- Versão Final - Relatório final de Estágio
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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
ESTADOS DE ANSIEDADE E NÍVEIS DE AUTOCONFIANÇA EM PRATICANTES DE DESPORTO
ESCOLAR
- Versão Final -
Relatório final de Estágio
Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário
Ana Catarina Almeida
Orientador Científico: Professor Doutor Jorge Soares
Vila Real, 2016
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
ESTADOS DE ANSIEDADE E NÍVEIS DE AUTOCONFIANÇA EM PRATICANTES DE DESPORTO
ESCOLAR
Relatório final de Estágio
Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário
Ana Catarina Almeida
Orientador Científico: Jorge Soares
Composição do Júri:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Vila Real, 2016
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA II
Relatório de Estágio apresentado à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor Jorge Soares.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA III
Agradecimentos
Não conseguiria atingir esta meta final sem o auxílio e o apoio incondicional de
determinadas pessoas. Estas referências foram os meus pilares ao longo deste
percurso e sem eles eu não teria tido sucesso. O meu sincero agradecimento a todos,
porque me fizeram crescer tanto a nível académico, como a nível pessoal.
Aos meus Pais que são os principais autores da realização deste sonho, sem
eles nada disto seria possível, agradeço por todo o seu esforço, trabalho e dedicação
para me possibilitarem um futuro melhor! Agradeço por me terem dado esta
oportunidade, pelo orgulho que sentem por mim, por todo o apoio monetário e
emocional que sempre me deram! Sem as suas palavras eu não teria tido força para
continuar!
À minha Avó que sempre me deu muita força, que esteve sempre presente
nas fases mais importantes da minha vida, mesmo doente! Por todas as palavras e
lágrimas derramadas de orgulho que tivemos nas despedidas, nas alegrias. Não vou
esquecer todos os esforços feitos por mim e que mesmo em cadeira de rodas
conseguiu chegar à frente para assistir na primeira fila a minha festa de final de curso!
Aos meus Irmãos que apesar de todas as circunstâncias sempre me deram
um apoio incondicional e motivação para ir até ao fim.
Aos meus Amigos que se tornaram a minha segunda família e me apoiaram
sempre nos bons e maus momentos.
Aos meus Colegas de Estágio Ana Sofia e José Pita por todo o espirito de
entreajuda, toda a cooperação e amizade construída.
À minha melhor Amiga Isabel Henriques que sempre me motivou e deu
forças para continuar.
Ao meu Amigo e Namorado Rafael Soares por toda a motivação, paciência,
carinho e apoio demonstrado na concretização deste objetivo.
Ao meu Orientador de Estágio, Professor Carlos Cunha por todas as
palavras, todo o incentivo, toda a capacidade critica, todos os conhecimentos e
experiencias que nos permitiu adquirir. Foi a peça fundamental para o meu
enriquecimento pessoal e académico ao longo do estágio pedagógico.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA IV
Ao meu Professor Supervisor Jorge Soares por toda a disponibilidade
demonstrada, por ser o principal pilar a nível de orientação científica e por ser tão
exigente e presente no nosso trabalho. Teve um papel fundamental na realização
deste relatório de Estágio e sem os seus conhecimentos e correções, nada seria
possível.
Aos Alunos, Professores e Funcionários da Escola Básica e Secundária
de Arcozelo, pelos conselhos, pelo apoio, pela amizade e disponibilidade
demonstrada, por toda ajuda no processo de integração ao longo deste ano letivo.
A todos os Professores e Colegas que estiveram ao meu lado neste percurso
académico, agradeço toda a experiência vivenciada ao longo destes 5 anos e todos os
conhecimentos adquiridos. São momentos que levo para a vida!
A todos vocês, o meu sincero Obrigado!
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA V
Resumo
O presente documento intitulado como Relatório Final de Estágio está inserido
no âmbito da disciplina de Estágio I e II, integrada no plano de estudos do 2º Ciclo em
Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro. Este documento é apresentado como um requisito para
a obtenção do grau de Mestre, cumprindo o estipulado no artigo 10º, que diz respeito
às Normas Regulamentares dos 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a
orientação do Supervisor Jorge Soares.
O Estágio Pedagógico foi realizado na Escola Básica com Secundária de
Arcozelo em Ponte de Lima, tendo como orientador cooperante o Professor Carlos
Cunha e como companheiros de Estágio, o José Pita e a Ana Gomes.
No âmbito de todo o trabalho realizado durante o estágio pedagógico, o
presente relatório encontra-se organizado em dois capítulos.
O capítulo I traduz uma reflexão crítica e fundamentada do estágio pedagógico
com o propósito de elaborar uma descrição consciente acerca de todo o caminho
percorrido. Nele faço uma breve caraterização sumativa do meio e da escola onde
realizei o meu estágio, relato a experiência que vivi ao longo deste ano letivo, as
expetativas iniciais, as dificuldades que encontrei e as estratégias que tomei para as
combater. Ainda neste capítulo, descrevo todas as tarefas de Ensino Aprendizagem
desenvolvidas (planeamento anual, unidades didáticas, planos de aula e práticas de
ensino supervisionadas) e tarefas de Estágio de relação Escola - Meio (estudo de
turma e atividades desenvolvidas pelo núcleo de estágio). Para finalizar apresento as
conclusões referentes ao Estágio pedagógico/ Reflexão critica.
O Capítulo II é de caráter científico onde é apresentado o estudo científico com
o tema estados de ansiedade e níveis de autoconfiança em praticantes de desporto
escolar, com o objetivo de analisar a ansiedade (cognitiva e somática) e a
autoconfiança no período pré-competitivo em praticantes de desporto escolar,
comparar as possíveis diferenças entre modalidades individuais e modalidades
coletivas e eventualmente estabelecer uma ponte para o rendimento escolar.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA VI
Abstract
This document titled as Traineeship Final Report is included within the
discipline of Traineeship I and II, in the curriculum of the second cycle in Physical
Education Teaching in Middle and High School, of the University of Trás-os-Montes
and Alto Douro. This document is a requirement for obtaining a master's degree
according to Article 10, which relates to the Regulatory Standards of the Second Study
Cycles in Teaching of UTAD, and was made under the guidance of the Master’s
Supervisor Jorge Soares.
The traineeship was held at the Middle and High School of Arcozelo (Ponte
de Lima), having Professor Carlos Cunha as advisor, and José Pita and Ana Gomes as
traineeship colleagues.
This report is organized in two chapters. Chapter One is a critical and
founded reflection about the traineeship, with the description of all my journey.
In this chapter I make a global characterization of the surrounding
environment and of the school where my traineeship was held, I describe the
experiences I had during this school year, initial expectations, difficulties I have
experienced and the strategies I used to overcome them. Yet in this chapter, I describe
all Ensino Aprendizagem developed tasks (annual planning, teaching units, lesson
plans and supervised teaching practices) and also the trainee tasks of the School –
Surrounding Environment relationship (classroom study and activities developed by the
trainee group). Finally, I present my conclusions regarding the Traineeship/Critical
Reflection.
Chapter Two has a scientific character and presents a scientific study under the
subject states of anxiety and self-confidence levels in school sports practitioners, in
order to analyze the anxiety (cognitive and somatic) and the self-confidence in the
period pre-competitive, compare the possible differences between individual and team
sports anxiety and self-confidence levels, and eventually relate them to school
performance.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 7
Índice
Agradecimentos ........................................................................................................... III
Resumo ........................................................................................................................ V
Abstract ....................................................................................................................... VI
Introdução ................................................................................................................... 10
Capítulo I .................................................................................................................... 11
Introdução ............................................................................................................... 12
1. Caraterização da instituição e do meio ............................................................. 14
2. Tarefas de Ensino Aprendizagem .................................................................... 16
2.1. Planeamento anual ................................................................................... 16
2.2. Unidades Didáticas ................................................................................... 17
2.3. Planos de Aula .......................................................................................... 18
2.4. Práticas de Ensino Supervisionadas ......................................................... 20
3. Tarefas de Estágio de relação Escola -Meio .................................................... 23
3.1. Estudo Turma ........................................................................................... 23
3.2. Atividades realizadas pelo Núcleo de Estágio de Educação Física ........... 24
4. Reflexão Critica do Estágio .............................................................................. 26
4.1. Expetativas iniciais .................................................................................... 26
4.2. Dificuldades sentidas e estratégias tomadas no sentido de combater as mesmas................................................................................................................ 27
Capítulo II ................................................................................................................... 30
Resumo ................................................................................................................... 31
Abstract ................................................................................................................... 32
1. Introdução ........................................................................................................ 33
2. Objetivos específicos ....................................................................................... 38
3. Metodologia ..................................................................................................... 39
3.1. Amostra..................................................................................................... 39
3.2. Informação demográfica ............................................................................ 39
3.3. Questionário CSAI-2R ............................................................................... 39
3.4. Questionário QAT ..................................................................................... 40
3.5. Análise Estatística ..................................................................................... 40
4. Apresentação dos Resultados .......................................................................... 41
5. Discussão dos Resultados ............................................................................... 48
6. Conclusões ...................................................................................................... 53
7. Perspetivas futuras .......................................................................................... 54
Bibliografia .................................................................................................................. 55
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 8
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Caraterização da amostra ................................................................... 39
Tabela 2 - Valores da média e desvio padrão (x ± dp), fatores e ordenação dos
itens do CSAI - 2R. ............................................................................................... 41
Tabela 3 - Análise comparativa dos fatores do CSAI-2R quanto ao sexo. ............ 42
Tabela 4 - Análise comparativa dos fatores do CSAI-2R quanto à modalidade
praticada. ............................................................................................................. 42
Tabela 5 - Valores da média e desvio padrão (x ± dp), fatores e ordenação dos
itens do QAT. ....................................................................................................... 43
Tabela 6 - Análise comparativa dos fatores do QAT quanto ao sexo. ................... 44
Tabela 7 - Análise comparativa dos fatores do QAT quanto à modalidade. .......... 44
Tabela 8 - Análise comparativa dos fatores do QAT quanto ao grupo de exercício.
44
Tabela 9 - Associação entre as diversas variáveis em estudo [Spearman (rho) e
nível de significância(p)] no grupo de praticantes de desporto escolar. ................ 45
Tabela 10 - Associação entre as diversas variáveis em estudo [Spearman (rho) e
nível de significância(p)] no grupo de não praticantes. ......................................... 46
Tabela 11 - Associação entre as diversas variáveis em estudo [Spearman (rho) e
nível de significância(p)] no total da amostra. ....................................................... 46
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 9
Índice de Abreviaturas
UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
ECHS - Escola de Ciências Humanas e Sociais
DEP - Departamento de Educação e Psicologia
PES - Pratica Ensino Supervisionada
U.E. - Unidade de Ensino
U.D - Unidade Didática
N.E.E. - Necessidades Educativas Especiais
ASE - Ação Social Escolar
CSAI-2R - Revised Competitive State Anxiety Inventory – 2
QAT - Questionário da Ansiedade face aos Testes
IBM - International Business Machines
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 10
Introdução
O presente documento intitulado como Relatório Final de Estágio está inserido
no âmbito da disciplina de Estágio I e II, integrada no plano de estudos do 2º Ciclo em
Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro. O Estágio Pedagógico foi realizado na Escola Básica
com Secundária de Arcozelo em Ponte de Lima, tendo como supervisor, o Professor
Jorge Soares, como orientador cooperante o Professor Carlos Cunha e como
companheiros de Estágio, o José Pita e a Ana Gomes.
Durante este ano letivo fiquei responsável por parte do processo de ensino-
aprendizagem de duas turmas do 9º ano e uma turma do 12º ano da escola Básica e
Secundária de Arcozelo. Todas as tarefas e atividades referentes ao Estágio
pedagógico, executadas ao longo deste ano letivo foram supervisionadas e
acompanhadas pelo professor orientador cooperante da escola e pelo supervisor da
universidade. As atividades desenvolvidas na escola pelo núcleo de Estágio foram
produzidas em conjunto com os meus colegas estagiários e com o auxilio do professor
orientador cooperante e outros professores da escola.
No âmbito de todo o trabalho realizado durante o estágio pedagógico, o
presente relatório encontra-se organizado em dois capítulos.
O capítulo I traduz uma reflexão crítica e fundamentada do estágio pedagógico
com o propósito de elaborar uma descrição consciente acerca de todo o caminho
percorrido. Neste capítulo faço uma breve caraterização sumativa do meio e da escola
onde realizei o meu estágio, descrevo todas as tarefas de ensino aprendizagem
desenvolvidas (planeamento anual, unidades didáticas, planos de aula e práticas de
ensino supervisionadas) e as tarefas de estágio relacionadas com a escola- meio
(estudo de turma e atividades desenvolvidas pelo núcleo de estágio). Para finalizar
apresento uma reflexão crítica onde relato a experiência vivida ao longo deste ano
letivo, as expetativas iniciais, as dificuldades encontradas e as estratégias tomadas
para as combater.
O Capítulo II é de caráter científico onde é apresentado o estudo científico com
o tema estados de ansiedade e níveis de autoconfiança em praticantes de desporto
escolar, com o objetivo de analisar a ansiedade (cognitiva e somática) e a
autoconfiança no período pré-competitivo em praticantes de desporto escolar,
comparar as possíveis diferenças entre modalidades individuais e modalidades
coletivas e eventualmente estabelecer uma ponte para o rendimento escolar.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 11
Capítulo I
Relatório de Estágio
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 12
Introdução
“Nem sempre é fácil. Mas temos de continuar a nossa jornada, mesmo que
ventos contrários dificultem…” ((DA))
O estágio pedagógico corresponde à última etapa do nosso processo de
formação como professores. É a nossa iniciação na profissão onde vamos aplicar
todos os conhecimentos e vivências que obtivemos anteriormente e adquirir um
conjunto valioso de novas aprendizagens que contribuirão para um aumento da nossa
experiência profissional e pessoal. No fundo, vamos vivenciar a experiência da carreira
de docente, metendo em prática na realidade escolar, todos os conhecimentos
teóricos que nos foram transmitidos na universidade. Este é o último momento da
nossa formação e por isso um momento marcante neste percurso, tendo um impacto
significativo no nosso processo de enriquecimento pessoal e profissional no mundo do
ensino.
Jurasaite-Harbison (2005) sugere que o impacto com a prática real do ensino
no contexto escolar é uma questão crítica na construção da identidade do futuro
professor, considerando que ele é detentor de expetativas em relação a situações
problemáticas e imprevistas que conduzem a uma constante exigência de respostas
adequadas e imediatas. Neste âmbito, Pimenta (2001) atesta que no processo de
formação inicial existe um distanciamento com a realidade encontrada nas escolas,
refletido das relações universidade-escola e da formação inicial-trabalho.
Segundo Oliveira e Cunha (2006), o estágio é uma atividade que permite ao
aluno adquirir experiência profissional que é extremamente importante para a sua
inserção no mercado de trabalho. O estágio vai muito além de um simples
cumprimento de exigências académicas. É uma oportunidade de crescimento pessoal
e profissional, além de ser um importante instrumento de integração entre
universidade, escola e comunidade (Filho, 2010).
O meu estágio pedagógico foi realizado na escola Básica e Secundária de
Arcozelo em Ponte de Lima, tendo como supervisor, o professor Jorge Soares, como
orientador cooperante o Professor Carlos Cunha e como companheiros de Estágio, o
José Pita e a Ana Gomes. Durante este ano letivo fiquei responsável por parte do
processo de ensino-aprendizagem de duas turmas do 9º ano e uma turma do 12º ano
da Escola Básica e Secundária de Arcozelo. No 1º período lecionei grande parte das
aulas à turma B, do 9ºano de escolaridade e recolhi dados referentes à caraterização
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 13
da mesma (estudo turma). No 2º período fiquei responsável por lecionar a turma A, do
9º ano de escolaridade e no 3º período a turma A, do 12º ano de escolaridade.
Todas as tarefas e atividades referentes ao estágio pedagógico executadas ao
longo deste ano letivo foram supervisionadas e acompanhadas pelo professor
orientador cooperante da escola e pelo supervisor da universidade. As atividades
desenvolvidas na escola pelo núcleo de estágio foram realizadas em conjunto com os
meus colegas estagiários e com o auxílio do professor orientador cooperante e outros
professores da escola.
Este Relatório de Estágio inserido no Capítulo I traduz uma reflexão
fundamentada sobre todas as atividades/tarefas realizadas ao longo do ano letivo
2015/2016 na escola básica e secundária de Arcozelo, Ponte de Lima.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 14
1. Caraterização da instituição e do meio
O agrupamento de escolas de Arcozelo encontra-se situado em Ponte de Lima
e integra sete estabelecimentos de educação e ensino: os jardins de infância de
Calheiros, Brandara e Cepões; os centros educativos de Arcozelo, Lagoas e Refoios
do Lima (1º ciclo e educação pré-escolar) e a escola básica e secundária de Arcozelo
(escola- sede). Foi criado em 2004 e na escola-sede funciona, atualmente, uma
unidade de apoio especializado para a educação de alunos com multideficiência e
surdo cegueira congénita. Estabelece um conjunto de parcerias com a autarquia, as
juntas de freguesia e outras entidades das quais se destacam a Comissão de
Proteção de Crianças e Jovens em risco, a Associação Portuguesa de Pais e Amigos
do Cidadão com Deficiência Mental, o Clube Náutico de Ponte de Lima e a Quinta
Pedagógica de Pentieiros, que contribuem para o sucesso das iniciativas
desenvolvidas em diversas áreas. A adesão a vários projetos locais e nacionais
constitui, também, um referencial positivo a destacar na dinâmica deste agrupamento.
A ação educativa do agrupamento é regida por princípios e valores éticos,
solidários e de convivência democrática. Esta ação tem como objetivos criar uma
escola mais inclusiva e promover o desenvolvimento pessoal e social dos alunos. Para
a concretização destes objetivos, os alunos participam numa grande diversidade de
atividades e projetos de cariz solidário, cultural, científico, artístico, ambiental e
desportivo da iniciativa do agrupamento ou promovidos em conjunto com outras
instituições e entidades locais. Tendo como prioridade “educar, formar e inovar”, o
agrupamento de escolas de Arcozelo procura a melhoria dos resultados escolares, a
redução das taxas de abandono escolar, o reforço da interação com as famílias e a
comunidade envolvente, a promoção de uma escola inclusiva e o desenvolvimento de
atitudes de responsabilidade pessoal, social e cívica nos alunos.
No que diz respeito às instalações desportivas da escola básica e secundária
de Arcozelo, estas apresentam um relevo importante na realização do estágio
pedagógico, na medida em que estão intimamente ligadas ao meio onde vamos
exercer as práticas de ensino-aprendizagem. A escola possui excelentes condições,
estão apetrechadas com material e equipamentos de qualidade e apresentam espaços
envolventes. As instalações desportivas são constituídas por um pavilhão
polidesportivo em boas condições, um gabinete para os professores, uma sala de
aula, uma sala de ginástica e ainda campos exteriores com uma pista de atletismo
circundante e uma caixa de areia. Importa referir que a qualidade do material e a
presença dos funcionários, sempre disponíveis e eficientes, foram aspetos
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 15
fundamentais para a concretização das ações de ensino-aprendizagem do estágio
pedagógico.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 16
2. Tarefas de Ensino Aprendizagem
2.1. Planeamento anual
A definição de objetivos está na base da ação educativa, ou seja, de toda a
atividade pedagógica. Sem eles não se pode avaliar, corrigir, orientar, nem controlar o
processo de ensino-aprendizagem. Os objetivos permitem tomar decisões, definir
estratégias e comportamentos (Aranha 2004).
O planeamento anual foi realizado na primeira reunião de grupo de educação
física e tornou-se essencial para a consecução dos objetivos propostos. Nesta
planificação, os professores de educação física e os elementos do núcleo de estágio,
analisaram as características do meio escolar e das turmas e definiram um conjunto
de estratégias e objetivos iniciais, orientados para o processo de ensino-
aprendizagem para o presente ano letivo. Neste planeamento foram esclarecidos os
critérios e parâmetros de avaliação estabelecidos para cada ciclo e o quadro de
matérias a serem lecionadas em cada ano de escolaridade. Através deste quadro de
matérias conseguimos verificar que a escola básica e secundária de Arcozelo está
preparada para abordar as mais variadas modalidades nomeadamente, patinagem,
canoagem, natação, dança e orientação, modalidades estas que não são abordadas
em todas as escolas por falta de material. Este planeamento e o esclarecimento
fornecido pelo professor orientador serviu de base para o nosso trabalho durante o
estágio pedagógico.
Posteriormente, houve uma outra reunião entre o professor orientador
cooperante e o núcleo de estágio, onde foi definida a calendarização das PES
(práticas de ensino supervisionadas) ao longo do ano letivo, bem como determinada a
ordem pela qual as mesmas iriam decorrer. Foi-nos cedido o calendário das PES,
ficando definidas as datas de início e de término das mesmas, assim como as
modalidades que cada um teria de lecionar. Este planeamento inicial serviu de
orientação para o trabalho elaborado ao longo deste ano letivo e foi um auxílio na
organização e concretização de objetivos referentes ao meu estágio pedagógico.
Conclui-se que o planeamento pode ser dividido em 3 fases: a fase de
conceção: definem-se objetivos e estratégias (planeamento propiamente dito); fase de
aplicação ou execução: aplica-se o que se planeou e a fase de controlo/avaliação:
avalia o que se planeou desde sua conceção, consecução e produto final (Aranha,
2004). O planeamento anual foi fundamental, na medida em que ao longo do meu
estágio obedeci as estas 3 fases, sendo que as opções tomadas durante o processo
de ensino-aprendizagem foram coerentes com os objetivos definidos inicialmente.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 17
2.2. Unidades Didáticas
“Em Educação Física, a cada bloco ou conjunto de aulas, de cada atividade
física ou modalidade chama-se Unidade de Ensino. A esta corresponde um programa
específico, ao qual se chama Unidade Didática. As aulas da U.E. devem corresponder
ao que foi planeado na U.D., constituindo uma sequência lógica e contínua, de modo a
garantir a consecução dos objetivos pré-definidos na U.D. (…)” (Aranha,2004)
As unidades didáticas são partes integrantes e fundamentais do programa de
uma disciplina pois constituem-se unidades integrais do processo pedagógico e
apresentam ao professor e aos alunos etapas bem distintas do processo de ensino-
aprendizagem (Bento,2003).
Para a elaboração das unidades didáticas orientei-me pelo documento Série
Didática 47: “Organização, Planeamento e Avaliação em Educação Física” elaborado
pela professora Ágata Aranha. No primeiro ponto realizei a caraterização da população
alvo, isto é, o grau de ensino, o número de alunos, sexo e idade. De seguida, fiz a
caraterização dos recursos existentes, nomeadamente, os recursos espaciais,
temporais, materiais e humanos. Após tomar conhecimento da população e dos
recursos disponíveis, selecionei os objetivos dos alunos nos três domínios (socio-
afetivo, cognitivo e psicomotor) obedecendo ao programa de educação física do ciclo
respetivo. Posteriormente, elaborei a estruturação de conteúdos, a parte que
despendia mais tempo e mais trabalho. A primeira aula era destinada à avaliação
inicial dos alunos (avaliação diagnóstica) e a última, rigorosamente igual, à avaliação
final dos mesmos (avaliação sumativa). Seguidamente planeei as aulas referentes à
avaliação formativa dos alunos, onde tive a preocupação de abordar conteúdos de
acordo com o nível de aprendizagem e obedecer a uma progressão pedagógica de
conteúdos na ordem do mais simples para os mais complexos. “É através desta
avaliação que se devem retirar as informações que, posteriormente vão permitir
proceder à classificação de cada aluno, nos três domínios de aprendizagem - socio-
afetivo, cognitivo e psicomotor.” (Aranha,2004). Na parte final das unidades didáticas
eram definidos os critérios e parâmetros de avaliação, assim como as escalas de
valores referentes às diferentes avaliações.
Todas as unidades didáticas e respetivos balanços que realizei foram sempre
entregues dentro do prazo definido ao professor orientador cooperante, para
informação, avaliação e classificação. O professor orientador mostrou-se sempre
disponível para analisar e criticar as nossas estratégias/ opções e aconselhou-nos
através da sua experiência, quais as melhores decisões a tomar mediante diferentes
situações.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 18
Obedecendo à calendarização inicial, as unidades didáticas que elaborei foram:
Atletismo (saltos e lançamentos), Ginástica Acrobática, Badmínton e duas de
Basquetebol (9º e 12º ano). Ao longo das aulas, estas foram sofrendo alterações,
consoante a aprendizagem dos alunos. A U.D. de atletismo sofreu alterações na
estruturação dos conteúdos, sendo necessário acrescentar uma aula para abordar os
lançamentos (peso, dardo e disco), visto que eram os conteúdos onde os alunos
apresentavam maiores dificuldades. A modalidade de ginástica acrobática não é uma
modalidade que domino, no entanto, superei todas as dificuldades que foram surgindo
ao longo das aulas e a U.D. não sofreu grandes alterações. Na modalidade de
badmínton, esta não foi difícil de lecionar, mas houve uma grande dificuldade em
manter a motivação dos alunos visto existirem poucos exercícios de progressão
pedagógica para os conteúdos que são abordados. Após perceber a realidade, fiz
algumas alterações na U.D. de forma a investir mais no jogo em si e nas respetivas
regras, adotando novas estratégias que promovessem a competição. Para a
modalidade de basquetebol elaborei duas unidades didáticas distintas, uma para o 9º
ano e outra para o 12º ano. Primeiramente lecionei basquetebol ao 9º ano onde incidi
mais nos conteúdos e menos na tática, no entanto algumas estratégias foram menos
conseguidas na progressão dos conteúdos. Na elaboração da U.D. para o 12º ano, o
principal objetivo foi eliminar as estratégias que menos funcionaram anteriormente.
Contudo, como a turma já se encontrava num nível de aprendizagem avançado
procurei não me centrar em exercícios analíticos e apostar mais em formas jogadas
que promovessem a competição.
Superei os objetivos definidos em todas as unidades didáticas com muito
trabalho, esforço e dedicação, mas esta superação deveu-se em grande parte à
atitude surpreendente e ao comportamento exemplar dos alunos que lecionei. Todos
os conteúdos abordados foram de encontro às capacidades destes na medida em que,
iam também superando as suas dificuldades com muito esforço e repetição. Contei
sempre com o apoio e as opiniões dos meus colegas estagiários e do meu professor
orientador cooperante que foram fulcrais para o meu sucesso.
A elaboração destas unidades didáticas permitiu-me adquirir novos
conhecimentos úteis para o futuro. Foi mais uma experiência que contribuiu para o
meu enriquecimento tanto a nível profissional, como pessoal.
2.3. Planos de Aula
As aulas da U.E. devem corresponder ao que foi planeado na U.D.,
constituindo uma sequência lógica e contínua, de modo a garantir a consecução dos
objetivos pré-definidos na U.D., devendo cada aula ser previamente planeada, de
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 19
acordo com as aulas antecedentes e dando continuidade às que se seguem. A este
plano chama-se plano de aula (Aranha, 2004).
A estrutura dos planos de aula que realizei obedeceu, tal como a das U.D., à
Série Didática 47 da professora Ágata Aranha (2004). Estruturei os planos de aula em
três partes. A parte inicial continha toda a informação relevante para a aula, isto é, a
identificação da escola (núcleo de estágio) e do professor estagiário, a identificação da
turma e do número de alunos, a data e hora da aula, a instalação onde vai decorrer, o
tempo horário e duração, o número da aula e a unidade didática que está a ser
lecionada e por fim o material que vai ser utilizado naquela aula. Nesta primeira folha
estavam também inseridos os objetivos específicos da aula, a função didática, os
conteúdos e por último os objetivos operacionais discriminados (ação, contexto e
critérios de êxito). A segunda parte continha a sequência de tarefas a serem
desenvolvidas, nomeadamente, a instrução, organização, aquecimento, atividade; o
tempo de duração de cada tarefa e as estratégias / métodos e controlo da atividade
(descrição e ilustração). Estas estratégias devem englobar aspetos relativos à
organização da classe (colocação do material; colocação/disposição dos alunos;
critérios para definir grupos, etc.), à instrução (professor demonstra; utiliza alunos
como agentes de ensino; utiliza um vídeo para o efeito, etc.), bem como o modo como
o professor se propõe controlar as aprendizagens (feedback; questionamento como
método de ensino; posicionamento e deslocação, etc.) (Aranha,2004). A terceira e
última parte incluía o balanço da aula onde era questionado aos alunos sobre os
conteúdos abordados e dificuldades sentidas.
No final de cada plano de aula era realizado um balanço da aula que descrevia
e justificava as estratégias por mim utilizadas. Neste apresentava soluções para as
estratégias menos conseguidas, avaliando de forma geral se os objetivos da aula
foram concretizados com sucesso e se houve evolução no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos. A estrutura dos balanços de aula obedecia aos seguintes
pontos: considerações gerais da aula; avaliação comportamental dos alunos;
avaliação das estratégias utilizadas; o tempo de atividade motora; dificuldade dos
alunos no desempenho das tarefas; dificuldades sentidas pelo professor e por último
as alterações/adaptabilidades efetuadas ao plano de aula.
Todos os planos de aula que elaborei foram entregues ao orientador
cooperante antes de cada prática de ensino supervisionada, dando continuidade ao
lecionado na aula anterior e respeitando os objetivos estabelecidos na respetiva
unidade didática. Os balanços de aula também foram sempre entregues e discutidos
com o orientador dentro do limite do prazo.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 20
Ao longo do ano letivo, investi muito do meu tempo nos planos de aula e a
preparar-me para as práticas de ensino supervisionadas. O meu principal objetivo era
conseguir ensinar e transmitir da melhor forma os conteúdos aos alunos, orientando-
me pelos três princípios metodológicos inseridos na Série Didática 47 (Aranha,2004).
O primeiro objetivo seria aumentar o tempo útil da aula, isto é, adotar estratégias que
motivassem para a prática (jogos lúdicos; atividades específicas atrativas, etc.), que
reduzissem o tempo de balneário e que reduzissem as rotinas administrativas (fazer
chamadas; organizar grupos, etc.). O segundo objetivo seria aumentar o tempo
disponível para a prática, ou seja, reduzir ao máximo o tempo de instrução,
organização e transição (linguagem clara e acessível), utilizar auxiliares pedagógicos
(vídeos; quadro; etc.) e utilizar formas de organização simples (mantê-la sempre que
possível). O último objetivo metodológico seria maximizar o tempo potencial de
aprendizagem, adaptando a dificuldade das tarefas ao nível dos alunos, controlar e
avaliar as atividades, detetar as execuções incorretas ou diferentes das solicitadas e
manter um bom nível de feedback (específico, pertinente e dirigido ao alvo de
instrução) (Aranha,2004).
É importante referir que nem todas as aulas seguiram à regra tudo o que
estava definido no plano de aula na medida em que, surgiram alguns imprevistos
(número e comportamento de alunos, partilha do material, alteração do espaço, etc.) e
fui obrigada a realizar alterações no momento e optar por novas estratégias.
Preocupei-me sempre em pesquisar, procurar novos exercícios, analisar as
capacidades de todos os alunos e pedir conselhos ao meu orientador cooperante e
aos meus colegas estagiários acerca das melhores estratégias a utilizar. Sinto-me
realizada, pois sempre me esforcei para crescer profissionalmente e utilizar todo o
conhecimento adquirido para a evolução e aprendizagem dos alunos.
2.4. Práticas de Ensino Supervisionadas
Para uma melhor compreensão das disciplinas práticas de ensino e estágio
supervisionado é necessário observar a conceção pedagógica que possivelmente
esteve implícita ao se formar professores e treina-los por meio de atividades práticas
(Almeida, 2008).
A observação é uma capacidade essencial a qualquer professor ou treinador.
Ela permite identificar prestações menos eficazes, e, consequentemente, melhorar
essa atividade. É neste contexto que a observação é largamente utilizada no apoio à
formação de professores (Aranha,2007).
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 21
Os sistemas de observação que foram utilizados para as práticas de ensino
supervisionadas foram retirados da série didática 334, “Observação de aulas de
Educação Física” da professora Ágata Aranha (2007), com respetivas fichas de registo
já validadas. Antes de iniciar a prática pedagógica, observei 20 aulas do professor
orientador cooperante com o objetivo de analisar e registar as estratégias que aplicava
nas suas aulas e conhecer as caraterísticas das turmas que iria lecionar. Para as
observações realizadas ao meu orientador utilizei fichas de registo anedótico, onde
coloquei num cabeçalho informações referentes à aula (ano, turma e número de
alunos; número de aula; U.D.; data, hora e tempo horário da aula, identificação do
professor a ser observado e do observador e objetivos específicos propostos para a
aula). A segunda parte da ficha contém o respetivo registo anedótico elaborado em
relação ao tempo, que segundo Aranha (2007) permite saber a duração dos
acontecimentos. Este refere-se à recolha de informação de forma sistemática - dos
conteúdos que temos sistematizados e padronizados – ou aleatória – das ocorrências
imprevistas que vão acontecendo e que se devem anotar (Aranha,2007). O maior
objetivo era tentar descrever todos os acontecimentos e recolher todas as informações
possíveis, nomeadamente, a colocação e posicionamento do professor, as estratégias
utilizadas, análise da instrução, formas de organização, o tipo de feedbacks utilizado,
adequação dos exercícios, comportamento e motivação dos alunos, entre outros.
Após estas observações ao orientador cooperante iniciei a minha prática pedagógica.
O orientador Carlos Cunha e os meus colegas estagiários estiveram presentes e
observaram todas as minhas PES (46). Observei e avaliei todas as aulas lecionadas
pelos meus colegas estagiários (92), onde utilizei várias fichas de registo anedótico em
ordem ao tempo, em garantir a pertinência e a qualidade da informação, da gestão do
tempo de aula e de avaliação externa do desempenho do docente. No final de cada
ficha atribui uma nota da respetiva PES, respeitando os critérios e parâmetros de
avaliação definidos em cada tipo de observação.
Reunimos todas as semanas com o orientador Carlos Cunha, onde dialogamos
acerca das PES lecionadas nessa semana. O orientador expunha de forma individual
a prestação de cada um na sua prática de ensino supervisionada e era feita uma
discussão sobre situações pontuais que surgiam e sugestões para a correção e
melhoria das mesmas. Estas reuniões foram muito benéficas pois contribuíram para a
melhoria da minha atitude e das estratégias utilizadas. Consegui identificar as minhas
maiores dificuldades e adotar estratégias que me permitissem combatê-las e consegui
de igual modo, identificar as estratégias mais eficazes que permitiram um maior êxito.
Estes ajustes contribuíram assim para um reflexo positivo na medida em que as PES
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 22
tiveram um ritmo e intensidade elevados, mantive uma boa organização, maximizei o
tempo de aprendizagem motora dos alunos e geri da melhor forma o tempo de aula.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 23
3. Tarefas de Estágio de relação Escola -Meio
3.1. Estudo Turma
“A escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e
aprendizagem, isto é, um local que reúne diversidade de conhecimentos, atividades,
regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e diferenças” (Mahoney,
2002, citado por Dessen, M.A. & Polónia, A.C.,2007). Como professora de educação
física, estou inserida neste meio de desenvolvimento do aluno e por isso sou
responsável por grande parte da sua formação e do seu crescimento. É fundamental
conhecer os meus alunos de forma individual para que desta forma possa mantê-los
ativos nas suas aprendizagens, integrando-os e educando-os para a sociedade em
que estão inseridos.
Tendo em conta todas estas considerações, foi elaborado no início do ano letivo
um estudo de turma direcionado à caraterização de uma das turmas que iria lecionar.
Esta caraterização proporcionou-me um vasto conhecimento acerca dos meus alunos,
facilitou a planificação e permitiu que adotasse as estratégias mais adequadas às
necessidades destes. Este estudo teve como população alvo os alunos da turma B, do
9º ano da escola básica e secundária de Arcozelo, Ponte de Lima. A amostra é
constituída por um total de 20 alunos, dos quais 12 são do sexo masculino e 8 do sexo
feminino, com idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos, sendo a média de
idades de 14,1. O estudo da amostra foi realizado através da aplicação de dois
questionários de fácil interpretação. O primeiro questionário era relativo ao
levantamento biográfico dos dados dos alunos, nomeadamente, aos dados pessoais,
ao contexto familiar, à vida escolar, saúde, hábitos diários e prática de exercício físico.
O segundo era um teste sociométrico que considerava 3 situações critério (questões
de domínio académico, domínio desportivo e domínio social). Foi pedido aos alunos
que preenchessem as questões, indicando os nomes dos elementos da turma por
ordem decrescente de preferência.
Após a recolha dos questionários, foi necessário recorrer a um programa de
Sociometria, Groupdynamics e ao programa Software Microsoft Excel 2007 para o
tratamento de dados. Os resultados foram apresentados sob a forma de tabelas e
gráficos, sendo expressos em valores absolutos ou percentagens.
Este estudo teve um papel fundamental pois permitiu tirar várias conclusões
pedagógicas essenciais para lecionar esta turma. Com base nos dados obtidos, foi
possível verificar que o 9ºB é uma turma que apresenta alguns casos específicos que
requerem uma intervenção especializada, ou seja, os alunos que apresentam
necessidades educativas especiais de caráter permanente. Tomei conhecimento do
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 24
caso de uma aluna com N.E.E que apresenta dificuldades em realizar as aulas de
educação física visto que sofre de Síndrome de Poland, Síndrome de Noonan,
esclerose e deformações ósseas e musculares. Posto isto, tive de aplicar estratégias
de estimulação e de integração de modo a contribuir para o seu desenvolvimento
saudável e evolutivo. É de salientar também que há uma parte desta turma que sofre
de carência de algum familiar, sendo que este fator pode vir a refletir-se em toda a
vida escolar destes alunos desde o seu rendimento ao seu comportamento. A maioria
dos pais apresentam uma formação básica tendo como habilitações o 1º e 2º ciclo, o
que se pode traduzir na impossibilidade de ajudar os filhos a nível académico, tendo
em conta que estes já frequentam um ciclo superior. A maioria dos alunos beneficia de
apoio ASE e tem como encarregado de educação a mãe, sendo esta empregada
doméstica. É importante prever que estes alunos têm mais dificuldades económicas,
podendo por vezes não apresentar o material mais adequado para as aulas.
Após análise do teste sociométrico, reparei que os alunos mais rejeitados na
turma são aqueles que apresentam necessidades educativas especiais. Isto pode
revelar atos de descriminação por parte dos colegas que os colocam de parte devido
às suas debilitações. Posto isto, nas aulas de educação física tentei agrupar os alunos
com mais rejeições com os alunos que são ditos “mais populares” ou com mais
preferências.
Foi satisfatório saber que a disciplina preferida da maioria dos alunos é
educação física, principalmente daqueles que são considerados menos bem-
comportados nas outras disciplinas. Fiquei dececionada por tomar conhecimento que
grande parte dos alunos ocupa os seus tempos livres de forma mais sedentária,
poucos são aqueles que são ativos fisicamente, sendo que apenas um aluno pratica
uma modalidade a nível federado e dois alunos praticam desporto escolar. É
importante incentivar os alunos desta turma a uma maior prática de atividade física e
os benefícios que esta tem para a saúde.
3.2. Atividades realizadas pelo Núcleo de Estágio de Educação Física
Ao longo do ano foram realizadas várias atividades na escola básica e
secundária de Arcozelo, onde o núcleo de estágio de Ponte de Lima procurou estar
sempre presente e se prontificou a ajudar na organização e todas as tarefas inerentes
às mesmas. Ao longo do ano letivo participei ativamente em todos os projetos ou
atividades propostas pelo grupo de educação física e pelo meu orientador cooperante.
As atividades desenvolvidas inicialmente foram o corta mato escolar/ distrital e
a atividade de jogos tradicionais no dia do Magusto. De seguida foi realizada a
planificação, organização e concretização da atividade de comemoração do Dia
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 25
Internacional das Pessoas com Deficiência. Posteriormente houve o Mega Sprint
escolar/distrital e atividades relacionadas com a semana da saúde. Por fim, o nosso
orientador cooperante desafiou-nos a lecionar uma aula de 45 minutos a duas turmas
do 4º ano da escola de Lagoas (L4A e L4B). As atividades que exigiram um maior
empenho e dedicação, foram as do dia internacional da pessoa com deficiência e a
lecionação às duas turmas da escola de Lagoas. Estas atividades foram da total
responsabilidade do núcleo de estágio pelo que tivemos de nos empenhar para o
sucesso das mesmas, desde o seu planeamento à sua execução.
A atividade do dia internacional da pessoa com deficiência foi a mais exigente
no sentido que tivemos de realizar um pré-projecto, uma apresentação power point
para uma palestra inicial, organizar atividades práticas (desportos adaptados) e obter o
material necessário à realização das mesmas. Para divulgar e celebrar a data em
questão diante da comunidade escolar elaboramos também um cartaz referente ao
tema e afixamos em vários pontos da escola. A atividade no dia internacional da
pessoa com deficiência (3 de dezembro) consistiu numa palestra inicial alusiva à
importância desta temática, palestrada pelo professor Fernando Barros, sensibilizando
os presentes com a realidade vivida pelas pessoas com deficiência. Seguidamente foi
feita, pelos professores estagiários, uma breve introdução das modalidades de
desporto adaptado a ser abordadas (goalball, boccia, ténis de mesa sentado e voleibol
sentado). Depois de esclarecidos, os alunos passaram à prática das mesmas
atividades com o objetivo de se sensibilizarem com as dificuldades e capacidade de
superação das pessoas portadoras de deficiência, demonstrando a importância do
desporto para a inclusão das mesmas.
O desafio de lecionarmos uma aula de 45 minutos a duas turmas de outra
escola tinha como principais objetivos passar pela experiência de dar aulas a alunos
do 1º ciclo e incentivá-los a vir para a escola de Arcozelo para o próximo ano letivo.
Optamos por utilizar um jogo lúdico para o aquecimento, estações de ginástica (salto a
cavalo, minitrampolim e solo) para a parte fundamental e uma sessão de relaxamento
com música no final. Os alunos gostaram e a atividade foi concluída com sucesso.
Participar e ter oportunidade de passar pela experiência de organizar este tipo de
projetos constituiu uma contribuição essencial para o meu enriquecimento profissional.
Todas as atividades propostas ao núcleo de estágio apresentaram um caráter
importante na aquisição de experiência, facilitaram o contacto com vários agentes
escolares e contribuíram preponderantemente para a nossa adaptação no contexto
escolar.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 26
4. Reflexão Critica do Estágio
4.1. Expetativas iniciais
Escolhi este curso porque desde sempre fui apaixonada por desporto e por
educação física, jogo futsal desde os 12 anos de idade e a disciplina de educação
física sempre foi uma das minhas preferidas. Sempre gostei de orientar as minhas
sobrinhas e primos em todos os jogos e brincadeiras e sempre me senti ser como uma
professora para eles. Sinto-me realizada nesse aspeto, porque consegui dar-lhes a
infância que tive, combater o estilo de vida sedentário e fazer com que eles se
divertissem ao ar livre. Se me senti realizada em ajudar as crianças da minha família a
conviver, por que não ajudar mais crianças a combater a inatividade física?!
Durante o ensino secundário decidi definitivamente que era esse o rumo que
queria para a minha vida, formar-me em desporto e educação física. Procurei informar-
me mais acerca dos cursos existentes e após tomar conhecimento da experiência do
meu professor de educação física, decidi seguir as pisadas dele e entrar em desporto
em Vila Real. O meu objetivo seria licenciar-me em Ciências do Desporto e tirar um
Mestrado em Educação Física, e agora que estou na etapa final, sinto que fiz a melhor
escolha.
No final do primeiro ano de mestrado todos os estagiários foram chamados
para escolher o local de estágio. Procurei saber as experiências de antigos estagiários
e optei por realizar o meu estágio na escola básica e secundária de Arcozelo, Ponte
de Lima com os meus dois colegas Ana Gomes e José Pita.
As minhas expetativas em relação a esta etapa final eram grandes pois estava
ansiosa por dar aulas numa escola “real” com alunos “reais”. Já tinha tido experiências
na universidade a lecionar aulas aos meus colegas, mas o que faltava mesmo era ter
a experiência real de dar aulas numa escola. O maior problema é que na universidade
como estávamos todos ao mesmo nível, acabamos por simplificar as tarefas uns dos
outros, na escola já não seria assim, os alunos não iriam alterar o seu comportamento
para nos amparar. Chegou a altura de aplicar todos os conhecimentos que adquiri ao
longo deste percurso académico e aprender a lidar com a realidade escolar.
Tivemos de nos apresentar na escola ao professor orientador cooperante no
dia 1 de setembro de 2015 e confesso que nos momentos antes a essa apresentação
me encontrava muito ansiosa. Como seria a sensação de dar aulas de uma escola?
Confrontar os alunos? Confrontar as diversidades que poderiam surgir? Tinha
expetativas altas, estava muito motivada para que chegasse o momento e ver como
realmente me sairia como professora. Sabia que iria ter outras preocupações, outras
responsabilidades, novos desafios, pois tinha chegado à altura de deixar de ser aluna
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 27
e “passar para o outro lado”. Chegou a altura de interiorizar o desafio de ser
professora e definir objetivos pessoais, teria de conseguir aprender com os erros,
trabalhar e procurar novas estratégias perante as dificuldades encontradas, de aplicar
os conhecimentos adquiridos ao longo do percurso académico, procurar ter uma boa
relação professor/aluno e contribuir para a educação dos alunos motivando-os para a
prática pedagógica. Queria tornar-me numa boa profissional, mas sabia que não iria
ser tarefa fácil e que para isso poderia ter de “cair” algumas vezes. Para isso, defini
desde o inicio que nunca iria deixar acumular tarefas, que iria empregar todas as
críticas ouvidas pelo meu orientador cooperante Carlos Cunha e pelos meus colegas
estagiários para evoluir e procurar novas estratégias.
No geral esperava que o estágio me permitisse complementar a minha
formação através de novas experiências e aprendizagens e no final de todo o esforço
e dedicação da minha parte, alcançar o sucesso desejado.
4.2. Dificuldades sentidas e estratégias tomadas no sentido de combater as mesmas
A principal função do professor de educação física é a de desenvolver no aluno
capacidades físicas e cognitivas, modificando, também, atitudes e comportamento
social, de acordo com a nossa cultura (sociedade), cumprindo os objetivos estipulados
pelo Ministério de Educação, promovendo a independência e autonomia dos alunos
dos domínios psico-motor, cognitivo e sociocultural (Aranha,2004).
A arte de ser professor não é fácil e o estágio pedagógico é o melhor meio de
aprendizagem, na medida em que é nele que nos deparamos com diversas situações
reais que podem beneficiar ou prejudicar o nosso processo de ensino-aprendizagem.
As escolhas do professor acerca da forma como se organiza a aula devem
basear-se em fatores que condicionam a sua ação, como as características dos
alunos, a intenção pedagógica do professor, as características da atividade, as
condições materiais e a dimensão da turma (Ministério da Educação, 1992).
A primeira turma que lecionei (9ºB), apresentou alguns casos específicos que
requerem uma intervenção especializada, nomeadamente os alunos que apresentam
necessidades educativas especiais de caráter permanente. A aluna com N.E.E.
Adriana Silva apresentou muitas dificuldades em realizar as aulas de Educação física
visto que sofre de Síndrome de Poland, Síndrome de Noonan, Esclerose e
Deformações ósseas e musculares com limitações da mão direita. Posto isto, fui
obrigada a aplicar estratégias de estimulação e de integração de modo a contribuir
para o seu desenvolvimento saudável e evolutivo. Como a aluna não realizou
determinadas aulas práticas, utilizei outras estratégias para a conseguir avaliar,
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 28
nomeadamente elaboração de relatórios para que acompanhasse sempre os objetivos
da unidade didática. Lecionei cerca de 10 aulas de noventa minutos a esta turma e
abordei as modalidades de voleibol, ginástica acrobática, atletismo e badminton. Tive
algumas dificuldades a lecionar a modalidade de ginástica acrobática porque é uma
modalidade que não domino, no entanto, procurei aprofundar o meu conhecimento
acerca desta e superei todas as dificuldades que surgiram ao longo das aulas.
Encontrei também algumas dificuldades na modalidade de badmínton visto existirem
poucos exercícios de progressão pedagógica para os conteúdos que são abordados.
Devido a este fator os exercícios propostos para aulas foram um pouco repetitivos, o
que contribuiu para uma menor motivação dos alunos. Após me ter apercebido desta
realidade cheguei à conclusão que no badmínton deve-se investir mais no jogo em si e
nas respetivas regras. Nas últimas aulas realizei mais jogos (pares e singulares) e
adotei estratégias que promovessem a competição. Com a informação que o professor
orientador cooperante me transmitiu acerca da sua experiência, aprendi facilmente a
montar o material no espaço e a definir campos de jogo, assim como aprendi também
um sistema de rotação eficaz para aumentar a motivação e competição entre os
alunos. Esta estratégia de investir no jogo foi muito eficaz e teve um reflexo positivo,
na medida em que as aulas mantiveram uma boa organização, uma boa dinâmica e
intensidade. Excluí os exercícios pouco dinâmicos de forma a aumentar o tempo
potencial de aprendizagem e fazer uma boa gestão do tempo de aula. No geral esta
turma manteve uma postura empenhada e motivada e os alunos mostraram-se
sempre responsáveis e bem-comportados. O meu trabalho e a atitude dos alunos
perante as aulas contribuíram preponderantemente para o alcance dos objetivos
propostos. Todos os conteúdos abordados foram de encontro às capacidades dos
alunos e estes superaram as suas dificuldades com esforço e repetição.
Na transição da turma B para a turma A do 9º ano de escolaridade notei
grandes diferenças em relação ao comportamento. A maior parte dos alunos da turma
A, apesar de apresentarem uma postura empenhada, mantiveram-se barulhentos e
agitados na maioria das aulas. Perante este comportamento, fui obrigada a optar por
uma postura mais autoritária, mantendo-me sempre segura nas minhas ações.
Lecionei 7 aulas de 90 minutos ao 9º A, em que a modalidade abordada foi
basquetebol. Nesta turma deparei-me com dois alunos que praticam basquetebol
federado e incuti-lhes a responsabilidade de ajudar, no entanto, inicialmente, não
tiveram a atitude esperada. Na primeira aula escolhi um aluno que pratica a
modalidade para exemplificar os gestos técnicos à turma, tal como aprendi na
universidade, mas este teve uma atitude exibicionista e desrespeitadora. Este tipo de
comportamento apanhou-me desprevenida e surpreendeu-me negativamente, pelo
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 29
que pensei em novas estratégias para evitar este tipo de situações. Nas aulas
seguintes deixei de utilizar esses alunos como exemplo à turma de forma a tentar
diminuir o seu ego. Mais tarde expliquei-lhes que o que pretendia era que eles
ajudassem os colegas que tinham mais dificuldades e criassem um bom espirito de
entreajuda. A estratégia resultou perfeitamente, eles mudaram a sua atitude, deixaram
de me dificultar os exercícios e passaram a auxiliar os colegas adotando um
comportamento mais adequado. Além das dificuldades resultantes do comportamento
dos alunos, senti também alguns obstáculos a lecionar a modalidade de basquetebol.
Tive necessidade de aumentar o número de feedbacks e reforços positivos, aprendi
que em vez de me centrar em exercícios analíticos devo dar mais importância à
ocupação racional do espaço no jogo e cheguei à conclusão que devia ter
disponibilizado mais aulas para abordar a tática de jogo.
No 3º período lecionei 6 aulas de 90 minutos ao 12º A e voltei a abordar a
modalidade de basquetebol. O meu principal objetivo era não repetir as estratégias
menos conseguidas utilizadas anteriormente. Quando me deparei com esta turma do
secundário notei grandes diferenças em relação às turmas do ensino básico (9º ano),
pois apresentam um maior nível de maturidade e estão quase a entrar na fase de
adulto. Visto que o 12º ano já se encontra num nível de aprendizagem avançado, tive
necessidade de os motivar todas as aulas para a prática e posto isto, utilizei situações
de jogo que promovessem a competição. Ao longo das aulas os alunos mostraram
gosto e motivação pela modalidade e notei um bom espírito de entreajuda. Não
apresentaram grandes dificuldades na medida em que são uma turma do secundário e
já estão bem familiarizados com a modalidade de basquetebol. A maior dificuldade
que tive em lecionar o 12º ano foi a falta de espaço no pavilhão, tive de ajustar várias
vezes, o que me dificultou um pouco a execução de alguns exercícios. No dia 12 de
abril tinha a aula planeada para dar basquetebol, mas esta foi condicionada pela
semana da saúde. Na chegada ao pavilhão verifiquei que este não estava disponível
para lecionar a aula que tinha planeado, tendo de improvisar e adaptar-me às
circunstâncias. Foi uma experiência nova e enriquecedora para mim, na medida em
que aprendi o que devo fazer perante estas situações.
Ao longo do meu estágio pedagógico deparei-me com várias adversidades,
mas sinto que com as críticas do meu professor cooperante e dos meus colegas
estagiários melhorei e consegui ultrapassar as minhas vulnerabilidades com o maior
sucesso.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 30
Capítulo II
Estudo científico
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 31
Resumo
O objetivo geral deste estudo foi analisar a ansiedade (cognitiva e somática) e
a autoconfiança no período pré-competitivo em praticantes de desporto escolar,
comparar as possíveis diferenças entre modalidades individuais e coletivas e
eventualmente estabelecer uma ponte para o rendimento escolar. A amostra foi
constituída por 80 alunos, de ambos os sexos, com a média de idades de 13,16, da
escola Básica e Secundária de Arcozelo, Ponte de Lima. A recolha de dados foi
efetuada através do CSAI-2R (Cox, Martens & Russel, 2003) e do QAT (Rosário e
Soares, 2004). Para o tratamento de dados foi necessário recorrer ao programa SPSS,
onde, inicialmente foi feita uma análise descritiva exploratória das variáveis,
seguidamente foram realizados testes de comparação não paramétricos (Mann-
Whitney) e para verificar as correlações existentes foi utilizado o coeficiente de
correlação de Spearman, onde o nível de significância foi mantido em p≤0,05. Neste
estudo observamos que existem diferenças significativas de acordo com o sexo e a
modalidade praticada. Os praticantes de modalidades coletivas são mais
autoconfiantes em situações pré-competitivas e face aos testes escolares enquanto
que os de modalidades individuais apresentam níveis elevados de ansiedade, tensão
e pensamentos em competição. Verificamos também que os indivíduos do sexo
masculino são mais autoconfiantes relativamente aos do sexo feminino, na medida em
que os últimos possuem elevados sintomas de ansiedade e stress, tanto na ansiedade
pré-competitiva como na ansiedade face aos testes. Os não praticantes de desporto
escolar apresentam valores médios superiores de pensamentos em competição e
consequentemente são mais ansiosos face aos testes do que os praticantes. Face a
este estudo, torna-se importante referir que os indivíduos mais ansiosos devem
apostar em novos mecanismos de controlo para diminuírem a frequência de estados
de ansiedade que experimentam. A participação no desporto poderá ter um efeito
positivo no rendimento académico dos indivíduos.
Palavras-chave: Ansiedade Pré-Competitiva, Ansiedade Cognitiva, Ansiedade
Somática, Autoconfiança, Ansiedade Face aos Testes, Tensão, Pensamentos em
Competição.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 32
Abstract
The aim of this study is the analysis of anxiety (cognitive and somatic) and the
self-confidence in the period pre-competitive, compare the possible differences
between individual and team sports anxiety and self-confidence levels, and eventually
relate them to school performance. In the sample were integrated 80 students from the
Middle and High School of Arcozelo (Ponte de Lima), from both sexes and with an age
average of 13 to 16 years old. Data were collected from the Competitive State Anxiety
Inventory-2R (Cox, Martens & Russel, 2003) and Questionário de Ansiedade Face a
Testes (Rosário e Soares, 2004). For the processing of data it was necessary to use
the SPSS software. Initially it was made an exploratory descriptive analysis of the
variables and then non-parametric comparison tests (Mann-Whitney) were performed.
The Spearman correlation coefficient was used to verify the correlations, where the
significance level was kept at p≤0,05. This study shows that there are significant
differences according to sex and sport practiced. The team sports practitioners are
more confident in a pre-competitive situation and school tests, whereas individual
sports practitioners have high levels of anxiety, tension and thoughts. We also note
that males are more self-confidents than females, since females have higher symptoms
of anxiety and stress, both in pre-competitive anxiety as in school tests.Those who do
not practice school sports have higher average values of thoughts in competition than
those who practice and therefore are more anxious in school tests.Considering this
study, it is important to make the reference that the most anxious individuals should
focus on new mechanisms to reduce the states of anxiety they experience.
Participating in Sport can have a positive effect on the academic performance of
individuals.
Keywords: Pre-competitive Anxiety, Cognitive Anxiety, Somatic Anxiety, Self-
Confidence, Anxiety before Tests, Tension, Thoughts on Competition.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 33
1. Introdução
A relação ansiedade-rendimento tem vindo a emergir como um dos temas mais
estudados pelos investigadores no domínio da Psicologia Desportiva (Cruz,1989).
A ansiedade é uma resposta emocional aversiva ao stress, que resulta de uma
avaliação de ameaça e é caracterizada por sentimentos subjetivos de preocupação e
apreensão relativamente à possibilidade de dano físico ou psicológico, muitas vezes
acompanhados de aumento da ativação fisiológica (Smith et al, 1998). Moraes (1990)
define ansiedade como uma apreensão debilitante momentânea, ou seja, um estado
emocional negativo no qual o indivíduo percebe as condições do ambiente como
desproporcionalmente ameaçadoras, gerando nervosismo e preocupação associados
com ativação ou agitação do organismo.
Segundo Weinberg e Gould, a ansiedade é “um estado emocional negativo
com sentimentos de nervosismo, preocupação e apreensão associados com a
ativação ou agitação do corpo”. A ansiedade está, desta forma, subdividida em várias
dimensões, apresentando componentes de pensamento (ansiedade cognitiva) e
componentes relacionadas com o grau de ativação física percebida (ansiedade
somática). A ansiedade cognitiva é caraterizada por alterações de momento a
momento na preocupação, apreensão ou pensamentos negativos do indivíduo,
enquanto a ansiedade somática é manifestada por alterações de momento a momento
na ativação fisiológica percebida, tais como: aumento da frequência cardíaca,
alterações a nível respiratório, suores excessivos, entre outros (Weinberg e Gould,
2001). A ansiedade cognitiva quando elevada, produz efeitos negativos nas atividades
desportivas que requerem maior concentração, estratégia e agilidade psicomotora fina
(Vinhais,2013). Segundo Martens (1990), este tipo de ansiedade é caraterizado pela
consciência de pressentimentos desagradáveis acerca de si próprio ou estímulos
exteriores, como preocupações e distúrbios de imagens visuais. O mesmo autor define
a ansiedade somática, como perceções dos sintomas corporais causados pela
ativação do sistema nervoso autónomo, caraterizada por vários sintomas somáticos
como tremura, inquietação, hipertrofia muscular, hiperventilação, aumento da
frequência cardíaca, etc. Um nível elevado de ativação através da ansiedade somática
é ideal para atividades desportivas que exigem velocidade, resistência e força, por
outro lado é prejudicial para as habilidades complexas que exigem motricidade fina,
coordenação, concentração e equilíbrio (Vinhais, 2013).
Spielberger (1966, citado por Weinberg e Gould, 2001) considera que para
definir ansiedade deve-se também ter em conta a diferenciação entre a ansiedade-
estado e a ansiedade-traço. Ansiedade-estado é definida por Spielberger (1972) como
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 34
“um estado emocional temporário, em constante variação, com sentimentos de
apreensão e tensão conscientemente percebidos, associados à ativação do sistema
nervoso autónomo”. Por sua vez, a ansiedade-traço faz parte da própria personalidade
do indivíduo, sendo “uma tendência comportamental de perceber como ameaçadoras
circunstâncias que objetivamente não são perigosas e responder a elas com
ansiedade-estado desproporcional”. Muitos autores defendem que existe uma relação
direta do traço e estado de ansiedade dos sujeitos, ainda Spielberger (1966,citado por
Weinberg e Gould, 2001), afirma que “as pessoas com um elevado traço de ansiedade
geralmente têm mais estados de ansiedade em situações de avaliação ou em
situações altamente competitivas do que as pessoas com um traço de ansiedade mais
baixo”, isto é, um atleta com elevado traço de ansiedade irá, geralmente, considerar
uma competição uma grande ameaça e provocadora de mais estados de ansiedade,
do que uma pessoa com um traço de ansiedade mais baixo.
Muitos estudos em psicologia do desporto centraram-se na teoria
multidimensional da ansiedade (Craft et al., ,2003; Woodman e Hardy,2003). Martens
et al. (1990) observaram que a ansiedade somática e a ansiedade cognitiva
influenciam o rendimento de maneiras diferentes. Segundo Weinberg & Gould (2001),
a teoria multidimensional da ansiedade prediz que a ansiedade-estado cognitiva
(preocupação) está negativamente relacionada com o desempenho, isto é, o
desempenho diminui com os aumentos da ansiedade- estado cognitiva. Por outro lado,
esta teoria prevê que há uma relação de U invertido entre a ansiedade-estado
somática (fisiológica) e o desempenho, na medida em que os aumentos desta
ansiedade-estado facilitam o rendimento até um ponto ideal em que ocorre o
desempenho desejado. No entanto, aumentos adicionais de ansiedade-estado
somática levam à diminuição do desempenho, isto é, valores muito baixos ou muito
altos de ativação prejudicam o desempenho dos indivíduos (Martens et al.,1990; Craft
et al.,2003). Raposo (2014), baseando-se na teoria multidimensional da ansiedade de
Martens et al. (1990), refere que a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática se
correlacionam positivamente entre si, e que a autoconfiança se correlaciona
inversamente com os estados de ansiedade. A autoconfiança é desta forma, uma
importante componente a ser estudada, na medida em que se relaciona diretamente
com os estados de ansiedade.
Os psicólogos de desporto definem autoconfiança como a crença de poder
realizar com sucesso um comportamento desejado. Sarason (1975) considerou-a um
terceiro componente da ansiedade, definindo-a como a “perceção de resultados
negativos e preocupação com o próprio rendimento” quando em situações de
avaliação. A autoconfiança é definida por Machado (2006) como uma crença geral do
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 35
indivíduo, que pode realizar com sucesso uma determinada ação, atividade. Cruz
(1996) considera a autoconfiança no desporto um estado “continuum” que varia entre
a falta de confiança (pouca ou fraca confiança nas capacidades pessoais, manifestada
pelos atletas através de expetativas negativas e pelas dúvidas relacionadas com a sua
prestação) e a confiança excessiva (demasiada autoconfiança). Os atletas mais
confiantes acreditam em si e nas suas capacidades de adquirir as habilidades e
competências necessárias para atingir o sucesso, por sua vez, aqueles que são
menos confiantes revelam menos experiência e apresentam mais estados de
ansiedade. Desta forma, a autoconfiança deverá ser encarada como a inexistência de
ansiedade cognitiva, e a ansiedade cognitiva será vista como a falta de autoconfiança
(Martens et al.,1990). Oppermann (2004), afirma que se o atleta tem nível diminuto de
autoconfiança, o mesmo poderá desenvolver maior quantidade de falhas e, então, a
ansiedade não diminuirá, pois, a preocupação irá aumentar, causando uma menor
concentração.
A ansiedade estado competitiva é um estado emocional imediato, caraterizado
por sentimentos de apreensão, tensão e nervosismo associados com a elevação da
atividade do sistema nervoso, em que a situação específica que gera a ansiedade é a
competição desportiva (Martens,1977). A ansiedade que sucede antes da competição
denomina-se ansiedade pré-competitiva (Cox,2009). Esta poderá ser um fator que
desencadeia ou detém o sucesso dos atletas em todas as competições. Samulski
(2002), refere que “o estado emocional alterado com o desporto é um mecanismo que
pode comprometer o desempenho do atleta”. Para Boutcher (1990), a competição
desportiva pode gerar níveis de ansiedade notáveis, podendo afetar de forma
dramática os processos psicológicos e atingir a performance do atleta. Scanlan (1984),
confirma a existência de ansiedade em contextos desportivos, independentemente da
idade, sexo e nível competitivo. A atividade desportiva é capaz de criar elevados níveis
de “stress” em muitos atletas, seja ao nível do desporto de iniciação, seja ao nível do
desporto de alta competição (Cruz,1989). O desporto em si, gera intensos níveis de
stress, tanto a nível psicológico como a nível fisiológico. Se antes da competição o
atleta entra num estado de elevada ansiedade, pode ver a sua performance
prejudicada. São vários os estudos realizados que apresentam os estados de
ansiedade pré-competitiva como fatores perturbadores no rendimento dos atletas.
Cruz (1996) afirma que a grande diferença entre os atletas reside no fato de
que, aqueles com maior sucesso terem aprendido a regular, tolerar e utilizar a
ansiedade de forma mais eficaz. As estratégias para aumentar a autoconfiança são
fundamentais para que os atletas consigam controlar a frequência de estados de
ansiedade que experimentam em diversas situações. Estas caraterizam-se por
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 36
estabelecer metas realistas, ter autodisciplina no treino físico e psicológico, por
sessões de relaxamento incorporando imagens mentais positivas, por repetição de
pensamentos positivos antes da competição (pensar com confiança), ter um plano de
prova (estabelecer práticas), estabelecer uma rotina anterior à prova, etc. Estes
mecanismos controlam a ansiedade não só a nível desportivo, mas também noutras
situações do quotidiano em que o sujeito percebe que está a ser avaliado.
No desporto em geral, algumas modalidades são por si só, mais avaliativas do
que outras, podendo dessa forma induzir estados mais ou menos elevados de
ansiedade. Vários estudos realizados afirmam que as modalidades individuais atuam
com maior significância no desenvolvimento da personalidade, na medida em que
exigem uma melhor preparação psicológica para a sua prática e se centralizam
diretamente no rendimento pessoal. Becker Jr (2000), analisando os estudos de
Martens (1977), observou que os atletas de desportos individuais apresentam um
maior nível de ansiedade do que os desportos coletivos, na medida em que não
partilham a responsabilidade, expondo-se sozinhos a uma avaliação direta dos
espetadores. Dias (2005) analisou as relações entre ansiedade, stress, emoções e
confronto no contexto desportivo. Os resultados demonstraram que os atletas do sexo
feminino pareciam exibir níveis significativamente mais elevados de ansiedade
comparativamente aos atletas do sexo masculino.
A ansiedade face aos testes é outra das realidades com a qual os indivíduos se
confrontam nas suas vivências escolares e o fato de apresentarem níveis elevados de
ansiedade poderá prejudicar o seu desempenho. Este construto tem colocado
dificuldades à sua conceptualização, uma vez que se apresenta como um construto
multidimensional, englobando uma série de reações cognitivas, emocionais, afetivas e
comportamentais (Sarason, 1980). Liebert e Morris (1967), consideravam a ansiedade
como um fenómeno bidimensional, incluindo as componentes cognitiva (preocupação)
e afetiva (emocionalidade). A preocupação diz respeito aos pensamentos acerca das
consequências de um possível insucesso e às dúvidas sobre a sua própria
competência para realizar as tarefas com sucesso, enquanto a emocionalidade se
refere às reações autonómicas ou fisiológicas evocadas pelo stresse da avaliação e à
perceção destas reações (Rosário,2004 citando Liebert e Morris, 1967). Entre as
definições presentes na literatura é destacada a definição de Spielberger e Vagg
(1995). Estes investigadores conceptualizaram a ansiedade face aos testes, no âmbito
da sua teoria do traço-estado, como uma situação específica de traço da
personalidade, i.e., traço de ansiedade face aos testes, definindo-a como uma “(…)
disposição individual para reagir com estados de ansiedade de forma mais intensa e
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 37
frequente com cognições de preocupação, pensamentos irrelevantes que interferem
com a atenção, concentração e realização de testes.” (Citado por Rosário, 2004).
Considerando tudo isto, torna-se necessário e pertinente compreender os
estados de ansiedade dos praticantes de desporto escolar (desportos individuais VS
desportos coletivos) e verificar se existe algum tipo de associação entre os estados de
ansiedade pré-competitiva e os estados de ansiedade pré-teste. Perante este
problema, o objetivo geral deste estudo será analisar a ansiedade (cognitiva e
somática) e a autoconfiança no período pré-competitivo em praticantes de desporto
escolar, comparar as possíveis diferenças entre modalidades individuais e
modalidades coletivas e eventualmente estabelecer uma ponte para o rendimento
escolar.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 38
2. Objetivos específicos
Dentro do objetivo geral deste estudo, encontramos os seguintes objetivos
específicos:
Analisar a ansiedade cognitiva, a ansiedade somática e a autoconfiança
dos alunos praticantes de Desporto escolar;
Identificar quais os alunos praticantes mais ansiosos e os mais
autoconfiantes;
Comparar os estados de ansiedade entre os indivíduos do sexo masculino
e sexo feminino;
Comparar os estados de ansiedade entre os praticantes de desportos
individuais e os praticantes de desportos coletivos;
Verificar se existe alguma associação entre estado de ansiedade pré-
competitiva e o estado de ansiedade nas situações pré-teste escolar;
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 39
3. Metodologia
3.1. Amostra
A população para este estudo foi composta por alunos da escola básica e
secundária de Arcozelo em Ponte de Lima, praticantes e não praticantes de desporto
escolar. A amostra foi constituída por 80 alunos, 50 (62,5%) praticantes de desporto
escolar, dos quais 25 praticam desportos individuais (canoagem e atletismo), 25
praticam desportos coletivos (futsal e rugby) e 30 (37,5%) não praticantes. Dentro dos
alunos inquiridos, 43 (53,75%) eram do sexo masculino e 37 (46,25%) pertenciam ao
sexo feminino com idades compreendidas entre os 12 e 13 anos com a média de
idades de 13,16.
Tabela 1 – Caraterização da amostra
N %
Sexo Feminino 37 46,25
Masculino 43 53,75
Modalidade
D.Individuais 25 31,25
D.Coletivos 25 31,25
Não praticantes 30 37,5
3.2. Informação demográfica
Foi requisitado aos alunos que fornecessem informações sobre sexo, idade,
modalidade, número de reprovações e notas das disciplinas de matemática e
português relativas ao 2º período do respetivo ano letivo.
O diretor da escola básica e secundária de Arcozelo, os professores de
educação física e os encarregados de educação tomaram conhecimento do estudo a
ser realizado, antes da aplicação dos questionários. Após o esclarecimento, os
encarregados de educação assinaram um termo de consentimento livre, autorizando a
participação dos seus educandos no presente estudo. Os questionários tinham um
caráter anónimo e confidencial e os alunos foram avisados e esclarecidos quanto aos
objetivos do seu preenchimento.
3.3. Questionário CSAI-2R
Para a recolha de dados da ansiedade pré-competitiva foi utilizada a versão
portuguesa do questionário “Revised Competitive State Anxiety Inventory – 2” (CSAI-
2R), desenvolvido por Cox, Martens & Russel (2003). Este questionário de perfil
multidimensional é composto por 17 itens que permitem avaliar as três dimensões da
ansiedade, nomeadamente: ansiedade cognitiva (itens 2,5,8,11 e 14), ansiedade
somática (itens 1,4,6,9,12,15 e 17) e autoconfiança (itens 3,7,10,13 e 16). Cada item é
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 40
composto por 4 pontos e o sujeito avalia o que sente no momento numa escala tipo
“Likert” que varia entre “Nada” = 1 ponto e “Muito” = 4 pontos. A pontuação de cada
dimensão é obtida pelo somatório das respostas da respetiva amostra. A dimensão
ansiedade cognitiva permite avaliar sensações negativas que o sujeito apresenta
acerca do seu rendimento e das consequências do resultado e contém 5 itens. A
dimensão ansiedade somática é composta por 7 itens que mencionam a perceção de
indicadores fisiológicos da ansiedade. A dimensão autoconfiança considera o grau de
segurança que o sujeito acredita ter acerca das suas possibilidades de êxito na
competição e é também constituída por 5 itens.
Os questionários de ansiedade pré-competitiva (CSAI-2R) foram preenchidos
por alunos praticantes de desporto escolar, 30 minutos antes das suas provas.
3.4. Questionário QAT
Com o objetivo de estabelecer uma ponte para o rendimento escolar e verificar
se aqueles alunos mais ansiosos nas situações pré-competitivas são também os mais
ansiosos face aos testes, foi utilizado o Questionário de Ansiedade face aos testes
(QAT – Rosário e Soares, 2004). Este questionário permite medir a ansiedade face
aos testes como um traço de personalidade. É composto por 10 itens que representam
as seguintes dimensões: Pensamentos em competição e Tensão. A primeira refere-se
aos pensamentos acerca das consequências de um possível insucesso e às dúvidas
quanto às suas competências, a segunda diz respeito às reações fisiológicas
percebidas. Os itens são apresentados num formato “Likert” de 5 pontos, indicando a
frequência, em que Nunca =1 ponto e Sempre =5 pontos. O rendimento escolar dos
alunos foi avaliado a partir das classificações obtidas no final do segundo período, nas
disciplinas de matemática e português. Os questionários de ansiedade face aos testes
(QAT) foram preenchidos por alunos praticantes e não praticantes de desporto
escolar, durante as suas aulas.
3.5. Análise Estatística
Para o tratamento de dados foi necessário recorrer ao programa SPSS (IBM
SPSS Statistics 20). Primeiramente foi feita uma análise para verificar a distribuição
das variáveis. Considerando que as variáveis não apresentavam distribuição normal
recorreu-se a testes não paramétricos. Para comparação dos fatores, utilizou-se o
teste para amostras independentes de Mann-Whitney. Para verificar possíveis
associações entre as variáveis foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman.
O nível de significância estabeleceu-se para um p≤0,05.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 41
4. Apresentação dos Resultados
Tabela 2 - Valores da média e desvio padrão (x ± dp), fatores e ordenação dos itens do CSAI - 2R.
Fator Item Ord. Descrição x ± dp
1 6 1 Sinto tensão no meu estômago. 3,18±0,96
1 4 2 Sinto o meu corpo tenso. 3,04±1,00
3 7 3 Estou confiante de que posso corresponder ao desafio
que me é colocado. 2,88±0,87
3 10 4 Estou confiante de que vou ter um bom rendimento. 2,86±0,81
3 13 5 Estou confiante porque me imagino, mentalmente, a
atingir o meu objetivo. 2,86±0,95
3 3 6 Sinto-me autoconfiante. 2,86±0,99
3 16 7 Estou confiante em conseguir ultrapassar os obstáculos
sob a pressão da competição. 2,76±0,89
1 1 8 Sinto-me nervoso. 2,64±1,08
2 14 9 Estou preocupado pelo fato de os outros poderem ficar
desapontados com o meu rendimento. 2,56±1,07
2 5 10 Estou preocupado pelo fato de perder. 2,48±1,05
2 11 11 Estou preocupado pelo fato de poder ter um mau
rendimento. 2,42±1,01
2 2 12 Estou preocupado porque posso não render tão bem
como poderia neste jogo. 2,40±1,01
2 8 13 Estou preocupado pelo fato de poder falhar sob pressão
da competição. 2,36±1,00
1 17 14 Sinto o meu corpo rígido. 2,08±1,05
1 9 15 O meu coração está a bater muito depressa. 2,06±0,91
1 15 16 As minhas mãos estão frias e húmidas. 1,84±1,06
1 12 17 Sinto o meu estômago “às voltas”. 1,76±0,92
A tabela 1 apresenta a distribuição dos itens do questionário CSAI-2R por fator e
por ordem de seleção. Os fatores encontram-se numerados de 1 a 3 em que 1
corresponde ao fator de “Ansiedade Somática”, o 2 ao fator de “Ansiedade Cognitiva” e o 3
ao fator de “Autoconfiança” que cada indivíduo sente antes de uma competição.
Através dos dados obtidos, verificamos que os itens que apresentam a média mais
elevada pertencem ao fator 1 (Ansiedade Somática), nomeadamente o item 6 “sinto tensão
no meu estômago” (3,18±0,96) e o item 4 “Sinto o meu corpo tenso” (3,04±1,00).
Seguidamente segue-se o item 7 “Estou confiante de que posso corresponder ao desafio
que me é colocado” (2,88±0,87) que se direciona para o fator de autoconfiança (fator 3).
No que diz respeito ao fator 2 (Ansiedade Cognitiva), o item que apresenta a média mais
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 42
elevada é o 14 “Estou preocupado pelo fato de os outros poderem ficar desapontados com
o meu rendimento” (2,56±1,07).
Tabela 3 - Análise comparativa dos fatores do CSAI-2R quanto ao sexo.
Fatores Sexo N x ± dp U p
1- Ansiedade Somática Masculino 27 2,37±0,26
300,500 0,841 Feminino 23 2,38±0,25
2- Ansiedade Cognitiva Masculino 27 2,28±0,84
240,500 0,172 Feminino 23 2,63±0,84
3- Autoconfiança
Masculino 27 3,10±0,70
163,000 0,004 Feminino 23 2,54±0,55
[Valores absolutos (N), média e desvio padrão (x±dp), comparação das médias (U) e nível de significância (p)].
A tabela 2 apresenta a análise comparativa dos fatores do CSAI-2R recorrendo ao
teste não paramétrico de Mann - Whitney. Quanto ao sexo, verifica-se que os participantes
do sexo masculino (3,10±0,70) são mais autoconfiantes antes da competição,
relativamente aos do sexo feminino (2,54±0,55), apresentando um nível de significância de
0,004.
Tabela 4 - Análise comparativa dos fatores do CSAI-2R quanto à modalidade praticada.
Fatores Modalidade N x ± dp U p
1- Ansiedade Somática Coletivos 25 2,38±0,25
294,500 0,719 Individuais 25 2,37±0,26
2- Ansiedade Cognitiva Coletivos 25 2,26±0,87
240,500 0,161 Individuais 25 2,62±0,81
3- Autoconfiança
Coletivos 25 3,12±0,73
171,500 0,006 Individuais 25 2,57±0,53
[Valores absolutos (N), média e desvio padrão (x ± dp), comparação das médias (U) e nível de significância (p)]
Quanto à modalidade praticada, verifica-se que os que praticam modalidades
coletivas são mais autoconfiantes (3,12±0,73) antes da competição, comparativamente
aos praticantes de modalidades individuais (2,57±0,53), apresentando um nível de
significância de 0,006.
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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 43
Tabela 5 - Valores da média e desvio padrão (x ± dp), fatores e ordenação dos itens do QAT.
FATOR Item Ord. Descrição x ± dp
2 9 1 Pensar como seria se eu tivesse a melhor nota da
turma. 3,25±1,22
1 5 2 Começar a sentir-me muito nervoso/a antes da entrega
e correção do teste. 3,12±1,08
1 3 3
Ficar muito preocupado/a e agitado/a antes dos testes
importantes, penso que o teste pode correr mal e isso
põe-me muito nervoso/a.
3,03±1,18
2 10 4
Pensar se as respostas que dei no teste foram as
melhores e estes pensamentos perseguem-me durante
algum tempo.
2,92±1,00
1 4 5 Sentir-me muito perturbado/a e nervoso/a durante a
realização dos testes. 2,80±1,07
2 6 6 Durante o teste, quando alguém faz uma pergunta ao/à
professor/a, tentar adivinhar qual foi a dúvida colocada. 2,71±1,08
2 7 7 Olhar para a cara dos meus colegas e tentar adivinhar
se o teste lhes está a correr bem ou mal. 2,65±1,19
1 2 8
Antes do teste, ficar tão preocupado/a com a
possibilidade de poder correr mal que nem aproveito o
tempo que ainda tenho para estudar.
2,65±1,16
2 8 9 Durante o teste, pensar como seria bom se eu fosse
outra pessoa ou estivesse noutro sítio. 2,52±1,30
1 1 10 Dormir mal uns dias antes do teste porque tenho medo
de falhar e penso muitas vezes nisso. 2,50±1,18
A tabela 4 apresenta a distribuição dos itens do questionário QAT por fator e por
ordem de seleção. Os fatores encontram-se numerados de 1 a 2 em que 1 corresponde à
“Tensão” e 2 aos “Pensamentos em competição” que cada participante sente face aos
testes escolares.
Através da análise do questionário, verificamos que o item que apresenta a média
mais elevada pertence ao fator 2 (Pensamentos em competição), nomeadamente o item 9
“Pensar como seria se eu tivesse a melhor nota da turma.” (3,25±1,22). Seguidamente
segue-se o item 5 “Começar a sentir-me muito nervoso/a antes da entrega e correção do
teste.” (3,12±1,08) que corresponde à tensão face aos testes (fator 1).
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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 44
Tabela 6 - Análise comparativa dos fatores do QAT quanto ao sexo.
FATORES Sexo N x ± dp U p
1- Tensão Masculino 43 2,59±0,83
533,000 0,011 Feminino 37 3,09±0,89
2- Pensamentos em
competição
Masculino 43 2,66±0,75 591,500 0,048
Feminino 37 2,99±0,84
[Valores absolutos (N), média e desvio padrão (x ± dp), comparação das médias (U) e nível de significância (p)].
Através da leitura da tabela 5, pode-se verificar que os participantes do sexo
feminino apresentam mais tensão (p = 0,011) e mais pensamentos em competição
(p=0,048) face aos testes escolares relativamente aos do sexo masculino.
Tabela 7 - Análise comparativa dos fatores do QAT quanto à modalidade.
FATORES Modalidade N x±dp U p
1- Tensão Coletivos 25 2,27±0,88
161,000 0,003 Individuais 25 3,12±0,91
2- Pensamentos em
competição
Coletivos 25 2,40±0,69 192,000 0,019
Individuais 25 2,94±0,92
[Valores absolutos (N), média e desvio padrão(x±dp), comparação das médias (U) e nível de significância (p)].
Os praticantes de modalidades individuais são mais ansiosos face aos testes
apresentando maiores valores médios de tensão (p=0,003) e pensamentos em competição
(p=0,019).
Tabela 8 - Análise comparativa dos fatores do QAT quanto ao grupo de exercício.
[Valores absolutos (N), média e desvio padrão (x ± dp), comparação das médias (U) e nível de significância
(p)].
Quanto ao grupo de exercício, podemos verificar na tabela (7) que os não
praticantes apresentam valores médios superiores de pensamentos em competição
(3,05±0,67) face aos praticantes (2,67±0,85).
.
FATORES Grupo exercício N x ± dp U p
1- Tensão Praticantes
Não Praticantes
50
30
2,70±0,98
3,03±0,68 590,500 0,112
2- Pensamentos em
competição
Praticantes
Não Praticantes
50
30
2,67±0,85
3,05±0,67 524,000 0,024
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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 45
Tabela 9 - Associação entre as diversas variáveis em estudo [Spearman (rho) e nível de significância(p)] no grupo de praticantes de desporto escolar.
*Nível de significância estabelecido para 0.05.
Na tabela 8 estão apresentadas as correlações (Spearman) existentes nos
praticantes de desporto escolar. Constata-se que existe uma correlação negativa entre
ansiedade cognitiva- autoconfiança, (rho = -0,348), entre autoconfiança-ansiedade face
aos testes (rho = -0,290) e tensão-autoconfiança (rho = -0,342). A ansiedade cognitiva
correlaciona-se positivamente com a ansiedade pré-competitiva (rho = 0,586), com a
tensão (rho = 0,526), com os pensamentos em competição (rho = 0,613) e com ansiedade
face aos testes (rho = 0,589). A ansiedade somática e a autoconfiança correlacionam-se
(positivamente) apenas com a ansiedade pré-competitiva (rho = 0,387) e (rho = 0,434),
respetivamente. Existem mais correlações positivas entre a tensão-pensamentos em
competição (rho = 0,719), tensão-ansiedade face aos testes (rho = 0,924) e pensamentos
em competição-ansiedade face aos testes (rho = 0,921).
Ans.
Cognitiva
Ans.
Somátic
a
Auto.
Ans. pré-
competitiva
(CSAI-2R)
Tensão
Pens.
em
competi
ção
Ans. face
aos testes
(QAT)
Ans.
Cognitiva
rho
p
-,010
,947
-,348*
,013
,586*
,000
,526*
,000
,613*
,000
,589*
,000
Ans.Somá
tica
rho
p .
,057
,696
,387*
,005
-,164
,255
-,243
,089
-,240
,093
Auto. rho
p .
,434*
,002
-,342
,015
-,196
,173
-,290*
,041
Ans. pré-
competitiv
a (CSAI-
2R)
rho
p
,106
,463
,272
,056
,177
,218
Tensão rho
p
,719*
,000
,924*
,000
Pens. em
competiçã
o
rho
p
,921*
,000
Ans. face
aos testes
(QAT)
rho
p
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 46
Tabela 10 - Associação entre as diversas variáveis em estudo [Spearman (rho) e nível de significância(p)] no grupo de não praticantes.
*Nível de significância estabelecido para 0.05.
Na tabela 9 estão apresentadas as correlações existentes entre os não praticantes
de desporto escolar. Existem correlações positivas entre as variáveis tensão-ansiedade
face aos testes (rho = 0,817) e pensamentos em competição- ansiedade face aos testes
(rho = 0,758). Não há uma correlação significativa entre tensão e pensamentos em
competição.
Tabela 11 - Associação entre as diversas variáveis em estudo [Spearman (rho) e nível de significância(p)] no total da amostra.
*Nível de significância estabelecido para 0.05.
Quanto à associação do QAT com as notas e o número de reprovações dos
participantes, pode-se constatar que existem correlações negativas entre o número de
reprovações-notas de matemática (rho = -0,486) e número de reprovações-notas de
português (rho = -0,375). As notas de português correlacionam-se positivamente com as
notas de matemática (rho = -0,615), com a tensão (rho = -0,246), com os pensamentos em
competição (rho = -0,233) e com a ansiedade face aos testes (rho = -0,269). Podemos ainda
verificar correlações positivas entre tensão-pensamentos em competição (rho = -0,641),
Tensão Pens. em competição Ans. face aos
testes (QAT)
Tensão rho
p
,304
,102
,817**
,000
Pens. em competição rho
p
,758**
,000
Ans. face aos testes (QAT) rho
p
Nº de
reprovações
Notas
Matemáti
ca
Notas
Português Tensão
Pens.
em
competi
ção
Ans. face
aos testes
(QAT)
Nº de
reprovações
rho
p
-,486**
,000
-,375**
,001
,062
,585
-,026
,822
,019
,871
Notas
Matemática
rho
p
,615**
,000
,094
,408
,157
,163
,152
,179
Notas Português rho
p
,246*
,028
,233*
,038
,269*
,016
Tensão rho
p
,641**
,000
,920**
,000
Pens. em
competição
rho
p
,877**
,000
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 47
tensão-ansiedade face aos testes (rho = -0,920) e pensamentos em competição-ansiedade
face aos testes (rho = -0,877).
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 48
5. Discussão dos Resultados
Neste estudo foram analisados os fatores de ansiedade cognitiva, ansiedade
somática e autoconfiança no período pré-competitivo em praticantes de desporto
escolar e posteriormente foram analisados os fatores de tensão e pensamentos em
competição face aos testes escolares a praticantes e não praticantes de desporto
escolar.
Após a análise do CSAI-2R, instrumento que avalia a ansiedade pré-
competitiva, observamos que os praticantes de modalidades coletivas são mais
autoconfiantes antes da competição, comparativamente aos praticantes de
modalidades individuais. Martens (1987) e Cruz (1996) encontraram diferenças entre
entre os níveis de autoconfiança, ansiedade cognitiva e ansiedade somática em
função dos atletas e tipo de modalidade praticada. Num estudo de Maoney et al.
(1987), com uma amostra de 713 atletas de ambos os sexos e praticantes de 23
modalidades distintas, foi verificado que os atletas de desportos individuais
apresentaram mais problemas relacionados com a ansiedade, confiança e
concentração, comparativamente aos de desportos coletivos, Becker Jr (2000),
analisando os estudos de Martens (1977), observou que os atletas de modalidades
individuais pertencentes à respetiva amostra, apresentaram um maior nível de
ansiedade do que os de modalidades coletivas, na medida em que não partilham a
responsabilidade, expondo-se sozinhos a uma avaliação direta dos espectadores. Dias
(2005) referiu no seu estudo que os atletas de modalidades individuais apresentaram
níveis superiores de ansiedade e perceção de ameaça comparativamente aos atletas
de modalidades coletivas. Filho, Ribeiro y García (2004) exporam a mesma opinião e
afirmaram que os atletas de desportos coletivos têm um maior autodomínio. Num
estudo de Fernandes et al. (2013) sobre os fatores influenciadores da ansiedade
competitiva em atletas brasileiros, os atletas que praticavam desportos individuais
relataram níveis inferiores de ansiedade cognitiva do que os atletas de desportos
coletivos.
Passando à análise da ansiedade pré-competitiva face ao sexo, verificamos
que os participantes do sexo masculino são mais autoconfiantes antes da competição,
relativamente aos do sexo feminino. Este resultado vai ao encontro a vários estudos
realizados. Dias (2005), por exemplo, analisou as relações entre ansiedade, stress,
emoções e confronto no contexto desportivo e constatou que os atletas do sexo
feminino exibiam níveis significativamente mais elevados de ansiedade
comparativamente aos atletas do sexo masculino. Vários autores defendem que este
fato pode estar ligado a uma maior importância dada ao desporto masculino em
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 49
detrimento do feminino, aumentando desta forma a responsabilidade da mulher em
obter resultados para se afirmar enquanto atleta (De Rose Júnior, Vasconcellos 1997;
Dias; Cruz; Fonseca, 2009). Para Vieira, Teixeira, Vieira e Filho (2011) a ansiedade
cognitiva demonstrada pelo sexo masculino mostrou-se mais elevada do que a mesma
no sexo feminino. No estudo de Fernandes et al. (2013), referido anteriormente sobre
os fatores influenciadores da ansiedade competitiva em atletas brasileiros, os atletas
do sexo masculino relataram níveis mais baixos de ansiedade cognitiva do que atletas
do sexo feminino, que evidenciaram níveis inferiores de autoconfiança em relação aos
atletas do sexo masculino. Especificamente, as atletas do sexo feminino possuem
valores superiores de ansiedade, pelo que enfrentam a competição com uma maior
carga de stress respetivamente aos atletas do sexo masculino. (Abián et al. 2015).
Através dos dados recolhidos do preenchimento dos questionários CSAI-2R,
verificamos ainda, que os itens que apresentam a média mais elevada pertencem ao
fator 1 (Ansiedade Somática), nomeadamente o item 6 “sinto tensão no meu
estômago” e o item 4 “Sinto o meu corpo tenso”. Seguidamente segue-se o item 7
“Estou confiante de que posso corresponder ao desafio que me é colocado” que se
direciona para o fator de Autoconfiança (fator 3). No que diz respeito ao fator 2
(Ansiedade Cognitiva), o item que apresenta a média mais elevada é o 14 “Estou
preocupado pelo fato de os outros poderem ficar desapontados com o meu
rendimento”. Verificamos então que, em geral, os atletas praticantes de desporto
escolar que estão inseridos na amostra apresentam maires sintomas de tensão
(Ansiedade somática) antes das competições. A ansiedade deve ser combatida
através de uma interpretação destes sintomas (físicos) como sendo normais em
situações pré-competitivas. Detanico e Santos (2005) defenderam que nem toda a
ansiedade é prejudicial e que um bom desempenho requer um nível de ansiedade
ótimo, que permita ao executante assumir o controlo emocional das suas ações.
Weinberg & Gould (2001) defenderam que à medida que a ativação aumenta, melhora
o desempenho até um ponto ideal em que ocorre o desempenho desejado. No
entanto, aumentos adicionais na ativação levam ao declínio do desempenho (hipótese
do U invertido).
Este trabalho teve também como objetivo o estudo da ansiedade face aos
testes escolares. Após a análise do QAT, instrumento que avalia a ansiedade face aos
testes, podemos observar que os praticantes de modalidades individuais são mais
ansiosos face aos testes, apresentando valores médios superiores de tensão e
pensamentos em competição face aos praticantes de modalidades coletivas. Os
resultados são semelhantes ao do CSAI-2R e possivelmente podemos considerar que
os praticantes de desportos individuais são mais ansiosos quando expostos a uma
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 50
situação potencialmente ameaçadora, no entanto há pouca informação relativamente a
este tema. Futuramente, deveria de ser mais explorado em que medida o desporto
pode ajudar a lidar com a ansiedade noutros contextos do quotidiano.
Quanto ao sexo verificamos que os participantes do sexo feminino
apresentam mais tensão e mais pensamentos em competição face aos testes
escolares relativamente aos do sexo masculino. Este resultado está de acordo com
algumas referências da literatura existentes, na medida em que na maioria, os
indivíduos do sexo feminino apresentaram níveis superiores de ansiedade face aos
testes comparativamente aos do sexo masculino. Soares (2002) afirmou que a
magnitude das diferenças nos níveis da ansiedade face aos testes, deve-se
essencialmente, aos níveis elevados da componente afetiva (tensão). Um estudo
realizado por De Rose et al. (1997), com o objetivo de mostrar a frequência de
ocorrência de sintomas de stress, comparando entre grupos de acordo com o sexo,
idade, tipo de desporto, nível de stress e tempo de prática, concluiu que os indivíduos
do sexo feminino apresentam uma ocorrência mais elevada de sintomas de stress
relativamente aos indivíduos do sexo masculino. Num estudo de ansiedade face aos
testes realizado por Rosário et al. (2008) concluiu-se que as raparigas são mais
ansiosas antes dos testes do que os rapazes. Estas diferenças resultam de processos
de socialização diferenciados (Vieira e Rui, 2006 cit. por Rosário et al. (2008)), em que
é permitido às raparigas admitir socialmente estados de ansiedade e os rapazes são
ensinados a não expressar as suas emoções. Pelos resultados encontrados podemos
constatar que, no geral, o sexo feminino apresenta mais sintomas de ansiedade e
stress, tanto na ansiedade pré-competitiva como na ansiedade face aos testes,
comparativamente ao sexo masculino.
No que diz respeito ao grupo de exercício, observamos que os não
praticantes apresentam valores médios superiores de tensão e pensamentos em
competição face aos praticantes de desporto escolar. Possivelmente este resultado
deve-se ao fato dos praticantes já se terem deparado com vários mecanismos de
controlo da ansiedade e de stress devido à vivência de várias experiências
competitivas. Estes mecanismos controlam a ansiedade não só a nível desportivo,
mas também noutras situações do quotidiano em que o sujeito percebe que está a ser
avaliado, como por exemplo na realização dos testes escolares.
Através dos dados recolhidos do preenchimento dos questionários QAT,
verificamos ainda, que o item que apresenta a média mais elevada pertence ao fator 2
(Pensamentos em competição), nomeadamente o item 9 “Pensar como seria se eu
tivesse a melhor nota da turma.”. Seguidamente segue-se o item 5 “Começar a sentir-
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 51
me muito nervoso/a antes da entrega e correção do teste.” que corresponde à tensão
face aos testes (fator 1).
Recorrendo às correlações de Spearman, nos praticantes de desporto escolar,
podemos verificar que existe uma correlação negativa entre ansiedade cognitiva-
autoconfiança, entre autoconfiança-ansiedade face aos testes e tensão-autoconfiança.
Para Martens et al. (1990), a autoconfiança, relaciona-se negativamente com a
somática e a cognitiva, isto é, se a cognitiva e a somática aumentam, a autoconfiança
diminui. Estes resultados são esperados na medida em que a ansiedade e tensão são
pensamentos negativos que os indivíduos têm sobre si mesmo, enquanto que a
autoconfiança é pensar de forma confiante, isto é, a crença dos indivíduos em
conseguir realizar os objetivos propostos com o maior sucesso. As estratégias para
aumentar a autoconfiança são fundamentais para que os atletas consigam controlar a
frequência de estados de ansiedade que experimentam em diversas situações, tanto
no contexto desportivo como em relação aos testes escolares.
Neste estudo observamos também que a ansiedade cognitiva se correlaciona
positivamente com a ansiedade pré-competitiva, com a tensão, com os pensamentos
em competição e com ansiedade face aos testes. Desta forma, pode-se afirmar que os
indivíduos que apresentam elevados níveis de ansiedade cognitiva, apresentam
também elevados níveis de tensão e de pensamentos em competição. Estas
constatações resultam consequentemente em níveis elevados de ansiedade pré-
competitiva e ansiedade face aos testes escolares. Existem mais correlações positivas
entre a ansiedade somática e autoconfiança com a ansiedade pré-competitiva, tensão-
pensamentos em competição, tensão-ansiedade face aos testes e pensamentos em
competição-ansiedade face aos testes. Estas correlações demonstram que os
indivíduos que apresentam maiores níveis de tensão e pensamentos de competição
são os mais ansiosos face aos testes escolares.
Quanto aos não praticantes de desporto escolar, verificamos que existem
também correlações positivas entre as variáveis tensão-ansiedade face aos testes e
pensamentos em competição- ansiedade face aos testes. Ao contrário das
associações entre os praticantes de desporto escolar, nos não praticantes não há uma
correlação significativa entre tensão e pensamentos em competição.
Com a associação do QAT com as notas e o número de reprovações dos
participantes, pode-se constatar que existem correlações negativas entre o número de
reprovações e as notas de matemática e número de reprovações e as notas de
português. As notas de português correlacionam-se positivamente com as notas de
matemática, com a tensão, com os pensamentos em competição e com a ansiedade
face aos testes. A literatura existente refere que as histórias de insucesso escolar
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 52
podem explicar um aumento da Ansiedade face aos testes. Soares (2002) afirmou que
os insucessos repetidos podem gerar um aumento dos sentimentos de ameaça e por
isso mesmo o desenvolvimento de Ansiedade face aos testes. A participação no
desporto poderá ter um efeito positivo no combate a estes insucessos e conduzir a
uma melhoria no rendimento académico. Estudos revelaram que, em geral atletas
praticantes têm médias de notas académicas mais altas e aspirações educacionais
mais elevadas que estudantes não praticantes de qualquer tipo de desporto. (Weiberg
& Gould, 2001).
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 53
6. Conclusões
Neste estudo podemos observar que existem diferenças significativas de
acordo com o sexo e a modalidade praticada. Os praticantes de modalidades coletivas
são mais autoconfiantes em situações pré-competitivas e face aos testes escolares.
Os atletas praticantes de modalidades individuais são os que apresentam níveis de
ansiedade superiores tanto a nível pré-competitivo como face aos testes (tensão e
pensamentos em competição).
Os participantes do sexo masculino são mais autoconfiantes relativamente aos
do sexo feminino. Podemos constatar que, no geral, o sexo feminino apresenta mais
sintomas de ansiedade e stress, tanto na ansiedade pré-competitiva como na
ansiedade face aos testes, comparativamente ao sexo masculino. Os participantes do
sexo feminino apresentam mais tensão e mais pensamentos em competição face aos
testes escolares relativamente aos do sexo masculino.
No que diz respeito ao grupo de exercício, os não praticantes de desporto
escolar apresentam valores médios superiores de pensamentos em competição face
aos praticantes de desporto escolar.
De acordo com as correlações, podemos constatar que os indivíduos que
apresentam maiores níveis de tensão e pensamentos de competição são aqueles que
são mais ansiosos face aos testes escolares.
Face a este estudo, torna-se importante referir que os indivíduos mais ansiosos
devem apostar mais nos mecanismos de controlo da ansiedade e nas estratégias para
aumentar a autoconfiança para conseguirem controlar a frequência de estados de
ansiedade que experimentam, não só a nível competitivo, mas também noutras
situações do quotidiano em que o sujeito percebe que está a ser avaliado (testes
escolares).
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 54
7. Perspetivas futuras
Este estudo apresenta algumas limitações pelo que é fundamental aprofundar
este tema relacionado com a ansiedade pré-competitiva e a ansiedade face aos testes
escolares, de forma a tirar conclusões mais abrangentes. Os questionários poderiam
ser aplicados a uma amostra maior, na medida em que a população deste estudo
reduz-se aos alunos praticantes de desporto escolar da escola de Arcozelo (N=50) e a
um grupo reduzido de não praticantes com a mesma média de idades (N=30) da
mesma escola. Os questionários CSAI-2R e QAT poderiam ser aplicados também a
outras escolas de forma a obter uma amostra mais ampla.
Uma outra questão diz respeito ao estudo da ansiedade. A ansiedade de cada
indivíduo não depende só dos estados que este apresenta em determinadas
situações, mas também do traço de personalidade, existindo uma relação direta entre
os níveis de traço de ansiedade e o estado de ansiedade de determinado indivíduo. A
ansiedade depende ainda de vários fatores externos que não foram aprofundados
neste estudo, nomeadamente a importância do evento, a incerteza do resultado, a
ansiedade física social, a autoestima de cada indivíduo, entre outros.
Quanto à importância do evento é importante referir que neste estudo recorreu-
se a atletas que praticam desporto escolar e muitos não o consideram tão importante
como desporto federado, o que pode influenciar os estados de ansiedade percebidos.
Futuramente, poderemos sugerir a realização de um estudo que abranja uma maior
população, centrando-se não só em atletas de desporto escolar, mas também em
atletas praticantes de desportos federados e atletas de elite. Deveriam também ser
analisados as diversas causas de ansiedade nos indivíduos e associar os estados de
ansiedade percebidos aos diferentes traços de personalidade de cada um. Seria
interessante ainda, explorar em que medida o desporto pode ajudar a lidar com a
ansiedade não só face aos testes escolares, mas também em outros contextos do
quotidiano.
Mestrado em Ensino de Educação Física
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO – ANA CATARINA ALMEIDA 55
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