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GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE MILHO TRATADAS COM INSETICIDAS EM FUNÇÃO DO SISTEMA DISTRIBUIDOR DAS SEMENTES E DA ADIÇÃO DE LUBRIFICANTE A utilização de inseticidas em mistura à semente é uma tecnologia eficiente e econômica para o produtor, em função das características das pragas iniciais na cultura do milho, sendo localizadas no solo alimentando-se das sementes e raízes, ou protegidas em casulo na superficie do solo, como a lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus, cujo controle, por outra maneira, é dificil e ineficiente, embora, com todas as vantagens, alguns problemas têm sido verificados, especialmente em relação a efeitos fitotóxicos por parte de alguns produtos. Este efeito pode ser em função de outros parâmetros, como qualidade da semente, tipo de semeadora, velocidade desta, uso de lubrificantes para melhor escoamento da semente ou mesmo lubrificação de componentes da plantadeira, entre outros. O presente trabalho deu início a uma sene de pesquisas visando estudar alguns aspectos do tratamento de sementes que pudessem elucidar o efeito de fitotoxicidade observado em algumas condições. Os experimentos foram conduzidos no CNPMS, em Sete Lagoas, MG, utilizando os produtos químicos carbofuran (furadan 350 SC) e thiodicarb (semevin 350 SC), ambos na dose de dois litros do produto comercial para 100 kg de sementes. Lotes de sementes tratadas e não tratadas foram subdivididos para receber outros tratamentos, tais como a mistura ou não com o lubrificante grafite em pó, na dose de três gramas por kg de semente; esses sublotes posteriormente foram subdivididos para passar ou não em um sistema de distribuição de semente tipo dedo (plantadeira PAR 2800), ou em sistema tradicional de disco (plantadeira PST), em duas velocidade (5 e 7 km por hora); foram efetuados testes de laboratório (germinação e envelhecimento precoce) e em bandejas em casa de vegetação, avaliando a percentagem de germinação e o desenvolvimento das plantas; foram utilizadas sementes da cultivar BR 201, peneira 20 curta. O 93 delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial. A análise dos resultados mostrou, para o experimento em bandejas, que não houve influência da adição do grafite ou do sistema de distribuição das sementes. Houve efeito dos inseticidas, que interagiram com o uso de grafite. Considerando apenas o efeito principal, observa-se, pela Tabela 107, uma menor emergência de plantas em parcelas tratadas com o furadan. Observa-se que nas parcelas com grafite, não houve diferença na testemunha sem inseticida e semevin, e ambos diferiram do furadan, que propiciou uma . menor emergência de plantas. Sem grafite, os piores resultados foram obtidos com os inseticidas. No experimento realizado no laboratório, houve diferenças significativas para todos os fatores estudados e inclusive interações (exceção de uso de grafite e sistema de distribuição de sementes). De maneira geral, os produtos químicos propiciaram valores menores do que a testemunha. Houve diferença significativa entre a adição (menor emergência de plantas) ou não adição do grafite. A adição do grafite também propiciou um melhor desenvolvimento das plantas, nas parcelas com grafite, embora o desenvolvimento tenha sido inferior ao observado para a testemunha (Tabela 108). A Tabela 109 mostra os resultados da interação entre produtos químicos e sistema de distribuição de sementes. No teste de germinação, observa-se que somente o furadan teve comportamento diferenciado e com menores valores de germinação. No teste de envelhecimento precoce, houve interação significativa entre produtos químicos e sistema de distribuição de sementes. Para o produto sernevin, não houve diferença significativa entre os sistemas de distribuição. Para os demais tratamentos, a única diferença foi ocasionada quando se utilizou o sistema de disco na maior velocidade, que propiciou menor germinação. - Ivan Cruz, Barbara Heliodora Machado Mantovani, Evandro Chartuni Mantovani, Walter Luiz de Castro Mewes e Antônio Carlos de Oliveira. TABELA 107. Efeito interativo entre inseticidas e uso de grafite sobre a germinaeão (%)', em em casa de vegetação (bandejas) e laboratório, de sementes de milho BR 201, peneira 20 curta. CNPMS, Sete Lagoas, MO, 1993. Bandeja Laboratório Tratamentos Com grafite Sem grafite Média _..:::C::::om~gr'-.::afi:::.:l:::te~_--.:::.Se:::.m:.:....t2:gr..:::afi:::lt:::.e ......:.:..;M:.::éd=i:=.a __ Semevin 87,8 A,a 83,2 B,b 85,6 B 84,2 B,a 85,9 A,a Testemunha 87,8 A,a 90,8 A,a 89,4A 88,6 A,a 87,8 A,a Furadan 80,8 B,a 81,8 B,a 81,4C 68,9 C,b 73,1 B,a 85,1 B 88,2 A 71,OC Média 85,6 85,4 80,6 b 82,3 a CV (%) 7,5 4,9 1 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem significativamente entre si, segundo o teste de Duncan

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GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DEMILHO TRATADAS COM INSETICIDAS EMFUNÇÃO DO SISTEMA DISTRIBUIDOR DAS

SEMENTES E DA ADIÇÃO DE LUBRIFICANTE

A utilização de inseticidas em mistura à semente éuma tecnologia eficiente e econômica para o produtor, emfunção das características das pragas iniciais na cultura domilho, sendo localizadas no solo alimentando-se dassementes e raízes, ou protegidas em casulo na superficie dosolo, como a lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus,cujo controle, por outra maneira, é dificil e ineficiente,embora, com todas as vantagens, alguns problemas têm sidoverificados, especialmente em relação a efeitos fitotóxicospor parte de alguns produtos. Este efeito pode ser emfunção de outros parâmetros, como qualidade da semente,tipo de semeadora, velocidade desta, uso de lubrificantespara melhor escoamento da semente ou mesmo lubrificaçãode componentes da plantadeira, entre outros.

O presente trabalho deu início a uma sene depesquisas visando estudar alguns aspectos do tratamento desementes que pudessem elucidar o efeito de fitotoxicidadeobservado em algumas condições. Os experimentos foramconduzidos no CNPMS, em Sete Lagoas, MG, utilizando osprodutos químicos carbofuran (furadan 350 SC) ethiodicarb (semevin 350 SC), ambos na dose de dois litrosdo produto comercial para 100 kg de sementes. Lotes desementes tratadas e não tratadas foram subdivididos parareceber outros tratamentos, tais como a mistura ou não como lubrificante grafite em pó, na dose de três gramas por kgde semente; esses sublotes posteriormente foramsubdivididos para passar ou não em um sistema dedistribuição de semente tipo dedo (plantadeira PAR 2800),ou em sistema tradicional de disco (plantadeira PST), emduas velocidade (5 e 7 km por hora); foram efetuados testesde laboratório (germinação e envelhecimento precoce) e embandejas em casa de vegetação, avaliando a percentagem degerminação e o desenvolvimento das plantas; foramutilizadas sementes da cultivar BR 201, peneira 20 curta. O

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delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, emesquema fatorial.

A análise dos resultados mostrou, para o experimentoem bandejas, que não houve influência da adição do grafiteou do sistema de distribuição das sementes. Houve efeitodos inseticidas, que interagiram com o uso de grafite.Considerando apenas o efeito principal, observa-se, pelaTabela 107, uma menor emergência de plantas em parcelastratadas com o furadan. Observa-se que nas parcelas comgrafite, não houve diferença na testemunha sem inseticida esemevin, e ambos diferiram do furadan, que propiciou uma

. menor emergência de plantas. Sem grafite, os pioresresultados foram obtidos com os inseticidas. Noexperimento realizado no laboratório, houve diferençassignificativas para todos os fatores estudados e inclusiveinterações (exceção de uso de grafite e sistema dedistribuição de sementes). De maneira geral, os produtosquímicos propiciaram valores menores do que atestemunha. Houve diferença significativa entre a adição(menor emergência de plantas) ou não adição do grafite. Aadição do grafite também propiciou um melhordesenvolvimento das plantas, nas parcelas com grafite,embora o desenvolvimento tenha sido inferior ao observadopara a testemunha (Tabela 108). A Tabela 109 mostra osresultados da interação entre produtos químicos e sistemade distribuição de sementes. No teste de germinação,observa-se que somente o furadan teve comportamentodiferenciado e com menores valores de germinação. Noteste de envelhecimento precoce, houve interaçãosignificativa entre produtos químicos e sistema dedistribuição de sementes. Para o produto sernevin, nãohouve diferença significativa entre os sistemas dedistribuição. Para os demais tratamentos, a única diferençafoi ocasionada quando se utilizou o sistema de disco namaior velocidade, que propiciou menor germinação. - IvanCruz, Barbara Heliodora Machado Mantovani, EvandroChartuni Mantovani, Walter Luiz de Castro Mewes eAntônio Carlos de Oliveira.

TABELA 107. Efeito interativo entre inseticidas e uso de grafite sobre a germinaeão (%)', em em casa de vegetação (bandejas) e laboratório, de sementesde milho BR 201, peneira 20 curta. CNPMS, Sete Lagoas, MO, 1993.

Bandeja Laboratório

Tratamentos Com grafite Sem grafite Média _..:::C::::om~gr'-.::afi:::.:l:::te~_--.:::.Se:::.m:.:....t2:gr..:::afi:::lt:::.e......:.:..;M:.::éd=i:=.a__Semevin 87,8 A,a 83,2 B,b 85,6 B 84,2 B,a 85,9 A,aTestemunha 87,8 A,a 90,8 A,a 89,4A 88,6 A,a 87,8 A,aFuradan 80,8 B,a 81,8 B,a 81,4C 68,9 C,b 73,1 B,a

85,1 B88,2 A71,OC

Média 85,6 85,4 80,6 b 82,3 a

CV (%) 7,5 4,91 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem significativamente entre si, segundo o teste de Duncan

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TABELA 108. Efeito interativo entre inseticidas e uso de grafite sobre o desenvolvimento da planta (em)" em experimento em bandejas, de sementes demilho BR 201, peneira 20 curta. CNPMS, Sete Lagoas, MG, 1993.

Tratamentos Com grafite Média

Semevin 13,6 B,aTestemunha 15,9 A,aFuradan 12,5 C,b

Sem grafite

12,4 C,b15,1 A,a13,6 B,a

13,0 B15,5 A13,0 B

Média 14,0 13,7

CV(%) 9,5I Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem significativamente entre si, segundo o teste de Duncan

TABELA 109. Efeito interativo entre inseticidas e modo de semear, sobre a germinação " em teste de rotina e de envelhecimento precoce em laboratório,de sementes de milho BR 201, peneira 20 curta. CNPMS, Sete Lagoas, MG, 1993.

Semevin Furadan FuradanTratamentos Germinação (%)

Testemunha

ManualPar 5 kmIhPar 7 kmIhPST 5 kmIhPST 7 kmIh

85,7A,b85,9A,a85,1A,a83,7A,b84,9A,a

90,2A,a87,4A,a87,6A,a88,2A,a87,7A,a

Envelhecimento precoce

Semevin Testemunha

77,OA,c68,7BC,b70,6B,b72,6B,c66,OC,b

68,2 A,b67,2 A,b65,7 A,c64,1 A,c57,2 B,b

77,0 A,a78,0 A,a76,9 A,b74,6 A,b78,1 A,a

79,2 AB,a79,1 AB,a83,1 A,a79,5 AB,a75,7 B,a

Média 88,2

6,3

85,1 71,0 76,9 79,3 64,5

I Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferm significativamente entre si, segundo o teste de Duncan.

EFEITO DE INSETICIDAS SOBRE AGERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MILHO BR

201 COM DOIS NÍVEIS DE VIGOR

Vários trabalhos têm demonstrado o efeito positivo dotratamento de sementes com inseticidas para o controle depragas iniciais na cultura do milho, especialmente dalagarta elasmo, Elasmopalpus lignosellus, em que se temverificado retorno acima de 1.500 kg/ha, advindo do usodessa tecnologia; além da eficiência e menor custo, otratamento de sementes proporciona ao agricultor outrasvantagens, como a dispensa de água, que, às vezes, limita ocontrole através de pulverizações, e a facilidade deaplicação, além de ser um método com certa seletividade,pois não afeta os inimigos naturais da maneira intensa,como fazem os produtos químicos utilizados após agerminação da planta. Apesar das inúmeras vantagens, emalguns casos, tem-se verificado um efeito fitotóxico porparte de alguns produtos.

O presente trabalho teve como objetivo estudardiferentes produtos químicos apropriados para mistura comsementes sobre a germinação da cultivar BR 201, emamostras contendo sementes de diferentes qualidades. Asemente denominada "nova", em análise efetuada antes dostestes, apresentava o seguinte resultado: teste degerminação, 90%; teste de envelhecimento precoce, 50% degerminação, 42% de plantas anormais e 8% de sementesmortas. A semente denominada "velha" apresentava oseguinte resultado: teste de germinação de 87 %; teste deenvelhecimento precoce, 50 % de germinação, 30 % deplantas anormais e 20 % de sementes mortas. As sementes(0,5 kg) foram tratadas com os produtos químicos contendo

ou não micronutrientes em suas formulações e comparadasa uma testemunha sem inseticidas, realizando testes emlaboratório (rotina) e em bandejas contendo terrapreviamente adubada, em telado, em Sete Lagoas, MG. Ostratamentos foram: furadan 350 se -2 litros para 100 kg desementes (carbofuran), furazin 310 se - 2,25 I / 100 kg(carbofuran + zinco), futur 300 se -2 1/ 100 kg (thiodicarb+ zinco, boro e molibdênio), semevin 350 se micro - 2 I /100 kg (thiodicarb + zinco, boro e molibdênio) e semevin150 se -2 1/ 100 kg (thiodicarb). As avaliações basearam-se na germinação das plantas, anotando-se o número deplantas emergidas ou germinadas, plantas anormais esementes mortas, sendo que cada parcela experimentalcontinha um máximo de 50 sementes.

Houve diferença significativa para todos os parâmetrosavaliados, inclusive com efeito interativo entre os produtosquímicos e a idade da semente. Entretanto, para todos osparâmetros avaliados, a semente velha foi drasticamenteafetada pelos produtos químicos. Para a semente nova,observa-se, no primeiro ensaio, que quase todos os produtospropiciaram uma queda significativa no número de plantasnormais (Tabela 110), embora o efeito mais pronunciadotenha sido provocado pelo produto furazin (carbofuran) . Oprincípio ativo carbofuran também foi o que mais afetounegativamente as sementes velhas, embora todos osprodutos químicos tenham diferenciado significativamenteda testemunha sem inseticidas. No segundo- ensaio,realizado quinze dias após o primeiro, a situaçãobasicamente permaneceu a mesma. Já em relação àssementes anormais, embora com diferenças significativas,as magnitudes não foram tão grandes (Tabela l l l).Discrepâncias maiores foram observadas em relação às