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CALL- ESCOLA DE PORTUGUÊS LITERATURA BRASILEIRA PROFESSORA: ANA CLAUDIA DUARTE O bonde abre a viagem, No banco ninguém, Estou só, stou sem. Depois sobe um homem, No banco sentou, Companheiro vou. O bonde está cheio, De novo porém Não sou mais ninguém. ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993. 1-O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre A) a solidão e a multidão. B) a carência e a satisfação. C) a mobilidade e a lentidão. D) a amizade e a indiferença. E) a mudança e a estagnação. I– Obra de Caravaggio (1571-1610) (http://www.caravaggio-foundation.org) II – Soneto de Gregório de Matos Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura,

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CALL- ESCOLA DE PORTUGUÊSLITERATURA BRASILEIRAPROFESSORA: ANA CLAUDIA DUARTE

O bonde abre a viagem,No banco ninguém,Estou só, stou sem.Depois sobe um homem,No banco sentou,Companheiro vou.O bonde está cheio,De novo porémNão sou mais ninguém. ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993.1-O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entreA) a solidão e a multidão.B) a carência e a satisfação.C) a mobilidade e a lentidão.D) a amizade e a indiferença.E) a mudança e a estagnação.

I– Obra de Caravaggio (1571-1610)

(http://www.caravaggio-foundation.org)

II – Soneto de Gregório de MatosNasce o Sol, e não dura mais que um dia,Depois da Luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?Se formosa a Luz é, por que não dura?Como a beleza assim se transfigura?Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,Na formosura não se dê constância,E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,E tem qualquer dos bens por naturezaA firmeza somente na inconstância.

(Gregório de Matos, Poemas escolhidos (seleção e organização José Miguel Wisnik). São Paulo: Companhia das Letras, 2010)

2-A leitura comparativa da obra e do poema permite identificar como característica comum a ambos oA) reconhecimento da efemeridade da vida, o que abranda os dilemas existenciais.B) apego ao transcendental, como forma de escapar aos sofrimentos do mundo real.

C) jogo dos contrastes, expressando os conflitos dualistas do homem seiscentista.D) equilíbrio na representação, com a descrição concisa dos desejos humanos.E) desencanto do homem seiscentista pela vida, com o declínio do Renascimento.

Do amor à pátriaSão doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual – uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações. MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

3-O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porqueA) o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente.B) os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva.C) o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia.D) o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia.E) a natureza é determinante na percepção do valor da pátria.

Lá vem você E a pergunta fatal Como encontrar A palavra ideal Uso palavras picadas no som Palavras magoadas de tantas paixões Palavras idiotas e alguns palavrões Guardo as palavras em grãos Pego uma boa porção Dessas que cabem na mão Vejo que os grãos fazem trilha São sílabas mínimas Todas em fila Em dúvida pura Não sabem se vão ou se não Pego uma outra porção Grãos que se espalham no chão Surgem palavras cifradas Normais ou mudadas

Nascidas do nada Mas bem animadas Querendo ser mais do que são São as palavras que vão Caem na vida E vão se virar Prosa ou poesia O que despontar Fogem de mim Fogem de nós De tudo que era seu Vão assustar Vão seduzir Vão surpreender O mundo, você e eu.

TATIT, Luiz. “Palavras e sonhos”. Disponível em: http://luiztatit.com.br/composicoes/composicao?id=205/Palavras-e-Sonhos.html Acesso em 21.04.16

4-O caráter metalinguístico dos versos se justifica porque, por meio deles, o eu lírico A) responde a um questionamento que lhe foi dirigido. B) revela que compõe por meio de rigoroso trabalho de escolha de termos cultos e poéticos. C) expõe o quanto usa sua obra para revelar paixões e mágoas para o seu interlocutor. D) reflete sobre a dificuldade inerente a toda atividade de criação. E) reflete sobre sua criação artística, a qual atinge um patamar inesperado até mesmo para o criador.

GAROTO PROPAGANDA

(lumaxazevedo.com.br)

TEXTO IIEU, ETIQUETA(...)Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,minha gravata e cinto e escova e pente,meu copo, minha xícara,minha toalha de banho e sabonete,meu isso, meu aquilo.desde a cabeça ao bico dos sapatos,são mensagens,letras falantes,gritos visuais,ordens de uso, abuso, reincidência.costume, hábito, permanência,indispensabilidade,e fazem de mim homem-anúncio itinerante,escravo da matéria anunciada.Estou, estou na moda. (Carlos Drummond de Andrade)5-O anúncio publicitário Garoto propaganda e o poema “Eu, etiqueta”, embora pertençam a gêneros textuais diferentes, abordam a mesma temática, com vistas aA) submeter à crítica do leitor a sujeição a que a sociedade é obrigada pelo mercado.B) manifestar desagrado aos anúncios-itinerantes e às etiquetas impostas pelo mercado.C) descrever minuciosamente o cotidiano do homem que anuncia desde seu nascimento.D) caracterizar o mercado da moda como elemento de inserção do homem à sociedade.E) comparar as diversidades de etiquetas e modas existentes na sociedade capitalista.

Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se acostumara-se, e acabou achando que era muito direito. ASSIS, M. et al. Missa do galo: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Summus, 1977 (fragmento).

6-No fragmento desse conto de Machado de Assis, “ir ao teatro” significa “ir encontrar-se com a amante”. O uso do eufemismo como estratégia argumentativa significa A) exagerar quanto ao desejo em “ir ao teatro” B) personificar a prontidão em “ir ao teatro”.C) esclarecer o valor denotativo de “ir ao teatro”.D) reforçar compromisso com o casamento.E) suavizar uma transgressão matrimonialA um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,Beneditino escreve! No aconchegoDo claustro, na paciência e no sossego,Trabalha , e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o empregoDo esforço: e trama viva se construaDe tal modo, que a imagem fique nuaRica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplícioDo mestre. E natural, o efeito agradeSem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da VerdadeArte pura, inimiga do artifício,É a força e a graça na simplicidade. BILAC, Olavo. “Antologia poética”. CEDIC

7-Esse soneto tematiza o que se convencionou chamar de profissão de fé da literatura. Uma obra cujo artista professa a sua dedicação ao seu fazer, à sua arte.De natureza estética parnasiana (movimento artístico da segunda metade do século XIX), o poema em destaqueA) aproxima a arte de uma atitude contemplativa da beleza estética.B) sugere a simplicidade do trabalho poético, o qual muitas vezes é árduo em outros movimentos artísticos.C) tematiza a expectativa do poeta sobre a reação perplexa do seu público frente ao trabalho esmerado da escrita poética.D) expõe a angústia do poeta frente à necessidade de capricho na estética, abdicando da profundidade temática.E) considera a arte como elemento essencial à vida contemplativa religiosa, portanto deve estar distanciada de questões sociais.

Texto 1José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19 anos para catequizar a população das primeiras cidades brasileiras e, como instrumento de trabalho, escreveu manuais, poemas e peças teatrais.

Texto 2Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano árvore nem erva seca. Os arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies. Muitos dão bons frutos e o que lhes dá graçaé que há neles muitos passarinhos de grande formosura e variedades e em seu canto não dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal e fazem uma harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para louvar o Senhor, e os bosques são tão frescos que os lindos e artificiais de Portugal ficam muito abaixo. ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do Padre Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro: S.J., 1933, 430-31 p.

8-A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da religiosidade. No texto 2, o autor exalta, ainda, a beleza natural do Brasil por meioA) do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques brasileiros, comparando-os aos de Portugal.B) da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defender a beleza dos pássaros e bosques de Portugal.C) da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques brasileiros, a diversidade e a beleza dos pássaros do Brasil.D) do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidência a frescura dos bosques brasileiros e a beleza dos rouxinóis.E) do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumentativo para convencer o leitor da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.

TEXTO IPoema de sete facesMundo mundo vasto mundo,Se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração. ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 2001 (fragmento).

TEXTO IICDA (imitado)Ó vida, triste vida!Se eu me chamasse Aparecidadava na mesma. FONTELA, O. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.

9-Orides Fontela intitula seu poema CDA, sigla de Carlos Drummond de Andrade, e entre parênteses indica “imitado” porque, como nos versos de Drummond,A) apresenta o receio de colocar os dramas pessoais no mundo vasto.B) expõe o egocentrismo de sentir o coração maior que o mundo.C) aponta a insuficiência da poesia para solucionar os problemas da vida.D) adota tom melancólico para evidenciar a desesperança com a vida.E) invoca a tristeza da vida para potencializar a ineficácia da rima.

MONET,C. Mulher com sombrinha. 1875, 100x81cm. In: BECKETT, W. História da Pintura. São Paulo: Atica, 1997. (Foto: Reprodução/Enem)

“Levou um tempo até o público descobrir que, para apreciar um quadro impressionista, deve recuar alguns metros e desfrutar o milagre de ver essas manchas intrigantes súbito se organizarem e ganharem vida diante dos olhos. Realizar esse milagre e transferir a experiência visual do pintor para o espectador constitui a verdadeira finalidade dos impressionistas”. (Ernst Gombrich, A História da Arte. 16ª ed., Rio de Janeiro: LTC Editora, 1995, p. 522.)10-Baseando-se nesta afirmação do historiador Ernst Gombrich sobre o impressionismo e na tela de Claude Monet constata-se que a pintura desse momento deveA) registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento.B) usar sombras escuras ou pretas para demarcar melhor a paisagem.C) definir bem as imagens, fazendo contornos nítidos.D) obter as tonalidades pela mistura de tintas e através do reflexo da luz solar.E) retratar paisagens em diferentes horas do dia, recriando, em suas telas, as imagens por eles idealizadas.

GABARITO

1-A

2-C

3-B

4-E

5-A

6-E

7-A

8-C

9-C

10-A