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1. (Pucrs 2017) As teorias políticas e religiosas, bem como a nova mentalidade da Europa Moderna, podem ser melhor compreendidas através da leitura de algumas obras clássicas escritas entre os séculos XIV e XVII. Considerando essa premissa, relacione as obras e seus autores (coluna 1) à respectiva resenha (coluna 2). Coluna 1 1. O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, 2. Decameron, de Giovanni Bocaccio, 3. A vida de Gargântua e Pantagruel, de François Rabelais, 4. 95 Teses, de Martinho Lutero, 5. O Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã, Coluna 2 ( ) aborda o abalo causado pela Peste Negra no comportamento e nos valores sociais embasados na moral medieval, bem como o advento do humanismo na Itália da passagem da Idade Média para a Idade Moderna. ( ) defende uma política desligada da moral religiosa, apresentando orientações sobre como se conduzir nos negócios políticos internos e externos, com o objetivo de conquistar o poder e nele se manter. ( ) faz uma crítica à filosofia escolástica medieval, à autoridade dos frades, ao Papado, aos reis, aos magistrados e à justiça, através de uma sátira no estilo grotesco, que dialoga com a cultura popular e carnavalesca da virada da Idade Média para a Moderna. ( ) é um texto que critica as práticas abusivas de alguns clérigos que realizavam a venda de indulgências e os desvios morais de certos membros do clero da Igreja Católica. ( ) é um livro inspirado em obras clássicas e no exercício da retórica que, com um texto satírico e sombrio, critica práticas corruptas da Igreja Romana. O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 3 – 5 – 4 – 2 b) 1 – 2 – 3 – 5 – 4 c) 2 – 1 – 3 – 4 – 5 d) 2 – 4 – 1 – 3 – 5 e) 5 – 1 – 2 – 3 – 4 Resposta: [C] Somente a proposição [C] está correta. Basta o aluno conhecer as ideias centrais do pensamento de Maquiavel que defendeu o Estado laico, o utilitarismo político e o realismo político e as 95 teses de

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1. (Pucrs 2017) As teorias políticas e religiosas, bem como a nova mentalidade da Europa Moderna, podem ser melhor compreendidas através da leitura de algumas obras clássicas escritas entre os séculos XIV e XVII. Considerando essa premissa, relacione as obras e seus autores (coluna 1) à respectiva resenha (coluna 2).

Coluna 11. O Príncipe, de Nicolau Maquiavel,2. Decameron, de Giovanni Bocaccio,3. A vida de Gargântua e Pantagruel, de François Rabelais,4. 95 Teses, de Martinho Lutero,5. O Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã,

Coluna 2( ) aborda o abalo causado pela Peste Negra no comportamento e nos valores sociais

embasados na moral medieval, bem como o advento do humanismo na Itália da passagem da Idade Média para a Idade Moderna.

( ) defende uma política desligada da moral religiosa, apresentando orientações sobre como se conduzir nos negócios políticos internos e externos, com o objetivo de conquistar o poder e nele se manter.

( ) faz uma crítica à filosofia escolástica medieval, à autoridade dos frades, ao Papado, aos reis, aos magistrados e à justiça, através de uma sátira no estilo grotesco, que dialoga com a cultura popular e carnavalesca da virada da Idade Média para a Moderna.

( ) é um texto que critica as práticas abusivas de alguns clérigos que realizavam a venda de indulgências e os desvios morais de certos membros do clero da Igreja Católica.

( ) é um livro inspirado em obras clássicas e no exercício da retórica que, com um texto satírico e sombrio, critica práticas corruptas da Igreja Romana.

O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 3 – 5 – 4 – 2 b) 1 – 2 – 3 – 5 – 4 c) 2 – 1 – 3 – 4 – 5 d) 2 – 4 – 1 – 3 – 5 e) 5 – 1 – 2 – 3 – 4

Resposta:

[C]

Somente a proposição [C] está correta. Basta o aluno conhecer as ideias centrais do pensamento de Maquiavel que defendeu o Estado laico, o utilitarismo político e o realismo político e as 95 teses de Martinho Lutero criticando os abusos da Igreja católica que vendia as indulgências bem como a conduta moral dos religiosos.

2. (Unesp 2017) Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, muitas vezes a primeira não seja suficiente, é preciso recorrer à segunda. Ao príncipe torna-se necessário, porém, saber empregar convenientemente o animal e o homem. [...] Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe, vencer e conservar o Estado.

Nicolau Maquiavel. O príncipe, 1983.

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O texto, escrito por volta de 1513, em pleno período do Renascimento italiano, orienta o governante a a) defender a fé e honrar os valores morais e sagrados. b) valorizar e priorizar as ações armadas em detrimento do respeito às leis. c) basear suas decisões na razão e nos princípios éticos. d) comportar-se e tomar suas decisões conforme a circunstância política. e) agir de forma a sempre proteger e beneficiar os governados.

Resposta:

[D]

Para Maquiavel, o principal objetivo de um governante deve ser manter-se no poder, garantindo a preservação da ordem na sociedade. E, para isso, o príncipe deve guiar sua conduta política de acordo com as circunstâncias, não se preocupando com a moralidade dos seus atos.

3. (Unesp 2016) É necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade. Deixando de parte, pois, as coisas ignoradas relativamente aos príncipes e falando a respeito das que são reais, digo que todos os homens, máxime os príncipes, por estarem mais no alto, se fazem notar através das qualidades que lhes acarretam reprovação ou louvor. Isto é, alguns são tidos como liberais, outros como miseráveis; alguns são tidos como pródigos, outros como rapaces; alguns são cruéis e outros piedosos; perjuros ou leais; efeminados e pusilânimes ou truculentos e animosos; humanitários ou soberbos; lascivos ou castos; estúpidos ou astutos; enérgicos ou indecisos; graves ou levianos; religiosos ou incrédulos, e assim por diante. E eu sei que cada qual reconhecerá que seria muito de louvar que um príncipe possuísse, entre todas as qualidades referidas, as que são tidas como boas; mas a condição humana é tal, que não consente a posse completa de todas elas, nem ao menos a sua prática consistente; é necessário que o príncipe seja tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe assegurar a posse deste, se lhe é possível; mas, não podendo, com menor preocupação, pode-se deixar que as coisas sigam seu curso natural.

(Maquiavel. O Príncipe, 1983. Adaptado.)

Identifique, exemplificando com passagens do texto, a concepção de Maquiavel acerca da maneira como o governante deve se comportar. Indique dois elementos, presentes ou não no texto, que permitam associar o pensamento de Maquiavel à visão de mundo dos humanistas.

Resposta:

Maquiavel, nesse trecho, fornece algumas opiniões acerca da maneira ideal de comportamento dos príncipes, a saber: (1) o príncipe deve ser amoral, no trecho “(...) é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade (...)” e (2) o príncipe deve agir sempre com o intuito de manter-se no poder, no trecho “(...) é necessário que o príncipe seja tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe assegurar a posse deste, se lhe é possível (...)”.

Podemos associar o pensamento de Maquiavel aos extratos humanistas, uma vez que tal pensador valorizava, sobretudo, a condição humana, exaltando as qualidades e o papel dos príncipes sob a ótica da racionalidade de governar. Nesse sentido, podemos apresentar dois elementos de ligação: (1) o racionalismo e (2) a exaltação da figura humana.

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4. (Uem 2016) Sobre o chamado “absolutismo”, isto é, a forma de estado que existiu na Europa Moderna, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Na França, durante o reinado de Luís XIII, foram estabelecidos, a partir de 1650, os Atos de

Navegação, que tornaram aquele país a principal potencia marítima dos séculos XVIII e XIX.

02) Na Inglaterra, a vitória dos “Cabeças Redondas”, defensores do Parlamento liderados por Oliver Cromwell, sobre os partidários do Rei, na Revolução Puritana, conduziu, em meados do século XVII, à instauração de um regime republicano.

04) Durante o reinado de Henrique VIII, na Inglaterra, por meio do Ato de Supremacia de 1534 foi fundada a Igreja Anglicana, que tinha no Rei sua maior autoridade.

08) A principal causa da decadência do absolutismo na França foi a independência de suas colônias americanas, especialmente o Haiti. A partir de então, iniciou-se uma profunda crise econômica que levou à derrubada de Luís XVIII.

16) Um dos grandes teóricos do Estado Moderno, Nicolau Maquiavel, defendeu que a autoridade do príncipe, embora às vezes brutal e calculista, é necessária para o sucesso do governante.

Resposta:

02 + 04 + 16 = 22.

[01] Incorreta: os Atos de Navegação foram estabelecidos por Oliver Cromwell na Inglaterra, e não na França;

[08] Incorreta: o absolutismo começou a ser contestado na França a partir da Revolução Francesa (1789).

5. (Uern 2015) O cargo de soberano (seja ele um monarca ou uma assembleia) consiste no objetivo para o qual lhe foi confiado o soberano poder, nomeadamente a obtenção da segurança do povo, ao qual está obrigado pela lei da natureza, e do qual tem de prestar contas a Deus, o autor dessa lei, e a mais ninguém além dele. [...] Deus é rei, que a terra se alegre, escreve o salmista. E também, deus é rei muito embora as nações não o queiram; e é aquele que está sentado entre os querubins, muito embora a terra seja movida.

(Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 103-6, 200-1. Col. Os Pensadores, v. 1.)

O período do Antigo Regime foi permeado de muitos defensores, tanto quanto de opositores à soberania real. Na visão de Hobbes, autor do livro “O Leviatã”, bem como na visão de outros filósofos contemporâneos a ele, como Bossuet e Maquiavel, o poder do rei deve a) existir, desde que comprovada a sua aptidão e eficiência em relação à gestão pública. b) ser visto como inalienável, ilimitado e inquestionável, já que, segundo alguns desses

pensadores, procede de Deus. c) prevalecer acima de outros poderes (executivo, legislativo e judiciário), desde que não os

exclua ou os contradiga. d) ser baseado na astúcia e na sabedoria, mas, acima de tudo, no preparo intelectual e

acadêmico, ao qual tem que se submeter qualquer governante.

Resposta:

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[B]

O movimento absolutista trouxe consigo os chamados teóricos do Absolutismo, que buscaram formular as chamadas Teorias do Poder Absoluto para justificar a concentração de poder nas mãos dos soberanos. Dentre esses teóricos podemos citar Hobbes, Maquiavel e Bousset e suas teorias baseavam-se na afirmação de que o poder de um soberano era ilimitado e inquestionável, muitas vezes derivado de Deus, e existia para regular e ajudar as sociedades.

6. (Uem 2014) A respeito das manifestações populares, o filósofo Nicolau Maquiavel (1469-1527) afirma: “Eu digo que aqueles que condenam os tumultos entre os nobres e a plebe parecem reprovar aquelas coisas que foram a causa primeira da liberdade em Roma. Consideram mais os rumores e os gritos que nasciam de tais tumultos que os bons efeitos que eles provocavam e não veem que há em toda república dois humores diversos, quais sejam, aquele do povo e aquele dos grandes, nem também que todas as leis que são feitas em favor da liberdade nascem desta desunião. [...] Não se pode com alguma razão chamar esta república de desordenada quando nela existem tantos exemplos de virtù, porque os bons exemplos nascem da boa educação, a boa educação das boas leis e as boas leis daqueles tumultos que muitos condenam inadvertidamente”

(MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. In: MARÇAL, Jairo. Antologia de textos filosóficos, Seed-PR, p. 432).

Com base no texto citado, assinale o que for correto. 01) Aquilo que é preconizado pelo filósofo como causa da liberdade política apenas caberia

para o contexto da Roma republicana e não para toda e qualquer república. 02) Os tumultos referidos no trecho expressam a possibilidade de luta política de um povo, a

sua liberdade de participação na vida política do Estado. 04) Os tumultos, na medida em que geram benefícios para a cidade, não podem ser

recriminados, apesar do temor que provocam em um primeiro momento. 08) Os tumultos revelam a presença de dois grupos políticos ou de dois humores antagônicos,

quais sejam, aqueles que desejam a paz na cidade e aqueles que desejam a desunião entre os cidadãos.

16) Os tumultos não são sinais de fraqueza de uma república, mas um índice de força política, na medida em que revelam o engajamento político dos cidadãos de todas as classes políticas.

Resposta:

02 + 04 + 16 = 22.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]A afirmativa [01] está incorreta porque as ideias de Maquiavel podem ser aplicadas a qualquer República, e não apenas a romana;A afirmativa [08] está incorreta porque Maquiavel cita a presença de dois humores nas manifestações, um ligado a elite e outro ligado ao povo, mas não afirma que um está relacionado à paz enquanto outro está relacionado à desunião.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia]As afirmativas [02], [04] e [16] estão corretas porque para Maquiavel os tumultos se referem à luta entre a plebe e os nobres e devem ser canalizados por instituições que realizam uma mediação e dão vazão aos humores sociais de ambos os grupos em conflito, contribuindo para a geração de boas leis que visam manter a segurança de todos. Caso contrário, estes conflitos poderiam se tornar disputas contrárias a “virtú” defendidas pelo autor. Ou seja, para Maquiavel os tumultos, embora representem um temor, não devem ser recriminados, pois permitem que a “virtú” do príncipe seja exercitada na medida em que este cria condições para administrar estes

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tumultos, garantindo a participação da população, dentro de limites, porém permitindo que esta participação se converta em um instrumento a serviço da manutenção do poder do príncipe em gerenciar os interesses para que não ameacem seu reinado.

7. (Uemg 2013) O Absolutismo como forma de governo esteve presente na península Ibérica, na França e na Inglaterra, tendo impactado e influenciado as maiores economias de seu tempo. Seus pensadores mais conhecidos e suas teorias foram: a) Nicolau Maquiavel e sua teoria de que o indivíduo estava subordinado ao Estado; Thomas

Hobbes, criador da teoria do Contrato; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que defenderam que o Rei era um representante divino.

b) Nicolau Maquiavel e a teoria do Contrato; Thomas Hobbes e a teoria da supremacia do Rei como representante divino; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que defenderam a subordinação do indivíduo ao Estado.

c) Maquiavel, Jacques Bossuet e Jean Bodin, cujas teorias só se diferenciaram na aplicabilidade teológica, bem como Thomas Hobbes, que preconizou o indivíduo como senhor de seus direitos.

d) Maquiavel e Thomas Hobbes, que conceberam o Contrato Social, Jacques Bossuet, que estabeleceu o conceito de individualismo primordial, e Jean Bodin, que defendeu a primazia da esfera governamental.

Resposta:

[A]

Maquiavel e Hobbes se utilizam de argumentos racionais – não religiosos – em suas teorias; o primeiro defendendo a autoridade do “Príncipe”, ou seja, do governante sobre a sociedade, enquanto o segundo, autor do Leviatã, que parte da ideia de que “o homem é o lobo do homem” e para viver em sociedade os homens devem estabelecer um contrato social, no qual cada indivíduo renuncia a uma parte de sua liberdade e de seus direito a um governante, responsável por gerir o conjunto da sociedade.Importante destacar que a ideia de “contrato social” de Hobbes antecede ao livro de mesmo nome de Rousseau (que defenderá o fim do absolutismo).

8. (Ufu 2015) A respeito da fortuna, Maquiavel escreveu:

[...] penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela nos deixe governar quase a outra metade.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. p. 103.

Com base na citação, responda: a) O que é a fortuna para Maquiavel? b) Como deve agir o príncipe em relação à fortuna?

Resposta:

a) O conceito de fortuna em Maquiavel diz respeito à sorte, isto é, são acontecimentos que ocorrem sem que o governante possua controle, pois estes escapam a seu alcance. Assim

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não é possível prever ou programar todos os acontecimentos que o cercam, por que eles dependem de fatores externos que não podem ser previstos. Contudo, os acontecimentos podem se revelar tanto uma oportunidade quanto um adversidade.

b) O príncipe, segundo Maquiavel, deve manter-se atento no intuito de prevenir acontecimentos que podem ser desfavoráveis. Ele deve aproveitar as oportunidades e agindo corretamente nas adversidades a fim de manter o poder. Esta característica de possuir ímpeto, virilidade, bravura e coragem para aproveitar as oportunidades e precaver-se nas adversidades, Maquiavel determina como “virtú”. Esta representa os atributos e qualidades necessárias para calcular o conjunto de eventos propícios ou desfavoráveis para intervir no momento mais oportuno da cadeia causal.

9. (Unesp 2014) Texto 1

A verdade é esta: a cidade onde os que devem mandar são os menos apressados pela busca do poder é a mais bem governada e menos sujeita a revoltas, e aquela onde os chefes revelam disposições contrárias está ela mesma numa situação contrária. Certamente, no Estado bem governado só mandarão os que são verdadeiramente ricos, não de ouro, mas dessa riqueza de que o homem tem necessidade para ser feliz: uma vida virtuosa e sábia.

(Platão. A República, 2000. Adaptado.)

Texto 2

Um príncipe prudente não pode e nem deve manter a palavra dada quando isso lhe é nocivo e quando aquilo que a determinou não mais exista. Fossem os homens todos bons, esse preceito seria mau. Mas, uma vez que são pérfidos e que não a manteriam a teu respeito, também não te vejas obrigado a cumpri-la para com eles. Nunca, aos príncipes, faltaram motivos para dissimular quebra da fé jurada.

(Maquiavel. O Príncipe, 2000. Adaptado.)

Comente as diferenças entre os dois textos no que se refere à necessidade de virtudes pessoais para o governante de um Estado.

Resposta:

No texto 1 Platão desenvolve a tese de que cidade seria melhor administrada pelo “Filósofo Rei”, nesta teoria desenvolvida no livro “A República” o filósofo é o melhor administrador por ser aquele que possui conhecimento da “verdade” que se identifica com o Bom, o Bem e o Belo que residem no Mundo das Ideias. Ele (Filósofo Rei) seria o único capaz de guiar os habitantes da cidade na busca do melhor desenvolvimento de cada um segundo suas aptidões naturais, ou seja, o bem que reside dentro de cada indivíduo pode ser alcançado e permitir uma vida feliz a todos. A virtude do governante centra-se na busca da concretização do bem a todos os habitantes da cidade. Não sendo o filósofo guiado por interesses particulares, ele se torna o administrador ideal para a cidade. Já no texto 2, Nicolau Maquiavel, em seu livro “O Príncipe”, desenvolve uma tese que rompe com lógica estabelecida entre ética e poder. Seu pressuposto de que os homens são maus, faz com que o príncipe deve buscar manter o poder mediante estratégias que não possuem ligação com o comportamento virtuoso. Elementos como virtú (entendida como impetuosidade, coragem) e fortuna (entendida como ventura, oportunidade), somado a um conhecimento da moralidade dos homens, são recursos que permitem ao governante agir de modo calculado, não objetivando o desenvolvimento de uma bondade natural nos homens como acredita Platão, mas tendo como foco a condução dos homens rumo a uma melhor condição de vida que não siga necessariamente o caminho da virtude enquanto retidão moral.

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10. (Uel 2014) Leia o texto a seguir.

A República de Veneza e o Ducado de Milão ao norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a república de Florença no centro formavam ao final do século XV o que se pode chamar de mosaico da Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e conflitos internos. Nesse cenário, o florentino Maquiavel desenvolveu reflexões sobre como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a unificação e a regeneração da Itália.

(Adaptado de: SADEK, M. T. “Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa correta. a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas com a existência de um Príncipe que age

segundo a moralidade convencional e cristã. b) A estabilidade do Estado resulta de ações humanas concretas que pretendem evitar a

barbárie, mesmo que a realidade seja móvel e a ordem possa ser desfeita. c) A história é compreendida como retilínea, portanto a ordem é resultado necessário do

desenvolvimento e aprimoramento humano, sendo impossível que o caos se repita. d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o âmbito dos assuntos humanos é resultante

da materialização de uma vontade superior e divina. e) Há uma ordem natural e eterna em todas as questões humanas e em todo o fazer político,

de modo que a estabilidade e a certeza são constantes nessa dimensão.

Resposta:

[B]

Maquiavel é considerado fundador da filosofia política moderna, pois muitas das suas afirmações se contrapõem à filosofia política clássica. Basicamente, a sua reflexão se preocupa muito mais com problemas efetivos, e muito menos com reflexões utópicas. De modo que a eficiência deve ser buscada na pobreza mesma das nossas cidades como elas são, e não na possível riqueza das nossas cidades como elas poderiam ser.Sendo assim, o papel político do Príncipe é o de constituir um poder superior capaz de mantê-lo no poder. O Príncipe também tem por tarefa cuidar da manutenção e conservação desse poder superior. Conforme Maquiavel, o Príncipe pode se utilizar de todos os meios disponíveis para a consecução de seus objetivos. Desde que as circunstâncias assim o exijam, o Príncipe poderá se utilizar inclusive da mentira, da violência e da força, porém, deve logicamente ser astuto e assim evitar ser odiado pelos súditos.

“Resta ver agora como deve comportar-se um príncipe com os súditos ou com os amigos. Como sei que sobre isso muitos escreveram, receio, fazendo-o eu também, ser considerado

presunçoso, principalmente porque, ao tratar deste assunto, me afasto das regras estabelecidas pelos outros. Mas sendo minha intenção escrever coisa útil, destinada a quem por ela se interessar, pareceu-me mais conveniente ir diretamente à efetiva verdade do que

comprazer-me em imaginá-la. Muita gente imaginou repúblicas e principados que jamais foram vistos ou de cuja real existência jamais se teve notícia. E é tão diferente o como se vive do

como se deveria viver, que aquele que desatende ao que se faz e se atém ao que se deveria fazer aprende antes a maneira de arruinar-se do que a de preservar-se. Assim, o homem que

queira em tudo agir como bom acabará arruinando-se em meio a tantos que não são bons”. (N. Maquiavel. O Príncipe. São Paulo: Círculo do livro, p. 101)

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11. (Uem 2013) “Porque há tanta diferença entre como se vive e como se deveria viver, que quem deixa aquele e segue o que se deveria fazer apreende mais rapidamente a sua ruína que a sua preservação: porque um homem que deseja ser bom em todas as situações é inevitável que se destrua entre tantos que não são bons. Assim, é necessário a um príncipe que deseja conservar-se no poder aprender a não ser bom e sê-lo e não sê-lo conforme a necessidade.”

(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, cap. XV, p. 159).

Conforme o trecho citado, assinale o que for correto. 01) No mundo da política, o agente político não deve pautar suas ações apenas pelos

princípios morais fundados na ideia de bondade e de santidade. 02) O mundo da política não comporta ações virtuosas, mas sim traições e vilanias. 04) O mundo da política obriga o governante a tomar decisões que contrariam os seus ideais

de moralidade e de virtude em nome da conservação do regime político. 08) Os ideais políticos não se fundam sobre a realidade do mundo da política, donde suas

inadequações e fracassos para aqueles que os seguem. 16) O mundo da política exige ações más, porém disfarçadas de bondade, isto é, a total

hipocrisia do político.

Resposta:

01 + 04 + 08 = 13.

O papel político do Príncipe é o de constituir um poder superior capaz de mantê-lo no poder. O Príncipe também tem por tarefa cuidar da manutenção e conservação desse poder superior. Conforme Maquiavel, o Príncipe pode se utilizar de todos os meios disponíveis para a consecução de seus objetivos. Desde que as circunstâncias assim o exijam, o Príncipe poderá se utilizar inclusive da mentira, da violência e da força, porém, deve logicamente ser astuto e assim evitar ser odiado pelos súditos.

12. (Ufpa 2013) Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as concepções vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das boas qualidades morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”.

Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69.

Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que a) a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores

éticos, devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente. b) o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da

finalidade que lhe é própria e das dificuldades concretas de realizá-la, não está relacionada com a ética.

c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si próprio e não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à virtude.

d) o Bem supremo é o que norteia as ações do governante, mesmo nas situações em que seus atos pareçam maus.

e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma comunidade política onde o governante age conforme a virtude.

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Resposta:

[B]

O pensamento de Maquiavel sobre o comportamento do príncipe estabelece uma ética fundada a partir de um princípio distinto da ética clássica. No pensamento clássico, a ética tinha a finalidade de formar um homem com um comportamento baseado em certas virtudes, como a sabedoria, a coragem, a temperança, a prudência. Já a ética maquiavélica não busca refletir sobre a formação dos hábitos de um homem, no caso o príncipe, tendo em vista tais virtudes, mas sim tendo em vista a sua manutenção no poder. Portanto, os hábitos do príncipe não podem ser pensados de acordo com virtudes cardeais, mas sim de acordo com a experiência comum através da qual se observa homens agindo de maneira desleal sem qualquer pudor ou respeito para com atitudes magnânimas.

13. (Enem 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

Resposta:

[C]

Maquiavel é considerado fundador da filosofia política moderna, pois muitas das suas afirmações se contrapõem à filosofia política clássica. Basicamente, a sua reflexão se preocupa muito mais com problemas efetivos, e muito menos com reflexões utópicas sobre o dever ser. De modo que a eficiência deve ser buscada na pobreza mesma das nossas cidades como elas são, e não na possível riqueza das nossas cidades como elas poderiam ser.

“Resta ver agora como deve comportar-se um príncipe com os súditos ou com os amigos. Como sei que sobre isso muitos escreveram receio, fazendo-o eu também, ser considerado presunçoso, principalmente porque, ao tratar deste assunto, me afasto das regras estabelecidas pelos outros. Mas sendo minha

intenção escrever coisa útil, destinada a quem por ela se interessar, pareceu-me mais conveniente ir diretamente à efetiva verdade do que comprazer-me

em imaginá-la. Muita gente imaginou repúblicas e principados que jamais foram vistos ou de cuja real existência jamais se teve notícia. E é tão diferente o

como se vive do como se deveria viver, que aquele que desatende ao que se faz e se atém ao que se deveria fazer aprende antes a maneira de arruinar-se

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do que a de preservar-se. Assim, o homem que queira em tudo agir como bom acabará arruinando-se em meio a tantos que não são bons”. (N. Maquiavel. O

Príncipe. São Paulo: Círculo do livro, p. 101).

14. (Uel 2013) Leia o texto e o quadrinho a seguir.

Aqueles que somente por fortuna se tornam príncipes pouco trabalho têm para isso, é claro, mas se mantêm muito penosamente. Não têm nenhuma dificuldade em alcançar o posto, porque por aí voam; surge, porém, toda sorte de dificuldades depois da chegada. Tais príncipes estão na dependência exclusiva da vontade e boa fortuna de quem lhes concedeu o Estado, isto é, duas coisas extremamente volúveis e instáveis.

(Adaptado de: MAQUIAVEL, O Princípe. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p.55.)

a) Desenvolva os conceitos de fortuna e de virtù, em conformidade com Maquiavel.b) O que diferencia o pensamento político de Maquiavel daquele concebido pela tradição

cristã?

Resposta:

a) Percebemos claramente pela passagem citada que o pensamento de Maquiavel regula de acordo com a sorte das nossas ações de todo tipo, sendo em um momento a própria sorte um árbitro e noutro uma preocupação com a qual nos conformamos. Agir bem é agir efetivamente perante as circunstâncias. Não por outro motivo a história é muito importante para Maquiavel, pois é através dela que encontramos exemplos de homens que agiram efetivamente perante as adversidades e obtiveram resultados que contornaram o poder devastador da sorte. Neste contexto, virtù não pode ser a virtude de um homem bom como a filosofia antiga especulou, mas sim aquelas qualidades que o homem possui capazes de fazê-lo superar os eventuais percalços. No caso d’O Príncipe, a virtù constitui aquele conjunto de qualidades pessoais necessárias para a manutenção do estado e a realização de grandes feitos, mesmo que estas qualidades sejam eventualmente cruéis.

b) É nesse sentido que o pensamento de Maquiavel conflita com o Cristianismo, que preconiza o homem como alguém que “tende para o bem”. As ambiguidades humanas justificam a postura defendida por Maquiavel, que defende a possibilidade de o governante, dependendo

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das circunstâncias, não guardar a palavra dada. O critério para essa escolha é a virtù. Uma “moral do bem” como a cristã parece não ser a mais adequada para situações políticas adversas.

15. (Uem 2013) O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) afirma: “Porque em toda cidade se encontram estes dois humores diversos: e nasce, disto, que o povo deseja não ser nem comandado nem oprimido pelos grandes e os grandes desejam comandar e oprimir o povo; e desses dois apetites diversos nasce na cidade de um desses três efeitos: ou o principado, ou a liberdade, ou a licença” (MAQUIAVEL, O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p. 109). A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) O povo, ao não querer ser comandado, deseja comandar. 02) É da natureza dos grandes, no caso os ricos, o desejo de dominar o povo, no caso os

pobres. 04) Povo e grandes formam dois grupos políticos distintos e antagônicos em toda cidade. 08) Os grandes se unem politicamente para se defenderem do desejo de dominação do povo. 16) O fenômeno descrito era restrito às cidades italianas do período histórico do filósofo.

Resposta:

02 + 04 = 06.

Os dois desejos que dividem as cidades são: o desejo dos grandes de satisfazer seus apetites e o desejo do povo de estar em geral defendido.

O principado é estabelecido pelo povo ou pelos grandes, segundo a oportunidade que tiver uma dessas partes; percebendo os grandes que não podem resistir ao povo, começam a dar reputação a um dos seus elementos e o fazem príncipe, para poder, sobre sua sombra, satisfazer seus apetites. O povo também, vendo que não pode resistir aos grandes, dá reputação a um cidadão e o elege príncipe para estar defendido com sua autoridade.

O papel político do Príncipe é o de constituir um poder superior capaz de mantê-lo no poder. O Príncipe também tem por tarefa cuidar da manutenção e conservação desse poder superior. Conforme Maquiavel, o Príncipe pode se utilizar de todos os meios disponíveis para a consecução de seus objetivos. Desde que as circunstâncias assim o exijam, o Príncipe poderá se utilizar inclusive da mentira, da violência e da força, porém, deve logicamente ser astuto e assim evitar ser odiado pelos súditos.

16. (Ufu 2013) Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a “verdade efetiva” das coisas que permeiam os movimentos da multifacetada história humana/política através dos tempos. Segundo ele, há certos traços humanos comuns e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os homens são “ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. (O Príncipe, cap. XVII)

Para Maquiavel: a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em plano especulativo e, portanto, no “dever-

ser”. b) Fazer política só é possível por meio de um moralismo piedoso, que redime o homem em

âmbito estatal. c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui bens de forma

indiscriminada. d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que

possui Virtù.

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Resposta:

[D]

O pensamento de Maquiavel define de acordo com a sorte as nossas ações de todo tipo, sendo em um momento a própria sorte um árbitro e noutro uma preocupação com a qual nos conformamos. Agir bem é agir efetivamente perante as circunstâncias. Não por outro motivo a história é muito importante para Maquiavel, pois é através dela que encontramos exemplos de homens que agiram efetivamente perante as adversidades e obtiveram resultados que contornaram o poder devastador da sorte. Neste contexto, virtù não pode ser a virtude de um homem bom como a filosofia antiga especulou, mas sim aquelas qualidades que o homem possui capazes de fazê-lo superar os eventuais percalços e se impor perante qualquer sorte. No caso do Príncipe, a virtù constitui aquele conjunto de qualidades pessoais necessárias para a manutenção do estado e a realização de grandes feitos, mesmo que estas qualidades sejam eventualmente cruéis

17. (Enem 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo. b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos. c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana. d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem. e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

Resposta:

[C]

Percebemos claramente pela passagem citada que o pensamento de Maquiavel regula de acordo com a sorte as nossas ações de todo tipo, sendo em um momento a própria sorte um árbitro e noutro uma preocupação com a qual nos conformamos. Agir bem é agir efetivamente perante as circunstâncias. Não por outro motivo a história é muito importante para Maquiavel, pois é através dela que encontramos exemplos de homens que agiram efetivamente perante as adversidades e obtiveram resultados que contornaram o poder devastador da sorte. Neste contexto, virtù não pode ser a virtude de um homem bom como a filosofia antiga especulou, mas sim aquelas qualidades que o homem possui capazes de fazê-lo superar os eventuais percalços. No caso do Príncipe, a virtù constitui aquele conjunto de qualidades pessoais necessárias para a manutenção do estado e a realização de grandes feitos, mesmo que estas qualidades sejam eventualmente cruéis.

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18. (Unicentro 2012) O filósofo que se relaciona ao pensamento político moderno é a) Aristóteles. b) Descartes. c) Maquiavel. d) Sócrates. e) Hume.

Resposta:

[C]

Sócrates e Aristóteles foram pensadores do período clássico. Dentre os pensadores restantes, apesar de todos representarem a filosofia moderna, somente Maquiavel foi expoente do pensamento político. È de certo consenso, inclusive, considerar que ele foi o precursor do pensamento político moderno por considerar a política como uma esfera autônoma, não relacionada à moral cristã.

19. (Unioeste 2012) “Creio que a sorte seja árbitro da metade dos nossos atos, mas que nos permite o controle sobre a outra metade, aproximadamente. Comparo a sorte a um rio impetuoso que, quando enfurecido, inunda a planície, derruba casas e edifícios, remove terra de um lugar para depositá-la em outro. Todos fogem diante de sua fúria, tudo cede sem que se possa detê-la. Contudo, apesar de ter essa natureza, quando as águas correm quietamente é possível construir defesas contra elas, diques e barragens, de modo que, quando voltam a crescer, sejam desviadas para um canal, para que seu ímpeto seja menos selvagem e devastador. O mesmo se dá com a sorte, que mostra todo o seu poder quando não foi posto nenhum empenho para lhe resistir, dirigindo sua fúria contra os pontos que não há dique ou barragem para detê-la. [...] O príncipe que baseia seu poder inteiramente na sorte se arruína quando esta muda. Acredito também que é prudente quem age de acordo com as circunstâncias, e da mesma forma é infeliz quem age opondo-se ao que o seu tempo exige”.

Maquiavel

Considerando o pensamento político de Maquiavel e o texto acima, é INCORRETO afirmar que a) o êxito da ação política do príncipe depende do modo como ele age de acordo com as

circunstâncias. b) a manutenção do poder e a estabilidade política são proporcionadas pelo príncipe de virtù,

independentemente dos meios por ele utilizados. c) o sucesso ou o fracasso da ação política para a manutenção do poder depende

exclusivamente da sorte e do uso da força bruta e violenta. d) na manutenção do poder, a ação política do príncipe se fundamenta, não no uso da força

bruta e da violência, mas na utilização da força com virtù. e) o êxito da ação política, com vistas à manutenção do poder, resulta do saber aproveitar a

ocasião dada pelas circunstâncias e da capacidade de entender o que o seu tempo exige.

Resposta:

[C]

Percebemos claramente pela passagem citada que o pensamento de Maquiavel regula de acordo com a sorte as nossas ações de todo tipo, sendo em um momento a própria sorte um árbitro e, noutro, uma preocupação com a qual nos conformamos. Agir bem é agir efetivamente perante as circunstâncias. Não por outro motivo, a história é muito importante para Maquiavel, pois é através dela que encontramos exemplos de homens que agiram efetivamente perante as

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adversidades e obtiveram resultados que contornaram o poder devastador da sorte. Neste contexto, virtù não pode ser a virtude de um homem bom como a filosofia antiga especulou, mas sim aquelas qualidades que o homem possui capazes de fazê-lo superar os eventuais percalços. No caso do Príncipe, a virtù constitui aquele conjunto de qualidades pessoais necessárias para a manutenção do estado e a realização de grandes feitos, mesmo que essas qualidades sejam eventualmente cruéis.

20. (Unisc 2012) A partir do século XVI, com o surgimento das monarquias nacionais e o desenvolvimento do capitalismo, as concepções de poder foram elaboradas para se ajustarem aos novos tempos. Um dos grandes pensadores dessa época, responsável também pela inauguração do pensamento político moderno e que afirmou ser “o poder forjado nas relações humanas e, como tal, pertence a esse mundo”, foi a) Nicolau Maquiavel. b) Thomas Hobbes. c) John Locke. d) Jean-Jacques Rousseau. e) Immanuel Kant.

Resposta:

[A]

Dentre as alternativas o único pensador do século XVI é Nicolau Maquiavel (1469-1527). Thomas Hobbes (1588-1679) é um racionalista conhecido por sua teoria do contrato social e sua concepção do homem como lupino; John Locke (1632-1704) é o patrono do liberalismo clássico e uma grande influência do movimento Iluminista; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) é um pensador conhecido também por sua teoria política baseada no contrato social, seu pensamento sobre educação é, do mesmo modo, bastante conhecido; Immanuel Kant (1724-1804) é um filósofo do período Iluminista conhecido por suas críticas da razão e do juízo, sua Metafísica dos costumes e suas lições em antropologia.Maquiavel funda a filosofia política moderna no sentido de que suas afirmações se colocam em oposição ao pensamento político clássico. Sua reflexão preocupa-se mais com questões efetivas que com questões imaginativas sobre o dever ser:

“Resta ver agora como deve comportar-se um príncipe com os súditos ou com os amigos. Como sei que sobre isso muitos escreveram, receio, fazendo-o eu também, ser considerado

presunçoso, principalmente porque, ao tratar deste assunto, me afasto das regras estabelecidas pelos outros. Mas sendo minha intenção escrever coisa útil, destinada a quem por ela se interessar, pareceu-me mais conveniente ir diretamente à efetiva verdade do que

comprazer-me em imaginá-la. Muita gente imaginou repúblicas e principados que jamais foram vistos ou de cuja real existência jamais se teve notícia. E é tão diferente o como se vive do

como se deveria viver, que aquele que desatende ao que se faz e se atém ao que se deveria fazer aprende antes a maneira de arruinar-se do que a de preservar-se. Assim, o homem que

queira em tudo agir como bom acabará arruinando-se em meio a tantos que não são bons”. (Nicolau Maquiavel. O Príncipe. São Paulo: Círculo do livro, p. 101)

21. (Ufu 2012) Considere o modo como Maquiavel descreve a constituição do principado civil:

O principado é estabelecido pelo povo ou pelos grandes, segundo a oportunidade que tiver uma dessas partes; percebendo os grandes que não podem resistir ao povo, começam a dar reputação a um dos seus elementos e o fazem príncipe, para poder, sobre sua sombra,

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satisfazer seus apetites. O povo também, vendo que não pode resistir aos grandes, dá reputação a um cidadão e o elege príncipe para estar defendido com sua autoridade.

MAQUIAVEL. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

Com base em seus conhecimentos sobre Maquiavel e, a partir da leitura do trecho acima, responda: a) Quais são os dois desejos que constituem as cidades? b) Qual é o papel político do Príncipe e quais meios deve ele utilizar para desempenhá-lo?

Resposta:

a) Os dois desejos que dividem as cidades são: o desejo dos grandes de satisfazer seus apetites e o desejo do povo de estar em geral defendido.

b) O papel político do Príncipe é o de constituir um poder superior capaz de mantê-lo no poder. O Príncipe também tem por tarefa cuidar da manutenção e conservação desse poder superior. Conforme Maquiavel, o Príncipe pode se utilizar de todos os meios disponíveis para a consecução de seus objetivos. Desde que as circunstâncias assim o exijam, o Príncipe poderá se utilizar inclusive da mentira, da violência e da força, porém deve, logicamente, ser astuto e assim evitar ser odiado pelos súditos.

22. (Unesp 2011) “Três maneiras há de preservar a posse de Estados acostumados a serem governados por leis próprias; primeiro, devastá-los; segundo, morar neles; terceiro, permitir que vivam com suas leis, arrancando um tributo e formando um governo de poucas pessoas, que permaneçam amigas. Sucede que, na verdade, a garantia mais segura da posse é a ruína. Os que se tornam senhores de cidades livres por tradição, e não as destroem, serão destruídos por elas. Essas cidades costumam ter por bandeira, em suas rebeliões, tanto a liberdade quanto suas antigas leis, jamais esquecidas, nem com o passar do tempo, nem por influência dos favores que receberam.Por mais que se faça, e sejam quais forem os cuidados, sem promover desavença e desagregação entre os habitantes, continuarão eles a recordar aqueles princípios e a estes irão recorrer em quaisquer oportunidades e situações”.

(Nicolau Maquiavel. Publicado originalmente em 1513. Adaptado.)

Partindo de uma definição de moralidade como conjunto de regras de conduta humana que se pretendem válidas em termos absolutos, responda se o pensamento de Maquiavel é compatível com a moralidade cristã. Justifique sua resposta, comentando o teor prático ou pragmático do pensamento desse filósofo.

Resposta:

O pensamento de Maquiavel é célebre por ter rompido com a moralidade cristã da época – é bom lembrar que estamos falando da época do Renascimento, quando as explicações religiosas começam a ceder espaço para o pensamento racional, baseado na capacidade humana de explicar o mundo. Deste modo, Maquiavel é racional e totalmente pragmático, elaborando um tratado político – “O príncipe”, do qual provavelmente foi retirado esse excerto – que funciona como uma espécie de manual, com conselhos extremamente práticos e realistas para se obter e manter o poder, sem menção a qualquer restrição de ordem moral.

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23. (Ufba 2011) Na teoria geral do Estado distinguem-se, embora nem sempre com uma clara linha demarcatória, as formas de governo dos tipos de Estado. Na tipologia das formas de governo, leva-se mais em conta a estrutura de poder e as relações entre os vários órgãos dos quais a constituição solicita o exercício do poder; na tipologia dos tipos de Estado, mais as relações de classe, a relação entre o sistema de poder e a sociedade subjacente, as ideologias e os fins, as características históricas e sociológicas.As tipologias clássicas das formas de governo são três: a de Aristóteles, a de Maquiavel e a de Montesquieu.

(BOBBIO, 1987, p. 104).

De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre formas de governo e estruturas de poder político, são verdadeiras as proposições 01) Monarquia, aristocracia e democracia são formas de governo definidas por Aristóteles, a

partir do conhecimento da diversidade política existente nas cidades-Estado da antiga Grécia.

02) A divisão de poderes fundamentou a organização da primeira Constituição republicana brasileira, promulgada em 1891, demonstrando a influência da teoria política de Montesquieu.

04) O pensamento político de Montesquieu opunha-se à estrutura do Estado absolutista e propiciou as bases do Estado Liberal.

08) As “razões de Estado”, concebidas como valor político acima de qualquer outro ideal, foi um princípio defendido por Maquiavel, considerado o fundador da moderna ciência política.

16) O modelo de república liberal idealizado por Maquiavel é reconhecível nas formas de governo dos países que, na contemporaneidade, constituem o denominado Grupo G8.

32) Aristóteles elaborou o projeto político responsável pela unificação política da Grécia dentro do modelo de tirania temporária.

64) Montesquieu privilegiava o Poder Executivo, em detrimento dos demais poderes, razão do seu distanciamento do pensamento político e filosófico de Maquiavel.

Resposta:

01 + 08 + 16 + 32 = 57

Aristóteles estabelece uma tipologia das formas de governo que se tornou clássica. Usa o critério da quantidade para distinguir um do outro, portanto Monarquia (governo de um só); Aristocracia (de um pequeno grupo). E Democracia (governo da maioria).Maquiavel funda uma nova perspectiva de política em relação aos gregos, onde, para fazer política é preciso compreender o sistema de forças existentes e calcular a alteração do equilíbrio provocada pela interferência de sua própria ação nesse sistema.

24. (Uem 2011) A Idade Média caracteriza-se por uma concepção teocrática da política. O processo de secularização, que ocorre no bojo da modernidade, produz concepções laicas da política. Sobre os novos ideais da modernidade, assinale o que for correto. 01) A teoria política contratualista de Jean-Jacques Rousseau foi utilizada como ponto de apoio

pela burguesia, preocupada em modificar a ordem política e social. 02) A teoria política de Thomas Hobbes ataca a ideia de soberania do Estado e preconiza a

organização pluralista de governo, que dá origem à formação do parlamentarismo inglês. 04) O termo secularização surgiu nos séculos XVI e XVII, no campo jurídico, para indicar a

passagem de um Estado religioso para um Estado secular, ou da transição de propriedades e prerrogativas eclesiásticas para instituições laicas.

08) Para Max Weber, o processo de secularização, que ocorre entre a modernidade e o fim da teocracia, teria como consequência a formação de um Estado democrático, que delegaria todo poder ao cidadão.

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16) Maquiavel preconiza, tanto em O Príncipe quanto em Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio, a formulação de um Novo Estado, de caráter laico e autônomo em relação ao poder espiritual dos pontífices.

Resposta:

01 + 04 + 16 = 21.

[01] CORRETA. Ainda que a burguesia se aproxime mais ao liberalismo de John Locke, a teoria política de Rousseau também foi utilizada por ela devido ao seu potencial transformador e humanista;

[02] INCORRETA. Thomas Hobbes foi um forte defensor do poder soberano, considerado por ele como inviolável;

[04] CORRETA. A secularização foi o processo histórico que separou o Estado das instituições religiosas;

[08] INCORRETA. Segundo Max Weber, a secularização não está relacionada com a formação de um Estado democrático. Segundo ele, o Estado é caracterizado por possuir o monopólio do uso da força, o que não significa delegar todo o poder ao cidadão;

[16] CORRETA. Maquiavel pode ser considerado como o primeiro pensador político da modernidade, justamente por pensar o Estado em seu caráter unicamente político, e não mais ético, religioso ou sobrenatural.

25. (Unesp 2011) Analise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo italiano Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política são práticas distintas.

“A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck (1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e mantidos no poder por nações que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável?Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário diplomata americano do século passado, George Kennan, morto aos 101 anos em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua política externa: seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para viver”.

(Veja, 02.03.2011. Adaptado.)

A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo a) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão

militar sobre populações civis. b) foi um dos teóricos da democracia liberal, demonstrando-se avesso a qualquer tipo de

manifestação de autoritarismo por parte dos governantes. c) foi um dos teóricos do socialismo científico, respaldando as ideias de Marx e Engels. d) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade cristã como base da vida política. e) refletiu sobre a política através de aspectos prioritariamente pragmáticos.

Resposta:

[E]

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Nicolau Maquiavel (1469-1527), para descrever a ação do príncipe (governante) usa de duas expressões italianas virtú e fortuna. A virtú significa virtude, no sentido grego de força, valor, uma qualidade de guerreiro e lutador forte e viril. Em Maquiavel, não se trata disto, mas sim da capacidade do príncipe de perceber o jogo das forças que caracteriza o momento político para agir, seja de qual maneira for, para alcançar seus objetivos. O pensamento de Maquiavel se aproxima com o texto da questão quando ela se aplica a fortuna, ou seja, a ocasião (pragmático) que não deve deixar escapar pelo príncipe e nela utilizar-se dos meios necessários para seus fins.

26. (Ifsp 2011) Reconhecido por muitos como fundador do pensamento político moderno, Maquiavel chocou a sociedade de seu tempo ao propor, em O Príncipe, que a) a soberania do Estado é ilimitada e que o monarca, embora submetido às leis divinas, pode

interpretá-las de forma autônoma, sem a necessidade de recorrer ao Papa. b) a autoridade do monarca é sagrada, ilimitada e incontestável, pois o príncipe recebe seu

poder diretamente de Deus. c) o Estado é personificado pelo monarca, que encarna a soberania e cujo poder não conhece

outros limites que não aqueles ditados pela moral. d) a autoridade do príncipe deriva do consentimento dos governados, pois a função do Estado

é promover e assegurar a felicidade dos seus súditos. e) a política é autonormativa, justificando seus meios em prol de um bem maior, que é a

estabilidade do Estado.

Resposta:

[E]

A alternativa E é a única correta. É justamente em “O príncipe” que foi explicitada a ideia de que os fins justificam os meios, pois vale tudo para se manter a autoridade. O livro é praticamente um manual sobre o que um governante deve fazer e como deve se comportar para manter seu poder e provocou uma ruptura com a moral vigente. Maquiavel afirma ainda que para um bom governante é necessário possuir um combinação de virtú (qualidades que um bom administrador e governante deve possuir para passar por cima dos obstáculos do destino) com fortuna (sorte).

27. (Ufu 2011) A Itália do tempo de Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) não era um Estado unificado como hoje, mas fragmentada em reinos e repúblicas. Na obra O Príncipe, declara seu sonho de ver a península unificada. Para tanto, entre outros conceitos, forjou as concepções de virtú e de fortuna. A primeira representa a capacidade de governar, agir para conquistar e manter o poder; a segunda é relativa aos “acasos da sorte” aos quais todos estão submetidos, inclusive os governantes. Afinal, como registrado na famosa ópera de Carl Orff: Fortuna imperatrix mundi (A Fortuna governa o mundo).

Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir.

MAQUIAVEL, N. “O príncipe”. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultura, 1973, p. 79 - 80.

Com base nas informações acima, assinale a alternativa que melhor interpreta o pensamento de Maquiavel. a) Trata-se da fortuna, quando Maquiavel diz que “as causas que o determinaram cessem de

existir”; e de virtú, quando Maquiavel diz que o príncipe deve ser “prudente”.

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b) Trata-se da virtú, quando Maquiavel diz que as “causas mudaram”; e de fortuna quando se refere ao príncipe prudente, pois um príncipe com tal qualidade saberia acumular grande quantidade de riquezas.

c) Apesar de ser uma frase de Maquiavel, conforme o texto introdutório, ela não guarda qualquer relação com as noções de virtú e fortuna.

d) O fragmento de Maquiavel expressa bem a noção de virtú, ao dizer que o príncipe deve ser prudente, mas não se relaciona com a noção de fortuna, pois em nenhum momento afirma que as “circunstâncias” podem mudar.

Resposta:

[A]

Maquiavel não partiu da Bíblia ou do Direito Romano e nem das obras de filósofos clássicos, mas da experiência real de seu tempo para construir suas teorias políticas. A compreensão destas experiências históricas e a interpretação do sentido delas o conduziram à ideia de que uma nova concepção da sociedade e da política tornara-se necessária principalmente para a Itália e para Florença. Sua obra funda o pensamento político moderno, porque busca oferecer respostas novas a uma situação histórica também nova que seus contemporâneos tentavam compreender, buscando nos autores antigos respostas que já não cabiam nos acontecimentos que ocorriam diante de seus olhos.A maneira melhor de entender o conceito de fortuna é com a questão central do estudo da ética pelos filósofos: “O que está e o que não está em nosso poder?” “Estar em nosso poder” significa a ação racional voluntária livre, própria da virtude, e “não estar em nosso poder” significa o conjunto de circunstâncias que não dependem de nós nem de nossa vontade. Maquiavel não abandonou a noção de que um governante virtuoso é aquele cujas virtudes não sucumbem ao poderio da caprichosa e inconstante fortuna, porém, lhe imputa um sentido inteiramente novo. A virtu é a capacidade do príncipe para ser flexível as circunstâncias, mudando com elas para agarrar e dominar a fortuna, em outras palavras, um príncipe que agir sempre da mesma maneira e de acordo com os mesmo princípios em todas as circunstâncias fracassará e não terá virtu nenhuma, assim, para ser senhor de sua sorte ou das circunstâncias deve mudar com elas, e com elas, ser volúvel e inconstante, pois somente assim saberá agarrá-las e vencê-las. Em alguns momentos, deverá ser cruel, em outras, generoso; em outras, deverá mentir, em outras, ser honrado; em certos momentos, deverá ceder à vontade dos outros, em alguns, ser inflexível. O ethos ou caráter do príncipe deve variar com as circunstâncias, para que sempre seja senhor delas.A fortuna, diz Maquiavel, é sempre favorável a quem deseja agarrá-la. Oferece-se como um presente a todo aquele que tiver ousadia para dobrá-la e vencê-la. Assim, no lugar da tradicional oposição entre constância o caráter virtuoso e a inconstância da fortuna, Maquiavel introduz a virtu política, como astúcia e capacidade para adaptar-se às circunstâncias e aos tempos, como ousadia para agarrar a boa ocasião e força para não ser arrastada pelas más, em outras palavras, Maquiavel inaugura a ideia de valores políticos medidos pela eficácia prática e pela utilidade social, afastados dos padrões que regulam a moralidade privada dos indivíduos.

28. (Uem 2011) Na história da Filosofia, encontramos a expressão de diferentes tipos de debate que discutem a relação entre saber e poder. Sobre essa relação de conceitos, assinale o que for correto. 01) Na obra O príncipe, Maquiavel critica os “profetas desarmados”, isto é, os homens que,

sem nenhum poder e conhecimento da realidade política, imaginam formas ideais de governo.

02) Michel Foucault considera que o poder como dominação exercida pelos homens, nas relações sociais, é consequência da ignorância e que o saber adquirido pela educação é o meio capaz de libertar os homens da opressão mútua.

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04) Francis Bacon critica a Filosofia clássica grega porque ela desenvolveu um saber meramente contemplativo. Para Francis Bacon, o saber deve traduzir-se em poder sobre a natureza, além de trazer aos homens bens úteis, capazes de melhorar a existência.

08) Friedrich Nietzsche segue a tradição socrática e considera o homem bom e nobre aquele que for capaz de dominar a vontade de potência, submetendo-a, com sabedoria, às exigências da razão.

16) Para Karl Marx, o saber da burguesia é uma ideologia, pois sua função é ocultar a realidade com o intuito de exercer e conservar um poder classista.

Resposta:

01 + 04 + 16 = 21.

Todas as assertivas são verdadeiras, com exceção da [02] e da [08]. No pensamento de Michel Foucault, o poder pode ser considerado como uma série de mecanismos e dispositivos que não estão em posse das pessoas. Segundo essa concepção, uma sociedade onde não exista poder é impossível. Já a concepção de Nietzsche é justamente o inverso daquilo que é apresentado na assertiva [08]. Para ele, o homem não tem que ser bom ou ruim, tem somente que deixar manifestar a sua vontade de potência para se satisfazer enquanto homem. Ele não pode, portanto, ser dominado pela sua razão.

29. (Ufmg 2010) Leia estes dois trechos:

E há de se entender o seguinte: que um príncipe [...] não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo frequentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. [...] Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo é levado pelas aparências e pelos resultados dos fatos consumados [...]

MAQUIAVEL, O Príncipe. Trad. L. Xavier. In: Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril, 1979, XVIII, pp. 74-75.

Num combate da guerra civil contra Cina, um soldado de Pompeu, tendo matado involuntariamente o irmão, que era do partido contrário, ali mesmo matou-se de vergonha e tristeza; e alguns anos depois, numa outra guerra civil desse mesmo povo, um soldado, por haver matado o irmão, pediu recompensa a seus comandantes. Explicamos mal a honestidade e a beleza de uma ação por meio de sua utilidade; e concluímos mal ao estimar que todos estejam obrigados a ela e que ela seja honesta para todos se for útil.

MONTAIGNE, Os Ensaios. Trad. R. C. Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 2001, III, 1, p. 25.

Nos dois trechos, os filósofos, que viveram no início da Era Moderna, propõem duas perspectivas distintas a da vida política e a da vida privada , para a apreciação do valor das ações humanas.Cada uma dessas duas perspectivas gera, por sua vez, critérios distintos de avaliação.A partir da leitura dos dois trechos transcritos, redija três textos,

a) um, contrastando as duas perspectivas propostas.b) um, identificando os critérios que cada um dos dois autores adota para avaliar as ações

humanas.c) um, argumentando a favor de ou contra a possibilidade de se conciliarem as duas

perspectivas.

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Resposta:

A perspectiva moral de Maquiavel é relacionada com o papel do príncipe de vencer e conservar o Estado. A partir do momento em que age em função disso, suas ações serão sempre honrosas e louvadas, podendo, inclusive, para manter o governo, agir contra a caridade, a fé e a religião. Montaigne, ao contrário, ao citar o caso do soldado de Pompeu, faz o elogio das ações honestas, ainda que elas sejam contrárias à utilidade e à ação da maioria.

Nicolau Maquiavel se utiliza do conceito de virtù para julgar as ações humanas, em particular as do príncipe. Na medida em que esse se utiliza de meios adequados para manter o poder do Estado conquistado, ele está agindo de forma correta. Já para Montaigne, as ações devem ser guiadas pela honestidade e pela beleza, que em nada se relaciona com o critério de utilidade. Uma ação honesta, ainda que seja inútil à maioria, se mantém como tal, inclusive em períodos de guerra.

A FAVOR: Pode-se dizer que essas duas perspectivas não são necessariamente antagônicas. De nenhuma maneira Montaigne argumenta sobre a ação política do príncipe. Ele estava preocupado com a moral privada. Portanto, nesse sentido, sua argumentação é racional. Como Maquiavel busca compreender a ação do príncipe no governo, fica bem claro como ele não se refere à vida privada dos indivíduos, mas ao poder soberano. Nesse âmbito de vida pública, as regras são diferentes da vida privada. CONTRA: As duas concepções morais são diametralmente antagônicas. Não é possível para um homem agir moralmente bem e mal ao mesmo tempo. Segundo a visão de Montaigne, as ações defendidas por Maquiavel, ainda que para defender o Estado, baseiam-se em critérios de utilidade. Não é só porque na política os homens agem de maneira amoral que tais atos podem ser considerados honrosos.

30. (Ufu 2010) Leia com atenção o texto a seguir.

A finalidade da política não é, como diziam os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas, como sempre souberam os políticos, a tomada e manutenção do poder. O verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder [...].

(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 396.)

A respeito das qualidades necessárias ao príncipe maquiaveliano, é correto afirmar: a) O príncipe precisa ter fé, ser solidário e caridoso, almejando a realização da virtude cristã. b) O príncipe deve ser flexível às circunstâncias, mudando com elas para dominar a sorte ou

fortuna. c) O príncipe precisa unificar, em todas as suas ações, as virtudes clássicas, como a

moderação, a temperança e a justiça. d) O príncipe deve ser bondoso e gentil, angariando exclusivamente o amor e, jamais, o temor

do seu povo.

Resposta:

[B]

Quando o príncipe não deve deixar de escapar a fortuna, significa que não deve deixar a ocasião porque de nada adiantaria um príncipe virtuoso, se não soubesse ser precavido ou ousado, aguardando a ocasião propícia da sorte ou do acaso das circunstâncias, para isso, ele

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tem de ser um observador da história.