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LEVV CONVIVÊNCIA

PROJETO DE APADRINHAMENTO AFETIVO

Profa Dra Vania Conselheiro Sequeira1

Danielle Araujo2

Fernanda Viana

Laura Calderazo

Mariana Pelais

Paula Martinez

1Professora e Supervisora em Psicologia Jurídica do Curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Idealizadora e Coordenadora do LEVV (Laboratório de estudos da Violência e Vulnerabilidade social - UPM) e do CREVV (Centro de Referencia em estudos da Violência e Vulnerabilidade social - UPM). Estágio Pós Doutoral no Complexus - PUC/SP. Doutorado em Ciências Sociais pela PUC/SP. Mestre em Psicologia Social pela PUC/SP. Psicóloga e psicanalista.

Contato: Tel: (11) 9309 0838. E-mail: [email protected]

2 Alunas do curso de Psicologia e participantes do LEVV-CREVV.

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SUMÁRIO

I INTRODUÇAO 03

II MÉTODO 07

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15

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INTRODUÇAO

No Brasil, o acolhimento institucional previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA (1990) tem sido utilizado como principal medida de proteção a crianças e adolescentes, deveria ser de caráter provisório, e, pela nova lei de Adoção não poderia exceder o período de dois anos (BRASIL, 2009). No entanto, muitas crianças e adolescentes ficam por muitos anos institucionalizados, sem perspectiva de adoção ou de retorno à família de origem.

Os candidatos à adoção preferem crianças de 0 a 3 anos, o que corresponde a cerca de 3% das crianças disponíveis para adoção. O Levantamento Nacional de Crianças e Adolescentes em Serviços de Acolhimento mostrou que existem 2.624 abrigos em 1.157 municípios do Brasil e os relatórios da Corregedoria Nacional de Justiça, de janeiro de 2015, indicaram que há 45.132 acolhidos nesses abrigos, mas somente 5.657 estavam aptos à adoção. Sendo 37% com idade entre 15 e 17 anos; 30% entre 12 e 14 anos; 18% entre 9 e 11 anos e 8% entre 6 e 8 anos.

As instituições de acolhimento carregam ainda suas raízes históricas de grandes instituições asilares, portanto, o direito a convivência familiar e comunitária muitas vezes ainda não é respeitado, isso gera consequências negativas para os acolhidos que aparecem no âmbito dos vínculos afetivos e no processo de socialização. Impedidos de voltarem para suas famílias de origem, por conta de ausência de alternativas de políticas publicam de apoio às famílias, e sem obterem uma família substituta, seja porque não estão aptos para adoção, ou porque não se encaixam no perfil que os candidatos almejam adotar, essas crianças e adolescentes necessitam de uma figura de apego para estabelecerem uma relação significativa, papel assumido muitas vezes pelos cuidadores e por seus pares (ALEXANDRE; VIEIRA, 2004).

Considerando que, segundo o ECA, o Acolhimento Institucional é uma medida protetiva, provisória e excepcional pra crianças e adolescentes impossibilidades que habitar com sua família, no contexto Institucional muitas crianças e adolescentes vivenciam o acolhimento como uma ruptura ou perda dos vínculos familiares, alterando assim seus sentimentos de pertencimento. Vale considerar também que muitos não retornam para as suas famílias ou não são recolocados em família substituta, permanecendo a maior parte de suas vidas nestas Instituições com convivências sociais distintas e ausência de vínculos afetivos externos a Instituição (Goulart e Paludo, 2014) "Nesse cenário, os laços afetivos estabelecidos na vinculação com outras pessoas se tornam fundamentais para uma nova significação de relações com o mundo" (Mota e Matos, 2008 apud Goulart e Paludo, 2014, p.36).

O Projeto de Apadrinhamento Afetivo visa proporcionar aos adolescentes em situação de Acolhimento Institucional vivência comunitária e familiar, assim como contribuir para que se criem vínculos afetivos com pessoas de fora da Instituição, de maneira que, recebam cuidados e atenção individualizada. O Projeto de Apadrinhamento Afetivo enxerga através da relação padrinho-afilhado a possibilidade de trocas contínuas, em que os dois compartilham momentos e vivências. Através desta relação o afilhado vincula-se com uma figura externa à Instituição, que se preocupa e acompanha seu desenvolvimento

Existem algumas iniciativas de entidades brasileiras que buscam promover a desinstitucionalização de crianças e adolescentes, respeitando a provisoriedade do acolhimento, investindo em medidas protetivas alternativas. Vale citar como exemplo de uma delas, o programa Serviço Alternativo de Proteção Especial à Criança e ao Adolescente (SAPECA), da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura Municipal de

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Campinas/SP. Criado no ano de 1997, o programa SAPECA atende crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica através de famílias acolhedoras, que podem ser definidas como aquelas que “voluntariamente tem a função de acolher em seu espaço familiar, pelo tempo que for necessário, a criança e ao adolescente vítima de violência doméstica que, para ser protegido foi retirado de sua família natural, respeitada sua identidade e história” (CABRAL, 2005, p.33). Tal medida protetiva provê a convivência social e comunitária, o desenvolvimento integral e a inserção familiar, de acordo com o que está previsto no ECA. Durante o período de acolhimento, a família recebe acompanhamento para que a qualidade do atendimento seja garantida da melhor forma possível. Projetos como este contribuem para uma futura e gradativa mudança na política de atendimento nos municípios brasileiros, ampliando o serviço de família acolhedora.

Neste sentido, a temática do apadrinhamento afetivo se torna um alvo de discussão importante. Segundo Sousa e Paravidini (pag. 538, 2011), o apadrinhamento afetivo é definido como “uma prática que intenta proporcionar às crianças acolhidas vínculos alternativos dotados de significado, que contribuam para que elas tenham vivências familiares e emocionais saudáveis ao seu desenvolvimento psíquico”.

Os autores referidos realizaram um estudo, tendo por base a teoria psicanalítica, com madrinhas e com um caso clínico de uma criança apadrinhada, constatando que existe uma semelhança com os casos de adoção, em que o adulto busca o afilhado/afilhada ideal assim como os candidatos a pais também idealizam a criança a ser adotada.

Goulart e Paludo (2014) realizaram um estudo que visou à análise do Programa de Apadrinhamento Afetivo em um município da região sul do Rio Grande do Sul, identificando através de entrevista com 25 apadrinhados em situação de acolhimento institucional e através da aplicação de questionário em seus respectivos madrinhas e padrinhos. Os resultados se mostraram satisfatórios, pois foi concluído que o Programa atende seu objetivo de permitir novas possibilidades de laços afetivos e protetivos fora do ambiente institucional e se mostraram significativos tanto para os afilhados quanto para seus padrinhos.

Existem algumas iniciativas no cenário brasileiro que tem mostrado resultados satisfatórios e merecem ser salientadas como referências para novos projetos. O Poder Judiciário do Mato Grosso do Sul implantou no ano de 2000 o Projeto Padrinho, como “um programa de solidariedade e apoio da sociedade civil às crianças e adolescentes abrigados” (PROJETO PADRINHO, p.3). Esta iniciativa, de acordo com o que se relata, tem mostrado eficácia, conquistando no ano de 2007 o primeiro lugar na categoria Poder Judiciário, no concurso Mude um destino organizado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O projeto é considerado como uma referência nacional e já foi implantado em mais de cinquenta cidades do Brasil. O Tribunal de Justiça do Pará criou o programa Conta Comigo, que apresenta quatro modalidades de apadrinhamento, dentre eles o afetivo. Trata-se de um projeto com pouco tempo de atuação, implantado no mês de abril de 2014 que realiza parcerias com os abrigos e órgãos públicos da região de Belém. A organização não governamental Instituto Amigos de Lucas, criada em 1998, implantou o Programa de Apadrinhamento Afetivo (PAA) que atende crianças maiores de cinco anos de idade no estado do Rio Grande do Sul. A instituição Aconchego foi fundada em 1997, em Brasília e tem por objetivo "promover ações e tecnologias sociais transformadoras em prol da convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes em acolhimento institucional." (Organização Aconchego). O Programa de Apadrinhamento Afetivo oferecido pela instituição atende crianças acima dos dez anos de idade e conta com três modalidades de padrinhos: sócio-educativo, que promove desenvolvimento, a afetividade e a educação; tutor, que auxilia no desenvolvimento da autonomia de jovens maiores de catorze anos de idade; provedor, que contribui com recursos financeiros e aparatos matérias para com as crianças e adolescentes.

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O Programa de Apadrinhamento Afetivo não visa à adoção, visa garantir assistência de ordem afetiva, educacional, física e moral a crianças com poucas possibilidades de adoção ou retorno ao convívio da família de origem (BORBA et al. 2011). Na literatura foram escassos os estudos encontrados a respeito do tema. Não há uma regulamentação do apadrinhamento afetivo, por este motivo acredita-se que essa medida alternativa de cuidado seja pouco empregada nos abrigos.

A nomeação “padrinho” e “afilhado” cria uma aproximação entre o jovem e o adulto, e se trata do reconhecimento do novo vínculo que pode suscitar uma relação de parentesco. O conceito “acostumar-se” é relevante neste contexto, pois a concepção dessa nova realidade, tanto para o afilhado quanto para o padrinho, deve ser observada e compreendida (DANTAS, p. 21, 2011).

Segundo Bowlby (1989 apud DALBEN, p.13, 2005) desde o nascimento o bebê possui necessidade de proximidade com os pais ou cuidadores, apresentado sinais inatos. O vínculo afetivo se desenvolve de acordo com a maturação cognitiva e emocional da criança e uma vez estabelecido afeta o indivíduo e suas relações no decorrer de sua vida. A figura de apego oferece sentimento de segurança que auxilia o indivíduo jovem na exploração do ambiente e de situações novas. Desta forma, o apego pode ser compreendido como um tipo de vínculo, que envolve sentimentos que estabelecem ligações entre as pessoas e o vínculo em si se trata de um relacionamento único, duradouro e significativo em que há manutenção da proximidade (p.13).

Quando o indivíduo atinge a adolescência ou a idade adulta, as figuras de apego são utilizadas como referência em momentos difíceis da vida, mantendo um bom relacionamento de afeto. Padrinhos e madrinhas, neste sentido, poderão exercer o papel da figura de apego, que auxiliará o jovem apadrinhado a obter o sentimento de segurança, necessário para se tornar autônomo e desenvolver-se, além de ser uma referência de apoio, importante e significativa.

Objetivo geral

Implantar uma cultura de apadrinhamento afetivo nas instituições de acolhimento, responsabilizando a comunidade pelos seus jovens cidadãos.

Objetivos específicos

Desenvolver uma cultura de compromisso social com os jovens acolhidos por parte da comunidade

Promover a cidadania do jovem acolhido como sujeito de direitos, garantindo-lhes o convívio familiar e comunitário.

Oferecer ao jovem acolhido uma pessoa de referencia afetiva fora da instituição que o inclua afetiva e socialmente em sua vida.

Ampliar o campo de estudos em Psicologia, possibilitando maior aprofundamento da temática do acolhimento institucional e do apadrinhamento afetivo, colaborando para criação de práticas inovadoras na área social.

Capacitar candidatos a apadrinhamento afetivo em grupos de preparação. Acompanhar padrinhos, jovens e instituições durante todo o processo de

implantação do projeto e construção de ferramentas de acompanhamento a longo prazo.

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II MÉTODO

2.1 Público-alvo

O publico alvo desse Projeto de Apadrinhamento Afetivo é o jovem em situação de Acolhimento Institucional, com idade entre 12 e 17 e 11 meses, que já esteja institucionalizado há mais de dois anos sem perspectiva de retorno ao convívio familiar.

2.2 Critérios básicos para se tornar padrinho

Os interessados devem possuir idade superior a 21 anos, participar assiduamente ao Grupo de Preparação, possuir disponibilidade afetiva e equilíbrio emocional, mostrando-se motivado contribuir de forma positiva para o desenvolvimento dos jovens.

2.3 Etapas de implantação

Divulgação do projeto para a comunidade para adesão de voluntários Adesão dos voluntários a padrinhos (Entrevista Inicial, Capacitação, Documentação e

Cadastramento e Feedback) Simultaneamente desenvolvem-se trabalhos preparatórios na instituição de

acolhimento e com os jovens a serem apadrinhados Estratégias de aproximação entre padrinhos e afilhados Acompanhamento

Padrinho/MadrinhaCadastramento online: o interessado deverá preencher uma ficha com dados pessoais Adesão:

Entrevista Inicial: coleta de dados e entrevista individual Capacitação: Participação do Grupo de Preparação (cerca de 08 encontros) Documentação e cadastramento: Assinar um Termo de Compromisso de

Apadrinhamento (um recurso simbólico) (Anexo) e apresentar Registro Geral (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF) e Atestado Criminal.

Feedback: os candidatos considerados aptos receberão as orientações necessárias em uma reunião

Aproximação: Atividades conjuntas entre estagiários, padrinhos e jovensAcompanhamento: participação semestrais no grupo de padrinhos; e mensais (durante os primeiros três meses) em conversas com o estagiário/estagiária de Psicologia e o afilhado/afilhada sobre o andamento do projeto Critérios Básicos do Apadrinhamento:

Possuir idade superior a 21 anos Participar assiduamente do Grupo de Preparação Possuir disponibilidade afetiva e equilíbrio emocional, mostrando-se motivado

para essa relação afetiva.

Atividades esperadas dos padrinhos:

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Efetuar visitas (autorizadas e agendadas antecipadamente junto a equipe técnica do SAICA) e ligações aos afilhados com dedicação mínima de 3 horas semanais ao jovem.

Levar seu afilhado/afilhada a passeios fora da Instituição e para passar fins de semana em sua residência, assim como para viajar nas férias escolares.

Todas estas medidas devem atender aos procedimentos legais e não devem atrapalhar a rotina do adolescente.

Jovens afilhadosInserção: as orientações sobre o Projeto serão dadas nas reuniões com o grupo de afilhados, do qual deve participar os jovens que se enquadrarem no perfil do projeto, em dois momentos distintos, um inicial de preparação e outro de acompanhamento.Grupo de preparação: cerca de 08 encontros)Aproximação: Atividades conjuntas entre estagiários, padrinhos e jovensAcompanhamento: participar do Grupo de afilhados quinzenalmente ou de atendimento individual para acompanhamentoCritérios Básicos do Apadrinhamento:

Possuir idade entre 12 e 17 anos Estar em situação de acolhimento institucional Participar do Grupo de Preparação e de Acompanhamento

InstituiçãoInstrução à Instituição:

Realizar palestra inicial para sensibilização para o projeto (ministrada por um dos estagiários/ estagiárias) com duração de 1 hora, com a participação de funcionários da instituição, mesmo que seja necessária a realização em turnos diferentes

Realizar de rodas de conversa ou mini-cursos sobre temas ligados ao projeto, também em diferentes horários ou com uma metodologia própria que possa incluir jovens e crianças da casa.

Acompanhamento: Reuniões com padrinhos, jovens e estagiários para organização de rotina e discussão sobre ocorrências do processo. Atribuições da instituição:

Autorizar e agendar visitas e passeios dos voluntários (facilitando o apadrinhamento)

Verificar a assiduidade dos voluntários Verificar a rotina dos jovens Relatar aos estagiários ocorrências para que possam ser pensadas intervenções

2.3.1 Intervenção com a Instituição

Realizar-se-á nas instituições onde o Projeto será implantado uma palestra inicial direcionada aos funcionários com o intuito de apresentar a proposta do apadrinhamento

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afetivo, suas implicações para a instituição, para os jovens acolhidos e para os padrinhos/madrinhas. A palestra será ministrada por um estagiário de Psicologia ou por um profissional da área de Psicologia e terá duração de 1 hora. Este primeiro contato visa sensibilizar os funcionários para a temática, fornecendo informações referentes ao processo de apadrinhamento. Logo após esta primeira palestra, será ministrado um minicurso com conteúdo programático voltado para os temas do acolhimento institucional, a importância do Projeto e da criação de vínculos no desenvolvimento do adolescente, às responsabilidades do Padrinho e às responsabilidades da Instituição, à necessidade de um acompanhamento efetivo da relação afilhado-padrinho, conceitos básicos sobre desenvolvimento humano, cidadania e direitos da criança e do adolescente. Ou pela realidade institucional (de poucos funcionários, dificuldade operacional para retirada da rotina) pode ser pensada uma metodologia alternativa de se trabalhar a questão com acolhidos e funcionários, todos juntos, e depois, um aprofundamento, especifico para cada publico.

Encerrado o processo espera-se que a instituição (esteja esclarecida e receptiva em relação ao projeto.

2.3.2 Divulgação:

A divulgação do Projeto de Apadrinhamento será feita através da Mídia e das Redes Sociais, bem como distribuição de panfletos informativos e esclarecimentos das eventuais dúvidas em Instituições pré-selecionadas, como ONGs, SAICAS, Igrejas, entre outras.

Será divulgado em Redes Sociais (Facebook, Twitter, Instagram, etc) informações iniciais sobre os procedimentos para o apadrinhamento, resumindo brevemente quais os objetivos principais deste Projeto, possibilitando a identificação dos voluntários com a proposta de apadrinhamento. Outro meio de divulgação será o site do Laboratório de Estudos da Violência e Vulnerabilidade Social da Universidade Presbiteriana Mackenzie (LEVV- Mackenzie), onde haverá uma página direcionada ao Projeto de Apadrinhamento, com todas as informações do Projeto e, também, contará com uma área para o cadastro dos voluntários - sendo que este será feito após a leitura e concordância do voluntário com os itens do Termo de Consentimento para Apadrinhamento, no qual são apresentados os objetivos do Projeto e as e responsabilidades do voluntário.

Quanto às possíveis dúvidas, o contato para esclarecimentos poderá ocorrer através do telefone ou e-mail do Projeto de Apadrinhamento. Os demais esclarecimentos, relacionados às práticas específicas do apadrinhamento e temas a serem abordados, serão ressaltados e discutidos Grupo de Preparação.

2.3.3 Adesão:

2.3.3.1 Entrevista Inicial:

Para o desenvolvimento adequado do Projeto é preciso conhecer o voluntário que se propõe a apadrinhar um adolescente. Para isto, ocorrerá a coleta de dados por intermédio de uma entrevista semi-dirigida que abordará temas relativos à história e características pessoais do futuro padrinho, serão coletadas informações relacionadas à: histórico familiar e pessoal; trajetória profissional; condições práticas; motivos que o levaram a apadrinhar; opinião dos

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familiares a respeito desta decisão; dentre outros fatores que podem proporcionar oportunidades ou não ao adolescente.

Portanto, após o cadastramento dos candidatos de maneira online, no qual serão fornecidas informações pessoais básicas, ocorrerá à entrevista presencial, na qual inicialmente serão apresentados os objetivos do Projeto, de forma clara e completa aos voluntários e, posteriormente, ocorrerá à coleta de dados seguida por uma entrevista inicial.

2.3.3.2 Capacitação:

Após a entrevista presencial, o candidato será encaminhado ao Grupo de Preparação, que ocorrerá através de encontros semanais. Esse Grupo será coordenado por estagiários de Psicologia e/ou Psicólogos, utilizando-se de temáticas trazidas pelos voluntários, como por exemplo, as dúvidas mais frequentes, seus receios e expectativas, bem como abordará também temas relevantes no processo de apadrinhamento, pré-selecionados pelos coordenadores, sendo estes: a importância dos vínculos; as motivações que levam ao apadrinhamento; a realidade das instituições de Acolhimento brasileiras e especificamente das paulistanas; o que é o apadrinhamento; as expectativas do candidato e da criança; a existência da política de não separação dos grupos de irmãos; relação entre afilhado-padrinho; entre outros temas. As temáticas serão trabalhadas de maneira didática através de rodas de discussão, apresentação de filmes e jogos envolvendo os diversos assuntos, estimulando a reflexão e a sensibilização dos voluntários.

2.3.3.3Documentação e Cadastramento:

Em sequência ao período de capacitação, ocorrerá a entrega de documentos e assinatura do Termo de Compromisso, por meio dele, o voluntário afirma sua livre vontade em apadrinhar um adolescente, estando este ciente da importância e responsabilidade de tal vínculo, desta forma, poderá iniciar o processo de entrega de documentação para o cadastro no Banco de Dados de Voluntários ao Apadrinhamento Afetivo.

Para tal cadastramento serão necessários os seguintes documentos: Registro Geral (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF) e Atestado Criminal.

2.3.3.4 Feedback:

Concluído o período que antecede o apadrinhamento, serão fornecidas orientações aos candidatos aptos, em uma reunião, ressaltando que mesmo após o apadrinhamento, o acompanhamento continuará a acontecer através da equipe técnica e dos coordenadores do projeto.

2.3.3.5 Aproximação entre padrinhos e afilhados

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O espaço destinado para a efetivação deste Projeto é a própria Instituição de Acolhimento, em que o padrinho poderá efetuar visitas (autorizadas e agendadas antecipadamente junto à equipe técnica do SAICA), ou outro local previamente acertado, além de ligações telefônicas aos afilhados. O padrinho terá o direito de levar seu afilhado para passear fora da Instituição e passar fins de semana em sua residência, assim como para viajar nas férias escolares. Todas estas medidas devem atender aos procedimentos legais. Vale ressaltar também que, as atividades externas não devem atrapalhar a rotina do abrigo e do cronograma escolar da criança ou do adolescente e que o apadrinhamento terá duração de no mínimo um ano.

A inserção dos participantes no Projeto de Apadrinhamento acontecerá, simultaneamente, de forma gradual, em duas partes:

2.3.3.6 Preparo dos jovens

Haverá a preparação do jovem para entrada no programa, buscando estabelecer um vínculo próximo e de confiança através da explicação clara de todos os procedimentos e seus objetivos, tanto quanto a prática de apadrinhamento quanto ao possível desligamento futuro em caso de adoções ou outros motivos excepcionais, realizado através da formação de um grupo de apadrinhados. O preparo também será direcionado a grupos de irmãos, tanto em caso de apadrinhamento conjunto ou separado. Nesta etapa os apadrinhados receberam gradativas visitas de seus padrinhos/madrinhas até que haja aproximação e confiança entre ambos, para que então se regularize os períodos de visita.

2.3.3.7 Preparo dos voluntários

A segunda parte da preparação envolve os encontros em grupo com os candidatos interessados, os quais serão realizados por uma equipe de psicólogos diretamente envolvidos no Projeto (ITEM 1.2.2).

Além das etapas mencionadas acima, o período de apadrinhamento (um ano) será acompanhado pelos estagiários do projeto, pelos técnicos do abrigo que acompanharão a relação dos padrinhos/madrinhas com os adolescentes, de maneira a garantir que ela aconteça da maneira mais adequada possível, visando à proteção e preservação dos direitos da criança e do adolescente. Uma vez que, o suporte ao relacionamento de ambos é de extrema importância, uma vez que os voluntários terão de lidar com adolescentes em situação de vulnerabilidade emocional e social.

2.3.3.8Acompanhamento:

Após a preparação e inserção do adolescente, do futuro padrinho e da Instituição de Acolhimento no Projeto Apadrinhamento Afetivo, ocorrerá a e etapa de Acompanhamento do Processo de Apadrinhamento que se dará através de: escuta da criança e adolescente sobre sua adaptação ao projeto e possíveis dúvidas; escuta do padrinho sobre sua adaptação e auxílio deste na elaboração de possíveis problemáticas, como por exemplo, a dificuldade de estabelecer um vínculo inicial com a criança.

A equipe se manterá atenta às falas tanto do padrinho quanto do afilhado, levando em consideração suas demandas individuais. Este acompanhamento se dará de forma próxima e constante na relação padrinhos-afilhados nos primeiros três meses, através de conversas

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conjuntas com cada dupla de padrinho/madrinha e afilhado/afilhada. Após este período, à medida que os vínculos entre os dois foram se fortalecendo, caberá à equipe técnica do abrigo estar atenta as formas em que este relacionamento está tomando. O projeto visa também à implantação de grupos de encontros semestrais entre os diversos padrinhos, objetivando a troca de experiências.

Com os apadrinhados também serão realizados encontros semestrais (rodas de conversa) para que troquem experiências uns com os outros e expressem seus sentimentos e ideias em relação ao novo vínculo que estabeleceu.

3. REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACONCHEGO. http://www.aconchegodf.org.br/aconchego.html. Acesso em: 08/12/2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA TERRA DOS HOMENS. Acolhimento familiar- experiências e perspectivas. 1ª. Ed. Rio de Janeiro: Brooklink.

BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente, 1990.

BORBA, R. ;DAHMER,C. ; GRILLO, F. ;PADILHA, M. Apadrinhamento afetivo: uma alternativa de cuidado às crianças institucionalizadas. Disponível em: <hhttp://www.ufpel.edu.br/cic/2007/cd/pdf/CH/CH_00465.pdf>. Acesso em: 19/10/2014.

DALBEM, J. X. Características da representação de apego em adolescentes institucionalizadas e processos de resiliência na construção de novas relações afetivas. 2005. 140 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento)- Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

DANTAS, L. M. S. Criando parentesco? Um estudo sobre o “apadrinhamento afetivo” em Porto Aelegre/RS. 2011. 146 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

GOULART, J. ; PALUDO, S. Apadrinhamento afetivo: construindo laços de afeto e proteção. Psico, v. 45, n. 1, p. 35-44, jan/mar, 2014.

MATO GROSSO DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, Coordenadoria da Infância e Juventude. Guia de informações Projeto Padrinho- sua ajuda faz parte da nossa justiça. Disponível em: < http: //ww w.tjms.jus.b r/_estaticos_ /infanciaejuventude/cartilhas/cartilhaProjetoPadrinho2014.pdf >Acesso em: 08/12/2014.

SOUSA, K. ; PARAVIDINI, J. Vínculos entre crianças em situação de acolhimento institucional e visitantes da instituição. Psicologia: Ciência e Profissão, v.31, n.3, p.536-553, 2011.

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OLIVEIRA, M. G. S. Apadrinhamento afetivo- uma parceria das casas-lares Nossa Senhora do Carmo e São João da Cruz com a Comunidade de Coqueiros. Monografia (Bacharelado em Serviço Social)- Departamento de Serviço Social, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARA. Programa cria chances para crianças em abrigos de Belém. 2014. Disponível em: <http: //www.cnj.jus.br /noticias/ judiciari o/ 28380:programa-cria-chances-para-criancas-em-abrigos-de-belem>. Acesso em: 08/12/2014.

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4. ANEXO

Termo de Compromisso Voluntário

Eu, __________________________________, portador do RG_____________, residente em ____________________________ - _____, voluntariamente e, portanto sem fins lucrativos, me comprometo a prestar amparo moral, emocional e educacional do afilhado (a) inserindo-o (a) gradativamente em meu convívio, bem como manter o esclarecimento constante sobre o papel do padrinho afetivo de maneira a evitar a ilusão da adoção, cumprir aquilo que for preestabelecido com o Serviço de Acolhimento e o afilhado durante o período de um ano.

São Paulo, ____ de ________ de ______.

_________________________

Assinatura

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Cronograma

Responsável eÁrea de atuação

meses

012º0 02303033303 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Reunião com a Rede (VIJ, CREAS e SAICA

Supervisora: Profa DraVania C. Sequeira

Psicóloga

Camila Kfouri

Estagiários de psicologia: Mariana Pelais, Paula Martinez

x x x x x

Prepara

ção de padrinhos

Supervisora: Profa DraVania C. Sequeira

Psicóloga

Camila Kfouri

Estagiários de psicologia: Danielle Cabral, Fernanda V. Ribeiro,

x x x x

Preparação das crianças e adolescentes

Supervisora: Profa DraVania C. Sequeira

Psicóloga

Camila Kfouri

Estagiários de psicologia: Laura Calderazzo, Mariana Pelais, Paula Martinez

x x x x

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Aproximação entre padrinhos e afilhados

Supervisora: Profa DraVania C. Sequeira

Psicóloga

Camila Kfouri

Estagiários de psicologia: todas por escala

x x x x x xAcompanhamento das duplas padrinho-aflhados

Supervisora: Profa DraVania C. Sequeira

Psicóloga

Camila Kfouri

Estagiários de psicologia: todas divididas por escala

x x

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Planilha de custosAtividades Detalhamento de

despesas *Valor solicitado para o FBDH

Valor de contrapartida (se houver)

Total

Materiais de consumo Consumíveis-material de escritório (canetão, tinta de impressora, folhas em geral (sulfite, cartolina, dobradura, pardo, laminado, etc) apagadores, pasta, tesoura, lápis de cor, lápis de cera, barbante, tinta, canetinha, pinceis, colas, massinha, régua, grampeador, pen drive, cds, entre outros)

200,00 por mês 2.400,00

Materiais de divulgação Flys, cartão de visita e divulgação online, entre outros

100,00 1.100,00

Imobilizado 2 Notebooks 3.500,00 7.000,00

2 Data-show 2.000,00 4.000,00

Impressora multifuncional colorida HP 1132

1.500,001.500,00

Recursos humanos 05 Estagiários

800,00 por mês para cada

48.000,00

1 técnico responsável pelo projeto

2000,00 por mês

24.000,00

Supervisão técnica 1000,00 12.000,00

Total R$ 1000100.000,00