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Rev FacUnicamps Cien 91 LEVANTAMENTO DOS ANTIDEPRESSIVOS DE MAIOR VENDA EM TRÊS DROGARIAS DA CIDADE DE EDEIA-GO E A SUA IMPLICAÇÃO TOXICOLÓGICA GOMES, Liliane Maria 1 SOUZA NETO, Oronides Vicente de 1 SALAZAR, Vania Rodriguez 2 RESUMO A depressão é uma doença que se tornou mais comum com o decorrer dos anos. Ela está relacionada ao estresse, e atualmente está sendo considerado um problema de saúde pública. Ela é entendida como uma doença onde há o risco constante de suicídio alterando a qualidade de vida dos familiares. A depressão pode ser categorizada em vários tipos como: transtorno bipolar e transtorno depressivo, englobando dois tipos I e II; os episódios mistos; o transtorno ciclo tímico e os transtornos de humor secundários a doenças médicas devidas ao uso de medicamentos ou abuso de drogas. O tratamento da depressão vai muito mais além do uso dos medicamentos, há alguns casos que é avaliado se a necessidade de indicar a eletroconvulsoterapia (ECT). Atualmente existem diversos grupos de fármacos antidepressivos disponíveis que possuem a capacidade de melhorar o humor de forma duradoura. A prescrição do medicamento deve levar em conta os efeitos colaterais, risco de suicídio, terapia concomitante, tolerabilidade, custo e danos cognitivos. Este trabalho foi feito através de uma pesquisa entre três drogarias de Edeia- Go para que fosse verificado qual classe de antidepressivo estava sendo mais prescrita e determinar qual antidepressivo é o mais utilizado naquela região. Observou-se que o antidepressivo mais prescrito foi a amitriptilina 25mg e em segundo lugar foi à fluoxetina 20mg, estes dois fármacos foram os mais vendidos na drogaria porque eles são os mais baratos das classes pesquisados. Palavaras-chave: Antidepressivos. Depressão. Toxicologia. Farmacologia de antidepressivos. ABSTRACT Depression is a disease that has become more common with the years. It is related to stress, and is currently being considered a public health problem. It is perceived as a disease where there is the constant risk of suicide changing the quality of life of family. Depression can be categorized into several types such as bipolar disorder and depressive disorder, comprising two types I and II; mixed episodes; the disorder cycle and thymic disorders secondary to medical mood disorders due to use of drugs or drug abuse. Treatment of depression goes far beyond the use of drugs, there are some cases that is assessed to need to indicate electroconvulsive therapy (ECT). Currently there are several groups of antidepressants available that have the ability to improve mood lastingly. The prescription drug must take into account the side effects, suicide risk, concomitant therapy, tolerability, cost and cognitive impairment. This work was done through a survey of three drugstore Edéia- Go for it was 1 Discentes do curso de Bacharelado em Farmácia, Faculdade Unida de Campinas-FacUnicamps. E- mail: [email protected] ; [email protected] 2 Orientadora, Doutora em Toxicologia e Análises Toxicológicas, Faculdade Unida de Campinas- FacUnicamps E-mail: [email protected]

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LEVANTAMENTO DOS ANTIDEPRESSIVOS DE MAIOR VENDA EM TRÊS DROGARIAS DA CIDADE DE EDEIA-GO E A SUA

IMPLICAÇÃO TOXICOLÓGICAGOMES, Liliane Maria1

SOUZA NETO, Oronides Vicente de1

SALAZAR, Vania Rodriguez2

RESUMOA depressão é uma doença que se tornou mais comum com o decorrer dos anos. Ela está relacionada ao estresse, e atualmente está sendo considerado um problema de saúde pública. Ela é entendida como uma doença onde há o risco constante de suicídio alterando a qualidade de vida dos familiares. A depressão pode ser categorizada em vários tipos como: transtorno bipolar e transtorno depressivo, englobando dois tipos I e II; os episódios mistos; o transtorno ciclo tímico e os transtornos de humor secundários a doenças médicas devidas ao uso de medicamentos ou abuso de drogas. O tratamento da depressão vai muito mais além do uso dos medicamentos, há alguns casos que é avaliado se a necessidade de indicar a eletroconvulsoterapia (ECT). Atualmente existem diversos grupos de fármacos antidepressivos disponíveis que possuem a capacidade de melhorar o humor de forma duradoura. A prescrição do medicamento deve levar em conta os efeitos colaterais, risco de suicídio, terapia concomitante, tolerabilidade, custo e danos cognitivos. Este trabalho foi feito através de uma pesquisa entre três drogarias de Edeia- Go para que fosse verificado qual classe de antidepressivo estava sendo mais prescrita e determinar qual antidepressivo é o mais utilizado naquela região. Observou-se que o antidepressivo mais prescrito foi a amitriptilina 25mg e em segundo lugar foi à fluoxetina 20mg, estes dois fármacos foram os mais vendidos na drogaria porque eles são os mais baratos das classes pesquisados. Palavaras-chave: Antidepressivos. Depressão. Toxicologia. Farmacologia de antidepressivos.

ABSTRACTDepression is a disease that has become more common with the years. It is related to stress, and is currently being considered a public health problem. It is perceived as a disease where there is the constant risk of suicide changing the quality of life of family. Depression can be categorized into several types such as bipolar disorder and depressive disorder, comprising two types I and II; mixed episodes; the disorder cycle and thymic disorders secondary to medical mood disorders due to use of drugs or drug abuse. Treatment of depression goes far beyond the use of drugs, there are some cases that is assessed to need to indicate electroconvulsive therapy (ECT). Currently there are several groups of antidepressants available that have the ability to improve mood lastingly. The prescription drug must take into account the side effects, suicide risk, concomitant therapy, tolerability, cost and cognitive impairment. This work was done through a survey of three drugstore Edéia- Go for it was found that antidepressant class was being prescribed more and determine which antidepressant is most used in that region. It was observed that the most prescribed antidepressant was amitriptyline 25mg and second was to fluoxetine 20mg, these two drugs were the most sold in drugstores because they are the cheapest of the surveyed classes.Keyword: Antidepressants. Depression. Toxicology. Pharmacology of antidepressants.

1 INTRODUÇÃOOs transtornos de afeto são doenças psiquiátricas comumente diagnosticadas por

médicos. Esses transtornos podem variar de depressão leve, depressão grave, psicopatias

incapacitantes e até mortais. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

Usa-se o termo depressão para descrição do comportamento humano frente a perdas

relevantes. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

A depressão vem se tornando uma doença cada vez mais comum, sendo considerado

atualmente um problema de saúde pública. (AGUIAR et al., 2011).

1Discentes do curso de Bacharelado em Farmácia, Faculdade Unida de Campinas-FacUnicamps. E-mail: [email protected]; [email protected], Doutora em Toxicologia e Análises Toxicológicas, Faculdade Unida de Campinas-FacUnicamps E-mail: [email protected]

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Segundo Sadock e Sadock (2007) a depressão é um transtorno recorrente que causa

mudanças na qualidade de vida do paciente e seus familiares. O transtorno depressivo é

caracterizado pela alteração do humor no qual o paciente apresenta sintomas como, por

exemplo, sentimento de culpa, irritabilidade, tristeza, pessimismo, perda de apetite,

diminuição do desejo sexual, e menor concentração.

A depressão maior representa um espectro de transtorno no qual o grau pode alternar de

leve surtos psicóticos a surtos incapacitantes e mortais. As alterações do comportamento que

são diagnosticadas nas primeiras consultas são importantes clinicamente para avaliar o

comprometimento funcional do paciente. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

A depressão é uma doença na qual existe risco constante de suicídio, sendo que

pacientes que tiveram um acontecimento de depressão seguramente apresentarão

posteriormente pelo menos mais um episódio de depressão. (GRAEFF; GUIMARÃES, 2005)

A depressão é caracterizada em vários tipos como: transtorno bipolar e transtorno

depressivo, englobando dois tipos I e II; os episódios mistos; o transtorno ciclo tímico e os

transtornos de humor secundários a doenças médicas devidas ao uso de medicamentos ou

abuso de drogas. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Considerando a importância desta doença e a necessidade de avaliar quais estão sendo

os medicamentos mais prescritos para tratar a mesma, o objetivo do presente trabalho foi

avaliar quais são os antidepressivos mais vendidos em três drogarias particulares na cidade de

Edeia-Goiás no período de Março 2015 a Março de 2016.

1.1. Epidemiologia da Depressão

De acordo com Ribeiro et al. (2013), em uma pesquisa realizada com estudantes de

medicina no estado de São Paulo, observou-se que a prevalência do uso de antidepressivos é

maior no sexo feminino (51,5%) do que no sexo masculino. Nesta pesquisa realizada no

Estado de São Paulo foi constatado que o antidepressivo mais utilizado foi a fluoxetina em

33% dos estudantes, eles relataram ter acompanhamento médico e as causas mais citadas do

uso do antidepressivo, foram depressão e transtorno de ansiedade. (RIBEIRO et al., 2013).

Nesse mesmo estudo, todos os estudantes que participaram da pesquisa confirmaram ter

recebido informações sobre o uso correto dos antidepressivos e consideram importantes essas

informações para melhorar a segurança e eficácia do tratamento e diminuir efeitos colaterais.

(RIBEIRO et al., 2013).

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1.2 Tratamento da Depressão

Os antidepressivos são fármacos que possuem a capacidade de melhorar o humor de

forma duradoura sendo que o humor pode variar entre a euforia expansiva e a depressão

dolorosa. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Atualmente existem diversos grupos de fármacos antidepressivos disponíveis no

mercado os quais agem no metabolismo dos neurotransmissores de monoaminas e seus

receptores, principalmente norepinefrina (NE) e serotonina (5-HT). (GOODMAN; GILMAN,

2010). Vale salientar que o tratamento da depressão vai muito mais além do uso dos

medicamentos. No tratamento devem-se levar em consideração os aspectos biológicos,

psicológicos e sociais do paciente. Além do tratamento medicamentoso, deve ser abrangido o

aspecto psicológico e mudanças no estilo de vida. Alguns fatos devem ser levados em conta

na hora do profissional for prescrever a medicação como ser os efeitos colaterais, risco de

suicídio, terapia concomitante, tolerabilidade, custo e danos cognitivos. (GOODMAN;

GILMAN, 2010).

Apesar de que a maior dificuldade dos especialistas é fazer a correta adesão do paciente

ao tratamento, na maioria das vezes pacientes com depressão respondem bem a terapia com

antidepressivos. (BRATS, 2012).

Nos casos graves ou que não respondem bem aos medicamentos usa-se à

eletroconvulsoterapia (ECT) que é a passagem de uma corrente elétrica de alta voltagem na

região temporal, com intuito de causar dessincronização traumática da atividade cerebral,

causando no paciente perda da consciência. Esse tratamento é indicado conforme a gravidade

da doença, como nos casos de depressão grave aguda ou comportamento suicida, ele é um

tratamento legal no Brasil, mais que em 2013 o Conselho Federal de Medicina (CFM),

redefiniu algumas novas regras para os locais de aplicação de ECT. (SALLEH et al., 2006).

Os antidepressivos são a classe de medicamentos de maior comercialização

mundialmente (DARLING, 2005). Segundo Ignácio e Nardi (2007) os fatores de aumento do

uso dos antidepressivos estão relacionados ao estresse e ao envelhecimento da população, e ao

fato de que os medicamentos são considerados uma das principais formas atuais de cuidado

com o paciente, que asseguram afastar qualquer sofrimento da sociedade atual, como

depressão, ansiedade, transtornos psicóticos, solidão, crises econômicas e tristeza.

Segundo dados coletados por Fernandes et al. (2006) os antidepressivos tricíclicos são a

classe que aparece com maior frequência em casos de intoxicações pois tem um risco maior

de ideação suicida e pela sua maior toxicidade. No perfil da intoxicação por esta classe as

mulheres lideram com 69,9%, esses pacientes permanecem maior tempo no hospital se

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comparado com intoxicações por depressores do sistema nervoso central. Por outro lado, as

intoxicações por ADT causam em 30% dos usuários arritmias devido sua alta toxicidade no

sistema cardiovascular.

Dentre os perigos do uso indevido dos antidepressivos e outros agentes psicotrópicos

(compostos que agem a nível do Sistema Nervoso Central) estão a tolerância, dependência e

outras reações adversas que geram sérios danos aos usuários. (BRATS, 2012).

O tratamento com antidepressivos é dividido em três fases: aguda (4 a 6 semanas),

continuação (até 6 meses), e preventiva (após 6 meses). Não se recomenda a troca de

medicação antes de três semanas de tratamento, pois todas as classes de antidepressivos só

começaram a mostrar resultados após 2 a 4 semanas de uso. Após a melhora do paciente com

a terapia farmacológica, recomenda-se retirar o medicamento gradativamente, abaixando a

dose lentamente por até 4 semanas e posteriormente reavaliar se não há recaídas dos sintomas.

(SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Os antidepressivos na sua maioria são inseguros durante a gestação, pois alguns podem

atravessar a barreira placentária como a bupropiona, por exemplo. Não há estudos suficientes

em humanos para a recomendação tanto em gestantes com em lactantes, já os recém-nascidos

e as crianças menores de 12 anos, são vulneráveis a cardiotoxicidade dos antidepressivos,

alguns miligramas a mais é o suficiente para intoxicação dos menores. (GOODMAN;

GILMAN, 2010).

Apesar da eficácia dos antidepressivos seu uso ainda não é bem aceito por alguns

pacientes, pois sua ação demora para iniciar efeitos terapêuticos, e em contrapartida os efeitos

colaterais são imediatos. (SADOCK; SADOCK, 2007).

A inexistência de completo conhecimento psicobiológico do transtorno de humor torna

o conhecimento sobre propriedade dos antidepressivos incompleta. (GOODMAN; GILMAN,

2010).

Por se tratar de um transtorno altamente incapacitante, a depressão quando não tratada

da forma correta, causa sérios danos à saúde podendo ser letal, levando em conta que há

sempre um eminente risco de suicídio. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

1.3 Classificação dos Antidepressivos

Os antidepressivos são classificados conforme a sua estrutura química ou seu perfil

farmacológico. Os dois grupos mais tradicionais são os antidepressivos tricíclicos e os

inibidores da monoaminoxidase (IMAO). Com o tempo, houve a descoberta de moléculas que

não se encaixaram em nenhum desses grupos, sendo chamados de antidepressivos novos,

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passou então a dividir em quatro grupos são eles os ADTs, os ISRSs, os IMAOs e os

antidepressivos atípicos. Esses grupos de antidepressivos também podem ser classificados

conforme a estrutura química, modo de ação bioquímica ou espectro de ação terapêutica

sendo que alguns têm sido muito utilizados na pratica clínica. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Tabela 1. Classificação dos antidepressivosClasse Sub- Classe Fármacos

Inibidores Não Seletivos de Recaptação de Monoaminas (ADT)

Amitriptilina,nortriptilina

Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)

IMAO Seletivos e Reversíveis Moclobemida,toloxatona

IMAO Seletivos e Irreversíveis Clorgilina(MAO-A)

IMAO Não Seletivos e Irreversíveis Iproniazida,fenelzina

Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS)

Fluoxetina, paroxetina

Antidepressivos atípicosInibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN)

Venlafaxina

Inibidores Seletivos Da Recaptação De Noradrenalina (ISRN)

Reboxetina

Inibidores de Recaptação de Noradrenalina e Dopamina (IRND)

Bupropriona

Antidepressivo Noradrenérgico e Serotoninérgico Especifico (ANASE)

Mirtazapina

Fonte: Melo; Moreno, 1998.

1.3.1 Antidepressivos TricíclicosEm 1981 foi sintetizado por Thiele e Holznger o iminodibenzil que originou os

antidepressivos tricíclicos (ADT). Os derivados oriundos deste composto foram testados em

1940 como anti-histamínicos, sendo que um destes derivados a imipramina. A imipramina foi

utilizada por Kuhn em tratamento de pacientes esquizofrênicos por serem estruturalmente

semelhantes as fenotiazinas, percebeu-se então a melhora dos sintomas depressivos, o que

levou Kuhn a testar em maior número de pacientes, obtendo bons resultados com esse

fármaco. Posteriormente foi apresentado em setembro de 1957 o resultado do estudo em um

congresso, estabelecendo assim a propriedade antidepressiva da imipramina que até hoje é

referência nas depressões graves e recorrentes, causando assim a diminuição do uso da

eletroconvulsoterapia (ECT). (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Os antidepressivos tricíclicos como amitriptilina, imipramina, nortriptilina são muito

utilizadas em pacientes como tendência ao suicídio. Por ser uma classe cada vez mais

prescrita, também vem aumentado o uso abusivo do medicamento assim como o aumento

gradativo dos casos de intoxicação. (FERNANDES et al., 2006).

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Os efeitos adversos dos tricíclicos estão diretamente relacionados às respostas

autônomas adversas como desconfortos estomacais, taquicardia, palpitações, visão turva e

retenção da urina. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

O uso dos tricíclicos deve ser evitado em pacientes que tiveram infarto ou em pacientes

que usam depressores cardíacos que são medicamentos que diminuem os níveis de atividade

cerebral, contudo os antidepressivos não tricíclicos apresentam menores ricos de desenvolver

os efeitos colaterais, quando comparados aos tricíclicos. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

O mecanismo de ação comum aos ADTs é impedir a recaptação de monoaminas

(norepinefrina, serotonina e dopamina) em nível pré-sináptico. Os ADTs como desipramina,

nortriptilina e protriptilina que possuem aminas secundárias impedem a recaptação de

noradrenalina (NA) e noreprinefrina (NE) e os que possuem aminas terciarias como

amitriptilina, clomipramina, doxepina e imipramina são fortes na inibição de recaptação de

serotonina (5- HT). O sistema neurotransmissor através da atividade pós-sináptica geralmente

causa efeitos adversos dos ADTs. (MORENO et al., 1999).

Os receptores adrenérgicos, muscarínicos e histamínico H1, interagem de maneira

variável com os antidepressivos tricíclicos, essas interações são de extrema importância para

maior disponibilidade da noreprinefrina (NE) extracelular nas sinapses, causando assim

efeitos indesejáveis como constipação intestinal, retenção urinaria, depressão respiratória

dentre outros. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

1.3.2 Inibidores de Monoamina OxidaseOs inibidores da monoamina oxidase (IMAO) surgiram quase que ao mesmo tempo em

que se descobriu a imipramina, sendo que o primeiro a ser descoberto foi a iproniazida que foi

muito utilizada para tuberculose e anos depois através de estudo foi comprovada a eficácia

para tratamento de depressão, porém por possuir vários efeitos adversos teve seu uso limitado

por vários anos. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Os inibidores da MAO podem ser não seletivos e irreversíveis ou seletivos e reversíveis,

e são divididos em inibidores de MAO-A e B. Os inibidores seletivos da MAO-A (ex.

toloxatona) são mais eficazes para o tratamento de depressão maior por serem de ação longa,

porém existem alguns que são de ação curta como abrofaromina e moclobemida. Já os

inibidores de MAO-B (ex. selegilina) são eficazes para o tratamento inicial da doença de

Parkinson, pois tem efeito de potencializar a dopamina remanescente nos neurônios

nigroestriatais em degeneração. A selegilina também é eficaz como antidepressivo, pois inibe

MAO-A. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

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O uso concomitante de IMAO podem potencializar efeitos de alguns tipos de

anfetaminas, medicamentos usados em algumas alergias e também drogas usadas no

tratamento de Parkinson. Em contrapartida alguns estudos mostram que não houve nenhuma

interação medicamentosa com a digoxina e os contraceptivos de uso oral. (SCIPPA;

OLIVEIRA, 2013).

A toxicidade dos IMAOS está ligada ao uso exagerado, visto que pode causar inibição

irreversível da enzima MAO e essa intoxicação pode ser constatada em poucas horas. No

sistema nervoso central a toxicidade é uma extensão da ação estimulante dos IMAO causando

irritabilidade e agitação. Alguns IMAOs como as hidrazinas podem desencadear uma

síndrome rara semelhante ao lúpus, hepatotoxicidade e hepatites letais. (SCIPPA; OLIVEIRA,

2013).

Para que haja o benefício terapêutico ideal, é necessário que o paciente use os fármacos

inibidores de MAO diariamente, pois embora a inibição de MAO ocorra rapidamente, seus

benefícios clínicos podem demorar semanas ou em outro caso necessita que se usem doses

maiores. (GOODMAN; GILMAN, 2010).

1.3.3 Antidepressivos não Tricíclicos e não IMAO ou AtípicosOs Antidepressivos Não Tricíclicos e Não IMAO ou atípicos são fármacos que surgiram

durante a década de 70, com efeitos semelhantes à amitriptilina. Durante a década seguinte

foram desenvolvidos outros medicamentos com melhor eficácia e menos efeitos adversos,

porém não recomendados em pacientes com glaucoma cardiopatas, idosos e alguns pacientes

com lesões prostáticas benignas e malignas. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

1.3.4 Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS)Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) surgiram na década de 80 e

sua primeira formulação foi a fluoxetina que é um antidepressivo de segunda geração,

posteriormente tiveram outros como paroxetina, sertralina, citalopram e fluvoxamina.

Naquela época era a novidade no tratamento seguro e eficaz para depressão e posteriormente

foi sendo difundido pelo mundo passando a ser o medicamento mais prescrito para depressão.

(SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

A partir de estudos clínicos obteve aprovação para tratamento de outras doenças como

transtorno obssesivo-compulsivo, bulimia nervosa e transtorno do pânico, transtorno bipolar

dentre outros. (ROSSI et al., 2004)

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Recentemente a fluoxetina tem sido estudada para outras finalidades como o tratamento

auxiliar na obesidade e testes como auxiliar no melhoramento da memória. (NASCIMENTO

et al., 2013).

Segundo Cavalcanti (2010), a fluoxetina já vem sendo prescrita como auxiliar na

redução de peso por possuir características anorexígenas, porém ao fazer esta prescrição, o

médico deve levar em conta os efeitos colaterais como ideação suicida, ansiedade, insônia e

hemorragia abdominal, e ponderar se é mesmo necessário prescrever este medicamento para

auxiliar na perda de peso.

Os ISRS impedem a recaptação de serotonina nos receptores 5-HT1 , 5-HT2,5-HT3 e

consequentemente elevam a concentração de serotonina na fenda sináptica. (BRATS, 2012).

A extensão do tratamento durante semanas, meses, traz a modulação negativa gradual

dos receptores pós-sinápticos 5HT2A, que por seu efeito de influenciar as ações dos neurônios

noradrenérgicos e heterorreceptores serotoninérgicos contribui diretamente com efeito

antidepressivo, outros receptores como 5-HT pós-sinápticos mediam o aumento da

transferência serotoninérgica e colabora para melhorar o humor para efeitos antidepressivos.

(SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) possuem baixo risco de

toxicidade. Tem menos efeitos anticolinérgicos quando em super-dosagem e são conhecidos

por ter uma quiralidade muito grande, sendo descobertas constantemente novas formulações.

Esta classe de fármacos inibe a enzima CYP2D6, isoenzima que catalisa a biotransformação

de diversos fármacos. Por outro lado, o uso de álcool durante o tratamento não é

recomendado. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

Destacam-se como efeitos adversos alguns distúrbios gastrointestinais, cefaleia, insônia

e disfunção sexual, por tempo indeterminado, não há estudos claros sobre o uso desses

medicamentos em gestantes e em mulheres no período de amamentação. (SCIPPA;

OLIVEIRA, 2013).

1.3.5 Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN)O primeiro representante do grupo dos Inibidores da Recaptação de Serotonina e

Noradrenalina (IRSN) é a venlafaxina que é bem absorvida pelo trato gastrointestinal e sua

principal excreção é pela urina. Os efeitos adversos mais comuns são: vômitos, náuseas,

cefaleia, tontura, boca seca, insônia, sudoreses, entre outros que atingem o SNC. O uso

contínuo pode desencadear em uma síndrome serotoninérgica e em paciente com bipolaridade

pode provocar virada maníaca. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

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1.3.6 Inibidores Seletivos Da Recaptação De Noradrenalina (ISRN)Os Inibidores Seletivos da Recaptação de Noradrenalina (ISRN) é grupo de

antidepressivos cuja principal formulação é a reboxetina. É recomendado ter

acompanhamento médico em pacientes com bipolaridades, pois pode provocar virada

maníaca, ou seja, a mudança de sintomas depressivos (tristeza, pessimismo, irritabilidade)

para sintomas maníacos (agitação, sentimento de grandeza, aceleramento da fala). (SCIPPA;

OLIVEIRA, 2013).

1.3.7 Inibidores de Recaptação de Noradrenalina e Dopamina (IRND)Os Inibidores de Recaptação de Noradrenalina e Dopamina (IRND) é outra classe de

antidepressivos que tem como principal fármaco a bupropiona, cujos principais efeitos

adversos são no SNC. É contraindicado em pacientes epiléticos, evita-se uso em pacientes

com transtornos alimentares, nunca deve ser usado com os IMAO e se acontecer a troca deve

ter um intervalo de aproximadamente 15 dias de um fármaco para o outro. É proibido em

mulheres grávidas, pois ultrapassa a barreira placentária e são excretados por líquidos

corporais sendo evitado o uso em lactantes. (SCIPPA; OLIVEIRA, 2013).

3 METODOLOGIA O presente trabalho seguiu os moldes de uma pesquisa descritiva, bibliográfica, com

análise integrativa. Foi realizada uma busca em bases de dados virtuais em saúde,

dissertações, site da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e especificamente

na Biblioteca Virtual de Saúde (Bireme). Foram utilizados como descritores: Antidepressivos,

depressão, toxicologia dos antidepressivos e farmacologia dos antidepressivos. O passo

seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas no endereço eletrônico da

Scientific Electronic Library online (Scielo). O critério de inclusão das informações

encontradas foi que fossem publicações realizadas nos últimos doze anos que responderam

aos objetivos do estudo. Foram excluídos os anteriores a 2004 e os que não corresponderam

os objetivos.

Depois de realizada a leitura exploratória e seleção do material iniciaram as leituras

analíticas, que possibilitaram a organização das ideias por ordem de importância e a

sintetização destas que visaram a fixação das ideias essências da pesquisa.

Em seguida iniciou- se as leituras interpretativas. Com uma busca mais ampla de

resultados, pois foram ajustados o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura

interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotações que

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consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as ideias principais e dados mais

importantes.

Foram levantados os dados das movimentações dos antidepressivos mais prescritos por

médicos clínicos gerais no município de Edéia-GO, em três drogarias particulares, pelo

Sistema Nacional de Gerenciamento de Psicotrópicos- SNGPC, dos doze meses pesquisados.

A declaração da anuência dos estabelecimentos cujas informações foram obtidas está no

Anexo 1.

A partir das anotações dos tópicos, ideias, argumentos principais e levantamento de

dados foram confeccionados planilhas no programa Microsoft Excel. Essas planilhas

propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das ideias que

acataram os objetivos da pesquisa.

O presente trabalho seguiu os moldes de uma pesquisa descritiva, bibliográfica, com

análise integrativa, visando fazer uma ilustração geral sobre a venda de Antidepressivos em

Edéia-GO.

4 RESULTADOSEdéia é um município brasileiro do estado de Goiás, localizado a 120 km da capital do

estado, Goiânia. Sua população estimada em 2014 era de 11.952 habitantes. A cidade consta

com nove drogarias sendo que duas tem atendimento como farmácias de manipulação e

drogaria, 7 são somente drogarias e uma farmácia popular municipal, onde funciona em uma

das unidades básicas de saúde. Há seis unidades básicas de saúde e um hospital particular.

Todas as unidades de saúde contam com médicos e a unidade que possui farmácia conta com

1 farmacêutico que atende das 07h00min da manhã as 17h00min da tarde.

Dentre os antidepressivos comercializados na drogaria 1, a amitriptilina 25mg caixa

com 30 comprimidos, da classe dos antidepressivos tricíclicos (ADT) foi o medicamento mais

vendido com 41%, durante os 12 meses pesquisados seguido respectivamente pela fluoxetina

20mg caixa com 30 comprimidos (26%), citalopram 20mg caixa com 30 comprimidos (17%),

sendo que estes dois últimos são da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina

(ISRS) e por último e não menos importante da classe dos inibidores de recaptação de

noradrenalina e dopamina (IRND) a bupropiona 150mg caixa com 30 comprimidos (16%)

(figura 1).

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0102030405060708090100

Antidepressivos mais vendidos Drogaria 1

AmitriptilinaFluoxetinaCitalopramBupropiona

Princípio Ativo

Qua

ntida

de d

e Ca

ixas

Figura 1. Representa o total dos antidepressivos vendidos em 12 meses na drogaria 1.

De acordo com os dados obtidos na drogaria 2 o medicamento antidepressivo com

maior comercialização foi novamente os ADT, com a amitriptilina 25mg caixa com 30

comprimidos, correspondendo a 45% do total de antidepressivos vendidos, seguido dos ISRS

com a sertralina (29%) e fluoxetina (16%) e da classe dos antidepressivos noradrenérgico e

serotoninérgico especifico (ANASE) a mirtazapina correspondendo à (10%) da venda total

(figura 2).

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2

3

4

5

6

Antidepressivos mais vendidos Drogaria 2

AmitriptilinaSertralinaFluoxetinaMirtazapina

PRINCIPIO ATIVO

Qua

ntida

de d

e ca

ixas

Figura 2. Representa o total dos antidepressivos vendidos em 12 meses na drogaria 2

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O ADT foi do mesmo modo que nas demais drogarias pesquisadas em Edeia, o

medicamento com maior saída na drogaria 3, a amitriptilina 25mg caixa com 30 comprimidos

(38%), já os demais antidepressivos comercializados foram todos da classe dos ISRS,

fluoxetina 20mg caixa com 30 comprimidos, sertralina 50mg caixa com 30 comprimidos e o

citalopram 20mg caixa com 30 comprimidos (30%), (27%) e (5%) respectivamente (figura 3).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Antidepressivos mais vendidos Drogaria 3

Amitriptilina

Fluoxetina

Sertralina

Citalopram

Principio ativo

Qua

ntida

de d

e ca

ixas

Figura 3. Representa o total dos antidepressivos vendidos em 12 meses na drogaria 3.

Quando analisado a quantidade de antidepressivos vendido por classe farmacológica, ou

seja, juntando todos os antidepressivos do mesmo grupo terapêutico, observou que, no

período pesquisado a classe mais dispensada contabilizando a venda das 3 drogarias da

cidade de Edéia, foi respectivamente, inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS)

estando neste grupo fluoxetina, sertralina e citalopram (45%), seguido pelos antidepressivos

tricíclicos (ADT) que aqui está representado pela amitriptilina (41%), inibidores de

recaptação de noradrenalina e dopamina (IRND) representado pela bupropiona (13%) e

antidepressivo noradrenérgico e serotoninérgico especifico (ANASE) representado pela

mirtazapina (0,5%), conforme (figura 4), com estes dados acima podemos observar que

mesmos os ADT sendo os mais vendido quando analisado separadamente, os ISRS foram os

que obtiveram maior venda do total de medicamentos comercializados.

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ISRS ADT IRND ANASE0

200

400

600

800

1000

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1400

1600

Classes de antidepressivos mais vendido nas Três Drogarias

QU

ANTI

DAD

E D

E CA

IXAS

Figura 4. Representa o total dos antidepressivos em 12 meses agrupando as três drogarias, separados por classe farmacológica. Sendo as classes: inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), Antidepressivos Tricíclicos (ADT), inibidores de recaptação de noradrenalina e dopamina (IRND), antidepressivo noradrenérgico e serotoninérgico especifico (ANASE).

5 DISCUSSÃO A depressão e caracterizada como uma doença mental, independentemente do seu nível

ou dos fatores de sua natureza. (GRAEFF; GUIMARÃES, 2005).

A depressão e caracterizada por mau humor, perda de interesse e disposição, vendo que

hoje a depressão e a doença que mais vêm afetando a população. A depressão e considerada

um problema de saúde pública, pois existe risco constante de suicídio. (SADOCK; SADOCK,

2007).

Os antidepressivos são as classes de medicamentos que mais vem se destacando no

mercado. São drogas que aumentam os tônus psíquico assim melhorando o bom humor. Os

antidepressivos são drogas que são indicados para outras patologias como transtornos

bipolares, distúrbios de ansiedade, transtornos compulsivos e algumas doenças orgânicas

como fibromialgia. (AGUIAR et al., 2011).

De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, a amitriptilina 25 mg foi o

medicamento mais vendido nas três drogarias no período de um ano, seguida pela fluoxetina

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20 mg. Acredita-se que o aumento da venda destes medicamentos deve-se ao fato deles serem

os antidepressivos mais baratos encontrados hoje no mercado. A amitriptilina 25 mg com 30

comprimidos custa em média R$ 25,76 reais, já a fluoxetina 20 mg com 30 comprimidos

custa em média R$ 64,12 reais. (PHARMACOS, 2016).

Segundo Brats (2012), o inquérito feito em 2013 em 10 países diferentes, (Brasil,

Canada, Chile, República Checa, Alemanha, Japão, México, Holanda, Turquia e Estados

Unidos), descreve que anualmente a depressão acarreta um gasto de US$ 83 bilhões de

dólares nos estados unidos e 118 bilhões de euros em toda a Europa. A pesquisa recrutou

37.710 adultos, relatou que a prevalência do uso de antidepressivos e duas vezes maior em

pessoas do sexo feminino do que do masculino. O boletim abrangeu o uso de todas as classes

de antidepressivos existentes e não focou em qual medicamento mais usado ou vendido. A

pesquisa relata que o uso maior desses medicamentos em mulheres se da ao fato da depressão

estar relacionada à TDM (Transtorno Depressivo Maior), que ainda não e uma doença bem

definida, uma das possíveis causas são os distúrbios nas funções neurotransmissoras. Já na

pesquisa que foi realizada na cidade de Edéia foi verificado que segundo o IBGE 2013

residem de 5.487 mulheres na cidade e na pesquisa não foi identificado quais os sexos dos

pacientes e nem a faixa etária.

O artigo realizado por Nascimento et al (2013), mostra que o antidepressivo mais

vendido na farmácia municipal da cidade de Lavras- MG, no período de janeiro de 2009 a

dezembro de 2009 foi a fluoxetina. Nesse trabalho descreve-se que foram prescritos 94251

comprimidos de fluoxetina no período de janeiro a dezembro de 2009. Durante todo o ano da

pesquisa verificou um aumento significativo da distribuição do medicamento, contudo houve

uma variação da saída do medicamento em determinados meses, pois por ser uma farmácia

municipal em determinados meses teve falta do medicamento, pois as compras são feitas por

licitações. Nos meses de julho a outubro teve maior saída, pois obtiveram maior oferta do

medicamento na farmácia Municipal de Lavras. Nesse trabalho observou-se que as mulheres

com faixa etária de 25 a 40 anos tiveram mais procura pelo medicamento, este fato se deve

porque nelas ocorrem algumas alterações hormonais, como a puberdade, menopausa, período

pré-menstrual, pós-parto, e questões efetivas e também porque a fluoxetina tem efeitos

anorexígenos e está sendo muito prescrita para mulheres que se queixam de ganho de peso.

Na pesquisa observou- se que em 100% das prescrições está sendo associada com outras

substancias e que as substancias geralmente não são indicados para as síndromes depressivas.

No trabalho realizado na cidade de Edéia- GO a pesquisa foi feita em drogarias particulares

que observou que a substancia mais vendida foi a amitriptilina 25 mg. Um dos fatores que

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desencadeou o fato foi que o medicamento é o antidepressivo mais barato encontrado no

mercado, que custa cerca de R$ 25.76 reais.

Segundo Noto et al (2002), um dos perigos maiores do uso dos antidepressivos, são a

tolerância, dependência e outras reações adversas que geram sérios danos aos usuários. A

maioria dos antidepressivos não é recomendada para gestantes e lactantes, pois podem

atravessar a barreira hematoencefálica, podendo causar danos e complicações em neonatais

por causa da síndrome de retirada.

Segundo Goodman e Gilman (2010) a toxicologia dos antidepressivos tricíclicos como a

amitriptilina e a imipramina estão diretamente relacionados a algumas respostas do sistema

nervos autônomos e devem ser evitados em pacientes infartados e pacientes com depressão

cardíaca. A toxicidade cardíaca e causada pela diminuição da condução elétrica cardíaca,

bloqueio dos receptores muscarínicos, bloqueio dos receptores α-adrenérgicos, assim induzem

a vasodilatação e efeitos depressores direto do miocárdio. Alguns efeitos colaterais

relacionados à toxicidade dos Inibidores de Recaptação de Serotonina mais comuns são

efeitos alérgicos, distúrbios mentais, problemas cardíacos, hepáticos, urinários ou hormonais

(tireoide), convulsões e glaucoma, e podem acontecer alguns sintomas como náusea, dor de

cabeça e fadiga. Não devem ser usados com alguns medicamentos para aliviar a dor como

ácido acetilsalicílico, sedativos ou medicamentos para dormir e álcool. A amitriptilina não

está indicada parra pacientes que vão fazer tratamento com eletroconvulsoterapia.

6 CONCLUSÃO

De acordo com os dados obtidos é possível concluir que o medicamento antidepressivo

mais comercializado nas 3 drogarias da cidade de Edeia cujos dados foram analisados foi a

amitriptilina (ADT) provavelmente em razão do menor custo da mesma. Porem quando

falamos de classe farmacologia, os antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de

serotonina (ISRS) foram os mais comercializados. Vale salientar a importância de que o

paciente faça o uso correto e tenha conhecimento das principais reações adversas e da

toxicidade dos antidepressivos.

O tratamento e prevenção adequada da depressão e um constante desafio clinico, pois

torna a vida dos pacientes, convivência familiar e social mais fácil, tornando a escolha do

tratamento (medicamento) a parte mais importante para o paciente, devemos então como

profissionais da saúde informar ao paciente como deve se usar o medicamento, quais reações

adversas podem ocorrer, informar a possibilidade de interações e possíveis intoxicações no

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caso do uso abusivo, para que cada vez mais tenhamos maior adesão ao tratamento e

consequente cura.

7 REFERÊNCIASANVISA, Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde, ISSN 1983-7003, ano VI nº 18. Março de 2012. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home. Acesso em: 30/044/2016.

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