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Tratamento de Resíduos Sólidos Resíduos Industriais Ana Mafalda Oliveira, nº18773

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Tratamento de Resíduos Sólidos Resíduos Industriais

Ana Mafalda Oliveira, nº18773

Carla Silva, nº 18993

Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal

Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

ÍndiceResumo........................................................................................................................................5

Introdução....................................................................................................................................5

Resíduos.......................................................................................................................................7

Produção de Resíduos Sólidos......................................................................................................9

Caracterização dos Resíduos......................................................................................................10

Classificação dos Resíduos.........................................................................................................11

Características físicas..........................................................................................................12

Composição química..........................................................................................................12

Origem................................................................................................................................13

Classificação dos resíduos segundo as suas características........................................................14

Resíduos sólidos perigosos.................................................................................................14

Resíduos sólidos inertes.....................................................................................................15

Resíduos sólidos não perigosos..........................................................................................15

Resíduos industriais....................................................................................................................16

Planeamento em Resíduos.........................................................................................................18

Plano Estratégico dos Resíduos Industriais (PESGRI)..................................................................19

Conclusão...................................................................................................................................20

Bibliografia.................................................................................................................................21

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Índice de Figuras

Figura 1 – Resíduos Sólidos Urbanos........................................................................................5

Figura 2 – Mar de Plástico, que se encontra no Oceano Pacífico Norte...................................6

Figura 3 – Cadáver de uma ave com RSU no estômago............................................................7

Figura 4 – RSU do Natal............................................................................................................8

Figura 5 – Separação de Resíduos............................................................................................9

Figura 6 – Resíduos tóxicos....................................................................................................13

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Resíduos correntes............................................................................................11

Tabela 2 - Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde..................16

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Resumo

Produzidos em todas as fases das actividades humanas, os resíduos, em termos tanto de

composição como de volume, variam em função das práticas de consumo e dos métodos de

produção. As principais preocupações estão voltadas para os efeitos que podem ter sobre a

saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). Os resíduos perigosos,

produzidos sobretudo pela indústria, são particularmente preocupantes, pois, quando gerados

incorrectamente, tornam-se uma forte ameaça para o meio ambiente, podendo causar danos

irreversíveis.

Introdução

O termo Resíduos diz respeito a uma enorme variedade de substâncias ou objectos, que importa

classificar de acordo com tipologias pré-definidas, ou mesmo identificar por meio de um código

como é o caso da Lista de Resíduos, constante da Portaria nº 209/2004, de 3 de Março.

Denomina-se por resíduo qualquer substância ou objecto de que o detentor se desfaz ou tem

intenção ou obrigação de se desfazer, nomeadamente os identificados na Lista Europeia de

Resíduos. (D.L. nº 178/2006, de 5 de Setembro)

A percepção da problemática do lixo e a procura para uma solução prevêem mais do que a

adopção de tecnologias. Uma acção na origem do problema exige uma reflexão, não sobre o

lixo em si, no aspecto material, mas ao seu significado simbólico, o seu papel e a sua

contextualização cultural, e também sobre as relações históricas estabelecidas pela sociedade.

As mudanças na diminuição do potencial poluidor ainda são lentas, principalmente no que toca

à indústria, que contribui com a maior parcela de poluição e um elevado risco de acidentes

ambientais, sendo, por isso, necessário um alto investimento de controlo ambiental e custos de

despoluição para controlar a emissão de poluentes, o lançamento de efluentes e o depósito

irregular de resíduos perigosos.

O objectivo de uma campanha de caracterização de resíduos sólidos urbanos (RSU) é estimar os

valores médios de massa volúmica (peso específico) e da composição física dos resíduos

recolhidos, dados fundamentais para o equacionamento do processo e do método de tratamento

e destino final dos mesmos.

A determinação da composição física dos RSU faz-se com base na separação dos diversos

componentes, nomeadamente: vidro, papel e cartão, materiais plásticos, metais ferrosos e não

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

ferrosos, têxteis, materiais fermentáveis e finos (resíduos de dimensões inferiores a 20 mm).

(Russo, 2003)

Figura 1 – Resíduos Sólidos Urbanos. (Fonte: http://sociologias-com.blogspot.com/2009/07/paises-ricos-enviam-lixo-para-os-pobres.html)

O Decreto-Lei nº 178/2006, de 5 de Setembro, Lei–Quadro dos Resíduos, que criou a

Autoridade Nacional de Resíduos, prevê, no seu enquadramento legislativo, a existência de um

“Mercado de Resíduos”, em  que a sua gestão adequada contribui para a preservação dos

recursos naturais, quer ao nível da Prevenção, quer através da Reciclagem e Valorização, além

de outros instrumentos jurídicos específicos, constituindo simultaneamente o reflexo da

importância deste sector, encarado nas suas vertentes, ambiental e como sector de actividade

económica, e dos desafios que se colocam aos responsáveis pela execução das políticas e a

todos os intervenientes na cadeia de gestão, desde a Administração Pública, passando pelos

operadores económicos até aos cidadãos, em geral, enquanto produtores de resíduos e agentes

indispensáveis da prossecução destas políticas. (APA – Agência Portuguesa do Ambiente)

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Resíduos

A década de 70 foi a década da água, a de 80 foi a década do ar e a de 90, de resíduos sólidos.

Cavalcanti (1998) E essa abordagem propiciou a Agência de Protecção Ambiental

(Environmental Protection Agency – EPA) a fazer uma legislação sobre resíduos sólidos.

Somos a sociedade do lixo, completamente cercados por ele, mas, infelizmente, só acordamos

recentemente para esta realidade. Nos últimos 20 anos, a população mundial cresceu menos que

o volume de lixo por ela produzido. Enquanto que de 1970 a 1990 a população mundial

aumentou 18%, e a quantidade de lixo na Terra passou a ser 25% maior. (Leripio, 2004)

Nos Estados Unidos da América, o enorme volume de lixo produzido pela sociedade está

baseado no famoso "american way of life", que associa a qualidade de vida ao consumo de bens

materiais. Este padrão de vida alimenta o consumismo, incentiva a produção de bens

descartáveis e difunde a consumo de materiais artificiais. (Leripio, 2004)

Figura 2 – Mar de Plástico, que se encontra no Oceano Pacífico Norte (Fonte: http://www.bugeah.com/blog/2011/04/05/the-evils-of-bottled-water)

Na Europa, a situação dos resíduos é caracterizada por uma grande preocupação no que diz

respeito à recuperação e ao reaproveitamento energético. A dificuldade da produção de energia,

devido à falta de recursos disponíveis e também a um elevado consumo energético, favorece a

estratégia de reciclagem dos materiais e seu aproveitamento térmico. Na indústria do alumínio,

por exemplo, 99% dos resíduos da produção são reutilizados, enquanto que na produção de

plástico chega a 88% de reaproveitamento. Do total dos resíduos municipais europeus,

aproximadamente 24% são destinados à incineração, sendo 16% desses resíduos com

reaproveitamento energético. (Leripio, 2004)

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Mas, um resíduo não é, por princípio, algo nocivo. Muitos resíduos podem ser transformados

em subprodutos ou em matérias-primas para outras linhas de produção.

Na China, sendo um país com uma extensão territorial considerável e com um grande

contingente populacional concentrado nas cidades, a população considera os resíduos orgânicos

como uma responsabilidade do cidadão, ou melhor, do produtor. Este tipo de cultura facilita a

introdução de métodos de controlo dos resíduos mais racionais, com uma participação mais

activa da população. O volume dos resíduos sólidos urbanos é composto maioritariamente por

material orgânico, sendo depois utilizado na agricultura. Assim, na China, os resíduos não são

vistos como um problema, mas sim como uma solução para a fertilização dos solos,

estimulando a formação de uma vasta rede de compostagem e biodigestão dos resíduos. Este

tipo de tratamento tem fundamento nos seus valores culturais completamente distintos dos

ocidentais, que originaram outros padrões de tratamento dos resíduos.

Os resíduos são o resultado de processos de diversas actividades da comunidade de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da limpeza das vias

públicas. Os resíduos apresentam-se nos três estados: sólido, gasoso e líquido.

Tal como estabelece o Decreto-Lei 239/97, a eliminação dos resíduos sólidos industriais é da

responsabilidade dos seus produtores. Em termos de recolha estes resíduos devem ser separados

dos domésticos, quer pela sua constituição, quer pelo seu volume. Assim, as indústrias que

produzem grandes quantidades de resíduos ou cujo manuseamento proporciona riscos sanitários

ou de segurança, não devem esperar que os municípios efectuem a sua recolha, a não ser que

tenha um acordo especial. Exceptuam-se, obviamente, as indústrias cuja produção de resíduos

sólidos não é significativa, além destes apresentarem uma constituição semelhante à do lixo

doméstico. Neste caso poderão ser incluídos nos circuitos de recolha, tratamento e destino final

em aterro sanitário.

Os parâmetros que intervêm directamente no

equacionamento e na resolução dos problema

dos resíduos sólidos são, essencialmente, as

quantidades produzidas, a densidade, a

composição qualitativa e os coeficientes de

variação da produção (efeito dos picos de

produção).

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Figura 3 – Cadáver de uma ave com RSU no estômago. (Fonte: http://www.bugeah.com/blog/2011/04/05/the-evils-of-bottled-water)

Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Produção de Resíduos Sólidos

Os resíduos sólidos incluem materiais sólidos ou semi-sólidos provenientes dos vários sectores

da actividade humana e que são rejeitados pelos seus produtores.

Os principais factores que influenciam a produção de resíduos sólidos e que o determinam, são:

Nível de vida da população;

Clima e estação do ano;

Modo de vida e hábitos da população;

Novos métodos de embalagem e comercialização de produtos,

Tipo de urbanização e características económicas da região;

Eficiência do serviço de recolha.

Entre o nível de vida da população e a produção de lixo per capita, existe uma relação directa,

isto é, com o aumento do nível de vida existe uma maior produção da quantidade de resíduos

sólidos. Nos últimos anos, a produção de plásticos tem vindo a crescer continuamente,

admitindo-se que venha a constituir 10% da totalidade dos resíduos sólidos domésticos.

O clima, que depende da situação geográfica da região, tem reflexos na quantidade, no tipo e na

composição dos resíduos sólidos produzidos.

O modo de vida e os hábitos da população estão ligados à produção de resíduos sólidos,

considerando a influência das deslocações diárias entre a casa e o local de trabalho e as

deslocações de férias, fins-de-semana, etc., com os consequentes períodos de ausência dos

domicílios.

As actividades económicas também geram

resíduos sólidos de grande importância. De

facto, as zonas comerciais, de escritórios, de

repartições públicas, de serviços diversos, etc.,

produzem quantidades apreciáveis de resíduos

sólidos. (Russo, 2003)

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Figura 4 – RSU do Natal. (Fonte: http://blogdaformacao.wordpress.com/category/citacoes)

Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Caracterização dos Resíduos

A determinação da composição física dos resíduos sólidos urbanos faz-se com base na

separação dos diversos componentes, nomeadamente: vidro, papel e cartão, materiais plásticos,

metais ferrosos e não ferrosos, têxteis, materiais fermentáveis e finos (resíduos de dimensões

inferiores a 20 mm).

A composição física e o peso específico dos resíduos recolhidos variam com o tipo de ocupação

dominante na zona de origem e dentro de cada zona, conforme o período do ano (estação do

ano, épocas festivas, época de maior actividade para certas indústrias, etc.).

Estes factores são tomados em conta no planeamento de uma campanha de caracterização.

Assim, a recolha de resíduos pode ser feita de duas formas:

Directamente percorrendo o circuito de colecta de resíduos e recolhendo para um carro

de apoio determinados sacos de resíduos;

Directamente do camião de colecta utilizando toda a sua massa de resíduos.

A separação dos componentes dos resíduos é uma operação demorada e cansativa, pelo que

deve ser efectuada num local abrigado, arejado e com boa iluminação; deve-se insistir na

necessidade do uso do material de protecção pelos trabalhadores, nomeadamente o fato-macaco,

as máscaras, as luvas grossas e as botas de borracha. (Russo, 2003)

Figura 5 – Separação de Resíduos. (Fonte: http://pga.pgr.mpf.gov.br/galeria-de-fotos/2007/usina-da-l2-sul/usina%20069.jpg/view)

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Classificação dos Resíduos

A classificação dos resíduos não é feita da mesma maneira para todos os países, o que dificulta

a realização de correlações entre diversos e diferentes universos.

No sentido de tentar uma uniformização de critérios, a UE publicou o Catálogo Europeu de

Resíduos, lista não exaustiva passível de revisão periódica. Este catálogo resulta de um

dispositivo constante da directiva 75/442/CEE, ou seja, só após 20 anos de publicação da

directiva, é que surge a primeira sistematização de classificação dos resíduos para a

Comunidade.

Este instrumento de ordenamento agrupa os resíduos em 20 categorias principais e cada uma

delas é subdividida em várias subcategorias. (Russo, 2003)

Categorias de resíduos a serem controlados:

Y1Resíduos clínicos resultantes de tratamentos médicos em

hospitais, centros médicos e clínicas.

Y2Resíduos provenientes da produção e preparação de

produtos farmacêuticos.

Y3 Resíduos de medicamentos e produtos farmacêuticos.

Y4Resíduos provenientes da preparação de bioácidos e de

produtos fitofarmacêuticos.

Y5Resíduos resultantes da produção, preparação e

utilização de produtos preservadores da madeira.

Y6Resíduos resultantes da produção, preparação e

utilização de solventes orgânicos.

Y7Resíduos de tratamentos térmicos e de operações de

têmpera, contendo cianetos.

Y8Resíduos de óleos minerais impróprios para o seu uso

original.

Y9Resíduos de misturas e emulsões de óleos/água ou

hidrocarbonetos/água.

Y10

Resíduos ou substâncias residuais e produtos contendo

ou contaminados com bifenilos policlorados (PCBs) e

ou terfenilos policlorados (PCTs) e ou bifenilos

polibromados (PBBSs).

Y11Resíduos à base de alcatrão provenientes de tratamentos

de refinação, destilação ou qualquer pirólise.

Y12Resíduos provenientes da produção, preparação e

utilização de tintas, corantes, pigmentos, pinturas, lacas

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e vernizes.

Y13Resíduos da produção, preparação e utilização de

resinas, látex, plastificantes, gomas, adesivos.

Y14

Resíduos de substâncias químicas não identificadas e ou

novas, provenientes de actividades de investigação e de

desenvolvimento e ensino, cujos efeitos sobre o homem

e ou o ambiente se desconhecem.

Y15Resíduos de natureza explosiva quando abrangidos por

outra legislação.

Y16Resíduos resultantes da produção, preparação e

utilização de produtos químicos e materiais fotográficos.

Y17Resíduos resultantes do polimento de superfícies de

metais e plásticos.

Y18Resíduos resultantes de operações de eliminação de

resíduos industriais.

Tabela 1 – Resíduos correntes (Fonte: D.L. nº 37/1993 de 20 de Outubro)

Por outro lado, a directiva, 91/689/CEE classifica os resíduos de acordo com a sua origem

(doméstico, público, comercial, industrial, hospitalar, etc.) e as suas características (perigosos,

inertes e não perigosos). As características de perigosidade são reconhecidas pelos efeitos sobre

o meio ambiente, pessoas e animais, designadamente, o poder de explosão, combustibilidade,

inflamabilidade, nocividade para a saúde por inalação ingestão ou penetração cutânea,

irritabilidade, toxicidade, características carcinogénicas e/ou infecciosas, corrosividade,

teratogenicidade (produção de monstruosidades em seres vivos) e mutagenicidade, entre outros.

(Russo, 2003)

Classificação dos resíduos quanto…

Características físicas

Resíduos Secos: constituídos por papel, plástico, metal, couro tratado, tecido, vidro, madeira,

guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana,

espumas, cortiças, etc.

Resíduos Húmidos: constituídos por restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras,

ovos, legumes, etc.

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Composição química

Resíduos Orgânicos: constituídos por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos, cascas e

bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, ossos, aparas e podas de jardim.

Resíduos Inorgânicos: constituídos por produtos manufacturados como plásticos, vidros,

borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), tecidos, lâmpadas, velas, parafina, cerâmicas,

porcelana, espumas, cortiças, etc.

Origem

Resíduos Domésticos: constituídos por restos de alimentos (tais como cascas de frutas,

verduras, etc.), produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel

higiénico, fraldas descartáveis, e uma imensa diversidade de outros objectos, podendo até conter

alguns resíduos tóxicos.

Resíduos Comerciais: são produzidos pelos diversos estabelecimentos comerciais e serviços,

tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc.

Resíduos públicos: são produzidos pelos serviços de limpeza urbana, incluindo todos os

resíduos originários da limpeza das vias públicas, limpeza de praias, restos de podas de plantas,

etc.

Resíduos Hospitalares: constituídos por resíduos descartados pelos hospitais, farmácias,

clínicas veterinárias, etc. E são constituídos por algodão, seringas, agulhas, restos de remédios,

luvas, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em

testes, etc. Dependendo das suas características, requerem um cuidado especial no seu

armazenamento, manuseamento e deposição final, devendo ser incinerados e as cinzas

depositadas em aterro sanitário.

Resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: são resíduos

considerados sépticos, ou seja, contêm, ou potencialmente podem conter, germes patogénicos.

São originados por materiais de higiene pessoal e restos de alimentos, podendo hospedar

doenças provenientes de outras cidades, estados ou até países.

Resíduos Industriais: são produzidos pelas actividades dos diversos ramos da indústria, tais

como: metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, indústria alimentícia, etc. O lixo industrial

é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou

ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, vidros, cerâmicas, etc. Nos resíduos

industriais, inclui-se uma grande quantidade de lixo tóxico, necessitando de tratamento especial

devido ao seu potencial de envenenamento.

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Resíduos Radioactivos: são resíduos provenientes da actividade nuclear, como o urânio, césio,

tório, cobalto, etc., e que devem ser manuseados apenas com equipamentos e técnicas

adequadas.

Resíduos Agrícolas: são produzidos através da actividade agrícola e pecuária, como

embalagens de adubos, ração, restos de colheita, etc. O lixo proveniente dos pesticidas é

considerado tóxico, necessitando de tratamento especial.

Entulhos de obras: são resíduos derivados da construção civil, como restos de obras e

demolições, solos de escavações, etc. O entulho é normalmente um material inerte, passível de

reaproveitamento.

Classificação dos resíduos segundo as suas características

Resíduos sólidos perigosos;

Resíduos sólidos inertes;

Resíduos sólidos não perigosos.

Figura 6 – Resíduos tóxicos. (Fonte: http://www.antimafiadosmil.com/new/index.php?option=com_content&view=article&id=700:residuos-toxicos-en-cerdena&catid=81:antimafia-duemila&Itemid=458)

Resíduos sólidos perigosos

São aqueles que apresentam, pelo menos, uma característica de perigosidade para a saúde

pública e para o meio ambiente, nomeadamente os identificados como tal na Lista Europeia de

Resíduos. (D.L. nº 178/2006, de 5 de Setembro)

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Estes resíduos requerem tratamento especial em função das suas características de

inflamabilidade, combustibilidade, irritabilidade, corrosivos, reactividade, toxicidade,

teratogénicos, etc.

Resíduos sólidos inertes

São aqueles que, ao serem submetidos a testes de solubilidade nenhum dos seus constituintes

são solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de uma água. Isto

significa que a água permanecerá potável quando em contacto com esse resíduo.

São resíduos que, quando depositados em aterro, não sofrem transformações físicas, químicas

ou biológicas importantes, e, em consequência, não pode ser solúvel nem inflamável, nem ter

qualquer outro tipo de reacção física ou química, e não pode ser biodegradável, nem afectar

negativamente outras substâncias com as quais entre em contacto de forma susceptível de

aumentar a poluição do ambiente ou prejudicar a saúde humana, e cujos lixiviabilidade total,

conteúdo poluente e ecotoxicidade do lixiviado são insignificantes e, em especial, não põem em

perigo a qualidade das águas superficiais e ou subterrâneas. (D.L. nº 178/2006, de 5 de

Setembro)

Como exemplos de resíduos inertes temos as rochas, vidros, tijolos, borrachas e alguns tipos de

plásticos.

Resíduos sólidos não perigosos

São os resíduos que não apresentam periculosidade para a saúde pública nem para o meio

ambiente, mas não são inertes.

Podem ser combustíveis, biodegradáveis ou solúveis em água. Basicamente são resíduos com as

características do lixo doméstico.

A classificação dos resíduos é feita com base nas propriedades físicas, químicas, biológicas, ou

infecto-contagiosas presentes na sua massa. Não é fácil essa identificação, sendo muitas vezes

bastante complexa a identificação de certos produtos. (Russo, 2003)

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Resíduos industriais

Denomina-se por resíduos industriais ao resíduo gerado em processos produtivos industriais,

bem como o que resulte das actividades de produção e distribuição de electricidade, gás e água .

(D.L. nº 178/2006, de 5 de Setembro)

O lixo produzido pelas actividades industriais é conhecido como resíduo, e os seus produtores

são responsáveis pela produção, transporte, tratamento e deposição final dos seus resíduos.

O sector da indústria é responsável por uma enorme quantidade de resíduos como restos de

carvão mineral, restos da indústria metalúrgica, resíduos químicos, gás e compostos libertados

pelas chaminés das fábricas, entre outros.

Os resíduos industriais são também dos grandes responsáveis pelas agressões ao meio ambiente,

devido a este tipo de resíduos abrangerem produtos químicos (pesticidas, solventes), metais

(mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são

libertados.

Muitos metais e produtos químicos não são naturais, nem biodegradáveis, e em consequência,

quanto mais se enterram os resíduos, mais os ciclos naturais são ameaçados, e o ambiente se

torna poluído.

Os resíduos sólidos são amontoados e enterrados em lixeiras e/ou aterros, os resíduos líquidos

são descarregados nos cursos de água como os rios e mares, e os gases são libertados para a

atmosfera. Assim, a saúde do meio ambiente e, consequentemente, dos seres que nele habitam,

torna-se ameaçada, podendo trazer consequências irreversíveis.

É frequente o uso de metais pesados na indústria, estando presentes em variados produtos.

Metais Origem Efeitos

Alumínio

Produção de artefactos de alumínio;

Serralharia;

Soldagem de medicamentos

(antiácidos);

Tratamento convencional de água.

Anemia por deficiência de ferro;

Intoxicação crónica.

ArsénioMetalurgia;

Manufactura de vidros e fundições.Cancro (seios paranasais).

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Cádmio

Soldas;

Tabaco;

Baterias e pilhas.

Cancro do pulmão e próstata;

Lesão nos rins.

Chumbo

Fabrico e reciclagem de baterias de

automóveis;

Indústria de tintas;

Pintura em cerâmica;

Soldagem.

Saturnismo (cólicas abdominais,

tremores, fraqueza muscular, lesão

renal e cerebral).

CobaltoPreparo de ferramentas de corte e

furadoras.

Fibrose pulmonar (endurecimento

do pulmão)

Cromo

Indústria de corantes, esmalte, tintas,

ligas com aço e níquel;

Cromagem de metais.

Asma;

Cancro.

Fósforo amareloVeneno para baratas;

Fogos de artifício.

Náuseas, gastrite, fezes e vómitos

fosforescentes, dor muscular,

choque, coma e até morte.

Mercúrio

Moldes industriais;

Exploração do ouro;

Lâmpadas fluorescentes.

Intoxicação do sistema nervoso

central.

Níquel

Baterias;

Fundição e niquelagem de materiais;

Refinarias.

Cancro de pulmão e seios

paranasais.

Fumos metálicos

Vapores (de cobre, cádmio, ferro,

manganês, níquel e zinco) derivados

da soldagem industrial ou da

galvanização de metais.

Febre, tosse, cansaço, dores

musculares.

Tabela 2 - Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde (Fonte: www.ambientebrasil.com.br)

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Os resíduos perigosos (contaminantes e tóxicos) e os não inertes (possivelmente contaminantes)

devem ser tratados e destinados a estabelecimentos apropriados para esse fim. Por exemplo,

todos os aterros devem ter filtros impermeáveis e várias camadas de protecção, para evitar a

contaminação do solo e dos cursos de água próximos do aterro, e também devem ter instalações

preparadas para receber os resíduos industriais e hospitalares, normalmente operados por

empresas privadas, seguindo o conceito do poluidor - pagador.

A expectativa das empresas que investiram na tecnologia e em instalações para tratamento e

deposição de resíduos industriais está na difusão da ISO 14000, pois as empresas que aderiram a

essa norma terão que produzir adequadamente os seus resíduos, e com uma maior fiscalização

por parte dos agentes de controlo ambiental.

As acções de controlo, que envolvem a produção, manipulação, transporte, tratamento e

deposição final, traduzem-se nos seguintes benefícios:

Minimização dos riscos de acidente na manipulação de resíduos perigosos;

Deposição dos resíduos em sistemas apropriados;

Melhoria do sistema de transporte de resíduos perigosos;

Protecção da saúde da população em relação aos riscos potenciais originários da

manipulação, tratamento e deposição final inadequada.

Intensificação do reaproveitamento de resíduos industriais;

Protecção dos recursos não renováveis;

Diminuição da quantidade de resíduos e dos elevados custos da sua deposição final;

Minimização dos impactos adversos, provocados pelos resíduos no meio ambiente,

protegendo o solo, o ar e os recursos hídricos superficiais e subterrâneos, da

contaminação. (Russo, 2003)

Planeamento em Resíduos

O Planeamento e Gestão de Resíduos, englobando todas as tipologias de resíduos e as diversas

origens, constituem o objectivo das políticas neste domínio do Ambiente, assumindo ainda

papel de relevo de carácter transversal pela incidência na Preservação dos Recursos Naturais, e

em outras Estratégias Ambientais.

Encontra-se em elaboração o Plano Nacional de Gestão de Resíduos, PNGR 2011-2020. Este

instrumento de planeamento estabelecerá:

• As orientações estratégicas de âmbito nacional da política de gestão de resíduos;

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

• As regras orientadoras a definir pelos planos específicos de gestão de resíduos.

Os planos específicos de gestão de resíduos concretizam o Plano Nacional de Gestão de

Resíduos em cada área específica de actividade geradora de resíduos, nomeadamente industrial,

urbana, agrícola e hospitalar.

Nos termos do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, está a ser elaborada a Avaliação

Ambiental Estratégica (AAE) do PNGR, que vai garantir que os efeitos ambientais são tomados

em consideração durante a elaboração do Plano e antes da sua aprovação, contribuindo para a

adopção de soluções mais eficazes e sustentáveis e de medidas de controlo que evitem ou

reduzam efeitos negativos no ambiente decorrentes da execução do Plano. (APA – Agência

Portuguesa do Ambiente)

Plano Estratégico dos Resíduos Industriais (PESGRI)

O Plano Estratégico dos Resíduos Industriais (PESGRI) define os princípios estratégicos a que

deve obedecer a gestão deste tipo de resíduos no território nacional. Este Plano foi objecto de

duas revisões, respectivamente, em 2000 e 2001.

A linha de actuação estabelecida é centrada:

Na prevenção da produção de resíduos;

Na produção e desenvolvimento das opções de reutilização e reciclagem, garantindo um nível

elevado de protecção da saúde e do ambiente;

Na promoção da eliminação do passivo ambiental;

No desenvolvimento da auto-suficiência do País em matéria de gestão de resíduos tendo em

vista a criação de um sistema integrado de tratamento de resíduos industriais, que contemple a

inventariação permanente, o acompanhamento e controlo do movimento dos resíduos, a redução

dos resíduos que necessitam de tratamento e destino final e a constituição de uma bolsa de

resíduos e construção de centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de

resíduos (CIRVER).

No contexto do PESGRI foi elaborado o Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais

(PNAPRI), a implementar no período de 2000 a 2015, dando prioridade à redução da

perigosidade e quantidade dos resíduos industriais. (APA – Agência Portuguesa do Ambiente)

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

Conclusão

Todos os processos industriais estão caracterizados pelo uso de recursos (matéria-prima, água,

energia, etc.) que, ao serem submetidos a uma transformação, dão lugar a produtos, subprodutos

e resíduos.

Quando se fala na protecção do meio ambiente, no entanto, o produtor pensa imediatamente nos

custos adicionais. Assim, passam despercebidas as oportunidades de uma redução de custos.

Sendo o meio ambiente um potencial de recursos ociosos ou mal aproveitados, a sua inclusão

nos negócios pode resultar em actividades que proporcionam lucro ou então uma poupança de

energia e de outros recursos naturais.

Neste sentido, para proporcionar o bem-estar da população, as empresas devem empenhar-se na

manutenção de condições saudáveis de trabalho, segurança e contenção ou eliminação dos

níveis de resíduos tóxicos, de forma a não agredir o meio ambiente.

Para a continuação dos objectivos da preservação dos recursos naturais e minimização dos

impactes negativos sobre a saúde pública e ambiente, é importante incentivar a redução da

produção dos resíduos e a sua reutilização e reciclagem. O que passa pela promoção da

identificação, concepção e adopção de produtos e tecnologias mais limpas e de materiais

recicláveis.

Com isto, é importante promover acções de sensibilização e divulgação em matéria de resíduos

destinadas às entidades públicas e privadas.

Para além da prevenção, importa ainda promover e desenvolver sistemas integrados de recolha,

tratamento, valorização e destino final de resíduos (p.ex., óleos usados, solventes, têxteis,

plásticos e matéria orgânica).

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Tratamento de Resíduos Sólidos - Resíduos Industriais

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