos, por ser o Maslach

Burnout Inventory (M.B.I.) o instrumento mais utilizado nas pesquisas. Constata-se

também que há divergências quanto à ordem de aparecimento das dimensões, o

que provoca necessidade de especificar o parâmetro utilizado para fins diagnósticos

(Mendes, 2002).

Farber (1991) reconhece burnout como uma síndrome associada ao trabalho,

que tem sua origem na discrepância da percepção individual entre esforço e

resultado Considera a percepção influenciada por fatores individuais,

organizacionais e sociais. Alvarez e Fernandez (1991) consideram, de forma

complementar, que o burnout é uma resposta aos altos níveis de tensão no trabalho,

insatisfação pessoal e escassez de atitudes de enfrentamento das situações que

possam gerar conflitos, o que sugere que características de personalidade também

predispõem o surgimento da síndrome, assim como um traço organizacional e

social. Para Lautert (1995), sintomas como fadiga crônica, cefaléias, perda de peso,

hipertensão, dores musculares, asma e nas mulheres alterações menstruais, são

sinais precoces do burnout ligados ao psicossomatismo.

É conhecida a relação entre burnout e a sobrecarga de trabalho nas

profissões assistenciais. Este tipo de trabalho caracteriza-se pela assistência a

pessoas que necessitam e dele exigem, pois estão doentes, sofrendo, gerando

ansiedade, angústia, dor, raiva, tristeza e desesperança ou causando sentimentos

no profissional como frustração e impotência. Este fator pode ocasionar uma

diminuição na prestação de serviço oferecida por estes profissionais, tanto

qualitativa como quantitativa. Maslach e Leiter (1997) alegam que a síndrome não

afeta somente profissionais cuidadores, mas se estende a profissionais dos quais é

exigido um certo nível de inter-relacionamento pessoal, seja com clientes

consumidores, usuários, colegas e chefias.

Burnout ocorre pela cronificação do estresse, quando os métodos de

enfrentamento falharam ou foram insuficientes (Benevides Pereira 2002). Há autores

que defendem a síndrome de burnout como algo diferente do estresse, alegam que

a primeira caracteriza-se por atitudes e condutas negativas com relação aos

usuários, enquanto a segunda pode apresentar-se com aspectos positivos e

negativos, como um desfalecimento pessoal que interfere na vida do indivíduo e não

24

necessariamente na sua relação com o trabalho (Mendes, 2002). Pode-se afirmar,

segundo Maslach e Leiter (1997), que o burnout aparece sempre que houver um

desequilíbrio entre a forma do trabalho e as características individuais da pessoa

que faz o trabalho, verificam, ainda, que o papel temporal e relacional de burnout o

diferencia do estresse, pois esta base relacional está alicerçada na tensão

emocional e nas formas de enfrentamento que o trabalhador utiliza nas diversas

situações de trabalho.

Mendes (2002) afirma: “O estresse não leva necessariamente a burnout, pois

existem muitas variáveis implicadas no processo: predisposição constitucional para o

estresse, as condições ambientais agressoras, a personalidade e a percepção

subjetiva do sujeito, além da capacidade de enfrentamento”. A pessoa com fadiga

acentuada por excesso de carga de trabalho não apresenta burnout, pois a

despersonalização para fazer frente à sintomatologia física e psicológica e a falta de

realização pessoal não estão presentes.

Maslach e Leiter (1997) associam o burnout a uma situação em que o

indivíduo, ao demonstrar incialmente comprometimento e objetivos a serem

conquistados no trabalho, percebe, paulatinamente, os esforços de engajamento

sendo substituídos por sentimentos de irritabilidade, ansiedade e raiva, e pela falta

de realização pessoal. Somada a instalação desse quadro há fatores predisponentes

ao surgimento da síndrome, como a extensa jornada de trabalho, a sobrecarga

mental e a perda progressiva de energia. Com isso, parece estabelecer-se a

exaustão emocional como primeiro elemento da síndrome. O indivíduo passa a tratar

sua clientela com frieza e cinismo desenvolvendo um afastamento psíquico e

emocional, podendo atingir inclusive suas relações sociais. Instalando-se, portanto o

quadro de despersonalização. A situação pode se agravar a despersonalização leva

ao comprometimento do desempenho e sensação de incompetência estabelecendo-

se assim, a redução do sentimento de realização profissional (Silva, 2000).

Pode-se afirmar que existem perfis de profissionais mais propensos a

desenvolverem a síndrome de burnout. Pesquisas demonstram que os profissionais

altamente motivados, que enfrentam o cansaço e estresse no trabalho, se dedicando

ainda mais as suas atividades, estão propensos a burnout. Benevides Pereira (2002)

indica que pessoas com características de personalidade tipo A, competitivas,

25

impacientes, com dificuldades de tolerar frustrações e necessidade de ter o máximo

de controle sobre a própria carreira, quando em contato direto com determinados

ambientes de trabalho, lidam mal com suas falhas e são autocríticos, tornando-se

alvos primordiais ao desenvolvimento da síndrome.

A síndrome de Burnout apresenta graus diferentes de manifestação,

freqüência e intensidade, por ser um processo gradual, e cumulativo. Quanto à

freqüência: o menor grau é presente quando ocorre o aparecimento esporádico dos

sintomas, e o maior grau é detectado quando a presença é permanente. Quanto à

intensidade, o nível baixo caracteriza-se pela incidência de sentimentos como a

irritação, esgotamento, inquietações e frustração e o nível alto constitui-se na

presença de doenças e somatizações (Iwanicki, 1983).

Benevides (2002) descreve a sintomatologia de burnout como mostra o

Quadro 2:

26

SINTOMATOLOGIA DE BURNOUT

ASPECTOS FÍSICOS ASPECTOS COMPORTAMENTAIS

Fadiga constante e progressiva Negligência ou excesso de escrúpulos

Distúrbios do sono Irritabilidade

Dores musculares ou osteomusculares Incremento da agressividade

Cefaléias, enxaquecas Incapacidade para relaxar

Perturbações gastrintestinais Dificuldade na aceitação de mudanças

Imunodeficiências Perda de iniciativa

Transtornos cardiovasculares Aumento do consumo de substâncias

Distúrbios respiratórios Comportamento de alto risco

Disfunções sexuais Suicídio

Alterações menstruais

ASPECTOS PSÍQUICOS ASPECTOS DEFENSIVOS

Falta de atenção e concentração Tendências ao isolamento

Alterações de memória Sentimento de onipotência

Lentidão do pensamento Perda do interesse pelo trabalho ou lazer

Sentimento de alienação Absenteísmo

Sentimento de solidão Ironia, cinismo

Impaciência

Sentimento de insuficiência

Redução da auto-estima

Labilidade emocional

Dificuldade de auto-aceitação

Astenia, desânimo, disforia, depressão

Desconfiança, paranóia

Quadro 1– Resumo esquemático da sintomatologia de burnout

Fonte: Benevides Pereira, 2002.

Deve-se considerar que não é necessário apresentar todos os sintomas para

caracterizar burnout. Observa-se também que a ocorrência dos sintomas defensivos

constitui a característica mais importante, pois diferenciam a síndrome do estresse

(BENEVIDES PEREIRA 2002).

Segundo o manual do M.B.I., o indivíduo com burnout apresenta grau alto em

EE e DE e grau baixo em EP. Golembiewsky, Munzenrider e Carter (1983), citados

por Benevides Pereira (2002) colocam que, primeiramente surge DE como forma de

27

enfrentamento ao estresse, depois EP para então se instalar o EE. Para

desenvolver a síndrome, o indivíduo não precisa passar necessariamente por todas

os estágios. Apontando as deficiências quanto a equações estruturais do modelo

supracitado, Leiter e Maslach (1988) propõem o modelo em que os estressores

laborais levam a EE, que promove DE surgindo então EP. Nesta concepção, EE é o

elemento central de caracterização da síndrome (CADIZ, 1997).

A teoria germânica de ação-regulação afirma que DE não faria parte da fase

inicial da síndrome de burnout e, sim, seria uma reação à presença de EE e de EP.

Gil-Monte e cols. comentam que o modelo de Golembiewski se ajusta mal aos dados

sendo que o de Leiter e Maslach, ao contrário, mostra-se mais adequado. Leiter

coloca as três dimensões do M.B.I. de forma que a exaustão emocional é

responsável pelo início de desenvolvimento da síndrome, e é desencadeada pelas

características pessoais e da carga de trabalho. A partir daí surgem os mecanismos

de defesa e, quando estes são insuficientes ou inadequados, o profissional

desenvolve atitudes de despersonalização. Considera que a falta de realização

pessoal surge de forma paralela a exaustão emocional, e apresenta-se como uma

causa direta dos estressores do trabalho, considerando principalmente a falta de

apoio social e de oportunidades para desenvolver-se profissionalmente

(BENEVIDES PEREIRA, 2002).

As variáveis associadas a burnout mais averiguadas em trabalhos de

pesquisa são: idade, gênero, estado civil, prole e condição familiar, nível

educacional, área e tempo de atuação na profissão, tipo de ocupação, carga

quantitativa e qualitativa de trabalho, trabalho em turnos, qualidade das relações

com colegas e clientes, apoio da chefia e da organização, conflito e ambigüidade de

papéis dentre outras mais específicas a determinadas populações.

Burnout neste trabalho será considerado como um processo, pois se trata de

uma síndrome na qual as fases ou a seqüência do aparecimento dos fatores não

podem ser delimitadas com exatidão.

Os modelos apresentados são atualmente os mais utilizados nas pesquisas

realizadas no Brasil, conforme mostra os Quadros 3 e 4 e, por esse motivo, a análise

28

e discussão dos resultados desta pesquisa basear-se-ão nos resultados desses

estudos.

AUTOR (ES) TÍTULO FONTE ANO LOCAL

Benevides – Pereira,

A. M. T.

MBI – Maslach

Burnout Inventory e

suas adaptações

para o Brasil

No prelo 2002 Paraná

Benevides-

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livro 2002 Paraná

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de Psicologia da

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de Psicologia

2002 Rio de Janeiro

Moreno – Jiménez,

B., Garrosa –

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Gávez, M.,

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Benevides – Pereira,

A.M.T.

A avaliação do

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estudo, 7, (no prelo) 2002

Benevides – Pereira,

A. M. T. & Moreno –

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2001 UNIPAR –

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Benevides – Pereira,

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Anais

2001 São Paulo

Benevides – Pereira,

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Abstracts

2001 Palma de Maillorca –

Espanha

Benevides – Pereira,

A.M.T. & Moreno

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A elaboração do IBP

– Inventário de

burnout para

psicólogos

Anais, IV Encontro

da Sociedade

Brasileira de

Rorschach e outras

2001 Itatiba/SP

29

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avaliação psicológica

Benevides – Pereira,

A.M.T. & Moreno

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Instrumento para la

evaluación del

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Libro de Resúmenes

II Congresso de la

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para el Estudio de la

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– SEAS

2001 Benidorm. Espanha

Benevides – Pereira,

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A saúde mental de

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EDUEM 2001 Maringá

Benevides – Pereira

A.M.T.

Estudo do burnout

em um grupo de

psicólogos que

trabalham no

município de Madri

(Espanha)

Psicologia em

estudo 2001 Madri – Espanha

Benevides – Pereira

A.M.T.

MBI – Maslach

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Abstracts

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da Sociedade

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30

em um grupo de

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Resumos, 85.

Quadro 2– Estado da arte de pesquisas realizadas no Brasil sobre a síndrome de burnout segundo

autores, título, fonte, ano e local (2002-2001)

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e tratamento

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Brás. o progresso da Ciência

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1998 Maringá

Benevides – Pereira

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Hartmann, J.B., Lara,

P.M., Lima G.A. &

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Síndrome de burnout: o

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Benevides – Pereira,

A.M.T., Pinto, M.E.B.,

Hartmann, J.B., Souza

A.H.G., Lima, D.S.,

Pasqualito, G.A., Costa

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Benevides – Pereira,

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A síndrome de burnout em

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Congresso Ibero-americano

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Resumenes

1998 Madri –

Espanha

Kurowski, C.M.

El burnout en penitenciaria.

Síndrome de burnout en el

sistema penitenciario brasileño

Tese (Doutorado)

Universidade Autônoma de

Madrid.

1999 Madri –

Espanha

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análise da atuação do

enfermeiro em centro cirúrgico

Tese (Doutorado)

Universidade de São Paulo 1990 São Paulo

Carlotto, M.S. & Gobbi,

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Síndrome de burnout: um

problema do indivíduo ou de

seu contexto de trabalho?

Aletheia, 10, 103 - 114 2000 Rio Grande

do Sul

31

Codo, W. & Menezes,

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O que é burnout? In: Codo

(coord.)

Educação, carinho e trabalho.

(livro) 1999

Ed. Vozes

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França, H.H. A síndrome de “Burnout” Revista Brasileira de medicina 1987 São Paulo

Lautert, L. O desgaste profissional do

enfermeiro

(Tese) Universidade Pontifícia

de Salamanca 1995 Espanha

Lautert, L.

O desgaste profissional: estudo

empírico com enfermeiras que

trabalham em hospitais

Revista gaúcha de

enfermagem 1996

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do Sul

Lautert, L.

O desgaste profissional: uma

revisão da literatura e

implicações para a enfermeira

Revista gaúcha de

enfermagem 1999

Rio Grande

do Sul

Louro, L., Sanches,

L.M.T., Schneider, R.A.

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Verificação da incidência de

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estudantes de medicina.

Reunião Especial da

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Progresso da Ciência - SBPC

1998 Maringá

Moreno – Jiménez, B,

Benevides – Pereira,

A.M.T., Garrosa, Eva,

González, J.L.

CD de trabalhos e resumos I Simpósio Ibérico sobre a

síndrome de burnout 1999

Lisboa:

Universidad

Lusófona

Moreno – Jiménez, B.,

Benevides – Pereira,

A.M.T., Garrosa, Eva,

González, J.L.

CBP-R: um instrumento

alternativo para a avaliação do

burnout em docentes. CD de

trabalhos e resumos

I Simpósio Ibérico sobre a

síndrome de burnout 1999

Lisboa:

Universidad

Lusófona

Moreno – Jiménez, B.,

Benevides – Pereira,

A.M.T., Garrosa, Eva

Gonzalez, J.L.

O desafio do burnout a partir de

uma perspectiva saudável da

personalidade. CD de trabalhos

e resumos

I Simpósio Ibérico sobre a

síndrome de burnout 1999

Lisboa:

Universidad

Lusófona

Moreno – Jiménez, B.,

Benevides – Pereira,

A.M.T., Garrosa, Eva,

Gonzalez, J.L.

Um novo instrumento para a

avaliação do burnout em

profissionais de enfermagem.

CD de trabalhos e resumos.

I Simpósio Ibérico sobre a

síndrome de burnout 1999

Lisboa:

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Moura, E.P.G. de

Saúde mental & trabalho:

esgotamento profissional em

professores da rede de ensino

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(Dissertação) Pontifícia

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1997 Porto

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Moura, E.P.G. de

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Estudos atuais.

2000

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Pasqualito, D.S., Pinto,

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Pereira, A.M.T.,

Hartmann, J.B., Lara,

P.M., Lima, G.A. &

Souza, A.H.G.

Incidência da síndrome de

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hospital publico e de um

privado

III Jornada de Psicologia do

HURNPr. 1999 Paraná

32

Pietá, F.P.P. Burnout: um desafio à saúde do

trabalhador Página da web 2000

Roazzi, A., Carvalho,

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Analise da estrutura de

similaridade da síndrome de

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“Maslach Burnout Inventory”

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Formas e Contexto e V

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teorização e Pratica

2000 Belo

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Especialização. Universidade

Estadual de Maringá

2000 Maringá/Pr

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A síndrome de burnout em

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de trabalhos e resumos.

I Simpósio Ibérico sobre a

síndrome de burnout. 1999

Lisboa:

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Um estudo da síndrome de

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I Simpósio Ibérico sobre a

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Lisboa:

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CD de trabalhos e resumos

I Simpósio Ibérico sobre a

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Vieira, L.C., Guimarães,

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Quadro 3: Estado da arte de pesquisas realizadas no Brasil sobre a síndrome de burnout segundo

autores, título, fonte, ano e local (2000 -1999-1998).

Fonte: Benevides Pereira, 2002.

33

2.4. Estresse e burnout em fisioterapeutas

Muitas profissões têm a essência do seu fazer na capacidade de ajudar e

prestar assistência às pessoas, sob o título de profissões assistenciais e/ou

cuidadores. Pesquisas realizadas na década de 70, como as Holnrstrom e Rutheford

apud Romani (2001), em relação à personalidade dos profissionais cuidadores,

apontam características como a capacidade e predisposição empática e

desqualificação de recompensas externas como agentes motivadores do trabalho

(dinheiro e reconhecimento público). Essas considerações objetivaram ilustrar

possíveis características pessoais da população desse estudo.

Dejours (1994) fez um questionamento entre o sofrimento e o trabalho

colocando que o sofrimento específico pode ser causado pelo trabalho este pode

apenas revelar um sofrimento cuja origem são internas e estranhas ao próprio

trabalhador. O profissional da área de saúde converge para a necessidade de

grande gasto energético na busca de soluções e encaminhamentos para questões

estruturais no exercício profissional diário. Esta situação parece funcionar como

provável agente estressor, que pode levar o profissional à condição esgotamento e

alienação na busca de integração ou distanciamento.

A transformação constante e o afeto são produtos produzidos pela relação

interpessoal. Miranda (1998) acrescenta que quando o indivíduo se entrega a esta

forma de relação, é impossível sair ileso da mesma. Esse afeto, ligado ao vínculo

fisioterapeuta-paciente é essencial para o processo de reabilitação. O envolvimento

da emoção, da história pessoal de cada indivíduo nesta relação direta com o outro,

coloca este trabalho numa dimensão suscetíveis e delicadas, que envolve

investimentos e custos, incluindo dimensões física, psicológica, intelectual, financeira

e social.

A reabilitação do paciente é o gesto concretizado pela ação do fisioterapeuta,

que evolui pela atuação e estimulação afetiva do profissional. Este gesto é

fundamental para realização da atividade fisioterapêutica, porém o retorno, o

reconhecimento não acontece em diferentes instâncias (remuneração,

34

reconhecimento social, melhores considerações “autônomas” de trabalho). O

fisioterapeuta tornou-se idealistas, com o objetivo de lapidar as dificuldades

encontradas na execução da sua atividade, não obstante, superprodutivo e com

sensação de invulnerabilidade, tenta resolver seus conflitos profissionais e pessoais,

se esgotando, superando obstáculos, podendo chegar ao sofrimento psíquico e às

psicopatologias. O que contribui para esta condição é o fato da maior parte do

processo de reabilitação ser lento, moderado e às vezes abstrato e ter tendência de

ser apenas reconhecido em estados avançados, depois de um tempo longo de

tratamento.

Moura & Chaves (1999) mostram que a incompetência pode vir a se

manifestar pela perda de qualificação ou aptidão. Um fisioterapeuta qualificado pode

tornar-se incompetente, depois de exposto a condições desfavoráveis de trabalho,

marcadas pela desilusão e frustração. Apresentando burnout, este fisioterapeuta

pode levar a realização da sua atividade profissional a um estágio de grande

depreciação e ineficiência. Relata Barona (1994): “Também o informe da OIT

(Organização Internacional do Trabalho, 1993) reconhece que o estresse e a

síndrome de Burnout não são fenômenos isolados e sim que ambos tem-se

convertidos em um risco ocupacional significativo”.

Os estressores ocupacionais podem ser psicológicos e físicos ou uma

combinação de ambos. Os estressores reais dependem de características

individuais e da percepção do fisioterapeuta às exigências presentes, utilizando

mecanismos determinados por suas características para afastar a ameaça à sua

auto-estima, e quando estes não forem eficientes ocorrerá o estresse que pode

manifestar-se no campo psicológico, fisiológico ou comportamental. Quando o

estresse é prolongado, leva a sintomas crônicos e a burnout.

Zimmermann (1999) atribui burnout a fatores como, autonomia reduzida na

participação da gestão do trabalho, capacidade reduzida para desenvolver uma

carreira, buracrotização das tarefas e trabalho, papéis ambíguos, sobrecarga de

tarefas e pouca remuneração.

Burnout em fisioterapeutas é uma resposta à tensão emotiva crônica no

exercício profissional dos cuidadores envolvidos com o ser humano. Assim pode ser

35

considerado um tipo de tensão do trabalho, que surge da interação social entre o

terapeuta e o paciente.

Exaustão emocional é considerada por uma perda de energia física ou

psicológica. A emoção sentida pelo terapeuta está diminuída. O sentimento de

despersonalização é um estado no qual o profissional cuidador não apresenta mais

compaixão, respeito ou sentimentos positivos para os clientes. A realização pessoal

reduzida refere-se à avaliação negativa e um sentimento leviano refere ao seu papel

no local de trabalho (MARTINEZ, 1997).

Schlenz, Guthril e Dudgeon (1995) relataram uma causa adicional de Burnout

que também tem um impacto direto no profissional em relação ao paciente: atenção

tomada de decisão para o tratamento adequado cada uma das três causas teóricas

de Burnout podem ser aplicadas ao fisioterapeuta e/ou ao terapeuta ocupacional.

Os terapeutas têm características de personalidade em comum: eles prestam

assistência a indivíduos incapacitados. Estes atributos que são desejáveis em

profissionais cuidadores criam um nível de vulnerabilidade que os faz altamente

suscetíveis ao Burnout.

A falta de autoconfiança e uma base inadequada de conhecimentos podem

ser fatores que contribuem para a tensão adicional. Sendo assim, muitas estratégias

usadas no tratamento de Burnout, servem para melhor amparar o terapeuta com

ferramentas para espandir a base do seu conhecimento e aumentar a autoconfiança.

Estas estratégias incluem atividades profissionais de desenvolvimento laboral,

continuando com seminários de educação, oportunidades para consultas com

colegas, etc.

Embora estas estratégias são freqüentemente recomendadas para reduzir o

risco de burnout, não há evidências empíricas que possam apoiar sua eficácia.

Estudos adicionais procuraram identificar burnout em terapeutas ocupacionais e

fisioterapeutas e demonstraram níveis variáveis de burnout nestes profissionais.

Num estudo realizado no Noroeste Pacífico dos EUA, usando como

instrumento o MBI, foi obtido um número de reabilitação aceitável e validez deste

instrumento. Com relação aos resultados, em média, os assuntos exibiram níveis

36

altos de sentimento de baixa realização pessoal, níveis médios de esgotamento

emotivo e níveis baixos de despersonalização. Terapeutas Ocupacionais e

Fisioterapeutas neste estudo tendem experimentar esgotamento emotivo mais alto,

despersonalização mais baixa, e baixa realização pessoal. Esses profissionais

tendem manter um compromisso forte a seus trabalhos, eventual desempenho

profissional positivo e reconhecer que seus esforços terapêuticos não são fúteis.

Todas correlações para esgotamento emotivo e atividade profissional de

desenvolvimento eram perto de 0 (zero). Contagens emotivas de subescala de

esgotamento têm um relacionamento inverso significativo com anos de experiência

no trabalho presente. Em relação à despersonalização e desenvolvimento

profissional foi encontrada correlação baixa entre essas variáveis. O estudo concluiu

que a porcentagem alta nesta amostra exibiu uma quantia considerável de

esgotamento emotivo e baixa realização pessoal. Apresentando, portanto, risco para

burnout.

A carga de trabalho tem diferentes definições - para os ergonomistas ela

representa o esforço físico necessário para a realização de uma atividade laboral,

podendo ser mensurada pelo gasto energético, freqüência cardíaca ou por

eletromiografia (Grandjean, 1998; Couto, 1995; Wisner, 1987). Para os psicólogos

do trabalho, cargas de trabalho são mediações entre o processo de trabalho e o

desgaste psicobiológico (CRUZ, 2001).

Os profissionais de saúde freqüentemente são expostos à carga física e

mental durante seu trabalho. O Quadro 1 mostra estudos catalogados por Romani

(2001) em pesquisa realizada sobre os distúrbios músculo-esqueléticos encontrados

nos fisioterapeutas. Os equipamentos, móveis e ambientes de clínicas geralmente

não atendem as necessidades ergonômicas do fisioterapeuta sobrecarregando seu

sistema músculo-esquelético, aumentando o gasto energético podendo levar a

fadiga física e mental.

Autor Fatores de risco e carga de trabalho em fisioterapeutas

Cromie,

Robertson,

Posturas: trabalhar em posições desajeitadas ou restritivas; trabalhar

na mesma posição por longos períodos.

37

Best et al, 2000

Resultados de cargas de trabalho: curvar-se ou torcer-se de modo

desajeitado; alcançar ou trabalhar longe do corpo; tarefas repetitivas,

tratar grande número de pacientes por dia; working sheduling; poucas

pausas durante a jornada.

Fatores pessoais no trabalho: trabalhar próximo ou no limite físico;

continuar com o trabalho quando lesionado; treinamento inadequado

sobre prevenção de distúrbios.

Holder, Clark,

Di Biasio et al,

1999

Transferir pacientes; levantar algo; responder a movimento súbito ou

inesperado do paciente; terapia manual; tarefas repetitivas;

manutenção de postura por períodos prolongados; trabalhar em

posição desajeitadas ou restritivas; trabalhar quando fisicamente

fadigado; curvar-se ou torcer-se; escorregar, tropeçar ou cair;

instruindo o paciente; aplicar modalidades terapêuticas.

Molumphy,

Unger, Jensen

et al, 1985

Levantar subitamente com esforço máximo; curvar-se e torcer-se;

queda do paciente; empurrar, puxar ou carregar; sentar-se

prolongadamente.

Quadro 4: Movimentos e Posturas Descritas na Literatura Especializada Relacionada a

Fisioterapeutas

Fonte: Romani (2001)

38

3. MATERIAIS E MÉTODO

3.1. Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo descritivo e analítico (explicativo) do tipo transversal e

de escolha intencional da população pesquisada, buscando a incidência de um

evento (Síndrome de Burnout) em uma determinada população, de caráter

qualitativo e quantitativo onde a amostra coincide com a população estudada.

Descritivo, pela necessidade de caracterização do fenômeno estudado (incidência) e

transversal, pelo fato da análise desenvolvida levar em consideração um

determinado corte temporal na população estudada. A preocupação, conforme

aponta Richardson (1999) é de obter um certo grau de generalização sobre a

característica do fenômeno ou processo investigado que permita comparações com

estudos anteriores e posterior reaplicação em populações similares.

A utilização da escolha intencional da população seleciona os elementos

estudados não por aleatoriedade estatística, mas por outras intenções ou

julgamentos relacionados à caracterização do fenômeno de pesquisa. Pereira

(1995) considera este tipo de estudo como útil para verificar a ocorrência de um

problema em um determinado universo populacional, no qual se insere o fenômeno.

Quanto aos estudos transversais, Pereira (1995:274) afirma:

Nesta modalidade de investigação, causa e efeitos são detectados simultaneamente. É

somente a análise dos dados que permite identificar os grupos de interesse, os “expostos” e

os ”não expostos”, os “doentes” e os “sadios”, de modo a investigar a associação entre

exposição e doença.

Nos estudos transversais a observação e mensuração das variáveis ocorrem

simultaneamente, constituindo uma radiografia daquele determinado momento. A

incidência reflete os graus ou níveis de intensidade com que um evento ocorre em

39

uma população, apresentando-se como uma especificidade da ocorrência de um

evento.

Nesta pesquisa, objetivamos a detecção da incidência de Síndrome de

Burnout no período de um ano. Havendo ocorrência da Síndrome, procuraremos a

relação entre o mesmo e a atividade profissional.

3.2. Procedimentos metodológicos

Este trabalho foi desenvolvido com base nas seguintes etapas:

A primeira foi o levantamento sistemático em bases de dados de artigos

científicos sobre o tema, no período de 10/10/01 a 10/06/2002. Foram consultadas

as seguintes bases de pesquisa, disponibilizadas em páginas eletrônicas na Internet:

Medline, Redpisca, LILACS, MedCarib, PAHO, Biblioteca Virtual da UFSC e página

de periódicos da CAPES. As principais palavras chaves utilizadas na pesquisa em

base de dados e combinações para a busca de referências, tanto na língua

portuguesa como inglesa e espanhola foram: fisioterapeutas/qualidade de vida;

fisioterapeutas/distúrbios psíquicos relacionados ao trabalho;

fisioterapeutas/Síndrome de Burnout; profissionais de saúde/estresse e trabalho.

Através de catálogos de editoras e outras publicações, selecionamos livros

passíveis de utilização em nosso trabalho, somando-se aos artigos de periódicos

científicos.

A segunda constituiu-se na utilização do instrumento de coleta de dados

denominado de Maslach Burnout Inventory - MBI (Anexo), desenvolvido pela

psicóloga Christina Maslach, contendo escalas de exaustão, emoção e

despersonalização que busca estabelecer o nexo entre a ocorrência da Síndrome de

Burnout e a organização do trabalho. O questionário é auto-administrado contendo

cinco páginas e composto predominantemente por questões fechadas, divididas em

três seções. A primeira seção (A1 e A2) corresponde aos dados sócio-demográfico e

profissional. A seção "B" é composta por 22 questões sobre "Exaustão e

40

Despersonalização", sendo que a terceira parte, seção “C” composta por 30

questões, corresponde ao inventário de sintomas (ISE), que apresenta como

objetivas questões fechadas relacionadas à freqüência com que esses sintomas são

sentidos no cotidiano do indivíduo.

As unidades de análise foram compostas pelos sujeitos e respectivos locais

de trabalho, levando em consideração as condições alternativas que, para

Richardson (1999), tornam mais provável a ocorrência do fenômeno.

O instrumento foi dividido em três seções. A seção "A" – A1, dados

demográficos - constituída por 9 questões, A2 - constituída por 7 questões -

variáveis ocupacionais/profissionais; a seção "B" – Exaustão e Despersonalização -

composta por 22 questões e a sessão “C” – inventário de Sintomas composto por

30 questões (Anexo).

Para a aplicação do instrumento, terceira etapa do trabalho, utilizamos a

forma tradicional, com distribuição dos questionários pessoalmente e recolhimento

após 24 horas ou mais. A divulgação do instrumento foi realizada por contatos

pessoais e mensagens eletrônicas e convencionais a profissionais, universidades e

locais de trabalho de fisioterapeutas. Foi estipulada a data de 01/02/03 a 15/02/03

como período de coleta de dados, sendo prorrogado até 28/02/2003 devido ao

atraso na devolução dos questionários junto aos fisioterapeutas.

A última etapa foi a organização dos questionários, computação e análise dos

dados por meio do banco de dados do EXCEL.

41

4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1. Dados sócio-demográficos

O presente trabalho tem por objetivo identificar a presença da Síndrome de

Burnout, em sua tríplice dimensão, em fisioterapeutas da região oeste do Estado do

Paraná. Foram distribuídos 117 questionários, sendo considerados válidos 80. Os

dados obtidos foram organizados por categorias: a) sócio-demográficos; b)

ocupacionais/profissionais; c) resultados do MBI; d) resultados do Inventário de

Sintomas de Estresse.

Fisioterapeutas Ocorrência %

Participantes 80 68,4

Não participantes 37 31,6

Total 117 100,0

Tabela 1– Distribuição de Fisioterapeutas participantes da pesquisa

A análise da Tabela 1 mostra que 31,6% (37) sujeitos não participaram

da pesquisa, pois apesar de terem recebido o questionário, não o devolveram.

Apesar do retorno dos questionários ter sido considerado satisfatório, dados às

condições gerais de pesquisa nesse campo, estudos realizados por Mendes (2002)

e Freitas (2001) consideram que há aspectos que dificultam a obtenção de respostas

ao questionário relacionando as atitudes defensivas dos profissionais com as

dificuldades em expor suas avaliações sobre o contexto de trabalho. Porém houve

uma considerável responsividade dos profissionais para com a produção científica

refletindo o desenvolvimento da profissão e o comprometimento com a sua própria

saúde.

42

A Tabela 2 mostra a distribuição da população de acordo com gênero, faixa

etária, estado civil e número de filhos. Nos 80 questionários analisados,

encontramos predominância do sexo feminino 75,5% (58). A grande maioria dos

indivíduos 92,5% (74) encontra-se na faixa etária de 21 a 35 anos, traduzindo a

presença de profissionais jovens e recém-formados. De acordo ainda com a Tabela

2, destacou-se alta taxa de fisioterapeutas solteiros 78,8% (63) e de profissionais

sem filhos 86,3% (69).

VARIÁVEIS

OCORRÊNCIA %

Sexo

Masculino 22 27,5

Feminino 58 75,5

Total 80 100,0

Idade (em anos)

21-35

74 92,5

36-47 6 7,5

Total 80

100,00

2.1 Estado Civil

Casado 16 20,0

Solteiro 63 78,8

União Consensual 1 1,3

Tabela 2: Distribuição do perfil sócio-demográfico da população (N=80)

A distribuição da população quanto a variável sexo apresenta-se relacionada

ao aspecto gênero da sociedade ocidental, que esta direcionada ao comportamento

de cuidar, zelar e manter (Messias, 1999). Na profissão de fisioterapeuta há

predomínio de profissionais do sexo feminino sobre o masculino. Nesta pesquisa,

75,5% (58) dos indivíduos são do sexo feminino. Algumas características que

compõe o sexo feminino, como as formas de dedicação, o nível de cuidado, a

multiplicidade de funções e afetividade podem estar associada à presença do

esgotamento emocional e influenciar no aparecimento da Síndrome de Burnout.

43

Pesquisas realizadas por Freudenberger (1985), Zimmermann (1999) e

Mendes (2002) apontam que há maior incidência da Síndrome de Burnout em

mulheres, em vista do maior grau de estresse ocupacional. Conforme Freudenberg

(1985), as mulheres assessoram a todos, exceto a si mesmas afirma, devido às

excessivas demandas que enfrentam. Para Mendes (2002) quando ocorre maior

grau de estresse no gênero masculino, este se refere à falta de compensação e

reconhecimento profissional.

O grau médio alcançado pela amostra na dimensão DE corrobora pesquisas

que demonstram que mulheres apresentam menor grau de despersonalização

quando comparadas ao sexo masculino. Os profissionais fisioterapeutas apresentam

grau médio em DE o que pode evoluir para o grau alto agravando a incidência da

síndrome, ou diminuir, retardando a evolução da mesma.

Quanto à distribuição por faixa etária, encontramos uma população composta

principalmente de adultos jovens, 92,5% (74) com até 35 anos. Estes dados refletem

o fato de que a Fisioterapia no Brasil é uma profissão nova, reconhecida e

regulamentada há 34 anos e que apresentou expansão no número de profissionais

nos últimos 10 anos, com crescimento da oferta de cursos nas universidades neste

período. A fase da vida laboral que se encontra os profissionais, traduz momento de

menor estabilidade profissional, com pouca experiência na tomada de decisão e

desempenho das tarefas e expectativas ilusórias entre a realidade e a essência da

profissão de fisioterapeuta.

Observa-se ainda na Tabela 1 que 86,3% (69) dos fisioterapeutas não tem

filhos. Para Benevides Pereira (2001), os profissionais sem filhos podem tender a

usar o trabalho como fonte de vida social. Correlacionando o predomínio dos sujeitos

sem filhos, com a predominância do sexo feminino e faixa etária entre 21 e 35 anos

pode-se concluir que os fisioterapeutas encontram-se em um período da vida no

qual as exigências provenientes das questões de trabalho são grandes, podendo

também ser considerados agentes estressores que acabam por desenvolver

mecanismos de enfrentamento, e que se não forem adequados podem favorecer o

surgimento da Síndrome de Burnout.

44

Em síntese, verifica-se que o variável gênero, estado civil, idade e

número de filhos confirmam os estudos realizados anteriormente, discordando de

Mendes (2002), onde se constata que psicólogos docentes que apresentam

constituição familiar, faixa etária maior e filhos também estão predispostos ao

desenvolvimento da Síndrome de Burnout, pois apresentam Esgotamento Emocional

alto e baixa Realização Pessoal. Outros estudos não apontam correlações

significativas, justificando que não é o estado civil que influencia e, sim, o apoio

sócio emocional recebido do cônjuge e a qualidade das relações matrimoniais que

interferem positivamente no bem-estar do sujeito.

A Tabela 3 apresenta os resultados sobre o tempo de atuação

profissional dos fisioterapeutas.

Tempo na Profissão Ocorrência %

Menos de 01 ano 5 6,3

De 01 a 05 anos 52 65,0

De 06 a 10 anos 18 22,5

Acima de 10 anos 5 6,3

Total 80 100,0

Tabela 3: Distribuição da população por tempo de atuação

Os resultados sobre o tempo na profissão, mostram uma concentração de

percentual de sujeitos entre 1 e 5 anos 65% (52), indicando a profissão de

fisioterapeuta ser composta de alta concentração de profissionais jovens. A

Fisioterapia é uma profissão com o passado relativamente recente em que, não tem

sido fácil o seu desenvolvimento e afirmação em equipes multiprofissionais. O

predomínio de fisioterapeutas graduados ha menos de 5 anos sugere que estes

indivíduos possuem uma menor maturidade profissional, pois ainda estão iniciando

suas experiências no âmbito pessoal e de trabalho, o que segundo Amorim, Oliveira

e Alvarenga (1999), os tornaria mais predispostos ao burnout.

A figura 1 mostra os locais de trabalho relacionados à área de atividade

principal dos fisioterapeutas, apontando concentração de profissionais que atuam

45

em instituições de saúde específicas, domicílio, hospitais, instituições de ensino

superior e centro de reabilitação.

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0%

Inst. De Saúde Espec.

Domicílio

Hospital

Inst. De Ensino Superior

Centro de Reabilitação

Consultório

Indústria

Clínica

Ambulatório

Escola

Postos de saúde

Figura 1 – Distribuição da freqüência nos principais locais de trabalho

Obs: * Alguns profissionais atuam em mais de uma área

Houve o predomínio de fisioterapeutas que trabalham em instituições

de saúde específicas, domicílio e hospitais - traduzindo que há diversas áreas

clínicas de atuação, como fisioterapia em neurologia, cardiologia, pneumologia,

reabilitação ortopédica e geriatria. Sendo assim a alta freqüência de profissionais

que atuam em dois ou mais locais corroboram estudos realizados por Messias

(1999), que apresentou um resultado inferior a 10% de profissionais que atuam em

um único local.

Esse fator associado à alta carga de trabalho a qual os fisioterapeutas estão

expostos e a jornada de trabalho extensa, reflete o cotidiano do Fisioterapeuta e o

conseqüente risco para a sua saúde. Romani (2001) defende que a prática da

fisioterapia tem experimentado uma mudança quanto aos vínculos empregatícios,

caracterizados pela substituição de empregos com remuneração fixa por

produtividade. Se num primeiro momento essa relação sugere maior autonomia

46

profissional, acaba por submeter os profissionais a cargas de trabalho superiores

aos seus limites fisiológicos e pessoais. Essa tendência é agravada pelo grande

número de clínicas especializadas que pagam baixos salários exigindo alta

produtividade.

Na figura 2 observa-se fisioterapeutas que atuam em mais de uma

especialidade; neste item foi permitido até três respostas assinaladas por

questionário. Verifica-se maior concentração de profissionais na docência 39,2%

(69), sobre os que atuam somente nas especialidades fisioterapêuticas. Ainda na

figura 2 observa-se profissionais que atuam principalmente na neurologia 17% (930),

pneumologia 11% (20), hidroterapia 8,5% (15) e pediatria 6,3% (11). Encontrou-se

também profissionais que atuam em: reeducação postural global (RPG), medicina

chinesa, ginecologia, fisioterapia dermato-funcional, fisioterapia do trabalho,

ergonomia, desportiva e uroginecologia representando menos de 4% das respostas.

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%

Docência

Neurologia

Pneumologia

Hidroterapia

Pediatria

Medicina chinesa

Redução Postural Global

Ginecologia

Fisioterapia Dermato – Func.

Fisioterapia do Trabalho

Ergonomia

Desportiva

Unoginecologia

Figura 2– Distribuição quanto às áreas de atuação profissional

No que se refere ás áreas de atuação profissional observou-se que a maioria

dos fisioterapeutas entrevistados também segue a carreira de docente. Professores

com formação universitária apresentam maior grau de estresse devido a maior

responsabilidade a ele atribuída, Mendes (2002). Vários estudos relativos ao grau

47

universitário apontam deficiências das instituições de ensino superior na capacitação

dos profissionais quanto a questões práticas do relacionamento professor/aluno,

desenvolvimento de recursos para lidar com os sentimentos e cognições advindas

do exercício profissional e reconhecimento da sua importância. O despreparo dos

profissionais pode funcionar como agente facilitador do desenvolvimento de doenças

ocupacionais.

Principalmente ao nível das clínicas médicas, a presença de

fisioterapeutas em quase todos os serviços das diferentes especialidades tornou-se

indispensável. Esta nova realidade fez com que os fisioterapeutas vissem

aumentada a responsabilidade da sua intervenção, passando a ser confrontados

diariamente com novas situações nem sempre fáceis de se lidar.

Na figura 3 é apresentada a distribuição quanto ao número de

pacientes atendidos por dia. Nota-se que 22,5% (18) dos profissionais atendem de

5 a 10 pacientes por dia, 21,3% (17) atendem de 10 a 15 pacientes por dia e que

18,8% (15) mais de 15 pacientes ao dia.

48

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%

Menos de 05

05 a 10 pacientes

10 a 15 pacientes

15 a 20 pacientes

20 a 30 pacientes

Mais de 30 pacientes

Figura 3 – Distribuição do número de pacientes atendidos por dia

Foi identificado que o número de pacientes atendidos por dia não

reflete à realidade profissional dos fisioterapeutas, devido ao número de

profissionais entrevistados que atuam em instituições de ensino entre 20% a 30%.

Os fisioterapeutas que desenvolvem atividade de ensino realizam atendimento

inferior em relação aos seus colegas que atuam em hospitais, consultórios e clínicas

que podem chegar a atender em média cerca de 70 pacientes/dia.

Desse modo, verifica-se a densificação do trabalho referenciada por

Wisner (1994). Observa-se que os fisioterapeutas têm uma carga de trabalho

exacerbada tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo devido a natureza

do trabalho executado. Várias pesquisas demonstram que através do avanço

tecnológico o ser humano está trabalhando demais. O profissional de saúde

especificamente necessita atualizar e empregar tais tecnologias necessitando

empregar tempo e dedicação. Os fisioterapeutas não dispõem de auxiliar de

49

fisioterapia tal como os médicos dispõem da enfermeira, sendo assim não pode

delegar tarefas, acarretando assim mais trabalho a ele.

A percepção de sobrecarga de trabalho está relacionada aos sintomas

de esgotamento emocional do trabalhador segundo Maslach e Jackson (1981) e

Alvarez e Fernandez (1991). Neste estudo bem como na pesquisa com docentes

psicólogos realizada por Mendes (2002) confirma-se esta referência, percebendo-se

a elevação da média em EE e a sobrecarga de trabalho.

A figura 4 aponta a freqüência da realização de outras atividades que

diferem da profissional, destacando que 17,7% (40) dos indivíduos reservam tempo

para leitura e estudo, 16,4% (37) assistem a programas de tv e vídeo e 15,5% (35)

fazem uso de computador para o lazer. Variáveis como prática desportiva, trabalhos

domésticos e artesanais e outras atividades de lazer correspondem a menos de

14,2% dos entrevistados. Nesta questão não houve limite para o número de itens

assinalados.

50

0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 14,0% 16,0% 18,0%

Leitura e Estudo

Assistir Tv e Vídeos

Uso de Computador

Prática Desportiva

Atividades de Lazer

Outros

Trabalhos Domésticos

Atividades Artesanais

Figura 4– Distribuição percentual do tempo livre dedicado a outras atividades

O fato da atividade de leitura e estudo corresponder a aproximadamente 17%

do tempo livre demonstra a necessidade que o Fisioterapeuta apresenta de se

atualizar e aperfeiçoar seus conhecimentos. A realização de outras atividades que

não estão relacionadas com a prática profissional pode contribuir para amenizar o

desgaste do cotidiano provocado pela profissão, auxiliando na manutenção da

saúde no trabalho.

Com relação à prática desportiva, os fisioterapeutas assinalaram que apenas

16% do tempo livre é reservado para esta prática. Este se torna um aspecto

importante a ser observado, pois estes dados parecem indicar uma categoria

profissional “ligada a atividade física” pouco conscientizada pessoalmente com a

necessidade de atenção e de preparação física, ficando predisposta ao

desenvolvimento de sintomas de estresse e tensão que acabem por prejudicar sua

saúde no trabalho. O alto nível de profissionais sedentários também foi identificado

por Romani (2001), que relatou ainda há ocorrência de distúrbios músculos-

51

esqueléticos nestes profissionais, especialmente, o uso de técnicas manuais e o

esforço com os membros superiores agravados pelo uso do computador, verificado

também pelos sujeitos desta pesquisa.

4.2. Resultados do MBI

Nas tabelas 4, 5 e 6 as questões são distribuídas pelas dimensões EE

(Esgotamento Emocional Q1, Q2, Q3, Q6, Q8, Q13, Q14, Q16, Q20), DE

(Despersonalização Q5, Q10, Q11, Q15, Q22) e EP (Realização Pessoal Q4, Q7,

Q9, Q12, Q17, Q18, Q19, Q21) que correspondem às correlações de uma escala

detalhada do Inventário Maslach Burnout - M.B.I.

Um grau alto de burnout é refletido através de elevadas pontuações

nas subescalas de Esgotamento Emocional e Despersonalização e baixas

pontuações na subescala de Realização Pessoal. Pontuações de média em todas as

três subescalas indicam um grau comum de burnout (Gil Monte, 2001). Um grau

baixo de burnout é indicado através de baixas pontuações nas subescalas de

Esgotamento Emocional e de Despersonalização e uma alta pontuação na

subescala de Realização pessoal. No entanto, não existe um consenso entre os

pesquisadores do tema, quanto aos graus apresentados nas dimensões e a

incidência de burnout, nem em relação à ordem de aparecimento dos sintomas, nem

quanto a necessidade da presença das três dimensões para caracterizar a síndrome

(Mendes, 2002).

A Tabela (4) mostra a distribuição da ocorrência de respostas dadas por

alternativa, sendo que na 1ª linha em negrito aparece o valor pelo qual é multiplicado

o somatório das respostas. Feito o somatório, divide-se pelo total da população

(N=80). Obtém-se, desse modo, a média apresentada pela população.

52

nunca uma vez aoano

uma vez ao mês

algumas vezes ao

mês

uma vez semana

algumas vezes

semana

todos os dias

0 1 2 3 4 5 6Q1 6 8 20 16 10 20 0

Q2 2 2 10 14 8 32 12

Q3 12 12 11 16 12 15 2

Q6 28 14 14 4 8 8 4

Q8 4 12 14 17 7 18 8

Q13 28 25 15 0 2 10 0

Q14 18 4 14 10 12 14 8

Tabela 4: Distribuição da ocorrência das pontuações obtidas nas questões do M.B.I. que aferem EE (N=80)

A amostra de fisioterapeutas obteve média igual a 22,8. Para autores como

Gil Monte & Peiró (1995), Martinez (1997) e Mendes (2002) a classificação media

em EE reflete o inicio da Síndrome de Burnout. Segundo estes autores a síndrome

se inicia por essa dimensão, seguida pela despersonalização e sentimento de baixa

realização pessoal e envolvimento no trabalho. Há também alguns autores que

relacionam a exaustão emocional com o estresse laboral crônico (Carlotto e Golbi,

1999).

Num estudo realizado por Donohoe, Nawawi, Wilker, Schindeler e

Jette, (1993) com o objetivo de determinar quais os fatores responsáveis pelo

surgimento da Síndrome de burnout em 129 fisioterapeutas, foi verificado que 46%

apresentavam nível alto de exaustão emocional na subescala de MBI. Deckard e

Present (1989) realizaram uma pesquisa com o objetivo de identificar a relação entre

os fatores de estresse e o bem estar físico e emocional de 187 fisioterapeutas. Os

conflitos e as ambigüidades de funções parecem estar profundamente relacionados

com o desenvolvimento da exaustão emocional e da despersonalização assim como,

aos sintomas psicológicos e psicossomáticos do Burnout. A distribuição do tempo

53

inadequada disponível para a realização das tarefas, recursos humanos e físicos

insuficientes e atribuições de tarefas ou exigências incompatíveis coma realidade do

fisioterapeuta, são potentes fatores de estresse e tem um efeito negativo no bem

estar emocional e físico destes profissionais da saúde.

Benevides Pereira (2002) confirma juntamente com Mendes (2002) e

Zimmermann (1999) que quanto maior o tempo de profissão, maior a segurança no

trabalho e menor o desgaste físico-emocional em relação a tensão, fator este que

não foi identificado nos profissionais pesquisados deste estudo, pois se verificou

predomínio da população jovem com pouca experiência profissional. O predomínio

de profissionais graduados a menos de seis anos sugere que estes indivíduos não

possuem a experiência de vida profissional necessária, tornando-os mais

predispostos a Síndrome de Burnout. Para Mendes (2002), o distanciamento dos

indivíduos envolvidos no trabalho pode facilitar o aparecimento de recursos de

enfrentamento, marcados por comportamentos de evitação, podendo assim elevar

ainda mais a sensação Esgotamento Emocional. Falta de autoconfiança e uma base

de conhecimento inadequada seriam fatores que contribuem com tensão adicional

ao processo de tomada decisão. Para Schlenz, Guthril e Dudgeon (2001) a

estratégia defendida para trabalhar com Burnout pode preparar melhor o terapeuta

com ferramentas que ampliem a autoconfiança e a base de desenvolvimentos

profissionais, melhorando o suporte para carreira, porém poucas evidências

empíricas apóiam esta decisão.

A Tabela (5) mostra a distribuição da ocorrência de respostas dadas

por alternativa. O procedimento para cálculos obedece a mesma forma descrita para

a Tabela (4).

54

nunca uma vez aoano

uma vez ao mês

algumas vezes ao

mês

uma vez semana

algumas vezes

semana

todos os dias

0 1 2 3 4 5 6

Q5 58 5 5 6 4 2 0

Q10 50 12 4 6 0 8 0

Q11 44 10 12 6 0 8 0

Q15 58 10 10 2 0 2 2

Tabela 5: Distribuição da ocorrência das pontuações obtidas nas questões do M.B.I. que aferem DE

(N=80)

Os fisioterapeutas avaliados através do M.B.I quanto à dimensão DE,

apresentam média de 6,0. A característica principal da Síndrome de Burnout está

atribuída ao resultado alto para dimensão DE (Benevides Pereira, 2002). A autora

diferencia síndrome de depressão e insatisfação no trabalho de outros fenômenos. A

população estudada, de acordo com os resultados apresentados no M.B.I, apresenta

grau médio para despersonalização DE. Pode-se afirmar que, de certa forma, este

fenômeno pode estar em desenvolvimento na amostra analisada.

Os fisioterapeutas mais vulneráveis são os que se tornam incapazes

de manter sua atividade sem que haja de alguma forma alterações do seu

comportamento. Muitas vezes as adaptações elaboradas por estes profissionais são

pouco eficazes, traduzindo-se numa diminuição na qualidade e quantidade dos

cuidados de saúde prestados ao paciente e/ou manifestações adversas na vida

pessoal e familiar. Ainda podem desenvolver atitudes negativas e insensíveis para

com os pacientes, diminuindo sua preocupação com a reabilitação e apresentando

uma alienação pessoal e com o ambiente de trabalho.

Da mesma forma que na tabela (5), a Tabela (6) mostra a distribuição da

ocorrência de respostas dadas por alternativa para dimensão EP.

55

nunca uma vez aoano

uma vez aomês

algumas vezes ao

mês

uma vez semana

algumas vezes

semana

todos os dias

0 1 2 3 4 5 6Q4 4 0 0 8 6 22 40

Q7 2 2 2 10 6 26 32

Q9 0 4 0 2 2 22 50

Q12 0 3 0 14 10 40 13

Q17 6 0 4 10 8 25 27

Q18 0 0 5 5 10 25 35

Tabela 6: Distribuição da ocorrência das pontuações obtidas nas questões do M.B.I. que aferem a

dimensão EP (N=80)

Quanto ao resultado obtido pela amostra na dimensão EP observa-se que a

média atingida é de 33,7 o que corresponde à classificação média. Constata-se que

somente nesta dimensão houve consenso na classificação proposta pelos índices

espanhóis e americanos. Esta dimensão apresenta-se com critério de pontuação

inverso, pois pontuações baixas indicam menor nível de realização e envolvimento

pessoal no trabalho. Pode-se concluir que sentimentos de inadequação e

insatisfação estão presentes na população estudada, podendo ser amplificados se

não atendidos, ou minimizados, conforme pode ser aferido nas pesquisas de

Schlenz e cols (2001).

Os fisioterapeutas vêm os seus desejos e suas expectativas em relação ao

tratamento dos seus doentes serem defraudados por um excessivo número de

pacientes e um excessivo papel burocrático. As queixas de falta de tempo para

tratamento dos doentes é uma constante. Conflitos entre uma chefia autocrática e

inflexível, e o pessoal conscienciosos, podem resultar nem desequilíbrio entre as

exigências a serem cumpridas e o suporte de cada membro do pessoal. Se o sujeito

for pouco solicitado este pode sentir-se desmotivado ou mesmo frustrado. A

compensação dos deficientes recursos humanos, conduz a uma sobrecarga de

trabalho dos fisioterapeutas. Políticas pouco claras e conflitos dentro das equipes

multiprofissionais de reabilitação podem ser também uma fonte de estresse. Nem

56

sempre a responsabilidade da intervenção de alguns dos elementos destas equipes,

são acompanhadas de uma participação mais ativa, na influência de decisões e no

planejamento dos programas de tratamento e reabilitação.

A falta de reconhecimento profissional por parte dos outros profissionais de

saúde é evidente e ainda por parte da população em geral que centraliza o

conhecimento científico e técnico unicamente na classe médica. Desta forma, resta

muito pouco espaço para os restantes membros de uma equipe que deveria ser

multiprofissional e interdependente.

Quadro comparativo dos resultados do MBI

Dimensões NEPASB 1997

Gil-Monte & Peiró 1997

Manual Espanha 2000

Manual EUA 1998

Docentes Da área de saúde 2002

Fisioterapeutas 2003

N = 595 N = 1.188 N = 1.138 N = 11.067 N = 96 N = 80

Médias

EE 20,93 20,39 20,86 20,99 24,7 22,8

DE 6,31 6,36 7,62 8,73 6,6 6,0

EP 37,49 36,02 35,71 34,58 35,4 33,7

Quadro 5: Apresentação e comparação de médias obtidas no M.B.I. pelos docentes psicólogos, da área de saúde e em diferentes populações.

Considerando os resultados da dimensão de burnout apresentado pela

população de fisioterapeutas estudada podemos evidenciar que:

Observa-se no quadro acima que a média obtida na dimensão EE foi de 22,8,

o que corresponde a uma média inferior às apresentadas nas outras

pesquisas descritas.

O resultado obtido pelos fisioterapeutas indica que há incidência da síndrome

se for utilizado o referencial teórico de Leiter (1993) e Bessing e Glaser

(2000), citados por Benevides Pereira (2002), que considera a dimensão EE

como a primeira a surgir, a partir do estresse laboral crônico.

57

A dimensão DE identificada os fisioterapeutas, apresenta-se menor que a de

docentes na área de saúde e principalmente em relação à população dos

EUA. Mendes (2002) comenta que este fato se deve ao estilo de vida e

trabalho dos americanos que é marcado pela alta competitividade e condições

de desenvolvimento do estresse do trabalho.

Verifica-se que quanto a dimensão EP, os fisioterapeutas apresentam a

menor média 33,7, porém dentro dos limites médios apresentados nos demais

estudos.

O manual do M.B.I.,considera o indivíduo com burnout aquele que apresenta

grau alto em EE e DE e grau baixo em EP, visto que esta variável se pontua de

forma inversa. Baseando-se neste referencial, a população estudada coincide com a

população de docentes da área de saúde, pois se observa que preenche somente a

primeira condição variável, a de EE alto, sendo que DE e EP apresentam-se com

classificação média. Sentimentos de frustração e insatisfação estão presentes na

população estudada, podendo ser amplificados se não atendidos, ou minimizados,

conforme pode ser aferido nas pesquisas de Schlenz e cols (2001), que sugerem

aprimoramento pessoal com dinâmicas de equipe específicas como recursos de

enfrentamento eficazes para evitar a instalação da síndrome. Para delimitar a forma

de evolução do burnout estudos longitudinais também se fazem necessários, pois

esta pode elevar-se ou diminuir dependendo da situação de trabalho encontrada.

Nos fisioterapeutas estudados concluiu-se que estes possuem um grau médio de

burnout, com base no referencial adotado, não sendo possível determinar a fase ou

forma de manifestação do mesmo.

Dados referentes ao aspecto sócio-demográfico, ocupacional e pessoal desta

pesquisa podem levar os fisioterapeutas ao desenvolvimento da síndrome, como a

carência na realização de exercícios físicos, lazer, tempo de atuação na área, estado

civil, tempo de graduação, desenvolvimento de outra atividade além da clínica

fisioterapêutica (docência), experiência nessa área. Também é necessário

considerar que outros aspectos se apresentam como facilitadores da progressão da

mesma (sobrecarga de trabalho, gênero feminino, idade, desinformação, pertencer à

área da saúde).

58

4.3. Resultados do Inventário de Sintomas de Estresse

Nas pesquisas e estudos realizados sobre a síndrome de burnout é

possível encontrar uma vasta lista de sintomas recorrentes da síndrome, onde se

nota que vários destes sintomas também são característicos dos estados de

estresse (BENEVIDES PEREIRA, 2002).

Com o objetivo de encontrar sintomas de estresse nos fisioterapeutas

integrantes desta pesquisa aplicamos o Inventário de sintomas de estresse. O

somatório de ocorrências em cada alternativa procura evidenciar a ocorrência dos

sintomas de estresse físicos relacionados às questões (1, 3, 5, 7, 9, 10, 11, 13, 14,

15, 19, 21, 23, 25, 26, 27), dos sintomas de estresse psíquicos nas questões (4, 18,

24), sintomas comportamentais nas questões (2, 8, 17, 20, 22, 29) e os sintomas

defensivos relacionados as questões (6, 12, 28 e 30).

nunca Raras vezes

moderadamente

Freqüentemente

Assidua mente

Q1 8 14 30 22 6

Q3 20 30 14 16 0

Q5 12 40 10 16 2

Q7 54 22 4 0 0

Q9 24 27 16 6 7

Q10 14 24 22 6 14

Q11 23 26 16 4 11

Q13 42 20 10 4 4

Q14 22 24 26 6 2

Q15 22 40 14 4 0

Q19 22 22 16 12 8

Q21 26 30 12 8 4

Q23 62 12 2 4 0

Q25 12 36 20 10 2

59

Q26 26 38 16 0 0

Q27 38 26 6 8 2

Tabela 7: Distribuição dos resultados do inventário de estresse

relacionados aos sintomas físicos (N=80)

Os principais sintomas fisicos relatados pelos fisioterapeutas foram:

alteração do sono, dores nos ombros ou na nuca, sentimentos de cansaço mental,

dificuldades sexuais, cansaço mental, problemas respiratórios e gastrointestinais.

Para Benevides Pereira (2002) a Síndrome de Burnout é uma resposta ao

prolongamento do estresse - o distress; sendo assim, a qualidade do trabalho e a

evolução clínica do paciente ficam comprometidos pela presença de sintomas que

colocam em risco a saúde dos profissionais da saúde. Para Santorum (1995), os

diferentes fatores de estresse provocam alterações nos funções fisiológicas e

metabólicas, podendo manifestar-se, ainda, sob a forma de sintomas

psicossomáticos.

nunca Raras vezes

moderadamente

Freqüentemente

Assidua mente

Q4 22 32 14 10 2

Q18 12 34 16 12 6

Q24 24 38 10 6 2

Tabela 8: Distribuição dos resultados do inventário de estresse

relacionados aos sintomas psíquicos (N=80)

Os principais sintomas psíquicos relatados pelos fisioterapeutas estao

relacionados a sentimentos de baixa auto-estima, perda do senso de humor e,

rpincipalmente dificuldade de memorizaçao e concentraçao, sugerindo o início da

despersonalização. Carlotto e Golbi (1999) referem que sintomas de diminuição do

estado de ânimo, perda do entusiasmo, levando a alterações do humor, podem

evoluir para a depressão. Os fisioterapeutas sentem a sensação que nada podem

contribuir para com a evolução dos seus pacientes, sentindo dificuldade na

elaboração dos seus programas de tratamento. Os sentimentos de desânimo,

60

disforia, astenia podem estar acompanhados de mudanças bruscas de humor,

passando a um estado de tristeza, angústia e agressividade, distanciando-se do

paciente.

nunca Raras vezes

moderadamente

Freqüentemente

Assidua mente

Q2 2 34 18 22 4

Q8 24 42 8 4 2

Q17 48 16 10 6 0

Q20 22 32 16 6 4

Q22 22 26 14 8 10

Q29 26 32 12 8 2

Tabela 9: Distribuição dos resultados do inventário de estresse relacionados aos sintomas

comportamentais (N=80)

Observa-se que com relação às questões 2 (irritabilidade fácil) e 22

(estado de aceleração contínua) houve uma acentuação das respostas nas

alternativas freqüentemente e assiduamente. Quanto a irritabilidade, os

fisioterapeutas sentindo-se esgotados com relação ao tempo disponível para o

tratamento dos pacientes e elaboração das aulas a serem ministradas na

Universidade, acabam diminuindo sua tolerância para com os demais, adotando

comportamentos irônicos que predispõe a despersonalização.

nunca Raras vezes

moderadamente

Freqüentemente

Assidua mente

Q6 20 40 10 6 4

Q12 6 22 12 24 16

Q28 20 34 18 4 4

Q30 16 30 20 12 2

Tabela 10: Distribuição dos resultados do inventário de estresse relacionados aos sintomas defensivos (N=80)

61

O estado de esgotamento físico, emocional e mental, caracterizado por um

abatimento físico, sentimentos de frustração, vulnerabilidade e perda de recursos

emocionais faz com que os fisioterapeutas se sintam pouco a vontade em se

comunicar e interagir socialmente, podendo desenvolver atitudes negativas para

com o trabalho, para a vida, para os pacientes e sentimentos de inadequação,

inferioridade e incompetência.

Na análise dos resultados deste Inventário de Sintomas do Estresse

pode-se observar que quando os fisioterapeutas estão sujeitos com certa freqüência

aos fatores de estresse, aqueles que não possuem um mecanismo de enfretamento

adequado para com estes sintomas, tendem a perder o entusiasmo e auto-estima

que caracterizam a sua profissão. Sentimentos de fracasso e de insucesso,

situações de conflitos e ambigüidades de funções e sobrecargas de trabalho

conduzem o fisioterapeuta a alterações de comportamento no trabalho,

apresentando baixo rendimento, falta de entusiasmo, aumento do absenteísmo.

Estas alterações frente ao estresse provocado pelo trabalho podem afetar de forma

negativa as próprias organizações, assim como prejudicar a qualidade dos serviços

prestados a saúde do paciente.

62

5. CONCLUSÃO

O objetivo desse trabalho foi verificar a incidência da Síndrome de Burnout

em fisioterapeutas, relacionando-os com a sua prática profissional, local de trabalho

e alterações na sua rotina.

No grupo de fisioterapeutas estudado foi encontrado uma carga horária

semanal caracterizando uma jornada extensa superior a 30 horas semanais, a

atuação em dois ou mais locais de trabalho sendo 40% também exercem atividade

na docência e o número de pacientes atendidos diariamente, contribuem para uma

sobrecarga física e mental da atividade, caracterizando a prática da fisioterapia

como de risco aumentado para a incidência da Síndrome de Burnout. Os

profissionais experimentam uma série de alterações psicológicas tais como a

irritabilidade, ansiedade, fadiga psíquica, baixo desempenho e perda da energia

associada à manifestação dos sintomas do burnout.

Quantos as variáveis que de acordo com as pesquisas e estudos realizados

estão associadas à incidência da Síndrome de Burnout verificou-se que de acordo

com as características sócio-demográficas 75,5% dos fisioterapeutas são do sexo

feminino, com faixa etária entre 21 – 35 e 78,8% são solteiros. Nas características

ocupacionais evidenciou-se que aproximadamente 20% desenvolvem atividade na

docência universitária e 50% em instituições de saúde específicas e atendem cerca

de 20 a 30 pacientes por dia.

Relacionadas a probabilidade de reduzir a incidência da Síndrome de Burnout

foi pesquisada a variável tempo de profissão onde 65% dos fisioterapeutas possuem

menos de 05 anos de graduação. Quanto às características pessoais os

fisioterapeutas utilizam 14% do seu tempo livre para realização de atividade física e

aproximadamente 12% para o lazer.

O Inventário de Sintomas de Estresse aplicado – ISE teve como objetivo a

função de coletas de dados associados aos sintomas de estresse presentes ns

63

sintomatologia da Síndrome de Burnout. Mostrou-se pouco efetivo, pois houve

predomínio das respostas nas alternativas raras vezes e moderadamente,

traduzindo a preocupação excessiva dos profissionais pesquisados na realização da

sua atividade no trabalho, não deixando demonstrar-se estressados.

Conclui-se que os resultados obtidos nesta pesquisa corroboram-se com

resultados constatados na literatura especializada. Verifica-se a necessidade de

estudos complementares em outras categorias profissionais, que forneçam

informações específicas para compreensão das relações entre as variáveis

ocupacionais, pessoais e organizacionais. A escassez de conceitos e formas de

análise e interpretação dos resultados é um fator que dificulta as conclusões finais.

Recomenda-se que pesquisas associem instrumentos de avaliação do estresse e de

burnout para que o diagnóstico diferencial e os elementos causadores da síndrome

fiquem melhor definidos, tornando-se importante a consideração de aspectos

situacionais no surgimento e evolução da Síndrome.

A média EE mais baixa com relação aos outros estudos realizados foi

constatada nos fisioterapeutas; em DE alcançaram média inferior a encontrada nos

estudos de Mendes 2002, como também no NEPASB; em EP alcançaram média

inferior quando comparados aos estudos de Madri e Gil-monte e Peiró.

A realização desta pesquisa entre os fisioterapeutas evidenciou que há

grande interesse por parte desta classe na elucidação referentes às questões

relacionadas a sua saúde e a sua atividade de trabalho. Este estudo nos permite

recomendar aos profissionais fisioterapeutas a adoção de medidas preventivas e

mecanismos de enfrentamento considerando a inclusão de atividades de

desenvolvimento profissional no espaço natural de trabalho com o intuito de

aumentar sentimentos de realização pessoal e minimizar o burnout. Estratégias para

identificar efetivamente e administrar sentimentos de fisioterapeutas sobre

esgotamento emocional requerem estudo adicional.

Futuros estudos devem estender sua capacidade de coleta de dados junto a

um universo populacional de maior monta, o que nos permitiria, seguindo os critérios

do método científico, ampliar o nosso grau de certeza e de inferência sobre o

desenvolvimento da Síndrome de burnout entre os fisioterapeutas, determinando

64

inclusive os níveis de prevalência das diferentes fases de acometimento da

síndrome e os sintomas físicos e psicológicos específicos desenvolvidos nestes

profissionais.

Por fim, consideramos que, dada a relação encontrada entre a Síndrome de

Burnout e os fisioterapeutas, cabe salientar a necessidade de análises ergonômicas

do trabalho como forma de aprimoramento da capacidade de investigação dos

problemas de saúde decorrentes da atividade dos fisioterapeutas, pois estes não

escolhem estar com burnout, que é uma condição relacionada diretamente à

natureza do trabalho deles.

65

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Monografia (Curso de graduação em Enfermagem) – Universidade Federal do

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74

ANEXO

75

Caro Colega:

Este material tem o objetivo de levantar dados para pesquisa

científica sobre a incidência da Síndrome de Burnout em Fisioterapeutas

– apresenta-se dividido em 3 partes: Parte 1: Questionário sócio-demográfico e profissional;

Parte 2 : Questionário Maslach Burnout Inventory (MBI);

Parte 3: Inventário de sintomas fisiológicos;

Os resultados obtidos serão utilizados exclusivamente para fins científicos.

Grata,

Valana J. Formighieri

Fisioterapeuta – Mestrado em Engenharia da Produção – UFSC

76

QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL

Seção A: Dados Demográficos Nome ou iniciais:______________________________________________________

Endereço *:__________________________________________________________

Email*:______________________________________________________________

1. Sexo: fem masc

2. Idade: ____

3. Estado Civil: casado (a) solteiro (a) união consensual

viúvo(a) divorciado (a) outros

4. Tem filhos ? não sim Quantos? ______

4. Naturalidade:__________________

5. Cidade onde trabalha:____________________

Seção B: Variáveis ocupacionais/profissionais 1. Há quanto tempo você trabalha como Fisioterapeuta?

_____ anos _____ meses

2. Em que local (ais) você desenvolve atividade profissional?

Instituição de Ensino Superior Consultório

Hospital Centro de Reabilitação

Indústria Escola (pré-esc., ens. fund. e méd.)

Domicílio Instalações de saúde especializada

Postos de Saúde Clínica

Ambulatório Academia

Clubes ou Associações desportivas Outros

(*): Resposta opcional

3. Quantas horas você trabalha por dia como Fisioterapeuta?

___________

4. Quantos pacientes atende por dia?

menos de 5 de 5 a 10 de 10 a 15 de 15 a 20 de 20 a 30

mais de 30

77

5. Em qual especialidade você atua?

a. ____________________

b. ____________________

c. ____________________

6. Você exerce alguma outra atividade profissional?

sim não se a sua resposta for sim, qual?

_______________________

7. Durante o seu tempo livre a que atividades você se dedica?

Prática desportiva Trabalhos domésticos

Uso de computador Atividades de lazer

Atividades artesanais Leitura e estudo

Assistir TV e vídeos Outros

78

QUESTIONÁRIO MASLACH BURNOUT INVENTORY (MBI)

0 - nunca 3 - Algumas vezes ao mês

1 - Uma vez ao ano ou menos 4 - Uma vez por semana

2 - Uma vez ao mês ou menos 5 - Algumas vezes por semana

6 - Todos os dias

LEIA ATENTAMENTE AS SEGUINTES

AFIRMAÇÕES PONTUANDO, O MAIS

SINCERAMENTE POSSÍVEL, CONFORME A

INTENSIDADE DESCRITA: N

UN

CA

UM

A V

EZ

AO

AN

O O

U M

EN

OS

UM

A V

EZ

AO

S O

U M

EN

OS

ALG

UM

AS

VE

ZES

AO

S

UM

A V

EZ

PO

R S

EM

AN

A

ALG

UM

AS

VE

ZES

PO

R S

EM

AN

A

TOD

OS

OS

DIA

S

1. Sinto-me esgotado(a) emocionalmente devido ao meu trabalho.

2. Sinto-me cansado(a) ao final da jornada de trabalho.

3. Quando levanto-me pela manhã e vou enfrentar outra jornada de

trabalho sinto-me cansado(a).

4. Posso entender com facilidade o que sentem as pessoas.

5. Creio que trato algumas pessoas como se fossem objetos

impessoais.

6. Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço.

7. Lido eficazmente com os problemas das pessoas..

8. Meu trabalho deixa-me exausto(a).

9. Sinto que através do meu trabalho influencio positivamente na

vida de outros.

10. Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que

exerço este trabalho.

11. Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja-me endurecendo

emocionalmente.

12. Sinto-me com muita vitalidade.

13. Sinto-me frustado(a) em meu trabalho.

14. Creio que estou trabalhando em demasia.

79

15. Não me preocupo realmente com o que ocorre às pessoas a que

atendo.

16. Trabalhar diretamente com as pessoas causa-me estresse.

17. Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para as pessoas.

18. Sinto-me estimulado(a) depois de trabalhar em contato com as

pessoas

19. Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão.

20. Sinto-me no limite de minhas possibilidades.

21. Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais

no meu trabalho.

22. Sinto que as pessoas culpam-me de algum modo pelos seus

problemas.

80

INVENTÁRIO DE SINTOMAS (ISE)

ASSINALE COM UMA “X”

A FREQÜÊNCIA COM QUE SENTE ESSES

SINTOMAS EM SUA VIDA DIÁRIA

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Nº SINTOMAS 0 1 2 3 4

1. Dores nos ombros ou nuca

2. Irritabilidade fácil

3. Perda ou excesso de apetite

4. Sentir-se sem vontade de começar nada

5. Dor de cabeça

6. Pouca vontade de comunicar-se

7. Dor no peito

8. Dificuldade de adaptação

9. Dificuldades com o sono

10. Sentimento de cansaço mental

11. Dificuldades sexuais

12. Pouco tempo para si mesmo

13. Erupções na pele, brotoejas

14. Fadiga generalizada

15. Pequenas infeções

16. Sentimentos de baixa auto-estima

17. Aumento no consumo de bebida, cigarro ou

substâncias

18. Dificuldade de memória e concentração

19. Problemas gastrointestinais

20. Necessidade de isolar-se

21. Problemas alérgicos

22. Estado de aceleração continuo

23. Pressão arterial alta

24. Perda do senso de humor

25. Gripes e resfriados

81

26. Perda do desejo sexual

27. Problemas na voz (afonias, mudanças de voz,

rouquidão etc)

28. Pouca satisfação nas relações sociais

29. Dificuldade em controlar a agressividade

30. Cansaço rápido de todas as coisas

Agradecemos pelo tempo e colaboração com nossa pesquisa! Se você

disponibilizou seu endereço será informado em alguns meses sobre o resultados.