006 1001 Discos BR 50s -...

26
. 006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 20

Transcript of 006 1001 Discos BR 50s -...

Page 1: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 20

Page 2: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

An

os

195

0

• Fidel Castro se torna presidente

de Cuba

• O Havaí passa a ser o 50o estado

dos Estados Unidos

• Hitler é oficialmente declarado

morto

• O primeiro satélite é lançado

• O bambolê é inventado

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 21

Page 3: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Frank Sinatra | In The Wee Small Hours (1955)

Selo | Capitol

Produção | Voyle Gilmore

Projeto gráfico| Tommy Steele

Nacionalidade | EUA

Duração | 50:25

22 | 23 Anos 1950

Lista de músicas

01 In The Wee Small Hours Of The Morning

(Hilliard•Mann) 3:00

�02 Mood Indigo (Bigard•Ellington•Mills) 3:30

03 Glad To Be Unhappy (Hart•Rodgers) 2:35

04 I Get Along Without You Very Well

(Carmichael) 3:42

05 Deep In A Dream (De Lange•Van Heusen) 2:49

06 I See Your Face Before Me (Dietz•Schwartz) 3:24

07 Can’t We Be Friends? (James•Swift) 2:48

08 When Your Lover Has Gone (Swan) 3:10

�09 What Is This Thing Called Love (Porter) 2:35

10 Last Night When We Were Young

(Arlen•Harburg) 3:17

� 11 I’ll Be Around (Wilder) 2:59

12 Ill Wind (Arlen•Koehler) 3:46

13 It Never Entered My Mind (Hart•Rodgers) 2:42

14 Dancing On The Ceiling (Hart•Rodgers) 2:57

15 I’ll Never Be The Same (Kahn•Malneck) 3:05

16 This Love Of Mine (Parker•Sanicola•Sinatra) 3:33

No início dos anos 50, Frank Sinatra estava acabado – incapaz de

conseguir um contrato regular com uma casa noturna, quanto

mais com uma gravadora. Seu salvador chegou bem a tempo.

Alan Livingston, vice-presidente de A&R (artist and repertoir) da

Capitol Records e fã de Sinatra, o contratou por sete anos em 14

de março de 1953,contrariando o conselho de seus colegas.

O Oscar que Sinatra recebeu, no mesmo ano, por A Um Passo

da Eternidade comprovou a clarividência de Livingston. O prê-

mio também deu ao cantor uma segunda chance, que ele agar-

rou com unhas e dentes em Songs For Young Lovers e Swing Easy.

Ambos são grandes discos, mas viraram um marco por terem

apresentado Sinatra – inicialmente, contra sua vontade – a um

jovem arranjador chamado Nelson Riddle.

In The Wee Small Hours foi lançado pouco depois de o romance

entre Sinatra e Ava Gardner ter terminado, e esse rompimento

talvez tenha tornado este o melhor álbum de todos os tempos

sobre o tema da separação.O Sinatra do imaginário popular,aquele

sujeito meio malandro,sempre com uma piada na ponta da língua,

não aparece aqui – ele é um homem, apenas. Os vendedores de

discos que costumavam colocar Sinatra na prateleira de easy

listening certamente nunca o tinham ouvido cantar as confissões

de bêbado de “Can’t We Be Friends?”, e muito menos suplicar como

em “What Is This Thing Called Love”, de Cole Porter. E “Mood

Indigo”,de Duke Ellington,nunca havia soado tão melancólica.

Riddle enquadra essa amargura toda em arranjos delicados

naquele que hoje é considerado o primeiro disco em que a

parceria realmente funcionou. Outros se seguiriam, embora num

novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado em

dois discos de 10 polegadas, In The Wee Small Hours foi logo

depois reeditado em 12 polegadas, antecipando, sem querer, a

era do LP. WF-J

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 22

Page 4: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 23

Page 5: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

24 | 25 Anos 1950

Lista de músicas

01 Blue Suede Shoes (Perkins) 2:00

�02 I’m Counting On You (Robertson) 2:25

�03 I Got A Woman (Charles) 2:25

04 One-Sided Love Affair (Campbell) 2:11

05 I Love You Because (Payne) 2:43

06 Just Because (Robin•B. Shelton•J. Shelton) 2:34

07 Tutti Frutti (LaBostrie•Penniman) 1:59

�08 Trying To Get To You (McCoy•Singleton) 2:31

09 I’m Gonna Sit Right Down

(And Cry Over You) (Biggs•Thomas) 2:01

10 I’ll Never Let You Go (Little Darlin’) (Wakely) 2:24

� 11 Blue Moon (Hart•Rodgers) 2:40

12 Money Honey (Stone) 2:36

Elvis Presley | Elvis Presley (1956)

Selo | RCA

Produção | Não consta

Projeto gráfico| William V. Robertson

Nacionalidade | EUA

Duração | 28:42

Não é nenhuma jóia rara. De fato, quando tocado para os ouvi-

dos do século 21, habituados à arte e à técnica da produção de

um bom álbum, o primeiro LP de Elvis Presley mostra-se frus-

trante e inconsistente.

O repertório, montado a partir de várias sessões, é composto

por sete faixas registradas no início de 1956 – às vésperas do

lançamento do álbum, em 13 de março – e cinco que eram,

virtualmente, sobras da Sun Records, de 1954 e 1955, gravadas

antes do contrato de Elvis com a RCA. O vocal bem trabalhado de

“I’ll Never Let You Go (Little Girl)”, uma das heranças da Sun, chega

ao limite da autoparódia: naquela época, por ironia, Elvis não

tinha uma imagem pública que pudesse ser imitada. Uma curio-

sidade é que,embora todo relançamento em CD inclua “Heartbreak

Hotel” – a música que catapultou o garoto de 21 anos da

celebridade local em Memphis à fama mundial em algumas

semanas –,essa faixa não consta do disco original.

No entanto, o álbum tem magia, e muita; revoluções já

aconteceram por menos do que isso. O gospel branco de “I’m

Counting On You” e o ressoar nervoso de “I Got A Woman”, de Ray

Charles, formam uma seqüência forte logo no início; perto do

fim, encontra-se a versão definitivamente solitária de “Blue

Moon”. Mas a faixa que se destaca é a impressionante “Trying To

Get To You”, que coloca Presley um patamar acima de um menino

da roça, a caminho de virar uma estrela. É uma gravação

inesquecível.

A capa é também inesquecível. A foto, creditada a William V.

“Red” Robertson e tirada em 31 de julho de 1955, num show em

Tampa, na Flórida, é uma das mais simbólicas do cantor. O The

Clash concordou,subvertendo a imagem para a capa de London’s

Calling,de 1979. WF-J

“Cara, eu era um bobo comparado

com as coisas que fazem agora.”

Elvis Presley, 1972

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 24

Page 6: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 25

Page 7: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

26 | 27 Anos 1950

Lista de músicas

�01 Kentucky (Davis) 2:39

02 I’ll Be All Smiles Tonight (Carter) 3:14

03 Let Her Go God Bless Her (Trad. ) 2:55

04 What Is Home Without Love (Trad. ) 3:00

05 A Tiny Broken Heart (Hill•C. Louvin•I. Louvin) 2:34

06 In The Pines (Riggs) 3:15

�07 Alabama (Hill•C. Louvin•I. Louvin) 2:43

�08 Katie Dear (Bolick) 2:34

09 My Brother’s Will (Nelson) 3:16

� 10 Knoxville Girl (Trad. ) 3:49

11 Take The News To Mother (Callahan•Caloway) 2:48

12 Mary Of The Wild Moor (Turner) 3:11

The Louvin Brothers | Tragic Songs Of Life (1956)

Selo | Capitol

Produção | Ken Nelson

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 35:58

Não é preciso ser maluco, assassino, bêbado, compulsivo, solitá-

rio, intratável ou melancólico para cantar música country... mas

ajuda. Ira Louvin não era tudo isso, mas possuía algumas dessas

características. Surgidos na década de 40, Charlie e Ira Louvin se

encaixaram perfeitamente na tradição country da dupla de

irmãos harmoniosos – seguindo os passos dos The Delmore

Brothers e servindo de modelo aos The Everly Brothers. Este

primeiro álbum dos Louvins é uma das pedras fundamentais do

country. A voz de barítono de Charlie e o tenor alto de Ira

dialogam e se fundem num estilo alegre e gracioso. É o melhor

do bluegrass tirado do fundo do coração.

A capa mais conhecida do disco mostra Charlie e Ira super-

postos à imagem de uma loura triste, segurando uma carta

amassada, como numa fotonovela barata. Essa ilustração foi feita

para lançamentos posteriores e romantiza a verdade.De fato,para

Ira e Charlie, essas músicas sobre pecado e fraqueza, tragédia e

tentação eram muito reais.Nada neles era intencional ou kitsch.

Porém, foi a tendência autodestrutiva de Ira que emprestou à

dupla o viés cortante. Charlie era uma pessoa estável, mas o

irmão bebia muito, era mulherengo e propenso a explosões

violentas. Em 1963, Charlie se cansou disso e decidiu seguir

carreira solo. Ira sobreviveu mais do que se supunha – mesmo

tendo levado um tiro de sua terceira mulher, Faye –, mas, em

1965, acabou morrendo (ao lado da noiva) num acidente de

carro no Missouri.

Alguns anos mais tarde, Gram Parsons fez renascer o inte-

resse na música dos irmãos e, desde então, o mito dos Louvins

continua a crescer. RF

“A palavra ‘tolerante’se soletra:

p-e-c-a-d-o.”

The Louvin Brothers, 1952

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 26

Page 8: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Anos 1950 26 | 27

Lista de músicas

�01 Medley: Just A Gigolo—I Ain’t Got Nobody

(Brammier•Caesar•Casucci•Graham•Williams) 4:42

02 (Nothing’s Too Good) For My Baby

(Budston•Falcon) 2:36

03 The Lip (Klages•Knight) 2:15

04 Body And Soul (Eyton•Green•Heyman•Sour) 3:22

�05 Oh Marie (Dicapua, arr. Prima) 2:25

06 Medley: Basin Street Blues —

When It’s Sleepy Time Down South

(L. Rene•O. Rene•Williams) 4:12

�07 Jump,Jive, An’ Wail (Prima) 3:28

�08 Buona Sera (De Rose•Sigman) 2:58

09 Night Train (Forrest) 2:46

10 (I’ll Be Glad When You’re Dead)

You Rascal You (Theard) 3:13

Louis Prima | The Wildest! (1956)

Selo | Capitol

Produção | Voyle Gilmore

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 32:00

Cantor e trompetista popular nos clubes nas décadas de 30 e 40,

inicialmente em sua terra natal, Nova Orleans, depois em Nova

York, Prima se viu sem trabalho em 1954. Acompanhado de sua

nova mulher e companheira de palco, Keely Smith – ele, um

desgastado homem de 43 anos; ela, em seus inocentes 22 –, ele

conseguiu de favor umas apresentações no lounge do Sahara,

em Las Vegas, e contratou o jovem saxofonista de Nova Orleans,

Sam Butter, para liderar a banda. O sucesso foi imediato; essa

brilhante meia hora, gravada ao vivo no estúdio em abril de

1956, foi a cereja no bolo.

Os apaixonados pelo jazz muitas vezes consideram Prima

apenas uma imitação italianizada de Louis Armstrong, talvez

pelos três sucessos de Satchmo aqui incluídos:“You Rascal You”e

um medley unindo a contida “Basin Street Blues” e a anti-soporí-

fera “When It’s Sleepy Time Down South”. Mas esta não é a ques-

tão: a música de Prima é simplesmente irreprimível e combina

totalmente com sua alegria gloriosa na foto de capa. Ele está

radiante, cheio de gás e irresistível, sacudindo a banda em “Oh

Marie”, com Smith num delicioso e bem amarrado contraponto.

Butera e seus colegas, enquanto isso, envolvem os dois em um

dos mais fervilhantes jump-jives já gravados. Esse som é

constantemente imitado, como na versão de Brian Setzer de

“Jump, Jive, An’ Wail” para um comercial da GAP. Butera, que teve

seus arranjos originais apropriados pelo anúncio, se queixou de

ter ganho três pares de calças em troca do privilégio.

Prima morreu em 1978, mas o seu legado continua vivo

através de sua filha Lena – que se apresentou recentemente no

Sahara – e da dublagem “jive” do orangotango Rei Louie, do

desenho Mogli, O Menino Lobo, seu último trabalho. Na verdade,

Prima era o rei dos swingers. WF-J

“Já fiz discos de sucesso,mas não gostei

de nenhum (...). Mas este é diferente.”

Louis Prima, 2002

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 27

Page 9: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Lista de músicas

�01 Blueberry Hill (Lewis•Rose•Stock) 2:21

�02 Honey Chile (Bartholomew•Domino) 1:48

03 What’s The Reason (I’m Not Pleasing You?)

(Grier•Hatch•Poe•Tomlin) 2:03

�04 Blue Monday (Bartholomew•Domino) 2:18

�05 So Long (Bartholomew•Domino) 2:13

06 La-La (Bartholomew•Domino) 2:15

07 Troubles Of My Own (Bartholomew•Domino) 2:15

08 You Done Me Wrong (Domino) 2:05

09 Reelin’ And Rockin’ (Domino•Young) 2:20

10 The Fat Man’s Hop (Domino•Young) 2:26

11 Poor, Poor Me (Domino) 2:11

12 Trust In Me (Domino•Jarrett) 2:50

28 | 29 Anos 1950

Fats Domino | This Is Fats (1956)

Selo | Imperial

Produção | Dave Bartholomew

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 27:11

Seis anos antes de Bill Haley gravar “Rock Around The Clock”, o

jovem Antoine “Fats” Domino, aos 21 anos, escreveu a canção-

base do rock ’n’ roll,“The Fat Man”, em 1949. A partir do sucesso

desse single de estréia, que vendeu um milhão de cópias, o

vocalista e pianista nascido em Nova Orleans compôs mais hits

do que qualquer outro da era do rock dos anos 50, à exceção

de Elvis Presley, incluindo uma impressionante série de 39

singles que ocuparam os primeiros lugares das paradas, entre

1954 e 1962.

Ao vender algo em torno de 65 milhões de discos naquela

década, Domino foi, sem dúvida, o responsável por fazer uma

ponte entre o R&B e o rock – embora Little Richard possa dispu-

tar o título. O que está fora de discussão é a influência exercida

por seu trabalho nos anos 50, que se espalhou por toda a música

pop,atingindo de Pat Boone aos Beatles.

This Is Fats, o terceiro álbum do cantor pela Imperial, foi lança-

do no auge da carreira de Domino e tornou-se o mais poderoso

retrato de sua genialidade, graças a maravilhas do boogie-

woogie como “Blue Monday”e “Honey Chile”e a obras-primas da

tristeza como “So Long”e “Poor,Poor Me”.

A triunfante “Blueberry Hill”, que abre o álbum, foi um sucesso

de Glenn Miller em 1940, mas, apesar de seu charme e calor, a

música acabou sendo surpreendentemente difícil de gravar.

Ninguém conseguia achar a partitura e Domino esquecia o tem-

po inteiro a sua parte. Não foi possível completar sequer um take

e o estúdio teve de emendar o material gravado. O resultado do

esforço foi um single que chegou ao primeiro lugar das paradas

de R&B nos Estados Unidos e ao segundo lugar nas de pop – a

melhor colocação de Domino nessa categoria. JiH

“Minha maior ambição é obedecer

aos Dez Mandamentos.”

Fats Domino, 2002

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 28

Page 10: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 29

Page 11: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Duke Ellington

Ellington At Newport

1956 (1956)

Selo | Columbia

Produção | George Avakian

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 44:00

30 | 31 Anos 1950

Em meados dos anos 50, Frank Sinatra estava de volta ao auge

não apenas de seu talento, mas das paradas, desmentindo a

máxima de F. Scott Fitzgerald: “Não existe uma segunda chance

para os americanos.” No final de 1955, novamente com Nelson

Riddle,Sinatra planejou um disco com um sabor diferente.

O que surgiu dessas sessões, realizadas um mês depois de o

cantor completar 40 anos, foi o oposto do trabalho anterior.

Comparado com The Wee Small Hours e seu clima de bêbado-

num-bar-às-duas-da-manhã, o eufórico Songs For Swingin’ Lo-

vers! parece um passeio numa tarde ensolarada de domingo,

literalmente transbordando de joie de vivre. Sinatra está à vonta-

de como nunca, ágil em “You Make Me Feel So Young”, cantando

“How About You?” como se estivesse pedindo alguém em

casamento ou piscando o olho, daquele seu jeito, em “Makin’

Whoopee”. Mas nada disso teria valor sem a gloriosa orquestra-

ção de Riddle. Reza a lenda que seu insuperável arranjo para “I’ve

Got You Under My Skin”, terminado às pressas na noite anterior à

gravação, foi espontaneamente aplaudido pelos músicos duran-

te a sessão,em 12 de janeiro de 1956.

Este álbum talvez chegue perto de ser o grande songbook

americano. No entanto, os estudiosos mais atentos da música

pop podem reparar que há uma simetria nas 15 faixas que

cravam os 45 minutos do disco. A arte de fazer canções de três

minutos começa e termina ali. WF-J

Frank Sinatra

Songs For Swingin’

Lovers! (1956)

Selo | Capitol

Produção | Voyle Gilmore

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 45:00

Depois de um período de estagnação,quando as bandas de swing

saíram de moda, a popularidade de Duke Ellington recrudesceu

com sua apresentação no Festival de Jazz de Newport, em julho

de 1956. É irônico que o disco lançado apressadamente pela

Columbia para capitalizar o sucesso do show não tenha sido

gravado realmente em Newport.

Quando souberam que a gravação no festival não havia

ficado boa, os executivos da Columbia enviaram Ellington a um

estúdio em Nova York para refazer a apresentação, na segunda-

feira após o show. O álbum é, portanto, uma colcha de retalhos

dos registros ao vivo e em estúdio, e de aplausos gravados. E se

tornou o maior sucesso de vendas da carreira de Duke.

Um relançamento brilhante, em 1999, finalmente consertou

as coisas. O disco original foi mantido, mas, graças a um

complicado trabalho de pós-produção, utilizando os masters do

álbum de 1956 e uma gravação de rádio há anos considerada

perdida, o show completo foi recuperado e, por fim, é possível

entender por que causou tanto impacto. As três partes da suíte

do Festival de Jazz de Newport – algo tão novo que, segundo

Ellington, “nem tivemos tempo de dar um nome à música” –

apresentam os sons agudos típicos do trompete de Cat Ander-

son. Mas a fama do show e do álbum se deve ao blues eferves-

cente de “Diminuendo And Crescendo In Blues” e, mais

especificamente, aos inacreditáveis 27 refrões que o saxofonista

Paul Gonsalves transformou em um dos solos mais celebrados

da história do jazz. WF-J

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 30

Page 12: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Anos 1950 30 | 31

The Crickets

The “Chirping”

Crickets (1957)

Selo | Brunswick

Produção | Norman Petty

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 25:59

É surpreendente que este marco da história do rock dure menos

de meia hora. Isso prova as virtudes da concisão – 12 grandes

músicas, muitas familiares a qualquer museólogo do pop, e

nenhuma que chegue perto dos mágicos três minutos de

duração.

Buddy Holly formou a banda com um colega de escola, o

baterista Jerry Allison. O misto de rockabilly, blues, R&B e uma

profunda sensibilidade pop firmou os The Crickets na vanguarda

do primeiro fluxo do rock ’n’ roll. Este álbum de estréia (o único

LP de Holly lançado em vida) inclui seus três primeiros clássicos,

assim como duas músicas escritas em parceria com Roy Orbison.

Muitos aspirantes a guitarrista se esforçaram para imitar a

introdução de “That’ll Be The Day” – o título, dado por Holly, é

uma expressão usada por John Wayne no filme Rastros de Ódio,

de 1956.

O talento pioneiro de Holly para cantar e compor in-

fluenciaria tremendamente outros artistas posteriores, como os

Beatles e os Rolling Stones. Não há muitas músicas creditadas a

Buddy Holly neste disco, porque, na realidade, ele assinava como

Charles Hardin – seu nome verdadeiro era Charles Hardin

Holley.

Há que se destacar também as versões de músicas de Chuck

Willis e Lloyd Price. Acusações póstumas de que Holly seria

racista são discutíveis. JT

Count Basie

The Atomic

Mr.Basie (1957)

Selo | Roulette

Produção | Teddy Reig

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 39:30

Em 1957, os melhores dias do grupo de Bill Basie, formado em

1930, haviam ficado duas décadas para atrás; as mudanças nos

gostos musicais o haviam forçado a desistir de sua big band por

uns tempos, no início dos anos 50.Felizmente, foi a última vez que

ficou sem uma banda. Tudo o que Basie precisava, ele descobriu,

era de um pouco de sangue novo, que encontrou nas veias do

jovem arranjador Neal Hefti. Apenas cinco anos depois de seu

primeiro trabalho para o grupo,Hefti foi chamado para orquestrar

todo o disco que Basie lançaria por seu novo selo,Roulette.

“Nunca me gabei de nada”, escreveu Basie, sempre modesto,

em sua autobiografia,“mas poderia ter me gabado dessa banda”.

Estava certo. lmpulsionados pelo saxofonista Eddie “Lockjaw”

Davis e um naipe estelar de trompetes liderados por Thad Jones,

os 12 instrumentos de metal alternam fogo (“Whirly-Bird”) e gelo

(“After Supper”) e dão um efeito efervescente às 11 músicas

compostas por Hefti. Mas, como sempre acontece com Basie, o

melhor do disco está na seção rítmica: o baixista Eddie Jones, o

baterista Sonny Payne, o guitarrista Freddie Green e o próprio

Basie no piano, com seu típico estilo econômico, levam o swing

até músicas suaves como “Li’l Darlin’”.

Foi o último disco genial de Basie. Em meados da década de

60, ele já havia se acomodado à confortável posição de um dos

mais queridos da velha-guarda do jazz, papel que desem-

penharia até sua morte, em 1984. Hefti, enquanto isso, se livrou

do jazz em prol de Hollywood, ficando famoso por suas trilhas

sonoras para Batman e Um Estranho Casal. WF-J

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 31

Page 13: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

32 | 33 Anos 1950

Lista de músicas

�01 Brilliant Corners (Monk) 7:47

02 Ba-Lue Bolivar Ba-Lues-Are (Monk) 13:21

�03 Pannonica (Monk) 8:52

04 I Surrender Dear (Barris•Clifford) 5:27

05 Bemsha Swing (Best•Monk) 7:41

Thelonious Monk | Brilliant Corners (1957)

Selo | Riverside

Produção | Orrin Keepnews

Projeto gráfico| Paul Bacon

Nacionalidade | EUA

Duração | 43:08

Um dos mais reverenciados compositores do século 20, sem

falar em sua influência universal como pianista, Thelonious

Sphere Monk ocupava, porém, uma inexplicável posição margi-

nal em 1957.

Depois de ter exercido um papel fundamental na criação do

bebop no clube Minton, no Harlem, em meados da década de 40,

e de ter contribuído com vários clássicos para o cânone do jazz,

ele acabou afastado dos jazz clubs de Manhattan por conta de

uma falsa condenação por porte de drogas, e sua gravadora

perdeu o interesse em seu trabalho. Monk ficou, então, fora de

cena durante os anos 50. Foi só quando Orrin Keepnews – a alma

por trás do selo de indie jazz Riverside – o contratou que ele

começou a ter o devido reconhecimento.

Keepnews reapresentou Monk ao público do jazz com duas

sessões de trio, a primeira em cima da obra de Ellington e a

segunda, de standards do pop. Brilliant Corners marcou seu

retorno como um compositor de primeira ordem, acompanhado

do quinteto formado pelo sax tenor de Sonny Rollins, o sax alto

de Ernie Henry (que morreu cedo e tragicamente), o baixo de

Oscar Pettiford e a bateria de Max Roach (o trompetista Clark

Terry e o baixista Paul Chambres substituem Henry e Pettiford

em “Bemsha”). A faixa-título, de cair o queixo, foi a responsável

pela necessidade de troca de músicos – era tão difícil que, depois

de 25 tentativas,não havia um único take completo.

A tensão é palpável na gravação, mesmo depois da edição

feita por Keepnews, mas o resultado foi a primeira obra-prima

dessa fase da carreira de Monk. Outros destaques são a suave

melodia de “Pannonica”, escrita para a amiga e patronesse de

Monk, a baronesa “Nica” Koenigswarter, e sua versão solo de

“I Surrender Dear”. AG

“Não estava tentando fazer algo difícil

de tocar. Apenas compus uma música que

se encaixava no que eu estava pensando.

Eu sabia que os músicos iam se esforçar,

porque era realmente boa.”

Thelonious Monk, 1965

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 32

Page 14: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Anos 1950 32 | 33

Sabu | Palo Congo (1957)

Selo | Blue Note

Produção | Alfred Lion

Projeto gráfico| Reid Miles

Nacionalidade | EUA

Duração | 40:52

Chano Pozo revelou a batida da conga afro-cubana ao jazz

quando tocava na orquestra de Dizzy Gillespie, no final dos anos

40. Dessa forma, ele abriu a porta para talentosos percussionistas

como Louis “Sabu” Martinez, que o substituiu na banda de

Gillespie depois da morte de Pozo, em 1948.

Equipado com mãos e espírito poderosos, Sabu triunfou

como músico de estúdio da Blue Note Records, trabalhando nos

discos Orgy In Rhythm e Holiday For Skins, de Art Blakey, entre

outros. Como músico principal em Palo Congo, ele deliciou o

público com uma variedade de batidas, se valendo de sua

herança espanhola,africana e indígena.

A gravação, coordenada pelo engenheiro de som Rudy Van

Gelder, capta a fúria da rumba cubana e estilos afins. Martinez

convidou uma banda que incluía a tres (uma guitarra cubana

com três cordas duplas) do produtivo Arsenio Rodriguez, um

pilar da salsa moderna, e Ray Romero, que havia tocado com

Miguelito Valdes. Os músicos, na maioria oriundos da banda de

Rodriguez, interagem com Sabu numa calorosa gravação analó-

gica, sem distorções. Apesar de ser mono, é tão bem equilibrada

que permite se ouvir individualmente a percussão, as vozes e o

baixo acústico.

Sabu abre cantando “El Cumbanchero”, de Rafael Fernandez,

uma melodia contagiante. A genialidade de Arsenio permeia

“Rhapsodia Del Maravilloso”, na qual introduz variações de “El

Manisero”. Sua tres tem um quê de soul e funk.

O próprio Sabu faz solos potentes de percussão em Palo

Congo, em meio a orações de santeria, num álbum que ilumina

suas raízes como nova-iorquino residente no El Barrio, no Harlem

espanhol. JCV

Lista de músicas

�01 El Cumbanchero (Hernandez) 5:38

�02 Billumba-Palo Congo (Martinez) 6:06

03 Choferito-Plena (Rios) 4:02

04 Asabache (Martinez) 4:22

05 Simba (Martinez) 5:55

�06 Rhapsodia Del Maravilloso (Martinez) 4:39

07 Aggo Elegua (Martinez) 4:28

�08 Tribilin Cantore (Martinez) 5:19

“Comecei tocando latas nos quintais.

Então, quando eu tinha 11 anos,

entrei para um trio e tocava na Rua 125

por 25 cents, a cada três noites.”

Sabu Martinez, 1968

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 33

Page 15: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

34 | 35 Anos 1950

Miles Davis | Birth Of The Cool (1957)

Selo | Capitol

Produção | Pete Rugolo

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 37:56

Lista de músicas

�01 Move (Best) 2:33

�02 Jeru (Mulligan) 3:13

03 Moon Dreams (MacGregor•Mercer) 3:19

�04 Venus De Milo (Mulligan) 3:13

�05 Budo (Davis•Powell) 2:34

06 Deception (Davis) 2:49

07 God Child (Wallington) 3:11

�08 Boplicity (Henry) 3:00

09 Rocker (Mulligan) 3:06

10 Israel (Carisi) 2:18

11 Rouge (Lewis) 3:15

12 Darn That Dream (DeLange•Van Heusen) 3:25

Ano de 1949: saído de baixo das asas de Charlie “Bird” Parker e

Dizzy Gillespie, Miles Davies, aos 24 anos, percebe que está

perdendo tempo ao tentar replicar os vôos harmônicos verti-

ginosos de seus mentores de bebop. A solução: juntar um bom

time de músicos de estúdio de Nova York e tentar reconstruir e

desconstruir o vocabulário bebop num espaço novo de impro-

visação. E espaço, para Miles, é o lugar fundamental de criação

nesta sua primeira sessão de jazz como líder de banda.

Entrelaçando os tons surdos de seu trompete com os arran-

jos orquestrais urbanos ao gosto de Gil Evans, Gerry Mulligan e

John Lewis, Miles dá forma a um harmônico cool jazz, que bebe

tanto da música clássica européia como do hot jazz do bebop ou

do ragtime. Seu solo de trompa, sem vibrato, na música de

abertura,“Move”, abre o caminho para uma série de poemas em

tom impressionista, uma resposta velada ao excesso de acordes

do bebop. Mas é uma música cool com balanço: é só ouvir Miles

interagindo com o leve sax alto de Lee Konitz em “Jeru”.

O fotógrafo Aram Avakian capta com precisão o jogo entre a

frieza controlada e o poder emocional concentrado na música de

Miles na simbólica foto da capa do disco. Os críticos também

identificaram a “quietude audaciosa” do álbum – o público, no

entanto, não gostou. O estilo cool foi deixado de lado até sua

ressurreição no revisionismo feito na Costa Oeste dos grupos de

meados dos anos 50. E Miles? Ele levou sua música cool para o

cinema, no filme Ascensor Para O Cadafalso (1957),de Louis Malle,

apurando esse estilo até chegar à sua obra-prima Kind Of Blue

(1959), numa carreira voltada para a colaboração musical e a

renovação da linguagem. MK

“Sempre tive curiosidade

de tentar coisas novas

na música.”

Miles Davis, 1962

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 34

Page 16: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

Machito | Kenya (1957)

Selo | Roulette Jazz

Produção | Ralph Seijo

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 35:46

Anos 1950 34 | 35

Nos anos 40, Machito e a sua orquestra criaram uma onda de

mambomania, misturando os ritmos afro-cubanos com o jazz

americano. Frank Grillo, conhecido como Machito, cantava e to-

cava maracas, enquanto o diretor musical Mario Bauza coordena-

va o cruzamento entre o som das primeiras big bands e a

estrutura musical cubana.

Bauza sonhava há muito tempo em fazer uma big band

latina, que fundisse o fogo das tradicionais orquestras cubanas

que ele ouvia em Havana, quando criança, com o balanço de

Duke Ellington, que conheceu no Harlem (aos 19 anos, Bauza

chegou ao Harlem e começou a tocar sax e trompete nas bandas

de Chick Webb,Don Redman e Cab Calloway).

Este álbum, uma jóia pouco valorizada, traz audaciosas

composições originais e arranjos de Bauza, René Hernandez,

que toca piano no disco, Chano Pozo e AK Salim (um destacado

compositor de jazz e arranjador). Os convidados especiais

Cannonball Adderley, Doc Cheatham e Joe Newman acrescen-

tam o seu talento como improvisadores em riffs elegantes ao

longo de refrões curtos mas belos.

Na faixa de abertura, “Wild Jungle”, fica claro por que os

percussionistas eram tão excepcionais. José Mangual (bongô),

Uba Nieto (címbalos), Candido Camero (conga) e Carlos “Patato”

Valdes (conga) impulsionam as músicas. “Holiday” e “Blues À La

Machito” fundem o blues e o swing, mostrando uma excepcional

coesão e interação da orquestra. “Tin Tin Deo” é uma vibrante

versão do clássico do jazz latino composto por Pozo.

A Machito Orchestra estabeleceu os marcos do que o jazz

latino poderia ser. Seu disco mais fortemente inspirado nos

ritmos africanos, Kenya, que é todo instrumental, atingiu o auge

da musicalidade do grupo. JCV

Lista de músicas

�01 Wild Jungle (Bauza•Hernandez) 2:46

02 Congo Mulence (Salim) 2:55

�03 Kenya (Bauza•Hernandez) 3:26

04 Oyeme (Salim) 3:11

�05 Holiday (Bauza•Hernandez) 2:46

�06 Cannonology (Salim) 2:29

07 Frenzy (Bauza•Hernandez) 2:40

�08 Blues À La Machito (Salim) 3:01

09 Conversation (Bauza•Hernandez) 2:55

� 10 Tin Tin Deo (Pozo) 2:55

� 11 Minor Rama (Salim) 3:01

12 Tururato (Salim) 3:10

.

“Quem tem ritmo tem tudo.

Sem ritmo, não se tem nada.”

Mario Bauza, 1992

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 35

Page 17: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

36 | 37 Anos 1950

Little Richard

Here’s Little Richard (1957)

Selo | Specialty

Produção | Bumps Blackwell

Projeto gráfico| Thadd Roark

Nacionalidade | EUA

Duração | 27:31

“A-wop-bop-a-Ioo-bop-a-Iop-bam-boom... tutti frutti, oh rootie!!”

No verão de 1955, o rock ’n’ roll explodiu em toda parte, e Fats

Domino, Ray Charles, Chuck Berry e Bo Diddly emplacavam um

sucesso atrás do outro nas paradas. Ansioso para surfar nessa

onda, Art Rupe, da Specialty Records, pediu a seu caçador de

talentos, Bumps Blackwell, que encontrasse um novo Ray Charles.

Sabendo onde procurar, Bumps rumou para o Sul e, no lendário

Dew Drop Inn, em Nova Orleans, achou um cantor e pianista de

jump blues extravagante (e assumidamente gay) chamado Little

Richard Penniman. Pouco tempo depois, já tinha convencido

Richard a gravar no pequeno estúdio de Cosimo Matassa, o J&M

Studio,onde fizeram história.

A palavra “transbordante” nem chega perto de descrever

a energia irreverente, quase insana, gravada por Richard, Bumps,

Cosimo e pelos músicos mais originais de Nova Orleans.

“Tutti Frutti” começou a subir nas paradas no mês seguinte e

foi seguida, em 1956, por “Long Tall Sally”, “Slippin’ And Slidin’”,

“Ready Teddy” e “Jenny Jenny”. Essa série de músicas enlou-

quecedoras foi reunida em Here’s Little Richard, que ainda

apresenta uma foto inesquecível de Richard na capa,em ação.

Totalmente clássico, Here’s Little Richard é seu LP mais

vendido. Pode ser difícil achá-lo em vinil, mas as músicas apa-

recem em vários CDs – o nome Specialty é a garantia de que se

trata das gravações originais e não de versões inferiores feitas

por Richard para muitos outros selos. Here’s Little Richard é a

célula-tronco do rock ’n’ roll – a partir deste álbum (e de meia

dúzia de outros incluídos neste livro) foi que o gênero

floresceu. ML

Lista de músicas

�01 Tutti Frutti (LaBostrie•Lubin•Penniman) 2:24

02 True Fine Mama (Penniman) 2:41

03 Can’t Believe You Wanna Leave (Price) 2:23

�04 Ready Teddy (Blackwell•Marascalco) 2:07

05 Baby (Penniman) 2:03

�06 Slippin’ And Slidin’ (Bocage•Collins) 2:38

�07 Long Tall Sally

(Blackwell•Marascalco•Penniman) 2:07

08 Miss Ann (Johnson•Penniman) 2:15

09 Oh Why? (Scott) 2:06

� 10 Rip It Up (Blackwell•Marascalco) 2:22

� 11 Jenny Jenny (Johnson•Penniman) 2:00

12 She’s Got It (Marascalco•Penniman) 2:25

“Eu faria de tudo no palco.”

Little Richard, década de 80

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 36

Page 18: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Lista de músicas

�01 El Cayuco (Son Montuno) (Puente) 2:33

02 Complicación (Aguabella) 3:18

�03 3-D Mambo (Mambo Jazz Instrumental)

(Santos) 2:23

04 Llegó Miján (Son Montuno) (Puente) 3:10

05 Cuando Te Vea (Guaguanco) (Puente) 4:10

�06 Hong Kong Mambo (Puente) 3:42

07 Mambo Gozón (Puente) 2:44

08 Mi Chiquita Quierre Bembé

(Cha Cha Cha Bembé) (Puente) 3:55

�09 Varsity Drag (Mambo Jazz International)

(Brown•DeSylva•Henderson) 2:48

� 10 Estoy Siempre Junto A Tí (Bolero) (Delgado) 3:10

11 Agua Limpia Todo (Guaguancó) (Aguabella) 2:55

12 Sacu Tu Mujer (Guaracha) (Puente) 3:02

Anos 1950 36 | 37

Tito Puente And His Orchestra

Dance Mania,vol.1 (1958)

Selo | BMG

Produção | Não consta

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 38:41

Quando Tito Puente morreu, em 2000, aos 77 anos, era co-

nhecido pelas gerações mais novas como o autor de “Oye Como

Va”, um clássico do rock/R&B regravado por Santana, e também

por ter aparecido no episódio do final de temporada do desenho

Os Simpsons. Mas, antes disso, o compositor, líder de banda e

mestre dos címbalos, era o Rei do Mambo. E Dance Mania, seu

disco mais vendido – e o primeiro que dedicou inteiramente à

música para dançar –,mostra o porquê.

Puente já tinha estado à frente de uma big band por mais de

uma década quando foi a Nova York para gravar Dance Mania. Os

amantes do jazz conheciam há tempos a síntese dançante que

esse porto-riquenho-americano fazia dos ritmos afro-cubanos,

dos princípios do jazz e das tradições musicais de seus ances-

trais. Agora, o resto do mundo estava começando a entender sua

música.

Dance Mania também marcou a estréia do vocalista da

banda de Puente, Santitod Colón, que, com sua voz sedutora,

podia incendiar ou seduzir o público. “EI Cayuco”, a faixa de

abertura, desliza pelas ruas dos subúrbios com um sincopado

bem orquestrado, instigado pelo hipnótico trabalho de Puente

nos címbalos e pelo toque destacado da trompa. Puente mostra

seu talento de percussionista em várias outras faixas extraordi-

nárias de estilos diversos: na instrumental “Hong Kong Mambo”,

ele toca marimba como gosta, enquanto na majestosa “Estoy

Siempre Junto A Ti” enquadra toda a música em seu vibrafone

fluido e,muitas vezes,contido. YK

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 37

Page 19: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

38 | 39 Anos 1950

Lista de músicas

�01 I’m A Fool To Want You

(Herron•Sinatra•Wolf) 3:23

02 For Heaven’s Sake

(Bretton•Edwards•Meyer) 3:26

�03 You Don’t Know What Love Is (Depaul•Raye) 3:48

�04 I Get Along Without You Very Well

(Carmichael) 2:59

05 For All We Know (Coots•Lewis) 2:53

06 Violets For Your Furs (Adair•Dennis) 3:24

�07 You’ve Changed (Carey•Fisher) 3:17

08 It’s Easy To Remember (Hart•Rodgers) 4:01

09 But Beautiful (Burke•Van Heusen) 4:29

� 10 Glad To Be Unhappy (Hart•Rodgers) 4:07

� 11 I’ll Be Around (Wilder) 3:23

Billie Holiday | Lady In Satin (1958)

Selo | Columbia

Produção | Irving Townsend

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 39:10

Será que Lady In Satin é apenas um retrato voyeurista de uma

artista em declínio ou um pedaço visceral da alma exposta de

uma das mais talentosas cantoras de jazz? Admitindo qualquer

uma dessas hipóteses, o fato é que o vigor das gravações da

“Lady Day” para a Verve, em 1930, já ia de longe sendo subs-

tituído pela amargura de uma cantora lutando contra o sério

vício em heroína. Holiday estava agora mais para uma senhora

de 70 anos do que para uma estrela de 40 tentando aos poucos

retomar a carreira, e o arranjador Ray Ellis não estava, a princípio,

nada satisfeito com sua voz cheia de falhas.

No entanto, ao desnudar standards como “You Don’t Know

What Love Is” e “Glad To Be Unhappy” até sobrar apenas a emo-

ção, Holiday canaliza seu orgulho junkie para os blues mais

sinceros já gravados. São canções-guia, diferentes de tudo que o

jazz já havia cantado antes: o amor é pintado como loucura,

desespero, resignação, com uma brutal honestidade. Não é

surpresa que este seja o disco favorito de Holiday e tenha se

tornado o testamento e o desejo final de um mito.

Os arranjos de cordas “acetinados” de Ellis parecem querer

expor as cicatrizes da voz de Holiday, mas, na verdade, acentuam

sua habilidade singular para colocar swing em qualquer

acompanhamento, mesmo os mais cafonas. Quando ela estica as

sílabas até um suspiro de reprovação em “I’m A Fool To Want You”,

é como se estivesse perdida nas suas próprias freqüências do

blues. Há algo de fascinantemente terrível neste álbum, tão

hipnótico e angustiante como assistir a um viciado se drogando.

Mas sem Lady In Satin não existiriam, nas décadas seguintes,

divas como Nina Simone ou Janis Joplin, dispostas a abrir seu

coração sem concessões. MK

“Tenho que adaptar a melodia

ao meu jeito de cantar.”

Billie Holiday, 1939

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 38

Page 20: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 39

Page 21: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

40 | 41 Anos 1950

Sarah Vaughan

Sarah Vaughan

At Mister Kelly’s (1958)

Selo | EmArcy

Produção | Bob Shad

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 37:00

Sarah Vaughan já era uma das mais adoradas divas do jazz

quando fez uma temporada de uma semana no Mister Kelly’s,

uma badalada casa noturna de Chicago, no verão de 1957. Ella

Fitzgerald se embrenhava cada vez mais no swing e Billie Holiday

mergulhava no lirismo, e nenhuma cantora de jazz se comparava

a Vaughan em sua voz impecável e suntuosa sonoridade. Uma

virtuose com total controle de diapasão, timbre e dinâmica, ela

usava sua rica voz de contralto como uma trompa, embelezando

as melodias com uma imaginativa estrutura de composição,

típica dos melhores improvisadores instrumentais do jazz.

Conhecida como “Sassy” por sua irreverência, Vaughan foi

uma peça-chave na criação do bebop, embora nem sempre

receba esse crédito. Ela funcionava melhor quando acompa-

nhada por poucos músicos e nunca cantou com um trio tão bom

quanto o que levou para o Mister Kelly’s, composto pelo subesti-

mado pianista Jimmy Jones, o monstro do baixo Richard Davis e

o moderno baterista de jazz Roy Haynes, que fazia um contra-

ponto perfeito para Vaughan com suas entradas peculiares e

luminosas.

O CD Sarah Vaughan At Mister Kelly’s, lançado em 1991 pela

EmArcy, justifica plenamente as reedições. Contém o dobro de

músicas do original. Vaughan está inefável em “September In

The Rain” e sensual em “Honeysuckle Rose”. Quando esquece a

letra em “How High The Moon”, tem presença de espírito e ofe-

rece alguns improvisos em homenagem a Ella Fitzgerald. AG

Jack Elliott

Jack Takes

The Floor (1958)

Selo | Topic

Produção | Bill Leader • Dick Swettenham

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 31:45

Este disco é uma faísca no motor da música moderna. Jack Takes

The Floor (mais tarde relançado com o nome de Muleskinner) foi

gravado sem formalidades na Topic Records, em Londres. Jack

inicia cada música com introduções lentas e oblíquas, e só isso já

vale o preço do disco. Sua técnica na guitarra era uma aula para

os “cantores de folk” que arranhavam as cordas na época, mas

também deixou marcas,mais adiante,na música popular em si.

O álbum junta um panteão de fontes então pouco conhe-

cidas – como Jesse Fuller, Reverend Gary Davis, canções dos

trabalhadores negros das fazendas e blues de penitenciária – e é

incrivelmente afiado. A beleza crua e sem enfeites de “Dink’s

Song” e “Black Baby” continua arrepiante. “Mule Skinner’s Blues”

e “San Francisco Bay Blues” se tornaram a marca registrada do

trabalho de Elliott.

Jack tocava com freqüência com Woodie Guthrie nos anos

50. Depois de se instalar em Nova York, em 1951, ele conheceu

um rapaz no quarto de hospital de Guthrie que, mais tarde,

anunciaria seu primeiro show na cidade em cartazes dizendo:

“Filho de Jack Elliott – Bob Dylan.” Em Chronicles, Dylan descreve

a primeira vez que ouviu este disco: “Parecia que eu tinha sido

jogado de repente no inferno... sua voz salta de todos os lados... e

ele toca a guitarra sem esforço,num estilo limpo e perfeito...”

Paul McCartney, Mick Jagger e Keith Richards também

reconheceram a influência de Jack. Uma pequena maravilha: este

álbum continua tão atraente como em 1958. SJar

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 40

Page 22: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Anos 1950 40 | 41

Em 1946, Norman Granz colocou Ella Fitzgerald, então com 28

anos, sob sua proteção, escalando a cantora para participar de

uma série de shows organizada por ele só com estrelas do jazz,

conhecida como Jazz At The Philharmonic. No entanto, a fama de

Ella só se tornou incontestável quando Granz a contratou, pelo

seu selo Verve, para fazer uma coleção de álbuns com a obra dos

melhores compositores americanos – entre eles Richard Rodgers

e Duke Ellington.

Se um pouco da malícia de Cole Porter se perdeu na

interpretação de Ella Fitzgerald, e nem todas as músicas de

Rodgers e Hart mereceram sua atenção, as melodias incompará-

veis de Gershwin e o jeito à vontade de cantar da diva foram

feitos um para o outro. A terna “Oh, Lady, Be Good!” é uma

revelação, uma interpretação próxima às aulas de scat que Ella

daria em seus shows durante anos; a lenta “Embraceable You” é,

da mesma forma, envolvente. Mas é nas músicas rápidas que ela

brilha. O swing que Ella emprestava, sem esforço, a tudo o que

cantava encontra o seu melhor em “Clap Yo’ Hands”, “Bidin’ My

Time” e na deliciosa “‘S Wonderful”; vale ouro o tempero que ela

acrescenta à contraposição boba de salsaparilla/sasparella dos

versos de Ira Gershwin em “Let’s Call The Whole Thing Off”. Riddle,

no auge de sua criatividade depois de vários discos com Frank

Sinatra, mostra-se inspirado. Este álbum é o melhor da coleção

Song Book e apresenta a seleção definitiva da obra daquele que

é, talvez,o compositor americano definitivo. WF-J

Ella Fitzgerald

Sings The Gershwin

Song Book (1959)

Selo | Verve

Produção | Norman Granz

Projeto gráfico| Bernard Buffet

Nacionalidade | EUA

Duração | 194:10

Ray Charles

The Genius

Of Ray Charles (1959)

Selo | Atlantic

Produção | Nesuhi Ertegun

Projeto gráfico | Marvin Israel

Nacionalidade | EUA

Duração | 37:58

Durante os anos 50, Ray Charles não conseguia sentar ao piano

sem inventar um novo estilo de música. Embora tenha se

tornado conhecido do mainstream (ou melhor,dos brancos) com

o sucesso comercial de “What’d I Say”, Charles era um veterano do

circuito de música negra dos EUA e havia desenvolvido ao longo

do caminho uma fusão revolucionária de blues, jazz, R&B e

gospel. Quando ele lançou o seu terceiro LP, a soul music já tinha

as digitais desse monstro sagrado.

A classificação dos gêneros musicais parecia fútil, portanto,

quando Charles entrou no estúdio, no final de 1959. Na essência,

ele era um inventor dos sentidos. The Genius... começa com força,

com uma apimentada série de seis músicas ao melhor estilo das

big bands,da qual se destacam os metais elegantes e as linhas de

baixo de “Let The Good Times Roll”e “Alexander’s Rag Time Band”.

Com arranjos de Quincy Jones e acompanhamento de alguns

dos integrantes das bandas de Count Basie e Duke Ellington, este

disco tornou Charles responsável pela música mais bem elabo-

rada da época.

No lado B, Charles pegou um rumo mais sedutor, com uma

série de baladas ancoradas por um naipe de cordas deslum-

brante e um coro de vozes de sereias. Seu domínio musical em

clássicos como “Just For A Thrill”e “Come Rain Or Come Shine”era

admirável para alguém ainda na casa dos 20 anos, e marcou

tanto sua vontade como sua capacidade de transcender os

gêneros sem esforço. MO

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 41

Page 23: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

42 | 43 Anos 1950

Lista de músicas

�01 So What (Davis) 9:25

02 Freddie Freeloader (Davis) 9:49

03 Blue In Green (Davis) 5:37

04 All Blues (Davis) 11:35

�05 Flamenco Sketches (Davis) 9:26

Miles Davis | Kind Of Blue (1959)

Selo | Columbia

Produção | Irving Townsend

Projeto gráfico| Jay Maisel

Nacionalidade | EUA

Duração | 45:52

Às vezes, a badalação exagerada em cima de um álbum o

sufoca. Adjetivos fáceis como “clássico”, “inovador” ou “marcan-

te” são atribuídos por aí com muita facilidade e, em meio a isso,

pode-se perder o verdadeiro valor do material original. Ainda

bem que Kind Of Blue não precisa dessa advertência – trata-se

de um momento que definiu um gênero musical do século 20 e

ponto final.

Davis tocava com o saxofonista John Coltrane desde 1955

e, nos anos seguintes, eles afiaram sua música até chegar a Kind

Of Blue.

Gravadas no estúdio da Columbia, na 30th Street, em Nova

York, as cinco faixas ocuparam duas sessões de nove horas, um

tempo notável para uma banda que nunca tinha visto as par-

tituras antes – um truque usado com freqüência por Davis para

fazer os músicos se concentrarem mais em suas performances. Ele

também acreditava em poucos ensaios e,assim,conseguia levar os

instrumentistas a uma brilhante espontaneidade.

Desde a abertura em meio-tempo de “So What”, o álbum

apresenta um leque variado de estilos, como a espantosa “Blue In

Green”,com Wynton Kelly tocando piano suavemente para acom-

panhar os lamentos do trompete de Davis, e a languidez da espa-

nholada “Flamenco Sketches”. A banda estava tão afinada que

foram necessários apenas seis takes para gravar as cinco faixas –

apenas “Flamenco Sketches”precisou de uma nova rodada.

O álbum foi celebrado desde o lançamento. Mas nem Miles é

infalível. Três faixas foram gravadas no tom errado (o que seria

consertado mais tarde, nos relançamentos). Como se alguém

tivesse notado. SJac

“Não ligo para o que os críticos

falam de mim, seja bem ou mal.

Eu sou o meu crítico mais exigente...

sou vaidoso demais para tocar qualquer

coisa que não considere boa.”

Miles Davis, 1962

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 42

Page 24: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 43

Page 25: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

44 | 45 Anos 1950

Lista de músicas

�01 Big Iron (Robbins) 4:03

02 Cool Water (Nolan) 3:16

03 Billy The Kid (Trad., arr. Robbins) 2:25

04 A Hundred And Sixty Acres (Kapp) 1:47

05 They’re Hanging Me Tonight (Lowe•Wolpert) 3:11

�06 The Strawberry Roan (Trad.) 3:30

�07 El Paso (Robbins) 4:26

08 In The Valley (Robbins) 1:53

09 The Master’s Call (Robbins) 3:13

10 Running Gun (J. Glaser•T. Glaser) 2:17

11 The Little Green Valley (Robinson) 2:32

12 Utah Carol (Trad.) 3:18

Martin Robinson reclamou muitas vezes de sua infância infeliz.

Uma coisa boa que ela lhe ensinou, porém, foi amar o Oeste

americano. Robinson foi criado na empoeirada Glendale, no

Arizona, e saía escondido do irmão, com quem trabalhava como

tratador de cavalos, para ver os filmes de Gene Autry. Depois de

vários sucessos comerciais durante os anos 50 (incluindo “Singing

The Blues”, que chegou ao primeiro lugar nas paradas ao mesmo

tempo na voz de Robinson e na versão de Guy Mitchell), e

rebatizado como Robbins, ele resgatou a influência do western

para lançar este disco, que quebrou padrões e estabeleceu novas

referências.

Gravado num único dia com uma banda pouco conhecida

mas bem azeitada, Gunfighter Ballads And Trail Songs é uma

homenagem ao Velho Oeste. Algumas faixas cantam histórias

tradicionais, em particular “Billy The Kid” e “The Strawberry Roan”.

O que destaca este disco são as quatro músicas escritas por

Robbins, cantadas daquele seu jeito suave e inconfundível. “Big

lron” é uma canção que evoca de forma maravilhosa o Oeste

mitológico das telas de cinema, que foi apresentado a Robbins

por seu avô, um patrulheiro do Texas, quando ainda era criança.

“El Paso” é a história, contada na primeira pessoa, de como

Robbins atirou num forasteiro numa disputa pelo amor de uma

mexicana. Essa música ganhou o primeiro Grammy concedido a

uma canção country; o LP serviu de modelo para um sem-

número de álbuns country lançados depois.

Robbins continuou a fazer sucesso: nas paradas, claro, mas

também como ator, apresentador de TV, escritor (lançou o livro

The Small Man) e piloto de stock-car. WF-J

Marty Robbins

Gunfighter Ballads And Trail Songs (1959)

Selo | CBS

Produção | Don Law

Projeto gráfico| Howard Fritzson

Nacionalidade | EUA

Duração | 35:53

“Eu desprezo o trabalho honesto.”

Marty Robbins, 1982

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 44

Page 26: 006 1001 Discos BR 50s - imagens.travessa.com.brimagens.travessa.com.br/capitulo/SEXTANTE/1001_DISCOS_PARA_OUVIR... · novo formato, exótico para a época. Inicialmente lançado

.

Anos 1950 44 | 45

The Dave Brubeck Quartet

Time Out (1959)

Selo | Columbia

Produção | Teo Macero

Projeto gráfico| Não consta

Nacionalidade | EUA

Duração | 38:21

A última coisa que Dave Brubeck esperava quando entrou no

estúdio, em 1959, com uma pilha de músicas mal-ajambradas

era fazer sucesso. O pianista de óculos já tinha construído um

invejável império de fãs com seus concertos pioneiros em

universidades. Um experimentador cheio de vida, que nunca

deixou a popularidade interferir em sua inspiração, Brubeck

gravou um dos mais populares discos de jazz de todos os

tempos com um material que não valia muito, para dizer o

mínimo.

Na faixa “Take Five”, concebida previamente no compasso

5/4, pouco apropriado ao swing, o pianista se mantém num

improviso percussivo permanente, enquanto o sax alto de Paul

Desmond navega em uma linha sinuosa. Muitas vezes, Brubeck

não é a estrela do trabalho. Poucos se lembram que Desmond –

que, com seu estilo seco, teve um papel importante no sucesso

do quarteto – é o autor desse inesquecível hit. Da mesma forma,

é fundamental a bateria segura de Joe Morello e a solidez do

baixo de Eugene Wright, que transformaram um material difícil

como “Blue Rondo À La Turk”, no compasso 9/8, e “Three To Get

Ready”, que oscila entre 3/4 e 4/4, em uma matéria-prima funda-

mental do jazz. É bom lembrar que, nessa época, John Coltrane,

Cecil Taylor e Ornette Coleman estavam abrindo os caminhos do

free jazz.

Na lógica defensiva dos críticos de jazz, Brubeck muitas vezes

foi considerado maldito, e perdeu ainda mais valor com o

sucesso que Time Out fez entre o público em geral. Mas o álbum

continua vendendo bem até hoje e, apesar de seu uso excessivo

em anúncios, representa um feito fascinante. AG

Lista de músicas

�01 Blue Rondo À La Turk (Brubeck) 6:44

02 Strange Meadow Lark (Brubeck) 7:22

�03 Take Five (Desmond) 5:24

04 Three To Get Ready (Brubeck) 5:24

05 Kathy’s Waltz (Brubeck) 4:48

06 Everybody’s Jumpin’ (Brubeck) 4:23

07 Pick Up Sticks (Brubeck) 4:16

“Espero pelo dia em que tiver

gravado tudo o que compus,

mas acho que esse dia não vai chegar.”

Dave Brubeck, 2002

006 1001 Discos BR 50s 5/29/07 2:57 PM Page 45