RESUMO · XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto SP – 17 a...

14
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto SP – 17 a 19/06/2016 Jornalismo, Afetos e a Cidade: Inventário Afetivo de Jornais Impressos Marianenses 1 Ana Carolina Vieira DO AMARAL 2 Karina Gomes BARBOSA 3 Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana MG RESUMO Neste artigo, investigamos as maneiras pelas quais o jornalismo atua na construção e circulação de afetos em Mariana. Partimos da ideia de que os afetos são devires não humanos do homem, encontros e entrelaçamentos de sensações entre objetos, sujeitos, com intensidade marcada em instantes. Assim, os jornais de Mariana atuam como condutores/objetos de afeto, que os constroem e os veiculam periodicamente. O artigotraça as primeiras pistas de uma cartografia e inventário amplos das relações afetivas propostas pelos jornais e efetivadas por meio das construções textuais desses veículos. Compreendemos que os jornais podem se constituir em objetos ou condutores de afetos, tratandose de movimentos, instantes e intensidades compartilhadas e experienciadas entre sujeitos, por sujeitos e objetos, que os unem, mas também distanciam, como forças de intensidades distintas. PALAVRASCHAVE Jornalismo; jornal impresso; afetos; estudos culturais; Mariana. 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Uma das palavras correntes e constantes para definir o atual estado de coisas do jornalismo impresso, sobretudo do jornal, é crise. Seja em referência à práxis jornalística ou ao modelo de negócios, é comum afirmar que há uma crise do jornal impresso ou do modelo de negócio deste. Advém daí a previsão de que o jornal irá acabar em um futuro próximo – há perspectivas de até 50 anos ou menos para o papel. Os números, de fato, não soam animadores. Em 2015, grandes jornais brasileiros, como Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo 1 Trabalho apresentado no IJ 01 – Jornalismo do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste realizado de 17 a 19 de junho de 2016. 2 Graduando do Curso de Jornalismo do ICSA UFOP, email: [email protected] 3 Orientadora do trabalho. Professora Doutora do Curso de Jornalismo do ICSAUFOP, email: [email protected] 1

Transcript of RESUMO · XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto SP – 17 a...

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

Jornalismo, Afetos e a Cidade: Inventário Afetivo de Jornais Impressos Marianenses 1

Ana Carolina Vieira DO AMARAL 2

Karina Gomes BARBOSA 3

Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana­ MG

RESUMO

Neste artigo, investigamos as maneiras pelas quais o jornalismo atua na construção e circulação de afetos em Mariana. Partimos da ideia de que os afetos são devires não humanos do homem, encontros e entrelaçamentos de sensações entre objetos, sujeitos, com intensidade marcada em instantes. Assim, os jornais de Mariana atuam como condutores/objetos de afeto, que os constroem e os veiculam periodicamente. O artigotraça as primeiras pistas de uma cartografia e inventário amplos das relações afetivas propostas pelos jornais e efetivadas por meio das construções textuais desses veículos. Compreendemos que os jornais podem se constituir em objetos ou condutores de afetos, tratando­se de movimentos, instantes e intensidades compartilhadas e experienciadas entre sujeitos, por sujeitos e objetos, que os unem, mas também distanciam, como forças de intensidades distintas.

PALAVRAS­CHAVE

Jornalismo; jornal impresso; afetos; estudos culturais; Mariana.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Uma das palavras correntes e constantes para definir o atual estado de coisas do

jornalismo impresso, sobretudo do jornal, é crise. Seja em referência à práxis jornalística ou ao

modelo de negócios, é comum afirmar que há uma crise do jornal impresso ou do modelo de

negócio deste. Advém daí a previsão de que o jornal irá acabar em um futuro próximo – há

perspectivas de até 50 anos ou menos para o papel. Os números, de fato, não soam animadores.

Em 2015, grandes jornais brasileiros, como Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo

1 Trabalho apresentado no IJ 01 – Jornalismo do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste realizado de 17 a 19 de junho de 2016. 2 Graduando do Curso de Jornalismo do ICSA­ UFOP, email: [email protected] 3 Orientadora do trabalho. Professora Doutora do Curso de Jornalismo do ICSA­UFOP, email: [email protected]

1

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

realizaram significativos cortes nas redações. Em 2016, a imprensa mineira tem realizado

demissões, atrasado pagamentos de salários, burlado o depósito de direitos trabalhistas como

recisões demissionais, como Estado de Minas e Hoje em Dia.

Veículos desse porte representam os grandes centros urbanos do Centro­Sul, eixo

prioritário onde é produzida e por onde circula a informação jornalística brasileira. Jornais como

os paulistas, cariocas e mineiros das capitais produzem o grosso do noticiário político e

econômico que abastece o circuito de informações que transita pelo país. Ao mesmo tempo, por

conta da localização geográfica, dos custos de cobertura, dos critérios de noticiabilidade e dos

perfis editoriais, produzem informações sobre seu próprio eixo.

De fato, no interior do Brasil não é produzido nenhum dos dez maiores jornais do país 4

(em circulação paga). A primeira publicação de fora de uma capital a figurar na lista do Instituto

Verificador de Circulação (IVC) é de Novo Hamburgo (o jornal dominicalABC Domingo), com

66 mil exemplares. Em muitas delas sequer há jornais auditados pelo instituto. Contudo, segundo

Toni André Vieira,

numericamente, os veículos de comunicação do interior são bem mais significativos que os dos grandes centros. Empregam mais pessoas e, em vários casos, possuem uma maior sobrevida. São inúmeros os títulos impressos que existem há mais de 100 anos em todo o interior do Brasil. (VIEIRA, 2002, p. 2)

Percebe­se, assim, que, embora não constituam o maior volume de circulação, os jornais

do interior do país têm importância para a empregabilidade de milhares de pessoas e também,

sobretudo, para fazer circular fora dos grandes centros informações jornalísticas que dizem

respeito aos milhões de brasileiros que vivem em pequenas cidades, não nos grandes centros

urbanos. Esse rico contexto de produção e circulação de informações jornalísticas muitas vezes

não é acompanhado de investimentos, qualidade na produção e nas rotinas produtivas

encontradas nas grandes redações, assim como na repercussão do material produzido, mas conta,

segundo Vieira, com mais aproximação entre jornalistas e o público. O pesquisador propõe um

modelo de jornalismo que resgate “as cenas vivas do complexo acontecer das cenas sociais

cotidianas” por meio de veículos de “comunicação local” que primam pela “proximidade

4 De acordo com dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) relativos aos anos de 2010, 2011, 2012 e, parcialmente, 2013 (apenas os cinco primeiros meses).

2

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

destacada” (2002, p. 8). Trata­se, portanto, de um panorama jornalístico muito distinto: jornais

numericamente importantes mas subsumidos no panorama de relevância midiática, investimentos

publicitários e circulação paga.

O panorama jornalístico da cidade de Mariana é bastante próximo ao descrito por Vieira.

A primaz de Minas Gerais possui, desde o século XIX, posição de destaque no campo do

jornalismo do estado. Já em 1860, integrava o “diminuto território mineiro, compreendido entre

Pouso Alegre e Diamantina, passando por Campanha, São João del­Rei, Tiradentes (na época

São José Del­Rei), Barbacena, Ouro Preto, Mariana e Sabará” (CAMISACA, VENÂNCIO,

2007, p. 4) que possuía meios de comunicação. Em 1873, foi fundado na cidade o religioso O

bom ladrão.

No século XXI, a imprensa marianense (produzida em Mariana ou nos municípios

próximos e que circula regularmente na cidade) não desfruta de nenhum jornal de circulação

diária. Entre os títulos mais difundidos pela chamada Região dos Inconfidentes estão Ponto

Final, O Espeto, O Liberal, Folha Marianense e O Mundo dos Inconfidentes. Os semanários da

cidade, de Ouro Preto ou de Itabirito possuem filiações políticas perceptíveis, ainda que não

explicitadas; são desprovidos de redações profissionais ou têm equipes bastante reduzidas para a

produção do material, muitas vezes capitaneada por estagiários do curso de Jornalismo da

Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), situado em Mariana; o conteúdo, muitas vezes,

apresenta deficiências em relação ao que se compreende como modelos jornalísticos

profissionais, bem como se distancia das convenções jornalísticas consagradas no produto

impresso. Malaco et al. apontam diagnóstico nesse sentido:

Observamos que devido à falta de um dispositivo crítico, as notícias apresentavam defasagem informativa, principalmente por: não responderem as questões básicas dolead, falta de pluralidade de fontes, escassez na disciplina de verificação, entre outras questões fundamentais para a prática de um jornalismo realmente preocupado com seu compromisso público. (MALACO ET AL, 2012, p. 2, grifos originais)

Além dos jornais comerciais, há classificados impressos (Panfletu's), jornais de cunho

religioso, como o veículo da arquidiocese (Jornal Pastoral), institucionais, como o jornal da

prefeitura de Mariana (O Monumento), e o jornal­laboratório do curso de Jornalismo da

Universidade Federal de Ouro Preto, Lampião, reconhecido por ser o único de perfil

independente na região. Assim, pode o jornal acabar, mas hoje, no interior do país, ele viceja,

3

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

sob as condições possíveis. É sobre tal panorama de jornalismo impresso que este artigo se

debruça, mais especificamente sobre um desses jornais marianenses, oPonto Final, "jornal local

de maior circulação na cidade de Mariana" (MALACO ET AL, 2012, p. 5), que mantém poucos

jornalistas na estrutura de produção e constantemente emprega estagiários da Ufop nos quadros.

Como muitos veículos da região, "mantém contratos com a Prefeitura para a divulgação das

ações feitas por essa (...) quando a Prefeitura, a Câmara dos Vereadores e outros órgãos

encaminham releases às redações dos jornais, tem­se um acordo comercial, o material é cobrado

para ser inserido, e parece muitas vezes entrar como publicidade" (QUEIROZ; VIEIRA, 2014, p.

26). O jornal circula há 22 anos e, atualmente, tem tiragem divulgada de 2 mil exemplares, que

circulam às sextas­feiras com, em média, 20 páginas. É vendido em padarias e outros

estabelecimentos comerciais da cidade por R$ 1.

Nosso interesse sobre o jornalismo marianense diz respeito à capacidade do jornalismo –

e dos jornais, portanto – de atuarem como condutores/objetos de afetos em Mariana. A partir da

ideia de que os afetos (afectos, na perspectiva deleuziana) são devires não humanos do homem

(DELEUZE E GUATTARI, 2010), encontros e entrelaçamentos de sensações entre objetos,

sujeitos, o jornalismo possui papel importante em fazer circular tais afetos, e mesmo como objeto

de afeto. Trata­se de compreender o jornalismo como um regime estético (RANCIÈRE, 2009),

composto por “blocos de sensações, isto é, um composto de perceptos e afectos” (DELEUZE E

GUATTARI, 2010, p., 193, grifo original); afetos que, por sua vez, transbordam a força de

sentimentos e dos que são atravessados por tais sentimentos, num constante tornar­se composto

de contiguidades, enlaçamentos “entre duas sensações sem semelhança ou, ao contrário, no

distanciamento de uma luz que capta as duas num mesmo reflexo” (p. 205), não absolutamente

distinguíveis; estados.

E por que o afeto? Tratada como umturnrecente nas ciências humanas e sociais, a virada

afetiva se concentra em tratar o afeto como categoria epossibilidade de conhecimento, autônomo

ou não, mas capaz de atestar as sensações dos sujeitos. Pensar o jornal impresso a partir deatos

se coaduna com a proposta de Lopes acerca do papel do afeto na comunicação: “a necessidade de

resgatar o afetivo (...) como possibilidade de comunicação”. O que se coloca em evidência são as

“experiências dos sujeitos contemporâneos” (2007, p. 24­25). Para o autor, a partir da

4

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

perspectiva dos Estudos Culturais, a experiência se inscreve em solo sócio­histórico e se

apresenta como aquilo que buscamos explicar, aquilo sobre o qual se produz conhecimento.

Narrativa é palavra­chave nessa apreensão que se encontra entre os Estudos Culturais e o

pragmatismo: “a experiência se faz fluxo a ser narrado, compartilhado”, no que se denomina ato

social. Para Lopes, “o ato de narrar implica um uso afetivo, num contexto indissociado do

mercado” (2007, p. 28­29). Ele se refere a fluxos narrativos, e defendemos a possibilidade dessa

apropriação afetiva da experiência, por meio da narrativa, para o universo do jornalismo

impresso. Coloca­se, aí, então, o problema que este artigo busca responder: Quais são os afetos

circulados, ou quais afetos fazem circular, (n)as narrativas veiculadas no jornalismo

marianense efetivado pelo Ponto Final? Nosso objetivo central é compreender como o

jornalismo impresso comercial produzido na cidade de Mariana propõe e circula afetos. Como,

enfim, as narrativas veiculadas por esses jornais circulam ou constroem afetos, e as maneiras

pelas quais tais afetos manifestam diferença e também mecanismos de reprodução social

(HEMMINGS, 2005, p. 551).

2. AFETO E JORNALISMO IMPRESSO

Para atingir este objetivo, é mister compreender a relação do campo da comunicação com

a categoria do afeto, empreendendo um estado da arte dos estudos a esse respeito, como as

aproximações já realizadas por Cremilda Medina, Muniz Sodré e outros. Para além disso, e

paralelamente a isso, uma tentativa – entre tantas – de epistemologia do afeto (dos afetos) se faz

necessária para situá­lo além do senso comum do que é afetivo ou sentimental, em um corpo de

reflexão que remonta a Spinoza e, atualmente, tem sido palco de debates e profícuas análises,

sobretudo no campo culturalista.

O produto jornal impresso desdobra­se em tempo e espaço, mapa de territorialidades que

presentifica constantemente os acontecimentos (MOUILLAUD, 2012) e, assim, seu estudo ajuda

a configurar e visualizar certos cortes temporais e espaciais – quais são os afetos veiculados no

Ponto Final e de que maneira eles dizem do hoje e aqui da cidade; instantâneos, momentos,

instantes (DELEUZE E GUATTARI, 2010). Tal mapa é, também, um zoom in, uma

aproximação, da comunidade marianense, por meio do jornalismo, atividade de pesquisa que

5

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

parte de um lugar de fala não apenas do sujeito de pesquisa, mas também do objeto e dos sujeitos

da comunidade em que o pesquisador atua, compreendida como um lócus de compartilhamento

(BAUMAN, 2003) – de identidades, memórias e, também, afetos.

Finalmente, tomamos como premissa uma prática de jornalismo que seja conceitualmente

assentada nas dimensões humanísticas, temporais e mesmo nas ligações umbilicais entre

jornalistas e comunidades, mas que sobretudo reconheça o papel do afeto no amplo sistema de

conhecimentos, técnicas, que constitui o jornalismo como campo do conhecimento, práxis,

objeto de pesquisa e ensino.

Nesse contexto, o jornalismo local impresso como o efetivado pelo Ponto Final também

deve ser pensado em articulação com o cenário midiático nacional, especialmente o cenário do

jornalismo impresso. A mais recente Pesquisa Brasileira de Mídia, divulgada pela Presidência da

República (BRASIL, 2014, p. 7) indica que no contexto atual da mídia nacional, o brasileiro

ainda considera que “os jornais são os veículos mais confiáveis” ­ 58% dos brasileiros e 71% dos

mineiros confiam muito ou sempre nos veículos. A PBM apresenta uma informação relevante

sobre a atenção dedicada à leitura do jornal:

Mesmo que sejam baixas a frequência e a intensidade de leitura de jornais e revistas, eles são os meios de comunicação com maior nível de atenção exclusiva. Entre os leitores de jornal, 50% disseram não fazer nenhuma outra atividade enquanto o consome. (BRASIL, 2014, p. 8)

De todo modo, não se pode desconsiderar o fato de que 76% dos entrevistados pela PBM

não leem jornal (dos que leem, 79% o fazem apenas na versão impressa ­ 81% em Minas

Gerais), bem como os índices de leitura são menores quanto menores são os municípios. Numa

cidade como Mariana, com cerca de 58 mil habitantes segundo dados do IBGE Cidades,

estima­se que 81% dos habitantes não leem jornais, e 5% o fazem uma vez por semana. Quando

abrem um jornal, buscam se informar sobre a cidade (28%).

É um cenário complexo, rico e desafiador. O produto jornal impresso vive panoramas

distintos nos grandes centros e nas pequenas cidades; nos locais com altos níveis de acesso à

internet e nas localidades com baixa penetração e velocidade da rede. A partir dessas e outras

distinções contextuais, esse mapeamento de afetos contribui para ampliar os conhecimentos

acerca de uma mídia que tem perdido importância para outros meios, outros suportes, mas ainda

6

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

é a principal forma de se informar em muitas localidades: é confiável, estável, reconhecível,

tradicional.

3. METODOLOGIA

Como prática de análise cultural, aderimos à área de Estudos Culturais, que

epistemológica e metodologicamente constitui­se como campo paradoxal, cujos estudos se

debruçam, por vezes, sobre elementos “contraditórios, equívocos e polémicos” (BAPTISTA,

2009, p. 452). Essa teia se explica devido à intrínseca complexidade dos fenômenos culturais.

Nos coadunamos com Otto Groth quanto à natureza do jornal: “são obras culturais” (2011, p.

33). Como obra cultural, se presta à investigação que enfatiza a “produção contextual,

multidimensional e contingente do conhecimento cultural, procurando reflectir nos resultados da

sua investigação e complexidade e o carácter dinâmico e até, frequentemente, paradoxal do

objeto cultural que abordam” (BAPTISTA, 2009, p. 452). A “análise cultural faz convergir

princípios e preocupações académicas com uma exigência de intervenção cívica, ou seja, articula

inquietações simultaneamente teóricas e preocupações concretas com a polis” (2009, p. 453,

grifo original).

Pela natureza dos objetos e do olhar infligido sobre eles, a análise cultural é,

majoritariamente, qualitativa. Pode­se enquadrá­la em um conjunto de investigações dos modos

de construção política e social de identidades – aqui, identidades locais, comunitárias – por meio

dos afetos que circulam entre o jornalismo e tais sujeitos, criando um regime estético de

fruição/consumo/leituras/experiências do jornal impresso. Se nos debruçamos sobre os textos,

compreendemo­los como histórias que buscam fornecer explicações para o mundo – narrativas

(2009, p. 452) – mas também como pontos de ancoragem em busca de uma abordagem

cartográfica dos sujeitos, objetos e afetos (DELEUZE E GUATTARI, 2010), tendo em conta que

tais afetos se relacionam ao poder, classe, gênero, raça, etnia, identidade, lugar, ou seja, estão

contextualizados nas narrativas sociais e nas relações de poder (HEMMINGS, 2005).

O que Deleuze propõe são mapas de intensidade, tendo em vista que os afetos

constituem­se como instantes, distenções e forças em determinado tempo. Na visão de

Hemmings, é possível conceber ciclos afetivos que formam padrões; estes devem ser descritos

7

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

não como uma série de repetições (corpo, afeto, emoção), mas como cadeia contínua, sempre se

alterando e influenciando a capacidade de ação do sujeito para agir no mundo (HEMMINGS,

2005, p. 564). Bennett evoca a imagem da espiral, padrões ou conjuntos reconhecíveis de sons,

cheiros, gostos, formas, cores e texturas (imagens e narrativas); certos tipos de repetição que nos

engajam a percepção. A partir de Deleuze, ela evoca a imagem de espirais de repetição, em que

cada nova volta possibilita novas formações e novas imagens, identidades e movimentos

(BENNETT, 2001): a repetição espiral é a capacidade transformativa do fenômeno afetado.

Na lógica da análise cultural, há o de outras práticas discursivas capazes de desvelar a

multiplicidade de elementos que constituem as identidades dos sujeitos e das comunidades. Para

a realização específica da análise, o privilégio é dado ao uso de fontes diversas e de técnicas e

métodos variados, situando objetos particulares – contextualizando­os, pontuando­os e

reconhecendo a incapacidade de oferecer explicações gerais acerca dos fenômenos culturais, mas

somente no tempo e no espaço (em um tempo e um espaço), atravesados pelas relações sociais,

afetivas e de poder.

Nos valemos, desse modo, da bricolagem como método de pesquisa para abordar os

fenômenos ora em estudo. De acordo com Kincheloe, a bricolagem diz respeito ao uso de

múltiplos métodos na pesquisa e à tentativa de sintetizar desenvolvimentos contemporâneos na

teoria social, na epistemologia e na interpretação contemporâneas (KINCHELOE, 2001, p. 680).

Indissociada, portanto, da noção de interdisciplinaridade e do reconhecimento das limitações de

métodos singulares de pesquisa diante de um quadro fragmentado, incerto e instável das ciências

atualmente. Qualquer bricolagem reconhece, como os Estudos Culturais, que todo objeto de

pesquisa é inseparável de seu contexto (2001, p. 682). Ainda assim, associa­se ao rigor da

pesquisa tradicional, no que Kincheloe chama de sinergia no uso de diferentes métodos de

pesquisa e perspectivas interpretativas na análise cultural.

É a partir da perspectiva da bricolagem, das múltiplas perspectivas, que buscamos aliar a

análise contextualiza à cartografia deleuziana dos afetos por meio de mapas de intensidade. Essa

abordagem nos auxilia no que se considera “inventário” afetivo para as teorias do afeto

(SEIGWORTH e GREGG, 2010, p. 11), a partir da perspectiva de Barthes. “Essa é uma paixão

pela diferença como contínua, brilhante gradação de intensidades. Realizando um inventário (de

8

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

singularidades). E no intervalo, a tensão: descortinando uma pato­logia (de “ainda nãos”)"

(Idem).

4­ AFETOS E O JORNALISMO LOCAL

Nas últimas décadas, as formas de vida urbana e o tamanho das aglomerações

modificaram a percepção da identidade local dos habitantes e empurram a imprensa para uma

compreensão detalhada do que seria informação local (TETÚ,1997). Nesse contexto,

comunicação e territorialização caminharam ambas, paralelamente, com o caráter de valorizar as

relações de comunicação que se instauram em um determinado grupo social, afirma Tétu. Assim,

esta informação local toma por objetos, homens integrados nesse sistema e exclui aqueles que

não o integram, ressaltando a comunicação oral, ou seja, relatos de acontecimentos locais que

envolvam a participação de figuras que são institucionalizadas na localidade (TETÚ, 1997).

Seguido este viés, oPonto Final é um jornal local de grande representatividade na cidade

de Mariana e que, preferencialmente, aborda questões relacionadas à localidade e ao vínculo

presente entre o “privado” e o “público” . Dessa forma, apesar das dificuldades em identificar 5

matérias devido à falta de padronização jornalística , a presença de afetos, de acordo com a 6

definição deleuziana, foi percebida e classificada de forma a montar um mapa de intensidade nos

quais determinados afetos se repetem, como refrões, e dão personalidade ao jornal. Nossa

percepção se construiu a partir de pares afetivos em ressonância. Partindo da classificação

proposta por Spinoza (2012), extrapolando­a, os pares de afetos que configuram este mapa são

cobrança/ reparação e bem estar/ nostalgia, afetividades que serão explicadas posteriormente.

A tendência contemporânea de reforçar um panorama na qual a psicologia da felicidade

se sobressai também aparece nas edições escolhidas. Freire Filho fala da permanência de um

ideário feliz como necessidade humana e o que o jornal propõe ao leitor não é diferente.

Segundo o autor, independentemente de faixa etária, gênero, classe socioeconômica, situação

familiar ou afetiva, (in)definição profissional, as regras do bem viver, ou melhor, do viver feliz,

são seguidas à risca para que não se padeça dos horrores da rejeição, do ostracismo ou do

5 Essa é uma das principais características consideradas por Tetú que configuram um jornalismo como local, TETÚ (1997). 6 Souza (2001) propõe alguns padrões do jornalismo, aos quais o jornal adere em maior ou menor grau,o que impôs dificuldades à tarefa de coleta para este trabalho.

9

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

escárnio (FREIRE FILHO, 2010). Assim, por mais que existam matérias de cunho negativo no

jornal , a felicidade associada à qualidade de vida, ao bem­estar e ao vivernesta cidade ­ e o que 7

se depreende como qualidades da vida nesta comunidade ­, se faz presente de forma a manter a

própria condição humana de felicidade compulsiva e compulsória (FREIRE FILHO, 2010).

Sara Ahmed (2010) também trabalha a questão da opressão da felicidade na sociedade

(Sociable Happiness) por meio de objetos felizes (happy objects). Para a autora certos objetos se

tornam embutidos de afeto positivo sendo considerados como bons objetos ­ e o que é excluído

desse circuito é percebido como um afect alien, um alienado afetivo. Esses bons objetos não só

incorporam uma boa sensação, mas também são percebidos como necessários para uma boa vida

(AHMED, 2010). Nessa mesma perspectiva, Ahmed pontua que a promessa da felicidade

fomentada pelos objetos felizes promove a própria felicidade dentro e sobre a sociedade. Os

objetos felizes são passados ao redor, acumulando valor afetivo positivo como bens sociais e

qualidade de vida (AHMED,2010).

Como técnica de análise para entender o mapa de intensidade criado a partir da leitura e

interpelação de 12 edições do Jornal Ponto Final , usamos como estratégia a análise do discurso 8 9

proposta por Bardin na qual a relação semântica­sintáctica estabelece um vínculo com a

sociologia do discurso e procura estabelecer ligações entre as condições de produção cujo o

sujeito se encontra e se manifesta (BARDIN, 2004). Ou seja, a partir da percepção de um

contexto local trazida pelo Ponto Final, foi possível destacar fragmentos textuais e palavras

chaves capazes de indicar possíveis afetos. 10

Nos apropriando das categorias propostas por Spinoza (2012), pontuamos nas edições

amor, paixão, satisfação, orgulho, esperança, glória, violência, entre outros afetos, como a

felicidade, para onde tende a cartografia que este artigo inicia. Contudo, dois pares afetivos

7Crimes relacionados à tráfico de drogas e assaltos são comuns no jornal. Em relação a política local, os debates relacionados à aprovação de leis e projetos na câmara possuem destaque também. 8 Escolhemos como amostragem as edições dos dias 7 de agosto a 29 de outubro de 2015 por se tratar das edições mais recentes de acordo com o período da pesquisa. As edições anteriores não foram usadas como recorte para a análise devido ao contexto político local do período, em que a cidade estava passando por instabilidade depois da cassação do ex­prefeito Celso Cota. As edições posteriores ao dia 29 de outubro também foram desconsideradas pelo fato do jornal ter sido totalmente direcionado a um acontecimento inesperado, o rompimento da barragem de Fundão, no dia 5 de novembro, desastre este que destruiu os distritos de Mariana Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, além de outros lugares. 9 Editorias de cunho opinativo não fizeram parte do recorte estudado. A editoria “Volante”, sobre automóveis, sem material próprio, e conteúdo referente à cidade de Ouro Preto também foram descartados por ampliar para um contexo não­local. 10 Como mecanismo pragmático de identificação dos afetos nas matérias, selecionamos nos textos marcadores que os exemplificam.

10

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

aparecem com maior frequência nas edições: reparação e cobrança, bem estar e nostalgia. As

matérias que trazem a cobrança e a reparação como afetos em destaque possuem, normalmente,

um cunho político e remetem a problemas da cidade, considerados pontuais, associados ao 11

governo municipal. Na página 3 da edição 1008, de 31/7 a 6/8, na editoria de cidades, a matéria

“Prefeito cobra dívida da Vale aos municípios mineradores” apresenta Mariana como uma das

importantes cidades mineradoras, com um passado áureo na mineração, além de manter vivo o

vínculo da cidade com essa prática extrativista (pertencimento e tradição).

A cobrança e a reparação aparecem, nesse contexto, como apelo por mudanças na

dinâmica financeira, propondo a necessidade de novas atividades para aumentar as possibilidades

de recursos. Já a necessidade de reparo, no caso, é o reflexo da falta de investimento das

empresas na cidade. "Os prefeitos estão conscientes que precisam mudar a forma de se relacionar

com as empresas que levam a riqueza e quase não contribuem com o desenvolvimento." No

entanto, por mais que a atividade mineradora apareça como problema na matéria e seja criticada,

o saudosismo e a importância da mineração circunscrevem todo o texto.

Outra matéria da mesma edição, com o título “Moradores desperdiçam água e SAAE tem

dificuldades para controlar”, segue a mesma ideia. Como prestação de serviço e denúncia, a

matéria questiona a falta de água e a ausência de fiscalização da empresa em relação ao

desperdício considerando o cenário de escassez de água na época (cobrança). A reparação vem

com a resposta da empresa, que dá o suporte on­line para a reclamação como solução, ou seja,

uma resolução simples para um problema pontual. “Muitas reclamações sobre falta e desperdício

de água são feitas através de portais online, mas as infrações seguem acontecendo. Sobre as

outras reclamações encontradas no Reclame Aqui online e que questionam a efetividade dos

serviços prestados pelo SAAE.”

O bem estar e a nostalgia aparecem como característica da qualidade de vida dos

marianenses, que está associada à cidade antiga, com tradição e nostalgia. Na editoria de Cultura

da edição 1008, na página 13, a matéria sobre o evento “Minas ao Luar” em Mariana reforça essa

ideia, ao posicionar a cidade como palco de atrações culturais que remetem à sua historicidade e

fortificam a relação de bem estar e pertencimento entres os marianense e a cidade.

11 As matérias da editoria de “Polítca” são as que apresentam maior diversidade de afetos por se basearem, majoritariamente, em falas expressivas dos representantes políticos, especialmente nas sessões da Câmara Municipal.

11

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

“Comemorações dos 319 anos do município. Pessoas de todas as idades soltaram a voz e

relembraram sucessos de vários estilos e épocas, como a Jovem Guarda, fazem muito bem para a

alma, além do Minas ao Luar, outros eventos itinerantes da área de cultura do Sesc estão nas

estradas mineiras”.

O mesmo acontece na edição 1010, de 14 a 20 de agosto. Na página 5 da editoria de

cidades, a matéria “Conferência debate Assistência Social em Mariana” define a cidade como um

local no qual os direitos dos cidadãos são assistidos em conjunto. Assim, o texto sugere que a

gestão da cidade se preocupa com o bem estar social da comunidade, além de zelar pelo

cumprimento da lei referente à assistência social. “Em meio a debate, palestra e apresentação

teatral o evento foi uma oportunidade de reunião e apresentação de trabalhos dos usuários da

assistência social, tal como, o projeto Recriavida e o CRAS Colina e Cabanas.”

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância do jornal local na dinâmica informativa de Mariana configura um cenário

de pertencimento e proximidade entre o leitor e o veículo. Aquilo que é local não se refere

apenas ao território, mas à noção de lugar de vida, não apenas de ancoragem territorial do

habitat, mas, sobretudo de um lugar, não forçosamente territorializado, mas onde os conflitos e

os efeitos das decisões acontecem (TÉTU, 1997).

Dessa maneira, o Ponto Final contribui para a construção e circulação de afetos ao

caracterizar um imaginário afetivo no qual o cenário político se faz muito presente e é precursor

de afetos como indignação, satisfação, cobrança, reparação, esperança, bem­estar, nostalgia,

glória e tensão. Outros afetos como a violência e o medo também aparecem no jornal, contudo de

forma a reforçar que a cidade possui problemas comuns, como tráfico de trocas e porte ilegal de

armas, mas não enfrenta questões estruturais. A dimensão política desses afetos se coaduna ao

que Hemmings aponta, no sentido de reproduzirem mecanismos sociais em vez de fomentar a

transformação social: diante do bem­estar, da glória, da esperança, o que há para mudar? A

necessidade é de permanência, imanência e retorno ­ a um passado idílico que só se efetiva como

performance narrativa, nunca se efetivou como história.

12

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

Essa circulação de afetos positivos também se alinha ao que propõe Ahmed (2010) com

a sociable happiness, ou felicidade social. Tal é percebida como estratégia na busca pela

idealização de Mariana como um bom lugar para se viver; onde os marianenses são munidos de

história, cultura e qualidade de vida. Desse modo o Ponto Final é visto como um happy object

que impulsiona a noção contemporânea, quase compulsória, de felicidade plena na comunidade

local. Como bem comum ao alcance de todos e demandado para todos, exigência para o

bem­viver, a felicidade se colocaria como possibilidade, promessa, obrigação e devir, e nos

afetos circulados pelo jornalismo local, como palpabilidade aliada ao pertencimento e à

anuência.

Esse enlace formado entre a comunicação e o sentimento propõe uma reflexão sobre

mediações operadas por um veículo comunicacional, no caso o Ponto Final, a partir da

instrumentalização do registro da realidade (SODRÉ, 2006) e em suas relações com seus

públicos. Isso contribui para a manutenção de costumes locais e intensifica a relação entre o

cotidiano da cidade e o sujeito, permite ver as relações entre sujeitos, a comunicação, os afetos e

o poder.

REFERÊNCIAS

AHMED, SARA. The Promise of Happiness. Durham: Duke University Press, 2010, p. 29­89

BAPTISTA, Maria Manuel. Estudos culturais: o quê e o como da investigação. In: Carnets, Cultures littéraires: nouvelles performances et développement, nº spécial, automne / hiver, 2009, p. 451­461.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo.Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, 2004, p. 207­220.

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: A busca por segurança no mundo atual. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro, Zahar, 2003.

BENNETT, Jane. The enchantment of modern life: Attachments, crossings, and ethics. New Jersey: Princeton University Press, 2001.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. In: V Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. – Brasília: Secom, 2014.

CAMISACA, Marina e VENÂNCIO, Renato. Jornais mineiros do século XIX: um projeto de digitalização. In: Revista Eletrônica Cadernos de História, Ufop, Ano II, n. 01, março de 2007.

13

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Salto ­ SP – 17 a 19/06/2016

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Alnso Muñoz. 3a edição, São Paulo, 2010.

FREIRE FILHO, Jorge. Ser feliz hoje: reflexões sobre o imperativo da felicidade. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010. p. 296.

GROTH, O. O poder cultural desconhecido: fundamentos da ciência dos jornais. Petrópolis ­RJ: Vozes, 2011.

HEMMINGS, Clare. Invoking affect: cultural theory and the ontological turn. In: Cultural studies, 19 (5), 2005. p. 548­567.

KINCHELOE, Joe L. Describing the bricolage: conceptualizing a new rigor in qualitative Research. In: Qualitative Inquiry, 2001, p. 679­692.

LOPES, Denilson. A delicadez:. Estética, experiência e paisagens. Brasília: Editora Universidade de Brasília/Finatec, 2007.

MALACO, A.; BARUFI, L.; CARNEIRO, D.; LIMA, R. A Coluna de Ombudsman: De Olho no Ponto. In: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XIX Prêmio Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação. Ouro Preto­MG. p. 1­7.

MOUILLAUD, Maurice; PORTO, Sérgio Dayrell.O jornal: da forma ao sentido. Brasília: UnB, 2012, 3a ed.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Trad. Mônica Costa Netto. São Paulo, 2009, p.34,.

SEIGWORTH, Gregory J. E GREGG, Melissa. The affect theory reader. Londres: Duke University Press, 2010.

SODRÉ, Muniz. As estratégias sensíveis: Afeto, mídia e política. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2006. SOUZA, Jorge Pedro. Elementos do jornalismo impresso. Porto, 2001

SPINOZA, Baruch. Ética. 2a ed., 3a reimpr. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

TÉTU, Jean­François. A informação local: espaço público local e suas mediações. In: MOUILLAUD, Maurice; PORTO, Sergio D. (Org.) O jornal: da forma ao sentido. Brasília: Paralelo 15, 1997. p. 431­448.

VIEIRA, Toni André Scharlau. Jornalismo no interior: potencialidades éticas e técnicas. In: Intercom: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Anais eletrônicos. Salvador‐BA, 2002. p. 1­14.

VIEIRA, Ubiratan; DE QUEIROZ, Marcos Vieira. A utilização de releases na cobertura jornalística de uma eleição municipal: a circulação do discurso entre o político e o midiático. Vozes e Diálogo, Itajaí, v13, n. 1, 2014, p. 14.

14