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Num.93 - Ano 4 - 28 de Outubro - 28 octobre 2017

Visitez Le Portugal

Sócrates & Companhia ilimitadaPor Alberto Gonçalves

A sra. dona Constança Cunha e Sá explicou na TVI o principal motivo pelo qual a acusação de José Sócrates não vale a atenção de pessoas ilustres: não trouxe, cito, “surpresas”. Pelos vistos, trinta e um crimes não bastaram à referida jornalista, que aparentemente gostaria que o antigo primeiro-ministro fosse acusado de coisas inusitadas como o abuso de pinguins ou o roubo de tubos de escape. Na verdade, a sra. dona Constança Cunha e Sá gostaria que José Sócrates não fosse acusado de todo.

Tratou-se de um raro e bonito momento de solidariedade para com o menino que sonhava com ventoinhas e apartamentos em Paris. Em tempos, faltava pouco para que o fervor dos devotos por José Sócrates suscitasse imolações pelo fogo. Hoje, os devotos assobiam para o lado e, à cautela, preferem que o indivíduo se imole sozinho. Nem a lepra assustava assim. Uma rápida consulta às capelinhas virtuais da seita apenas encontra silêncio e distracções. Enquanto os “media”, com discrição e fastio, davam as novas da “Operação Marquês”, no blogue do peru emproado que enfiou o “engenheiro” na Sorbonne discorria-se em volta de “Che” Guevara: em Outubro de 2017, até a associação a um psicopata parece comprometer menos do que a intimidade com o “autor” de “A Confiança no Mundo”. E este é um mero exemplo. Por regra, e à semelhança dos milhões movimentados nas negociatas, os amigos de José Sócrates sumiram sem rasto nem vergonha.

O facto é tanto mais notável quanto os amigos de JoséSócrates eram imensos. Alguns, fiéis à força, continuam a fazer-lhe companhia nas quatro mil páginas do processo.

A maioria passeia-se sorridente. Sorridente e amnésica.

Se o pacote de acusados constitui uma amostra razoável da oligarquia que regularmente enxovalha o país, convém notar que, por definição, as amostras deixam o resto de fora.

E o resto é demasiada gente. A gente dos “media”, nulidades amestradas que José Sócrates inventou ou desenterrou para o servir. A gente do comentário “isento”, sob nome próprio ou pseudónimo, cujas avenças cresciam de modo directamente proporcional à beatificação do amo e senhor. A gente dos negócios que prosperava à sombra da criatura e retribuía a prosperidade com juros.

A gente da “justiça”, indivíduos com pilosidade auricular que garantiam a impunidade do benemérito que lhes arranjou emprego. A gente das “relações pessoais”, um folclórico grupo de familiares, namoradas e espontâneos que

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A Chuva e o Bom Tempo

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cirandava em redor de dinheiro facílimo. Sobretudo a gente da política, que subiu com José Sócrates, conspirou com ele e zelosamente lhe amparava os delírios.É possível que essa gente não tenha sabido de nada, dado por nada, reparado em nada, desconfiado de nada, participado em nada. É possível que essa gente constitua o maior aglomerado nacional de débeis mentais desde a inauguração de Rilhafoles. É possível, e nesse caso seria um acto de mera comiseração e humanidade remover essa gente do convívio com os demais, a bem de uns e dos outros. É possível, e não se deve ficar tranquilo quando, ao inventariar a tralha “socrática” que continua a infestar lugares de decisão ou influência, imaginarmos que Portugal pode ser pasto de idiotas terminais. Ou então não é possível, e a intranquilidade aumenta.

Se calhar, não é realmente possível que essa gente não tenha experimentado o vestígio de uma suspeita, ou estranhado a folia, ou mesmo colaborado nela. E se calhar não é possível não saber que, além de obviamente ilegal, a folia acontecia à custa dos cidadãos “comuns” que essa gente finge defender em cada uma das suas descaradas intervenções. Em qualquer das hipóteses, essa gente não merece andar por aí em paz, ou porque é clinicamente incapaz disso, ou porque é moralmente indigna.

E, no entanto, é preciso repetir: essa gente anda em paz.

Para cúmulo, também manda em paz, e com o exacto tipo de descontracção e alcance que José Sócrates tentou sem conseguir. Por morrer uma andorinha, ou ser julgada uma quadrilha, não acaba o regabofe. A acusação do “animal feroz” e fauna restante, do honradíssimo sr. Salgado aos portentosos gestores Bava e Granadeiro, é, para as suas inúmeras vítimas, um instante de alívio “formal”. Mas, em última instância, é só uma pedrita leve no charco de compadrios que aqui passa por regime.

Salvo fogachos, na sua repulsiva natureza o regime está bem e muitos – agora incluindo certamente o próximo líder do PSD – recomendam-no. E os apreciadores farão, como costumam fazer, bom proveito.

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Pórtico de segurança em EspanhaÚltima tecnologia para impedir a entrada de muçulmanos perigosos...

Alegre Halloween

O medo de uns, a arrogância e o desdém de outros. E assim vai Portugal.Toda a Imprensa tem debatido nos últimos dias, sobretudo depois do fatídico dia 15 do corrente — o dia mais trágico, mais mortífero e mais retrato da incapacidade, da incúria e diremos até, mais criminoso desta dramática saga de incêndios que alguns começam já a afirmar que tenham sido postos. O que não se porá em dúvida. Só uma pergunta: pagos por quem? Segundo o JN, o Estado desconhece a origem de 4 mil incêndios e, ao mesmo tempo, afirma que este ano ”incendiários atearam 2554 fogos”. Foram mesmo prendidos vários pirómanos, mas não se sabe o que lhes terá acontecido. Talvez que neste vício do politicamente correcto e de deixa andar tão peculiar no nosso país, tenham sido libertados e recebido uma cerveja e um hot-dog com a promessa de não voltarem a fazer…

Transcrevo aqui um parágrafo de um texto do jornalista da Visão, Miguel Carvalho, que sucintamente explica bem a situação vivida por essa desgraça de um povo só, como começa a ser apelidada: “Nas horas demoníacas, falhou a água, a luz, os telemóveis. Ninguém viu os bombeiros, talvez tenham aparecido quando a terra era já uma agonia em lume, talvez não chegassem para tudo. Durante a madrugada, mulheres e homens correram desembestados a bater em cada porta, arrombando portões à desgarrada e acudindo à desgraça, com o medo colado ao corpo”. Bem explicado e bem resumido.

Portanto, tudo falhou. O tristemente célebre sistema de comunicações, negociado por António Costa quando era Ministro da Administração interna, — como acabou com a Guarda Florestal, fez contratos ruinosos com as empresas de meios aéreos, impediu que a Força Aérea fosse utilizada para os incêndios, cortou fundos a bombeiros, etc — mas o SIRESP, provou ser um cancro agarrado ás pernas do governo, que resiste a renegociá-lo de forma satisfatória, ou a punir com facturação por serviços não prestados. Faltou a diligência, faltou a humanidade. E morreram muitos inocentes que confiavam no Estado para os defenderem. E ficaram sós. Contra o fogo, contra a impotência, pela falta de meios apropriados. Punir os responsáveis? Teriam de fazer-se um país novo e fazê-lo crescer a partir do zero. Com cuidados extremos de forma a civilizar a população, que dá ao país a chusma de incapazes com assento na Assembleia Nacional, onde se fala demais, se guerreia muito, imbecilmente, e onde as susceptibilidades andam à flor da pele. Por isso o Presidente — que já antes discursara em Oliveira do Hospital, uma das zonas mais atingidas pelo fogo de forma muito directa, sem ambiguidades — foi até São Bento, falar duro, puxar as orelhas aos políticos e a deixar no ar um claro aviso. “A Assembleia Nacional tem de clarificar se quer ou não manter o Governo em funções” disse o Presidente da República.

A isto o Primeiro-ministro — o alvo das recriminações — respondeu, como é seu hábito, pela arrogância e a hipocrisia. Pelo desafio também. E nisto, juntou ao insulto a desfaçatez de ir junto das pobres vítimas da incompetência governamental, simular tristeza e arrependimento nas fotos que fez com sobreviventes junto das casas ardidas. Numa imitação grotesca do amparo que o PR levou e testemunhou nas suas deslocações às zonas sinistradas.

O PM talvez se safe das provocações que dirige ao Presidente porque este, devido à situação do PSD que se encontra em campanha de liderança à procura de um chefe, não poderá para já, demitir o Governo. Caso contrário, teria o Presidente de assumir temporariamente a presidência do Legislativo. E no momento presente não seria, talvez, uma boa solução. Por isso o PM goza. E provoca.

Sabendo que Portugal, ainda se encontra em terceiro lugar, entre os sete países mais endividados à Europa. Juntamente com a Grécia, Itália, Bélgica, França, Espanha e Chipre.

E também não poderá permitir que António Costa, numa das suas manobras de passe-passe, apresente a demissão do seu Governo com a intenção de provocar eleições antecipadas. Seriam desastrosas as consequências. Um dos partidos mais fortes e capaz de governar encontra-se presentemente sem chefe e a sua escolha não parece ser das mais fáceis. Logo, o PR precisa de ganhar tempo para que todas as pedras estejam em igualdade no tabuleiro

Sejamos claros e convincentes que nada acabou. Será mais um eterno recomeço. Desejemos boa sorte a Portugal.Merece-a.

Raul Mesquita

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Manuel do Nascimento / Paris

Situé dans le parc Eduardo VII à Lisbonne (tout près de la retonde du Marquês de Pombal). Les architectes, Guilherme e Carlos Rebelo de Andrade et Alfredo Assunção Santos, l’on fait fabriquer au Portugal mais c’est au Brésil qu’il a été construit pour toute la première fois lors de la Grande Exposition Internationale de Rio de Janeiro qui a ouvert ses portes le 21 mai 1922, qui avait pour nom, Pavilhão Português das Indústrias, le premier de divers noms. Après l’exposition, il sera démonté et transporté au Portugal par bateau en 1929. Une fois reconstruit à Lisbonne, il reçoit le nom de Palácio des Exposições e das Festas, et ouvre ses portes le 3 octobre 1932, lors de la Grand Exposition Industrielle Portugaise. Après la Seconde Guerre mondiale, ce pavillon est aménagé pour accueillir des événements sportifs, dans lequel s’est déroulé le Championnat du Monde d’hockey sur Patins en 1947. C’est dans ce pavillon que sont organisés divers spectacles musicaux avec des artistes portugais et étrangers. Remise de médailles, programmes télévisés, concours de beauté, divers salons, congrès et les marches populaires de Lisbonne du 13 juin. C’est à ce titre que ce local reçoit son nouveau nom, Pavillon des Sports, nom que va garder jusqu’en 1984, où il reçoit son nouveau nom de Pavilhão Carlos Lopes, pour rendre hommage à l’athlète portugais Carlos Lopes, qui a été médaillé d’or lors du marathon des Jeux Olympiques de Los Angeles en 1984. Après da Révolution des Œillets du 25 avril 1974, le Pavillon des Sports, a été historiquement un lieu d’immenses évènements sportifs, culturels et politiques, avec divers meetings et congrès, comme celui du premier congrès do PPD, en 1974 et celui du BE en 1999. C’est là aussi que Mário Soares et Salgado Zenha, en 1975, s’est déroulé le meeting du PS. Álvaro Cunhal du PCP, a organisé un rassemblement pour empêcher la formation du gouvernement réactionnaire CDS-PSD, en 1977.

La façade principale est décorée avec des azulejos en bleu et blanc (Jorge Colaço) représentant scènes dédiées à l’histoire du Portugal;Sagres(2), Bataille d’Ourique(3), Ala dos Namorados lors de la Bataille d’Aljubarrota(4) et au Cruzeiro do Sul(5). Ces faïences ‘azulejos’ ont été conçus par la fabrique de Sacavém (près de Lisbonne). Les sculptures Art et Science, qui se trouvent devant la façade principale, ont été exécutées par le sculpteur Raúl Xavier.

Le pavillon Calos Lopes, par manque de conditions de sécurité, est fermé en 2003 et reste à l’abandon. A partir du 18 février 2017, après de grands travaux, le pavillon ouvre ses portes avec une exposition sur le tourisme à Lisbonne des derniers vingt années, et dans le donjon nord, une exposition permanente sur l’athlète Carlos Lopes, avec plus de 300 pièces. C’est à l’occasion du 70ème anniversaire du champion olympique, Carlos Lopes, que l’Association du Tourisme de Lisbonne ré-inauguré c’est espace, destiné à des événements culturels et sportifs. Le pavillon Carlos Lopes, est à nouveau de retour et son histoire raconte aussi celle du Portugal.

Pavillon Carlos Lopes(1) à Lisboa, un pavillon qui raconte l’histoire politique culturel et sportive

(1) Carlos Alberto de Sousa Lopes est né le 18 février 1947 à Vildemoinhos, près de Viseu. Carlos Lopes travaille comme tailleur de pierre et veut être footballeur, mais son père s’y oppose, il s’oriente vers l’athlétisme. En 1967, il est invité à rejoindre l’équipe d’athlétisme du Sporting Clube de Portugal. Carlos lopes commence la saison 1976 par une victoire aux Championnats du monde de cross-country à Chepstow au pays de Galles. Après quelques années tombées dans l’oubli à cause de de blessures, Carlos Lopes réussit à se qualifier pour les Jeux Olympiques de Moscou en 1980. Carlos Lopes est médaillé d’Or lors du marathon des Jeux Olympiques de Los Angeles en 1984.

(2) Forteresse de Sagres ou Fort de Sagres, située en Algarve (pointe de Sagres).

(3) Bataille d’Ourique (région de l’Alentejo) à 25 juin 1139 entre le roi portugais D. Afonso Henriques contre les musulmans, avec la victoire portugaise.

(4) Bataille d’Aljubarrota (14 août 1385) entre les forces de la Castille avec les alliés français et les forces portugaises avec les alliées anglais, avec la victoire portugaise.

(5) Cruzeiro do Sul, la Croix du Sud, est groupe d’étioles indiquant le sud et qui a symboliquement guidé les explorateurs portugais à l’époque des Grandes découvertes.

Cruzeiro do Sul (Crux) constellation de la Croix du Sud, connue en portugais comme o Cruzeiro do Sul et un important symbole national brésilien. Cruzeiro do Sul est une petite constellation de l’hémisphère sud, la plus petite de toutes les constellations, qui contient notamment un amas d’étoiles appelé la boite à bijoux. Il y a plus de 2.000 ans, la Croix du Sud était encore visible dans l’hémisphère nord. Le Cruzeiro do Sul est utile pour trouver le pôle sud céleste. La première référence à cette constellation se trouve dans la lettre de 15 063 d’Amérigo Vespucci où il décrit « quatre étoiles magnifiques » et le marin António Pigafetta qui accompagné Magellan, en 1515, la nomme El Crucero et la décrit comme une Croix merveilleuse, la plus glorieuse de toutes les constellations dans le ciel. Cruzeiro do Sul (Crux) la Croix du Sud et ses cinq étoiles les plus brillantes apparaissent sur beaucoup de drapeaux des pays de l’hémisphère sud ; Brésil, Australie, Nouvelle-Zélande, etc.

Legenda Legenda - continuação

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Oradour em BruxelasA Europa não desconhece a sua História trágica. Mas, por vezes, parece não ser capaz de detectar os sintomas do mesmo mal que, por duas vezes, a deixou em ruínas.

1. Durante dez minutos, não mais, Robert Hébras, 93 anos, voz firme e passo ainda seguro, descreveu o extermínio da população de uma pequena vila francesa, cometido pela 2.ª Divisão SS “Das Reich”. Durou o tempo de uma tarde, no dia 10 de Junho de 1944. Morreram 642 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças. Houve seis sobreviventes. Ele foi um deles. Em Bruxelas, limitou-se a descrever os factos. Alistou-se na Resistência. Vive numa vila junto às ruínas de Oradour-sur-Glane, que ficou na História como um dos piores crimes nazis cometidos em França. Durante anos, a memória do massacre ficou com ele e com a sua pequena vila. Quando, em 1983, foi a Berlim-Leste testemunhar contra um dos responsáveis de Oradour, Willy Brandt convidou-o a participar numa conferência internacional sobre a paz, em Nuremberga. Dedicou o resto da sua vida a lutar pela reconciliação entre a França, a Alemanha e a Áustria e a dar o seu testemunho. Foi ao Parlamento Europeu receber o Prémio Cidadão Europeu, deixando muitos outros contemplados a pensar por que razão estavam ali.

2. A Europa não desconhece a sua História trágica. Mas, por vezes, parece não ser capaz de detectar os sintomas do mesmo mal que, por duas vezes, a deixou em ruínas. Hoje, o nacionalismo infiltra-se através de portas ligeiramente entreabertas, nas pequenas letras dos discursos, nas cedências políticas às mesmas ideias que estiveram tanto tempo adormecidas, que já nem nos lembrávamos delas. O “Brexit” é o resultado dessa desatenção, que nenhum dos defensores do referendo britânico acreditava ser possível. É esta a maior ironia e a melhor explicação para a desorientação do Governo britânico nas negociações com Bruxelas. Alguém tem de saber o que anda a fazer neste doloroso processo de separação e, já que Londres não consegue, é um bom sinal que os líderes europeus tenham aberto a possibilidade de dar uma pequena folga à primeira-ministra britânica, aceitando começar a tratar das relações bilaterais que devem suceder-se ao “Brexit”. Ainda não é certo, mas é uma hipótese a ser debatida na cimeira de Dezembro. É para isso que a Europa serve: para a reconciliação entre os países europeus, mesmo em momentos de ruptura. É preciso que o “Brexit” afecte o menos possível o destino do Reino Unido: a Europa ainda precisa dele. E nem vale a pena dizer quanto os britânicos precisam dela. De cada vez que Donald Trump fala, aumentam as preocupações de Londres. “Roma e Atenas”, “ponte sobre o Atlântico”, “farol da liberdade” parecem agora pertencer ao passado. A América de Trump não precisa de aliados, nem os quer. Por enquanto, é esta a realidade.

3. A vitória de Macron em França fez-nos acreditar que as correntes nacionalistas, populistas e xenófobas que contaminaram nos últimos anos a política europeia estavam em recessão. As eleições alemãs provaram que a vaga continua, atingindo um dos países mais estáveis da Europa com uma força que ninguém antecipou. Precisamente quando a Europa precisa, mais do que nunca, de uma Alemanha verdadeiramente europeia. A batalha está longe de poder considerar-se vencida. A Catalunha mostra-nos de uma forma ainda mais dramática do que o “Brexit” (apesar da Escócia) como o risco do nacionalismo está latente e se expressa na primeira oportunidade. Não convém que nos perdamos nos pormenores deste combate entre Barcelona e Madrid. A Catalunha é rica e não quer compartilhar a sua riqueza (tal como o Norte de Itália), vê-se como uma nação, e o nacionalismo é sempre suficientemente cego para ignorar as consequências de uma independência unilateralmente proclamada. Os catalães e alguns dos seus dirigentes (outros têm propósitos muito mais radicais) só agora descobriram que a Europa não é, afinal, a alternativa a Madrid. A “Europa das Regiões” nunca existirá, a não ser que a integração europeia se transforme num Estado federal, à semelhança da Alemanha ou dos Estados Unidos. Foi um sonho idealista, que hoje sabemos impossível, mas que volta hoje a emergir, na versão mais perigosa do nacionalismo. Em Espanha, no Reino Unido, na Bélgica, em velhas divisões que já tínhamos dado como superadas. Ou com a rejeição do outro, do que é diferente, dentro e fora das suas fronteiras nacionais.

4. Hoje a Áustria vai às urnas, numas eleições a que damos menos atenção do que deveríamos (ver páginas 16 e 17 desta edição). A Áustria foi um dos países condenados à neutralidade, durante os anos da Guerra Fria. Como a Finlândia, era a barreira difusa da Cortina de Ferro, com os benefícios do lado ocidental, mas com limitações à sua soberania. Durante décadas, os dois grandes partidos, os sociais-democratas e os democratas-cristãos, repartiram o poder entre si, dividindo irmãmente as benesses correspondentes. O fim da Guerra Fria levou-a até à União Europeia (1995), mas ainda não à NATO. Conseguiu, em 1986, eleger um Presidente (Kurt Waldheim) sobre o qual pendiam suspeitas fundadas de ter colaborado com o exército nazi mais do que seria necessário, depois da anexação da Áustria. Abriu espaço para a afirmação de um forte partido de extrema-direita no início do século XXI, que chegou a ser parte de um governo

de centro-direita e que levou (foi a única vez) à suspensão do seu voto no Conselho Europeu e nas instituições europeias. No ano passado, as eleições presidenciais travaram-se entre um candidato da extrema-direita e um candidato que emergiu dos Verdes. Tiveram de ser repetidas e acabaram por dar a vitória ao candidato do sistema democrático, mesmo que por uma margem mínima. A Europa embandeirou em arco: vêem, não foi só na França que o nacionalismo foi travado. As eleições de hoje vão, com toda a probabilidade, dar a vitória a um jovem líder do centro-direita (31 anos), Sebastian Kurz, que estará disponível para aceitar a direita extremista no seu governo, depois de dez anos de uma “grande coligação” que terminou em acusações mútuas disputadas em tribunal. A extrema-direita adoçou o discurso e libertou-se dos aspectos mais ofensivos da sua ideologia. Os partidos centrais interiorizaram algumas das suas bandeiras, sobretudo as que dizem respeito aos imigrantes e aos refugiados. Em países onde se vive bem, como a Áustria, a Alemanha, a Dinamarca ou a Suécia, a questão identitária tornou-se mais importante do que as questões sociais.

5. Não costumo responder a quem me critica nas páginas dos jornais, incluindo este. Sem querer ofender ninguém, parece-me uma espécie de bravata desnecessária. “Atacaste-me? Espera pela volta.” Mas quando cheguei ao jornal, vinda de Bruxelas, tinha à minha espera uma recepção um tanto ou quanto inesperada: “Com que então pertences ao PSD e nunca disseste nada a ninguém?” Lá estava a coluna habitual de Francisco Louçã, que me incluía na “artilharia” dos que vieram à praça pública defender “o seu (meu) partido”. O título da minha última coluna de opinião era precisamente “O PSD tem futuro. O PCP não tem”. Talvez esteja errada. Vivemos num tempo em que o que damos como provável hoje passa a ser improvável amanhã. Não milito em nenhum partido, mas não costumo esconder aquele em que voto. Creio que Louçã também sabe. E, já agora, aproveito a oportunidade de esclarecer que votar no PSD não é nenhum insulto, por uma razão simples: o PSD e o PS foram e ainda são os pilares da democracia liberal em que vivemos desde o Revolução. Para mim, é o critério fundamental. Mas confesso que prefiro a velha profecia de Willy Brandt sobre a contestação estudantil que varreu a Europa nos anos 1960 e na década seguinte, que diz mais ou menos assim: “Um jovem esquerdista hoje será um bom social-democrata amanhã.” Sabe-se de que social-democracia falava.

Oradour sur Glane - o massacre en 1944!

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Rosa dos Ventos Rose des Vents

Saint Martin, chataignes, vin et chevauxLe 11 novembre rime avec l’odeur des châtaignes grillées et le goût du vin nouveau. On fête aussi saint Martin, le 11 novembre. Il y a des foires dans plusieurs villes, du nord au sud du Portugal, les « feiras de São Martinho », qui peuvent durer une dizaine de jours. Il y a des fêtes de la châtaigne qu’on appelle des « magustos », avec de l’animation. On profite pour faire la promotion des produits du terroir.

Foire traditionnelle d’automne

Saint Martin était un saint très généreux ; en son honneur plusieurs mairies entreprennent la distribution gratuite de châtaignes grillées à la population.

Des vendeurs de châtaignes, on peut les trouver partout, aussi bien dans les foires que près des plages, mais aussi en plein centre de Lisbonne !

Traditionnellement on entaille les châtai-gnes, un peu de gros sel, et on les fait griller dans des pots de terre cuite avec des trous au fond, qu’on pose sur un brasier de charbons, et qu’on secoue de temps en temps pour que les châtaignes soit à point. Çà sent très bon ; j’achète toujours un cornet avec une douzaine.

Vendeur de châtaignesgrillées

Sur un autre plan, les châtaignes grillées accompagnent la dégustation du vin nouveau, avec plus d’importance dans les régions viticoles.

Mais la Saint-Martin rime aussi avec l’été de « São Martinho », que dans d’autres pays on appelle été indien. Chacun sait que le temps s’adoucit en cette période de l’année, et que parfois, pendant le mois de Novembre, nous avons des températures estivales pendant plusieurs jours. Les dates ne sont pas précises, ce n’est pas garanti non plus !

Il y a un phénomène météorologique qui explique cette situation. Mais il est aussi bien agréable de croire à l’influence de saint Martin. Plus au moins tiré de l’histoire, on raconte ici (et bien sûr dans d’autres pays) que Martin (avant de devenir saint) était un soldat romain qui parcourait à cheval plusieurs régions de l’empire.

Un jour, lors d’un hiver particulièrement rigoureux, il se trouva en présence d’un mendiant à demi nu qui grelotait de froid. Martin n’hésita pas un instant, à l’aide de son épée, il coupa sa cape en deux et en donna la moitié au pauvre.

Et un miracle a eu lieu. La pluie s’arrêta. Un soleil radieux chassa le froid glacial. Martin et le mendiant ont été réconfortés.

Depuis il est dit, que pour rappeler le geste généreux de saint Martin, Dieu veut que tous les ans un soleil d’été en plein automne réchauffe le paysage et le cœur des hommes de bonne volonté. C’est l’été de la Saint-Martin.

Aussi en l’honneur de ce saint très populaire a lieu tous les ans, dans la ville de Golegã (se lit Golegant), située dans la province du Ribatejo (centre du Portugal) la Fête Nationale du Cheval, qui depuis le XVIe siècle jusqu’au milieu du siècle dernier se nommait la foire de saint Martin.

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Viseu

“Depois disto, o que é que nos segura cá?”Na freguesia de Ventosa, concelho de Vouzela, contavam-se nesta segunda-feira quatro mortos e as suspeitas não confirmadas de uma quinta vítima mortal. Entre casas, carros, palheiros, animais domésticos e de criação, o fogo queimou “90% do que havia para arder”.

Por Natália Faria (Texto) e Adriano Miranda (Fotografia) / P

Mal deu pelas chamas a ameaçarem-lhe a casa, pouco depois da meia-noite, Maria de Lurdes nunca mais parou. “Era uma ventania doida, todos a passar baldes [de água] de uns sítios para os outros. As bilhas de gás — pimba, pumba... — a estourar por tudo quanto era lado. Ardia tudo”, descrevia a sexagenária. Cabelo curto protegido por um boné e a bata suja de cinza, Maria chora quando se lembra que, nem somada à solidariedade instantânea entre os vizinhos, a sua azáfama valeu aos três moradores que, raiado o dia, descobririam carbonizados pelas chamas, algumas casas adiante.

Lugar de Vila Nova, na freguesia de Ventosa, a maior do concelho de Vouzela, distrito de Viseu. O casal que morreu dentro de casa era Laurinda Lourenço, de 62 anos, e Fernando Jesus Lourenço, de 70 anos. Uma irmã deste, Arminda Jesus Lourenço, de 78 anos, que morava na mesma casa, morreu também. E, umas portas mais à frente, uma idosa com mais de 90 anos também não conseguiu resistir ao fumo inalado enquanto uma nora a tentava pôr a salvo das chamas.

Na mesma freguesia de Ventosa, mas no lugar do Covelo, a Polícia Judiciária (PJ) admitia a existência de uma quinta vítima mortal: um idoso de 83 anos que terá ficado soterrado sob os escombros a que o fogo reduziu a sua casa. Porém, o facto de ainda haver brasas no local que ameaçava derrocada impedia, ao início da tarde desta segunda-feira, os técnicos da PJ de procederem às devidas averiguações.

Por toda a aldeia, o cenário era de devastação. Arderam casas, carros, maquinaria e alfaias agrícolas, animais domésticos e gado. Por onde quer que se passasse, viam-se placas de sinalização derretidas ou enegrecidas pelo fumo, cadáveres de ovelhas e cabras carbonizados, cães jazidos no chão presos à trela, quilómetros e quilómetros de terra escura a fumegar, pontuados por pequenas chamas que funcionavam como lembrete do cenário de horror que fora vivido durante a noite.

“Ardeu 90% do que havia para arder”, resume Jorge Paulo Almeida, sujo de cinza e olhos vermelhos do fumo e da noite que passou em claro a distribuir água num carro com dois bombeiros sapadores — os únicos a acudir aos quase 800 habitantes que, segundo os últimos Censos, habitam nesta freguesia. “O fogo parecia um tornado. Havia projecções de um lado para o outro e o vento tanto andava para a esquerda como para a direita, de certeza que a mais de cem quilómetros por hora”, descreve Jorge Almeida, que, feito cicerone, andou com o PÚBLICO numa contabilidade improvisada aos prejuízos: além das casas, anexos e armazéns agrícolas e canastros, como aqui se usa chamar aos espigueiros, arderam um aviário e uma serração.

“Isto foi uma réplica de Pedrógão Grande”, gritava de uma janela uma mulher que se pusera em fuga com um filho de dois anos e que continuou a andar mesmo com um pneu rebentado pelo calor, na povoação de Aguieira, em direcção ao centro da freguesia. O marido Nuno Almeida, de 38 anos, seguiu-a numa carrinha, “aos tombos por todo o lado”. “Não se via um palmo à frente. Mas pelo caminho ainda apanhei dois senhores de idade que estavam aflitos à beira da estrada”, descreve. Juntos, lá conseguiram pôr-se a salvo. Quando, de madrugada, regressaram a casa, descobriram-na incólume, excepção feita a uns barracões anexos.

“Tanto fazia chamar os bombeiros…”“O fogo queimou as minhas três paróquias e matou-me quatro — não sei se cinco — pessoas”, contabiliza, por seu turno, o padre António de Sousa Fernandes, à porta da sua casa, feita de pedra. Apesar dos 80 anos, o pároco andou entre a 1h e as 11h da manhã a distribuir baldes de água por tudo quanto ardia. “Tanto fazia a gente chamar os bombeiros como não chamar, porque não havia ligações. Vi arder casas que podiam não ter ardido se houvesse meios prontos a actuar”, censura, antecipando “situações de muita dificuldade” entre os sobreviventes.

“Arderam plantações, animais de criação...”, prossegue, com o desalento estampado no rosto a condizer com a negritude à volta da sua casa que só conseguiu salvar porque tem “a sorte de ter água que não precisava de motor para a puxar”. É que a aldeia esteve, e deverá continuar por estes dias, sem electricidade. “Só espero que a Segurança Social ajude esta gente — quase tudo velhos — e não aconteça como em Pedrógão Grande, onde vergonhosamente não se sabe onde foi parar o dinheiro”, remata.

A preocupação pelo que vem a seguir é a que dança também na cabeça de Custódia dos Anjos Moita. É, além da irmã que vive com ela, a única habitante do lugar do Picoto. À volta, tudo destruído. “A nós valeu-nos um sobrinho que nos veio ajudar, porque a gente não se atrevia com este fogo”, descreve a septuagenária, lenço na cabeça, bata por cima da roupa. “Vocês andam a dar alguma ajuda?”, perguntara quando o PÚBLICO se aproximou da sua casa de vidros partidos pelo calor. Ficou sem palheiros e sem lenha para o Inverno. “A sorte é que aqui à volta as casas estão todas vazias. De certezinha que teria morrido mais gente se não fosse assim.”

Em aldeias há muito ameaçadas pelo despovoamento galopante, os mortos confirmados estavam todos ao pé da porta de Maria de Lurdes, no lugar de Vila Nova. “Sabíamos que as pessoas estavam lá, mas não imagina o que isto foi, com fogo por todo o lado. Ninguém conseguiu lá ir. Às tantas, dei por mim a pensar uma coisa que até me custou: ‘Já devem estar mortos.’ E mortos estavam, coitadinhos.” Quando via as notícias de Pedrógão, Maria de Lurdes, que tem nos vizinhos a família que, solteira e sem filhos, nunca teve, costumava benzer-se: “Nós aqui estamos no céu.” Afinal, não. “É um inferno como os outros. Depois disto, o que é que nos segura cá?”

O olhar de um homem, de um camponês que tudo perdeu e que os políticos deve-riam ter a coragem de enfrentar antes de falarem à toa.

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L’amiral Rogel rétrogradé dans la hiérarchie élyséenneLe chef de l’état-major particulier du président perd une place dans le protocole. Cela n’entraîne «aucun changement sur le fond», assure l’Élysée. Vraiment ?

Par Jean Guisnel

Jean-Yves Le Drian, ministre français des Affaires étrangères, Emmanuel Macron, président français, et; amiral Bernard Rogel.

C’est peut-être un détail pour vous, mais pour lui ça veut dire beaucoup ! Et pour tous les militaires également… L’amiral Bernard Rogel, 61 ans, chef de l’état-major particulier (CEMP) du président Emmanuel Macron, a été rétrogradé sans tambour ni trompette dans la hiérarchie des collaborateurs élyséens. De toute éternité, le CEMP occupe la deuxième place dans l’ordre protocolaire de la présidence de la République, juste derrière le secrétaire général. Le premier arrêté du président de la République, le 14 mai dernier, reconduisait Bernard Rogel dans les fonctions qu’il occupait auprès de François Hollande depuis le 16 juillet 2016, date à laquelle il avait succédé au général Benoît Puga, devenu grand chancelier de la Légion d’honneur. Cette nomination par Emmanuel Macron n’avait pas dérogé au classement habituel des collaborateurs présidentiels : Rogel figurait à la deuxième place.

Or, dans l’arrêté définitif « relatif à la composition du cabinet du président de la République », publié le 19 septembre au Journal officiel, le CEMP recule d’une case et passe en troisième position. Devant lui se trouvent le secrétaire général Alexis Kohler, comme c’est habituel, mais aussi le directeur de cabinet Patrick Strzoda, 65 ans, ce qui est inédit. Dans l’organigramme des précédentes présidences, ce poste de directeur de cabinet est en position hiérarchique nettement inférieure. Sylvie Hubac se trouvait en sixième place dans le premier cabinet de François Hollande et Emmanuelle Mignon figurait au huitième rang dans le premier cabinet de Nicolas Sarkozy. Autres temps, autres mœurs ? Sans doute. Et le président est maître du placement de ses collaborateurs. Mais de là à faire régresser pour la première fois un militaire d’un si haut rang que celui de Bernard Rogel, il y a de la marge.

Pas de « conséquence juridique », assure l’Élysée

À l›Élysée, on fait savoir au Point que la rédaction du décret officialisant pour la première fois la composition complète du cabinet d›Emmanuel Macron « n›a pas d›impact » sur le fonctionnement interne de l›institution. On précise également dans l›entourage présidentiel qu›il n›y aurait pas de lien entre l›ordre nominatif tel qu›il apparaît dans le décret publié au Journal officiel du 19 septembre et la réalité du travail quotidien de l›Élysée.

Cette lecture est pourtant constante, comme nous l’ont confirmé tous les interlocuteurs que nous avons consultés lundi sur ce point. L’entourage d’Emmanuel Macron fait néanmoins observer que la nouvelle rédaction du décret, qui fait glisser l’amiral Rogel de la deuxième à la troisième place, n’entraîne pas de « conséquence juridique » et que « rien ne change » dans l’organigramme fonctionnel de l’Élysée.

Au vu de l’émotion suscitée par la nouvelle mouture de l’organisation élyséenne, il n’est pas certain que cet argument porte. D’autant plus si on se souvient de la méticulosité avec laquelle le président Macron surveille de tels éléments. Mais à l’Élysée, on insiste sur le fait que la rédaction du décret ne traduirait « évidemment aucun changement sur le fond ». On l’a bien compris : la forme ne compterait pas. Dans l’univers militaro-politique fait de hiérarchies, de grades, de symboles et de règles intangibles, la forme n’est pourtant pas dissociable du fond, et inversement.

Le gardien du temps

Car la position hiérarchique du CEMP n’est évidemment pas le fruit du hasard. Rogel, comme ses prédécesseurs, est classiquement – avec tout le personnel de l’état-major particulier – le seul haut fonctionnaire restant en place lors de la transition d’un président à l’autre. Bien des raisons expliquent cette position très particulière du CEMP, la première étant son rôle éminent dans des domaines de la plus haute importance, au cœur des prérogatives régaliennes du chef de l’État et chef des armées : l’arme nucléaire, les opérations à l’étranger (Opex) et le renseignement extérieur. Lors de sa prise de fonction, c’est Bernard Rogel qui a présenté à Emmanuel Macron les plans de frappes nucléaires et a préparé leurs évolutions. Il ne saurait être question d’une carence à ce niveau auprès du nouveau chef de l’État. À l’Élysée, le CEMP joue donc le rôle de gardien du temps dans une relation exclusive de conseiller personnel du président, ayant accès à lui en permanence et en direct. L’amiral est d’ailleurs le plus souvent présent lors des déplacements présidentiels à l’étranger.

Cette dimension exclut tout aspect politicien ou partisan : le chef de l’état-major particulier est un militaire discipliné et compétent, une incarnation de la dévotion des militaires à l’autorité politique. Le CEMP n’a pas de relation de dépendance avec quiconque, sinon le président en personne, et surtout pas avec le chef d’état-major des armées, François Lecointre, qui, lui, doit faire marcher la boutique militaire au jour le jour. Traditionnellement, il n’en a pas non plus avec le personnel civil de l’Élysée, qu’il s’agisse du secrétaire général ou de tout autre collaborateur présidentiel. En ira-t-il différemment à l’avenir ? Nous verrons.

Défiance envers les militaires

Le recul de Bernard Rogel sur le décret de composition du cabinet d’Emmanuel Macron est cohérent avec la réduction de son rôle sous le règne du nouveau président, par exemple dans la préparation des conseils de défense. Une chose est sûre : le chef de l’État a une difficulté avec les militaires. Manifestée durant l’été, lors de la crise paroxystique avec le chef d’état-major des armées démissionnaire Pierre de Villiers, cette défiance trouve clairement sa source dans la crainte exprimée lors du discours présidentiel à l’hôtel de Brienne le 13 juillet : « Je suis votre chef. Les engagements que je prends devant les concitoyens, devant les armées, je sais les tenir et je n’ai à cet égard besoin de nulle pression, de nul commentaire. »

Il continue d’avoir curieusement besoin de démontrer que l’autorité civile qu’il incarne doit faire marcher les militaires sans murmure ni discussion. Il le signifie concrètement par cette rétrogradation hiérarchique qui n’est pas seulement symbolique. En démontrant à tout le moins que ce militaire croisé tous les jours par le président était placé dans une position trop élevée à ses yeux. Commentaire d’un spécialiste chevronné de la relation politico-militaire, connaissant bien les deux hommes : « Je suis certain d’une chose : Puga n’aurait jamais accepté, il serait parti ! Personne n’aurait osé lui faire subir ça… »

O Consulado-geral de Portugal em Montréalinforma, que devido a problemas de ordem técnicana Universidade de Montréal, a exposição e espec-táculo sobre «A História do Fado», inicialmente prevista para o dia 2 de Novembro, foi adiada e que posteriormente será anunciada a nova data/hora.Apresentam desculpas pelo inconveniente.

CGPM

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A mulher invulgar que deu o rosto à RepúblicaEm 1910, uma jovem de 16 anos serviu de modelo para o Rosto da República ao escultor Simões de Almeida, sempre sob o olhar atento da mãe. Chamava-se Hilda Puga e a sua vida foi plena de aventuras. O Expresso conta-lhe a história de uma mulher invulgar, que sobreviveu a dois cancros, esteve casada dois meses, foi rica mas teve tornar-se costureira para sobreviver e morreu no dia em que celebrou 101 anos

Por KATYA DELIMBEUF/E FOTOS CORTESIA DA FAMÍLIA PUGA – no atelier a posar

Até 1970, Hilda Puga andava nos bolsos de todos os portugueses. Era dela o rosto das moedas de 5 escudos e de 50 centavos, fruto do serviço patriótico que prestou muitos anos antes, quando a República foi instaurada, em 1910. Ela, que «até era profundamente monárquica, muito católica e reaccionária», recorda o neto, Nuno Maia, 50 anos, «aceitou o pedido do escultor Simões de Almeida por amor ao país.» Hilda tinha 16 anos, e trabalhava numa camisaria na R. Augusta, na Baixa de Lisboa. Estava a fazer uma entrega quando se cruzou com o escultor, que lhe achou graça e a convidou para ser sua modelo.

Foto de moeda de 1951

Como Hilda era menor de idade, Simões de Almeida teve de pedir autorização à mãe dela, que lhe impôs duas condições: a primeira, ela própria teria de estar presente nas sessões - que duraram duas horas, durante um mês; e a segunda era que a filha teria de posar vestida. Foi esta, aliás, a razão que levou Hilda Puga a só falar abertamente deste episódio depois dos 90 anos... É que o busto de Simões de Almeida mostra uma mulher de amplo decote, e Hilda jura «que só tinha desabotoado um botão da camisa...»

Este poderia ser um episódio de relevo na vida de muita gente, mas para Hilda foi apenas um numa vida cheia de aventuras e reviravoltas. Nas primeiras está, por exemplo, uma viagem de barco de meses até ao Amazonas. Nas reviravoltas da vida estão a perda do pai e a passagem de menina rica a costureira.

DE LISBOA PARA BELÉM DO PARÁ O pai de Hilda, Tomás Garcia Puga, era um homem abastado, proprietário da fábrica de tijolos da praça de Touros do Campo Pequeno (Lisboa). Apaixonou-se pela empregada, com quem viveu a vida toda e de quem viria a ter cinco filhos – mas o acto de amor custou-lhe o corte de relações com a família de origem, que nunca aceitou uma união tida como «inferior». Um revés nos negócios obrigou Tomás Puga a vender a fábrica. Atraído pelo Eldorado da borracha no Novo Mundo, em finais do

século XIX, ruma a Iquitos, na Amazónia peruana, onde ergue um armazém geral. A vida corre bem, tanto que, passados poucos anos, Tomás chama a família toda. Numa longa viagem de mais de três meses, de «vapor, barco e piroga», Hilda, a mãe e os quatro irmãos rumam de Lisboa até Belém do Pará.

Foto da família em Belém do Pará

Passaram-se três anos felizes na Amazónia, até que Tomás Puga adoece com beriberi, uma avitaminose provocada por deficiência de vitamina B1. O médico dita a sentença: Tomás tem de regressar a um clima temperado, sob pena de morrer. A família Puga embarca de novo, de regresso a Lisboa – mas o chefe de família não aguenta a viagem e morre a bordo, ao largo de Cabo Verde. O funeral é feito no mar. À chegada à Lisboa, sem o sustento da família, esperava-os a miséria.

Foi a educação dos anos de desafogo financeiro, que proporcionou aulas de piano, costura e bordado, que permitiu à mãe e às irmãs Puga sobreviverem. Hilda dedicou-se à costura – nunca deixou de costurar, a vida toda. «Fê-lo diariamente até aos 96 anos», conta o neto - «lençóis, toalhas, fardas de empregada, crochet», e ocupava-se muito em leituras. Mas a vida ainda lhe reservaria outros desafios.

Ainda antes dos 30 anos, Hilda teve um primeiro cancro de mama, que o pai do médico Gentil Martins retirou. Na mesma altura, casou-se, com um jornalista – foi a última das irmãs a fazê-lo. Mas também aqui não teve sorte, permanecendo casada escassos dois meses. Arremessou um candeeiro à cabeça do marido, e, apesar de muito católica, pediu o divórcio em 1932 (ainda antes da Concordata ser assinada em Portugal), somando para si mais um estigma social: o de mulher divorciada.

Não tornou a casar-se, e nunca teve filhos – mas criou como tal uma sobrinha, Emília, que lhe chamaria sempre «mamã». Aos 60 anos, Hilda teve um cancro na outra mama, e mais tarde, retirou outro tumor, na barriga. Cegou ainda de um olho, o esquerdo. A tudo isto sobreviveu. Com a costura, sustentava a mãe e filha «adoptiva». Até que esta se casou, em 1957. Após 3 anos de vida em comum com Emília e o marido, optou por

ir para um lar, aos 77 anos. Estava muito habituada ao seu espaço, e custava-lhe ter de prescindir da sua liberdade.

Onze anos mais tarde, sofreu o maior de todos os golpes: Emília morria, de cancro de mama. Hilda remeteu-se à clausura total, no lar, não saindo de lá durante uma década. Foi preciso nascer o primeiro sobrinho neto para tornar a passar o Natal em família. Em 1991, parte uma perna e cai à cama. Nessa altura, o seu maior problema era «não poder costurar». Dois anos depois, falece, aos 101 anos. Morria o rosto da República, cuja implantação se assinalou recentemente.

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jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en FrançaisAffaires et économie

Bombardier : le début de la fin ?Un temps, avec sa CSeries, Bombardier a souhaité rivaliser avec les géants. Maintenant, l’entreprise est un pion dans ce combat. Et Airbus pourrait l’avaler à moyen terme, explique Alec Castonguay.

Alec Castonguay/ P Photo: La Presse canadienne/Paul Chiasson

Dans le déluge de déclarations depuis la prise de contrôle de la CSeries de Bombardier par le géant européen Airbus, la plus importante pour l’avenir du fleuron québécois a certainement été rapportée à l’autre bout des États-Unis, dans le Seattle Times.

Et elle n’a rien de rassurant. « Ce n’est pas une entente à trois éternelle. À la longue, nous allons racheter 100 % du programme. C’est l’objectif. Au bout du compte, ce sera un programme Airbus. »

Ces mots, ce sont ceux du vice-président aux communications d’Airbus, Rainer Ohler. La date envisagée pour ce rachat ? Aussi tôt que 2023, quand Investissement Québec pourra commencer à vendre sa participation de 19 % dans la nouvelle société CSeries. Puis, en 2025, quand Airbus pourra commencer à racheter les 31 % de Bombardier.

En revanche, Bombardier n’a pas de clause lui permettant de racheter le programme à Airbus.

Bombardier convient que la possibilité d’être avalé existe, puisque l’entreprise montréalaise n’avait pas le gros bout du bâton dans cette négociation. « Ça reflète notre participation minoritaire, notre situation financière et notre endettement », explique à L’actualité Olivier Marcil, vice-président aux relations externes de Bombardier.

Si la CSeries va bien, comme tout le monde le prévoit maintenant, Bombardier n’aura pas les ressources financières pour acheter les parts d’Airbus, dit-il. Si, en revanche, Airbus souhaite racheter les parts de Bombardier à leur valeur courante, ça coûtera « assez cher » à l’avionneur européen, estime-t-il. « Il est impossible de prévoir ce qui va se passer dans sept ans, admet Olivier Marcil. Oui, Airbus peut nous racheter, mais on peut aussi continuer comme ça. »

N’empêche, Airbus a les poches profondes. Et en quelques mots, Rainer Ohler a résumé tous les risques de cette transaction. À court terme, l’alliance sauve la CSeries de Bombardier, les emplois au Québec et l’investissement public. Le programme sort de l’incertitude qui le mine depuis des années et prendra véritablement son envol. Mais à moyen et long terme, c’est carrément l’avenir de Bombardier qui deviendra l’enjeu majeur.

Si Airbus fait de la CSeries un succès et rachète Bombardier, comme l’un de ses hauts dirigeants le laisse entendre, comment se débrouillera le fleuron québécois sans le joyau technologique qui devait assurer sa croissance pendant des décennies ? Et comment va-t-il s’extirper de la pression qu’il subira dans sa division ferroviaire, alors que la fusion entre les européennes Alstom et Siemens crée un nouveau géant ?

Bref, dans quelques années, Bombardier sera-t-il encore la force industrielle d’aujourd’hui?Les propos du vice-président aux communications d’Airbus trahissent la vraie partie qui se joue. Celle entre Boeing et Airbus. Un temps, avec sa CSeries, Bombardier a souhaité rivaliser avec les deux géants. Maintenant, il est un pion dans ce combat. Et Airbus vient de remporter une partie importante.

Une sérieuse claque à Boeing

À Seattle, au siège social de Boeing, l’annonce de l’alliance Bombardier-Airbus a frappé comme l’éclair. Les journalistes spécialisés en aviation étaient à bord

d’un Boeing 787 long-courrier devant être livré à l’entreprise australienne Qantas lorsque la nouvelle du pacte a commencé à circuler, lundi en fin de journée. Les yeux sur leurs téléphones, les cadres de Boeing étaient estomaqués par l’annonce-surprise… mais aussi par la rapidité avec laquelle les journalistes sont sortis du 787 pour se ruer vers les téléviseurs les plus proches afin de suivre la conférence de presse de Bombardier. Au diable la livraison à Qantas !

La prise de contrôle de la CSeries permet au nouveau partenariat eurocanadien de flanquer une sérieuse claque à Boeing, qui se retrouve dans la pire situation. Après avoir tenté d’asphyxier Bombardier en lui fermant le marché américain pour son nouvel avion — avec l’aide complaisante de Washington —, il devra maintenant affronter son grand rival Airbus, qui a des poches autrement plus profondes, et une force de vente mondiale inégalée dans les appareils monocouloirs, comme ceux de la CSeries.De plus, si le gouvernement Trudeau devait tenir sa promesse de ne pas acheter les avions de chasse Super Hornet, de Boeing, en guise de représailles aux actions de Boeing contre Bombardier — et il le devrait, puisque c’est la férocité de Boeing qui a incité Bombardier à vendre le contrôle de son nouvel avion —, Boeing sortirait comme le grand perdant de cette guerre commerciale qu’il a lui-même déclenchée.

Donald Trump, lui, doit rire en secret : l’alliance Airbus-Bombardier créera des centaines d’emplois aux États-Unis avec l’installation d’une deuxième chaîne de montage de la CSeries à Mobile, en Alabama, pour contourner les droits compensatoires et antidumping.

Pour Airbus, c’est une victoire éclatante :

l’entreprise prend pied au rabais dans un segment, les appareils de 106 à 140 sièges, promis à un bel avenir — 6 000 appareils d’ici 20 ans ;elle n’a pas déboursé un sou pour créer la CSeries, dans laquelle Bombardier et les gouvernements ont englouti plus de 6 milliards de dollars jusqu’à présent ;les investissements nécessaires dans l’usine de Mobile représentent un excellent rapport qualité-prix pour l’avionneur européen. Bombardier n’avait pas les ressources financières pour le faire seul, mais c’est de la petite monnaie pour Airbus, dont les ventes atteignent 100 milliards de dollars par année (contre 16 milliards pour la division aéronautique de Bombardier).

Airbus étend sa gamme d’avions vers le bas, dans un marché en croissance, avec un appareil d’une grande qualité, qui dépasse les attentes. Tom Enders, le grand patron d’Airbus, après avoir regardé la CSeries de haut il y a quelques années, a bien remarqué son potentiel. Les premiers clients, Swiss et Air Baltic, sont très satisfaits.

En conférence de presse téléphonique hier, il a soutenu que les ventes de la CSeries étaient freinées en raison de l’incertitude concernant l’avenir de Bombardier, et sa capacité financière de fournir les avions. Ce problème réglé, a-t-il dit, « nous allons faire décoller les ventes ». Pas de doute.

De plus, dans les dernières années, Airbus a de façon draconienne réduit les prix de son plus petit modèle, A320neo, pour empêcher Bombardier de remporter des contrats. Boeing a fait de même avec son 737 MAX. Les géants n’ont pas laissé de chance à Bombardier de réussir le décollage de la CSeries. Une compétitivité sous-estimée par Bombardier.

C’est maintenant Airbus, plus rusée que Boeing, qui en profite. Ajoutez le fait qu’Airbus entre au capital de Bombardier en obtenant 5 % des actions. Bombardier ayant été déplumé en Bourse depuis quelques années, il s’agit d’un bon placement.

Bref, pour Airbus, c’est le risque zéro, et un potentiel énorme.

Le patron de Bombardier, Alain Bellemare, a raison de souligner que l’entreprise détient maintenant 31 % d’une tarte alléchante beaucoup plus grosse, plutôt que 50,5 % d’une petite tarte au goût encore incertain. Les fruits pourraient être délicieux pendant les sept ou huit prochaines années. Mais ensuite ?

Si l’avionneur franco-allemand concrétise son désir de faire de la CSeries un programme 100 % Airbus, Bombardier recevra des milliards, mais sera dépouillé de son principal vecteur de revenus, du bijou qui devait assurer sa croissance. L’avionneur a aussi négligé ses autres appareils dans les dernières années pour se concentrer sur la CSeries : les jets régionaux et les Q400 ne se vendent plus comme avant. Alain Bellemare souhaite leur consacrer plus d’attention, ce qui est une bonne idée, parce que c’est tout ce qui pourrait rester en 2025. Heureusement que la division des avions d’affaires, avec le nouveau Global 7000, est en bonne santé.

Or, à terme, il n’est plus illusoire de penser que la bouchée ne serait pas trop grosse si Airbus voulait racheter toute la division aéronautique de Bombardier. Maintenant qu’elle est entrée au capital de Bombardier, l’européenne pourra suivre

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l’évolution de l’entreprise de près. Et pourquoi, une fois la CSeries bien en main, ne pas poursuivre la diversification de sa flotte avec l’achat des jets régionaux et des Q400? Les avions d’affaires semblent une plus grosse commande pour Airbus, qui n’a pas d’expertise dans ce domaine, mais qui sait?

Le futur de Bombardier pourrait se trouver dans un repli sur ses lucratifs avions d’affaires, tout en devenant un fournisseur de pièces pour Airbus (ou même Boeing!). Une entreprise rentable, mais plus petite et moins prestigieuse, avec moins d’emplois.

C’est bien sûr hypothétique. Mais les spéculations vont bon train chez les analystes et les observateurs de la scène aéronautique depuis l’annonce de l’alliance-surprise.

Et l’argent public ?

Dans le cas de la CSeries, le gouvernement du Québec ne perdra pas d’argent. La valeur de la nouvelle entreprise, même avec 19 % des parts, augmentera rapidement. L’État touchera des profits sur les ventes et, possiblement, pourra récupérer le 1,3 milliard de dollars investi en vendant ses actions.

Pour ce qui est de la sauvegarde des emplois, la seule véritable raison du sauvetage de Bombardier en 2015, c’est réussi à court terme. Mais dans quelques années, ce sera à réévaluer. La décision de créer une deuxième chaîne de montage de la CSeries en Alabama laisse planer un doute, en raison des bas salaires dans cet État, et de l’inefficacité d’avoir plusieurs chaînes de montage pour un seul type d’appareil. Les emplois actuels resteront au Québec, à n’en pas douter. Mais si le volume de ventes augmente dans quelques années, où seront créés les nouveaux emplois ? Ce sera à suivre.

Sur l’autre front, celui du transport ferroviaire, une phrase lancée le 4 octobre dernier par le ministre français de l’Économie et des Finances, Bruno Le Maire, devant les commissions des Finances et des Affaires économiques de l’Assemblée nationale française, laisse songeur : « Ma conviction, c’est que nous aurons une recomposition industrielle dans tous les secteurs qui sera beaucoup plus rapide que ce que nous pensons. »

Il a ajouté : « Je suis convaincu que cette consolidation intégrera, le moment venu, et Bombardier et le constructeur espagnol CAF. »

Si, pour affronter le géant chinois CRRC, Bombardier doit s’allier à un autre constructeur ferroviaire ou se joindre à la fusion Alstom-Siemens, le volet rail sera lui aussi soumis au bon vouloir d’entreprises étrangères. En même temps, Bombardier a-t-il les reins assez solides pour continuer seul ? Un peu comme avec la CSeries, les bons choix ne sont pas nombreux, et les risques, élevés.Ce sont des perspectives sombres, j’en conviens. Et je ne le dis pas de gaieté de cœur : comme bien des Québécois, j’ai toujours admiré l’esprit d’innovation de Bombardier. Je ne fais pas partie de ses détracteurs. L’entreprise n’a pas toujours été bien gérée, mais elle a de l’audace. Il en faut pour se frotter à des géants qui souhaitaient constamment sa mort.

Cela dit, le monde des affaires est aussi imprévisible que la politique. Bombardier pourrait bien s’en sortir et, dans quelques années, on y verrait un coup de génie. Mais il n’est pas impossible que d’ici une dizaine d’années, Bombardier ne soit plus le fleuron québécois qu’il est encore aujourd’hui. Les emplois pourraient toujours exister, mais sous d’autres noms d’entreprises — Airbus, Alstom-Siemens, CRRC… Des entreprises qui disparaissent, ça n’arrive pas qu’aux autres.

En rétrospective, il se pourrait qu’on se souvienne de 2017 comme de l’année où Bombardier est devenu l’acteur que les industries aéronautique et ferroviaire se sont divisé pour consolider un marché turbulent.

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en FrançaisPolitique Chronique de Chantal Hébert

Quelle réconciliation ?« De plus en plus de leaders et de militants autochtones se demandent s’il y a une réelle volonté politique au-delà des bonnes paroles de Justin Trudeau. »

Par Chantal Hébert / Act.

Alors que son gouvernement arrive à mi-mandat et qu’il a de moins en moins droit à l’erreur, le premier ministre Justin Trudeau a dépêché le mois dernier une des étoiles de son Cabinet, la ministre Jane Philpott, sur le front autochtone.Quelques semaines plus tard, M. Trudeau consacrait l’essentiel d’un discours prononcé aux Nations unies à un mea culpa pour le traitement réservé par le Canada aux peuples autochtones. Dans le passé, aucun chef de gouvernement canadien n’avait tenu ce genre de discours sur une telle tribune.

Il y a eu d’autres premières depuis l’arrivée des libéraux au pouvoir à Ottawa. Lors de la formation de son Cabinet, il y a deux ans, le premier ministre a donné à la députée autochtone Jody Wilson-Raybould le poste névralgique de ministre de la Justice. Et il a bien l’intention de nommer un ou une juge autochtone à la Cour suprême du Canada.

Justin Trudeau a également placé au Sénat des personnages susceptibles de pousser dans le dos de son gouvernement, comme le juge à la retraite Murray Sinclair, qui a présidé la Commission de vérité et réconciliation sur les pensionnats autochtones.

De mémoire d’observateur politique, aucun premier ministre canadien n’a investi autant de capital dans le dossier — électoralement ingrat — de la réconciliation avec les Premières Nations.

Pour autant, les résultats ne sont pas au rendez-vous. Une succession de crises internes ont plombé la crédibilité de l’Enquête nationale sur les femmes et les filles autochtones disparues et assassinées, un projet phare de Justin Trudeau.En dépit du mea culpa du premier ministre, son gouvernement n’a toujours pas satisfait aux exigences du Tribunal canadien des droits de la personne, qui l’a sommé, il y a déjà un an et demi, de mettre fin au sous-financement chronique des services d’aide à l’enfance destinés aux petits autochtones.

Ces jours-ci, de plus en plus de leaders et de militants autochtones se demandent s’il y a une réelle volonté politique au-delà des bonnes paroles de Justin Trudeau.Normalement, quand un premier ministre décide de piloter personnellement un dossier, la bureaucratie fédérale en prend acte et s’active en conséquence. Mais dans le cas du projet de réconciliation avec les autochtones, force est de constater que la machine n’a pas suivi ou l’a fait au ralenti.

Des membres de l’Enquête nationale ont témoigné que les embûches bureaucratiques se sont multipliées sur leur passage. En décidant au début de l’automne de scinder le ministère des Affaires autochtones et du Nord en le confiant à deux ministres, Justin Trudeau a implicitement reconnu que la culture d’entreprise de l’appareil fédéral faisait obstacle à son projet d’assainir la relation entre Ottawa et les autochtones.

De mémoire, la commission d’enquête sur les exactions commises par les troupes canadiennes en Somalie pendant les années 1990 a été la dernière à connaître un parcours du combattant s’apparentant à celui de l’Enquête nationale sur les filles et les femmes autochtones. Le premier ministre Jean Chrétien avait fini par mettre fin unilatéralement aux travaux de la Commission.

À l’époque, l’état-major des Forces armées et le ministère de la Défense nationale n’étaient pas emballés par l’idée de laver leur linge sale en public. Les fonctionnaires affectés aux affaires indiennes et les corps policiers le sont-ils davantage pour ce qui est de l’enquête chargée de faire la lumière sur la disparition ou la mort violente de centaines de femmes autochtones ?Deux ans après l’arrivée au pouvoir de Justin Trudeau, on continue de parler d’une nécessaire réconciliation avec les peuples autochtones sans jamais avoir la certitude que les parties en cause s’entendent sur ce en quoi cette réconciliation consisterait.

Dans cette opération, les plus grands risques ne sont pas forcément électoraux.

En faisant des gestes importants mais essentiellement symboliques qui frappent l’imaginaire de l’électorat canadien sans pour autant changer fondamentalement la réalité que vivent les autochtones, le gouvernement Trudeau s’expose à ce que l’écart entre les attentes déçues des Premières Nations et l’ouverture de l’opinion publique à leur égard se creuse encore davantage.

On pourrait alors assister à un durcissement des positions des uns et des autres et, à terme, à un désengagement du front autochtone comparable à celui qui a ponctué les échecs constitutionnels à répétition du premier ministre Brian Mulroney dans le dossier Québec-Canada.En matière de réconciliation, la persévérance n’a jamais été la principale caractéristique de la classe politique canadienne. Les rendez-vous manqués Canada-Québec en témoignent.

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NOVO PARTIDO NA ALEMANHA QUER INICIAR A REVOLUÇÃO AZUL

A Hora dos Conservadores na Europa

Por António JustoOs Factos Uma civilização à procura do sentido, um predomínio de temas de esquerda determinadores da cultura e da política, a presença social de um Islão conquistador, um globalismo avassalante, um eleitorado desconfiado de partidos e da classe política, constituem os principais ingredientes com que se tempera e determina a vontade do eleitor. A Alemanha, a Áustria e a Suiça são significativos representantes dos sintomas e dos indícios de desenvolvimento do futuro social na Europa.

A AfD tornou-se na terceira força política no Parlamento alemão com uma quota de 12,6%, o que corresponde a 94 deputados; a CDU/CSU viu o resultado reduzido para 33%, o SPD para 20,5%, os Verdes para 8,9% e o FDP conseguiu os 10,7% e A Esquerda os 9,2%. A ascensão da AfD deve-se a muitos erros da classe política do regime vigente e por ter conseguido mover eleitores que eram abstencionistas e deslocado para si votantes da CDU (Merkel) e do SPD. Relevante é o fenómeno dos partidos mais à esquerda terem perdido substancialmente votos e os partidos populares CDU/CSU e SPD verem a popularidade a emigrar para a direita.

As lutas internas na AfD entre forças conservadoras moderadas e forças radicais levam Petry à cisão com o partido e determinam o surgir de “O Partido Azul” que quer uma política nacional liberal. A diretoria de „O Partido Azul“ „Blauen Partei“ é formada por Michael Muster (presidente), Thomas Strobel e Hubertus von Below. Frauke Petry mantem-se ainda encoberta.

“O Partido Azul” – A Cor dos Conservadores!

Após a eleição do Parlamento alemão, em setembro, Frauke Petry anunciou a sua retirada da AfD (Alternativa para a Alemanha). Frauke Petry , ex-presidente do partido AfD, comunicou a 13 de outubro a fundação de um novo partido com o nome de “Die Blaue Partei” (O Partido Azul”). Permanece primeiramente no Parlamento alemão como deputada, não ligada a uma fracção. O passo de Petry é compreensível dado já antes ter procurado, em vão, conduzir a AfD para um curso de “política real”. Para Petry, a AfD tinha-se deixado influenciar pela ala da direita nacionalista. Ela quer um “conservadorismo razoável”, um partido conservador liberal.

Petry, que, com os seus companheiros, fundara o partido uma semana antes das Eleições federais, quer iniciar um Fórum dos Cidadãos,”Blaue Wende” / ‘Mudança Azul (ou Rrevolução Azu)l’ no qual cada cidadão, independentemente da cor, se pode engajar com ou sem pertença ao partido “. Para Petry “Azul representa conservador, mas está também para uma política liberal na Alemanha e na Europa. Azul é a cor, que primeiramente tornou a CSU politicamente popular na Baviera. Trata-se de estabelecer isso a nível nacional”. Petry quer ganhar também conservadores decepcionados;

O seu modelo político é o CSU (União Social Cristã) da Baviera e a CDU dos anos oitenta (altura em que fazia a crítica ao espírito da geração 68); ela afirma que a „islão político” é contra os valores alemães, defende a expulsão da Alemanha de estrangeiros que cometam crimes e o fortalecimento das fronteiras alemãs.

De facto, a presença social de um Islão gueto, intransigente e hegemónico, está a determinar a atmosfera social e política na Europa. O seu carácter medieval possibilita uma conotação social crítica a um modernismo ao mesmo tempo bem-intencionado e irresponsável.

A partir de Novembro, “O Partido Azul” pretende começar com eventos públicos a partir da Saxónia e depois em todo o país.

Os polos (Esquerda-Direita) determinam o Movimento do Centro

O panorama político europeu e em especial a política alemã encontram-se em convulsão depois de uma época em que a geração 68 abusou da influência da esquerda em todos os sectores da sociedade. As eleições alemãs e austríacas são os melhores indicativos da mudança dos ventos. As forças internacionalistas e de esquerda acentuaram demasiado a sua presença nos Estados europeus fortalecendo o seu polo em desfavor da ala direita social criando-se assim um desequilíbrio social e cultural na Europa. De momento assistimos a uma sociedade descontente consigo mesma e à procura de novos caminhos, mas com a pretensão de uma correcção em favor do polo da direita.

Atendendo à incontinência da política da geração 68, seguida na Europa, com o consequente enfraquecimento do polo conservador, nota-se agora uma saturação, em toda a sociedade; a ideologia de esquerda cometeu o erro de se entranhar na sociedade de forma jacobina arrogante, dogmática e polarizadora como se expressa ainda no moralismo do “pensar politicamente correcto” em voga – uma espécie de pensar de tesoura na cabeça como órgão inconsciente de autocensura. Consequentemente, o nacionalismo e o polo da direita tenderão a aumentar. O medo do islão fortificado com um certo cepticismo em relação à união europeia e ao euro ajudam a rebelião em curso.

O vácuo político actual deve-se também ao facto de os partidos conservadores, especialmente a CDU se ter desenvolvido de maneira a assumir os temas da esquerda do SPD e dos Verdes e a uma insatisfação geral da população com os partidos do regime.

O partido AfD continuará como forte força política para conservadores, patriotas, liberais do mercado e para amantes da lei e da ordem – uma constelação sem limites à direita em contraposição a uma paisagem política tolerante de partidos sem limites à esquerda.

Frauke Petry, encontra-se num horizonte ainda não definido; continua a ser uma estrela com grande carisma, mas, o problemático das estrelas é que só brilham durante a noite!

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Marcelo Rebelo de Sousa

“Há o dever moral e cívico de fazer uma análise sobre o que se está a passar”, diz Presidente

Marcelo publicou uma nota no site da Presidência a dizer que está a acompanhar a evolução dos incêndios e entrou em directo na SIC Notícias para dizer que “há o dever moral e cívico de fazer uma análise sobre o que se está a passar”.

Por Leonete BotelhoFoto Enric Vives-Rubio

O “Presidente da República acompanha a evolução dos incêndios”. É este o título da nota que Marcelo Rebelo de Sousa fez publicar este domingo à noite, já depois de conhecida a existência de vítimas mortais nos fogos florestais na zona Centro.

“O Presidente da República manifesta a sua solidariedade às populações e aos autarcas por todo o Continente, agradece o seu sacrifício, bem como dos Bombeiros e demais estruturas da Protecção Civil no combate aos fogos e exprime o seu profundo pesar aos familiares das vítimas”, lê-se na nota.

Naquele que foi “o pior dia do ano” no que respeita aos fogos segundo Patrícia Gaspar, adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), Marcelo Rebelo de Sousa sinaliza assim a sua preocupação com as populações, a estrutura de combate e as vítimas dos incêndios, aumentando a pressão sobre o Governo que tornou bastante evidente quando foi revelado o relatório da Comissão Independente nomeada para investigar o grande fogo de 17 de Junho na zona de Pedrógão Grande.

Pouco antes da uma da manhã, o Presidente da República entrou em directo na SIC Notícias para dizer que “há o dever moral e cívico de fazer uma análise sobre o que se está a passar”.

“Eu espero que, neste momento, a grande palavra seja a solidariedade e a continuação do combate aos fogos, mas depois, do mesmo modo que se retiraram – espero que se retirem – algumas conclusões da tragédia de Pedrógão, do mesmo modo que se analise aquilo que foi todo este ano […] e se analise, para além dos factores estruturais, como é que pode ser explicado todo este cenário para a qual, muitos de nós, não têm ainda uma resposta imediata”, disse.

Na véspera, em Pedrógão Grande, na primeira declaração sobre o relatório sobre os fogos de Junho, Marcelo já dissera que “não há tempo a perder, ou melhor, já perdemos todos tempos de mais”. Nessa intervenção, em que pediu respostas para urgentes para os danos daquele grande incêndio, deixou um deixou ainda um apelo “à coragem de aproveitarmos por uma vez uma tragédia para mudarmos de vida e rompermos com aquilo que estrutural esteve mal, não minimizando o que correu mal, não tentando fazer de conta que ela foi o que foi,antes mobilizando tudo e todos, mas mesmo todos”.

Costa no meio do fogo: ondas de choque dos incêndios atingem GovernoMinistros apreensivos com a gestão da tragédia, um PS aflito e o Bloco a descolar. A conferência de imprensa de António Costa na segunda-feira deixou marcas.

Por São José Almeida, Luciano Alvarez e Maria João LopesFoto LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

É grande a apreensão no Governo (e no PS) por causa do desgaste que o executivo está a sofrer e pela forma como o primeiro-ministro António Costa tem gerido as ondas de choque no país, devido às consequências trágicas da descoordenação no combate aos incêndios.

Membros do Governo consideram, em conversa com o PÚBLICO, que é absoluta a fragilização política da ministra da Administração Interna Constança Urbano de Sousa e que a sua substituição é dada como adquirida.

Costa admite erros na tragédia e garante respostas no sábado

Neste momento, é a figura e a autoridade do primeiro-ministro que é questionada pela opinião pública, admitiram ao PÚBLICO membros do Governo, porque existe a ideia de que nada foi feito pelo Governo desde que no dia 17 de Junho se iniciou a tragédia de Pedrógão.

No Governo, há quem defenda que Costa devia ter agido de outra forma no fim-de-semana, antecipando para ontem, por exemplo, o Conselho de Ministros previsto para sábado. Seria, alega-se, uma forma de acalmar o país e de mostrar que o Governo tem respostas para melhorar a eficácia do Estado no combate e à prevenção de incêndios - há medidas que estavam já a ser preparadas para serem anunciadas no sábado. E nem faltam as críticas ao ar aparentemente displicente com que falou ao país na segunda-feira à noite.

Choque no PS e...

Se, no Governo, se mantém a necessária discrição, já no PS não é assim. Ana Gomes foi a primeira: na segunda-feira, a meio do dia, a eurodeputada foi para o Twitter manifestar a sua indignação face à reacção do Governo: “Lamento, mas não percebi. Não percebi! Ou o que percebi, não quero perceber!”.

Contactada pelo PÚBLICO, Ana Gomes disse-se “chocada” com o que chama de “maior tragédia da democracia portuguesa”.

Para a eurodeputada, a tragédia resulta “do falhanço do Estado e da sua captura por interesses”. “Um falhanço de políticas erradas com décadas, mas também de decisões erradas, ou de falta delas, mais recentes”, acrescentou.

“Quem encarna o Estado tem que assumir as responsabilidades do Estado. Tem de agir com cabeça fria, mas também de mostrar que tem coração!”, concluiu.

Manuel Alegre, sabe o PÚBLICO, é outro histórico que se tem mostrado perplexo com a actuação política de Costa em relação aos incêndios e vai tornar pública a sua insatisfação.

Na bancada parlamentar do PS, admite-se que este “não é um caso de gestão corrente”, que “é uma tragédia nacional” e que “o primeiro-ministro geriu-a de forma burocrática, não como um líder político”. Deputados como Sérgio Sousa Pinto e Ascenso Simões têm partilhado no Facebook imagens da tragédia com um lamento - “O meu país :( “, escreveu o segundo.

Na Rádio Renascença, Francisco Assis considerou que “a reacção política” aos incêndios dos últimos dias “foi completamente desastrosa” e antevê que, demorando, “mais ou menos tempo”, a ministra vai demitir-se. “Inevitavelmente”.

Contactado pelo PÚBLICO, o deputado João Soares, não comentou a actuação política de António Costa. “Procuro estar sempre do lado das soluções e não das complicações e estar a fazer comentário sobre isso era complicar. Agora, que isto não correu nada bem das duas vezes não correu”, afirmou.

O deputado disse ainda ter gostado do relatório independente sobre os incêndios de Pedrogão, que considera “sério” e que faz “uma muito boa análise da situação”.Pela manhã, na TSF, o ex-dirigente Pedro Adão e Silva era mais duro: “Não gostei da comunicação [de António Costa]. Perante uma tragédia desta dimensão, o que espero é empatia, compaixão e reconhecimento da dimensão da tragédia. Estamos perante uma falha colossal do Estado na sua função primordial”, disse. Para, depois, criticar o secretário de Estado do MAI por transmitir uma “sensação de abandono” e a ministra por ter falhado na mobilização de meios que evitasse nova tragédia, por ter responsabilidades no que aconteceu em Pedrógão e por mostrar ausência de liderança.

... criticas no Bloco

Catarina Martins apontou o dedo ao Governo num post no Facebook: “É indesculpável que se repita a tragédia depois de Pedrógão, porque é o sinal claro de que nada mudou quando nada podia ficar na mesma.” Se a líder bloquista continua sem pedir directamente a queda da ministra da Administração Interna, centrando o discurso sobretudo na exigência de uma mudança de políticas no MAI, João Teixeira Lopes vai mais longe: “As declarações da ministra (as férias) e do Secretário de Estado (as populações deviam ser proactivas) são deploráveis. E o erro de se terem desmobilizado meios e ignorado as previsões meteorológicas é atroz e justificaria por si só a DEMISSÃO destes membros do Governo”.

No JN, Mariana Mortágua escreveu: “Em tempos de discussão orçamental, é de esperar que estas escolhas tenham o seu reflexo na distribuição dos meios financeiros do Estado”. Refira-se que no Orçamento de 2018 está prevista uma verba para a Protecção Civil 10% superior à deste ano, o que, consideram os bloquistas, não chega para fazer uma reforma a sério.

O que se disse antes do discurso áspero do Presidente da República

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Les cafés de l’EuropePor Nanda Pinto/Paris

Les cafés de l’Europe é um nome que se tornou comum no mundo inteiro. Designa os locais de reuniões intelectuais, onde se discute os problemas políticos do momento, onde se aprecia a criação artística contemporânea, onde se organizam debates sobre o conhecimento e a valorização do património cultural europeu.

O Centro Cultural Camões em Paris e o Conselheiro Cultural da Embaixada João Pinharanda, organizaram no dia 14 de Outubro, um encontro entre o cantor e compositor José Mário Branco com Pedro Fidalgo, o realizador de um filme sobre as experiências da vida e as suas criações durante o seu exílio em Paris nos anos 70, assim como todos os interessados sobre a época e este cantor português. Cerca de 100 pessoas assistiram e participaram neste evento no Café LE SORBON, rue des Écoles, ao lado da universidade parisiense La Sorbonne.

Como escreveu João Heitor, (patrão da ex-livraria Lusófona) figura bem conhecida da Comunidade em Paris: «Puz a funcionar os contactos dos Les Amis de LusoFolie’s (de que também foi gerente) para evitar uma humilhação de sala vazia. Sabia que José Mário Branco era (e é) uma referência de todos os refugiados e desertores das guerras coloniais e que vivera ali mesmo ao cimo, na rua Cujas, em casa da Maria Lamas. Na Rua Cujas, ainda estão os meus correios onde todos os dias levantava e expedia os livros em língua portuguesa. Ainda foram uns bons milhares, tendo em conta 22 anos de trabalho. Os passeios, as ruas que palmilhou José Mário Branco, palmilhei-as eu, agora já cobertas de alcatrão para que os paralelos de granito não partissem as vitrinas nos dias das manifestações, como aconteceu em Maio de 68, onde os refugiados políticos portugueses participaram.

Falta de conhecimento histórico, sem conhecimento dos anos negros destes exilados, os organizadores nunca imaginaram que a figura de José Mário Branco pudesse congregar tanta gente à procura de abrigo, nos tempos incertos de hoje e colmatar a falta de informação desta época de que os nossos jovens sofrem. O tiro saiu-lhes pela culatra. A sala estava a abarrotar».

José Mário Branco, músico, compositor, artista multifacetado, activista cultural, social e político… do Porto, parte para Paris em Junho de1963.

Influenciado por Zeca Afonso, pela música francesa da época ou pelos temas da Guerra Civil Espanhola, começa primeiro por cantar e tocar temas de outros músicos e depois a compor canções originais. Algumas canções em francês, “que viriam a ser importantes no Maio de 68”, as Seis Cantigas de Amigo a convite de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, os grandes dinamizadores das recolhas etnográficas em Portugal, ou A Ronda do Soldadinho, que, segundo João Bernardo, “vai ajudar a mobilizar as associações de estudantes contra a Guerra Colonial”.

Entretanto, ainda antes do seu primeiro LP, Mudam-se os Tempos, mudam-se as vontades, lançado nos inícios da década de 70 e começa a tocar em diversos espaços. Não só em França, mas também na Suíça, na Alemanha, na Holanda ou na Itália, para as comunidades portuguesas destes países e também para “pessoas progressistas de lá, que organizavam coisas de solidariedade com a luta anti-fascista e com os povos das colónias”.

Até que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, o “sonho tornou-se realidade”. O regresso não se deu de imediato, mas apenas uns dias mais tarde, quando foram satisfeitas as duas condições que, entretanto, tinha imposto para voltar: o fim da Guerra Colonial e a libertação de todos os presos políticos.

Halloween no CanadaPor João Aparecido/Br.

Prezados leitores,

A festa do Halloween nasceu na Irlanda na época dos povos celtas e espalhou-se pelo Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. No dia 31 de Outubro, comemora-se o Dia das Bruxas, como também é chamado o Halloween. Passou a fazer parte da cultura desses países e hoje tornou-se um acontecimento perene, esperado principalmente por crianças e jovens.

As regras tradicionais durante o Halloween são as seguintes: as casas que fazem a distribuição de doces têm que estar com a luz acesa, o que indica que ali há guloseimas, e também estão decoradas com toda a forma de figuras como fantasmas, morcegos, monstros, caveiras saindo de túmulos, e abóboras iluminadas. Isto significa que estão participando no Halloween. É só entrar e receber do anfitrião todo tipo de guloseimas. Se as casas tiverem decoração, mas a luz estiver apagada, significa que as guloseimas foram todas distribuídas.

Apesar de ser uma comemoração pagã, a festa do Halloween incorporou-se de tal forma na vida desses povos que hoje é comemorada na maioria das cidades. Assemelha-se à festa do Carnaval brasileiro. Os preparativos começam um mês antes com a escolha das fantasias, que podem custar de cinco a oitenta dólares. No entanto, há quem prefira fazê-las em casa. Existem fantasias assustadoras, mas as meninas vestem-se também de princesas, fadas e personagens da literatura infantil.

Existem pessoas, que além de pedirem doces, divertem-se pregando sustos umas às outras. Imagine um fantasma à sua frente, surgido do nada. É de arrepiar e sair correndo. Estes sustos tornaram-se uma prática comum no Halloween, divertindo mais do que amedrontando, principalmente os jovens, apesar da gritaria.

Os bebés, vestidos com fantasias próprias do Halloweem, também participam e são os primeiros a visitar as casas. Isto acontece por volta das dezassete horas. Os seus pais levam-nos ao colo e, batendo de porta em porta, recebem dos donos das casas diversos tipos de guloseimas. Na sequência, seguem para pegar doces as crianças maiores. Depois vêm os adolescentes, e finalmente, já na entrada da noite, os jovens. Felizes, todos terminam a noite de 31 de Outubro com sacos cheios de chocolates, doces, pirulitos e todo tipo de guloseimas que são guardados e consumidos durante o ano inteiro.

Geralmente, as escolas também comemoram o Halloween. Os professores, inspectores de alunos e até a directora, entram no clima da festa, vestem fantasias e oferecem doces aos alunos. Muitos motoristas de autocarros públicos aparecem fantasiados neste dia. Nas lojas, os funcionários entram na brincadeira usando os trajes próprios desta que é a festa mais descontraída dos países anglo-saxônicos.

Embora no Brasil não tenhamos esta cultura, é possível ver nos grandes centros várias escolas de idioma inglês e lojas, lembrando a data.

Se tiverem a oportunidade de estar num desses países no dia 31 de Outubro, Canadá, por exemplo, tenham um bom divertimento.Boa viagem!

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jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en FrançaisExército

Descoberta das armas de Tancos não permitiu identificar suspeitosO material de guerra foi encontrado na região da Chamusca pela Polícia Judiciária Militar.

Por Ana Dias Cordeiro/PFoto Miguel Manso/P

A operação da Polícia Judiciária Militar (PJM) que decorreu durante a noite levou à descoberta de quase todo o material de guerra desaparecido de Tancos mas não permitiu, para já, identificar suspeitos, disse ao PÚBLICO uma fonte militar. A operação teve a colaboração do núcleo de Investigação Criminal da Guarda Nacional Republicada (GNR) de Loulé, no Algarve.

A descoberta do armamento foi possível depois de uma denúncia anónima feita directamente à PJM

relativamente ao local e não está relacionada com nenhuma pista seguida anteriormente por este órgão de investigação criminal. Quando foi encontrado, o material estava embalado em caixas escondidas num terreno a céu aberto, na região da Chamusca, a poucas dezenas de quilómetros de Tancos, no distrito de Santarém.

O facto de o material agora recuperado não ter sido destruído ou escondido de modo a não ser encontrado, afasta a tese de o furto estar relacionado com interesses terroristas, refere a mesma fonte. Além disso, a apreensão do armamento a poucos quilómetros da base de Tancos, onde se encontram os Paióis Nacionais, reforça a convicção de que o furto terá tido a cumplicidade de pessoas que estavam ou passaram por Tancos.

Quase todo o material desaparecido foi encontrado, à excepção de algumas munições. Fonte da investigação especificou à Lusa que as munições em falta são as de nove milímetros. “O material recuperado já se encontra nos Paióis de Santa Margarida, à guarda do Exército, onde está a ser realizada a peritagem para identificação mais detalhada”, lê-se num comunicado da PJM.

As armas desapareceram no final de Junho. Ao inquérito foi conferida “natureza urgente” pelo Ministério Público que decidiu, a 4 de Julho, que o inquérito ficaria a cargo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), coadjuvado pela Polícia Judiciária com a colaboração da PJM.

Logo após terem conhecimento do desaparecimento do armamento, os responsáveis militares e políticos garantiram que o material tinha sido roubado. A investigação encontra-se em segredo de justiça e vai prosseguir.

PS quer ouvir ministro

O grupo parlamentar do Partido Socialista já apresentou um requerimento para ouvir “com carácter de urgência” o ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, sobre o caso no Parlamento. No mês passado, o ministro deu voz aos rumores que lançavam dúvidas sobre um efectivo assalto a Tancos, ao afirmar: “No limite, pode não ter havido furto nenhum”. No debate no Parlamento seguinte, foi questionado por vários partidos sobre estas declarações e nada disse.

Entre o material desaparecido e agora recuperado, estavam granadas ofensivas, lança-granadas foguete LAW, com potência para deitarem abaixo helicópteros em conflitos ou arrombarem em assaltos carrinhas blindadas de transporte de valores e explosivos usados, no sector da construção, para demolições, mas também encontrados em atentados terroristas.

Embora não tivesse publicamente dito quais as quantidades exactas “para não prejudicar as investigações em curso”, o Exército esclareceu na altura que a quantidade era “do conhecimento das autoridades competentes e da tutela”, depois da contagem elaborada na presença da PJM.

Preocupações do Presidente

Também em Setembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dizia estar preocupado com o tempo do apuramento dos factos e de responsabilidades. “Não só é importante apurar factos e eventuais responsabilidades, como apurar num tempo que seja um tempo o mais curto possível, por um lado, para o

prestígio da instituição militar, e por outro lado também para a própria actuação interna da instituição militar”, afirmou então o chefe de Estado.

Nos dois primeiros meses da investigação, dezenas de diligências de recolha de provas foram efectuadas e mais de 70 pessoas foram inquiridas pela PJM, incluindo pessoas não pertencentes à instituição militar mas que tenham estado em Tancos no período sob escrutínio do inquérito criminal como aconteceu, por exemplo, com as que estiveram a trabalhar nas obras que decorriam na altura em Tancos.

As inquirições realizaram-se nas instalações de Tancos, em Santarém, e em postos da GNR ou empresas de construção em diversos pontos do país. Havia a suspeita de que o material teria saído para o estrangeiro, mas a hipótese não chegou a ser confirmada.

Dentro das instalações de Tancos existem quase 20 paióis e apenas três foram assaltados, precisamente aqueles que tinham material relevante. Os restantes, alguns vazios, outros com pouco material, ficaram intactos depois do desaparecimento das armas.

A carta de demissão da ministra da Administração Interna na íntegra (e a resposta de Costa)Ministra afirma que pediu “insistentemente” ao primeiro-ministro para sair. Leia a carta que Constança Urbano de Sousa enviou a António Costa a exigir a demissão.

PÚBLICOFoto LUSA/ANTÓNIO COTRIM

“Exmo. Senhor Primeiro-Ministro,

Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções e dei-lhe tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão. Fi-lo por uma questão de lealdade.

Pediu-me para me manter em funções, sempre com o argumento que não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios florestais, conforme viesse a ser proposto pela Comissão Técnica Independente. Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de carácter que sempre lhe reconheci.

Desde Junho de 2017, aceitei manter-me em funções apenas com o propósito de servir o país e o Governo que lidera, a que tive honra de pertencer.

Durante a tragédia deste fim-de-semana, voltei a solicitar que, logo após o seu período crítico, aceitasse a minha cessação de funções, pois apesar de esta tragédia ser fruto de múltiplos factores, considerei que não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo, muito embora contasse com a sua confiança.

Tendo terminado o período crítico desta tragédia e estando já preparadas as propostas de medidas a discutir no Conselho de Ministros Extraordinário de dia 21 de Outubro, considerado que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal.”Resposta de António Costa, em comunicado:

“A Ministra da Administração Interna apresentou-me formalmente o seu pedido de demissão em termos que não posso recusar.Quero publicamente agradecer à Professora Doutora Constança Urbano de Sousa e dedicação e empenho com que serviu o país no desempenho das suas funções.”

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France : les Islamistes Chassent en Meute sur Facebook

par Yves MamouTraduction du texte original : France: Facebook Islamists Hunt in Packs

Les sites Internet des grands médias français sous-traitent la modération des commentaires à des sociétés dont le personnel est généralement situé dans les pays francophones à bas coût de main d’œuvre, en Afrique du Nord et à Madagascar. En France, la rumeur accuse Facebook d’en faire autant. Facebook ne confirme ni n’infirme.

La seule chose que l’on constate est que les islamistes haineux continuent de proliférer sur Facebook, alors que les anti-islamistes sont harcelés et voient leurs comptes fermés.

Les islamistes chassent en meute sur Facebook. Une fois qu’ils ont repéré quelqu’un qui leur déplait, ils le dénoncent à Facebook comme « raciste » ou « islamophobe » et leurs comptes sont supprimés.

Fatiha Boudjalat, cofondatrice du mouvement laïc Viv(r)e la République, est une figure éminente de l’anti-islamisme en France. Elle est régulièrement interviewée à la télévision et à la radio, et ses tribunes sont publiés dans Le Figaro. Sur Facebook, Fatiha Boudjalat n’a pas supporté qu’une employée municipale, Sonia Nour, ait qualifié de « martyr », l’islamiste tunisien assassin de deux femmes en gare de Marseille. Quelques jours plus tard, le compte Facebook de Fatiha Boudjalat a été supprimé.

Elle n’est pas la seule à avoir été ciblée par des islamistes. Leila Ourzik, artiste, vit à Grigny dans un environnement majoritairement musulman. Leila mange et boit pendant le Ramadan et résiste au port du voile. En raison de son comportement non islamique, Leila est régulièrement insultée et menacée dans la vraie vie comme sur les réseaux sociaux. Sur Facebook, Leila Ourzik vit sous la menace des islamistes. Tous l’insultent et certains ont posté sa photo sur des sites de rencontre. Sans avertissement, son compte Facebook est régulièrement fermé. « Pas une fois, plusieurs fois » dit-elle à Gatestone. Pourquoi ? « Je ne sais pas, Facebook ne t›informe jamais. Un jour, tout est supprimé ».

Olivier Aron, dentiste et ancien élu, a été éjecté de Facebook plusieurs semaines durant. Olivier Aron n’est pas timide dans les débats sur l’islam et l’islamisme. Mais les islamistes n’aiment pas le débat. Ils préfèrent faire taire ceux qui leur portent la contradiction. « Je suppose qu’ils m’ont accusé d’être un raciste et un islamophobe », a déclaré Aron à Gatestone. « L’intimidation est partout. Un homme que je ne connais pas a découvert mon numéro de téléphone et a fait circuler mes coordonnées ». Les conséquences n’ont pas tardé. L’assistante d’Olivier Aron au cabinet dentaire a reçu des menaces par téléphone : « Dites au docteur Aron que « Kelkal » va le frapper ». Khaled Kelkal a initié une vague d’attentats au milieu des années 1990 avant d’être abattu par la police. Il a été l’avant-garde des terroristes islamistes contemporains.

Au printemps dernier, le compte Facebook de Michel Renard, professeur d’histoire à Saint-Chamond, a été supprimé. « Sans aucun avertissement, sans possibilité de parler à quelqu’un, tous mes écrits ont disparu », dit-il à Gatestone. Des analyses détaillées sur l’islam et l’islamisme sont désormais perdus pour lui et pour les autres. « Les islamistes sont extrêmement actifs sur Facebook, ils vous insultent, ils vous menacent ». Michel Renard a refusé d’être « ami » sur Facebook avec ses élèves, mais cela n’a pas empêché « leurs parents de se plaindre au directeur de l’établissement ... L›intimidation est partout, dans la vraie vie et sur le Net ».

Les islamistes chassent en meute sur Facebook. Dès qu’une « cible » est repérée » - généralement quelqu’un d’ouvert à la discussion – cette personne est signalée aux modérateurs Facebook comme « raciste » ou « islamophobe ». Et le compte est supprimé.

En France, Facebook supprime des milliers de comptes chaque année. Combien l’ont été parce que leurs propriétaires se sont opposés à des islamistes ? Bien malin qui pourrait le dire : Facebook ne communique pas sur ces sujets et ses rares déclarations publiques ne permettent jamais de clarifier quoi que ce soit.On sait avec certitude que « Facebook compte 4 500 « modérateurs de contenu » et qu›il a récemment annoncé son intention d›en embaucher 3 000 autres », a révélé The Guardian. Sept mille cinq modérateurs pour plus de deux milliards d’utilisateurs ? C’est forcément un peu court.

The Guardian poursuit : « Facebook a des centres de modération dans le monde entier, mais refuse de divulguer leur nombre ou leur emplacement ». La question devrait être : Facebook externalise-t-il la modération de ses contenus ? Qui sont ces sous-traitants et où leurs pôles de modération sont-ils situés ?

En France, les sites Internet des grands médias traditionnels externalisent tous la modération de leurs contenus. Trop cher pour être financé en interne. Trois

sociétés se partagent le marché : Netino , Concileo et Atchik Services. La plupart de ces entreprises ont leurs modérateurs situés dans les pays francophones à bas coûts de main d’œuvre, c’est à dire l’Afrique du Nord et Madagascar. En France, les rumeurs abondent sur le fait que Facebook en fait autant. Facebook ne confirme ni n’infirme.

Le seul constat possible est que le discours de haine des islamistes continue de proliférer sur Facebook, alors que les anti-islamistes sont harcelés et voient leurs comptes fermés à répétition.

Que la liberté d’expression, en France, soit «modérée» par des musulmans vivant en terre d’islam n’est un paradoxe qu’en apparence. Les médias et les élites dirigeantes nient que l’islamisme soit en guerre avec le monde occidental. Ils ne voient donc pas d’inconvénient à confier la gestion de la liberté d’expression à des musulmans qui vivent au Maghreb.

Si Facebook externalisait sa «modération» auprès d’entreprises dont les modérateurs résident en France ou en Belgique, le résultat ne serait pas très différent. Car dans la modération, c’est l’opinion du nombre qui compte. Si deux cents personnes affirment que Leila, Olivier ou Michel sont « racistes » ou « islamophobes », les deux cents obtiendront que Leila, Olivier ou Michel perdent leur liberté d’expression sur Facebook.

Les islamistes chassent en meute sur les réseaux sociaux, alors que les résistants à l’islamisme demeurent des personnalités individuelles, inorganisées pour la plupart. Le Conseil supérieur de l’audiovisuel français fournit une excellente illustration du phénomène. A chaque fois qu’Éric Zemmour apparaît à la télévision exemple, l’agence de régulation est submergée de protestations. Des protestations musulmanes essentiellement. Le CSA qui n’aime pas que le débat public dérange sa quiétude blâme le média qui a invité Eric Zemmour, et ce dernier encourt également le risque d’être poursuivi en justice. Eric Zemmour est poursuivi au moins deux fois par an pour « racisme ».

Le Collectif contre l’islamophobie en France (CCIF) s’est ainsi fait une spécialité d’utiliser les formulaires de protestation en ligne du CSA pour mener d’authentiques campagnes contre la liberté d’expression des intellectuels qui lui déplaisent.

Facebook dispose également d’une équipe qui traite les demandes émanant des services de police et de justice. En France, lesdites demandes sont passés de 3208 en 2013 à 8121 en 2016. Selon de Le Journal du Net, un site d’information dédié à l’actualité des médias, en 2015, « suites à des requêtes gouvernementales, Facebook a été amené à supprimer des milliers de contenus en 2015... Et la France arrive très largement en tête avec 37 990 pages effacées, contre 30 126 pour l›Inde et 6 574 pour la Turquie. Un résultat lié aux attentats de Paris et aux pages Facebook dont les contenus ont été jugés comme promouvant les actes terroristes ».

En résumé, le ministère de l’intérieur tente d’écrêter la puissance de feu des islamistes sur Facebook, mais les islamistes influencent Facebook en parallèle pour obtenir du réseau social la suppression des comptes de leurs contradicteurs.En avril 2017, Facebook a publié un rapport intitulé « Facebook et diverses opérations d›information ». À la page 9, on peut lire : « En France, par exemple, à compter du 13 avril, plus de 30 000 faux comptes ont été supprimés ». Par quel moyen ? Grace à des « améliorations » techniques permettant de détecter les comptes de sites spécialisés sur la diffusion de « fausses informations ». Ces améliorations techniques sont des outils d’intelligence artificielle. Sans surprise, ces « faux » comptes étaient particulièrement actifs lors de la campagne présidentielle de la France au printemps 2017.

Pour Facebook et pour les responsables français, la grande question ne semble pas être : « L’islamisme est-il en guerre avec notre liberté d’expression ? », Mais plutôt : « Vladimir Poutine interfère-t-il avec la politique intérieure française ? ». Facebook s’en préoccupe car l’entreprise de Mark Zuckerberg ne peut se permettre d’ignorer les demandes des dirigeants politiques des pays où Facebook est implanté. Ses recettes publicitaires dépendant des bonnes relations qu’il entretient avec la puissance publique.

Il est important de se rappeler qu’en 2015, au plus fort de la crise migratoire en Allemagne, la chancelière allemande Angela Merkel a poussé le fondateur de Facebook, Mark Zuckerberg, à supprimer les dizaines de milliers de posts anti-immigration sur Facebook. « Travaillez-vous là-dessus ? » a demandé Merkel en anglais. Zuckerberg a répondu par l’affirmative.

Deux ans plus tard, les modérateurs humains sur les réseaux sociaux sont en passe de représenter un sujet du passé. Les petites mains de Tunisie ou du Maroc ont commencé d’être remplacés par des outils d’intelligence artificielle. Les nouveaux algorithmes des réseaux sociaux sont conçus pour filtrer les « messages de haine ». Ils apporteront paix et tranquillité aux gouvernements – Il n’est pas sûr que les islamistes soient perdants dans l’échange.

Yves Mamou, auteur et journaliste, basé en France, a travaillé pendant deux décennies en tant que journaliste pour Le Monde. Son prochain livre « Collabos (et idiots utiles) de l’islamisme en France » paraîtra début 2018.

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Restos miseráveis do século XX Hannah Arendt e George Orwell foram os primeiros a dizer por escrito tudo o que de essencial nos trouxeram as nefastas vivências do nazi-fascismo e do comunismo, respectivamente. Porém, As Origens do Totalitarismo ou ...A Banalidade do Mal, por um lado, ou as ficções intituladas 1984 ou Animal Farm, do outro, foram livros que não passaram para além das minorias cultas ocidentais e não entraram, como talvez devessem, nas recomendações de leitura escolar da UNESCO para as novas gerações do mundo inteiro. Assinala-se este ano o centenário da revolução russa. Em 2022 alguns lembrarão de novo a marcha sobre Roma, que marcou a ascensão irresistível do fascismo e da liderança buffa de Benito Mussolini. Em países desenvolvidos e ilustrados como a Alemanha, a Áustria, a Itália, a Espanha, a França, a própria Inglaterra, continuam a existir pequenas seitas de fanáticos adeptos de Hitler ou de algum dos seus sinistros imitadores, cuja consistência ideológica se expressa principalmente na exibição acéfala de certos símbolos, no ódio expresso a algum tipo de categoria social expiatória (judeus, ciganos, estrangeiros, árabes, homossexuais, pretos, mendigos, deficientes, etc.) e sobretudo no uso da violência física contra algum destes seus inimigos que se encontre mais a jeito.

É verdade que, historicamente, se pode defender que nazismo e comunismo foram dois regimes políticos opostos e que se confrontaram – de forma devastadora na II Guerra Mundial – mas, simultaneamente, que usaram métodos de actuação e de exercício do poder de Estado semelhantes, a despeito de invocarem ideologias justificativas tão diferenciadas entre si. O nazismo (contracção do termo nacional-socialismo) e o fascismo (oriundo dos iniciais e arruaceiros fasci di combattimento italianos) foram essencialmente movimentos populares (ou talvez melhor, populistas) de carácter nacionalista, antiliberal, anti partidos tradicionais e anti parlamentos, nascidos das profundas misérias e humilhações causadas pela Grande Guerra e que tudo apostaram num ressurgimento nacional na forma que lhes era proposta por demagogos sem escrúpulos com grande arte da palavra e fascínio do poder como foram Mussolini, Hitler e alguns imitadores de menores recursos. Foram movimentos revolucionários até conquistarem o poder de Estado e numa fase inicial do seu exercício, atacando as principais instituições e forças sociais dominantes, como a plutocracia financeira, as elites militares, as igrejas ou as maçonarias. Mas, uma vez consolidados como novos regimes autoritários, comportaram-se internamente como ditaduras de implacável violência (polícia política, censura e propaganda; ameaças, detenções, deportações e extermínios), e externamente com desígnios de expansão territorial imperialista, mais ou menos megalómanos. O comunismo merece-me hoje aqui a focagem principal. Para quem pertence à geração do pós-25 de Abril e do pós-queda do “Bloco de Leste”, os comunistas portugueses são apenas aquele partido que se sabe ter sempre resistido ao Estado Novo de Salazar e se distinguem por uma homogeneidade de discurso e comportamentos bem diferentes dos restantes partidos. Reconheço que são geralmente bons administradores autárquicos, onde só raramente surgem denúncias de corrupção ou outros aproveitamentos pessoais ilícitos, embora o PCP aproveite discretamente para os seus próprios fins todos os recursos públicos de que possa lançar mão. O “colectivo” domina ali fortemente e as dúvidas e discussões são firmemente guardadas no seu seio. Embora muito enfraquecido em relação ao que já foi há vinte ou trinta anos, os comunistas detêm ainda posições importantes na esfera da cultura, em alguns sectores universitários, em certas instituições do Estado, na maioria dos sindicatos e no poder local alentejano e da cintura periférica da capital. Constituem assim uma “minoria de bloqueio” de notável eficácia.

Mas é da história do seu movimento e da sua referência central fundadora, a do “poder vermelho” da União Soviética, que aqui se trata. É certo que essa aventura que marcou o século XX ruiu fragorosamente em 1989-91. E o que subsistem hoje são restos de variantes nacionais por si inspiradas, mas sem grande unidade entre elas: o regime da China, capitalista mas sempre sob o controlo férreo do PC; uma Coreia do Norte “esquizofrénica” de comunismo dinástico; arremedos do passado como o Vietnam ou Cuba, que os venezuelanos tentam imitar e que Angola e Moçambique conseguem viabilizar com melhor ou pior sucesso; e, quase caso único, o nosso PCP convertido ao jogo democrático, aguentando firmemente alguns bastiões minoritários.

O comunismo, praticado e desenvolvido pelo partido bolchevik russo, vencedor da revolução de 1917 e da guerra civil que se lhe seguiu, assentava em bases ideológicas inteiramente novas: iluminado pelo suposto cientificismo da crítica de Marx à economia liberal capitalista e pela sua convicção do Estado como principal “instrumento de dominação de classe”, aplicou à risca as instruções operacionais de Lénine sobre o “partido do proletariado” (dirigido e animado por revolucionários profissionais mas sempre com eficazes ligações às massas operárias assalariadas) e, depois, soube inspirar-se no genial oportunismo táctico de que este deu mostras enquanto durou e liderou a revolução: uso sem rebuço da “boleia alemã” para chegar a Petrograd; aposta meramente táctica nos Sovietes (que configuravam

então um esboço de democracia proletária); sedução dos soldados e dos camponeses acenando-lhes com o fim da guerra; preparação e execução militar do golpe-de-Estado de “Outubro”; aproveitamento do desprezo anarquista pelo parlamentarismo para encerrar definitivamente a Duma e o voto secreto popular; “paz separada” com os alemães, traindo os aliados da “triple entente”; luz verde para a criação da “Tcheka” (a primeira polícia política, fundada por Djerzinsky, a que se seguiram mais tarde a GPU, o NKVD e o KGB); mobilização ditatorial de todos os recursos para vencer a guerra civil; esmagamento dos orgulhosos marinheiros revolucionários sovietistas (mas não bolchevistas) de Cronstadt; e, finalmente, face aos desastres socioeconómicos do “comunismo de guerra”, reviravolta política com a NEP advogada em 1921 por Bukharin, melhor conhecedor do país real e da apetência dos camponeses pela posse da terra.

Lenine morreu em 1924 sem sucessor designado. Apesar de alguns atritos no passado, Trotsky (político profissional, militar improvisado mas com visão e capacidade de decisão) era, de longe, o mais indicado e mais capaz para lhe suceder. Porém, a “máquina trituradora” do bolchevismo começou aí a exibir a sua lógica interna mortífera e implacável da qual saiu vencedor o mais astuto e amoral de todos os ambiciosos candidatos: Estaline. O livro que recentemente lhe dedicou Simon Sebag Montefiore (há pouco distribuído em fascículos pelo Expresso), para quem tiver estofo para o digerir, arrisca-se a ser um amontoado de nomes e episódios incapazes de fornecer ao leitor uma visão histórica minimamente coerente da cronologia (a identificação de certas datas é muitas vezes insuficiente), da geografia (faltam mapas simplificados), dos acontecimentos e da sua importância relativa no xadrez russo e mundial. Mas, superadas estas dificuldades e para quem conheça o suficiente da história política e militar da época, releva-nos talvez pela primeira vez um quadro muito completo do quotidiano da elite bolchevista e sobretudo das relações interpessoais entre cada uma destas figuras, relações sistematicamente marcadas pela desconfiança, a suspeita, a guarda de provas documentais que um dia pudessem ser comprometedoras para os rivais, a ameaça, a chantagem, o uso dos familiares com fins acusatórios e medidas administrativas correntes como a nomeação, a exoneração, o afastamento, etc., ou pessoais como o chamamento ou a exclusão dos círculos de intimidade, os pedidos de opinião ou as confissões, as cartas de pedidos ou perdões e muito, muito mais. A frieza com que as decisões do Chefe eram tomadas (nunca contrariadas frontalmente por alguém) e o cálculo insidioso de todas as tomadas de posições dos “potentados”, em votações formais do Politburo ou do Comité Central, ou informais à mesa de refeições na datcha de Estáline, configuram um processo de decisão política original – diferente de Hitler, por exemplo – mas sempre indubitavelmente autocrático e ditatorial.

Dois outros pontos devem ainda ser chamados à atenção. Correspondendo à ideia que geralmente fazemos dos povos da Grande Rússia (na realidade, nações diferentes unidas à força pelos imperadores de Moscovo), os repastos de Estáline, especialmente ao jantar, eram particularmente lautos, bem regados a álcool, com brindes intermináveis e muito animados por cantorias colectivas, especialmente georgianas, que tocavam a corda sensível do “Pai dos Povos”. Frequentemente terminavam pelas cinco da manhã com todos os convivas completamente embriagados. Contrastando com a “modéstia proletária” dos seus atavios públicos (vestuário, designações oficiais, etc.), os dirigentes comunistas não se coibiam minimamente de ocupar residências sumptuosas da antiga aristocracia, de as atulhar de adereços e obras-de-arte pilhadas em países ocupados ou usurpadas internamente, e de se deslocarem em Rolls Royces ou em Packards capitalistas. As óperas clássicas eram escutadas no Bolchoi mas os filmes americanos de gangsters e de cow-boys é que, em privado, faziam as delícias desta gente. Refira-se ainda o papel das mulheres e do sexo, que o livro de Montefiore revela como talvez nenhum antes. Para além de alguns deboches – finalmente, coisa pequena no carnaval de horrores desta corte vermelha –, o facto da maior parte dos cônjuges dos dirigentes comunistas serem elas próprias militantes do Partido (por convicção ou mera conveniência) tornava-as também parte activa nas constantes conspirações palacianas, não tanto como urdideiras de supostas conjuras mas sobretudo como testemunhas das manobras dos seus maridos ou companheiros de cama, como suas espias (sob ameaça) ou denunciantes. Ainda que ajudassem a condenar entes queridos, sempre declaravam fazê-lo por dever de lealdade ao Chefe Supremo. Molotov, por exemplo, manteve-se periclitantemente no poder, sob Estaline, enquanto a sua mulher Polina, investigada e acusada de “semitismo” em 1948 (mas já suspeita desde 1939), foi finalmente condenada pelo Comité Central com o voto favorável do seu marido em Janeiro de 1949. Presa no dia seguinte, negou tudo, mas, excepcionalmente, não foi torturada. Simplesmente, desconheceu-se o seu paradeiro até à morte de Estaline. No dia seguinte ao funeral deste, em 1953, o frouxo Molotov correu à prisão de Lubianka onde o sinistro Béria a libertou e entregou ao marido, proclamando-a “uma heroína”.

Os chefes comunistas estrangeiros que contavam para Estaline eram exclusivamente apenas aqueles que interessavam a geoestratégia do Kremlin, dirigida a partir de 1944 contra o rival americano: Alemanha de Leste, Checoslováquia, Hungria, Polónia, Roménia, Bulgária, Jugoslávia (com quem se desentendeu), Turquia, Irão, Mongólia, Japão e China. Mesmo a guerra da Coreia passou-lhe largamente ao lado, tal como a luta indochinesa contra os franceses. Montefiore nem fala de Togliatti ou de Thorez (pelo menos nesta

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edição para o grande público), quanto mais em Santiago Carrillo ou Álvaro Cunhal, que ainda eram uns jovens em início de carreira. E aplicando a famosa “flexibilidade táctica” leninista, Estaline navegou à vista no processo da guerra civil espanhola, nada lhe custou extinguir em 1943 o Komintern (liderado pelo utilitário búlgaro Dimitrov) para amaciar os aliados ocidentais, criando em 1947 um mais discreto Kominform, sempre com o intuito de dirigir a acção comunista no mundo, embora de modo menos centralista: a dissidência de Tito não o consentia. O outro ponto sensível impossível de iludir é o da máquina-de-morte constituída pela polícia política, os seus chefes, torturadores e zelosos funcionários. Em finais de 1934, o suspeitíssimo assassinato de Kirov, o homem forte de Leninegrado, foi o sinal de partida para as grandes “purgas” no partido, no exército, na indústria e mesmo entre a elite dos “velhos bolcheviks”. Uma lei de 1 de Dezembro legitimou todas as arbitrariedades. O funcionamento de uma justiça sumaríssima que funcionava à porta fechada, com a excepção dos julgamentos-espectáculo de Zinoviev e Kamenev, e de Radek, Tomski e Bukharin (e outros) em 1936-38 – todos executados com bala na nuca –, nunca passou de um simulacro ou uma encenação política; e em seguida actuava a propaganda que punha a correr pelo mundo inteiro as supostas traições daqueles até então “destacados dirigentes” comunistas: o assassinato de Trotsky exilado no México em 1940 constituiu o cume desta espiral. Mas as supostas conspirações continuaram até à morte do secretário-geral do Partido: “tchekistas” excessivamente sabedores ou ambiciosos; generais que ele julgava incompetentes; infiltrados ingleses ou americanos; conspiração sionista; conjura dos médicos, etc. A confissão (muitas vezes inverosímil e quase sempre arrancada pela violência) era o passo decisivo que punha fim às torturas (mas não ao banimento nem constituía garantia de vida). E “Inimigo do Povo” era a acusação clássica que determinava sempre a condenação: humilhação pública, deportação para os gulags siberianos ou execução imediata.

Muitos foram os militantes comunistas vítimas da sua própria cegueira ideológica. Já tinha passado a época das mortes por lapidação em pelourinho ou na fogueira; os comunistas (como os nazis) também não enveredaram pelas execuções públicas; mas os campos de deportação e de trabalho escravo (lager ou gulag), em lugares isolados e quase sem testemunhas, dizimaram milhões de indivíduos (com e sem acusações formais) pela fome, maus tratos, exaustão ou assassinatos em massa. Não há alegações de “negacionismo” que sejam hoje, mínima e honestamente sustentáveis.

Os serviços secretos foram uma autêntica câmara de horrores, que não poupou a maior parte dos que os dirigiram e posteriormente caíram em desgraça. Lakoba, chefe da polícia política, foi provavelmente envenenado por Béria em finais de 1936. Yagoda, mais a sua coorte de torturadores, terão sido sacrificados em 1937. Yezhov, um torcionário implacável, durante um tempo senhor todo-poderoso do NKVD, acabou executado em 1940.

Mas muitos dos camaradas mais próximos de Estáline não escaparam ao mesmo destino. Sergo Ordjonikize – um dos seus possíveis delfins – suicidou-se em 1937, antecipando-se à acção do carrasco. O marechal Tukatchevski, um dos melhores técnicos militares russos, foi preso, torturado, condenado e executado no mesmo ano por “trotskismo”. (De resto, o Exército Vermelho foi também em certas alturas alvo particular da repressão política, inclusive durante a guerra.) O diplomata Litvinov morreu na sequência de um suspeito acidente rodoviário em 1951 – entre muitos, muitos mais.

É certo que o “cerco” demo-liberal à “revolução proletária” e a ameaça latente de Hitler tiveram o seu papel na exasperação totalitária do regime bolchevik, mas não explicam o essencial. Apesar de tudo, este assédio foi muito relativo, com o governo soviético a estabelecer relações comerciais com a Itália logo em 1921, diplomático-comerciais com a Alemanha em 1922 (Tratado de Rapallo), diplomáticas com a França e com a China em 1924, com a Suíça em 1927, com a Inglaterra em 1929, um tratado de amizade e comércio com a Polónia em 1931, admissão na SDN em 1934 e um tratado comercial com os americanos em 1935. Naturalmente, a 2ª guerra mundial fez passar os interesses geoestratégicos dos estados à frente dos pruridos ideológicos, tanto no respeitante ao impensável pacto germano-soviético de 1939, como à aliança de Moscovo com as democracias ocidentais a partir do Verão de 1941. Esses anos da guerra foram terríveis para os povos da URSS, como o foram para os alemães e restantes beligerantes. Todas as vítimas devem ser lembradas com igual dignidade. Mas os seus verdadeiros responsáveis deveriam ser todos proscritos, para memória das gerações futuras.

E se o objectivo da vitória levou ambos os lados a massacres dificilmente justificáveis (bombardeamentos aéreos de cidades, duas bombas atómicas), houve crimes verdadeiramente atrozes, como o holocausto dos judeus pelos alemães, a execução em massa de milhares de oficiais polacos prisioneiros dos soviéticos em 1939 ou as torturas praticadas no oriente por militares japoneses. Estáline foi uma figura ímpar e sem ele não teria existido “Estalinismo”, mas a corte que o rodeava revelou-se sempre como um covil de hienas em permanente conspiração umas contra as outras, entrecortado de breves e pouco seguros entendimentos, sempre fazendo os mais solenes juramentos de lealdade

ao Grande Líder da Revolução. Os famosos comboios especiais em que se deslocavam, blindados e artilhados, não eram só uma recordação da guerra civil, mas um sinal inequívoco da distância entre o poder e o povo. A psicose dos envenenamentos, dos atentados e dos acidentes forjados sempre mobilizou os muitos milhares de funcionários do KGB, que aliás se tornaram mestres na matéria. Tal como na Revolução Francesa (como na Alemanha e mais tarde na China ou no Cambodja), o período do Terror foi obra de uma extensa lista de culpados. Alguns foram instrumentos passageiros dos desígnios do dono do poder: Zdanhov, na purga de 32-33; Mekhlis, editor do Pravda e por um tempo censor-mor da intelectualidade e dos artistas; ou mesmo o escritor Gorki, que morreu em 1936, com suspeitas de “ajuda médica”. Molotov (que assinou o pacto germano-soviético com Ribbentrop), Vorochilov, os marechais Zhukov, Timochenko e Budeny, Kaganovitch (o construtor do monumental Metro de Moscovo), Mikoian, Malenkov ou Bulganine, foram talvez os que mais duraram, flutuando ao sabor dos humores ou rancores do Chefe. O ambicioso Béria, provavelmente o mais inteligente e decerto o mais sinistro e implacável de todos (por exemplo, prendera em 1938 a mulher de Kalinine, o presidente da URSS, e ordenara inúmeros espancamentos mesmo no seu gabinete), acabou por ser apanhado na sua própria teia e nos ajustes-de-contas que se seguiram à morte de Estáline. Krushtchev, que parecia um rude camponês georgiano (mas na realidade mostrara a sua estirpe ao sacrificar milhões de agricultores com a colectivização forçada e a Grande Fome de 1932-33 e nunca estivera muito longe do poder central) levou a melhor sobre todos os outros concorrentes: Béria (que sabia demais) foi expeditivamente condenado à morte a 22 de Dezembro de 1953 por um tribunal político secreto, acusado de traição e terrorismo e logo executado com uma bala na cabeça, sendo o seu corpo cremado para evitar recordações; Molotov, foi despachado para um irrelevante cargo de embaixador na Mongólia; etc. (Afinal, os “cocktails Molotov” não foram uma invenção deste dirigente soviético, mas antes uma improvisação dos finlandeses na invasão que sofreram em 1939 por parte dos seus vizinhos russos.)

A crítica do “culto da personalidade” foi a fórmula que Krushtchev fez consagrar no XX Congresso doPCUS em 1956 e que lhe permitiu liderar sem partilha o império vermelho até ser apeado pelo mais realista Brejnev em 1964: a derrota na “crise dos mísseis de Cuba” e o persistente fracasso da agricultura – levando à política de “coexistência pacífica” e à necessidade de compra maciça de trigo americano – pesaram mais do que a edificação do Pacto de Varsóvia, o êxito do Sptunik ou o arsenal atómico entretanto desenvolvido. O “Estalinismo” passou para o plano do esquecimento, mas atiçou as reacções ideológicas e políticas entre a URSS e a China, envolvendo também potências menores como o Vietnam, a Coreia do Norte ou a minúscula Albânia. E dividiu os movimentos comunistas em vários países. A grande geoestratégia de Moscovo passou então a assentar na gestão do statu quo europeu/atlântico e, sobretudo, nas lutas independentistas do “3º mundo” como avanço da sua influência mundial (infelizmente assunto pouco tratado na realmente interessante e valiosa análise da descolonização portuguesa feita por Pezarat Correia na sua tese de doutoramento apresentada em Coimbra em Julho passado). É verdade que a URSS se tornou em poucos anos numa potência industrial, tecnológica e nuclear que pôde fazer frente ao mundo ocidentaleao sistema capitalista em que este assentava. Também veio a proporcionar às suas populações urbanas padrões sanitários e educacionais nunca antes imaginados. Mas a que preço! E a ineficiência da sua economia administrativa-estatal era espantosa. Por exemplo, a produção agrícola só passado o meio do século voltou a igualar os níveis de antes da 1ª guerra mundial.

Contudo, é certo que depois da morte de Estáline e do XX Congresso, os pro-cessos ditatoriais estalinistas cessaram, na sua mais horrenda expressão. As denúncias de alguns arrependidos e o apoio que o Ocidente deu a personalidades como Soljenitzyne ou Sakarov produziram efeitos. A força militar (efectiva ou como ameaça) ficou reservada apenas para acções externas, como o faria em circunstâncias idênticas qualquer outro estado imperial: caso das insurreições húngara (1956) e checoslovaca (1968), do escorregamento pró-ocidental da Polónia ou da invasão do Afeganistão nos anos 80. Só isso explica – mais a tentativa reformadora de Gorbatchev-Schevardnadze, tardia e impotente – a “implosão” do império soviético, cujo formidável potencial militar-policial acabou por ser absolutamente impotente para salvar o regime. O qual, apesar deste balanço avassalador, continua a alimentar as ambições e a acção determinada de alguns dos seus mais fervorosos seguidores, incluindo teóricos e artistas de alguma craveira intelectual.

Ainda hoje, os comunistas me inspiram simultaneamente respeito (pelo rigor com que geralmente pautam as suas intervenções), temor (porque veneram os seus amigos que “encostaram à parede” todos os que resistiram ao seu poder dominante, fossem eles capitalistas, católicos, monárquicos ou anarquistas, e muitos deles voltariam a fazê-lo se a situação o proporcionasse) e algum desprezo (pelo fanatismo primário com que defendem a sua causa e os seus caudilhos). O comunismo foi tão exterminador de vidas como o nazismo ou mesmo mais (o que não se mede em mais ou menos milhão de mortos). Mas o comunismo foi decerto o maior embuste do século XX.

JF / 20.Out.2017

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7 signes d’alerte du cancer du poumon

Le cancer du poumon se situe au deuxième rang des cancers les plus développés chez l’homme et au troisième rang chez la femme. Il est le cancer le plus mortel chez l’homme, devant le cancer de la prostate et en deuxième position chez la femme, juste après le cancer du sein. L’explication principale de ces chiffres repose sur le fait que ce type de cancer n’est pas généralement pas diagnostiqué assez tôt pour pouvoir être traité efficacement et dans les meilleures conditions.

Comme pour le cancer du sein, il est primordiale de le dépister le plus tôt possible pour pouvoir optimiser ses chances de survie et de guérison. Les symptômes spécifiques de ce cancer n’apparaissent qu’à un stade avancé de la maladie, c’est pour cette raison que vous devez rester vigilant et à l’écoute de votre corps. Voici quelques symptômes qui doivent vous alerter et vous encourager à consulter votre médecin traitant ou un spécialiste dans les plus brefs délais.

1. Une toux sèche persistante

Le poumon en lui même, lorsque la tumeur est encore petite, ne traduit aucun symptôme. C’est au moment où la tumeur va atteindre d’autres tissus et organes que des signes plus visibles vont apparaitre. Vous pouvez par contre faire attention aux petits changements de votre corps, même s’ils vous paraissent anodins.

Une toux répétée, sèche et sans origine identifiable doit vous alerter et spécialement si vous êtes un fumeur ou un ancien fumeur. Si cette toux persiste plusieurs jours et qu’elle s’intensifie, vous devez en parler à votre médecin, surtout si vous avez passé la quarantaine.

2. Une douleur au thorax

Santé - 7 signes d’alerte du cancer du poumonAvoir une toux répétitive peut provoquer une inflammation de vos poumons, comme dans le cas d’une bronchite par exemple. Mais une douleur thoracique plus spécifique peut se manifester dans le cadre d’un cancer du poumon.

Elle sera plus constante que passagère et s’accentuera lorsque vous prendrez des inspirations profondes. Ce symptôme n’est pas normal. Il s’agit d’une gêne assez spécifique qui vous indiquera que vos poumons ne sont pas dans une situation normale.

3. Une fatigue inexpliquée

Avec le changement des saisons, les grands froids de l’hiver, les chaleurs de l’été ou le manque de soleil, votre corps peut se fatiguer de façon plus marquée et notable que d’ordinaire. Il est important d’arriver à identifier votre type de fatigue et sa cause.

Si elle n’est pas du à un changement saisonnier ou à une période d’activité poussée et ponctuelle, que vos nuits sont bonnes et que malgré ça vous ne vous sentez jamais reposé, vous pouvez commencer à vous questionner. Le symptôme lié à la fatigue est souvent négligé à cause du rythme de la vie quotidienne. C’est une erreur, car c’est l’un des premiers indices qui doit vous montrer qu’il se passe quelque chose d’inhabituel dans votre corps.

4. La perte d’appétit

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Une perte d’appétit soudaine, tout comme une fatigue inexpliquée, ne sont pas normales et doivent vous alerter. Ces symptômes ne sont pas propres au cancer du poumon. Mais ils sont les premiers signes qui vous montrent que votre corps subit un changement invisible certes mais bien réel.

La perte d’appétit s’accompagne souvent d’une importante perte de poids. Or, face à la maladie, vous devez mettre toutes les chances de votre côté, et garder vos forces pour pouvoir vous battre est primordial. Si vous subissez ces changements sans cause identifiable apparente, vous devez en parler à votre médecin.

5. L’état de vos poumons

Votre respiration est un bon indicateur de l’état de vos poumons.

Soyez attentif, si vous notez l’apparition ou l’aggravation d’un essoufflement, en l’absence de problèmes cardiaques connus, si votre respiration est sifflante, si vous subissez des bronchites, des infections pulmonaires ou des pneumonies à répétition, si les grandes inspirations sont douloureuses. Tous ces éléments peuvent vous alerter sur la fragilité de vos poumons et sur la nécessité d’en informer votre médecin ou un spécialiste.

6. Des expectorations sanguinolentes

Santé - 7 signes d’alerte du cancer du poumonLes expectorations sanguinolentes sont simplement des crachats contenant du sang en plus ou moins faible intensité qui peuvent survenir après des épisodes de toux intenses, mais aussi plus soudainement. La cause et l’origine des ces crachats de sang peuvent varier.

Ils seront causés par une inflammation de l’un des acteurs du système respiratoire : gorge, poumon, trachée, etc… Ce symptôme peut être associé, selon son abondance et sa gravité, à diverses maladies allant d’une simple irritation de la gorge à un cancer des poumons. Au moindre doutes, ne laissez pas ce symptôme de côté et parlez-en à votre médecin.

7. Soyez attentif

À l’apparition de l’un des symptômes décrits précédemment, contactez votre médecin qui pourra vous prescrire un certains nombre d’examens plus ou moins lourd, allant d’une prise de sang à un scanner des poumons.

Le meilleur moyen de lutter contre un cancer du poumon est de le diagnostiquer et le traiter le plus rapidement possible. Il est également fortement conseillé d’arrêter de fumer dans les plus brefs délais pour mettre toutes les chances de votre côté. Votre médecin peut vous accompagner et vous aider à vous sevrer du tabac.

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Palestiniens: les journalistes qui dénoncent la corruption vont en prison

par Khaled Abu ToamehTraduction du texte original: Palestinians Imprison Journalists for Exposing

Corruption

Le calvaire de Harb a commencé en juin 2016, peu après qu’elle ait publié un article sur le chantage que le Hamas et l’Autorité palestinienne (AP) exercent à l’encontre de patients palestiniens. Elle a révélé que certains médecins et responsables du Hamas et de l’AP exigeaient des pots de vin en échange d’une autorisation de quitter la bande de Gaza pour suivre un traitement médical en Israël, en Cisjordanie, dans un pays arabe ou en Occident. Ceux qui n’ont pas les moyens de payer, sont abandonnés à leur sort dans des hôpitaux palestiniens sous-équipés en médecins et en matériel.

Plutôt que d’enquêter sur les personnes impliquées dans ce scandale, le Hamas a préféré punir la journaliste qui a révélé comment les malades étaient maltraités et rançonnés par les hauts fonctionnaires du ministère de la santé.

Hajer Harb, une courageuse journaliste palestinienne, a été condamnée par le Hamas pour avoir dévoilé la corruption qui règne au sein du système de santé de la bande de Gaza. Le 13 septembre, un tribunal du Hamas lui a infligé six mois de prison et une amende. C’est la première fois qu’une peine de ce type frappe une journaliste de Gaza.

Harb pourrait toutefois n’avoir pas à purger sa peine de prison ; elle a récemment quitté la bande de Gaza pour suivre un traitement contre le cancer en Jordanie.Sa maladie n’a toutefois pas empêché le Hamas de la poursuivre en justice pour le rôle qu’elle a joué dans la dénonciation de la corruption qui règne dans le système de santé palestinien. Au lieu de suspendre la procédure judiciaire jusqu’à son retour, le tribunal du Hamas a choisi de la condamner par contumace.Si elle se remet et revient dans la bande de Gaza, Harb sera arrêtée et envoyée en prison pour six mois. Elle sera également tenue de payer l’amende de 1000 shekels (230€) que le tribunal du Hamas lui a infligé.

Si Hajer Harb, une courageuse journaliste palestinienne, guérit de son cancer et revient à Gaza, elle sera arrêtée par le Hamas et emprisonnée pour six mois. Son « crime ? » Avoir dénoncé la corruption qui règne dans le système de santé de la bande de Gaza. (Source ‘image: capture d’écran Hager Press)

Le calvaire de Harb a commencé en juin 2016, après la publication d’une enquête sur le chantage que le Hamas et l’Autorité palestinienne (AP) pratiquent à l’encontre des patients palestiniens. Elle a révélé que certains médecins et responsables du Hamas et de l’AP exigeaient un pot de vin en échange de l’autorisation de quitter la bande de Gaza pour suivre un traitement médical en Israël, en Cisjordanie ou dans divers pays arabes ou occidentaux. Ceux qui ne peuvent payer sont abandonnés à leur sort dans des hôpitaux palestiniens sous équipés en médecins et en matériel.

L’enquête de Harb - une investigation rare dans le monde du journalisme palestinien - a rendu ivres de rage les fonctionnaires de l’Autorité palestinienne et du Hamas. Ainsi que l’a révélé l’Institut Gatestone dans un premier article, les Palestiniens parlent désormais des fonctionnaires impliqués dans ce scandale comme d’une « mafia de la destruction »,.

Après publication, Harb a été convoquée pour interrogatoire par le Hamas. Les policiers ont exigé qu’elle révèle ses sources et l’identité des personnes impliquées dans le scandale de la corruption.

« Je leur ai dit que je suis journaliste et je ne peux pas révéler l›identité de mes sources sans commission rogatoire », a-t- elle déclaré .

« Le procureur m’a dit que je faisais face aux accusations suivantes : usurpation d’identité (ils ont prétendu que j’avais enquêté en cachant mon identité), calomnie à l’encontre du ministère de la Santé, publication d’informations mensongères et inexactes et lien avec des « organisations étrangères » (la chaîne de télévision londonienne pour laquelle je préparais un reportage n’est pas enregistrée auprès du Bureau de presse du Hamas dans la bande de Gaza) ».

Il est à la fois tragique et ironique qu’Harb ait été obligée de solliciter une autorisation de sortie de Gaza pour suivre un traitement médical. Elle s’est retrouvée dans la même position que les patients dont elle avait signalé le cas et qui ont dû s’acquitter de pots de vin auprès des fonctionnaires de l’Autorité palestinienne et du Hamas. Mais contrairement aux autres patients, Harb n’a rien eu à payer. Les amis de Harb disent que l’autorisation a été obtenue après intervention de groupes de défense des droits de l’homme palestiniens.

Le verdict prononcé contre Harb a suscité un vent de réprobation parmi les Palestiniens, en particulier chez les militants associatifs et les journalistes palestiniens.

Le Centre palestinien pour le développement et les libertés des médias (MADA) a dénoncé le verdict du tribunal et a déclaré qu’il portait « gravement préjudice à la liberté de la presse ». Dans un communiqué, MADA a déclaré que ce jugement marquait un « nouveau recul de la liberté de la presse » sur les territoires régis par l’Autorité palestinienne et le Hamas. « MADA souhaite un prompt rétablissement à notre consœur [Harb], et condamne fermement un jugement prononcé sur la base de procédures injustes. »

L’avocat de Harb, Mervat Al-Nahal, a déclaré que sa cliente avait été accusée de diffamation, de publication d’informations inexactes et mensongères sur le ministère palestinien de la Santé et d’usurpation d’identité. Il a ajouté que sa cliente suivait un traitement médical dans un hôpital jordanien, et avait pris connaissance par les médias du jugement prononcé à son encontre.

L’analyste politique palestinien Jihad Harb (sans lien aucun avec la journaliste) a déclaré que le verdict du tribunal avait pour but de faire taire les journalistes, et de protéger la corruption des dirigeants de Gaza.

« Ce verdict contre une journaliste n›a rien de surprenant », a-t-il déclaré. « Néanmoins, l›ampleur de cette atteinte à la liberté d›expression et à la liberté de la presse a représenté un choc ». Jihad Harb a souligné qu›au lieu d›enquêter sur les hauts fonctionnaires de la santé qui rançonnent et maltraitent les patients, le Hamas a choisi de punir le journaliste qui a révélé le scandale.

Le Syndicat des journalistes palestiniens (SJP) a également condamné fermement le verdict et a exhorté le Hamas à revoir sa décision : « c’est un précédent dangereux et une violation flagrante de la liberté d’expression ». Le syndicat a également demandé aux organisations internationales de défense des droits de l’homme d’intervenir auprès du Hamas pour les empêcher d’emprisonner une journaliste dont les informations ont dérangé.

Un écrivain palestinien, Talal Al-Sharif, a également exprimé sa solidarité avec la journaliste. Il a rappelé que lui aussi avait été poursuivi en diffamation et condamné à six mois de prison pour un article critique à l’égard du Hamas. Al-Sharif a ajouté que personne au sein de l’Autorité palestinienne à Ramallah, ne l’avait jamais contacté pour exprimer un quelconque soutien, et encore moins pour dénoncer le verdict du Hamas.

Al-Sharif parait bien naïf de croire que l’Autorité palestinienne a pu être tentée de prendre sa défense. L’AP aussi, mène en Cisjordanie, dans les zones qui sont sous son contrôle, une campagne d’intimidation contre divers journalistes, écrivains et opposants politiques.

Ces dernières semaines, des dizaines de Palestiniens, y compris des journalistes, ont été arrêtés par les forces de sécurité de l’Autorité palestinienne. Certains pour avoir critiqué ouvertement l’AP, d’autres pour « atteinte à la sécurité de l’État » et insultes envers les hauts responsables palestiniens (« avoir la langue trop longue », dit la loi de l’AP).

Parallèlement, les journalistes palestiniens et les militants des droits de l’homme font campagne contre la nouvelle loi sur la cybercriminalité du président Mahmoud Abbas, une loi qui donne aux forces de sécurité un pouvoir de répression élargi contre les utilisateurs des réseaux sociaux, notamment ceux qui ouvrent des comptes pour émettre des opinions critiques sur le leadership.

La condamnation de Hajer Harb et la répression en cours contre les journalistes palestiniens de Cisjordanie et de la bande de Gaza ne permettent pas d’oublier que, pas plus l’Autorité palestinienne que le Hamas ne respectent la liberté d’expression ou l’indépendance des médias. Le Hamas et l’AP peuvent bien se faire la guerre, ils s’uniront toujours contre les médias qu’ils considèrent comme un ennemi à garder sous tutelle pour éviter que le monde apprenne la corruption et la répression qu’ils font régner.

Le Hamas et l’Autorité palestinienne ont parfaitement réussi à faire taire les journalistes et les écrivains palestiniens. De leur côté, la communauté internationale et les groupes dits propalestiniens partout dans le monde se mettent la tête dans le sable et nient qu’il puisse se produire quelque chose de mal du côté palestinien.

Khaled Abu Toameh, journaliste plusieurs fois récompensé, est basé à Jérusalem.