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É POSSÍVEL PENSARMOS EM SELEÇÃO MERITOCRÁTICA PARA OCUPAÇÃO DE CARGOS COMISSIONADOS: OS CASOS DE PERNAMBUCO E DO RIO DE JANEIRO Laura Angélica Moreira Silva Rosandra Elizabeth Padron Armada Renata de Araújo Rodrigues Bruno Bondarovsky

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É POSSÍVEL PENSARMOS EM SELEÇÃO MERITOCRÁTICA PARA OCUPAÇÃO DE CARGOS COMISSIONADOS: OS CASOS

DE PERNAMBUCO E DO RIO DE JANEIRO

Laura Angélica Moreira Silva

Rosandra Elizabeth Padron Armada Renata de Araújo Rodrigues

Bruno Bondarovsky

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Painel 03/001 Dimensionamento da Força de Trabalho, Alocação de Pessoal e Ocupação de Cargos

É POSSÍVEL PENSARMOS EM SELEÇÃO MERITOCRÁTICA PARA OCUPAÇÃO DE CARGOS COMISSIONADOS: OS CASOS DE

PERNAMBUCO E DO RIO DE JANEIRO1

Laura Angélica Moreira Silva

Rosandra Elizabeth Padron Armada Renata de Araújo Rodrigues

Bruno Bondarovsky

RESUMO

Partindo do pressuposto de que o servidor público, enquanto recurso humano conduz

as políticas públicas, tenta-se traçar aqui um breve debate sobre como a gestão de

recursos humanos é tratada. Previamente pode-se afirmar que há, por parte da

população, certa desconfiança no servidor público, principalmente naqueles que

ocupam cargos comissionados. Frente o exposto, o objetivo deste trabalho é resgatar

a importância da seleção meritocrática para a ocupação de cargos comissionados por

meio de processos seletivos públicos que se sujeitem a critérios e avaliação

sistemática e transparente do seu desempenho. A metodologia se debruça no escopo

qualitativo, a saber, levantamento bibliográfico e documental acerca da temática e

estudo de dois casesaqui considerados de sucesso, um no estado de Pernambuco, e

um na cidade do Rio de Janeiro. Os resultados mostram que ferramentas voltadas

para a meritocracia favorecem a alocação de pessoas, principalmente se o método

seguir o perfil de competências individuais, para além do conhecimento técnico. Para

além, infere-se que o método de seleção não foi o mesmo, afinal cabe à administração

considerar suas especificidades e necessidades.

1 Este trabalho é o resultado parcial do Curso Master em Liderança e Gestão Pública, coordenado pelo Centro de Liderança Pública.

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1. INTRODUÇÃO

É de conhecimento que a partir dos anos 90 a gestão de políticas públicas no

país incorpora algumas variáreis presentes na chamada “Nova Gestão Pública”

(NGP). A NGP possui algumas características próprias, a saber, em sua vertente

econômica, a presença de ajustes estruturais, ideais de reengenharia, contabilidade

gerencial e o equilíbrio fiscal. Já em sua vertente administrativa absorve-se a ideia de

qualidade nos serviços públicos, a busca por uma gestão estratégica com foco em

resultados, a incorporação de ideias acerca do governo eletrônico e a transparência

administrativa. Em uma última vertente, a chamada sociopolítica, a administração

pública possui foco na sustentabilidade, na democracia participativa, na gestão e no

controle social, na territorialidade das políticas públicas e no cooperativismo, além do

desenvolvimento humano integrado (COELHO, 2012).

No Brasil as vertentes acima são passíveis de implementação, contudo as

mesmas acabam por ocorrer sempre muito aquém da qualidade e efetividade

desejáveis gerando, por consequência resultados considerados irrelevantes ou

mudanças lentas que o cidadão tampouco (re)conhece.

Frente à existência do pacto federativo, União, estados e municípios possuem

responsabilidades e colaboram com o desenvolvimento das políticas públicas,

contudo, pode-se inferir previamente o quão complexas são as competências de cada

ente federado e na esteira desse debate o quão complexas podem ser as habilidades

dos servidores públicos, além dos conhecimentos necessários que cada servidor

público deve adquirir para que as políticas públicas alcancem seu público alvo.

A expressão “servidor público”, surgiu em conjunto com a Carta Magna de

1988. Anteriormente, esses sujeitos recebiam a nomenclatura de “funcionários

públicos” e independente do título são comumente compreendidos como “burocratas”

que tendem a dificultar quaisquer processos. Resumindo, os “servidores públicos” não

são bem avaliados e tendem a serem colocados na berlinda. Esse capital humano

considerado por alguns pouco valorizado e tecnicamente visto como deficiente é o

recurso disponível, ou à mão, para o desenvolvimento de tarefas meio, que deságuam

na atividade fim da administração pública, ou é até mesmo alocadoem áreas

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finalísticas possuindo a capacidade (ou não) de implementar as políticas públicas em

si.

A renovação de quadros para gerar maior profissionalização do serviço público

é neste trabalho compreendida como primordial, contudo, poucos modelos de

recrutamento e seleção de pessoal ocorrem e existem de forma meritocrática no País.

O concurso público, tal como se encontra estruturado na atualidade, como elemento

de entrada na administração pública, é aqui compreendido como um formato de

entrada, contudo, não se configura como ferramenta mais adequada para o

provimento de cargos frente os desafios da nova gestão pública.

A alternativa utilizada por muitas instituições públicas é valer-se de cargos

comissionados de livre provimento para o recrutamento de especialistas não

disponíveis entre os servidores públicos. Todavia, questiona-se se a ocupação desses

cargos comissionados ocorre, tal como se consideradesejável, por meio de processos

seletivos públicos, ou, se na prática, verifica-se o que podemos intitular de “loteamento

político”, ação de contratação em que o líder do Executivo local, estadual ou federal

se utiliza dos cargos disponíveis como estratégia para acomodar pessoas, seja por

vontades próprias ou partidárias, ou se tais profissionais são nomeados por meio de

convites devido ao conhecimento e know-how que o mesmo possui em outros setores

(que não o público). A importância de se discutir tais pontos também se ampara na

falta de um debate empírico sobre o tema, o que acaba por ofuscar demais variáveis

inerentes a esta ferramenta de nomeação para as posições de confiança.

No sistema político-administrativo atual, os chamados cargos comissionados

apresentam-se para os servidores públicos e porque não para a população como algo

dual, ora avaliado de forma positiva, frente à possibilidade de ocupação por

profissionais capazes de agregar à administração pública, ora como ferramenta

privada de alocação de pessoal. Dito isso, este trabalho pretende resgatar a

importância da seleção meritocrática para a ocupação de cargos comissionados por

meio de processos seletivos públicos que se sujeitem a critérios e avaliação

sistemática e transparente do seu desempenho. A metodologia escolhida se debruça

no escopo qualitativo, a saber, levantamento bibliográfico e documental pertinente à

temática e estudo de dois casesaqui considerados de sucesso, um no estado de

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Pernambuco, que se destaca pela criação de uma metodologia de seleção e

recrutamento interno para servidores interessados nas vagas disponibilizadase umna

cidade do Rio de Janeiro, o chamado “Programa Líderes Cariocas”. Após análise de

ambos os casos, os resultados demonstram que ferramentas voltadas para a

meritocracia favorecem a alocação de pessoas, principalmente se o método seguir o

perfil de competências individuais, para além do conhecimento técnico. É possível

inferir também que o método de seleção não foi o mesmo, afinal cabe à administração

considerar suas especificidades e necessidades, contudo ambas partem de um

mesmo princípio, o da meritocracia.

2. MERITOCRACIA NA GESTÃO PÚBLICA BRASILEIRA ATUAL

Historicamente, a Constituição Federal (CF) de 1988 é compreendida como

marco, frente à possibilidade de analisarmos a burocracia e a política no Brasil em

dois principais momentos: a CF marca a transição de um regime autoritário para um

regime democrático, além da transição de uma administração pública burocrática para

formas de administração pública gerencial (BRESSER-PEREIRA, 2010). Ressalta-se

que este não é um movimento completo, existindo ainda desafios a serem superados

pela gestão pública brasileira, ao passo que há conquistas, como por exemplo, os

avanços em alguns processos de controle social e transparência, gerando, por

consequência, certo cuidado e preocupação por parte dos governantes com a oferta

a qualidade dos serviços prestados.

A literatura pertinente ao tema e que elenca as ferramentas de gestão reforçam

o uso de métodos em busca da eficiência. Ou seja, nos é de conhecimento que

incorporada à literatura acerca da Nova Gestão Pública, percebe-se que “a

administração pública tem-se tornado mais eficiente, mais transparente e voltada para

o usuário; mais flexível e mais focada em desempenho” (PACHECO, 2010, p.187).

Compreendem-se como agenda da nova gestão pública os meios para alcançar os

fins na busca do tripé – eficiência, eficácia e efetividade – como, por exemplo, os

chamados contratos de gestão e a mensuração de desempenho (PACHECO, 2010).

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Vale ressaltar que para qualquer iniciativa em que se incorporem ferramentas

de gestão para resultados o recurso humano, o servidor público, estará por trás dessa

condução, e o debate acerca desse insumo, aqui compreendido como extremamente

relevante, é também importante. No campo da administração pública a gestão de

recursos humanos é debatida, todavia não é aqui compreendida como um debate

pleno e que é compreendida como pauta pelos governos, incorporando a questão a

suas agendas. Tal despreocupação acaba gerando uma externalidade negativa que

é o fato de a população tender a possuir alto grau de desconfiança no servidor público.

Frente o exposto, tal como abordado por Marini; Fernandes e Levy (s/d)

acredita-se na importância da seleção meritocrática para a ocupação de cargos

comissionados por meio de processos seletivos públicos (ou processos capazes de

reproduzir a transparência e meritocracia) e, para além, que se sujeitem a critérios e

avaliação sistemática e transparente do seu desempenho (ex-ante, de competências

e ex-post, de resultados) (MAIRINI; FERNANDES E LEVY, s/d, p.02).

Vale aqui mencionar que o emprego público no Brasil pode ocorrer de três

formas, a saber, a primeira em caráter estatutário, ou seja, o indivíduo é regido pelo

estatuto do servidor empossado por meio de concurso público com estabilidade formal

e com regime previdenciário diferenciado. A segunda forma, os chamados celetistas,

incorporam os indivíduos que não fazem parte do primeiro grupo e seguem o regime

da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) com regime previdenciário semelhante

ao existente no setor privado. A terceira categoria – discutida nesse trabalho – é

conhecida como não estatutários sem carteira assinada. Marconi (2010) apresenta

essa terceira categoria como “indefinida” e desvinculada dos direitos trabalhistas.

Cabe aqui uma possível reflexão: frente a explanação do autor de que os

indivíduos ocupantes de cargos em comissão possuem “posição indefinida”,

questiona-se até que ponto há, ou havia, por parte dos Executivos locais ou estaduais

certo comportamento conveniente, utilizando desses cargos para elaborar

composições no quadro de funcionários que fosse mais interessante ao “gabinete” do

que as secretarias e as áreas finalísticas.

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Marconi (2010) afirma que o debate acerca da magnitude e da qualidade do

emprego público é complexo, contudo é interessante ilustrar como o emprego público

pode sim ser analisado para buscarmos soluções melhores na alocação das pessoas

certas nos cargos certos. A Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) é responsável por apresentar dados sobre a força de

trabalho que permite perceber algumas tendências referentes a emprego no país, e o

serviço público é incorporado, conforme os dados abaixo:

Quando verificados em números absolutos, entre os anos de 2002 e 20152, é

possível observar o crescimento no número de servidores públicos em geral.

Figura 1. Crescimento do Número de Trabalhadores Empregados no Serviço Público entre os anos de 2002 a 2014

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

4 000

2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Comissionados

CLT

Estatutário

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015.

Percentualmente, percebe-se que o número de indivíduos trabalhando no setor

público cresceu em 25%, sendo que a categoria que avançou mais foram os

2 A Pesquisa Mensal de Emprego computa informações nos meses de setembro de cada ano. Para este artigo parte-se do pressuposto de que todo trabalhador atuante no serviço público que não é CLT e não é estatutário entra na categoria de servidor ocupante de cargo comissionado. Tal afirmativa se faz necessária quando mencionada a possibilidade de indivíduos atuando por meio de contratos temporários. A Pesquisa Mensal de Emprego incorpora as Regiões Metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

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estatutários. As categorias de servidores comissionados ou CLT cresceram 7% e 5%

respectivamente. Independente da categoria que se observa, a preocupação

permanece: qual a qualidade de execução dos trabalhos desses indivíduos? Alguém

garante a manutenção da qualidade da execução do trabalho? Tentaremos responder

a esses questionamentos.

Figura 2. Percentual de Trabalhadores empregados no Serviço Público em Regime Comissionado, CLT ou Estatutário entre os anos de 2002 a 2015

0%

10%

20%

30%

40%

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60%

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100%

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20

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20

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Comissionados

CLT

Estatutário

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015.

O já citado autor Marconi (2010) afirma em seu trabalho da possibilidade de a

institucionalização da Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2001, ter contribuído com a

restrição da evolução dos cargos públicos comissionados. Outra ponderação

interessante feita pelo autor é o fato de que dado o sistema federativo, estados e

municípios possuem autonomia “para definir seus quadros e políticas de pessoal e,

logo, as práticas podem ser diferenciadas em cada governo” (MARCONI, 2010,

p.225). Tal situação será passível de observação por meio da exposição das

iniciativas realizadas no Rio de Janeiro e em Pernambuco.

3. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO DE CASOS REAIS: AS AÇÕES EM PERNAMBUCO E NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

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Para além da discussão desproporcional acerca possibilidade de se politizar a

gestão de recursos humanos na administração pública, tenta-se enquadrar

metodologicamente duas formas possíveis de se ocupar cargos comissionados

considerando processos simplificados de seleção e de meritocracia, tal como Marini;

Fernandes e Levy (s/d) sugerem na tentativa de melhorar a forma de conduzir essa

pauta. Como ponto norteador para essa discussão, a pesquisa é de cunho qualitativo,

descritivo e explicativo e os meios de investigação utilizados foram bibliográfico,

documental e pesquisa de campo, por meio de estudo de caso, a serem apresentados

a seguir:

3.1. OCUPAÇÃO DE CARGOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

No estado de Pernambuco, pensar uma seleção meritocrática de ocupação de

cargos perpassa pela ideia de construção de uma metodologia institucionalizada e

praticada em todas as Secretarias de governo, tal como um processo seletivo interno,

como estratégia de gestão de pessoas. Tal prática encontra-se presente no estado de

Pernambuco desde 2008, na gestão do ex-governador Eduardo Campos. Tal

metodologia é composta por principais quatro momentos, a saber, o período de

inscrição, o período de testes, o período de entrevistas e, por fim, o período de

divulgação dos resultados. A divulgação do processo seletivo ocorre por meio de e-

mail institucional.

Esta metodologia está centralizada na Secretaria de Administração do Estado

de Pernambuco, pela Gerência de Gestão de Pessoas. A metodologia promove, por

meio de seleção interna, o recrutamento daqueles servidores interessados em ocupar

as vagas disponibilizadas. Neste trabalho apresentam-se as vagas de gerência dentro

do organograma do governo do estado.

Do ponto de vista prático, o procedimento segue da seguinte forma: Os

interessados em participar do processo seletivo interno devem se inscrever dentro do

período previamente definido e divulgado através de e-mail institucional.As fichas de

inscrição são passíveis de validação pelos Gerentes e Chefes imediatos antes da

entrega da mesma à Gerência de Gestão de Pessoas (GEGPE). A formalização do

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interesse, por meio desta ficha de inscrição padronizada, em ocupar aquela vaga é

pressuposto para que o interesse do candidato seja refletido enquanto efetivação da

candidatura.

No formulário de inscrição há espaço para comentários dos Gerentes e Chefes

imediatos, que deverão indicar as habilidades do candidato. No mesmo espaço devem

indicar (ou não) a participação do candidato no processo seletivo. Uma questão

importante deve ser mencionada: Caso o Gerente e/ou Chefe imediato considere que

o candidato necessita desenvolver alguma habilidade, mas que isso não o impede de

participar da seleção, deve deixar registrado no campo pertinente.

Após as inscrições, a GEGPE e o Gerente da área de destino analisarão, além

dos comentários dos Gerentes e Chefes imediatos, os testes aplicáveis ao processo

seletivo e currículo do candidato (área de formação, especializações, experiências

anteriores). Havendo reprovação nesta fase, o gerente da área de destino deve

registrar em campo próprio e especificar os motivos, garantido a transparência do

processo.

A GEGPE tem por responsabilidade elaborar a agenda de entrevistas, enviar

aos gerentes da área de destino e participar das mesmas de forma efetiva. Ao final de

cada entrevista, os Gerentes entrevistadores devem registrar, em campo específico,

se o candidato foi aprovado ou reprovado no processo e, em caso de reprovação, o

(s) motivo (s) pelos quais foi reprovado.

A GEGPE e os Gerentes das áreas de destino são os responsáveis por

publicitar os resultados do processo aos Gerentes da área de origem do candidato. A

GEGPE, Gerentes de origem e os Chefes imediatos são responsáveis por, no

momento de exposição dos resultados aos candidatos, de expor, inclusive, pontos

fortes e pontos a serem desenvolvidos pelo candidato, colaborando assim com a

formação individual do mesmo.Após finalização das fases de entrevistas e exposição

dos resultados, a GEGPE, através de e-mail institucional, informará todas as

movimentações para todos da Secretaria de Administração.

Um diferencial positivo desta metodologia é que, além da GEGPE propor a

transparência com relação aos resultados e para além de listar os aprovados, inferir a

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cerca dos pontos passíveis de melhoria e os pontos relevantes com relação a carreira

profissional, os candidatos aprovados, antes de assumirem as novas funções,

recebem treinamento frente as novas funções, por um período mínimo de 20 dias,

com cumprimento de Matriz de Treinamento na Função, previamente definida pelos

Gerentes / Chefes imediatos. Esta variável da metodologia aplicada em Pernambuco

é extremamente relevante, afinal, é passível de questionamento prévio o quão

cômodo se torna a ferramenta de seleção por meio do concurso público, que levanta

inúmeros questionamentos acerca do quão difícil é para o servidor compreender, após

nomeação, a vaga a que se pretendeu ocupar, além de podermos questionar acerca

do hiato existente entre a prova com inúmeros candidatos por vaga e a

função/responsabilidades previstas de fato.

De acordo com cada vaga ou perfil de atuação elencam-se alguns requisitos, a

saber:

Grau de instrução;

Curso da graduação e especializações;

Tempo mínimo na função e/ou órgão;

Indicação dos chefes: mediato e imediato;

Cumprimento do calendário: inscrições;

Experiências anteriores na área a que se destina o processo.

De acordo com o levantamento realizado, os servidores que participaram dos

processos seletivos internos geram resultados satisfatórios em seus cargos, frente o

filtro realizado durante o processo de seleção que contempla todas as competências

necessárias para o cargo. Acredita-se que esta metodologia pode ser compreendida

como mais democrática e que, para além, consegue motivar, reconhecer e reter

talentos dentro da máquina pública, “além de aproximar pessoas com habilidades

semelhantes ou complementares para a formação de equipes com motivação natural

em compartilhar e inovar, além de identificar capacidades de capacitação e

desenvolvimento” (MUZZI; MELO E ASSUNÇÃO, 2013, p04).

3.2. OCUPAÇÃO DE CARGOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

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O chamado Programa Líderes Cariocas (LC), foi instituído por meio do Decreto

n° 35178 de 2 de março de 2012 da Prefeitura do Rio de Janeiro que tem por objetivo

identificar, dentro do quadro de servidores sejam esses estatutários, celetistas ou em

cargos de comissão, aqueles que possuem um perfil de liderança para então

aprimorar esses servidores a líderes, potencializando sua capacidade de gerar

resultados alinhados às metas da Prefeitura. O Programa é analisado previamente

neste trabalho como uma ferramenta capaz de preparar sucessores para posições

consideradas estratégicas pelo Executivo local. Ressalta-se que neste Decreto a

categoria de servidores em cargos de comissão possui participação limitada a 10%

do total de participantes do Programa da prefeitura do Rio de Janeiro. Percebe-se aqui

um avanço, frente às políticas de capacitação de servidores, em muitos casos,

prevista somente para aqueles ingressados enquanto estatutários.

O programa é administrado pela Fundação João Goulart e prevê a seleção de

até 200 Líderes Cariocas através de processo seletivo interno, composto de três3

etapas, a saber:

1ª) Questionários TalentQ de 4 parâmetros, considerando, i) a avaliação das

preferências comportamentais no ambiente de trabalho; ii) a avaliação das habilidades

de raciocínio analítico em relação à interpretação de relatórios e informações escritas

(chamado Elemento Verbal); iii) a avaliação .das habilidades de raciocínio analítico

em relação à utilização de dados numéricos e estatísticos (chamado Elemento

Numérico) e, por fim, iv) a avaliação das habilidades de raciocínio em relação ao

entendimento e manipulação de símbolos abstratos / lógicos (chamado Elemento

Lógico).

2ª) Avaliação do gestor da pasta a que pertence o funcionário.

3ª) Dinâmicas de grupo e entrevistas com avaliação por banca convidada pela

Fundação João Goulart (Etapa introduzida em 2014).

3 A resolução conjunta CVL/FJG Nº 17 de 21 de agosto de 2013 define 7 etapas, incluindo inscrição e aprovação, que aqui foram simplificados para melhor compreensão

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Após a seleção, todos os líderes passam por um curso de pós-graduação em

gestão de 160horas promovido pelo Instituto COPPEAD, instituição de excelência de

ensino superior da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é pré-requisito

para inserção no Programa a aprovação neste curso para que o servidor da

administração municipal continue a fazer parte do grupo de Líderes Cariocas.

A rotina do Líder Carioca é composta por diversas atividades ao longo do ano.

Uma delas é a possibilidade de treinamento e cursos de curta e média duração. Dentre

as possibilidades de se capacitar, o Líder Carioca pode ter acesso ao Curso sobre

metas e métodos de análise problemas; Curso em Gestão de equipes de alta

performance; Curso de Gestão de projetos e Curso de Gestão de processos.

Também são oferecidas oportunidades diferenciadas para os líderes que se

qualificarem mediante processo de seleção interno e que são custeadas pela

Fundação João Goulart ou pelo órgão de origem do servidor, como, por exemplo, a

possibilidade de realizar um Curso de Políticas Públicas disponibilizado pela

Universidade de Colúmbia de Nova York e de realizar um Curso de Gestão de

Grandes Cidades disponibilizado pela ÉcoleNacionale d’Administration de Paris.

Todas as formas de capacitação previstas no Programa são aqui consideradas como

instrumentos positivos de indução para qualificação.

Dentro do escopo de atuação de um Líder Carioca também está previsto a

avaliação de desempenho com periodicidade anual. O superior imediato avalia o

desempenho do Líder através de questionário que é construído segundo o mapa de

competências do Programa, exposto abaixo:

a) Excelência em Servir

b) Trabalho em Equipe

c) Liderança Engajadora

d) Atitude de Dono

e) Disposição para Mudança

f) Liderança pelo Exemplo

g) Visão de Longo Prazo

h) Entendimento dos Processos

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i) Liderança Planejadora

j) Conhecimento Técnico

Para além, o chefe imediato de cada líder preenche em conjunto com o mesmo

o chamado “Plano de Evolução” composto de: quadro de sucessão; potenciais

movimentos do Líder, que é aqui compreendido como a noção dos cargos que o líder

possa a vir ocupar no desenvolvimento da sua carreira, além do Plano de

Desenvolvimento Individual.

Os líderes cariocas pactuam metas com os gestores das pastas segundo

critérios definidos no Decreto nº 36.672 de 1º de janeiro de 2013. De forma geral, as

metas devem estar alinhadas com o planejamento estratégico da Prefeitura e devem

se caracterizar como metas de grande impacto. Frente o resultado positivo o Líder

Carioca recebe pagamento de bonificação.

Ressalta-se que o Líder também recebe “gratificação mensal” que foi instituída

pelo Decreto nº 35747 de 12 de junho de 2012. Essa gratificação justificava-se pelo

simples fato do Líder pertencer ao grupo, e tinha o objetivo de atrair mais servidores

qualificados para os processos de seleção, além de gerar, por consequência, maior

status ao servidor na condição de Líder Carioca.

A partir de 2015, com o Decreto n. 40.706 que informa da necessidade de

institucionalização do modelo de gestão de alto desempenho na Prefeitura da cidade

do Rio de Janeiro, para receber a gratificação mensal, o Líder precisa participar de

forma ativa de um Grupo de Trabalho Transversal (GTT). Os GTTs são compostos

por até cinco Líderes de pelo menos três órgãos diferentes e tem duração de três a

seis meses com o objetivo de resolver um problema específico demandado por um

Secretário, pela própria Fundação João Goulart ou pelo Prefeito.

Além da seleção prevista pelo Programa Líderes Cariocas, a Prefeitura do Rio

de Janeiro, por meio de metodologia específica, identificou a existência dos chamados

“Cargos Estratégicos”. Estes cargos recebem esse nome frente o impacto daquela

posição na gestão, sendo que só foram considerados como cargos estratégicos

aqueles que se encontram entre o segundo e o quarto escalão.

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Foram identificadas 144 posições estratégicas individuais. Como alguns deles

referem-se a cargos de coordenação de serviços regionais e direção de instituições

como escolas e hospitais, somavam-se um total de 1.699 (hum mil seiscentos e

noventa e nove) ocupantes de cargos estratégicos, sendo 1.412 (hum mil

quatrocentos e doze) diretores de escolas. Os Ocupantes de Cargos Estratégicos

(OCEs) também possuem no seu escopo de trabalho metas anuais que frente alcance

da meta, há previsão de pagamento de bônus, além da previsão de avaliação anual e

plano de evolução semelhante ao dos Líderes Cariocas.

A partir desses dois Programas, a Prefeitura carioca identificou possibilidades

de atuação com a seguinte dinâmica:

1. Os Líderes Cariocas buscam demandas em suas secretarias e promovem o

encontro dos Secretários com a Fundação João Goulart para que as demandas

se transformem em GTTs, que frente o alcance do objetivo previsto no Grupo

de Trabalho os membros podem vir a receber o benefício. Ressalta-se que o

benefício é variável independente, já que há entre os Líderes o próprio desejo

de resolver os problemas.

2. Os Secretários integram as tarefas relacionadas aos programas Líderes

Cariocas e OCEs em suas rotinas, quais sejam a aprovação das metas, a

validação do cumprimento das metas, as avaliações anuais e o

desenvolvimento dos planos de evolução (cargos a ocupar e matriz de

sucessão), o que traz a dimensão de desempenho à mesa dos gestores.

3. O desempenho dos OCEs fica em evidência pelo cargo que ocupam e os

mesmos desenham a sua matriz de sucessão, o que estimula uma atuação

mais competente.

Além disso, a Fundação João Goulart tem entre suas metas anuais fazer com

que os Líderes Cariocas avancem na estrutura hierárquica galgando cargos

comissionados com maior responsabilidade (DAS-6, 7, 8, 9, 10 e o cargo de

Secretário). Deste modo, seu presidente e seus quadros trabalham para ampliar os

impactos dessas dinâmicas.

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Por isso, o indicador de acompanhamento do programa é o número de

movimentações e a sua qualificação: ascendente, lateral ou descendente. Desde

2012, ocorreram 169 movimentações, das quais 111 ascendentes. O Quadro 1 abaixo

ilustra as movimentações ano a ano.

Quadro 1. Movimentação dos Líderes Cariocas na Prefeitura do Rio de Janeiro entre os anos de 2012 a 2015.

2012 2013 2014 2015 Total

Ascendente 3 50 26 32 111

Lateral 1 9 19 8 37

Descendente 0 4 12 5 21

Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro. Elaboração própria.

Após análise do Quadro e da descrição do Programa, percebe-se que o mesmo

provoca impactos em três frentes:

i. Pelas entregas significativas que os Líderes fazem ao atingirem suas

metas, especialmente aqueles que ocupam posições estratégicas;

ii. Pela própria ascensão e ocupação de posições de maior

responsabilidade pelos líderes;

iii. Pelo estímulo positivo que o Programa provoca nos ocupantes de cargos

estratégicos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em caráter conclusivo, este trabalho tentou iniciar um debate aqui considerado

extremamente relevante, afirmando que a administração pública contemporânea deve

sim se preocupar com o caráter meritocráticoquando da ocupação dos cargos

comissionados existentes, mesmo que este grupo tenha pouca ou baixa

representatividade no universo dos trabalhadores no setor público como um todo. Há

movimentações nessa direção que foram ilustradas por meio da apresentação de dois

casos aqui considerados como boas iniciativas de seleção meritocrática. Tanto em

Pernambuco como no Rio de Janeiro ações mais transparentes e até mesmo

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desafiadoras ocorrem e colaboram na tentativa dedebater a temática da gestão

eficiente de recursos humanos.

Há uma significativa margem para melhoria no desempenho dos servidores

públicos. Processos seletivos profissionalizados podem atrair candidatos que

encontram no setor privado o curso natural de suas carreiras. Conforme a abertura de

novas posições acontece, seja pelas possibilidades de expansão do alcance do

serviço público ou pela aposentadoria dos servidores atuais, gera-se uma

oportunidade para melhorar o perfil dos novos servidores. Esta melhoria pode

acontecer por meio da busca por ferramentas metodológicas que evitem o vício do

personalismo, como no estado de Pernambuco, ou, tal como ocorre no Rio de Janeiro,

que promove enquanto Programa a iniciativa de capacitação e indução dos servidores

públicos a atuarem com o foco nos ideais meritocráticos.

Vimos que quando a liderança está diretamente envolvida e comprometida

como no caso dos Líderes Cariocas, o resultado pode ser favorável. Sabemos que no

dia a dia a agenda dos tomadores de decisão se divide entre muitos temas que

competem entre si, mas entender que ter as pessoas certas nos lugares certos pode

aliviar sua carga e trazer impactos positivos para sua gestão. Priorizar a gestão de

talentos desde o momento do planejamento e do processo de recrutamento e seleção

é fundamental. Para além, ressalta-se que é preciso mensurar os riscos de influência

política nos processos de seleção para desenhar adequadamente os critérios de

seleção meritocrática para assim, encontrar um equilíbrio entre a impessoalidade da

escolha e a flexibilidade para escolher os melhores candidatos afastando-se assim do

peso da rigidez administrativa que não traria reais benefícios na meritocracia.

Em um ambiente tão heterogêneo como o sistema público brasileiro, torna-se

imprescindível o desenvolvimento de estratégias de recrutamento específicas para

cada agência. Seja por meio de criação e institucionalização de metodologia para um

processo interno como em Pernambuco, seja por meio de Decretos e do

desenvolvimento de dinâmicas que estimulam ocupação mais meritocrática, como na

cidade do Rio de Janeiro, ferramentas voltadas para a meritocracia acabam

favorecendo a alocação de pessoas nas diversas áreas da administração pública,

principalmente se o método seguir o perfil de competências individuais, para além do

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conhecimento técnico avaliado no ingresso do concurso público, quando nos

debruçamos sob aqueles indivíduos ocupantes dos chamados cargos comissionados.

Acredita-se que um forte objetivo dentro da política de gestão de pessoas seja

motivar o servidor constantemente para que este obtenha melhor desempenho. Deste

modo, uma visão positiva do uso do recrutamento meritocrático é que este processo

pode ajudar a reduzir o nível de corrupção no serviço público com práticas de

contratação mais transparentes, anúncios públicos das vagas em aberto e comitês de

contratação independentes. O sistema de seleção também deve ser pensado dentro

do contexto do nível de desenvolvimento institucional no qual está inserido.

Em síntese, desprendemos que a qualidade da prestação direta de serviço na

área pública depende de um conjunto de variáveis que não somente a seleção de

cargos comissionados. Porém, o preenchimento desses cargos com aval técnico é

uma prática virtuosasob vários aspectos: a satisfação das especificidades, a

valorização da carreira de gestor público e a discussão do sectarismo político, como

forma de distorção das funções públicas estratégicas em meros “empregos políticos”.

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content/uploads/2013/05/119-PROCESSO-SELETIVO-INTERNO-NA-

ADMINISTRA%C3%87%C3%83O-P%C3%9ABLICA-COMO-ESTRAT%C3%89GIA-

DE-GEST%C3%83O-DE-PESSOAS-UMA-POL%C3%8DTICA-

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RIO DE JANEIRO, Prefeitura. Decreto Rio n°40706 de 2 de outubro de 2015. Dispõe

sobre o Instituto João Goulart, O Comitê de Gestão de Gente, O Grupo de Líderes

Cariocas da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, O curso de Gestores, a

Certificação profissional em Gestão Pública e as gratificações de encargos especiais

respectivos e dá outras providências. Disponível em:

<http://smaonline.rio.rj.gov.br/legis_consulta/50404Dec%2040706_2015.pdf> Acesso

em: 26 de novembro de 2015.

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AUTORIA

Laura Angélica Moreira Silva - Institucional: Doutoranda em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas.

Endereço eletrônico: [email protected]

Telefone: (31) 99686-2709

Rosandra Elizabeth Padron Armada - Secretária Adjunta de Gestão do Município de Santos

Endereço eletrônico: [email protected]

Telefone: (13) 99786-4753

Renata de Araújo Rodrigues - Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado de Educação de Pernambuco

Endereço eletrônico: [email protected]

Telefone: (81) 8494-2781

Bruno Bondarovsky - Subsecretário de Planejamento da Ordem Pública do Município do Rio de Janeiro

Endereço eletrônico: [email protected]

Telefone: (21) 98169-5585